A minha filha tem tudo para brilhar. Ela brilha, mas ainda a considero um diamante em bruto. Tento lapidar daqui, a vida em si lapida dali e ela, como que querendo ficar com as suas aparas, resiste, resiste bastante. Não está a ser fácil esta fase que, dizem, dura até aos 20/21 anos - ainda vamos nos 14 e tenho momentos em que já não aguento. Mas eu também faço um esforço, respiro fundo quando possível e até fujo para o ginásio, para o passeio com o Balzac ou até mesmo para o vale dos lençóis e edredons, para me esconder e adiar conversas difíceis. Inverteram-se os papéis, ou tenta ela, digo eu - porque me pressiona, insiste, tenta vencer-me pelo cansaço, tenta que eu diga um sim, após dizer um peremptório NÃO. Não aceita o tal NÃO na verdade. Por vezes vejo-me forçada a dar a conversa por terminada porque este ser humano que saiu de dentro de mim, é de facto desafiante. Mas, consegue ser tão deliciosa e amorosa e adorável - pouco, mas consegue. E faz-me sentir um orgulho imenso n...
Não que me tenha esquecido, muito longe disso - mas ontem foi um dia mais introspectivo, algo triste e não lhe prestei a devida homenagem pública, embora não me tivesse saído do pensamento. Teria cumprido 93 anos ontem a minha saudosa avó Isabel. Sem a sua existência eu não existiria e acima de tudo sem os seus ensinamentos eu não teria certas qualidades que sei ter, mas ainda continuo a anos luz da sua grandeza que é inalcançável. Será sempre uma referência para mim, e sinto a sua presença ao de leve, ao meu lado, como se de um sopro se tratasse, diariamente. Por vezes sinto um ligeiro "vai em frente", por vezes sinto que apenas observa e espera que eu faça o meu melhor, com carácter, honra e respeito; por mim e pelo próximo. Por vezes sinto que se orgulha, esteja onde estiver, outras vezes sinto como que o seu silêncio e uma certa reprovação, não que ao mesmo tempo não lhe sinta também a leveza da mão por cima do meu ombro. A saudade, essa, é imensa e crescente. Sempre no ...