segunda-feira, 31 de maio de 2010
Roteiro de Viagem
Roteiro Kaxinawá Jordão.
02 a 16 Junho - 15 dias e 14 noites.
Dia 02/06Chegada em Brasilia – Voo para Rio Branco
Reunião na casa dos povos da floresta
Noite em Rio Branco
Voo para Jordão – avião bandeirante
Transfer para aldeia São Joaquim
Dança da Jibóia
1º Ritual
Noite em São Joaquim
Caminhada no Parque de plantas medicinais com Pajé Muru – conversa com Pajé
Tecelagem com as mulheres
Apresentação de filmes Kaxinawá
Noite em São Joaquim
Transfer para Astro Luminoso
Ritual
Noite em Astro Luminoso
Pintura indígena no corpo.
Noite em Astro Luminoso
Transfer para Boa Vista
noite em Boa Vista
Caminhada na Floresta – visita ao parque de ervas
Ritual
Noite em Boa Vista
Dia 09/06Transfer para Belo Monte
Almoço em Novo Natal
Chegada em Belo Monte – apresentação de danças
Noite em Belo Monte
Transfer para Novo Segredo
Almoço Pão de Luz
jogo futebol crianças
Chegada fim da tarde – Novo Segredo.
Ritual
Noite em Novo Segredo
Dia em Novo Segredo
Café da manhã c/ tecelagem e canto
Visita ao parque
Banho de Lama - Manhã
Banho de ervas medicinais - Noite
Noite em Novo Segredo
Dia 12/06Inicio do retorno
Parada para dormir em Novo Natal
Tecelagem
Noite em Novo Natal
Transfer para Aldeia Nova Cachoeira.
Caminhada ao Parque.
Ritual
Noite em Nova Cachoeira.
Retorno para São Joaquim
Ritual de encerramento com Pajé Muru
Noite m São Joaquim
Transfer para Jordão
Voo para Rio Branco
Noite em Rio Branco
Voo para Brasília
retorno para Europa
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sexta-feira, 28 de maio de 2010
Fogo sagrado
Xukitê buna wanã wen nun ti buna wai kanõ nã!...Xukitê itxapabu buna wakã wen nun xuki kanõ nã... Iuinaka dutuxõ, nanu kawen, iuinaka daci dutuxõ, nanu kawen!... Iuinaka uwapa itxawakawen!...
Buronãbu itxakawen, tipash bu itxawakawen, baku mixtinbu itxawakawen nõ buyushi kanõ nã... Xunu buma bi kawen, itxapabõ kunã wakã wen, rabu baku mixtibu txawi kanõ nã! Munutanã ia iui bukawen! Nun ti buna wanõ nã... Nukun ti xunirã txakabukirã, nun ti buna wamarã, nuku dutukin, kuyukikirã - Nun ti buna warã, nuku dutua maimish kirã!
Nukun xunipabu ia iuia, in ninkabã ibã ininkirã... Nukun xunipaburã rawen txãish tin buna wabã ibã ininkirã! Nukun xunipaburã mawa õ nãnupabu, nukun xunipaburã pashka, nuku pashtin bã inibuki! Rateri hunu murã bunubõ , rateri mawanõbõ, rateri nai murã bunubõ... Nukurã nun baku mishti õ nã ishmapaki... Rabi nukun nabu ubishitaniburã õ nã nupabukirã!
Nun muxukiri ti buna wai kanõ... Xaba kiranaya dacibi naxikuyui bukawen. Ti xunirã nukawaki, kuyuibukawen! Bari kuya nun ti kutin wai kanõ... Muxu kiri baku mishtinbu ratu xuta dash kibukawen, rabu xuta huxupu bunubõ, nun kuya nishpu pimanun buna... Kuuwatã, dumõwatã, paburuwatã, nukun nabu hiwe butxa ratu iui tãkawen, rabu muxu kiri yuinaka pi bunõbunã, nukun ti buna watãnã, nu rãtxai kanõnã...
Nukun ti buna watãnã, umã txani nõ bukawen... Umã txani, kuyutãnã, titin nõ bukawen... Tirintãnã, tirin, kuyutã, katxa wa nõ bukawen nun nawanõnã!
Nukun nabu xunipabu ia iuicin nibuki, rabin nukurã bake mishtin nun un nãishmapaki... Rabãu nuku iumuwanirã, mawa pupabuki, dubunibuki. Rabin nukurã dubukiriã, mishtin, õnãyamash ikai... Rabõ nukun xanen iburã mawa õnãnupabu dubunibuki! Nukun uparã, ratõ nukun xunipabu ratu iumuwanirã, mawa õnãkaya mawaniki... Nun iumuirã, paxukiria iumuniki!... ”.
