Papers by Arthur Feller Rigaud Cardoso
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) - Licenciatura em História, 2021
A presente monografia de conclusão de curso teve como objetivo compreender as relações entre disc... more A presente monografia de conclusão de curso teve como objetivo compreender as relações entre discurso político e retórica em Portugal durante os séculos XVI e XVII (1564 – 1612). O recorte do trabalho foi tomado a partir do período de escrita das duas versões dos diálogos do “Soldado Prático” de Diogo do Couto, fontes utilizadas para análise, pelas quais se buscou caracterizar as estratégias literárias e retóricas, bem como os principais argumentos, propostas e projetos imperiais para a manutenção do Estado da Índia Portuguesa. Dessa forma, buscou-se compreender a relação de Couto com a sociedade em que viveu, na mesma medida em que foi atravessado por diferentes correntes de pensamento políticas de sua época, refletidas nos temas e debates expostos em suas obras. Utilizando-se das contribuições de Roger Chartier, Diogo Ramada Curto e Mikhail Bakhtin, foi possível ter uma percepção tanto macro quanto micro da produção e veiculação do discurso político português do período analisado. A partir da compreensão dos preceitos retóricos e teóricos adotados pelo autor, foi possível contribuir com uma análise aos estudos sobre os diferentes usos políticos do gênero dialógico na cultura letrada portuguesa.
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 2024
A partir de finais do século XVI, centralmente no período em que Portugal se insere como parte da... more A partir de finais do século XVI, centralmente no período em que Portugal se insere como parte da Monarquia Hispânica (1580 – 1640), a presença portuguesa na Ásia passa a enfrentar dificuldades estruturais e conjunturais, impactando a produção escrita da época com um certo tom de pessimismo e desengano. Ao mesmo tempo, a conquista e colonização do Brasil começa a ser desenvolvida de forma mais ampla, multiplicando também a produção de obras e textos que versavam sobre a região. Ao passo que a historiografia comumente entende esse processo enquanto uma “viragem estrutural” ou “transição de olhares” do Índico ao Atlântico, centrada mais em aspectos econômicos, uma leitura mais ampla da produção literária do período nos permitiu perceber outras facetas das relações políticas da época. Portanto, analisamos o discurso político português, buscando caracterizar a relação entre a produção de projetos políticos para o Brasil com as propostas de reforma para o Estado da Índia. Ao longo da pesquisa, partimos de uma análise das obras concebendo o discurso como ação política, enfatizando aspectos do contexto sócio-político relativos ao Império Português, mas centralmente o contexto intelectual e a linguagem política em que esses discursos foram desenvolvidos, a partir de obras e textos de gêneros diversos, impressos ou manuscritos. Foi possível perceber, ao longo de todo o Período Espanhol, diferentes usos das noções de “decadência”, “comércio”, “conquista” e “razão de Estado”, tanto na “descrição” quanto na “prescrição” de propostas e projetos imperiais. Da mesma forma, destacamos que a crescente valorização do Estado do Brasil acompanha as mudanças na conjuntura e na “gramática” política, mas também que o Estado da Índia permanece nos horizontes e interesses dos autores portugueses, até finais do reinado da Monarquia Hispânica. Portanto, os interesses e preocupações pelo Brasil, durante a União Ibérica, surgiam e eram concebidos em relação à Índia, e não em oposição a ela, de forma que os discursos da época apresentam múltiplas preocupações e aspectos que não se esgotam no econômico e mercantil, mas são ancoradas fortemente na filosofia moral e na “razão de Estado”.
Anais do XIV Encontro Estadual de História – História: Fome, Direitos Humanos e Democracia, 2022
O presente artigo se propõe a analisar a concepção de declínio da Índia portuguesa, presente na c... more O presente artigo se propõe a analisar a concepção de declínio da Índia portuguesa, presente na cultura escrita desde o começo do século XVI, como argumento legitimador de projetos políticos entre os anos de 1600 e 1618. A historiografia portuguesa, em meados do século XIX, fizera uma leitura decadentista econômica e moral da nação, tida como resultado da expansão ultramarina. Pesquisas recentes, apesar de desconstruírem esse paradigma, costumam seguir duas linhas de análise: uma cultural, como Maria Leonor Garcia da Cruz, que estuda a visão moralista de autores portugueses sobre um declínio moral do povo; outra econômica, como Sanjay Subrahmanyam, que discute a existência de uma decadência econômica do Oriente por trás de uma "virada atlântica", liderada pela economia açucareira no Brasil. É interessante pensar como essas duas noções do Império português se encontram na cultura escrita, sendo apropriadas pela literatura como debate político. Pretende-se mostrar de que forma quatro autores, D. Frei Amador Arrais, Ambrósio Fernandes Brandão, Diogo do Couto e D. Frei Luís Mendes de Vasconcelos, pensaram supostas ideias de uma decadência do Oriente em suas obras, ao passo que defendiam diferentes projetos políticos para o Brasil, Índia e Marrocos.
Thesis Chapters by Arthur Feller Rigaud Cardoso
Diálogos sobre história: antiga, medieval e moderna. , 2024
Interrogando a respeito das vinculações entre as ideias e a prática política no império português... more Interrogando a respeito das vinculações entre as ideias e a prática política no império português, o presente capítulo almeja discutir como se apresentava tal inter-relação e as perspectivas de pesquisas para o campo da história política apresentadas por esse escrutínio. Assim, procura-se discutir alguns caminhos do fazer historiográfico a respeito do estudo acerca da política na monarquia portuguesa dos séculos XVI e XVII, abordando as relações existentes entre as dimensões do pensamento e do exercício do poder. Ao longo do texto, trouxemos aportes sobre a temática e discussões em torno da produção historiográfica concernente à temática do poder político (como de possibilidades metodológicas e de utilização de fontes), notadamente em torno das interconexões entre as ditas esferas existentes naquela realidade e possíveis na operação historiográfica. Num primeiro momento, destacamos a relação entre o pensamento político do período com o exercício do poder, sendo ambas duas facetas indissociáveis da produção discursiva, enfatizando a forma como a prática política era lida e compreendida pelos autores da época. Abordamos também as relações entre a organização da monarquia e atuações no seu âmbito com concepções próprias do período e elementos culturais dele, observando as particularidades de cada elemento e conexões no interior da unidade do político. Unidade que também se apresentava entre o pensar e o agir no universo político do império português.
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