Já faz um bom tempo que não escrevo um texto para o meu blog. Tempos difíceis, de mudanças, em que resolvi tirar umas férias do mundo virtual. Coisas chatas acontecendo, e eu sem vontade nenhuma de escrever qualquer coisa, com medo de soar falso, ou mesmo indiferente.Mas tudo passa, desde a mais triste amargura, ou a completa felicidade, e no final das contas a vida tem que continuar... Quando escrevo aqui os meus textos sobre cinema, acho que na verdade sempre estou escrevendo não sobre um filme, mas sobre mim. Sobre minhas sensações, uma forma de reflexão passando os olhos pelo o que mais amo desde menino: o cinema.
15 de outubro de 2007
Pedrinha de Aruanda - Andrucha Waddington
Já faz um bom tempo que não escrevo um texto para o meu blog. Tempos difíceis, de mudanças, em que resolvi tirar umas férias do mundo virtual. Coisas chatas acontecendo, e eu sem vontade nenhuma de escrever qualquer coisa, com medo de soar falso, ou mesmo indiferente.Mas tudo passa, desde a mais triste amargura, ou a completa felicidade, e no final das contas a vida tem que continuar... Quando escrevo aqui os meus textos sobre cinema, acho que na verdade sempre estou escrevendo não sobre um filme, mas sobre mim. Sobre minhas sensações, uma forma de reflexão passando os olhos pelo o que mais amo desde menino: o cinema.
1 de outubro de 2007
Melhores filmes - 2007
4 de setembro de 2007
Relação de filmes - Agosto de 2007
Relação de Filmes Assistidos em Agosto de 2007, por ordem de preferencia.
1 - Medos Privados em Lugares Públicos - Alain Resnais * * * *
2 - Santiago - João Moreira Salles * * * *
1 - Medos Privados em Lugares Públicos - Alain Resnais * * * *
2 - Santiago - João Moreira Salles * * * *
27 de agosto de 2007
Person – Marina Person
Umas das cenas mais emblemáticas deste documentário é quando Marina fala para a mãe: “Engraçado, quando meu pai era vivo, eu bem pequena, me lembro muito dele, mas não lembro de você”. Sinceridade explicita, que mostra o quanto existe da “presença da ausência” do pai em sua vida. Deve ser interessante crescer rodeada de memórias do pai amado, mas ausente. Ainda mais quando este mesmo pai é uma pessoa amada e respeitada por tanta gente.Mistura-se assim, a falta do pai e a falta de um genial cineasta, que assim como partiu prematuramente da vida da filha, partiu muito cedo do cenário cinematográfico.Um cineasta ímpar, que supostamente, teria uma carreira brilhante pela frente, pois já constava em seu currículo duas obras-primas: “O Caso dos Irmãos Neves” e “São Paulo S.A.”.
24 de agosto de 2007
Ela é a Poderosa – Garry Marshall
Entrei no cinema para assistir uma comédia boba, daquelas que a gente se diverte e depois esquece. Queria despovoar um pouco o peito, dos problemas cotidianos. No final da sessão, saí perturbado com o que vi, porque não assisti uma comédia e sim um drama com temas cabulosos, entre eles: agressão familiar, alcoolismo e principalmente pedofilia. Perturbado também pois com estes temas,um filme não pode ser dirigido por um diretor tão bobo quanto Garry Marshall, que não teve o mínimo senso para tratar de tais assuntos, e tentou fazer piadinhas onde não cabiam tais desatinos. O resultado é que o filme poderia ter sido um ótimo drama, mas por causa de Marshall acabou virando uma tentativa frustrada de comédia de mau gosto. F
21 de agosto de 2007
Primo Basílio – Daniel Filho
Quem acompanha meu blog deve ter percebido o quanto gosto de filmes nacionais. Minha paixão por cinema, começou pelos nacionais, ao contrário da maioria. Geralmente o meu filme predileto do ano é nacional, este ano por exemplo, o trono é de Cão Sem Dono (por enquanto). Torço pelo cine nacional. Talvez por isso os filmes de Daniel Filho (e também de Moacyr Góes) me incomodem tanto. Parecem sub produtos sem identidade, a procura de um público perdido. Se fosse compara-los à música, diria que cada vez ele atira para um lado: Zezé de Camargo com pitadas de Caetano, em outro Calipso com Marisa Monte, e por aí vai. Não tenta criar sua própria música. Quer o povão no cinema, com suas maquiagens de novelas globais.
