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ErotiKa - O Beato


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Esta publicação contém um texto de teor erótico. Se se sente ofendido com textos, imagens ou quaisquer conteúdos sobre erotismo e sexualidade por favor não prossiga.

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jpv

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ErotiKa - O Beato

Sua mulher, Maria do Amparo, costumava contar em surdina à mãe que ele sempre a procurara pouco na cama para as funções do prazer. Após o casamento, com alguma frequência, era lá uma ou duas vezes por mês, costumava ajoelhar-se junto à cama com o terço entre as mãos em posição de oração, purificava-se pelas palavras dirigidas ao Senhor e depois suava e urrava em cima dela durante três eternos minutos. Ela não chegava a saber se gostava ou não. Aquilo era um fogo fátuo, um lume ardente, mas brevemente extinto em suor. Sempre sob os lençóis. Sempre de luz apagada. E ela não estranhara uma coisa nem outra pois que em termos "daquilo" a experiência que tinha era tanta como nenhuma. Mas sempre perguntava à mãe se era normal aquela ausência dele na cama dela. E a mãe, em reação surpreendente, lhe foi dizendo, É uma bênção, minha filha, é uma bênção, não dar uma dessas ao teu pai é que é pena. E como Maria do Amparo quisesse desconfiar daquela falta de fogo, a mãe rematou contudente:
-Ele costuma faltar ao trabalho?
-Não
-Ele falta-te com alguma coisa em casa?
-Não.
-Bebe até cair para o lado?
-Não.
-Bate-te?
-Não.
-Então agradece ao Senhor a sorte que tiveste.
E com aquela se ficou e não tocou mais no assunto. E veio o primeiro filho, uma menina, por sinal, e pensou ela que ele se entusiasmaria com o facto, mas o certo é que o seu fervor religioso aumentou, a moral tornou-se mais rígida por via do exemplo que era necessário constituir para a criança e as visitas na cama, já de si escassas, tornaram-se quase inexistentes. Foi isto há dezanove anos completos. E são dezanove anos que a menina faz esta semana. Na altura, dois anos volvidos, três ou quatro cópulas de pouco investimento e, mesmo assim, quis o Senhor que duma delas nascesse segundo rebento. Um rapaz. E, indicou ele, que a sua função enquanto casal estava cumprida no que dizia respeito à procriação. Existiriam agora para os filhos, para os educar no respeito e no temor a Deus, com vida austera de bens mas rica de orações. E se a ela lhe acometesse alguma vontade da carne, que rezasse um Pai Nosso e duas Avé Marias e tomasse um duche frio que a carne, por fraca ser, haveria de ceder. Que se dedicasse ao croché ou visse televisão e orasse, orasse muito pela bênção de ter uma família bonita e sem faltas de maior. E ela, sem outra solução nem amparo além do que tinha no nome, resignou-se.

