Contrato do Malaposta
1. Partidos políticos
Classifico assim os actuais partidos políticos com representação parlamentar:
Partidos de esquerda: Partido Socialista, Partido Comunista/Os Verdes e Bloco de Esquerda.
Partidos de direita: PSD e CDS.
Se tiver que “desdobrar” tais partidos, o meu entendimento é este:
Partido Socialista: esquerda e centro-esquerda;
Partido Comunista/Os Verdes: esquerda;
Bloco de Esquerda: extrema-esquerda;
PSD: direita
CDS: extrema-direita.
2. Eleitores ou votantes:
Todos os partidos contabilizam votos de cidadãos operários, intelectuais, seja o que for. Acontecem até, muitas vezes senão sempre, coisas que aparentemente não fazem sentido, como, por exemplo, operários votarem no CDS. Quando os operários construiram a minha casa, tive oportunidade de saber (sem perguntar) que havia “gostos” que abrangiam todo o leque partidário. Aqui “nada há a fazer”. Existem motivações objectivas e subjectivas. Não se deve, pois, “apontar o dedo” aos eleitores. Cada um sabe de si. Um exemplo: eu e todos os meus vizinhos de rua esperamos, desde 1998, por uma intervenção camarária ao nível do saneamento básico e do “tapete” da rua, que desapareceu, dando lugar a pedras soltas e buracos. Todos se queixam e, na semana que antecedeu as autárquicas, o acordo era unânime: “estes gajos tratam-nos como gente do 3º mundo”. No dia seguinte ao das eleições, passei por um deles (com quem falo mais frequentemente) e “atirei”: “ganharam os mesmos, continuamos com os buracos”. A reacção, sorridente, foi esta: “Olhe, e eu também ajudei, que se lixe, a gente deve votar sempre nos mesmos, eu sou do mais direita possível”. Eu já há muito presumira, ele nesse dia foi explícito. Eu mudei rapidamente de assunto, ele ficou, talvez, a saber o “implícito”. Não gosto de confrontos. Nem de discussões. Não levam a lado nenhum. E se eu pensasse, ou melhor, se dissesse a alguém, por exemplo, que, como não gosto do CDS, admitia a probabilidade, histórica ou não, desse partido vir a definhar rapidamente, estaria a exceder os limites da decência. Muito, muito pior, seria dizer, por exemplo, que o definhamento do CDS seria inevitável com a morte dos eleitores sua base de apoio, tradicional ou não. Uma coisa é o direito a criticar os partidos, quando alguém entender que o deve fazer (ou elogiar, o que parece vir sendo cada vez mais raro…), outra, bem diferente, é, por exemplo, fazer abusivos juízos de valor sobre os eleitores. Não há necessidade, não é bonito, é, até, deselegante exercer retórica sobre o que os cidadãos são ou deixam de ser. Os cidadãos eleitores (venho-me referindo particularmente aos não militantes) não têm que se meter no eventual definhamento dos partidos. Os partidos são como empresas. Há muitas empresas que encerram. Outras juntam-se. Outras ainda mudam-se. Não sou eu ou qualquer cliente que vai evitar isso. O PRD do General Eanes quanto tempo durou? Dois, três anos. E conseguiu, no 1º ano, um grande grupo parlamentar. O CDS pode, porventura, fundir-se com o PSD. Ou encerrar actividade. O mesmo pode suceder com o BE e com o PCP. Nessa eventualidade logo se veria. Os eleitores limitar-se-iam a reagir como se, dirigindo-se a uma determinada casa comercial que conheciam bem, deparassem com um aviso do género: “encerrado definitivamente”.
