– Entrevista com especialista
Texto tirado Internet
Se existe um segredo para o desfralde
ser um sucesso, além de muita paciência por parte dos adultos, é iniciar esse
processo quando a criança realmente estiver pronta. Quando isso acontece?
Vários sinais podem revelar se seu filho está realmente pronto. Mas alguns
sinais básicos podem dar o start: geralmente, acontece por volta dos 2 ou 3
anos, a criança já anda bem, sabe falar, entende instruções simples, entende o
que é “xixi”, já fica seca por mais tempo (geralmente 3 horas) e se fica
incomodada com a fralda suja e até a arranca.
O fato é que o controle das
esfíncteres é a fase mais difícil no desenvolvimento infantil. Exige da criança
um poder até então desconhecido para elas: perceber o movimento intestinal,
segurar esse movimento, ir até o penico – a metros de distância, coisa que até
então elas não se preocupavam, se posicionarem e então fazer o xixi ou o cocô.
Imagina, isso tudo é praticamente um cálculo aritmético para uma criança de
dois anos.
O importante dessa fase é estarmos
atentos aos sinais da criança. Pais e cuidadores precisam deixar a ansiedade de
lado e deixar a Dona Paciência atuar. Lembrando que independente de todos os
sinais, cada criança tem seu tempo e isso é preciso respeitar.
Para contrubuir com essa fase, vamos
produzir aqui no Bossa Mãe, conteúdos sobre o assunto. A ideia não é falar só
do nosso processo pessoal, mas ajudar com informações de qualidade vindas de
profissionais também de qualidade.
Para abrir as pesquisas sobre o
assunto, convidei a Dra. Teresa Ruas, especializada em desenvolvimento infantil
e consultora Fisher Price, é mestre em educação especial,
doutoranda em saúde coletiva e consultora sobre desenvolvimento infantil. Nessa
breve entrevista, a Dra. Teresa fala sobre o momento certo, os sinais e deixa
algumas recomendações.
BM: Existe idade
certa para iniciar o desfralde?
TR: O desfralde é uma etapa e uma
aquisição que requer muita paciência e calma por parte dos pais e familiares.
Fisiologicamente, a criança inicia o controle muscular do esfíncter e da bexiga
por volta de 1 ano e 5/6 meses. Portanto, frequentemente, as crianças começam a
dar sinais que estão preparadas para o desfralde por volta de 2 anos. Apesar de
uma alta frequência de aquisição deste comportamento por volta da idade
supracitada, não há uma idade específica “mais ou menos” correta para o início
da retirada das fraldas. Isto acontece, pois cada criança tem o seu próprio
ritmo de crescimento, de maturação e de aquisição de novas habilidades. Por
isso mesmo é que muitas crianças iniciam o desfralde por volta dos 3 anos e
algumas perto dos 4 anos. Portanto, os pais não devem ficar angustiados com a
idade mais correta para dar início a esta nova fase e, sim, ficar bastante
atentos aos sinais que a criança fornece sobre a etapa de seu desenvolvimento e
maturação.
BM: Quais são os
sinais de que a criança já tem maturidade para a retirada das fraldas?
TR: Alguns sinais podem ser indicativos
que o momento certo está chegando, tais como: a criança anda com mais
independência/já adquiriu mais controle dos movimentos das pernas e pés/já
consegue andar com mais firmeza e equilíbrio; consegue ficar seca por mais ou
menos 3/4 horas, ou seja, já consegue segurar o xixi; demonstra horários mais
ou menos frequentes para evacuar, por exemplo, sempre depois da primeira mamada
do dia, após o almoço e/ou após o jantar; demonstra incômodo e/ou irritação
quando está com a fralda suja; já demonstra interesse pelos hábitos e rotinas
de higiene; já consegue permanecer sentado por alguns minutos com o tronco
ereto e os pés apoiados no chão; consegue entender pedidos/instruções simples,
como, por exemplo, “pega aquela bola que está no seu quarto”; já entende o
significado de xixi e cocô; já identifica o penico e/ou a privada como os
locais corretos para fazer o xixi e o cocô; já consegue entender os sinais
fisiológicos do corpo e já consegue pedir ou dar sinais que está com vontade de
ir ao banheiro.
BM: Quais as
recomendações para passar essa fase sem traumas?
TR: Sempre recomendo aos pais a
iniciarem o desfralde no verão e com alguns aspectos motivacionais, como:
calcinhas/cuecas de personagens animados e/ou contos de fadas. Livros infantis,
histórias, figuras, brinquedos prediletos podem ajudar neste processo. Caso a
criança esteja vivenciando uma mudança brusca de rotina, como, entrada na
escola, chegada de irmão mais novo, gravidez da mãe, mudança de casa e/ou
outros fatores, o recomendado é adiar este processo.
BM: Quando tirar
também a fralda noturna e quais são as dicas para essa fase?
TR: O desfralde noturno também deve
seguir importantes sinais, como: a criança acordar seca e fazer aquele xixi
(grande volume), pedir para não usar mais as fraldas e/ou se sentir incomodada
com elas, acordar no meio da madrugada e pedir para ir ao banheiro, demonstrar
sinais de independência, como saber tirar e colocar a calça. Caso a criança
faça xixi e/ou cocô na cama, a orientação é a mesma, ou seja, nada de castigos
e/ou repreensões.
BM: É importante os
pais saberem que cada criança tem seu tempo de maturação, ou seja, que não
existe um tempo de duração (início, meio e fim) para o processo de desfralde. O
que a Dra. aconselha?
TR: Apesar de ter dado uma lista de
sinais importantes, a criança não precisa demonstrar todos para o início desta
fase. Porém, esta atividade diária e de autocuidado precisa ser entendida, ter
significado e ter o desejo por parte da criança. Caso ainda não existam estes
três importantes fatores, mesmo que a idade esteja mais avançada, a criança não
estará pronta para esta nova aquisição. Este aspecto é muito importante que os
pais prestem atenção, especialmente, os pais de crianças com necessidades
especiais. Além disso, os pais de crianças prematuras extremas precisam
corrigir a idade, pois a idade cronológica destas crianças nem sempre expressam
a etapa de desenvolvimento apresentada.
Além disso, os pais precisam estar
cientes de que os “escapes” acontecerão. Isto é extremamente normal e a criança
não deve ser penalizada/castigada por isto. Caso a criança ainda não se sinta a
vontade em ir ao banheiro e/ou permanecer no penico e/ou privada com o redutor,
os pais não devem forçar e/ou penalizar e/ou entrar em uma “paranoia” de fazer
reforços positivos. Esta realidade pode levar a consequências desagradáveis,
como, a prisão de ventre e demonstra que a criança necessita, primeiramente, de
maior familiarização com este contexto. É importante lembrar que a rotina de
horários para ir ao banheiro pode ser muito penosa para algumas crianças.