Mostrar mensagens com a etiqueta museus. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta museus. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, setembro 30, 2022

OS VISITANTES DIFÍCEIS...

A vida dos funcionários de vigilância dos museus é tudo menos fácil, e eis que me proponho a divulgar duas conversas bem elucidativas.

Entram dois casais com um ar distinto, usando aquele palavreado típico que irrita um santo, e depois de debitarem uma série de banalidades, eis que uma das senhoras se dirige a uma peça de porcelana, que até estava em zona de protecção das baias daquela sala, e pega nela virando-a ao contrário. A vigilante da sala dirige-se à senhora:

- Desculpe minha senhora, mas nas peças expostas não se pode tocar.
A resposta da senhora, olhando por cima dos óculos, veio de imediato.

- Eu sei, estava apenas a ver se tinha alguma marca de fábrica.

Outra que por acaso presenciei, foi a do senhor que atravessou o perímetro das baias de protecção de um coche e se preparava para subir para o seu interior, com o filho ao colo, no que foi impedido pelo funcionário, que se lhe dirigiu dizendo:

- O senhor não pode estar nessa zona, nem tão pouco tocar na viatura.

O senhor irritadíssimo, retorquiu:

- Não posso porquê? Onde é que isso está escrito? Isto também é meu, e quem é você para me proibir, e o que é que vai fazer?

Nem toda a gente tem estes comportamentos, mas mesmo assim estas situações são comuns nos nossos museus, infelizmente.
 
Republicação do post do Zé Povinho de 30 de Novembro de 2016


 

sábado, maio 29, 2021

AS GRANDES PRAGAS E OS MUSEUS

Uma das coisas que me deixaram surpreso foi não ter visto qualquer exposição sobre as grandes pragas que se registaram na História, nos nossos museus, monumentos e palácios. São conhecidos diversos episódios por toda a Europa, e também alguns em Portugal, envolvendo as populações em geral, e até as próprias monarquias.
 
Existe material suficiente para se explorar o tema, agora que atravessamos uma pandemia, mas parece que o tema não atraiu os responsáveis dos equipamentos culturais.
 
Alguns links interessantes AQUI , AQUI e AQUI


 Pieter Bruegel the Elder, Triumph of Death (detail), c. 1562, Museo del Prado, Madrid

segunda-feira, setembro 21, 2020

MUSEUS E A FALTA DE TRABALHADORES

O problema da falta de pessoal nos museus, monumentos e palácios dependentes do Ministério da Cultura é crónica há pelo menos duas décadas.

A degradação dos serviços é notória, o fecho de salas e o afrouxamento da vigilância são realidades que o público mais atento já constatou.

Já há bastantes anos os museus deixaram de ter pessoal operário para as limpezas, recorrendo-se a empresas externas, e como se sabe os concursos são ganhos por quem oferecer preços mais baixos, o que se reflecte naturalmente na qualidade de serviço. Na vigilância os concursos têm sido muito poucos, e o recurso à mobilidade também se revelou um falhanço pois apenas serviu de ponte para a ida para outros serviços com horários melhores e outras possibilidades de progressão.

A escassez de pessoal é problemática, mas os problemas não se esgotam por aí. O nível etário é altíssimo, com todos os inconvenientes daí decorrentes. A formação profissional é uma miragem e em muitos serviços nem sequer é dada a conhecer aos vigilantes.

Podia falar da escassez de verbas e de autonomia, que serve a muitos dirigentes para disfarçar a mediocridade do seu desempenho, tanto na organização do trabalho como na investigação e divulgação do espólio dos serviços. As excepções são conhecidas, quer pelas reivindicações apresentadas, muitas públicas, quer pela actividade que os visitantes podem aferir nas suas visitas.

Esta degradação dos serviços é da responsabilidade da tutela, e não se resolve só com novas admissões (que são indispensáveis), mas também com a valorização da categoria dos assistentes técnicos com funções de vigilância, muito justa pela disponibilidade para trabalho em horários que compreendem sábados, domingos e feriados.


 

quinta-feira, junho 25, 2020

MUSEUS E FALTA DE PESSOAL


A falta de pessoal de vigilância dos museus, monumentos e palácios vem de longe, originou diversas greves e parece que ninguém prestou atenção ao problema. O nível etário dos que ainda trabalham nessas funções em equipamentos do nosso Património foi aumentando e agora estamos perante dois factos absolutamente naturais, que são a aposentação de muitos e as baixas de outros.

Há tempos houve que me viesse desmentir falando da abertura de alguns concursos, mas quando se perguntou quantos desses admitidos ainda estavam em funções, ninguém veio apresentar os números. É reconhecidamente difícil fixar alguém nessas funções, quer pelos baixos salários praticados, quer pelos horários exigentes sem nenhuma contrapartida de qualquer tipo.

É simplesmente discriminatório que hajam Assistentes Técnicos que não têm oficialmente dias de descanso semanal fixo, o que os prejudica até na atribuição de férias, e sem qualquer pagamento extra por trabalho aos sábados e domingos, enquanto outros funcionários com a mesmíssima categoria têm sábados e domingos como dias fixos de descanso semanal e auferem como trabalho extraordinário o praticado nesses mesmos dias. O que acontece é que quem entra para funções de vigilância depressa muda de serviço para outras funções com melhores horários e possibilidade de progressão nas carreiras, que nos museus não existem.

A falta de pessoal nestas funções é da exclusiva responsabilidade dos directores, da DGPC e do Ministério da Cultura, que deixaram a situação chegar a este extremo, mesmo num monumento como o abaixo retratado que foi recentemente classificado pela UNESCO.

