This study, conducted as part of a project at the Federal University of Western Pará, re-evaluate... more This study, conducted as part of a project at the Federal University of Western Pará, re-evaluates the phonological system of the Zo'é language to address discrepancies in phonetic and phonological interpretations identified since the 1990s. Central to this research is the reinterpretation of ambiguous sounds, such as affricates, labialized, and palatalized consonants, as well as approximants. Utilizing historical data and recent recordings, the study identifies systematic processes preserving syllable patterns, including syllable restructuring at morpheme boundaries. The findings propose that sounds like [kʲ], [gʲ], [ŋʲ], [pʲ], [bʲ], [hʲ], [mʲ], [kw], [ʧw], [gw], [ʧ], and [ʤ] function as simple sounds. Additionally, the study explores the complex role of glides [w] and [j], suggesting their dual interpretation as consonants in onset positions and vowels in coda positions. By resolving phonological ambiguities and establishing a cohesive phonetic framework, this research lays the groundwork for a unified orth
A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO NOROESTE DO PARÁ: ESTUDO DE CASO ZO'É, 2018
Este texto tem como objetivo principal relatar os dados sobre o status da Educação Escolar Indíge... more Este texto tem como objetivo principal relatar os dados sobre o status da Educação Escolar Indígena junto à população indígena Zo’é no Noroeste do Pará, sob o ponto de vista da Gestão Democrática e do Direito à Educação, visando detectar a necessidade e a viabilidade de implementação desse tipo de educação nessa localidade, levando-se em conta a diversidade sociocultural e linguística e os saberes tradicionais dessa comunidade, mediante projeto de pesquisa denominado: O projeto Político-Pedagógico na Educação Escolar Indígena Zo’é. Os resultados esperados foram: 1) a confirmação da existência ou não da Educação Escolar Indígena nessa etnia; 2) os parâmetros da educação nessa etnia; 3) a manifestação da vontade indígena sobre o tema proposto; e 4) os aspectos físicos /geográficos e socioculturais pertinentes à elaboração de uma proposta educacional para essa comunidade. No entanto, devido aos aspectos burocráticos, só foi possível a execução da pesquisa bibliográfica e a coleta de dados entre agentes públicos atuantes nessa localidade, e com pessoas ligadas à educação na região Noroeste do Pará. E, como resultado, detectou-se que a população indígena Zo’é, mesmo depois de 29 anos de contato com a sociedade envolvente, ainda não foi contemplada pela Educação Escolar Indígena, prescrita pela CF de 1988, pela LDBA, pelos Acordos e Pactos Internacionais e demais leis correlatas. Por essa razão, divulga-se esses resultados na expectativa dar contribuição ao resgate de uma dívida de quase 30 anos do Estado e da sociedade envolvente para com essa etnia, que ainda não usufrui desse direito fundamental adquirido.
GESTÃO DEMOCRÁTICA E O DIREITO À EDUCAÇÃO NAS COMUNIDADES INDÍGENAS DO NOROESTE DO PARÁ, 2022
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a educação escolar indígena no Noroeste do Pará, sob... more O presente trabalho tem por objetivo avaliar a educação escolar indígena no Noroeste do Pará, sob a perspectiva de gestão democrática e do direito à educação, clarificando-se quanto à sua estrutura organizacional e pedagógica, ao impacto sociocultural e político produzido nessas etnias e os desafios quanto ao direito de todos à educação. Para isso foi executada pesquisa-ação, mediante observação participante e entrevistas com professores e líderes das aldeias já contempladas pela educação escolar indígena e com representantes da coordenação de educação indígena do Município. Os resultados apontam que para a etnia Wai Wai a educação produziu bons resultados e avança no processo de gestão democrática. Porém, para as demais etnias há ainda um grande desafio a ser superado, competindo ao Estado e às entidades parceiras uma atitude mais enérgica para que o direito de todos à educação, na perspectiva de gestão democrática, seja de fato efetivado.
Laudo Antropológico - Carlos Antôno de Siqueira, 1998
LAUDO ANTROPOLÓGICO elaborado pelo cientista social e ex-etnólogo da Fundação Nacional do Índio -... more LAUDO ANTROPOLÓGICO elaborado pelo cientista social e ex-etnólogo da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, Carlos Antônio de Siqueira (in memoriam) , com objetivo de avaliar e esclarecer os dados acusatórios apresentados pelos antropólogos Dominique Tilkin Gallois e Luiz Donisete Benzi Grupionni em seu relatório de óbitos supostamente ocorridos entre os índios Zo’é, nos anos 1982-1991.