Tenho feito comentários em alguns blogs. Só quando o assunto nada tem a ver com política, a menos que concorde, como acontece muitas vezes, com determinados textos, não obstante saber que o autor do blog não é da minha “cor partidária”. Há já alguns meses, um determinado blog, que tinha o link do Malaposta, e que era por mim visitado diariamente (o controlador de referências registava cerca de 130 visitas), publicou um post de “lançamento da candidatura de Mário Soares” (“Mário Soares à Presidência”). Nesse blog lia coisas de que gostava, outras “passava à frente”. Entretanto, eu publiquei dois posts com a foto de Manuel Alegre, expressando a minha opinião, sem me referir a ninguém. Um certo dia reparei que desse blog não constava o link do Malaposta. Enviei um email, pequenino, a perguntar se o link desaparecera acidentalmente ou se “algo terá corrido mal?”. Não recebi resposta. Até hoje e até nunca. Mantive o link desse blog durante 15 dias, abria o blog diariamente, não para ler mas apenas para confirmar o desaparecimento do link. Então eliminei o link do tal blog e pensei: “as coisas são como são, as pessoas são livres de fazer o que acharem por bem, sigamos em frente que a vida não acaba aqui”. Refiro “Mário Soares à Presidência” apenas como hipótese provável. Certeza só a obteria se me tivesse sido fornecida a explicação, por email, como julgava poder esperar. Bastaria um email de 4Kb. A Microsoft aconselha a eliminar, sem abrir, qualquer mensagem de tamanho superior a 80 Kb, “ mesmo que tenha a certeza de que se trata dum amigo”. Ora, uma mensagem de 30 a 40 Kb dá para encher “um lençol”!
Não somos, pois, todos iguais. E é bom que assim seja. Todos os partidos que têm assento na Assembleia da República, por mandato popular, devem ser colocados num plano de igualdade. O que eles fizerem só a eles próprios e aos partidos a que pertencem dirá respeito. Penso até que seria melhor não haver maiorias absolutas. O contraditório fica penalizado. Mas isso é o que eu penso. A realidade é que conta. E a realidade actual é uma maioria absoluta, ou seja, foi assim o resultado apurado nas urnas. Mas acho, sinceramente, que uma maioria absoluta me faz lembrar a antiga Assembleia Nacional, não tão esquecida como poderia parecer… Acho, por isso, que seria preferível existir uma oposição forte. Só assim é que a sua função de fiscalização do governo e de moderação de algumas iniciativas poderia ser conseguida.
3. Presidenciais
Assisti pela Sic Notícias, em directo e na íntegra, à leitura do "Contrato Presidencial" de Manuel Alegre. Antes de mais vou “despachar” os dois candidatos à esquerda de Manuel Alegre. Essas candidaturas não são de estranhar. Sempre foi assim. É uma questão de princípio dos partidos. Não discrimino. Aplica-se também aos partidos da direita e da extrema-direita. Eles é que sabem. Mas, quanto aos dois da esquerda e extrema-esquerda, o normal é a desistência , que até pode surgir logo por “falta de comparência”. Mas uma coisa é certa: os votos dos cidadãos eleitores desses dois partidos vão servir a alguém. Como sempre. Lembro-me perfeitamente que o “duro e teimoso e mais não sei quê” Álvaro Cunhal era suficientemente inteligente para adoptar a estratégia do mal menor. E Jerónimo de Sousa, que tem a escola do partido, seguirá o mesmo caminho. E então, na 2ª volta, se chegarmos lá, os votos dos cidadãos eleitores comunistas e bloquistas irão ser agradecidos por alguém. Nessas ocasiões os votos são bons, iguais aos dos outros.
Regresso a Manuel Alegre. A diferença entre ele e os outros dois, Mário Soares e Cavaco Silva, é como a água do vinho. Pessoal, intelectual e politicamente, ele sim, com uma visão correcta de Estado. É evidente a sua elegância de formação, muito afastado dos chavões estereotipados e comprometidos dos outros dois candidatos. Pessoalmente, não tenho dúvidas de que Manuel Alegre deveria ser o próximo Presidente da República. Com um Contrato Presidencial bem estruturado, é o único que, sem sequer precisar de fazer “trabalho de casa” ou de “outros”, faz referência a valores importantes como as preocupações sociais (que se têm vindo a degradar progressivamente), para além do correcto (e não demagógico) enquadramento das competências do Presidente da República com a Constituição e com a lógica mas inovadora ideia de as pôr em prática. Surpreendo-me com o anúncio de José Saramago em votar Mário Soares na 2ª volta, mas surpreendo-me ainda mais, não com o anúncio mas com o facto de Ramalho Eanes estar ao lado de Cavaco Silva. Ramalho Eanes que, recorde-se, fundou o agora extinto PRD (continuado por Ermínio Martinho) de ideologia não compaginável com a de Cavaco Silva.
