Papers by Pedro Paulo Gastalho De Bicalho
Em janeiro de 2018, o Conselho Federal de Psicologia publica a resolução CFP 01/2018, que “estabe... more Em janeiro de 2018, o Conselho Federal de Psicologia publica a resolução CFP 01/2018, que “estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis”. Tal resolução prevê, entre outras coisas, a necessidade de perspectivas despatologizantes no atendimento com pessoas trans, o fundamental respeito às autodeterminações de gênero e a perspectiva analítica de pensar em termos de cisnormatividade sobre as relações de poder que atravessam as constituições de corpos trans e corpos não trans. Sendo um documento construído em diálogo com pesquisadoras, com profissionais de psicologia e com ativistas dos movimentos trans, ela rapidamente foi entendida como um avanço imenso em termos de legislação protetiva para a população trans. Apenas dois dias seguintes a publicação, o Ministério Público Federal, em sua 4ª seção, prepara uma Ação Civil Pública (ACP) contrária à resolução, alegando que esta configurar-se-ia uma grave ameaça à liberdade de expressão e de pensamento dos profissionais de psicologia no Brasil. Temos como objetivo nesse texto colocar em análise o processo da ACP, entendendo este como um dispositivo que faz ver e falar racionalidades que atravessam as diferentes relações institucionais e profissionais com pessoas trans. A inconsistência argumentativa revela movimentos que podemos entender como relações entre a produção de verdade em processos jurídicos e a disseminação de discursos de ódio. O ódio às diferenças, aqui entendido como ódio transfóbico, mobiliza aparatos os mais diversos, que vão desde o enfrentamento direto que culmina em assassinatos brutais, quanto o apagamento de pautas e tentativas de boicote a pequenos avanços em medidas de proteção e garantia, como parece ser o caso desta ACP. Após uma breve disputa discursiva, o processo foi extinto sem julgamento de mérito, porém, ele nos sinaliza que nessa senda, outros ataques certamente virão. E de fato já veio, em forma de insistência jurídica. Enquanto se faz necessária a construção de proteções às diferenças em diferentes campos, entendemos a grande importância de estarmos atentas a uma estranha organização de discursos, que a uma só vez se compõe como discursos de verdade, que as vezes nos fazem rir, mas que tem o poder institucional de matar.
Psico, 2012
Resumo Foucault aborda a existência de um dispositivo da sexualidade, conjunto heterogêneo que co... more Resumo Foucault aborda a existência de um dispositivo da sexualidade, conjunto heterogêneo que compõe uma estratégia de gerenciamento e controle de corpos, de modos de ser e de populações. Este dispositivo opera sobre a sexualidade através do ...
O Jornal Nacional desta quinta-feira, 7 de abril de 2011, vai ser apresentado diretamente do bair... more O Jornal Nacional desta quinta-feira, 7 de abril de 2011, vai ser apresentado diretamente do bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A tragédia que aconteceu no dia de hoje, que já está sendo chamada de "Massacre de Realengo", provocou choque no Brasil e no mundo. Alguns moradores da região falam da importância da permanência de policiamento na porta da escola, mas certamente ninguém poderia imaginar o que iria acontecer dentro desse prédio. Nunca uma escola brasileira tinha sido cenário de um ataque dessa proporção.(Jornal Nacional, 7 de abril de 2011) Hoje, dia 7 de abril de 2014, está completando três anos de um fato que marcou a vida de todos nós, de todos os brasileiros. É uma história horrorosa, vivemos em um país que infelizmente tem muitos casos de violência, mas esse tipo de violência nós não tínhamos enfrentado ainda, que é comum nos Estados Unidos e em outros países, invasão de escola. Sentimos tranqüilidade quando deixamos nossos filhos na escola porque sabemos que ali é seguro. Não foi o que aconteceu, talvez por isso tenha estarrecido a todos nós. (Encontro com Fátima Bernardes, 7 de abril de 2014)
A Psicologia, em seus cinquenta anos de regulamentação no Brasil, torna-se um saber difundido
por... more A Psicologia, em seus cinquenta anos de regulamentação no Brasil, torna-se um saber difundido
por suas intervenções: no campo, na formulação de políticas públicas e na produção de conhecimento
acadêmico. A proposta deste artigo é pensar acerca das tensões que emergem no ato de pesquisar e sobre
os efeitos produzidos por esse ato, ao mesmo tempo em que a transformação da realidade e as implicações
éticas do pesquisador se mostram presentes diante de tais processos. Por meio dessas análises, novas perguntas
são elaboradas para o campo de produção do conhecimento, convidando os leitores a considerar
o ato de pesquisar como prática política. Entende-se o processo de produção de conhecimento a partir
de linhas móveis de visibilidade e de enunciação que se compõem em redes, nas quais o pesquisador não
é neutro, mas realiza escolhas associadas a afetos, tensões e desejos. O papel da pesquisa é colocado em
análise, sob a ótica da produção de efeitos e da ciência como prática nômade e híbrida.