Neste documento, resultado de acurada investigação dos fatos, mediante análise de censos demográficos comparados com gráficos de parentesco dessa etnia, o autor aponta, pelo menos, 13 sérios equívocos de interpretação de dados feita pelos referidos pesquisadores, dentre eles: pessoas que, se estivessem vivas na época teriam mais de 100 anos, sendo que a média máxima de idade desse povo, calculada nos dois censos analisados foi de apenas 56,5 anos; nomes de várias pessoas listados como mortas duas ou três vezes; pessoas que teriam falecido por dor de dente; e até mesmo indígena do sexo masculino que teria morrido por questão de geração de filhos ...
Espera-se que os interessados em conhecer a verdade, possam ler este Laudo e, a partir dessa leitura, fazer o seu próprio juízo de valor a respeito e não permanecer iludido por falsas informações que frequentemente ocorrem sobre este fato.
Este trabalho apresenta uma análise diacrônica da língua Zo'é, falada aproximadamente 270 pessoa... more Este trabalho apresenta uma análise diacrônica da língua Zo'é, falada aproximadamente 270 pessoas habitantes do Estado do Pará e contatadas em 1987. Demonstra as semelhanças e as transformações fonológicas e morfofonêmicas ocorridas em relação à protolíngua Tupi-Guarani e às outras línguas da mesma família linguística. As mudanças ocorridas e os dados conservados confirmam sua inclusão na família Tupi-Guarani, subgrupo VIII, proposto por Rodrigues (1984/1985). Embora algumas mudanças e semelhanças coincidam também com as das línguas de outros subgrupos, sua inclusão no subgrupo VIII, proposto por Cabral (1996) e referendado por Souza (2013), parece coerente, pois é maior o índice de ocorrência em comum com as línguas deste subgrupo. PALAVRAS-CHAVE: Proto-língua; Família linguística; Semelhanças; Mudanças. 1. Introdução O presente artigo propõe apresentar os resultados de uma análise diacrônica sobre a língua Zo'é, falada por aproximadamente 270 pessoas, que vivem na região compreendida entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, no município de Óbidos e Oriximiá (PA). Embora, historicamente, esses indígenas tenham mantido contatos esporádicos com caçadores e exploradores de riquezas vegetais e minerais na sua região, só foram contatados oficialmente em 1987. A partir de então, essa língua, ainda desconhecida da comunidade acadêmica, passou a ser estudada e analisada em seus vários aspectos. E, por se tratar de uma língua falada por um povo considerado de recente contato e ainda pouco explorada, essa análise histórico-comparativa propõe contribuir com a comunidade científica quanto ao registro de dados linguísticos das línguas indígenas brasileiras. ___________________________
RESUMO Este trabalho apresenta o resultado de uma análise morfológica preliminar da língua Zo’é, ... more RESUMO Este trabalho apresenta o resultado de uma análise morfológica preliminar da língua Zo’é, falada por cerca de 300 pessoas e residentes no noroeste do estado do Pará. Os dados apresentados fazem parte de um corpus de textos gravados, transcritos e traduzidos para o português, bem como de inúmeros registros de campo, anotados foneticamente durante um período de 04 anos de convivência direta com os falantes nativos (1987-1991), com posterior análise fonológica e morfológica arquivada na Biblioteca Nacional em 23 de fevereiro de 1994 (registro N° 8.123 – Protocolo 260/94). Não obstante ser ainda um trabalho em andamento e sem maiores detalhes dos dados apresentados, configura-se hoje como a mais ampla apresentação de fatos gramaticais, publicados nesse idioma. Constitui uma plataforma de dados suficientes para conhecimento geral dessa língua e para novos estudos morfossintáticos desse idioma, ainda pouco explorado linguisticamente. Ao mesmo tempo, servirá também como ferramenta de apoio à Educação Escolar Indígena nessa etnia. O trabalho é apresentado em 15 tópicos principais, levando em conta as categorias gramaticais percebidas nessa língua, tais como: nome, pronome, verbo, posposição, numerais, advérbios, partículas e conjunções. Além disso, descreve também outros critérios gramaticais existentes, de maneira simplificada, mas suficiente para a compreensão básica de seu funcionamento, sendo: classe de temas e marcação pessoal, negação, interrogação e adjetivação. E, como como estrutura morfológica, a reduplicação, locução e estrutura e formação das palavras. Embora, algumas dessas categorizações e conceituações estejam ainda em processo de análise e aguardando uma definição mais concreta a partir de novos estudos junto a essa comunidade indígena, optou-se pelo registro desses dados até que novas pesquisas confirmem ou rejeitem algumas hipóteses ainda pendentes, para a conclusão da descrição morfossintática desse idioma. Palavra-chave: Língua Zo’é; Gramática; Descrição; População indígena.