17 de agosto de 2007
Algo Como a Felicidade – Bohan Slama
Todos eles estão ali, perdidos naquela pequena cidade do interior da República Tcheca, desbotados por uma desesperança quieta, como nos é mostrado logo no ínicio do filme quando uma triste canção é tocada num bar velho. Órfãos da antiga União Soviética, quando viviam da agricultura, tentam se acostumar com as fábricas e com os novos tempos, mas na verdade sentem que algo se perdeu, como se na verdade fossem órfãos de si mesmos. Que caminho tomar quando se perdeu o rumo? Desemprego, miséria afetiva e econômica, numa cidade destroçada. Onde encontrar a felicidade?
7 de agosto de 2007
Você é Tão Bonito – Isabelle Mergault
Qual o momento exato em que o amor nos arremata. Aquele momento em que a pessoa pelo qual você se apaixona, toma deliciosamente de assalto todos os contornos internos e externos de sua existência. E você vira um gigante e ao mesmo tempo um menino indefeso diante desse sentimento obscuro, desse momento imponderável? Acho que mesmo quem diz que não, vive toda uma vida por este momento, essa emoção lancinante. Ah! O amor! É tudo que todos querem, mesmo quem diz que não.
3 de agosto de 2007
Fabricando Tom Zé – Décio Matos Jr.
“Eu tô te explicando pra ti confundir/ Eu tô te confundindo pra te esclarecer”
Deve ser difícil fazer um documentário sobre Tom Zé. Como é difícil classificar sua obra diante da cambaleante MPB. Sua virulência e suas opiniões mostram um homem em constante estado de criação. Ele parece estar a mil por hora em nome de sua música. Sua veia musical, sua originalidade se traduz também na sua forma de viver. Tom Zé é um enigma que vive e pensa música. Um enigma em forma de notas musicais, juntamente com sua personalidade única. Causa de estranheza no “moderno” e ao mesmo tempo conservador cenário musical brasileiro.
Deve ser difícil fazer um documentário sobre Tom Zé. Como é difícil classificar sua obra diante da cambaleante MPB. Sua virulência e suas opiniões mostram um homem em constante estado de criação. Ele parece estar a mil por hora em nome de sua música. Sua veia musical, sua originalidade se traduz também na sua forma de viver. Tom Zé é um enigma que vive e pensa música. Um enigma em forma de notas musicais, juntamente com sua personalidade única. Causa de estranheza no “moderno” e ao mesmo tempo conservador cenário musical brasileiro.
1 de agosto de 2007
Relação de filmes - Julho de 2007
Filmes assistidos em Julho/2007 por ordem de preferência.
1 – A Palavra – Carl Th Dreyer (DVD) * * * * *
2 – Cão Sem Dono – Beto Brant * * * * *
3 – Saneamento Básico O Filme – Jorge Furtado * * * * *
1 – A Palavra – Carl Th Dreyer (DVD) * * * * *
2 – Cão Sem Dono – Beto Brant * * * * *
3 – Saneamento Básico O Filme – Jorge Furtado * * * * *
30 de julho de 2007
Saneamento Básico – Jorge Furtado
Dia muito frio em Sampa, o relógio da Av. Paulista marca dez graus. Fico de assistir o Malle (último dia em exibição) com o Alê Carvalho (generoso amigo, mentor de um dos meus blogues prediletos: http://www.interney.net/blogs/rolleiflex. Chego atrasado, ele já entrou na sala, deve estar puto comigo. Sinto frio, um peso no corpo e na alma. Triste, muito triste, em mais uma noite de inverno no coração e nas ruas. Resquícios de amarguras, acentuadas pelo livro “Morangos Mofados” que estou lendo. Também me sinto mofado.Gosto de bermuda e chinelos. Detesto o frio e esse monte de roupas, que parecem sempre evidenciar meus dissabores, minha solidão. Estou com a cabeça dispersa, não é dia de assistir ao esperado quarto filme de Jorge Furtado, acho que não saberei curtir o filme devidamente, neste dia aborrecido.
23 de julho de 2007
Cartas de Iwo Jima – Clint Eastwood
Toda vez que olhava a caixinha, que a pegava na mão, como uma criança encantada com seu novo brinquedo, sentia uma mistura de alegria e tristeza. Até hoje não entendo, como deixei passar batido no cinema, um filme do velho e bom Clint. Ele é o cara! Um dos meus três cineastas preferidos.Penso... melhor aguardar uma retrospectiva com os melhores do ano de 2007, pois certamente ele estará lá, e assistir no lugar devido, na tela mágica do cinema. Mas é tanto tempo, e o DVD ficou lá me chamando, pedindo atenção... não resisti. Domingo à noite. Finalmente me proponho a assistir ao filme, que já está na prateleira de DVD´s a umas duas semanas.
