Papers by Sebastião Milani
Resumo: No livro Marxismo e filosofia da linguagem (2006, [1929], p. 33), Valentin Nikolaevich Vo... more Resumo: No livro Marxismo e filosofia da linguagem (2006, [1929], p. 33), Valentin Nikolaevich Volochínov (1895-1936) argumenta que, para que um sistema de signos possa se constituir, é preciso que dois indivíduos estejam socialmente organizados. Esse texto está organizado em boa parte dos capítulos, por meio de uma comparação entre a corrente que ele chamou de subjetivismo idealista, cujo grande pensador é Wilhelm von Humboldt (1767-1835), e outra corrente de pensadores que ele chamou de objetivismo abstrato, que tem em Ferdinand de Saussure um pensador proeminente. O fato é que essa divisão Volochínov inventou. Ele a retirou da comparação de obras entre si contemporâneas. Ambas teriam se iniciado no século XVII e XVIII e se desenvolvido no século XIX. No Marxismo e filosofia da linguagem, a proximidade dos conceitos com os conceitos de Wilhelm von Humboldt é facilmente perceptível. Volochínov demonstra uma enorme admiração pela obra de Humboldt, mas sua perspectiva sobre a corrente linguístico-filosófica que ele chamou de subjetivismo idealista, da qual Humboldt é o grande pensador, é de muita discordância. De fato, ele quando citou Humboldt sempre o fez para concordar e frequentemente faz críticas às sintetizações que os seguidores de Humboldt fizeram. É inevitável ter uma leitura desacreditada do texto Marxismo e filosofia da linguagem. O ponto de vista é sempre de discordância em relação às propostas dos pensadores anteriores a ela, entretanto, ela não existiria sem a leitura dessas obras anteriores. Qualquer um que tenha lido profundamente essas obras anteriores, perceberá simplificações e apagamentos que Volochínov fez nos conceitos e também que suas propostas são paráfrases das leituras que ele fizera, sobretudo, de Wilhelm von Humboldt e Ferdinand de Saussure (1857-1913).
Resumo: O tema deste artigo são as sensações e sua relação com o pensamento e o conhecimento na o... more Resumo: O tema deste artigo são as sensações e sua relação com o pensamento e o conhecimento na obra de Condillac, numa síntese historiográfico-linguística. Ele discorreu sobre as origens do Inatismo. De acordo com Condillac, afastando-se das ideias inatas, a ciência só pode se estabelecer a partir da racionalidade, que requer entender e aplicar como o pensamento funciona, ou seja, sempre em uma estrutura. Para isso são necessários princípios que se organizam piramidalmente num sistema: dos fatos gerais até os fatos constatados. Condillac separou sensações e sentidos: os sentidos seriam a causa. Ele está obviamente falando dos órgãos do corpo humano. As sensações são os estímulos psíquicos que os sentidos captam da natureza e das coisas. Para ele, não existe outro modo de se adquirir conhecimento, o ser humano aprende tudo o que sabe ou poderia saber através das sensações que os sentidos transmitem ao pensamento. Não há conhecimento que não proceda do exterior para o interior do ser humano, logo é pelas experiências sociais que se adquire toda a informação. Abstract: The theme of this paper is the sensations and its relationship with thought and knowledge in the work of Condillac, a linguistic historiographical synthesis. He talked about the origins of innateness. According to Condillac, moving away from the innate ideas, science could established itself from rationality, which requires understanding and applying how thought works, i.e., always in a structure. This requires principles that are organized in a pyramid system: the general facts to the observed facts. Condillac separated feelings and senses: the senses would be the cause. He is obviously speaking of the human body organs. Sensations are psychic stimuli that capture the senses of nature and things. For him, there is no other way of acquiring knowledge, humans learn everything they know or could know through the sensations that the senses convey the thought. There is no knowledge that does not proceed from the outside to the inside of the human being; so it is the social experiences that get all the information.
