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terça-feira, 24 de maio de 2011

Uma noite observando borboletas nocturnas no Alentejo

O Alentejo é aquela região de Portugal que despertou para o estudo da biodiversidade apenas muito recentemente. É que por um lado a riqueza, a aristocracia (as pessoas que têm tempo) e efectivamente a maior parte da população sempre viveu ou na franja litoral entre Lisboa e o Porto ou então no norte do país. A proximidade a esses locais mais húmidos e ou montanhosos e luxuriantes e a distância enorme para uma região deprimida economicamente e pouco acidentada em tudo dificultaram o estudo da rica fauna e flora que existe no Alentejo.
Foi apenas com o despertar do Algarve em meados do século XX como destino turístico que as vias começaram a ser melhoradas e tornou-se mais fácil aí chegar. Apesar de ser "apenas uma vasta zona plana" no caminho das praias algarvias, devagarinho se começou a olhar mais para os tesouros escondidos do Alentejo.
Longe de ser apenas a vasta planície de erva doirada onde o pôr-do-sol de final de Verão não deve nada ao tipicamente africano, pautada pela ocasional azinheira ou o altivo "Monte", o Alentejo possui uma variedade de habitats e ecossistemas notável fruto da sua extensão e micro-climas, das diferentes práticas agrícolas e da imensamente variada geologia.
No que diz respeito às borboletas, que como me canso de dizer, são um dos melhores grupos que podemos estudar para avaliar o estado de saúde dos ecossistemas apenas muito recentemente se tem prestado alguma atenção ao Alentejo: é uma região enorme, fracamente povoada, há poucos borboletólogos e é preciso algum engenho e arte para encontrar borboletas que pela secura que pauta esta região têm períodos de voo algo ajustados aos fugazes períodos mais favoráveis, entre o final do Inverno e Junho e no final do Outono: o Verão é geralmente tórrido e o Inverno húmido e frio.
Nos últimos anos eu, o Dinis Cortes e o Ivo Rodrigues temo-nos dedicado a tentar saber que espécies de borboletas nocturnas existem no Alentejo profundo e sempre que possível têm se feito sessões de armadilhamento para assim podermos estudar uma interessante fauna tipicamente mediterrânica e ainda desconhecida. Temos tido também a ajuda / companhia frequente de inúmeros colegas e amigos que tornam tudo mais especial.

No passado inicio de Abril lá fui eu, o habitual Dinis Cortes e o Fernando Romão tentar armadilhar numa zona a sul de Serpa, perto do Pulo do Lobo onde nunca antes se havia armadilhado por borboletas nocturnas. Trata-se de uma zona de meia encosta perto da Ribeira de Limas. Estávamos rodeados de matagal mediterrânico de estevas e azinheiras sobre substrato de xistos, habitat que não sendo demasiado rico é típico de uma vasta área no sul de Portugal.

Dinis Cortes e Fernando Romão... em acção.

Foi visto um total de 56 espécies diferentes, a maioria componentes de uma característica fauna primaveril mediterrânica que em Portugal podemos encontrar no Algarve, no Alentejo e algumas espécies no vale encaixado do Douro.
Ora aqui alguns exemplos, que mostram a diversidade de formas, cores e padrões nas borboletas nocturnas.


Gnopharmia stevenaria (Geometridae)


Dyscia penulataria e Dyscia distinctaria (Geometridae), duas espécies semelhantes morfologicamente, distintas ecologicamente.


Omphalophana serrata (Noctuidae) - incomum espécie mediterrânica.


Synthimia fixa (Noctuidae) - na Primavera, esta espécie é típica nestes habitats, voando de dia e de noite.


Zethes insularis - Espécie subtropical, rara em Portugal e agora nova para o Alentejo.


Lymantria atlantica (Lymantridae)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

You know who I am




"And who cares if they don't ever understand
And I love you because you know who I am"

Alytes cisternasii (Anura, Alytidae)
Alentejo, Portugal
[these pictures are also featured on the ARKive website, devoted to the broadcasting of rare and charismatic species all over the world: http://www.arkive.org/iberian-midwife-toad/alytes-cisternasii/ ]

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Lemonia philopalus, the incredible Iberian winter-night flier

Who would imagine that away from all the huss and fuss of Spring and Summer, away from the balmy nights that bring up so many interesting insects to our porch lights there would be something flying in mid winter?