ÍNDIOS ISOLADOS: PROTEÇÃO, EXCLUSÃO OU DOMINAÇÃO? A política indigenista brasileira tem sido marc... more ÍNDIOS ISOLADOS: PROTEÇÃO, EXCLUSÃO OU DOMINAÇÃO? A política indigenista brasileira tem sido marcada por várias tendências, movidas pelo espírito dominador do colonialismo e egocentrismo humano em detrimento dos direitos indígenas. Os primeiros anos de colonização do Brasil foram caracterizados pelo esforço dos Jesuítas em catequizar os índios e transformá-los em cristãos, enquanto os colonizadores usavam a força para escravizá-los e usá-los como mão de obra barata. Por outro lado, o esforço dos protestantes franceses e holandeses de anunciar-lhes o Evangelho, foi sufocado a preço de sangue pelos portugueses. Frustrada a tentativa de escravidão, passaram a ser considerados empecilhos para o progresso do país e, consequentemente, fadados ao processo de extinção. Nem mesmo o romantismo de José de Alencar, representante da tendência da época em que se procurava criar o mito do "índio perfeito", conseguiu mudar esse conceito. Somente, no início do século XX, com a criação do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) em 1910 e a atuação das Missões Evangélicas, a partir de 1913, é que os indígenas começaram a ser reconhecidos e respeitados. A ascensão da Antropologia, da Sociologia, etc. e dos movimentos ecológicos, fez ressurgiu a tendência romântica do "índio perfeito e inocente" e só corrompido pelo contato com a sociedade dominante, criando assim o "mito do índio isolado". Essa ideologia tem sido pregada com tanta veemência que muitos, sem nunca ter visto um índio de perto e ou estar envolvido na causa indígena, defende com unhas e dentes essa tendência. Diante disso, vale perguntar: Quem são os índios isolados? Quais são os efeitos do contato com os grupos isolados? Os índios isolados estão protegidos? Podem os grupos minoritários sobreviver no isolamento? Querem os índios viver isolados? Até quando devem viver no isolamento? Essas e outras perguntas precisam ser respondidas com muita coerência para que os indígenas brasileiros, depois de 500 anos de dominação e exploração, não continuem a ser objetos das tendências impostas pela sociedade dominante, em detrimento dos seus direitos constitucionais garantidos e da manifestação da vontade indígena sobre o assunto.
“QUESTÃO ZO’É: A HISTÓRIA QUE NÃO É CONTADA” propõe mostrar aos leitores de bom senso a verdadeir... more “QUESTÃO ZO’É: A HISTÓRIA QUE NÃO É CONTADA” propõe mostrar aos leitores de bom senso a verdadeira história dos primeiros anos de contato da população Zo’é com a sociedade nacional e os efeitos positivos desse contato formal, que os autores da maioria dos artigos publicados sobre eles procuram ocultar. De fato, os Zo’é estavam em um sério processo de extinção devido à malária contraída em encontros informais com caçadores e seringueiros, bem antes do contato oficial. Graças a essa iniciativa e à dedicação dos que ali aturam tratando a saúde do povo, essa etnia voltou a crescer de 119 pessoas no primeiro censo para 136 em um período de apenas quatro anos (1987-1991).
Esta é uma coletânea de 3.183 vocábulos e expressões lexicais da língua indígena Zo’é (Poturu), q... more Esta é uma coletânea de 3.183 vocábulos e expressões lexicais da língua indígena Zo’é (Poturu), que habitam na região dos rios Cuminapanema e Erepecuru, ao norte do estado do Pará, falada em 1993 por cerca de 143 pessoas e pertencente à família linguística Tupi-Guarani do tronco Tupi. Estudos comparativos da época apontaram sua possível classificação em um dos seus subconjuntos: IV, VII ou VIII. Porém conserva características fundamentais da Proto-Língua, fazendo-nos perceber o seu grande valor histórico e referencial para os estudos das línguas indígenas brasileiras. Por ser este o primeiro registro dessa língua e tendo sua a análise fonológica ainda em processo, foram usados símbolos fonéticos de K. L. Pike, com algumas particularidades necessárias a uma boa percepção dos sons dessa língua. Embora, apenas arquivada na Biblioteca Nacional desde o ano de 1994, esta coletânea de vocábulos tem sido útil aos pesquisadores que a ela tiveram acesso e agora passa a ser disponibilizada a todos os interessados pelo estudo da língua Zo’é, bem como às demais línguas indígenas pertencentes à família linguística Tupi-Guarani.