Jacinto Bento, mais tarde conhecido como o beato era um homem atarracado e musculado com o cabelo ruivo e um farto bigode no meio da cara. Andava regularmente com uma bibliazinha na mão e um caderninho preto para tomar notas. Cresceu num ambiente doméstico conturbado. O pai estava dias, semanas inteiras sem vir a casa e quando vinha trazia muitas falas e poucas novidades. Podre de bêbado procurava uma cama para dormir, uma mulher para plantar um filho mais e muita sorte tinha ela se ele não lhe exigisse as economias que entretanto juntara. Às vezes, o vinho dava-lhe para a violência e a mãe dizia à rebanhada de filhos para fugirem e eles desarvoravam de casa. Ora, Jacinto, o mais novito, ficava. Ela tinha-lhe dado instruções para se esconder dentro de uma mala de guardar mantas e levar com ele a bíblia e rezar aos santinhos que o protegessem. E quando o pai saía de novo ela mostrava-lhe os postalinhos com os santinhos que o tinham protegido e que o senhor prior distribuía todas as Páscoas à saída da missa. E o rapaz enfiou-se na igreja e na sacristia e nunca mais de lá saiu. Foi à catequese, fez a primeira comunhão e o Crisma, foi acólito e chegou a ministro da fé. Sentia-se um servo digno do Senhor quando ajudava à distribuição da hóstia na missa dominical. O prior faleceu, veio outro e foi Jacinto que lhe deu a conhecer o rebanho que ele haveria de apascentar. Os mais virtuosos, os cumpridores, os ritualistas e os ausentes. E contava-lhe as histórias deles no espaço circunscrito da vila. Não se estranhou, por isso, quando o senhor prior delegou em Jacinto Bento a organização das procissões, do coro da igreja, e até a própria agenda do padre.
-Ó Jacinto, se calhar estou a pedir-te de mais… tu tens o teu trabalho e a tua família…
-É com prazer que ajudo, senhor prior, com prazer e devoção. E a minha família, os sacrifícios que faz por mim, fá-los por Ele também.
E lançava os olhos à cruz onde Cristo escorria sangue de braços abertos. Jacinto atendia à missa de domingo e, durante a semana, todos os dias, pelas sete da tarde, ajudava à missa vespertina. Depois, seguia para casa e jantava com a família. O ritual era certinho e sem falhas, exceto à quinta feira, dia em que ficava noite dentro, com o senhor prior a planear os muitos serviços que a paróquia tinha de prestar aos seus fiéis. Quem havia a batizar, quem havia a casar, quando se ia ler o evangelho segundo São Lucas, quando se lia um excerto da epístola de São Paulo aos coríntios, quais os temas do sermão, quando e como realizar as procissões e como orientar os serviços da catequese e as festas de Nossa Senhora da Piedade, padroeira local. Naturalmente que, com tantas e tão grandes responsabilidades, a sua família teve de constituir sempre exemplo ímpar de devoção e fervor religioso. E por isso comparecia na igreja todos os domingos, sem falhar um que fosse, e orava-se às refeições  e colaborava-se nos eventos religiosos promovidos pela paróquia. E havia um rigor extremado na conduta que lhes era exigida. Os seus filhos não diziam um palavrão, citavam a bíblia, a rapariga estava proibida de conhecer rapazes antes do casamentos e se um dia quisesse namorar haveria de apresentar o pretendente ao pai que indagaria da sua fé e devoção e o rapaz estava proibido de tocar-se e se o desejo apertasse, tinha encomendadas orações e estavam prometidos castigos e infernos aos que prevaricassem. Ela deserdada seria se conhecesse homem antes do tempo e sem aprovação. E ele sofreria na carne as punições que a disciplina e o respeito exigiam.