4. Cultura
José Saramago é o único prémio Nobel da literatura português. Já fora nomeado pata tal distinção aquando do “Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Com a censura exercida pelo governo da altura (já não me lembro qual), logo anti-democrático, Saramago não arrecadou o prémio. Está a sair uma nova obra dele, que não deixarei de adquirir. Saramago é, para mim (política à parte), o melhor escritor português da actualidade. As suas obras agarram o leitor à cadeira. Dá vontade de ler os livros dele dum fôlego só! Quando ele mudou o estilo da sintaxe fiquei um pouco perplexo. Mas foi só no primeiro romance. Logo me habituei e, além de único, julgo, tal estilo “obriga” a uma leitura mais rápida – de que gosto, para satisfazer mais depressa a curiosidade e o “suspense” seguintes. Só não tenho dois ou três livros, por “culpa do blog” (que também me tem roubado tempo para ouvir música!). Uma curiosidade: cada livro de Saramago lido deixa-me associada uma “imagem” que nunca esqueço. Quatro exemplos: a) Ensaio Sobre a Cegueira começa num cruzamento semaforizado, Av. da RepúblicaXRua de Angola, Gaia; b) Jangada de Pedra e o cão perdido que passou a Achado levam-me até ao monte de Stª Tecla, entre Vigo e Tui; c) Todos os Nomes conduzem-me à Escola Secundária António Sérgio, Gaia, cujos arquivos são revistados à sucapa pelo “conservador”; A Caverna imigino-a num grande edifício em forma de “U” na zona oriental de Lisboa.
5. Futebol
A quantidade de clubes de futebol é muitíssimo maior do que a dos “clubes” políticos. Todos têm adeptos, até os mais pequenos. E pagam para ver. No entanto não podem interferir. Limitam-se a reagir alegre ou tristemente, conforme os resultados.
Também aqui há razões objectivas e subjectivas para os cidadãos preferirem um determinado clube. O meu clube, por exemplo, é o FCPorto. Porquê? Porque, a partir de minha casa, eu e outros miudos de 8/9 anos íamos para o Estádio das Antas e entravamos agarrados às abas dos casacos dos homens. E há 26 anos atrás? O meu filho, com 4 anos de idade, passou a ser portista como aprendeu com o pai. Agora é ele que sabe mais do assunto. E estas coisas “pegam-se” nas famílias, com algumas excepções. Igualmente nisto, não entendo que os adeptos de X são os bons e os de Y os maus. Há que respeitar a opção que, por motivos que saberão explicar, cada pessoa elegeu ou elege.
Classifico assim os actuais partidos políticos com representação parlamentar:
Partidos de esquerda: Partido Socialista, Partido Comunista/Os Verdes e Bloco de Esquerda.
Partidos de direita: PSD e CDS.
Se tiver que “desdobrar” tais partidos, o meu entendimento é este:
Partido Socialista: esquerda e centro-esquerda;
Partido Comunista/Os Verdes: esquerda;
Bloco de Esquerda: extrema-esquerda;
PSD: direita
CDS: extrema-direita.
2. Eleitores ou votantes:
Todos os partidos contabilizam votos de cidadãos operários, intelectuais, seja o que for. Acontecem até, muitas vezes senão sempre, coisas que aparentemente não fazem sentido, como, por exemplo, operários votarem no CDS. Quando os operários construiram a minha casa, tive oportunidade de saber (sem perguntar) que havia “gostos” que abrangiam todo o leque partidário. Aqui “nada há a fazer”. Existem motivações objectivas e subjectivas. Não se deve, pois, “apontar o dedo” aos eleitores. Cada um sabe de si. Um exemplo: eu e todos os meus vizinhos de rua esperamos, desde 1998, por uma intervenção camarária ao nível do saneamento básico e do “tapete” da rua, que desapareceu, dando lugar a pedras soltas e buracos. Todos se queixam e, na semana que antecedeu as autárquicas, o acordo era unânime: “estes gajos tratam-nos como gente do 3º mundo”. No dia seguinte ao das eleições, passei por um deles (com quem falo mais frequentemente) e “atirei”: “ganharam os mesmos, continuamos com os buracos”. A reacção, sorridente, foi esta: “Olhe, e eu também ajudei, que se lixe, a gente deve votar sempre nos mesmos, eu sou do mais direita possível”. Eu já há muito presumira, ele nesse dia foi explícito. Eu