Modelo importado da Inglaterra em 1854
Malaposta

Em 1859, a ligação entre Lisboa e Porto através das carreiras da Malaposta fazia-se em 34 horas e passava por 23 estações de muda. Apesar do bom serviço que as diligências prestavam nessa altura, a sua extinção foi irreversível com o aparecimento do comboio, embora se mantivessem em actividade durante mais algum tempo, como atestam os «manuais do viajante» da época.

31 outubro 2006

Loucura

«Eu nunca minto aos portugueses... ricos. Minto apenas aos pobres!»


Tenho a língua presa! Se tivesse a língua solta eu é que iria preso! Loucura? A verdade é que sempre que pensamos que não é possível tornar a nossa vida pior, vem o Governo e consegue!
O que é que se pode dizer desta cambalhota com o objectivo de colocar portagens nas SCUT? Que este Governo mente até que a voz lhe doa? Que este Governo aldraba até nos rebentar com os tímpanos? Até à loucura?
O problema não mora no facto de as SCUT deverem ser pagas ou não. O problema é que o Governo defendeu com unhas e dentes as auto-estradas sem custos para o utilizador e agora com uma lata do tamanho sei lá do quê faz exactamente o contrário...
Ou não?! Ou será que nós é que estamos loucos? Pare, SCUT e olhe... vai-se a ver, nós é que continuamos indefinidamente burros! C'um catano! Vai-se a ver as SCUT são grátis, de borla. Quer dizer, o utilizador não pagava nada. Agora vai pagar. Logo as SCUT deixam de ser SCUT para serem auto-estradas e só auto-estradas.
Conclusão: o governo não mentiu: só aldrabou. Não vai colocar portagens nas SCUT vai é acabar com as ditas. Topam? Faz sentido? Ou é coisa de loucos? Ou nós é que somos "scuteiros" e andamos a "scutar" mal? Talvez o defeito seja nosso! Eu próprio já tentei estabelecer uma lista dos meus defeitos e nem isso! Não consigo ir para além do primeiro: continuo com a língua presa! Ó céus! Este Governo mente tão obsessivamente que parece aquelas pessoas que odeiam tanto os assassinos que matam todos os que lhe aparecem à frente!

Paulo Anes, in Destak. [Bem... modéstia à parte, eu aperfeiçoei o artigo!]

Boa!...

Abaixo o governo socrático!

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27 outubro 2006

Iraque

Cada vez mais militares mortos no Iraque

Outubro foi o mês mais mortal para americanos

Outubro ultrapassou as 76 mortes registadas em Abril e é já o mês com mais mortos desde o início do ano. Os três fuzileiros norte-americanos, que morreram no sábado passado, tornaram este mês o mais letal para os militares dos Estados Unidos, atingindo já 78 vítimas mortais. George Bush já reviu a estratégia no Iraque com os responsáveis militares da região do Médio Oriente. Porém, rejeitou mudanças drásticas para enfrentar a escalada da violência.

in Destak.

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25 outubro 2006

Vampiros

Que curioso é este último Orçamento do Estado!

Bem intencionado, conciso, contendo todos os elementos conotados como "não se percebe nada" ou "já estou!...", que é como quem diz "já me filaram por trás". Também há a versão Zeca Afonso: "Eles comem tudo e não deixam nada." Olha-se para este orçamento e é-se, imediatamente, atingido por uma sensação de desespero, náuseas, insónias. É extraordinário assistir à desintegração de todos os sentidos quando se confrontam com a negra realidade, que o sr. ministro Teixeira dos Santos faz questão de pintar com cores do arco-íris e bolos e cerejas no fundo dos bolos. Teixeira dos Santos é um actor de nenhum tamanho. Quer um Estado cada vez mais gordo, gordo, gordo, mas com um pequenino coração sentimental. Daqui ninguém sai vivo. Ele fala em contenção e rigor e a despesa pública está cada vez mais incontinente.
Pois ele diz que os impostos não vão aumentar. Pois é! Aumentaram! Até para os pensionistas, que já não têm sequer solas para roer. Pois o sr. ministro parece uma fada "não madrinha", mas madrasta, que fala a verdade a mentir. Pois é! O nosso dinheiro vai-se, enquanto nós não nos conseguimor vir de lado nenhum, nem ir a qualquer lado, nem sequer ver uma luz ao fundo do túnel, a não ser a do tal comboio que a tudo atropela. Não quero fazer-me de engraçado ou falar por paradoxos, como o senhor ministro. Mas, se ele nos quer chupar até ao tutano, que abra a boca para o dizer abertamente. É que, assim, pelo mais, dói menos!