Tradução do texto:
“ Vamos fazer fogo novo! Nosso fogo velho está ruim, apaguem ele. Façamos fogo novo! Amanhã vamos fazer fogo novo... A gente já pode matar o fogo velho, é ruim o fogo velho. Amanhã a claridade está chegando, vamos todinhos sem falta nos banhar, vamos, para fazer nosso fogo novo.
Novos acendedores vamos fazer para irmos fazer o novo fogo. Façam novos acendedores para nós lidar com eles... Matem caça, botem para assar no moquém, matem muitas caças e botem para moquinhar! Ajuntem caça grande...
Ajuntem-se, rapazes, e ajuntem-se, moças, ajuntem-se, crianças, para nós irmos brincar... Vão tirar as sapopemas das samaúmas e façam muitos banquinhos para as crianças poderem se sentar. Depois que vocês acabarem, venham me dizer para nós fazermos o fogo novo. Nosso fogo velho ficou ruim, se não fizermos o fogo novo isso vai nos matar, acaba com a gente – mas se fazemos fogo novo, não nos mata não.
Nossos velhos me disseram sempre, eu ouvia. Antes todos os dias se fazia fogo novo. Nossos velhos mais inteligentes, nossos velhos se espalharam, largaram a gente, foram embora. Uns foram para o alto dos rios, uns morreram, uns foram para dentro do céu... Nós, meninos pequenos, não somos assim inteligentes como nossa gente que se espalhou. Vamos fazer fogo novo amanhã então... A claridade está chegando, quando amanhecer vão todos se banhar... Apaguem os fogos velhos! Acabem! Quando o sol estiver alto nós vamos acender o fogo. Amanhã os dentes daquelas crianças vamos arear, para eles virem com os dentes brancos bonitos para com o sol alto a gente fazer nixpu.
Furamos os beiços, furamos as ventas, furamos as orelhas, vão dizer para as pessoas das outras casas virem para comer caça com a gente, fizemos fogo novo para nós irmos conversar... Fizemos nosso fogo novo, vamos festejar batizado. Festejamos o batizado, acabamos, vamos bailar! Bailamos, bailamos, acabamos, precisamos fazer caiçuma para nós dançar.
O pessoal antigo, nossa gente velha, me ensinou, porém nós crianças não somos inteligentes o bastante. Aqueles que nos criaram eram muito bons, mas acabaram. Nós que viemos por derradeiro, crianças, não entendemos o bastante. Aqueles nossos tuxauas muito inteligentes acabaram-se. Nossos pais, aqueles que nossos velhos criaram, muito inteligentes e direitos, morreram. Nós, nos criamos, os restos do galho...”
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Os pajés-cantores da floresta
Cerimônias de Pajelança do Povo Hunikuin do Estado do Acre vêm sendo apresentadas como celebrações da cultura ameríndia da floresta amazônica em diversas partes do mundo nos últimos anos: França, Holanda, Espanha e Suécia já receberam pajés dedicados à valorização e preservação dessa etnia. Foram eles os mesmos “kaxinawás” (nome que a sociedade brasileira dá ao povo hunikuin) que serviram de matéria para a primeira obra da etnografia nacional, no Rio de Janeiro da Belle Époque, por mãos do sábio cearense Capistrano de Abreu, cem anos atrás. A luta política pelos direitos da terra, tanto no Purus como no Tarayá-Jordão, expressou-se a partir de 1988 quando da Aliança dos Povos da Floresta, assinada em Rio Branco, Acre, como de relevância internacional, o que deu à nação hunikuin oportunidade de qualificações em educação indígena diferenciada, técnica agroflorestal e enfermagem a benefício do conjunto da vida comunitária. O mesmo quanto ao estudo dos saberes de suas tradições, através do engajamento contínuo de jovens pajés, como exemplo do orgulho e zelo dos “kaxinawás” por suas etnociências. Por meio da evocação dos seres de força da floresta, a comunhão do nixipae-ayahuasca está no âmago da sua atividade espiritual ampliando a consciência étnica e ambiental desse povo original do grande tronco linguístico chamado “Pano”, nas fronteiras da Amazônia peruana e brasileira.
Em visita a Belo Horizonte, a convite da universidade federal, uma comitiva hunikuin apresentou-se no Centro Yachak, dirigido por Ricardo Villanueva, onde conheceram um cacique pataxó de Coroa Vermelha, Bahia, que fez o convite da visita dos pajés hunikuins. A apresentação da Pajelança da Floresta no Parque Nacional de Monte Pascoal, durante celebrações da Entrada da Primavera de 2010, será marco também do lançamento da ABRASET – Associação Brasileira de Etnoturismo.