mudei rapidamente de assunto, ele ficou, talvez, a saber o “implícito”. Não gosto de confrontos. Nem de discussões. Não levam a lado nenhum. E se eu pensasse, ou melhor, se dissesse a alguém, por exemplo, que, como não gosto do CDS, admitia a probabilidade, histórica ou não, desse partido vir a definhar rapidamente, estaria a exceder os limites da decência. Muito, muito pior, seria dizer, por exemplo, que o definhamento do CDS seria inevitável com a morte dos eleitores sua base de apoio, tradicional ou não. Uma coisa é o direito a criticar os partidos, quando alguém entender que o deve fazer (ou elogiar, o que parece vir sendo cada vez mais raro…), outra, bem diferente, é, por exemplo, fazer abusivos juízos de valor sobre os eleitores. Não há necessidade, não é bonito, é, até, deselegante exercer retórica sobre o que os cidadãos são ou deixam de ser. Os cidadãos eleitores (venho-me referindo particularmente aos não militantes) não têm que se meter no eventual definhamento dos partidos. Os partidos são como empresas. Há muitas empresas que encerram. Outras juntam-se. Outras ainda mudam-se. Não sou eu ou qualquer cliente que vai evitar isso. O PRD do General Eanes quanto tempo durou? Dois, três anos. E conseguiu, no 1º ano, um grande grupo parlamentar. O CDS pode, porventura, fundir-se com o PSD. Ou encerrar actividade. O mesmo pode suceder com o BE e com o PCP. Nessa eventualidade logo se veria. Os eleitores limitar-se-iam a reagir como se, dirigindo-se a uma determinada casa comercial que conheciam bem, deparassem com um aviso do género: “encerrado definitivamente”.
Tenho feito comentários em alguns blogs. Só quando o assunto nada tem a ver com política, a menos que concorde, como acontece muitas vezes, com determinados textos, não obstante saber que o autor do blog não é da minha “cor partidária”. Há já alguns meses, um determinado blog, que tinha o link do Malaposta, e que era por mim visitado diariamente (o controlador de referências registava cerca de 130 visitas), publicou um post de “lançamento da candidatura de Mário Soares” (“Mário Soares à Presidência”). Nesse blog lia coisas de que gostava, outras “passava à frente”. Entretanto, eu publiquei dois posts com a foto de Manuel Alegre, expressando a minha opinião, sem me referir a ninguém. Um certo dia reparei que desse blog não constava o link do Malaposta. Enviei um email, pequenino, a perguntar se o link desaparecera acidentalmente ou se “algo terá corrido mal?”. Não recebi resposta. Até hoje e até nunca. Mantive o link desse blog durante 15 dias, abria o blog diariamente, não para ler mas apenas para confirmar o desaparecimento do link. Então eliminei o link do tal blog e pensei: “as coisas são como são, as pessoas são livres de fazer o que acharem por bem, sigamos em frente que a vida não acaba aqui”. Refiro “Mário Soares à Presidência” apenas como hipótese provável. Certeza só a obteria se me tivesse sido fornecida a explicação, por email, como julgava poder esperar. Bastaria um email de 4Kb. A Microsoft aconselha a eliminar, sem abrir, qualquer mensagem de tamanho superior a 80 Kb, “ mesmo que tenha a certeza de que se trata dum amigo”. Ora, uma mensagem de 30 a 40 Kb dá para encher “um lençol”!
Não somos, pois, todos iguais. E é bom que assim seja. Todos os partidos que têm assento na Assembleia da República, por mandato popular, devem ser colocados num plano de igualdade. O que eles fizerem só a eles próprios e aos partidos a que pertencem dirá respeito. Penso até que seria melhor não haver maiorias absolutas. O contraditório fica penalizado. Mas isso é o que eu penso. A realidade é que conta. E a realidade actual é uma maioria absoluta, ou seja, foi assim o resultado apurado nas urnas. Mas acho, sinceramente, que uma maioria absoluta me faz lembrar a antiga Assembleia Nacional, não tão esquecida como poderia parecer… Acho, por isso, que seria preferível existir uma oposição forte. Só assim é que a sua função de fiscalização do governo e de moderação de algumas iniciativas poderia ser conseguida.