O que mais impressionava Aparecida Bento, aos dezanove anos, era nunca ter visto um gesto de afeto entre os pais, um beijo, uma carícia, nada… uma secura emocional, uma terra árida e infértil. Chegava a ser agressivo. E, contudo, todo um respeito, toda uma aparência. E a igreja sempre por perto. O senhor prior isto, o senhor prior aquilo, a missa vai ser bonita, a missa foi bonita.  Esta manhã, Jacinto Bento, saiu um pouco apressado. Ia à frente, bíblia na mão, caderninho preto, calças de fazenda, camisa e uma camisola de malha. Aparecida ia atrás dele. Deslizou um papel do caderninho e caiu ao chão sem o pai ver. Era uma receita. Aparecida apanhou-a e leu por instinto. E quando leu, estremeceu como nunca se lembrara de ter estremecido antes. Só tinha um medicamento inscrito: viagra. Dobrou o papel num repente e chamou:
-Papá…
-Sim, minha filha.
-Deixaste cair isto.
-Obrigado.
Recolheu o papel e foi à sua vida.
Aparecida andou em transe durante uns dias. Se não havia afetos, para que queria ele um medicamento daqueles?  Investigou na Internet o propósito do medicamento, mas só parecia ter um, fez perguntas indiretas à mãe sobre a vida afetuosa dos dois, mas foi pesca sem pescado. Não havia nada nem ninguém a que pudesse recorrer. Era impensável falar com o pai. Cair-lhe-ia, literalmente, o Carmo e a Trindade em cima. Sofreria retaliações só pela ousadia e pensou que o melhor seria esquecer o sucedido. Provavelmente era para outra pessoa. Acontece que, quando a inquietude entra no espírito é difícil de serenar. Decidiu segui-lo. Nos primeiros dias, pela manhã, até ao trabalho. Nada. O mesmo Jacinto de sempre. Depois, ao final da tarde, do trabalho para casa. Nada. O mesmo Jacinto de sempre. De casa para a igreja. Foi à segunda, nada. Foi à terça, nada. À quarta, nada. À quinta, nada, à sexta, nada. E estava já há várias semanas nisto quando resolveu esperar por ele depois da missa das sete a que ia com religiosa frequência quotidiana. Saía de casa depois dele e esperava por ele do outro lado da rua num banco de jardim, enfiada em camisolas e casacos. A primeira vez que foi, sofreu um percalço. Para o seguir teve de ir atrás dele o que fez com que o pai entrasse em casa primeiro. Breve daria pela sua falta porque, assim que chegava, queria cumprimentar toda a família. Correu para a porta, enfiou a chave e, naquele momento em que ele chegava à cozinha e saudava a mãe, Boas noites, Boas noites, respondia ela, Aparecida deslocou-se como se viesse do seu quarto. Na terça já não foi. O risco era demasiado. Nessa quinta feira, contudo, por andar desperta para os movimentos de seu pai Jacinto, Aparecida que já costumava estar deitada quando ele chegava, esperou por ele com a mãe, na sala de estar, e reparou em ligeira diferença no seu ritual de chegada. Em vez de dirigir-se, de imediato, para a sala de estar onde sabia que encontraria a senhora sua esposa a fim de a saudar, foi à casa de banho primeiro. Aparecida não conseguiu reprimir a ideia que lhe veio à mente, Custe o que custar tenho de saber de onde vem ele à quinta feira. Nova quinta feira se apresentou no calendário. E Aparecida seguiu-o. Não entrou na igreja. Esperou no banco de jardim do outro lado da rua. E viu as pessoas saírem da casa do Senhor no final do serviço religioso e viu a porta fechar-se. Nas traseiras da igreja havia uma janela alta protegida por grades trabalhadas, tinha um parapeito inclinado para fora e por dentro tinha a sacristia. Aparecida não lhe chegava. Olhou em volta. Era noite. Havia pouca luz. Só a que sobrava da iluminação de rua. Procurou algo que lhe desse altura. Um bloco de cimento e um pedregulho era tudo o que havia por perto. Colocou o bloco de cimento por baixo da janela e o pedregulho em cima dele. Subiu para cima do conjunto de equilíbrio precário. Não chegava à janela, mas podia tentar deitar as mãos às grades com um impulso. Respirou fundo saltou e agarrou uma grade de ferro com a mão direita, depois a esquerda, os pés ajudaram a trepar, ergueu-se, ao dobrar os braços conseguiu chegar com a face ao vidro da janela procurando respostas. Não as encontrou. À luz amarelecida de um candeeiro antigo, Jacinto Bento e o padre jantavam, sentados à mesa, e conversavam.  Era uma sala pequena. Uma mesa ao centro de madeira muito escura, um aparador com umas gavetinhas e um espelho por cima e dois cabides de pé com paramentos sobre eles em dois dos cantos. Faltou-lhe a força, esticou os braços lentamente e escorregou pela parede tateando com os pés à procura do pedregulho em cima do bloco. Encontrou-os. Desceu. Sentou-se no chão olhando a janela e a luz amarela projetada na parede e sentiu-se ridícula. O seu pai era um bloco granítico de virtude, um homem impenetrável. Havia sido uma parvoíce admitir a hipótese de o encontrar em falta. O mais certo era ter-se oferecido para comprar os comprimidos a alguém que precisava deles, mas não tinha a coragem suficiente para os comprar. Preconceitos. Feitios. De certa forma, preferia que não tivesse havido qualquer surpresa. Por momentos, imaginara encontrá-lo em encontros furtivos com uma beata da paróquia, expressando com ela o que não revelava à mulher, fingindo que os encontros com o prior eram demorados, mas escapando-se deles a coberto da noite para se entregar nos braços de outra, alguma que lhe despertasse a libido como a mãe parecia não ser capaz. Ia levantar-se para se ir embora, estava já limpando as mãos à ganga das calças e viu sombras bailando na parede interior da sacristia. Havia movimento. Decidiu trepar uma última vez. Não sabia, ainda,  mas a sua vida estava prestes a mudar. Subiu para cima do pedregulho, saltou e agarrou a grade, ergueu-se ajudando com os pés e dobrando os braços, encostou a face ao vidro e viu. E assim que viu percebeu que preferia não ter visto. O padre estava encostado ao aparador e falava. Seu pai estava a dois passos dele e foi para ele que avançou, segurou-lhe a nuca e beijou-o lenta e apaixonadamente. Aparecida largou-se e caiu. Ficou em choque. Esperaria tudo menos aquilo. De certo era um equívoco. Voltou a trepar e o mundo pesou-lhe mais do que nunca. Seu pai, Jacinto Bento, o beato, estava nu, de pé encostado à mesa e à sua frente, de joelhos, o prior dava asas à luxúria do desejo em carícias tão devotas quanto proibidas. Aparecida saltou, aleijou-se porque ao cair assentou mal um pé, correu pelas ruas derramando lágrimas de incompreensão. Tudo o que sofrera nas mãos daquele homem fazia sentido porque ele era o primeiro a submeter-se aos seus próprios princípios e exigências. Desta forma, nada fazia sentido, nenhum caminho parecia certo, a vida desmoronava-se. Entrou em casa, a mãe chamou por ela, mas Aparecida não respondeu. Fechou-se no quarto, enterrou-se na cama, encolheu o corpo o mais que pôde e deu consigo a rezar baixinho com a bíblia apertada entre as mãos.