Paulo Anes, in Destak.

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23 outubro 2006

Fruta e água

A fruta e água são os alimentos de eleição para combater o calor, a fadiga e, ao mesmo tempo, manter a forma. No Verão, os cuidados com a alimentação devem ser ainda maiores. Além das necessidades alimentares habituais, é preciso hidratar o organismo convenientemente. O alimento que melhor cumpre essa função é, obviamente, a água. "Todos os dias, perdemos grandes quantidades de água - dois a três litros - através da urina, da transpiração (tanto maior quanto maior a temperatura e a actividade física) e do ar expirado. Estas perdas de água são compensadas pela água presente nos alimentos que ingerimos e, principalmente, pela água em bebida. Deste modo, torna-se evidente a importância da água como elemento fundamental de uma alimentação saudável", explica Alexandra Bento, da Associação Portuguesa de Nutricionistas, lembrando que a água tem ainda a vantagem de não ter calorias.
Em segundo lugar, a nutricionista recomenda a ingestão de fruta. "Um excelente alimento no auxílio contra a desidratação, pela sua riqueza em água, vitaminas e minerais", frisa, sublinhando os seus benefícios: "Possui uma potente acção preventiva de vários cancros, regula o trânsito intestinal, bem como o funcionamento da vesícula biliar. Comer fruta auxilia ainda substancialmente a regulação do colesterol sanguíneo, com benefício em termos de doença cardiovascular". Tal como a água, a fruta também é uma forte aliada na ementa das pessoas que querem emagrecer, como esclarece Alexandre Bento: "Fornecem um alto valor de nutrientes e têm uma baixa densidade energética, tornando-se, assim, um interessante instrumento na ajuda do controlo do peso."
in Metro

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21 outubro 2006

Mentes brilhantes

«A c a b o u - a - c r i s e»...

... afirmou o ministro da Economia, cujo nome não se pode pronunciar. Vários membros do Governo ficaram com tiques muito estranhos como, por exemplo, dar calduços na própria nuca.
Ao contrário, a oposição que não consegue ser oposição aplaudiu de pé, fascinada pela observação luminosa do ministro cujo nome não se pode pronunciar. Palavra de honra! Chegou mesmo a pensar-se: "Como o homem é inteligente!". O próprio Sócrates ficou tão agradado com a genialidade filosófica do ministro que chegou a oferecer-lhe um shot de cicuta enquanto negociava com os sindicatos o aumento substancial de seis cêntimos do subsídio de refeição dos funcionários públicos.
A verdade é que não é fácil compreender as mentes brilhantes. O ministro não disse o que disse - disse ele. O que ele disse é que o fim da crise não se decreta e quem disse que acabou a crise - que foi ele - é infantil e não percebe nada de economia.
Hegel, ao concluir que o que é real não existe e o que existe não é real, não lhe chega aos calcanhares. A passagem do ministro é totalmente imcompreensível para mentes rasas como as nossas, mas o que interessa é que ele se divertiu imenso. Urge perceber que o ministro tem por vocação a metafísica (no seu eu-eu) e a confeitaria (no seu eu-o outro).
Quanto a Sócrates, não pára de citar Confúcio: «A melhor forma de se conseguir uma coisa que se quer muito é desistir dela.» Diz-se que Sócrates "quer muito" este ministro.

Paulo Anes, in Destak

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19 outubro 2006

Programação TV

«Já descobri
o exacto lugar onde
deveriam estar

todos os
programadores de rádio
e televisão»
«Mulheres, tábuas de
engomar e televisão»"
- Isabel Stilwell, NM