RESUMO Apresenta-se neste artigo uma análise da unidade lexical cerrado, item que compõe o grupo ... more RESUMO Apresenta-se neste artigo uma análise da unidade lexical cerrado, item que compõe o grupo semântico-lexical aspectos geográficos do Alingo – Atlas Linguístico de Goiás (MILANI et al, 2015) –, com foco na diatopia do nordeste goiano. Isso significa que essa unidade lexical é analisada no contexto dos dados gerados nos pontos que constituem a região nordeste do estado de Goiás. Esse enfoque diatópico, embora seja importante para que se tenha uma noção da frequência de uso pelos falantes, tem um valor mais reduzido aos propósitos deste estudo, que se ocupa da análise da mudança semântica semasiológica de cerrado¹ (fechado, vedado) para cerrado² (vegetação típica de Goiás). Palavras-chave: cerrado, léxico, mudança semântica. Introdução Enfoca-se neste artigo no processo de significação da unidade lexical cerrado, analisando-a mediante seus significados metalexicográficos (dicionarizados) e conforme o sentido expresso nas intenções significativas dos utentes na sincronia atual (dados do ALINGO). Como será evidenciado neste estudo, os processos de constituição semântica das unidades lexicais e subsequentes mudanças de sentidos mais produtivos são de ordem metafórica e metonímica. Deve-se, além disso, ter claro que tanto a criação de um item lexical qualquer quanto a sua mudança de sentido envolvem objetivos pragmáticos, como a necessidade de os utentes expressarem um novo significado relacionado a um determinado significante. Recorre-se assim à teoria semântica em sua
Na coleta de dados para o ALINGO – Atlas Linguística de Goiás, apareceram muitas formas para o lé... more Na coleta de dados para o ALINGO – Atlas Linguística de Goiás, apareceram muitas formas para o léxico orvalho. Pressupondo-se uma forma inicial para esse léxico na língua portuguesa, todas essas formas seriam modificações fonológicas dela. Os fenômenos em questão seguem padrões regulares no estado de Goiás e, acredita-se, não será diferente das transformações metaplasmáticas que ocorrem em outras partes onde se fala língua portuguesa no Brasil.
Consoante ao que foi escrito no item anterior, as marcas de masculino desaparecem com grande faci... more Consoante ao que foi escrito no item anterior, as marcas de masculino desaparecem com grande facilidade na evolução das formas lexicais dos nomes no português brasileiro. Observa-se que se está discutindo uma fala pertencente a uma ampla variante brasileira chamada caipira. Essas classificações são sempre muito difíceis de serem feitas, porém constitui uma tarefa relativamente simples reconhecer os traços que distinguem, sobretudo, foneticamente, as variantes chamadas caipira, nordestinas, nortistas, sulinas, carioca, paulistana, mineira etc. É claro que existem misturas de traços fonológicos entre elas, daí a dificuldade de estabelecer com clareza como elas são e qual seu espaço diatópico. Além disso, essas variantes ocupam espaços diatópicos enormes e assim apresentam reconhecidas diferenças fonéticas e lexicais entre seus falantes; é o caso da variante caipira, a qual já foi subdividida diversas vezes, sendo que Goiás quase sempre é chamada de sertaneja. O masculino na forma do diminutivo depende de algumas transformações anteriores para que seja suprimido da forma falada. Isso é possível por força da constituição linguística do sistema da língua portuguesa que permite que o masculino, como gênero nos nomes, não seja totalmente marcado. O feminino é mais marcado que o masculino, em algumas formas se reconhece o masculino pela forma marcada do feminino. Entretanto, existem muitos nomes masculinos e femininos em português construídos com a terminação fonética [ɪ], nesses nomes não se distingue o gênero pela marca vocálica da última sílaba, mas por gramemas dependentes ou por determinantes adjetivos. No geral os teóricos apontam como marcas de feminino [ɐ]-['moskɐ] e [ɪ] –
A palavra almôndega em português lusitano certamente não teria a vocalização muito comum no portu... more A palavra almôndega em português lusitano certamente não teria a vocalização muito comum no português brasileiro para o fonema /l/. Apareceu na coleta uma única pronúncia do /ɫ/ consonântico em posição pós-vocálica para esta palavra: [aɫ′mõdegɐ]. Quando se toma essa forma como inicial, ela é bastante comum entre pessoas de muita idade, conclui-se que essa forma foi a forma implantada com a língua nesse território. O fato é que na variante caipira, e também em várias outras no Brasil o /l/ pós-vocálico é vocalizado e compõe um ditongo com a vogal que o acompanha. Assim, a forma em questão é em sua imensa maioria pronunciada com o fonema /l/ vocalizado: [aw'mõdegɐ].
