segunda-feira, 31 de outubro de 2005
Ruas: o início do declínio
Reconhecemos aqui o papel exemplar desempenhado pela CDU de Viseu na última campanha eleitoral. Manifestámos agrado com a possibilidade de a CDU se reforçar, dada a honestidade das suas propostas, da sua campanha e dos seus candidatos. Mas o feudalismo profundo - vulgo, caciquismo - que caracteriza ainda muitos aspectos das relações sociais na região de Viseu impediu que, nos resultados de 9 de Outubro, a população tivesse revelado mais coragem. Impediu que tivesse revelado de forma corajosa (sob a forma do voto ) o apoio aos que a defendem em permanência. Anos e anos de cuidadosa educação anti-comunista impediram-na de arriscar confiar o seu voto aos que reconhece como seus defensores incondicionais. Algum egoísmo culturalmente enraizado, também: afinal, se os candidatos da CDU lutam pela população mesmo sem eleitos, para quê votar neles? A CDU, que fez uma campanha dinâmica, envolvendo mesmo nos seus debates gente de outros quadrantes, chamando a atenção para questões fulcrais (matadouro, caminho-de-ferro, universidade pública e outros) e lembrando que esteve de facto, nessas lutas, não conseguiu sequer uma justa representação na Assembleia Municipal - facto que se verifica apenas nesta capital de distrito. Mas subiu e reforçou-se. Por outro lado, foi notório que a gestão Fernando Ruas levou um abalo: o PPD/PSD perdeu cinco pontos percentuais e um vereador. A rotunda, o repuxo e a relva já não ofuscam tantos olhos como outrora. Tapar as carências fundamentais do concelho com o barulho das luzes é um método em desgaste. A receita está-se a esgotar. Ruas que se cuide, que comece a pensar na população e se liberte dos interesses mais ou menos obscuros que realmente tem servido. Caso contrário, o merecido declínio que iniciou no dia 9 será irreversível.
domingo, 2 de outubro de 2005
Viseu como património mundial
Na passada sexta-feira, dia 30, na Associação Comercial de Viseu, realizou-se um debate subordinado à temática de uma possível candidatura de Viseu ao título de "património da humanidade". Como oradores estiveram presentes Alberto Correia, ex-director do Museu Grão-Vasco, Abílio Fernandes, deputado e ex-presidente da câmara de Évora pela CDU e o candidato da CDU à câmara de Viseu, Manuel Rodrigues. Alberto Correia fez duas intervenções, nas quais, com o conhecimento profundo do património viseense que lhe é reconhecido, estabeleceu paralelismos entre Viseu e Évora e expôs razões para a candidatura de Viseu àquele título. Abílio Fernandes realçou o facto de o património cultural não poder ser defendido e promovido sem que os problemas básicos da população - água, saneamento, habitação e outros - estejam resolvidos. Em Évora esses problemas foram resolvidos entre 1976 e 1986, ano em que o centro histórico de Évora foi classificado como "património da humanidade". O ex-edil eborense relatou ainda a forma como a população foi democraticamente envolvida em todo o processo, e realçou as várias vantagens da designação conseguida, incluindo as vantagens ao nível da realização humana da população.
Manuel Rodrigues propôs a candidatura de Viseu à classificação como "património da humanidade" enquanto bandeira a ser agitada por toda a sociedade viseense, com o envolvimento de toda a população e de todas as forças políticas. Realçou, no entanto, o facto de só um reforço eleitoral da CDU poder garantir, através da sua representação nos órgãos autárquicos, que a bandeira será agitada no âmbito da actividade desses mesmos órgãos autárquicos. Realçou também a necessidade de resolver, em Viseu, os problemas básicos que Évora tem resolvidos desde 1986.
Este foi um momento raro de reflexão em torno de um projecto coerente de futuro para Viseu. Pena é que, como referiu Alberto Correia - homem insuspeito de proximidade política com a CDU - pessoas com resposabilidades na cidade não tenham estado presentes para assistir e colher ensinamentos deste debate.
Manuel Rodrigues propôs a candidatura de Viseu à classificação como "património da humanidade" enquanto bandeira a ser agitada por toda a sociedade viseense, com o envolvimento de toda a população e de todas as forças políticas. Realçou, no entanto, o facto de só um reforço eleitoral da CDU poder garantir, através da sua representação nos órgãos autárquicos, que a bandeira será agitada no âmbito da actividade desses mesmos órgãos autárquicos. Realçou também a necessidade de resolver, em Viseu, os problemas básicos que Évora tem resolvidos desde 1986.
Este foi um momento raro de reflexão em torno de um projecto coerente de futuro para Viseu. Pena é que, como referiu Alberto Correia - homem insuspeito de proximidade política com a CDU - pessoas com resposabilidades na cidade não tenham estado presentes para assistir e colher ensinamentos deste debate.
CDU traz a questão ferroviária de volta ao debate
A questão da ferrovia voltou ao debate pré-eleitoral. Com efeito, no programa eleitoral da CDU, que tem sido distribuído pela cidade, uma das propostas apresentadas é a ligação ferroviária à linha da Beira Alta. Esta é, não o esqueçamos, uma proposta viável em termos técnicos e financeiros. Além disso, reporá a situação absurda e injusta em que Viseu ficou depois do encerramento das linhas do Vouga e Dão, em 1989/90, e que lhe valeu o título de "maior cidade europeia sem caminho-de-ferro". A proposta da CDU é a mais viável e lógica numa primeira fase - embora se possa ir mais longe em termos de rede ferroviária. Demonstra a coragem de chamar a atenção para uma realidade insustentável em termos de acessibilidades e de apontar uma solução que não é assim tão complexa. Resta-nos esperar que a CDU possa ter as condições para, enquanto poder ou enquanto oposição, levar a proposta por diante.
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