Todos os publicitários deste país, todos os candidatos a marketers, todos os políticos que querem ganhar eleições (sobretudo aqueles perseguidos por agências de informação), todos os pastores das mais variadas igrejas, a católica incluida, e em resumo todo e qualquer um que queira fazer chegar a sua mensagem ao coração de uma mulher: por detrás de uma tábua de engomar, com uma pilha de roupa ao lado e o transistor ou o televisor ligados. Nada lhe dará um maior insight sobre aquilo que acontece na cabeça de um elemento do sexo feminino, pelo menos uma meia hora ao fim de cada dia, segundo o Instituto Nacional de Estatística, ou quatro horas em "compacto" de fim-de-semana ou após quinze dias de férias num apartamento sem máquina de lavar. Posso falar de experiência feita, e dizer sem sombra de dúvida que qualquer cobaia colocada nesta situação está, ao fim de dez minutos, disponível para tudo que lhe dê um outro sentido à vida...
... Como pode, por exemplo, resistir a um Tony Carreira, de camisa vermelha de seda (tão bem passada!), a jurar-lhe, com voz doce, que lhe daria uma vida melhor, e a amaria muito mais do que "esse outro" (o tal que sujou a roupa que neste momento lava...). E que capacidade tem para resistir aos amores da Floribela e de sonhar, por momentos, que é a dondoca da telenovela (pouco importa que seja uma víbora), que quando desce do quarto já tem o pequeno-almoço na mesa, com pão de três variedades, bolos de duas, sumos de frutos tropicais e uma empregada fardada e dedicada, daquelas que nem quer folgar ao domingo, e que pergunta insistentemente "que mais deseja a senhora?".

Está bom de ver que aqueles críticos de televisão...

... aqueles cronistas intelectuais que poluem certas páginas de jornais, e que passam a vida a barafustar contra a qualidade da programação, e a falta de debates sobre os verdadeiros problemas da nação, nunca viram de perto uma tábua de passar a ferro - fazem questão que a "companheira" engome noutra assoalhada da casa, porque os vapores lhes complicam o sistema respiratório. Certamente mudariam rapidamente de opinião se verificassem o efeito imediato que esse tipo de "espectáculos" tem sobre uma mulher com um ferro de engomar na mão, ou seja, se na manhã seguinte tivessem de levar para o emprego uma camisa com dois pedaços acastanhados no colarinho, um deles consequência do Simplex declamado pelo engº Sócrates e o outro decorrente da explicação do buraco orçamental pela boca do dr. Teixeira dos Santos ( que ao que parece é ministro.) Na prática, a programação ideal é aquela que consegue manter uma mulher suficientemente distraída do que faz para não se enforcar no fio do próprio ferro, mas que não a deixe demasiado aérea, a bem dos boxers que tem nas mãos - é um daqueles segredos, como o ponto do rebuçado, que só os grandes cozinheiros conhecem, e não revelam a ninguém. É por isso que recomendo que quem tem que escolher um "programador" o obrigue a fazer o "teste do ferro de engomar". Só mais uma coisa, quem foi a besta que inventou aquele apito irritante da máquina de roupa que não se cala até lá irmos buscar a mercadoria, logo quando o Tony nos dizia: "Dá-me a mão e deixa que te leve daqui embora"?

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17 outubro 2006

Insolação de sexo

colorsquare
Sofremos de «aborrecimento sexual» A questão é como vencê-lo.

Fomos todos vítimas de uma insolação de sexo, que ataca sobretudo no Verão...

...quando os raios UV estão no máximo da sua potência, mas a bem dizer não tem propriamente época certa. Rimo-nos quando as nossas avozinhas o dizem, a avaliar pelas conclusões a que os sexólogos vão chegando no segredo dos seus consultórios. De facto, vai longe o tempo em que da mulher só se via o calcanhar, e valia a pena espreitar pelo buraco de uma fechadura. Hoje, pode não ser politicamente correcto dizê-lo, mas muito pouco fica para a imaginagão. O corpo, sobretudo o feminino - mudam-se os tempos, mas os estereótipos resistem -, tornou-se uma mercadoria como outra qualquer: os pacotes de margarina ou de detergente são «vendidos» por meninas meio nuas, sem que se entenda qual a relação causa-efeito, e não há marca de automóveis que resista à moça descascada e com os (grandes) atributos à vista [penduricalhos, como diria a maria] sentada em cima do capot [e por que não no banco de trás?!] do último modelo do veículo à venda, [então o meu não serve?!] dando a clara impressão de que um é o brinde do outro, vá lá saber-se qual. E se a nossa «ai mãe» ainda hoje nos mandasse fechar os olhos nas cenas escaldantes do filme, ficávamos de olhos fechados a sessão inteira. Francisco Allen Gomes, o protagonista da nossa capa, é um dos maiores especialistas portugueses na área da sexologia, um homem que consegue chamar «as coisas pelos nomes», sem no entanto lhes roubar o mistério e o encantamento. Cofiando o bigode, confirma: vivemos tempos em que o sexo não está visível, mas «sobrevisível». E recorda que dos estudos feitos se conclui que a insolação produziu os seus efeitos: os neurónios podem ter sido excitados pelo calor de tanta exposição, mas na prática estamos «sexualmente aborrecidos». Mas então o que fazer para contornar o tédio e ressuscitar o desejo? [ver cubo mágico]

Isabell Stilwell, NM - excepto pouca coisa.