Tenham vergonha!  


quarta-feira, junho 10, 2020

MUSEUS - A REABERTURA

Os museus, monumentos e palácios vão abrindo um pouco por toda a Europa, por enquanto quase que apenas com os visitantes nacionais, e lá mais para a frente os turistas acabarão por chegar, se a epidemia  de Covid 19 não voltar a colocar em causa a segurança de todos.

Alguns serviços abriram um pouco à pressa, obedecendo à vontade política, outros acabaram por abrir mais recentemente, com todas as condições e com os cuidados todos, depois dum diálogo necessário e precioso entre as direcções, os trabalhadores e as entidades oficiais.

O público é escasso, como era de esperar, mas certas características que já temos vindo a registar, como a das selfies, que faz com que alguns estejam mais vezes de costas para as peças do que de frente para as apreciar, permanecem...

Imagem do El País






terça-feira, outubro 22, 2019

MUSEUS E FALTA DE PESSOAL


Já muito se falou sobre a falta de pessoal nos museus, palácios, e monumentos, contudo o problema não só não foi resolvido como ainda se tem agravado com o passar do tempo.

Existem sectores cuja falta de pessoal afecta não só o funcionamento normal, como impede a fruição por parte dos visitantes de certos espaços e colecções, bem como acaba por colocar em risco o próprio património.

Não se podem ter abertos museus, palácios e monumentos sem o necessário pessoal de vigilância, isso e uma evidencia, mas pelos vistos isso não é entendido nem pelo Ministério da Cultura nem pelo das Finanças, que bem podiam resolver a situação.

Outra lacuna enorme verifica-se na área de conservação e restauro, pois já quase não temos artífices que dentro dos serviços possam proceder as necessárias operações de manutenção e restauro das peças, estando tudo dependente da contratação externa, o que é sempre muito difícil e acontece sempre fora de tempo, normalmente quando as pecas já estão em muito mau estado.

Outros grandes óbices para a contratação de profissionais para estas duas áreas são os salários miseráveis que são oferecidos, na casa dos seiscentos e tal euros, os horários especialmente na área da vigilância, as condições de trabalho, e as carreiras sem qualquer tipo de possibilidade de progressão.

O dinheiro é sempre o argumento para explicar estas carências, mas penso que o problema é mais de natureza politica e de falta de sensibilidade para as questões do Património.



quinta-feira, novembro 15, 2018

MUSEUS E VIGILANTES

Falando de recursos humanos, um dos maiores problemas dos museus, palácios e monumentos dependentes da DGPC é sem dúvida a falta de pessoal de vigilância, que afinal são os profissionais que asseguram a abertura dos serviços.

Nos últimos dias foi notícia a entrada em funcionamento de máquinas automáticas de venda de ingressos, que entraram precisamente hoje em funcionamento, para o Mosteiro dos Jerónimos e para o Museu de Arqueologia e que se vão estender a outros monumentos muito em breve.

Entre outras vantagens citadas pelos responsáveis estará a redução de filas de espera, o que está por comprovar, e também uma melhor gestão dos recursos humanos, ao libertar funcionários das bilheteiras para outras funções.

No que diz respeito a uma melhor gestão dos recursos humanos libertar um ou dois trabalhadores para outras funções pode parecer um avanço, mas há quem o considere apenas um pequeno remendo, pois muito mais se podia fazer.

Numa pequena pesquisa feita há poucos meses, e com o auxílio dos mapas de pessoal da DGPC, e perguntando discretamente quantos vigilantes tinham alguns serviços, chegou-se à conclusão que cerca de 25% dos Assistentes Técnicos e Assistentes Operacionais admitidos para funções de vigilância, estão a desempenhar outras funções, tão diversas como a de telefonista, secretárias de direcção, serviços educativos, e outras, com o consentimento dos directores.

Com as dificuldades conhecidas para a admissão e fixação de profissionais nas funções de vigilância, não sei se a gestão de recursos humanos é a mais correcta, pois todos os trabalhadores que são desviados das suas funções de vigilância para outras, fazem imensa falta e beneficiam de um horário muito mais favorável, com o descanso aos sábados, domingos e feriados, auferindo salários absolutamente iguais aos que auferem os que trabalham nesses dias, e que são sobrecarregados pela diminuição de efectivos na função de vigilância.


Será que a senhora directora-geral da DGPC sabe disto? E a senhora ministra da Cultura?


segunda-feira, outubro 15, 2018

VIGILANTE DE MUSEUS, PROFISSÃO SIMPLESMENTE IGNORADA


Estava a ler um artigo num jornal online sobre “as profissões que provocam mais divórcios” e fiquei admirado por não encontrar entre os 21 exemplos, os vigilantes de museus.

Talvez consiga perceber isso pelo facto de não existir, de facto, uma profissão de vigilante de museus, porque nestes dias estão integrados numa carreira geral da função pública, com a categoria de assistentes técnicos, ainda que com direitos diminuídos, nomeadamente nos horários, regulados por um simples despacho que pretende sobrepor-se à legislação sobre horários da função pública para as carreiras comuns.

As explicações para as profissões referidas pelo jornal como causadoras de divórcios, são coerentes, e entre elas estão precisamente os baixos salários, a dificuldade em lidar com clientes/utentes que é difícil (muito mais quando a oferta é deficiente), e pelo trabalho ao fim-de-semana, no caso dos vigilantes de museu, sem qualquer remuneração diferenciada, ao contrário do que acontece com todos os outros assistentes técnicos, que em caso de trabalho nesses dias têm direito a remuneração diferenciada.

Vamos ver se com uma nova ministra da Cultura alguma coisa muda, e se deixam de discriminar estes trabalhadores que apenas parecem servir como saco de pancada, e bodes expiatórios de quase tudo o que corre mal nos museus.