A matéria publicada nesse periódico é licenciada sob forma de uma Licença CreativeCommons – Atrib... more A matéria publicada nesse periódico é licenciada sob forma de uma Licença CreativeCommons – Atribuição 4.0 Internacional Resumo:Este artigo mostra três das principais concepções de signo dos estudos sobre a linguagem, diferenças e semelhanças. Para Humboldt, o signo é a representação material ou a imagem acústica para o conceito, a ele se soma a identidade do som articulado da língua. Essas três partes, signo, conceito e identidade do som, constroem as formas da língua que são as palavras. Para Saussure, signo é o nome da relação entre significante e significado. Saussure propôs a substituição dos termos imagem acústica e conceito, que estavam plenos de sugestionalidades e conceituações prévias, pelos termos significante e significado. Para Bakhtin, o signo é a forma da estrutura que realiza em som articulado um sentido, ideologicamente completado pelo pensamento. O encontro entre o som articulado e o conceito dá o elemento resultante da semiose, por isso todo signo é semiótico. Palavras-chave:Signo. Humboldt. Saussure. Bakhtin. Abstract:This article shows three of the principal sign conceptions of the studies about language, differences and similarities. The sign is for Humboldt the material representation, or sound-image, of the concept, besides the identity of the articulated language sound; these three parts, sign, concept and sound identity, make the form of the language that is the word. The sign is for Saussure the name of the relation between the signified and the signifier. Saussure proposed the substitution of the terms sound-image and concept, that were full of suggestions and prior conceptualization, to the terms signified and signifier. The sign in Bakhtin is the form of the structure that accomplishes an ideologically sense completed by thought through articulated sound. The meeting between the articulated sound and the concept gives the resulting element of semiosis, so every sign is semiotic.
Summary: ALINGO - Linguistic Atlas of Goiás: phonetic - lexicon was developed from the data colle... more Summary: ALINGO - Linguistic Atlas of Goiás: phonetic - lexicon was developed from the data collection survey recorded in fifty collection points, chosen from rail and road maps: the collection points are all on the sidelines of a major highway. The questionnaire had 229 questions; the recorded data resulted in tables with lexical and phonetic data. The informants were chosen considering the sexual genders, education and age. The aim was to show how speech in Goiás, synchronously, reveals the diachronic formation of language. The results were a description of allophones, revealing the distribution of them diatopical in the state and distribution in phonological environments.
Abstract: Saussure was born in Geneva, in a Physics studious family.
When he was 14 years old, he... more Abstract: Saussure was born in Geneva, in a Physics studious family.
When he was 14 years old, he went to Germany to study Comparative
Grammarian, specifically in Leipzig, where he defended his dissertation
and thesis, respectively with the works Mémoire and the Du Genitif, for such
works he became notorious among the Indo-Europeans and the Indo-
Germanians. Soon after he concluded his doctorate, he went to Paris to
teach Sanskrit. He finished his career in Geneva, teaching the Course in
General Linguistics and making studies of classical literature, known as
The anagrams. Historigraphically, he could know the results of the
Comparative Grammarian and Neogrammarian. He lived in a society, for
long time, dominated by the consumption and the production line and,
motivated by the advances in the human sciences and the social necessities
caused because of life in the cities, he created a theory for language, as it
was a representative structure of society. In this structure, the individual is
only responsible for his speech and his relation with the society is not of
dominant, but of dominated.
RESUMO: Diante da grande dificuldade encontrada para promover a formação de um cientista em senti... more RESUMO: Diante da grande dificuldade encontrada para promover a formação de um cientista em sentido pleno, haja vista a especialização e a fragmentação dos saberes que tanto caracterizam as sociedades contemporâneas, Konrad Koerner (1996) aponta para a necessidade de se retornar criticamente ao passado, porque só assim torna-se possível enxergar o fluxo intenso que é o conhecimento científico, sempre em constante processo de atualização teórico-metodológica. Nesses moldes, partindo do pressuposto de que a melhoria da formação inicial de um cientista passa, necessariamente, por um esforço no sentido de compreender melhor a gênese e o desenvolvimento de sua própria ciência, a proposta do presente trabalho é apresentar os princípios básicos da Historiografia-Linguística, concebida como uma atividade metahistórica, que coloca em perspectiva as teorizações sobre os conceitos de língua e linguagem ao longo do tempo. O objetivo é mostrar que o saber historiográfico-linguístico constitui um arcabouço teórico e metodológico necessário a todo e qualquer professor de línguas, porque permite-lhe, em certa medida, romper com a fragmentação e a especialização que assolam os currículos e os discursos vigentes nos cursos de licenciatura em línguas, propiciando, consequentemente, uma visão mais sistêmica sobre esse campo do conhecimento humano. Espera-se que o trabalho possa contribuir para o debate acerca da formação inicial de professores de línguas.