jpv

Sexo, Mentiras e um Jornal

Normalmente, compro o "Notícias". Um dia destes, não havia o "Notícias" e comprei o "Verdade". E a verdade é que a secção de dúvidas, em jeito de consultório de sexualidade, arrancou-me umas valentes gargalhadas. É assim uma espécie de revista "Maria" revisitada! Ainda hesitei em publicar por causa de certa crueza na linguagem, mas a verdade é que alterar as palavras não seria correto e aqui a tasquinha é frequentada por gente crescida... Olhem, divirtam-se. E se quiserem ler mais, vão aqui. Os comentários são meus, claro. Eu lá perdia a oportunidade...


Problema? Qual problema? Isso é normalíssimo... só não sei é como é que continuas a namorar com ela, mas pronto, ele há masoquismos... Olha, já agora, e nunca lhe deu para tocar piano... Eu, se estivesse no lugar deste companheiro ficava preocupado, tens a certeza que andas a fazer tudo bem? Enfim, em última análise leva uns tampões para os ouvidos, daqueles da natação, e um guarda chuva e deves estar safo...


Medo! Muito medo! Grande confusão nessa cabeça, amigo! E eu a pensar que aquilo era suor... Se bem que, não sejamos levianos, tudo depende de como se treina...



Olha amori, e que tal se não... tu sabes... eu explico: bebes um copo de água, só que não é antes, nem durante, nem depois. É em vez de... Se por acaso a situação é mais séria e já estás grávida, então temo que a pergunta tenha vindo tarde...


Ora aqui está uma alma preocupada com coisas sérias! Eh pá é normalíssimo! O anormal é não ter desejo di sexo senpre. E olha que sempre é a toda a hora. Olha, só para teres uma ideia, uma vez eu estava a fazer sexo e de repente tive desejo de fazer sexo... eh pá... normalíssimo...

Jornal Verdade, ganhaste um leitor... 
jpv

Breve e Óbvia Ciência


Breve e Óbvia Ciência

A minha língua
Na tua pele,
A minha saliva
No teu sal.
A minha sombra
No teu corpo,
O meu desejo
No teu traço.

E perco-me
Nisto que faço,
Na entrega
E na sensualidade
De não haver fronteira
Nem espaço,
Nem idade,
Nem tempo,
Nem conceito...

Tu és a cama
Onde me deito.
A linha reta
E a curva.
A água clara
E a vista turva.
O Chamamento
E a perdição.
O fulgor
E a submissão.
O côncavo
E o convexo.
O amor puro
E o desenfreado sexo.

Tu és a linha
Que define
O meu caminho,
Copo de água,
Cálice de vinho.
Altar sagrado,
Templo saqueado,
Caminhada à chuva...
Travo de limão,
Açúcar de uva.
Tu és a luz
E a ausência dela,
A noite escura e serena,
A linha definida e amarela
Do astro quente como a tua pele,
O ritmo sensual
Que o meu corpo impele
À vida,
Quando te vê chegar.
E a língua, de novo,
A procurar teus montes,
Teus altos e baixos,
Teus fortes e fracos,
Tuas ancas oferecidas
Sem regateios,
Teus redondos
E generosos seios.