16 de julho de 2007
Melhores filmes - Semestre de 2007
13 de julho de 2007
Paris, Eu Te Amo – Vários Diretores
Não deixa de ser arriscado um projeto destes. Solicitar a tantos diretores um pequenino filme, entregar a eles cinco minutos apenas, para contar uma pequena história que tenha Paris como cenário central. O resultado acabou superando minhas expectativas. Sendo que alguns episódios como o de Alexandre Payne, ou mesmo dos irmão Coen, se revelarem pequeninas obras-primas. Já o destaque negativo –felizmente- vai para apenas um episódio, o de Christopher Doyle, que até agora não consegui entender o que ele quis com aquilo. Segue abaixo um pequeno comentário sobre cada episódio:
10 de julho de 2007
Cão Sem Dono – Beto Brant e Renato Ciasca
Dá primeira vez que assisti, saí do cinema com uma sensação estranha, como se alguma coisa houvesse me escapado. No dia seguinte, fui conferir novamente, desta vez me permiti até dar umas risadas e tudo me pareceu bem mais coeso. Difícil escrever sobre um filme que gostei tanto, depois de tanto ler e pensar a seu respeito. A primeira coisa que vem em minha mente, é achar que ele é um filme falsamente modesto.Cheio de sutilezas, de não-ações, mostra as emoções escondidas e adiadas de pessoas mais que comuns.
4 de julho de 2007
A Palavra – Carl Th. Dreyer
“ Eu sou pedreiro... Eu construo casas, mas ninguém vai morar nelas
Eles querem construir sozinhos...
Eles mesmos constroem, mesmo sem saber fazer.
Então alguns deles habitam cabanas não terminadas...
Outros vivem em ruínas...
Mas a maioria vagueia sem ter casa para morar.
Você é um que precisa de casa?”
2 de julho de 2007
Relação de filmes - Junho de 2007
Filmes assistidos em junho/2007 por ordem de preferência.
1 -Exilados – Johnny To (DVD) * * * * *
2 - Filhos da Esperança – Alfonso Cuarón (DVD) * * * *
3 - Não Por Acaso – Philippe Barcinski * * * *
1 -Exilados – Johnny To (DVD) * * * * *
2 - Filhos da Esperança – Alfonso Cuarón (DVD) * * * *
3 - Não Por Acaso – Philippe Barcinski * * * *
25 de junho de 2007
A Vida Secreta das Palavras – Isabel Coixet
O que faz nos fecharmos dentro de nós mesmos e com o mundo? Porque a tristeza às vezes nos toma de assalto, sendo quase impossível fugir dela?
Essa e outras perguntas eu ficava me fazendo enquanto acompanhava na tela, a vida quieta e triste de Hanna (Sara Polley). Ela, uma moça que trabalha numa fábrica, e mantém uma vida sem amigos, no mesmo frango, arroz e maçã de todos os dias, parece que ela se recusa a viver. Até que é obrigada a sair de férias, e numa viagem solitária, acaba arrumando ao acaso, um serviço temporário de enfermeira, numa plataforma de petróleo. Lá, no meio do oceano, ela ajuda a Josef (Tim Robbins) - que teve grande parte do corpo queimado e ficou temporariamente cego, devido a um acidente- a se recuperar e, mesmo em sua mudez, começa a se envolver com o paciente, escutando suas histórias.
Essa e outras perguntas eu ficava me fazendo enquanto acompanhava na tela, a vida quieta e triste de Hanna (Sara Polley). Ela, uma moça que trabalha numa fábrica, e mantém uma vida sem amigos, no mesmo frango, arroz e maçã de todos os dias, parece que ela se recusa a viver. Até que é obrigada a sair de férias, e numa viagem solitária, acaba arrumando ao acaso, um serviço temporário de enfermeira, numa plataforma de petróleo. Lá, no meio do oceano, ela ajuda a Josef (Tim Robbins) - que teve grande parte do corpo queimado e ficou temporariamente cego, devido a um acidente- a se recuperar e, mesmo em sua mudez, começa a se envolver com o paciente, escutando suas histórias.
19 de junho de 2007
Não Por Acaso – Philippe Barcinski
“Quem sabe/O super-homem venha nos restituir a glória/Mudando como um deus o curso da história/ Por causa da mulher”
Numa das cenas mais lindas deste filme, Ênio (Leonardo Medeiros) literalmente pára o trânsito de São Paulo, para se encontrar com sua filha. Lembrei-me na hora desta música, que fala do filme em que o Super-Homem faz o mundo voltar no tempo para salvar sua amada da morte.Guardada as devidas proporções, Ênio faz o mesmo.Vivendo por longos anos fechado em seu mundo controlado e metódico, ele se vê contaminado por emoções inesperadas.