Quem conta aumenta um ponto, é o que dizem. De fato
não existe história nem estória, não existe n... more Quem conta aumenta um ponto, é o que dizem. De fato
não existe história nem estória, não existe narrativa que seja a
verdade nem que seja somente ficção. No texto da narrativa
há sempre dois universos inteiros que se opõem e se completam:
o social e o individual.
O social fornece todos os elementos que sejam conhecimento,
e o individual tudo o que for criação. O conhecimento
está pronto, coloca-se no mundo à disposição de todos; a
criação é a reestruturação do conhecimento numa manifestação
única, filtrada pelo corpo físico-intelectual da instância
enunciativa. A individualidade gera o novo pelo esforço de
revisar o que está pronto: quanto mais ancorado no social for
a narrativa, mais verdadeira ela parecerá; quanto mais ancorada
na criação enunciativa estiver, mais ficcional parecerá. Os
simulacros de verdade social e de ficção passam por todos os
processos de veridicção de língua e de linguagem. Certo é
que toda história foi contada por alguém de um ponto de
vista e sempre pode ser recontada ou revisada, e toda ficção
tem de apresentar conhecimento ou será absurda e incompreensível.
Vejam assim essa historiografia-linguística de
Humboldt, Whitney e Saussure.
Wilhelm von Humboldt, que viveu entre 1767 e 1835,
estudou o comportamento estrutural das línguas... more Wilhelm von Humboldt, que viveu entre 1767 e 1835,
estudou o comportamento estrutural das línguas, em
suas características sonoras. Para ele, sons articulados
são o resultado nal do relacionamento do ser humano
com a natureza.
Esses sons existem porque o ser humano possui inteligência
e sentimentos. Os sentimentos, que provocam o
som que sai dos seres vivos, marcam o grau de seu envolvimento
com o mundo. A inteligência dos indivíduos
administra, registra e transforma o som em símbolos de
ideias e coisas.
O ser humano possui um corpo, acompanhado por
um espírito. O corpo torna material a língua. O espírito,
representado pelo pensamento e pelos sentimentos, é o
verdadeiro responsável pela língua. Cada indivíduo possui
uma língua individual, que segue os padrões da língua
nacional e nela se encaixa.
Humboldt estudou muitas línguas para fazer essas
conclusões: sânscrito, chinês, mexicano, kavi, birmanês,
grego antigo, latim, algonquino, alemão, inglês, francês,
espanhol, italiano, etc. Sua obra é o elo fundamental entre
o estudo empírico e o estudo metodológico das línguas.
Isso revela que ele fez chegar a essa ciência o equilíbrio
entre razão e intuição.
RÉSUMÉ
Humboldt argument à propos des difficultés dans l’étude sur les langues e fait
proposition... more RÉSUMÉ
Humboldt argument à propos des difficultés dans l’étude sur les langues e fait
proposition d’une metodologie de travaille qu’il irait apliquer dans la realisation
de ses recherches. Aprés 1819 laisse la politique, rentre a Tegel - Berlim, jusqu’à
sa mort, et se consacre aux études des langues en générale. Parmis 1831 et 1835,
anné de sa mort, a écrit son oeuvre plus important: Sur la diversitée de la
structure du langage humaine. Ce qui irait être son oeuvre: la langue comme
une energie spirituel; l’homme comme un être fait par divisions; il propose
“l’essence du langage consiste en coler la matiére du monde fénomenique dans
la forme de la pensée”.