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11 outubro 2006

Civilização sem riso

Eça de Queiroz, in '«A Decadência do Riso», Gazeta de Notícias (1891)'

Eu penso que o riso acabou - porque a humanidade entristeceu...


Desde que homem de acção e homem de pensamento são paralelamente tristes - o mundo, que é sua obra, só pode mostrar tristeza. Tristeza na sua literatura, tristeza na sua sociedade, tristeza nas suas festas, tristeza nos fatos negros de que se veste... Tristeza dentro de si, tristeza fora de si. E quando por acaso alguém por profissão tradicional, como os palhaços, ou por contraste, ou pela saudade da antiga alegria e o desejo de a ressuscitar, procura fazer rir este mundo - só lhe consegue arrancar a tal casquinada curta, áspera, rangente, quase dolorosa, que parece resultar de cócegas feitas nos pés de um doente.
Não há que duvidar! Voltaram os tempo de Albert Durer! Outra vez o famoso moço de asas potentes, no meio dos inumeráveis instrumentos das ciências e das artes, que atulham o seu laboratório, e diante das obras colossais, que com eles construiu, sente, sob esta produção excessiva que o não tornou nem melhor nem mais feliz, um imenso desalento, e, considerando a inutilidade de tudo, de novo deixa pender sobre as mãos a testa coroada de louro.
Pobre moço, que, de muito trabalhar sobre o universo e sobre ti próprio, perdeste a simplicidade e com ela o riso, queres um humilde conselho? Abandona o teu laboratório, reentra na Natureza, não te compliques com tantas máquinas, não te subtilizes em tantas análises, vive uma boa vida de pai próvido que amanha a terra, e reconquistarás, com a saúde e com a liberdade, o dom augusto de rir.

Mas como pode escutar estes conselhos de sapiência um desgraçado que tem, nos poucos anos que ainda restam de século, de descobrir o problema da comunicação interastral, e de assentar sobre bases seguras todas as ciências psíquicas?
O infeliz está votado ao bocejar infinito. E tem por única consolação que os jornais lhe chamem e que ele se chame a si próprio - o Grande Civilizado.


E entristeceu - por causa da sua imensa civilização. O único homem sobre a Terra que ainda solta a feliz risada primitiva é o negro, na África. Quanto mais uma sociedade é culta - mais a sua face é triste. Foi a enorme civilização que nós criámos nestes derradeiros oitenta anos, a civilização material, a política, a económica, a social, a literária, a artística que matou o nosso riso, como o desejo de reinar e os trabalhos sangrentos em que se envolveu para o satisfazer mataram o sono de Lady MacBeth. Tanto complicámos a nossa existência social, que a Acção, no meio dela, pelo esforço prodigioso que reclama, se tornou uma dor grande: - e tanto complicámos a nossa vida moral, para a fazer mais consciente, que o pensamento, no meio dela, pela confusão em que se debate, se tornou uma dor maior. O homem de acção e de pensamento, hoje, está implacavelmente votado à melancolia.
Este pobre homem de acção, que todas as manhãs, ao acordar, sente dentro em si acordar também o amargo cuidado do pão a adquirir, da situação social a manter, da concorrência a repelir, da «íngreme escada a trepar», poderá porventura afrontar o Sol com singela alegria? Não. Entre ele e o Sol está o negro cuidado, que lhe estende uma sombra na face, lhe mata nela, como a sombra sempre faz às flores, a flor de todo o riso. Por outro lado o homem de pensamento que constantemente, pelo fatalismo da educação científica e crítica, busca as realidades através das aparências, e que no céu só vê uma complicada combinação de gases, e que na alma só descobre uma grosseira função de órgãos, e que sabe que porção de fosfato de cal entra em toda a lágrima, e que diante de dois olhos resplandecentes de amor pensa nos dois buracos da caveira que estão por trás, e que a todo o sacrifício heróico penetra logo o motivo egoísta, e que caminha sempre à procura da lei estável e eterna, e que a cada passo perde um sonho, e que por fim não sabe para onde vai, e nem mesmo sabe quem é - não pode ser senão um triste!

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09 outubro 2006

Google ao ataque!