11 de junho de 2007
Exilados – Johnny To
Confesso minha total ignorância para com o cinema oriental. Nunca priorizo assistir a um deles, apenas quando sobra um tempo, ou o acaso, é que me fazem assisti-los. Vou ter de rever esta minha postura, afinal de contas, se um filme como este se faz presente, é porque outros, do próprio diretor, ou de seus conterrâneos, devem conter este mesmo vigor exibido em “Exilados”. Este filme é um primor, e certamente um dos melhores do ano. Mais uma pérola vista (infelizmente) em DVD.
8 de junho de 2007
Filhos da Esperança – Alfonso Cuarón
Sábado passado estava eu num casamento de um amigo e um dos momentos mais legais foi quando um garotinho, filho de muy amigos, ficou no meu colo por uns quinze minutos. Muito querido por mim, ficou a me observar, como a se perguntar quem é esse aí a me embalar. Mas não era eu que o embalava, andando pra lá e pra cá com ele no colo. Era ele que me acarinhava com seu jeitinho puro e terno, seu cheirinho gostoso de bebê. Sorriu pra mim, e sorri também, a achar o mundo novamente lindo, pois ele o habita. Lindo João Miguel que muito bem me fez, que é o futuro e esperança.
1 de junho de 2007
Relação de filmes - Maio de 2007
Filmes assistidos no mês de maio/2007 por ordem de preferência.
Cartola – Lírio Ferreira e Hilton Lacerda * * * * *
Baixio das Bestas – Cláudio Assis * * * *
Lady Vingança – Park Chan Wook * * *
Proibido Proibir – Jorge Duran * * *
Cartola – Lírio Ferreira e Hilton Lacerda * * * * *
Baixio das Bestas – Cláudio Assis * * * *
Lady Vingança – Park Chan Wook * * *
Proibido Proibir – Jorge Duran * * *
31 de maio de 2007
Princesas – Fernando Leon de Aranoa
Tenho um amigo, ex-colega de serviço, que esta morando em Madri, foi tentar a sorte naquele país. Numa recente conversa por e.mail, ele me disse que daqui a pouco, vai haver mais estrangeiros na Espanha, do que propriamente espanhóis. A mão de obra é barata, e nem é tão difícil entrar no país, principalmente de forma ilegal. Este talvez seja o grande problema dos espanhóis no momento.
24 de maio de 2007
Os Maias – Luiz Fernando Carvalho
Logo de cara nos deparamos com algo estranho para os níveis da televisão brasileira, uma câmera lenta e contemplativa, passeia vagarosamente pelas imagens de um casarão. Abrem-se os portões da casa do Ramalhete e a música anuncia um show visual de emocionar logo nos primeiros instantes. Não tenho medo nenhum de comparar estas imagens, com cenas de filmes de Luchino Visconti, tamanho show de direção e apuro técnico. Vemos Carlos Maia (Fábio Assumpção) e seu inseparável amigo irmão João da Ega (ou será Eça), a adentrar naquela casa, que outrora foi palco de muitos saraus e paz familiar, totalmente abandonada pelo tempo e pela tragédia lá vivenciada. Eles passeiam lentamente pela casa empoeirada e acinzentada, como que a nos apresentar o Ramalhete, carregando o peso das lembranças e do tempo.
21 de maio de 2007
Lady Vingança – Park Chan Wook
Diz o venho ditado que vingança é um prato que se como frio. É exatamente isso que acontece neste filme, seqüência de “Old Boy” outro filme de muito sucesso do diretor. Entre idas e vindas, que no início chegaram a me incomodar, este filme nos prende de tal maneira, que imediatamente ao término do filme, minha vontade era de revê-lo. Principalmente por uma das últimas cenas, uma espécie de reunião de pais e mestre, que pra mim já é (isoladamente) a grande cena do ano.
18 de maio de 2007
Baixio das Bestas – Cláudio Assis
“Preciso tomar conta desta menina, senão o diabo toma conta”, diz Heitor (Fernando Teixeira) o avô (na verdade pai) moralista e hipócrita, de Auxiliadora (Maria Teixeira), menina quieta e sonhadora, que vive uma vida de horror, principalmente à noite, quando o avô a leva para o posto para que alguns caminhoneiros a vejam nua, por troca de alguns trocados. Esta já é a primeira cena do filme. Vemos aquela menina nua, cercada por homens brutos, que devoram sua pureza e nudez com o olhar. Já percebemos de cara que aquilo não vai terminar em boa coisa.