Reparto contigo
Os dias
E a existência,
E há nesta conclusão
A breve e óbvia ciência
De seres minha.
De ser teu.
O tempo rasga a vida
Nas cercanias de meu tato.
Amor nos teus lábios
É mais que palavra,
É concluso e perfeito ato!

A tua língua
Na minha pele...
jpv

ErotiKa - O Erotismo da Ignorância


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jpv
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ErotiKa - O Erotismo da Ignorância

Estão num hotel com decoração rústica. Sentam-se lado a lado num enorme sofá do átrio e ela diz-lhe:
- Isto é uma loucura. Ainda não sei porque aceitei vir contigo. Mal te conheço.
- Porque quiseste. Tal como eu quis cometer a insanidade de convidar-te.
Ela sorri e oferece-lhe um olhar terno e vencido. Ele sente-se confortado, inclina-se para ela e beija-a longamente. Sentiu-lhe o odor adocicado do corpo e a suavidade da pele. Não podiam continuar ali. Subiram. E a sinfonia dos corpos continuou. Não era bem uma sinfonia. Era mais um tango ritmado, compassado e sensual em erupções de êxtase. Ele despiu-a com gestos firmes, quase bruscos, acariciou-lhe o pescoço, beijou-lhe a face e os seios e as suas mãos procuraram-lhe as formas, preencheram-se com elas e exploraram-na com avidez. E ela entregou-se-lhe. Deixou-se conduzir até o acolher em si. E quando terminaram, a vertigem do desejo era tal que recomeçaram tudo de novo. Ela está de quatro na cama e oferece-lhe as nádegas alvas. Ele olha-as enquanto entra nela devagarinho. E acorda. E olha à sua volta e vê uma cama vazia. Está suado. Sonhou. Levanta-se, vai tomar um duche e masturba-se com as imagens eróticas do sonho ainda na cabeça. Percebe tudo. Percebe que possa ter um sonho erótico após a sua separação. Só não percebe porque o teve com ela. Tanto quanto sabe, ela nem sonha que ele existe. Não nota a sua presença para lá do Bom dia, Boa tarde. Colegas distantes... porquê ela? É uma mulher interessante, sim. Mesmo sensual, mas nunca lhe ocorrera tal possibilidade. Porquê emergir assim tão vívida e erótica num sonho? Não esqueceu. Mas desligou.

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O dia correu-lhe bem. Sente-se tranquila e realizada. Finalmente superou as perturbações da separação. As práticas, do dia-a-dia, e as da mente que são bem mais complexas. Está em paz consigo própria. Hoje, sim, talvez precisasse de um homem... precisamente porque já não precisa deles. Chegou a casa, tomou um duche, confecionou uma refeição simples mas requintada, apagou as luzes, acendeu uma vela, recostou-se no sofá com as pernas estendidas e o copo de pé alto na mão e foi pensando nas incidências do dia enquanto tocava com a ponta dos dedos, muito suavemente, na zona interior da coxa. Viu-o na mente, numa pose que ele costumava fazer quando se sentava à secretária, e intensificou as carícias. Encolheu ligeiramente as pernas e procurou-se debaixo da túnica. Encontrou-se quente e húmida e explorou os caminhos do prazer e da excitação. Demorou-se. Abandonou-se à fantasia do sexo vigoroso com ele depois de fechada a porta do seu escritório. Não terminou. Foi terminando. E quando se sentiu saciada, estava de novo em paz consigo e com o Universo. Percebe tudo. Só não percebe uma coisa. Porquê ele? É um homem interessante, sim. Mesmo sensual, mas nunca lhe ocorrera tal possibilidade. Porquê emergir assim tão vívido e erótico numa fantasia? Não esqueceu. Mas desligou.