Google cria serviço de partilha de fotos


O Google criou um serviço de gestão e organização de fotografias na Internet, intitulado Picasa Web Album. Esta nova funcionalidade está (ainda) apenas disponível em versão de testes, estando a sua utilização limitada a utilizadores que possuam uma conta no webmail do Google (Gmail). Contudo, para ver as fotografias não é necessário ser subscritor do Gmail.
O Picasa Web Album disponibiliza 250 megabytes onde os utilizadores poderão guardar centenas de fotografias, que ficarão disponíveis para serem visualizadas - e comentadas - pelo público.
in Metro


Temos pois que o Google continua ao ataque!

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06 outubro 2006

O que não te disse

P

or vezes, vejo o teu reflexo num vidro em plena rua. De relance e sem razão. E fico parado, sustenho a respiração e sei que não és tu. Como poderias ser tu se partiste há tanto tempo? Mas deixo-me ficar quedo, a saborerar aquilo que me parece ser o contorno do teu corpo, do teu rosto, com medo de me mover e fazer desaparecer aquele jogo de sombras que se assemelha a quem foste. Outras vezes, o perfume da lavanda chega até mim e lá estás tu, o teu lenço branco encharcado em perfume e o leve aroma que deixavas quando te movias pela casa. As saudades nunca morrem. As saudades têm cheiros, têm cores e habitam onde menos se espera. Dentro do nosso coração, convivem com a realidade dos dias, os nossos mortos, aqueles que amámos e de quem nunca nos despedimos verdadeiramente. E sabes, descubro agora chegado a esta fase da vida, que a dor da separação é igual, é sempre a mesma, apenas veste corpos diferentes e nome diferentes. Deve ser este o preço do amor. Mas existe quem viva bem com a saudade e eu imagino que sejam aqueles que tiveram tempo de dizer tudo o que sentiam antes da partida. A minha vida continua igual, o meu coração envelheceu mas ama da mesma forma e, por alguma razão cruel, as pessoas que mais amo são exactamente aquelas às quais nunca poderei dizer tudo ou, pelo menos, fazê-las compreender o que significam para mim. Olho o rio e sinto o escoar do tempo. Viver é isto.


Luisa Castel Branco, in Destak

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04 outubro 2006

Bola-de-berlim

Se a felicidade estivesse nas dietas, quem teria inventado a bola-de-berlim?

F

iz dieta no domingo. O dia inteirinho. A primeira etapa foi dormir até ao mais tarde possível, e cumpri-a com rigor e excelência. Li um artigo, numa revista científica entenda-se, que garantia que queimamos imensas calorias de olhos fechados e deitados na horizontal, como aliás sempre suspeitara. Afinal algum carburante tinha de alimentar os sonhos e os pesadelos, quer consistissem em correr um shopping com um cartão de crédito ilimitado ou salvar o escalpe em fugas de deitar os bofes pela boca! E, além do mais, é lógico: enquanto dormimos não assaltamos o frigorífico. A segunda fase do regime já foi mais complicada, mas não comi nem pão nem manteiga, e resisti até à fatia de bolo de chocolate que sobrara da véspera. Ao pôr-do-sol já tinha a certeza da vitória, mas infelizmente o ponteiro da balança não colaborou. Não se mexeu nem um graminha para baixo. Ora, para alguém que, como eu, tem plena consciência de que a vida são dois dias e um é para acordar, gastar aquelas que poderiam ser as últimas 24 horas que me restavam a privar-me do pecado da gula parecia-me um imperdoável desperdício. A sério, o importante era que metêssemos na cabeça que esta obsessão pelas dietas , que se nos cola irracionalmente como uma lapa, resulta do facto de termos transformado a "magreza" no paradigma da felicidade. Ser magro só tem a ver com a ideia mágica de que, a partir do momento em que conseguirmos "entrar" naquele biquíni sexy, então sim a nossa vida vai mudar. Vamos atrair mais amigos, mais namorados, empregos melhores, vamos ser admirados e invejados e por isso tudo felizes. Só que é tudo mentira, uma mentira que ataca sobretudo no Verão, quando somos supostos exibir um corpo escultural. Mas viaje na memória, para provavelmente concluir que o problema não pode estar nos pneus a mais nem a menos, porque se calhar nunca foi feliz numa praia, nem em pequena, nem em grande, nem em biquíni, nem em fato de banho. Se calhar o problema é mesmo a praia, porque, bem vistas as coisas, a bola-de-berlim nunca lhe caiu mal!

NM, Isabel Stilwell [que parece não conhecer todas as bolas-de-berlim, diz o autor do Malaposta!]

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