3. Presidenciais
Assisti pela Sic Notícias, em directo e na íntegra, à leitura do "Contrato Presidencial" de Manuel Alegre. Antes de mais vou “despachar” os dois candidatos à esquerda de Manuel Alegre. Essas candidaturas não são de estranhar. Sempre foi assim. É uma questão de princípio dos partidos. Não discrimino. Aplica-se também aos partidos da direita e da extrema-direita. Eles é que sabem. Mas, quanto aos dois da esquerda e extrema-esquerda, o normal é a desistência , que até pode surgir logo por “falta de comparência”. Mas uma coisa é certa: os votos dos cidadãos eleitores desses dois partidos vão servir a alguém. Como sempre. Lembro-me perfeitamente que o “duro e teimoso e mais não sei quê” Álvaro Cunhal era suficientemente inteligente para adoptar a estratégia do mal menor. E Jerónimo de Sousa, que tem a escola do partido, seguirá o mesmo caminho. E então, na 2ª volta, se chegarmos lá, os votos dos cidadãos eleitores comunistas e bloquistas irão ser agradecidos por alguém. Nessas ocasiões os votos são bons, iguais aos dos outros.
Regresso a Manuel Alegre. A diferença entre ele e os outros dois, Mário Soares e Cavaco Silva, é como a água do vinho. Pessoal, intelectual e politicamente, ele sim, com uma visão correcta de Estado. É evidente a sua elegância de formação, muito afastado dos chavões estereotipados e comprometidos dos outros dois candidatos. Pessoalmente, não tenho dúvidas de que Manuel Alegre deveria ser o próximo Presidente da República. Com um Contrato Presidencial bem estruturado, é o único que, sem sequer precisar de fazer “trabalho de casa” ou de “outros”, faz referência a valores importantes como as preocupações sociais (que se têm vindo a degradar progressivamente), para além do correcto (e não demagógico) enquadramento das competências do Presidente da República com a Constituição e com a lógica mas inovadora ideia de as pôr em prática. Surpreendo-me com o anúncio de José Saramago em votar Mário Soares na 2ª volta, mas surpreendo-me ainda mais, não com o anúncio mas com o facto de Ramalho Eanes estar ao lado de Cavaco Silva. Ramalho Eanes que, recorde-se, fundou o agora extinto PRD (continuado por Ermínio Martinho) de ideologia não compaginável com a de Cavaco Silva.
4. Cultura
José Saramago é o único prémio Nobel da literatura português. Já fora nomeado pata tal distinção aquando do “Evangelho Segundo Jesus Cristo”. Com a censura exercida pelo governo da altura (já não me lembro qual), logo anti-democrático, Saramago não arrecadou o prémio. Está a sair uma nova obra dele, que não deixarei de adquirir. Saramago é, para mim (política à parte), o melhor escritor português da actualidade. As suas obras agarram o leitor à cadeira. Dá vontade de ler os livros dele dum fôlego só! Quando ele mudou o estilo da sintaxe fiquei um pouco perplexo. Mas foi só no primeiro romance. Logo me habituei e, além de único, julgo, tal estilo “obriga” a uma leitura mais rápida – de que gosto, para satisfazer mais depressa a curiosidade e o “suspense” seguintes. Só não tenho dois ou três livros, por “culpa do blog” (que também me tem roubado tempo para ouvir música!). Uma curiosidade: cada livro de Saramago lido deixa-me associada uma “imagem” que nunca esqueço. Quatro exemplos: a) Ensaio Sobre a Cegueira começa num cruzamento semaforizado, Av. da RepúblicaXRua de Angola, Gaia; b) Jangada de Pedra e o cão perdido que passou a Achado levam-me até ao monte de Stª Tecla, entre Vigo e Tui; c) Todos os Nomes conduzem-me à Escola Secundária António Sérgio, Gaia, cujos arquivos são revistados à sucapa pelo “conservador”; A Caverna imigino-a num grande edifício em forma de “U” na zona oriental de Lisboa.
5. Futebol
A quantidade de clubes de futebol é muitíssimo maior do que a dos “clubes” políticos. Todos têm adeptos, até os mais pequenos. E pagam para ver. No entanto não podem interferir. Limitam-se a reagir alegre ou tristemente, conforme os resultados.
Também aqui há razões objectivas e subjectivas para os cidadãos preferirem um determinado clube. O meu clube, por exemplo, é o FCPorto. Porquê? Porque, a partir de minha casa, eu e outros miudos de 8/9 anos íamos para o Estádio das Antas e entravamos agarrados às abas dos casacos dos homens. E há 26 anos atrás? O meu filho, com 4 anos de idade, passou a ser portista como aprendeu com o pai. Agora é ele que sabe mais do assunto. E estas coisas “pegam-se” nas famílias, com algumas excepções. Igualmente nisto, não entendo que os adeptos de X são os bons e os de Y os maus. Há que respeitar a opção que, por motivos que saberão explicar, cada pessoa elegeu ou elege.
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