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Por vezes, a vida faz planos por nós. Gere as nossas emoções como se nos conhecesse as vivências. E talvez conheça. Por isso lhe chamamos vida. Estiveram uns quinze dias sem ver-se. Nem mesmo à distância. Um fim de semana, uns dias de férias dele, outro 
fim de semana, uns dias de férias dela, outro fim de semana ainda e quando vieram a encontrar-se na cafetaria da empresa, acordou-se em ambos o que desligado ficara. Num impulso inexplicável e inusitado, mas perfeitamente natural entre colegas, ele dirigiu-se para ela, disse, Bom dia, desejou-lhe uma boa semana de trabalho, colocou-lhe uma mão nas costas como quem a ampara e deu-lhe dois beijos na face que ela retribuiu.

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Os lábios dela na face dele queimaram-lhe a pele e trouxeram-lhe à mente cada pormenor do sonho espontâneo e secreto. Sentiu-se estremecer de emoção como se os lábios dela fossem o centro do Universo e estivesse neles toda a suavidade, toda a sensualidade e toda a energia do mundo. Ela apercebeu-se de qualquer coisa diferente no olhar e na pose dele, mas não conseguiu identificar o quê.


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A mão dele nas costas dela. Sentiu-se acariciada, envolvida, puxada com vigor e possuída e toda a fantasia que tivera lhe correu a mente e a mão dele queimou-lhe a pele de ansiedade e desejo. Estremeceu de sensualidade e emoção e a sua face ruboresceu levemente. Pediu aos deuses que não se notasse. Mas notou-se. Ele viu esse rubor na face dela, percebeu-lhe qualquer coisa diferente no sorriso cândido, mas não conseguiu identificar o quê.


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Fizeram um brevíssimo compasso de espera, trocaram um olhar tímido, terminaram o cumprimento e voltaram às suas vidas na ignorância do erotismo.
jpv

ErotiKa - O Perfume e os Espinhos


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O Perfume e os Espinhos

Era ainda cedo na madrugada. Estava escuro, mas já não era aquele breu cerrado de não conseguir ver-se nada. No céu, ao longe, anunciava-se uma ténue claridade como se alguém no outro lado do mundo tivesse deixado uma luz de candeeiro acesa. Ele virou-se na cama e ao virar-se a mão dele tocou a perna dela, ali junto à coxa, e sentiu-lhe a suavidade da pele e o calor dos quarenta. Foi o suficiente para não conseguir dormir mais. Como seria possível estarem a viver uma crise tão profunda? A verdade é que amava aquela mulher em todas as suas facetas. O sorriso, o tom de voz, a doçura no olhar e  o perfume da pele. Cheirava a rosas mesmo sem colocar qualquer água-de-colónia, ou creme ou o que quer que fosse. Sempre tinha sido assim. E apesar de já ter entrado nos quarenta, mantinha certa frescura e alguma energia. Contudo, tirando o sexo, que era formidável, nos últimos dois anos pareciam o cão e o gato. Ralhavam um com o outro, estavam sempre em desacordo, ainda um não tinha falado, já o outro estava a contrariá-lo, havia mesmo momentos em que se desprezavam. Sofriam ambos. Por se quererem e não saberem como. Por se amarem e se desprezarem. Como chegaram àquilo? A ver o que acontecia, deixou ficar a mão na perna dela. Ela virou-se para ele, segurou-lhe a mão, levou-a ao púbis, depois um pouco mais abaixo até terrenos visivelmente húmidos e disse-lhe, Está aqui o que queres. Vem buscar! E ele foi. Beijou-lhe os seios enquanto as suas mãos iam em busca do prometido, depois queimou-lhe o ventre com a língua e por fim bebeu-a até que ela perdesse a noção de onde estava e se esvaísse em gritos despudorados e excitantes como tantas vezes acontecia, Vem malandro, come-me toda, vem fazer-me tua, vem, quero vir-me na tua boca. Excitado e incitado, ele foi e cumpriu as ordens dela e quando a sentiu saciada, mudou o jogo súbito e sem aviso, Agora é a minha vez, acaricia-te, prepara-te para mim... ela preparou e aconteceu o que tinha de acontecer e adormeceram profundamente até que a luz ténue venceu completamente o manto negro e começaram a fazer pequenos gestos, viraram-se na cama, afastaram-se, ela levantou-se e foi para a casa-de-banho. Ele ficou um pouco mais e depois levantou-se também e seguiu-a e ao aproximar-se da casa-de-banho veio-lhe aquele aroma a rosas que ela sempre exalara e o deixava inebriado, mesmo quando sofria. Entrou e antes que pudesse dizer alguma coisa, ela atalhou:
- O que aconteceu esta noite foi um engano, ouviste?
- Não parecias enganada. Bem pelo contrário.
- Mas estava. De resto, já tivemos esta conversa montes de vezes. O sexo é ótimo, nós é que não nos entendemos.
- Bom dia!
- Bom dia! E vê se deixas a tampa da sanita em baixo.
- Foda-se, tu não páras. Não me dás um minuto de paz...
- Paz? Atreves-te a falar-me de paz? Eu dei-te a minha vida e tu transformaste-a num inferno...
- Como? diz-me ao menos como? O que foi que eu te fiz?
- Tudo. Basta que sejas tu!
- Não dá, sabes, não dá para suportar mais essa agressividade gratuita. Para mim acabou. Vou fazer uns telefonemas, vou pedir o dia e vou-me embora. Esta noite já cá não fico.
- Boa viagem! Já devias ter ido há mais tempo. Há vinte anos, sua besta!

