Diante de um cenário de contradições do atual ensino da Matemática, no qual a prática tem se revelado insatisfatória para se alcançar os objetivos declarados para tal disciplina em documentos oficiais, sugerimos a situação adidática, um...
moreDiante de um cenário de contradições do atual ensino da Matemática, no qual a prática tem se revelado insatisfatória para se alcançar os objetivos declarados para tal disciplina em documentos oficiais, sugerimos a situação adidática, um conceito da Teoria das Situações de Brousseau (1933-), como ferramenta para uma aprendizagem matemática mais autônoma, ou seja, uma aprendizagem que possibilite o desenvolvimento de habilidades investigativas, interpretativas, críticas e criativas. A Teoria das Situações, elaborada pelo pesquisador francês Brousseau, é uma ferramenta de análise. Desse modo, a situação adidática é um conceito que permite modelar determinadas situações de aprendizagem a serem analisadas. O objetivo do presente trabalho é mostrar que este conceito também serve como instrumento metodológico, à medida que o docente, de posse dele, pode planejar situações potencialmente adidáticas em sala de aula. Baseada nesta teoria e em outras da Didática Francesa, bem como nas concepções de aprendizagem e desenvolvimento de Vigotski (1896-1934), buscamos analisar a aplicação de uma Sequência Didática em três momentos diferentes, os quais revelam três cenários escolares também distintos e três passagens da minha experiência como pesquisadora e docente. A Sequência Didática, planejada visando potencializar uma situação adidática, aborda o tema Análise Combinatória através de uma narrativa ficcional com desafios voltados para o Ensino Médio. Ao longo desse estudo, pudemos alcançar muito mais do que pretendíamos: percebemos que há fatores presentes na escola (independente de ser pública ou privada) que favorecem e fatores que desfavorecem o surgimento de uma situação adidática. No entanto, prosseguimos acreditando que planejar as aulas visando promover situações adidáticas, com todas as limitações presentes em nossa realidade educacional, é o melhor caminho para se chegar aos objetivos pretendidos para o ensino de Matemática, levando-se em conta as concepções de aprendizagem por nós adotadas.