Este trabalho, redigido em 1994 e arquivado na Biblioteca Nacional no dia 27 de janeiro de 1997, ... more Este trabalho, redigido em 1994 e arquivado na Biblioteca Nacional no dia 27 de janeiro de 1997, propôs apresentar resultado de pesquisa e descrição diacrônica da língua Zo’é (Poturu). Esta língua era falada, na época, por aproximadamente 145 pessoas, habitantes de uma terra indígena, situada entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, Noroeste do Estado do Pará, até então ainda não demarcada. A análise e descrição comparativa de dados fonológicos, morfossintáticos, históricos, geográficos e estruturais em relação protolíngua Tupi-Guarani, do tronco Tupi e com outras línguas dessa mesma família linguística, resultou-se em uma INÉDITA sugestão de sua classificação nessa família linguística, conforme proposto por Rodrigues (1984/1985). Aspectos do seu desenvolvimento léxico-fonológico e morfossintático, são compatíveis com as demais línguas, pertencentes aos 08 subgrupos linguísticos proposto por Rodrigues, reforçando a proposta de sua inclusão na família Tupí-Guarani. Sendo os Zo’é, juntamente, com os Wayampi e Emerillon do subgrupo VIII os únicos falantes tradicionais de línguas Tupi-Guarani nessa região e com maior similaridade linguística com Wayampi, sugere-se também a sua inclusão nesse subgrupo. O corpus de dados aqui apresentados, foram coletados junto aos falantes nativos dessa língua, no período compreendido entre os anos de 1987 a 1991, por uma equipe de pesquisadores/aprendizes, razão de sua confiabilidade quanto ao registro fonético e sua interpretação semântica, como base segura de sua análise e descrição. Embora esse material já tenha sido disponibilizado anteriormente, mediante arquivamento na Biblioteca Nacional, aproveita-se agora os recursos da internet para dar maior visibilidade à comunidade acadêmica e ao público em geral, desta pioneira descrição diacrônica nessa língua indígena, com apenas algumas correções ortográficas necessárias e pertinentes ao momento acadêmico.
A autodesignação étnica dos indígenas que vivem na região dos rios Cuminapanema e Erepecuru no N... more A autodesignação étnica dos indígenas que vivem na região dos rios Cuminapanema e Erepecuru no Noroeste do Pará, contatados oficialmente em outubro de 1987, constitui ainda uma nomenclatura em discussão, embora o termo Zo'é [3] esteja sendo usado a longo tempo pela sociedade envolvente para designá-los. Portanto, neste artigo, proponho apresentar a trajetória de discussão a respeito, os fatores linguísticos e antropológicos que fundamentaram a percepção de sua autodesignação, bem como corrigir algumas distorções de interpretação do termo adotado atualmente para designar esse grupo indígena.
Zo’é is a Tupian language which is spoken by the homonymous ethnic group who live in the municipa... more Zo’é is a Tupian language which is spoken by the homonymous ethnic group who live in the municipality of Óbidos, state of Pará, Brazil. Classified as a vulnerable language by UNESCO, Zo’é has been little studied by field linguists. In a search of internet-based databases with the keywords Buré, Jo’é, Poturu, Poturujara, Poturú, Puturú and Tupi of Cuminapanema, only twenty publications were found to discuss in some depth the phonetic-phonological dimension of the Zo’é language. Following steps for a systematic review, closer scrutiny of these publications has revealed the existence of four distinct vowel inventories and five distinct consonant inventories of this language. As a result, a descriptive-analytical study was devised aiming to understand the reasons for such divergent descriptions, and to decide which of these inventories is more representative of Zo’é. In case all lack adequacy, our aim is to provide a revised, updated analysis. Currently, the team of researchers awaits permission from the Brazilian government to visit the Zo’é Indigenous Land to present the research proposal to community leaders and upon agreement start the process of data collection. Meantime, data collected in encounters with the Zo’é people in the 1980s and 1990s are being explored.