Saiu de casa exasperado. Telefonou para o trabalho. Explicou que ia separar-se e precisava de um dia. Deram-lhe autorização para usar mais dias. Esses processos são complicados. Resolva as suas coisas e venha quando estiver concentrado. Vencido este obstáculo, telefonou a um amigo, Olha lá pá, tu emprestas-me o teu carro por hoje, é que como tens um mono-volume dava-me jeito para tirar a minha tralha lá de casa! Eh pá, eu empresto-te, mas isso é mesmo a sério? Não tem emenda? Vocês já falaram um com o outro? O problema, pá, foi termos falado um com o outro. É mesmo a sério.

Por fim, lembrou-se de certa oferta que lhe fizeram há um par de meses atrás e telefonou-lhe:
- 'Tou, Júlia...
- Sim, Miguel, já vi que és tu... que é feito de ti? Não te vejo há quase uma semana...
- Lembras-te da oferta que me fizeste há dois meses...
- Lembro... oh se lembro... fazer-te essa oferta foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, não teres aceitado foi um golpe duro...
- Sim, mas eu aceito agora se ainda estiver de pé...
- Assim? De repente? Miguel, havia uma condição...
- A minha mulher já não é um problema. Acabámos tudo hoje!
- Hoje? E isso é a sério ou logo à noite vais voltar para ela a correr? Não achas demasiado fresco para te mudares já cá para casa?
- Tenho as minhas coisas no carro do Artur. O gajo foi um porreiraço e emprestou-me o  mono-volume. E como não tenho mesmo para onde ir, e também já não tenho a minha mulher, que era a tua condição, pensei, Porque fazer duas mudanças se posso fazer só uma?
- Eh pá... isso é repentino... mas olha, a oferta está de pé, porque não?! Eu saio às 18, aparece às 18:30. Dás-me tempo de chegar a casa...
- Ok. Obrigadão.
- Não te preocupes, vais pagar com o corpinho!

Quando acabou de tirar as coisas de casa e entrou para o carro atafulhado reparou com saudade que o perfume de rosas bailava no ar. Ainda não eram 18, mas não tinha mesmo para onde ir. Estacionou em frente ao prédio de Júlia, do outro lado da rua, e esperou. Às 18 viu-a chegar abraçada a um tipo novo, alto, boa compleição física e um ar tão saudável quanto parvo. Junto à porta do prédio, ela esticou-se, pendurou-se no pescoço dele e beijou-o longamente e com avidez. Percebeu que trocaram algumas palavras e o tipo foi-se embora.

Deu à chave do carro, meteu a primeira e arrancou para a vida...
jpv

Praia


Praia

Quando chegaste,
Parti de mim.
Nunca vira
O mundo assim.
De meu corpo exilado,
Navegante de ti
Nesse mar encapelado
De emoções,
Nesse triângulo das Bermudas
Onde os gestos
Me saem sôfregos
E as palavras mudas.
Perco o meu Norte
E a minha ambição,
Entrego o meu sopro
Na tua mão
E regresso.
Já retomo a consciência.
Já tenho de mim a ciência
E de ti a dádiva.
Andei perdido
Até achar-me no teu corpo,
Até perder-me
Para me reencontrar.
És minha costa,
Minha espera.
A firme rocha
Onde se abate meu mar.
jpv