Did you know there are moths, beetles, caddisflies, mayflies, bugs and other insects still flying through the year in temperate regions? Of course there are less species, life is more difficult in the cold... but what you see is usually quite unique so if you don't venture out, you won't see some of the best adapted species in our fauna.

This post is about one of them, a peculiar moth called Lemonia philopalus (Lepidoptera: Lemoniidae) which we can find only in southern Portugal and Spain and Morroco+Algeria.



It flies in winter nights (November-January) when it rains heavily and temperatures are freezing cold! No wonder why it has been discovered in Portugal only a mere 7 years ago, in spite of its size and beauty.

Females are larger than males and fly a bit less easily. One can distinguish them easily by the more flimsy antennae.



As for now, this species is only known from the wide peneplains of Alentejo where this pretty much acts like a steppe species adapted to survive in quite open situations, it seems to favour traditional agricultural practices and an intensive use of soil without semi-natural pastures seems to affect its populations.

The catterpillars feed on dandelions (Asteraceae) like Taraxacum officinale, Lactuca sp. but especially on Sonchus oleraceus and Crepis capillaris which are in full bloom in March and April when we can see the hairy caterpillars.



In a recent study, we have discovered that this species is seriously threatened by intensive farming practices in Alentejo, especially olive groove monocultures which use lots of herbicides eliminating foodplants, mobilizing soil in a manner incompatible with the pupal stage (underground) and improper management of roadsides and hedgerows.

It's our duty to know more and do our best to conserve rare species like this moth.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Jewels from the meadow 3: Orchis collina


This is a rare species in Portugal, whose distribution seems to be fairly limited to the Adiça range, a mountain ridge in Alentejo made up of highly metamorphic carbonated rocks. Alongside this species we can find many calcicole plants and animals, rare in Portugal and the Iberian Peninsula.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Jewels from the meadow 2: Orchis italica

Orchis italica is one of the most common orchids in calcareous grasslands in Portugal often in huge populations, though it is seldom seen elsewhere. The lower petal of each flower has a very interesting shape: if attention is payed over it we can hardly see a man's shape... with everything in it!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Melitaea aetherie

Esta está sem dúvida no top 5 das espécies de borboletas diurnas mais raras em Portugal e na Europa, apresenta colónias apenas no sul de Portugal e SO de Espanha, Marrocos e Sicilia.
No sul de Portugal e Espanha encontra-se seriamente ameaçada pela construção galopante sobre os habitats sensíveis ao longo do litoral e está em iminente extinção. Descoberta recentemente no interior do Alentejo, as novas colónias conhecidas (3) são uma lufada de ar fresco na consevação desta espécie mas a recente proliferação de agricultura super-intensiva do olival pode vir a revelar-se prejudicial para a espécie.
Este ano descobriu-se pela primeira vez em Portugal na fase larvar e aqui represento um dos poucos registos existentes, desde a lagarta de último ínstar até à fase adulta.



As lagartas alimentam-se de Cynara cardunculus, (Asteraceae) um cardo de grandes dimensões que se encontra em zonas quentes de todo o país, particularmente sobre solos ligeiramente básicos e é uma vulgar espécie de bordos de culturas no sul de Portugal. Contudo a borboleta é de facto muito localizada e encontra-se seriamente ameaçada, apesar de estar mal conhecida.

Lagarta prestes a pupar.

Pupa

Macho adulto

This is undoubtelly on the top 5 of the rarest butterflies in Portugal and Europe with isolated colonies only in south Portugal, SW Spain, Morocco and Sicily. In southern Portugal and Spain it is seriously threatened by fastly increasing urbanisation on sensible habitats where it is to be found along the coasts and it's extinction is imminent.

sábado, 6 de setembro de 2008

Lep Series 3 - Pseudophilotes abencerragus




Pseudophilotes abencerragus is one of the smallest butterflies in the world. This liliputian butterfly is as small as it is rare, found only in very few places in Portugal, Spain and Morocco where its colonies are very local and butterflies fly in rocky places with sparse vegetation, which constitutes their habitat.
This is a highly stenochorous species as they fly around the foodplants and little more, not going much further than a couple of meters away.


In Portugal this rare species is to be found mostly in the Algarve, with scattered populations elsewhere. Their caterpillars feed only on the smalish Cleonia lusitanica, from the rosemary family.



This was photographed in Baixo Alentejo, Portugal, in a newly discovered colony, found only last year.