Palavras-chave: Psicologia. Política científica e tecnológica. Construção de conhecimento. Ética.
Psicologia & Sociedade, 2012
RESUMO O artigo aborda o ingresso dos profissionais psi no campo da segurança pública. Para tal... more RESUMO O artigo aborda o ingresso dos profissionais psi no campo da segurança pública. Para tal, examina as principais definições de controle social, procurando relacionar a questão da escalada da insegurança com o advento da nova ordem social proposta ...
Books by Pedro Paulo Gastalho De Bicalho
Resumo: A ideia de guerra permeia o imaginário social em relação à convivência urbana mais rotine... more Resumo: A ideia de guerra permeia o imaginário social em relação à convivência urbana mais rotineira. Argumentos inerentes a uma lógica de batalha habitam nossas vidas em expressões como: " ao ataque", " contra-ataque " , " perseguição ". E tais expressões descrevem práticas que incitam perguntas acerca dos efeitos que vem sendo produzidos a partir deste cenário. Propomos neste texto colocar em análise uma lógica que parece atravessar muitos desses discursos profusos na atualidade, permeando-os de uma leitura hegemonicamente dicotômica da realidade. Ao longo do texto desenvolvemos um percurso que problematiza essa leitura dominante que opõe lados rivais nas discussões sobre segurança. E, para empreendermos tal intento, entendemos que os debates de segurança passam não só por um viés legalista e policialesco, mas que também, e, sobretudo, produzem mundos, subjetivam, e que, portanto, não dizem respeito somente às Políticas Públicas em sua interface com os Direitos Humanos, mas também às nossas práticas mais cotidianas, entendendo ambas como indissociáveis. Mapeamos uma rede que dá visibilidade aos caminhos que se tem trilhado hegemonicamente no campo da segurança pública, constituindo o objetivo desse trabalho. Para isso lançamos mão de dispositivos que elegemos como potentes para fazer ver e falar tal lógica dicotômica. Num primeiro momento analisamos o campo problemático das manifestações populares e posteriormente a atuação policial em contexto de incursões em favelas, evidenciando seus efeitos sobre a juventude. Apostamos que esses dispositivos são potentes para a emergência de analisadores que possibilitam evidenciar as forças em jogo nas construções e vivências das políticas e intervenções em Segurança Pública. Esse percurso produziu disposição para analisarmos a problemática do governo da vida nas atuais políticas de segurança, a qual incorre na produção de cortes que delimitam o dito seguro e distinguem os perigosos, buscando capturar em identidades inclusive as virtualidades. Palavras-chave: juventude, direitos humanos, políticas públicas, segurança pública, governamentalidade.