This study, conducted as part of a project at the Federal University of Western Pará, re-evaluate... more This study, conducted as part of a project at the Federal University of Western Pará, re-evaluates the phonological system of the Zo'é language to address discrepancies in phonetic and phonological interpretations identified since the 1990s. Central to this research is the reinterpretation of ambiguous sounds, such as affricates, labialized, and palatalized consonants, as well as approximants. Utilizing historical data and recent recordings, the study identifies systematic processes preserving syllable patterns, including syllable restructuring at morpheme boundaries. The findings propose that sounds like [kʲ], [gʲ], [ŋʲ], [pʲ], [bʲ], [hʲ], [mʲ], [kw], [ʧw], [gw], [ʧ], and [ʤ] function as simple sounds. Additionally, the study explores the complex role of glides [w] and [j], suggesting their dual interpretation as consonants in onset positions and vowels in coda positions. By resolving phonological ambiguities and establishing a cohesive phonetic framework, this research lays the groundwork for a unified orth
A EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO NOROESTE DO PARÁ: ESTUDO DE CASO ZO'É, 2018
Este texto tem como objetivo principal relatar os dados sobre o status da Educação Escolar Indíge... more Este texto tem como objetivo principal relatar os dados sobre o status da Educação Escolar Indígena junto à população indígena Zo’é no Noroeste do Pará, sob o ponto de vista da Gestão Democrática e do Direito à Educação, visando detectar a necessidade e a viabilidade de implementação desse tipo de educação nessa localidade, levando-se em conta a diversidade sociocultural e linguística e os saberes tradicionais dessa comunidade, mediante projeto de pesquisa denominado: O projeto Político-Pedagógico na Educação Escolar Indígena Zo’é. Os resultados esperados foram: 1) a confirmação da existência ou não da Educação Escolar Indígena nessa etnia; 2) os parâmetros da educação nessa etnia; 3) a manifestação da vontade indígena sobre o tema proposto; e 4) os aspectos físicos /geográficos e socioculturais pertinentes à elaboração de uma proposta educacional para essa comunidade. No entanto, devido aos aspectos burocráticos, só foi possível a execução da pesquisa bibliográfica e a coleta de dados entre agentes públicos atuantes nessa localidade, e com pessoas ligadas à educação na região Noroeste do Pará. E, como resultado, detectou-se que a população indígena Zo’é, mesmo depois de 29 anos de contato com a sociedade envolvente, ainda não foi contemplada pela Educação Escolar Indígena, prescrita pela CF de 1988, pela LDBA, pelos Acordos e Pactos Internacionais e demais leis correlatas. Por essa razão, divulga-se esses resultados na expectativa dar contribuição ao resgate de uma dívida de quase 30 anos do Estado e da sociedade envolvente para com essa etnia, que ainda não usufrui desse direito fundamental adquirido.
GESTÃO DEMOCRÁTICA E O DIREITO À EDUCAÇÃO NAS COMUNIDADES INDÍGENAS DO NOROESTE DO PARÁ, 2022
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a educação escolar indígena no Noroeste do Pará, sob... more O presente trabalho tem por objetivo avaliar a educação escolar indígena no Noroeste do Pará, sob a perspectiva de gestão democrática e do direito à educação, clarificando-se quanto à sua estrutura organizacional e pedagógica, ao impacto sociocultural e político produzido nessas etnias e os desafios quanto ao direito de todos à educação. Para isso foi executada pesquisa-ação, mediante observação participante e entrevistas com professores e líderes das aldeias já contempladas pela educação escolar indígena e com representantes da coordenação de educação indígena do Município. Os resultados apontam que para a etnia Wai Wai a educação produziu bons resultados e avança no processo de gestão democrática. Porém, para as demais etnias há ainda um grande desafio a ser superado, competindo ao Estado e às entidades parceiras uma atitude mais enérgica para que o direito de todos à educação, na perspectiva de gestão democrática, seja de fato efetivado.
Laudo Antropológico - Carlos Antôno de Siqueira, 1998
LAUDO ANTROPOLÓGICO elaborado pelo cientista social e ex-etnólogo da Fundação Nacional do Índio -... more LAUDO ANTROPOLÓGICO elaborado pelo cientista social e ex-etnólogo da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, Carlos Antônio de Siqueira (in memoriam) , com objetivo de avaliar e esclarecer os dados acusatórios apresentados pelos antropólogos Dominique Tilkin Gallois e Luiz Donisete Benzi Grupionni em seu relatório de óbitos supostamente ocorridos entre os índios Zo’é, nos anos 1982-1991.
Neste documento, resultado de acurada investigação dos fatos, mediante análise de censos demográficos comparados com gráficos de parentesco dessa etnia, o autor aponta, pelo menos, 13 sérios equívocos de interpretação de dados feita pelos referidos pesquisadores, dentre eles: pessoas que, se estivessem vivas na época teriam mais de 100 anos, sendo que a média máxima de idade desse povo, calculada nos dois censos analisados foi de apenas 56,5 anos; nomes de várias pessoas listados como mortas duas ou três vezes; pessoas que teriam falecido por dor de dente; e até mesmo indígena do sexo masculino que teria morrido por questão de geração de filhos ...
Espera-se que os interessados em conhecer a verdade, possam ler este Laudo e, a partir dessa leitura, fazer o seu próprio juízo de valor a respeito e não permanecer iludido por falsas informações que frequentemente ocorrem sobre este fato.