RESUMO: Saussure nasceu em Genebra numa família de cientistas. Suíço, estudou na Alemanha,
ensino... more RESUMO: Saussure nasceu em Genebra numa família de cientistas. Suíço, estudou na Alemanha,
ensinou em Paris, mas terminou sua carreira em Genebra. A parte mais conhecida de sua obra foi
produzida no final do século XIX e início do século XX, um período em que a industrialização alcançava
o ápice do desenvolvimento, as cidades já eram sociedades complexas e os valores individuais tornavam-se
insignificantes com relação aos valores grupais. Seus conceitos ficaram marcados por esses limites entre a
ação do indivíduo e o predomínio da coletividade. De qualquer ponto de vista que se estude uma
sociedade, o que se observa é que a essência social de uma época é uma só e atinge do mesmo modo a
todos os indivíduos que nela tenham vivido.
RÉSUMÉ: Saussure, lui, est né à Génève au sein d’une
famille de scientifiques. Suisse, il a étudié en Allemagne, a enseigné à Paris, mais a fini sa carrière à
Génève. La partie la plus connue de son oeuvre a été produite à la fin du XIXe siècle et au début du XXe,
une période où l’industrialisation arrivait au sommet de son développement, les villes étaient déjà des
sociétés complexes, et les valeurs de l’individu devenaient insignifiants face aux valeurs du groupe social.
Ses concepts sont empreints par les limites entre l’action de l’individu et la primauté de la collectivité.
Cependant, l’essence sociale d’une époque est seule et se produit de la même façon pour tous les individus
qui ont vécu tout au long d’une même période.
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Papers by Sebastião Milani
When he was 14 years old, he went to Germany to study Comparative
Grammarian, specifically in Leipzig, where he defended his dissertation
and thesis, respectively with the works Mémoire and the Du Genitif, for such
works he became notorious among the Indo-Europeans and the Indo-
Germanians. Soon after he concluded his doctorate, he went to Paris to
teach Sanskrit. He finished his career in Geneva, teaching the Course in
General Linguistics and making studies of classical literature, known as
The anagrams. Historigraphically, he could know the results of the
Comparative Grammarian and Neogrammarian. He lived in a society, for
long time, dominated by the consumption and the production line and,
motivated by the advances in the human sciences and the social necessities
caused because of life in the cities, he created a theory for language, as it
was a representative structure of society. In this structure, the individual is
only responsible for his speech and his relation with the society is not of
dominant, but of dominated.
não existe história nem estória, não existe narrativa que seja a
verdade nem que seja somente ficção. No texto da narrativa
há sempre dois universos inteiros que se opõem e se completam:
o social e o individual.
O social fornece todos os elementos que sejam conhecimento,
e o individual tudo o que for criação. O conhecimento
está pronto, coloca-se no mundo à disposição de todos; a
criação é a reestruturação do conhecimento numa manifestação
única, filtrada pelo corpo físico-intelectual da instância
enunciativa. A individualidade gera o novo pelo esforço de
revisar o que está pronto: quanto mais ancorado no social for
a narrativa, mais verdadeira ela parecerá; quanto mais ancorada
na criação enunciativa estiver, mais ficcional parecerá. Os
simulacros de verdade social e de ficção passam por todos os
processos de veridicção de língua e de linguagem. Certo é
que toda história foi contada por alguém de um ponto de
vista e sempre pode ser recontada ou revisada, e toda ficção
tem de apresentar conhecimento ou será absurda e incompreensível.
Vejam assim essa historiografia-linguística de
Humboldt, Whitney e Saussure.
estudou o comportamento estrutural das línguas, em
suas características sonoras. Para ele, sons articulados
são o resultado nal do relacionamento do ser humano
com a natureza.
Esses sons existem porque o ser humano possui inteligência
e sentimentos. Os sentimentos, que provocam o
som que sai dos seres vivos, marcam o grau de seu envolvimento
com o mundo. A inteligência dos indivíduos
administra, registra e transforma o som em símbolos de
ideias e coisas.
O ser humano possui um corpo, acompanhado por
um espírito. O corpo torna material a língua. O espírito,
representado pelo pensamento e pelos sentimentos, é o
verdadeiro responsável pela língua. Cada indivíduo possui
uma língua individual, que segue os padrões da língua
nacional e nela se encaixa.
Humboldt estudou muitas línguas para fazer essas
conclusões: sânscrito, chinês, mexicano, kavi, birmanês,
grego antigo, latim, algonquino, alemão, inglês, francês,
espanhol, italiano, etc. Sua obra é o elo fundamental entre
o estudo empírico e o estudo metodológico das línguas.
