Naquele tempo, as pessoas se reuniam ao redor daquela senhora, para dela conseguirem os casacos de palavras que ela tão bem tecia e que magicamente vestia a todos que a procuravam.
Noites após noites, ficavam à espera da distribuição de tais casacos, que sempre acontecia ao redor da meia noite.
Mas, para mantê-los sempre agasalhados, ela às vezes distribuía pequenos mimos durante o dia e até promovia alguns jogos de palavras, onde exercitava à exaustão o seu imenso poder de, através delas, manter as pessoas enredadas no mundo que criava.
A única coisa que fugia ao seu controle era que às vezes se sentia completamente perdida,entre o que era e o que imprimia nos casacos...
Como dizia o poeta,só 10% era mentira...O resto era inventado..
E como teve um momento que teve que se se afastar dos casaquinhos,ficava com as mãos vazias ,não tendo a quem agasalhar...E aí,as linhas da vida que tecia com palavras, ficavam apenas ecoando na sua cabeça, à espera do momento que pudessem tomar vida de novo.
Só que as pessoas, como no show do Truman, passaram a tocar as suas vidas mesmo sem os tais casacos..
.Sim...Eram as pessoas que davam sentido aos casacos.
E não os casacos que davam sentido às suas vidas como imaginava a senhora!!!