Este trabalho apresenta uma análise diacrônica da língua Zo'é, falada aproximadamente 270 pessoa... more Este trabalho apresenta uma análise diacrônica da língua Zo'é, falada aproximadamente 270 pessoas habitantes do Estado do Pará e contatadas em 1987. Demonstra as semelhanças e as transformações fonológicas e morfofonêmicas ocorridas em relação à protolíngua Tupi-Guarani e às outras línguas da mesma família linguística. As mudanças ocorridas e os dados conservados confirmam sua inclusão na família Tupi-Guarani, subgrupo VIII, proposto por Rodrigues (1984/1985). Embora algumas mudanças e semelhanças coincidam também com as das línguas de outros subgrupos, sua inclusão no subgrupo VIII, proposto por Cabral (1996) e referendado por Souza (2013), parece coerente, pois é maior o índice de ocorrência em comum com as línguas deste subgrupo. PALAVRAS-CHAVE: Proto-língua; Família linguística; Semelhanças; Mudanças. 1. Introdução O presente artigo propõe apresentar os resultados de uma análise diacrônica sobre a língua Zo'é, falada por aproximadamente 270 pessoas, que vivem na região compreendida entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, no município de Óbidos e Oriximiá (PA). Embora, historicamente, esses indígenas tenham mantido contatos esporádicos com caçadores e exploradores de riquezas vegetais e minerais na sua região, só foram contatados oficialmente em 1987. A partir de então, essa língua, ainda desconhecida da comunidade acadêmica, passou a ser estudada e analisada em seus vários aspectos. E, por se tratar de uma língua falada por um povo considerado de recente contato e ainda pouco explorada, essa análise histórico-comparativa propõe contribuir com a comunidade científica quanto ao registro de dados linguísticos das línguas indígenas brasileiras. ___________________________
RESUMO Este trabalho apresenta o resultado de uma análise morfológica preliminar da língua Zo’é, ... more RESUMO Este trabalho apresenta o resultado de uma análise morfológica preliminar da língua Zo’é, falada por cerca de 300 pessoas e residentes no noroeste do estado do Pará. Os dados apresentados fazem parte de um corpus de textos gravados, transcritos e traduzidos para o português, bem como de inúmeros registros de campo, anotados foneticamente durante um período de 04 anos de convivência direta com os falantes nativos (1987-1991), com posterior análise fonológica e morfológica arquivada na Biblioteca Nacional em 23 de fevereiro de 1994 (registro N° 8.123 – Protocolo 260/94). Não obstante ser ainda um trabalho em andamento e sem maiores detalhes dos dados apresentados, configura-se hoje como a mais ampla apresentação de fatos gramaticais, publicados nesse idioma. Constitui uma plataforma de dados suficientes para conhecimento geral dessa língua e para novos estudos morfossintáticos desse idioma, ainda pouco explorado linguisticamente. Ao mesmo tempo, servirá também como ferramenta de apoio à Educação Escolar Indígena nessa etnia. O trabalho é apresentado em 15 tópicos principais, levando em conta as categorias gramaticais percebidas nessa língua, tais como: nome, pronome, verbo, posposição, numerais, advérbios, partículas e conjunções. Além disso, descreve também outros critérios gramaticais existentes, de maneira simplificada, mas suficiente para a compreensão básica de seu funcionamento, sendo: classe de temas e marcação pessoal, negação, interrogação e adjetivação. E, como como estrutura morfológica, a reduplicação, locução e estrutura e formação das palavras. Embora, algumas dessas categorizações e conceituações estejam ainda em processo de análise e aguardando uma definição mais concreta a partir de novos estudos junto a essa comunidade indígena, optou-se pelo registro desses dados até que novas pesquisas confirmem ou rejeitem algumas hipóteses ainda pendentes, para a conclusão da descrição morfossintática desse idioma. Palavra-chave: Língua Zo’é; Gramática; Descrição; População indígena.