Isso revela que ele fez chegar a essa ciência o equilíbrio
entre razão e intuição.
Humboldt argument à propos des difficultés dans l’étude sur les langues e fait
proposition d’une metodologie de travaille qu’il irait apliquer dans la realisation
de ses recherches. Aprés 1819 laisse la politique, rentre a Tegel - Berlim, jusqu’à
sa mort, et se consacre aux études des langues en générale. Parmis 1831 et 1835,
anné de sa mort, a écrit son oeuvre plus important: Sur la diversitée de la
structure du langage humaine. Ce qui irait être son oeuvre: la langue comme
une energie spirituel; l’homme comme un être fait par divisions; il propose
“l’essence du langage consiste en coler la matiére du monde fénomenique dans
la forme de la pensée”.
ensinou em Paris, mas terminou sua carreira em Genebra. A parte mais conhecida de sua obra foi
produzida no final do século XIX e início do século XX, um período em que a industrialização alcançava
o ápice do desenvolvimento, as cidades já eram sociedades complexas e os valores individuais tornavam-se
insignificantes com relação aos valores grupais. Seus conceitos ficaram marcados por esses limites entre a
ação do indivíduo e o predomínio da coletividade. De qualquer ponto de vista que se estude uma
sociedade, o que se observa é que a essência social de uma época é uma só e atinge do mesmo modo a
todos os indivíduos que nela tenham vivido.
RÉSUMÉ: Saussure, lui, est né à Génève au sein d’une
famille de scientifiques. Suisse, il a étudié en Allemagne, a enseigné à Paris, mais a fini sa carrière à
Génève. La partie la plus connue de son oeuvre a été produite à la fin du XIXe siècle et au début du XXe,
une période où l’industrialisation arrivait au sommet de son développement, les villes étaient déjà des
sociétés complexes, et les valeurs de l’individu devenaient insignifiants face aux valeurs du groupe social.
Ses concepts sont empreints par les limites entre l’action de l’individu et la primauté de la collectivité.
Cependant, l’essence sociale d’une époque est seule et se produit de la même façon pour tous les individus
qui ont vécu tout au long d’une même période.
When he was 14 years old, he went to Germany to study Comparative
Grammarian, specifically in Leipzig, where he defended his dissertation
and thesis, respectively with the works Mémoire and the Du Genitif, for such
works he became notorious among the Indo-Europeans and the Indo-
Germanians. Soon after he concluded his doctorate, he went to Paris to
teach Sanskrit. He finished his career in Geneva, teaching the Course in
General Linguistics and making studies of classical literature, known as
The anagrams. Historigraphically, he could know the results of the
Comparative Grammarian and Neogrammarian. He lived in a society, for
long time, dominated by the consumption and the production line and,
motivated by the advances in the human sciences and the social necessities
caused because of life in the cities, he created a theory for language, as it
was a representative structure of society. In this structure, the individual is
only responsible for his speech and his relation with the society is not of
dominant, but of dominated.
não existe história nem estória, não existe narrativa que seja a
verdade nem que seja somente ficção. No texto da narrativa
há sempre dois universos inteiros que se opõem e se completam:
o social e o individual.
O social fornece todos os elementos que sejam conhecimento,
e o individual tudo o que for criação. O conhecimento
está pronto, coloca-se no mundo à disposição de todos; a
criação é a reestruturação do conhecimento numa manifestação
única, filtrada pelo corpo físico-intelectual da instância
enunciativa. A individualidade gera o novo pelo esforço de
revisar o que está pronto: quanto mais ancorado no social for
a narrativa, mais verdadeira ela parecerá; quanto mais ancorada
na criação enunciativa estiver, mais ficcional parecerá. Os
simulacros de verdade social e de ficção passam por todos os
processos de veridicção de língua e de linguagem. Certo é
que toda história foi contada por alguém de um ponto de
vista e sempre pode ser recontada ou revisada, e toda ficção
tem de apresentar conhecimento ou será absurda e incompreensível.
Vejam assim essa historiografia-linguística de
Humboldt, Whitney e Saussure.
estudou o comportamento estrutural das línguas, em
suas características sonoras. Para ele, sons articulados
são o resultado nal do relacionamento do ser humano
com a natureza.