Conversas Vadias - Por causa do Sexo


Por causa do Sexo


- Tu amas-me?
- Não.
- Uf... que alívio... eu também não te amo...
- Sim, eu sei...
- Então, porque é que continuamos a fazer isto?
- Solidão, creio...
- Tens razão... por momentos achei que ias dizer que era por causa do sexo...
- Porque haveria de dizer isso? O sexo é péssimo...

jpv

O Clã do Comboio - O Casal que Fez Amor no Interregional das 7:18


O Casal que Fez Amor no Interregional das 7:18

Não estranhem o Título.
Eu próprio não queria acreditar, mas foi o que aconteceu.
No lugar onde costumo ir sentado, ao lado da senhora que lê, da menina que dorme e do homem que sai em Santarém, vê-se o fundo da carruagem onde os bancos estão dispostos lateralmente, ou seja, virados para o centro do comboio. O casal ia sentado nessa zona, lado a lado. Ele era um homem nos seus quarenta e muitos, grisalho, com muito boa figura. Vestia fato e gravata. Camisa azul-claro e gravata encarnada. Ela seria ligeiramente mais nova, tinha um sorriso bonito, em arco, a enfeitar-lhe a cara magra e o cabelo levara um corte a lembrar a Jacqueline Kennedy. Vestia um saia e casaco cinzento com uma ténue risca branca e um casaco comprido de fazenda grossa, castanho-escuro, por cima da roupa.

Estavam conversando. E a conversa começou a animar. Não que falassem alto, mas começaram a sorrir um para o outro cada vez com mais frequência. No caso dela, houve mesmo alturas em que o sorriso deu lugar a uns risinhos agudos. A pouco e pouco a sua familiaridade foi crescendo e trocaram alguns beijinhos na face e depois, por entre a animada conversa, alguns beijinhos nos lábios. Ora, tudo tem um começo e tudo tem um fim. Nesta caso, o começo foi muito claro. Exactamente quando trocavam um desses beijinhos pequeninos, ela complementou-o colocando a sua mão em concha na face dele e acariciou-o. E ele acariciou-a de volta com uma mão grande aberta ocupando-lhe a face toda. E o problema não foram as suas faces acolhidas pelas suas mãos. O problema é que esse toque e o calor dele prolongaram o beijo que era para ser pequenino e ficou longo e terno e dedicado e húmido de lábios e línguas. E ela puxou-lhe pela gravata e sentou-se no colo dele arqueada e empurrando-lhe a cabeça para trás até que batesse no vidro e dobrou-se sobre ele beijando-o. Ele ficou admirado mas não negou. E a saia dela subiu com o gesto de afastar as pernas para se sentar nas dele, mas pouco se viu disso porque o casaco comprido castanho-escuro caindo direito até ao chão tapava tudo.

Sei que continuaram beijando-se ofegantes e as mãos dele navegaram para baixo do casaco dela e libertaram o que tinham de libertar e juntamente com os beijos começou um inequívoco balancear ritmado. Por esta altura, havia um burburinho no comboio de pessoas que reprovavam baixinho o que não tinham coragem para dizer alto e outras que não reprovavam, É lá com eles, mas o certo é que ninguém ficou indiferente. Ou melhor, quase ninguém. Eles iam de frente para a mulher vampiro que abriu os olhos, encolheu nos ombros e voltou a fechá-los. O ceguinho tirou os óculos escuros e nesse dia não dormiu. A maioria das pessoas, quer aprovasse, quer reprovasse, não tirava os olhos do casal que fazia amor no interregional das 7:18.

E o ritmo deles cresceu e cresceu também a ofegância e pareceu-me mesmo que estavam a chegar a um ponto de não regresso, onde seria impossível parar a jactância do amor a bordo quando aconteceu o inesperado.
O revisor aproximou-se de mim, tocou-me no ombro e disse:
- Desculpe lá, bilhete...
Saquei do passe, mostrei-lho e respondi:
- Desculpe, ia a...
- Não há problema. A esta hora muita gente vai. Mas você ia bem ferrado.
- Pois ia. Sabe, ando cansado.
Guardei o passe, tentei adormecer e recuperar a acção no momento onde a deixara, mas não consegui. Há coisas que só nos acontecem uma vez na vida!

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