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sábado, dezembro 18, 2021

BEATI PAUPERES SPIRITU…

Apesar da maioria dos portugueses ter aderido à vacinação e estar a respeitar a regras do uso da máscara onde é recomendado, da higienização das mãos e do distanciamento social, há ainda quem não queira aceitar a evidência dos números e da ciência.

Nós vivemos em sociedade, não somos ilhas, e os nossos comportamentos têm influência naqueles que nos rodeiam, e é por isso que existem regras de convivência, que existem as leis, exactamente para evitar que os nossos comportamentos (indevidos)  possam prejudicar aqueles que estão ao nosso redor.

Não existe Liberdade quando não há responsabilidade, e há quem não o queira perceber.  


 

domingo, março 21, 2021

OS NOSSO ALIADOS INGLESES

O mais antigo tratado de aliança diplomática do mundo, o Tratado de Windsor entre Portugal e a Inglaterra continua a ter significado para a política portuguesa, mas não tem a mesma reciprocidade por parte do governo inglês, e isso tem-se manifestado claramente nos últimos tempos, apesar da impassibilidade das autoridades nacionais.

Nós estamos inseridos na União Europeia, para o bem e para o mal, e3 a Inglaterra por vontade própria acabou por sair da mesma ao aprovar o Brexit.

No caso da escassez de vacinas na UE, a Inglaterra tem bloqueado o envio de vacinas para a Europa para satisfazer as suas necessidades de vacinação, estando por isso muito mais avançada relativamente à União Europeia. De Inglaterra não sai uma única vacina para a Europa.

A Europa que financiou a AstraZeneca e firmou encomendas da vacina contra a COVID-19 em quantidade muito apreciáveis, além de não receber a totalidade do que tinha sido estabelecido, ainda está a exportar vacinas da AstraZeneca fabricadas em território europeu, pelo que exigiu que a farmacêutica cumprisse as encomendas combinadas, ou então ver-se-ia obrigada a proibir a exportação das vacinas produzidas no espaço europeu.

É curiosa a resposta inglesa, que diz que seria “contraprodutivo” bloquear a exportação da vacina da AstraZeneca, mas nada diz sobre a sua própria proibição de exportação da vacina, o que diz muito sobre o cinismo com que encara a situação.

O proteccionismo britânico que devíamos conhecer bem desde o ultimato inglês (1890), não é só notório quanto à vacinação, mas também quanto à economia, já para não falar nas premissas do Brexit, e veja-se agora que o ministro da defesa pede aos britânicos que não marquem férias e aguardem recomendações por parte do governo, acrescentando “não podemos pôr em perigo os ganhos da nossa campanha de vacinação” referindo-se à possibilidade de os turistas regressados a casa virem infectados com mais perigosas e mais transmissíveis do vírus. “Se fôssemos imprudentes e importássemos novas variantes que comportam riscos, como reagiriam as pessoas”.

O cinismo britânico é conhecido, como conhecido é o lambebotismo tuga, mas custa ouvir responsáveis dum país que exportou uma variante altamente contagiante para a Europa, vir agora ter um discurso destes, e custa ainda muito mais ouvir o discurso dos nossos governantes que estão sempre de pernas abertas para com uns parceiros que são tudo menos confiáveis. Reciprocidade é algo que a diplomacia devia saber fazer respeitar, se queremos ser também respeitados.

 



 

quarta-feira, maio 01, 2019

O PODER DOS MERCEEIROS E O COMODISMO TUGA


Festeja-se hoje o 1º de Maio, Dia do Trabalhador, e há que constatar que muitos que gozam este dia de feriado, a que obviamente têm direito, não reconhecem o mesmo direito a outros trabalhadores que são coagidos a trabalhar, muitas vezes sob a ameaça de despedimento, que é facilitado pela precariedade do vínculo que os liga à empresa.

Em Portugal temos duas justiças, a dos grandes e a dos pequenos, e isso ficou patente na abertura dum supermercado em Armação de Pera, que apesar do estipulado pela autarquia, decidiu abrir as portas contrariando o estipulado. A chamada da GNR apenas levou ao registo da ocorrência, mas o desrespeito pelas normas continuou.