Esses sons existem porque o ser humano possui inteligência
e sentimentos. Os sentimentos, que provocam o
som que sai dos seres vivos, marcam o grau de seu envolvimento
com o mundo. A inteligência dos indivíduos
administra, registra e transforma o som em símbolos de
ideias e coisas.
O ser humano possui um corpo, acompanhado por
um espírito. O corpo torna material a língua. O espírito,
representado pelo pensamento e pelos sentimentos, é o
verdadeiro responsável pela língua. Cada indivíduo possui
uma língua individual, que segue os padrões da língua
nacional e nela se encaixa.
Humboldt estudou muitas línguas para fazer essas
conclusões: sânscrito, chinês, mexicano, kavi, birmanês,
grego antigo, latim, algonquino, alemão, inglês, francês,
espanhol, italiano, etc. Sua obra é o elo fundamental entre
o estudo empírico e o estudo metodológico das línguas.
Isso revela que ele fez chegar a essa ciência o equilíbrio
entre razão e intuição.
Humboldt argument à propos des difficultés dans l’étude sur les langues e fait
proposition d’une metodologie de travaille qu’il irait apliquer dans la realisation
de ses recherches. Aprés 1819 laisse la politique, rentre a Tegel - Berlim, jusqu’à
sa mort, et se consacre aux études des langues en générale. Parmis 1831 et 1835,
anné de sa mort, a écrit son oeuvre plus important: Sur la diversitée de la
structure du langage humaine. Ce qui irait être son oeuvre: la langue comme
une energie spirituel; l’homme comme un être fait par divisions; il propose
“l’essence du langage consiste en coler la matiére du monde fénomenique dans
la forme de la pensée”.
ensinou em Paris, mas terminou sua carreira em Genebra. A parte mais conhecida de sua obra foi
produzida no final do século XIX e início do século XX, um período em que a industrialização alcançava
o ápice do desenvolvimento, as cidades já eram sociedades complexas e os valores individuais tornavam-se
insignificantes com relação aos valores grupais. Seus conceitos ficaram marcados por esses limites entre a
ação do indivíduo e o predomínio da coletividade. De qualquer ponto de vista que se estude uma
sociedade, o que se observa é que a essência social de uma época é uma só e atinge do mesmo modo a
todos os indivíduos que nela tenham vivido.
RÉSUMÉ: Saussure, lui, est né à Génève au sein d’une
famille de scientifiques. Suisse, il a étudié en Allemagne, a enseigné à Paris, mais a fini sa carrière à
Génève. La partie la plus connue de son oeuvre a été produite à la fin du XIXe siècle et au début du XXe,
une période où l’industrialisation arrivait au sommet de son développement, les villes étaient déjà des
sociétés complexes, et les valeurs de l’individu devenaient insignifiants face aux valeurs du groupe social.
Ses concepts sont empreints par les limites entre l’action de l’individu et la primauté de la collectivité.
Cependant, l’essence sociale d’une époque est seule et se produit de la même façon pour tous les individus
qui ont vécu tout au long d’une même période.
Introdução ............................................................................................................. 22
1. Saussure em seu tempo ..................................................................................... 24
2. A obra e a sociedade .......................................................................................... 26
3. A metodologia e os textos .................................................................................. 35
3.1. O memorial da vogais do indo-europeu: Mémoire ............................. 35
3.2. O trabalho sobre o genitivo absoluto em sânscrito: Génitif ............... 38
3.3. Curso de Linguística Geral: Curso .................................................................. 40
4. A sistematização linguística ................................................................................ 44
4.1. Os temas das aulas ........................................................................................... 44
4.2. A Linguística ................................................................................................... 46
4.3. A Semiologia ................................................................................................... 49
5. A língua. A linguagem. A fala ............................................................................ 52
5.1. A linguagem .................................................................................................... 52
5.2. A língua ........................................................................................................... 53
5.3. A fala ............................................................................................................... 56
6. Escrita ................................................................................................................. 58
7. As dicotomias ..................................................................................................... 60
7.1. Sincronia e diacronia ....................................................................................... 60
7.2. O signo: significante e significado .................................................................. 63
7.3. Eixo sintagmático e eixo paradigmático ......................................................................................... 66
8. Valor linguístico ................................................................................................. 69
9. Mudanças fonéticas. ................................................................................................... 72
Conclusão ................................................................................................. 74
Referências .............................................................................................. 76