ÍNDIOS ISOLADOS: PROTEÇÃO, EXCLUSÃO OU DOMINAÇÃO? A política indigenista brasileira tem sido marc... more ÍNDIOS ISOLADOS: PROTEÇÃO, EXCLUSÃO OU DOMINAÇÃO? A política indigenista brasileira tem sido marcada por várias tendências, movidas pelo espírito dominador do colonialismo e egocentrismo humano em detrimento dos direitos indígenas. Os primeiros anos de colonização do Brasil foram caracterizados pelo esforço dos Jesuítas em catequizar os índios e transformá-los em cristãos, enquanto os colonizadores usavam a força para escravizá-los e usá-los como mão de obra barata. Por outro lado, o esforço dos protestantes franceses e holandeses de anunciar-lhes o Evangelho, foi sufocado a preço de sangue pelos portugueses. Frustrada a tentativa de escravidão, passaram a ser considerados empecilhos para o progresso do país e, consequentemente, fadados ao processo de extinção. Nem mesmo o romantismo de José de Alencar, representante da tendência da época em que se procurava criar o mito do "índio perfeito", conseguiu mudar esse conceito. Somente, no início do século XX, com a criação do SPI (Serviço de Proteção aos Índios) em 1910 e a atuação das Missões Evangélicas, a partir de 1913, é que os indígenas começaram a ser reconhecidos e respeitados. A ascensão da Antropologia, da Sociologia, etc. e dos movimentos ecológicos, fez ressurgiu a tendência romântica do "índio perfeito e inocente" e só corrompido pelo contato com a sociedade dominante, criando assim o "mito do índio isolado". Essa ideologia tem sido pregada com tanta veemência que muitos, sem nunca ter visto um índio de perto e ou estar envolvido na causa indígena, defende com unhas e dentes essa tendência. Diante disso, vale perguntar: Quem são os índios isolados? Quais são os efeitos do contato com os grupos isolados? Os índios isolados estão protegidos? Podem os grupos minoritários sobreviver no isolamento? Querem os índios viver isolados? Até quando devem viver no isolamento? Essas e outras perguntas precisam ser respondidas com muita coerência para que os indígenas brasileiros, depois de 500 anos de dominação e exploração, não continuem a ser objetos das tendências impostas pela sociedade dominante, em detrimento dos seus direitos constitucionais garantidos e da manifestação da vontade indígena sobre o assunto.
“QUESTÃO ZO’É: A HISTÓRIA QUE NÃO É CONTADA” propõe mostrar aos leitores de bom senso a verdadeir... more “QUESTÃO ZO’É: A HISTÓRIA QUE NÃO É CONTADA” propõe mostrar aos leitores de bom senso a verdadeira história dos primeiros anos de contato da população Zo’é com a sociedade nacional e os efeitos positivos desse contato formal, que os autores da maioria dos artigos publicados sobre eles procuram ocultar. De fato, os Zo’é estavam em um sério processo de extinção devido à malária contraída em encontros informais com caçadores e seringueiros, bem antes do contato oficial. Graças a essa iniciativa e à dedicação dos que ali aturam tratando a saúde do povo, essa etnia voltou a crescer de 119 pessoas no primeiro censo para 136 em um período de apenas quatro anos (1987-1991).
Esta é uma coletânea de 3.183 vocábulos e expressões lexicais da língua indígena Zo’é (Poturu), q... more Esta é uma coletânea de 3.183 vocábulos e expressões lexicais da língua indígena Zo’é (Poturu), que habitam na região dos rios Cuminapanema e Erepecuru, ao norte do estado do Pará, falada em 1993 por cerca de 143 pessoas e pertencente à família linguística Tupi-Guarani do tronco Tupi. Estudos comparativos da época apontaram sua possível classificação em um dos seus subconjuntos: IV, VII ou VIII. Porém conserva características fundamentais da Proto-Língua, fazendo-nos perceber o seu grande valor histórico e referencial para os estudos das línguas indígenas brasileiras. Por ser este o primeiro registro dessa língua e tendo sua a análise fonológica ainda em processo, foram usados símbolos fonéticos de K. L. Pike, com algumas particularidades necessárias a uma boa percepção dos sons dessa língua. Embora, apenas arquivada na Biblioteca Nacional desde o ano de 1994, esta coletânea de vocábulos tem sido útil aos pesquisadores que a ela tiveram acesso e agora passa a ser disponibilizada a todos os interessados pelo estudo da língua Zo’é, bem como às demais línguas indígenas pertencentes à família linguística Tupi-Guarani.
Este trabalho, redigido em 1994 e arquivado na Biblioteca Nacional no dia 27 de janeiro de 1997, ... more Este trabalho, redigido em 1994 e arquivado na Biblioteca Nacional no dia 27 de janeiro de 1997, propôs apresentar resultado de pesquisa e descrição diacrônica da língua Zo’é (Poturu). Esta língua era falada, na época, por aproximadamente 145 pessoas, habitantes de uma terra indígena, situada entre os rios Cuminapanema e Erepecuru, Noroeste do Estado do Pará, até então ainda não demarcada. A análise e descrição comparativa de dados fonológicos, morfossintáticos, históricos, geográficos e estruturais em relação protolíngua Tupi-Guarani, do tronco Tupi e com outras línguas dessa mesma família linguística, resultou-se em uma INÉDITA sugestão de sua classificação nessa família linguística, conforme proposto por Rodrigues (1984/1985). Aspectos do seu desenvolvimento léxico-fonológico e morfossintático, são compatíveis com as demais línguas, pertencentes aos 08 subgrupos linguísticos proposto por Rodrigues, reforçando a proposta de sua inclusão na família Tupí-Guarani. Sendo os Zo’é, juntamente, com os Wayampi e Emerillon do subgrupo VIII os únicos falantes tradicionais de línguas Tupi-Guarani nessa região e com maior similaridade linguística com Wayampi, sugere-se também a sua inclusão nesse subgrupo. O corpus de dados aqui apresentados, foram coletados junto aos falantes nativos dessa língua, no período compreendido entre os anos de 1987 a 1991, por uma equipe de pesquisadores/aprendizes, razão de sua confiabilidade quanto ao registro fonético e sua interpretação semântica, como base segura de sua análise e descrição. Embora esse material já tenha sido disponibilizado anteriormente, mediante arquivamento na Biblioteca Nacional, aproveita-se agora os recursos da internet para dar maior visibilidade à comunidade acadêmica e ao público em geral, desta pioneira descrição diacrônica nessa língua indígena, com apenas algumas correções ortográficas necessárias e pertinentes ao momento acadêmico.