Talvez dê para perceber aos mais distraídos a grande quantidade de trabalhadores precários, especialmente em situações de conflito laboral, que são facilmente manipuláveis, sob pena de perderem o posto de trabalho se tiverem o atrevimento de se confrontar com a entidade patronal, mesmo que apoiados pela lei e pela razão.

O que me deixa mais triste ainda é o egoísmo de muitos de nós, que aproveitam para gozar dos seus direitos, mas colaboram alegremente com quem os quer diminuir, sem sequer pensarem que estão a prejudicar outros a quem os direitos estão a ser negados.



terça-feira, abril 23, 2019

POR QUE SOMOS TÃO COMODISTAS?


A nossa sociedade e o nosso modo de vida tende a tornar-nos cada vez mais comodistas e egoístas, cada vez mais virados para nós próprios, perdendo-se assim muito a perspectiva do que são os interesses e necessidades dos outros.

Por estes dias foi anunciada a intenção de fazer greve por parte dos trabalhadores dos super e hipermercados, e foi triste constatar nas caixas de comentários dessas notícias a incompreensão de tanta gente, que não trabalhando aos domingos e feriados, não reconhece o mesmo direito aos que trabalham naqueles locais. O interesse próprio está acima da razão na maioria dos comentários.

Sei bem o que é trabalhar quando quase todos se divertem, descansam ou passeiam, há pelo menos 35 anos, e sei bem como a vida familiar se ressente deste facto. Existem serviços essenciais, e aí compreende-se que tenham horários especiais, mas convenhamos que os supermercados não são serviços essenciais, até porque têm em geral horários alargados e estão abertos aos sábados, o que dá oportunidade a todos de se abastecerem.

Foi também muito cínico o argumento de alguns leitores, que usaram o que foi dito pelos “grandes merceeiros”, o argumento do emprego. A memória nos nossos dias é bastante curta, mas na equação do emprego/hipermercados e mercearias, podiam fazer melhor as contas e veriam que os hipermercados vieram acabar com milhares de mercearias e outros estabelecimentos afins, que pura e simplesmente fecharam.

Em conclusão, são muitos os que acham que somos muito avançados e modernos, e que a Suécia (por exemplo) é um país antiquado e retrógrado, se calhar com uma qualidade de vida pior do que a nossa.    


domingo, maio 17, 2015

A EUROPA E OS URSOS

Pelos vistos Timo Soini, líder d’Os Verdadeiros Finlandeses, porque deve haver alguns falsos finlandeses, poderá ser o próximo ministro das Finanças finlandês. O que interessa tudo isto aos portugueses, dir-me-ão vocês, e eu acrescentarei que este senhor foi protagonista de duras posições contra a participação da Finlândia no programa de assistência a Portugal.

O dito Timo, também conhecido como o “urso da Finlândia”, quer agora expulsar a Grécia do euro, usando a crise do seu país como pretexto, e quer ainda endurecer as políticas anti-imigração do país, continuando a ser um duro crítico da benevolência da Europa para com os países do sul, Portugal incluído.


Com este e outros ursos que aparecem por toda a Europa, como há quem ainda nos queira vender uma União solidária? 


terça-feira, fevereiro 17, 2015

DEITAR GASOLINA NA FOGUEIRA

A linha dura da Europa mais abastada, liderada pela senhora Merkel, continua a esticar a corda relativamente à Grécia, insistindo sobretudo na extensão do actual programa e das suas políticas, apesar do insucesso de tais medidas.

Não sei qual vai ser o resultado deste braço-de-ferro, o que sei é que a saída forçada da Grécia do euro, será o pontapé de saída para o desmoronar desta Europa onde imperam os egoísmos dos mais fortes.

Depois da saída da Grécia, Portugal fica na 1ª posição para ser o país que se segue, porque a dívida não tem como ser paga, e os mercados ficarão com a certeza de que a ajuda dos credores nunca acontecerá, bem à semelhança do que se passar agora com a Grécia.


