sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

DA MANEIRA MAIS SIMPLES

Tor Lundvall



É apenas o começo. Só depois dói,
e se lhe dá nome.
Às vezes chamam-lhe paixão. Que pode
acontecer da maneira mais simples:
umas gotas de chuva no cabelo.
Aproximas a mão, os dedos
desatam a arder inesperadamente,
recuas de medo. Aqueles cabelos,
as suas gotas de água são o começo
apenas o começo. Antes
do fim terás de pegar no fogo
e fazeres do inverno
a mais ardente das estações.
Eugénio de Andrade
Na minha folha, aquela onde ficaram alguns rabiscos (uns que não consegui outros que não quis apagar) ficou o sonho de ultrapassar o inverno sempre que ele chegue, num percurso sem fim.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

QUAL É O ROSTO DA FELICIDADE?

Lembro-me de na minha adolescência sempre ter havido livros do Quino lá em casa. Evidentemente que inicialmente os que fizeram as minhas delícias foram os da Mafalda.
Num destes dias estava numa livraria quando me deparei com uma colecção da minha querida Mafalda. De imediato peguei num livro à sorte e a primeira faixa que vi foi esta.
Apesar de já a conhecer naquele momento surtiu em mim um grande impacto.
Como reconhecer a Felicidade? Qual o seu rosto?
Tantas vezes a sonhamos, a imaginamos que acabamos por a delinear com traços bem definidos.
Às vezes surge-nos à porta aquela imagem que toda a vida desejamos e esperamos. Abrimos-lhe a porta e abraçamo-la... por instantes que podem ser anos. Por vezes, mais tarde, vimos a descobrir que tínhamos aberto a porta, mas não à Felicidade.
Noutros casos, batem-nos à porta - rosto estranho, desconhecido, desagradável até. Fechamos a porta de imediato, não se vá dar o caso desta criatura se atrever a entrar. Porta fechada, sentimo-nos em segurança novamente e nem sequer voltamos a olhar para trás.

Nem sempre aquilo que desejamos e que tanto queremos é o que nos trás a felicidade. Por isso, nesse momento tenho uma simples folha de papel, com alguns rabiscos, que apenas não está em branco, porque não consegui apagar por completo a imagem da minha Felicidade. Nunca imaginei que uma página quase branca pudesse conter tanta beleza!

sábado, 3 de janeiro de 2009

ESPELHO INTEIRO

Sentada na cadeira de dentista, após observação cuidada da minha distorcida boca, apercebi-me aterrada que a sugestão da Olá é que seria aceite : "Bisturi, por favor.", diz a médica para a assistente e explica-me: " Vamos ter de drenar o quisto." A grande vantagem é que a anestesia não foi o meio copo de sidra, mas sim ministrada por três dolorosas picadelas.
E aqui estou eu com a metade esquerda do rosto inchado até ao olho, lembrando uma vítima de violência doméstica. Tratada com uma quantidade de antibióticos, analgésicos e anti-inflamatórios e com o remédio mais antigo de todos: bochechos de água e sal para ajudar a drenar o quisto e o carinho sempre presente da minha mãe ( não quero ser injusta para todos os outros que me têm apaparicado, mas nestes momentos não há nada como a nossa mãe) . Triste por não não me ter sentido com forças para estar com os meus pequeninos que felizmente regressam logo à noite.
Entretanto hoje aproveito o tempo para vos visitar e retribuir visitas, que por motivos de tempo, não tinha tido oportunidade de fazer. Sim, porque hoje sinto-me bem melhor e disto é testemunha o espelho que não se partiu logo de manhã quando devagarinho fui espreitar o rosto que lá estava.

Obrigada pelo vosso carinho.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

DOR DE DENTES....OU MELHOR DOR DE PRÓTESE


Há uns anos atrás, para aí há 6 anos, coloquei uma prótese dentária, com um dentinho apenas, fixa. Não sei se sabem do que estou a falar: uma coroa com uma espécie de parafuso que fica colocada na gengiva, no lugar do dente original. Primeiro esteve provisória, para averiguar se não havia problemas de alergias e há 4 anos, atentem bem há 4 anos, passou ao estatuto de definitiva. Estava feliz com ela, não se distinguia dos outros dentinhos, mastigava como deve ser e não me provocava qualquer desconconforto. Até que há três semanas, sem mais nem menos, decidiu cair. Fui à minha dentista que me disse esse ser um caso raro e que após as devidas desinfecções voltou a colocá-la no lugar: 1º molar superior esquerdo (não sei se é bem assim que ela designaria a sua localização). O problema é que ontem a gengiva começou a doer, só uma moinhazinha, nada de grave. Deveria ter feito o que a minha querida amiga Sani me teria sugerido perto da meia-noite: "Vai às urgências!" Mas este é um local de que não gosto especialmente e de certeza não era a minha escolha para a passagem de ano. Assim, fiquei toda a noite bem sossegadinha na cama, sem me poder virar, com dores e sem analgésicos que fizessem qualquer efeito. Pela manhã li que a Maria me recomendava, nada mais nada menos, uma ida a Cuba, onde todos nós sabemos que a medicina se encontra bastante desenvolvida. A Olá apareceu de faca em riste e discutiu com a Coragem, mulher de não ficar parada perante as dificuldades, qual dos métodos tradicionais seria o mais eficaz para por fim ao meu sofrimento: retirá-la utilizando o famoso utensílio da Olá ou amarrar uma ponta de um barbante à prótese e a outra a uma porta. Para ambas as sugestões faltava a anestesia! Para tal prontificou-se o Profeta com o meio copo de cidra que lhe sobrava. As duas declararam a quantia insuficiente... O meu amigo Nocturno interveio afirmando que se tivesse aceitado a sua proposta de ir ao Alaska nada disto me teria acontecido, uma vez que as temperaturas por aquelas bandas não são nada propícias ao desenvolvimento de infecções. A minha querida Violeta, sempre atenta aos meus problemas, veio desejar-me que encontrasse a chave para o problema o mais breve possível. A Carla Sofia também me animou desejando que neste "primeiro dia do ano ...dê o primeiro passo na conquista de um sonho meu". Do F.M. chegou-me uma prenda de Natal atrasada (tal como o livro, estás desculpado com a história da insularidade) uma caixa com uns pós de "perlimpimpim" e a f@ disponibilizou-se imediatamente, lá do infinito das suas nuvens, a salpicar-me com estes pózinhos mágicos. A minha querida Blue Velvet disse-me para aguardar com esperança as previsões que o Carlos irá publicar nas suas Crónicas e aconselhou-me a Recomeçar... Presente nesta minha humilde casa desde o início e acabado de chegar de Madrid, o Professor Manuel Damas, apesar de afirmar esta não ser a sua especialidade, em apenas um minuto enviou-me uma receita electrónica e sugeriu-me cuidados com a higiene oral.