A autodesignação étnica dos indígenas que vivem na região dos rios Cuminapanema e Erepecuru no N... more A autodesignação étnica dos indígenas que vivem na região dos rios Cuminapanema e Erepecuru no Noroeste do Pará, contatados oficialmente em outubro de 1987, constitui ainda uma nomenclatura em discussão, embora o termo Zo'é [3] esteja sendo usado a longo tempo pela sociedade envolvente para designá-los. Portanto, neste artigo, proponho apresentar a trajetória de discussão a respeito, os fatores linguísticos e antropológicos que fundamentaram a percepção de sua autodesignação, bem como corrigir algumas distorções de interpretação do termo adotado atualmente para designar esse grupo indígena.
Zo’é is a Tupian language which is spoken by the homonymous ethnic group who live in the municipa... more Zo’é is a Tupian language which is spoken by the homonymous ethnic group who live in the municipality of Óbidos, state of Pará, Brazil. Classified as a vulnerable language by UNESCO, Zo’é has been little studied by field linguists. In a search of internet-based databases with the keywords Buré, Jo’é, Poturu, Poturujara, Poturú, Puturú and Tupi of Cuminapanema, only twenty publications were found to discuss in some depth the phonetic-phonological dimension of the Zo’é language. Following steps for a systematic review, closer scrutiny of these publications has revealed the existence of four distinct vowel inventories and five distinct consonant inventories of this language. As a result, a descriptive-analytical study was devised aiming to understand the reasons for such divergent descriptions, and to decide which of these inventories is more representative of Zo’é. In case all lack adequacy, our aim is to provide a revised, updated analysis. Currently, the team of researchers awaits permission from the Brazilian government to visit the Zo’é Indigenous Land to present the research proposal to community leaders and upon agreement start the process of data collection. Meantime, data collected in encounters with the Zo’é people in the 1980s and 1990s are being explored.
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Papers by Onesimo Castro
Neste documento, resultado de acurada investigação dos fatos, mediante análise de censos demográficos comparados com gráficos de parentesco dessa etnia, o autor aponta, pelo menos, 13 sérios equívocos de interpretação de dados feita pelos referidos pesquisadores, dentre eles: pessoas que, se estivessem vivas na época teriam mais de 100 anos, sendo que a média máxima de idade desse povo, calculada nos dois censos analisados foi de apenas 56,5 anos; nomes de várias pessoas listados como mortas duas ou três vezes; pessoas que teriam falecido por dor de dente; e até mesmo indígena do sexo masculino que teria morrido por questão de geração de filhos ...
Espera-se que os interessados em conhecer a verdade, possam ler este Laudo e, a partir dessa leitura, fazer o seu próprio juízo de valor a respeito e não permanecer iludido por falsas informações que frequentemente ocorrem sobre este fato.
Matéria relacionada: https://indigenismohoje.blogspot.com/2018/01/questao-zoe-historia-que-nao-e-contada.html
Neste documento, resultado de acurada investigação dos fatos, mediante análise de censos demográficos comparados com gráficos de parentesco dessa etnia, o autor aponta, pelo menos, 13 sérios equívocos de interpretação de dados feita pelos referidos pesquisadores, dentre eles: pessoas que, se estivessem vivas na época teriam mais de 100 anos, sendo que a média máxima de idade desse povo, calculada nos dois censos analisados foi de apenas 56,5 anos; nomes de várias pessoas listados como mortas duas ou três vezes; pessoas que teriam falecido por dor de dente; e até mesmo indígena do sexo masculino que teria morrido por questão de geração de filhos ...
Espera-se que os interessados em conhecer a verdade, possam ler este Laudo e, a partir dessa leitura, fazer o seu próprio juízo de valor a respeito e não permanecer iludido por falsas informações que frequentemente ocorrem sobre este fato.
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