Se quisermos (...) conhecer o conhecimento, saber o que ele é, apreendê-lo em sua raiz, em sua fa... more Se quisermos (...) conhecer o conhecimento, saber o que ele é, apreendê-lo em sua raiz, em sua fabricação, devemos nos aproximar, não dos filósofos mas dos políticos, devemos compreender quais são as relações de luta e de poder." Michel Foucault, em A Verdade e As Formas Jurídicas.
No ano de 2009 a Psicologia -como uma profissão regulamentada no Brasilcompletou 47 anos. Muito s... more No ano de 2009 a Psicologia -como uma profissão regulamentada no Brasilcompletou 47 anos. Muito se fez ao longo dessas décadas. O número de profissionais e de agências formadoras, o aumento da pesquisa e de periódicos na área, a quantidade de cursos de graduação, pós-graduação, a diversidade de áreas e setores abrangidos por psicólogos, assim como a organização da profissão e a criação do sistema conselhos de Psicologia 5 , são alguns exemplos disso.
A proposta é problematizar o tema Direitos Humanos a partir de apontamentos para as controvérsias... more A proposta é problematizar o tema Direitos Humanos a partir de apontamentos para as controvérsias que têm habitado as propostas de políticas públicas contemporâneas acerca da temática que envolve a questão das drogas no Brasil. Deste modo, afirma-se Direitos Humanos a partir de nossas práticas e, assim, como agenciamentos e efeitos que por elas são produzidos. Questionando a perspectiva positivista que naturaliza os objetos estudados, entende-se que não existem direitos humanos naturais, mas contextos históricos que os produzem. Por meio da noção de acontecimento, é possível entender que os direitos são datados, localizados, descontínuos, produzidos pelo cotidiano de nossas ações. Pensar a formação e atuação profissional (e, portanto, política) inseridas em tal contexto de análise é convocar para se pensar nos lugares que se ocupam, nas subjetividades que são produzidas, nas forças que os atravessam ao construírem o campo problemático em que se insere o tema Direitos Humanos.
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por suas intervenções: no campo, na formulação de políticas públicas e na produção de conhecimento
acadêmico. A proposta deste artigo é pensar acerca das tensões que emergem no ato de pesquisar e sobre
os efeitos produzidos por esse ato, ao mesmo tempo em que a transformação da realidade e as implicações
éticas do pesquisador se mostram presentes diante de tais processos. Por meio dessas análises, novas perguntas
são elaboradas para o campo de produção do conhecimento, convidando os leitores a considerar
o ato de pesquisar como prática política. Entende-se o processo de produção de conhecimento a partir
de linhas móveis de visibilidade e de enunciação que se compõem em redes, nas quais o pesquisador não
é neutro, mas realiza escolhas associadas a afetos, tensões e desejos. O papel da pesquisa é colocado em
análise, sob a ótica da produção de efeitos e da ciência como prática nômade e híbrida.
Palavras-chave: Psicologia. Política científica e tecnológica. Construção de conhecimento. Ética.
Books by Pedro Paulo Gastalho De Bicalho
por suas intervenções: no campo, na formulação de políticas públicas e na produção de conhecimento
acadêmico. A proposta deste artigo é pensar acerca das tensões que emergem no ato de pesquisar e sobre
os efeitos produzidos por esse ato, ao mesmo tempo em que a transformação da realidade e as implicações
éticas do pesquisador se mostram presentes diante de tais processos. Por meio dessas análises, novas perguntas
são elaboradas para o campo de produção do conhecimento, convidando os leitores a considerar
o ato de pesquisar como prática política. Entende-se o processo de produção de conhecimento a partir
de linhas móveis de visibilidade e de enunciação que se compõem em redes, nas quais o pesquisador não
é neutro, mas realiza escolhas associadas a afetos, tensões e desejos. O papel da pesquisa é colocado em
análise, sob a ótica da produção de efeitos e da ciência como prática nômade e híbrida.
Palavras-chave: Psicologia. Política científica e tecnológica. Construção de conhecimento. Ética.