A nível internacional a Europa vai perdendo a Grécia, a Turquia, e também a Ucrânia, e não poderá queixar-se dos outros, mas sim das suas próprias políticas e do seu egoísmo.


domingo, junho 01, 2014

INDIFERENÇA

Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas eu não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Nas como tenho o meu emprego
Também não me importei

Agora estão a levar-me a mim
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


Bertolt Brecht


sexta-feira, agosto 06, 2010

FILANTROPIA

A notícia que vos trago veio dos Estados Unidos, onde alguns multimilionários prometeram doar parte das suas fortunas para a caridade.

Os impulsionadores deste compromisso foram Warren Buffett e Bill Gates, que conseguiram convencer outros multimilionários americanos. A filantropia destes dois investidores é conhecida pelas generosas doações do primeiro e da Fundação do segundo que desde 1994 está em campo.

Esta notícia da filantropia destes americanos, contrasta com a reacção dos políticos portugueses, especialmente dos que estão no governo, quando um membro do clero católico sugeriu que eles bem podiam ajudar com os seus salários, os pobres deste país.

Reconheço que há diferenças evidentes entre os proveitos dos multimilionários americanos e os políticos nacionais, mas uns são solidários os outros assobiam para o ar e dão à sola antes que alguém os envergonhe.

Quem conhece o voluntariado e a pobreza que grassa por todo o lado, sabe bem que os mais solidários são aqueles que estão um pouco acima do patamar da pobreza, e não os mais abastados, muito menos os políticos. Quem quiser aferir o que digo, faça um esforço e acompanhe uma das muitas entidades que praticam o voluntariado, e ajudam os sem abrigo e os mais desfavorecidos.



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Fotos Escolhidas
By José Miguel Rodríguez

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Humor com 2 Cavalos
Claud Serre

Claud Serre
998

sexta-feira, julho 23, 2010

AVANÇO CIVILIZACIONAL

Dei sempre bastante importância a uma norma que me ensinaram quando ainda era muito novinho, que consiste em “não desejar para os outros aquilo que não quero para mim”. Esta é talvez a razão porque não convivo bem com pessoas egoístas ou com gente que apenas olha para o seu próprio umbigo.

A notícia de que os hipermercados vão estar abertos aos domingos até à meia-noite, não me agradou nada, e muito menos me agradaram os comentários que fui lendo a essas notícias. Para ser muito sincero quase que apenas faltou dizer-se que era mais um avanço civilizacional, expressão que está na moda.

Dizem-me que vão ser criados mais de 2000 empregos, mas não se diz que tipo de empregos (precários digo eu), nem quantos é que se vão perder com mais esta machadada ao comércio tradicional. Também ouvi que facilita a vida aos consumidores, mas ninguém se preocupa em saber se a vida dos trabalhadores dos hipermercados fica mais dificultada, nem se questionam se o senhor Belmiro vai abrir creches ou ATL para os filhos dos seus empregados que trabalham aos fins-de-semana.

Um senhor secretário de Estado exaltou os empregos a criar, e um ministro admitiu que “alguns” destes postos de trabalho poderão ser precários, mas insistem em racionalidade económica e em concorrência sã. O pequeno comércio não pode competir com estas grandes superfícies, pelo menos no tempo de abertura, exactamente porque isso não teria qualquer racionalidade económica devido à diferença de escala. Quanto à concorrência nesta matéria, isso só pode existir entre empresas com o mesmo tipo de negócio, independentemente da abertura ou fecho aos domingos.

Lamento ouvir muitos cidadãos dizerem que são a favor desta medida, quando temos centros de saúde fechados aos sábados, domingos e feriados, que são muito mais necessários. Alguns dizem mesmo que só podem ir às compras ao domingo, o que é absurdo, atendendo ao horário já praticado por estas superfícies.

Só queria deixar aqui uma pergunta venenosa: Porque é que não se acabam com os fechos dos serviços todos aos sábados e domingos, e não se começam a folgar por turnos, permitindo-se assim que eu possa pagar impostos ao domingo, ir ao banco ao sábado à tarde, fazer um exame médico de rotina ou até ir ao mecânico ao fim-de-semana? Já agora também posso deixar os meus netos no infantário, e o meu filho na faculdade para gozar o meu domingo à vontade com a minha companheira? Acham bem que todos exerçam o seu direito a ser egoístas?



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Foto - O Gato gosta de água
By Ryszard Tychawski

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Humor da Idade da Pedra