14 de maio de 2007
007 Cassino Royalle – Martin Campbell
Lembro de algum tempo atrás. Quando ainda era menino, houve um festival de James Bond na rede Globo, era época de férias, e eu estava na casa de um primo, que entusiasmado (ainda não havia vídeo-cassete), conseguiu autorização dos pais para assistirmos aos filmes.Ele ficou louco com aquilo, enquanto eu só acompanhava, gostando daquilo mais pelo fato de poder ficar acordado até tarde. Nunca fui fã de super-heróis, ainda hoje, nenhum destes filmes arrasa-quarteirões me animam, sei que vou assistir Homem Aranha, mas não é vital pra mim. Ainda quando criança, enquanto os colegas liam gibis de super-heróis como o próprio Homem-Aranha ou Batman, eu tinha coleções de Chico Bento e Recruta Zero, estes eram meus heróis, ou melhor, anti-heróis. Eu gosto é do gasto, do demasiado humano, do normal.
11 de maio de 2007
Proibido Proibir – Jorge Duran
Mais um filme nacional visto, e mais uma vez Caio Blat rouba a cena. Alias neste filme, parece que só as cenas em que ele aparece, que são interessantes. Ele leva o filme nas costas com o seu personagem, o estudante de medicina Paulo, um jovem cujo lema de vida é “Proibido Proibir” que dá título ao filme.
Um filme com muitos altos e baixos, principalmente quando entra na parte de denúncia social, e também pelo trio de atores, já que Alexandre Rodrigues não consegue segurar a bronca, ele é muito ruim, mesmo quando ele protagonizou “Cidade de Deus”, me parecia que ele era o mais fraco de todos aqueles rapazes, ao contrário de Maria Flor e o já citado Blat.
Um filme com muitos altos e baixos, principalmente quando entra na parte de denúncia social, e também pelo trio de atores, já que Alexandre Rodrigues não consegue segurar a bronca, ele é muito ruim, mesmo quando ele protagonizou “Cidade de Deus”, me parecia que ele era o mais fraco de todos aqueles rapazes, ao contrário de Maria Flor e o já citado Blat.
8 de maio de 2007
Cartola – Música para os Olhos – Lírio Ferreira e Hilton Lacerda
“Habitada por gente simples e tão pobre
Que só tem o sol que a todos cobre
Como podes, Mangueira cantar?”
Tenho até medo de escrever estas linhas sobre tão distinto e admirado brasileiro. Cartola não é para mim, apenas um sambista talentoso. Ele sim, foi um super-herói. Sabendo que só pelo simples fato de ser uma obra sobre o sambista, eu já iria adorar o filme, saí do cinema bestificado com esta obra singular, que se não é tão imensa quanto o homenageado, lhe faz muito jus, e só por isso merece muito mais que aplausos.
Pois os diretores acertadamente não apenas contaram a história do genial sambista, e sim contaram a história do samba, que nasceu na Bahia, é certo. Mas se fez carioca e deu ao carioca sua cara.E Cartola, assim como Noel, é o samba. O verdadeiro samba. Foi através destes dois gênios que aprendi a gostar de samba, que até então por ignorância e má vontade, não me atraia.
Como podes, Mangueira cantar?”
Tenho até medo de escrever estas linhas sobre tão distinto e admirado brasileiro. Cartola não é para mim, apenas um sambista talentoso. Ele sim, foi um super-herói. Sabendo que só pelo simples fato de ser uma obra sobre o sambista, eu já iria adorar o filme, saí do cinema bestificado com esta obra singular, que se não é tão imensa quanto o homenageado, lhe faz muito jus, e só por isso merece muito mais que aplausos.
Pois os diretores acertadamente não apenas contaram a história do genial sambista, e sim contaram a história do samba, que nasceu na Bahia, é certo. Mas se fez carioca e deu ao carioca sua cara.E Cartola, assim como Noel, é o samba. O verdadeiro samba. Foi através destes dois gênios que aprendi a gostar de samba, que até então por ignorância e má vontade, não me atraia.
7 de maio de 2007
Relação de filmes - Abril de 2007
Filmes assistidos em abril/2007 por ordem de preferência.
Hiroshima, Meu Amor – Alain Resnais (DVD) * * * *
Ventos da Liberdade – Ken Loach * * *
Batismo de Sangue – Helvécio Raton * * *
Ó, Pai Ó – Monique Gardenberg * * *
Hiroshima, Meu Amor – Alain Resnais (DVD) * * * *
Ventos da Liberdade – Ken Loach * * *
Batismo de Sangue – Helvécio Raton * * *
Ó, Pai Ó – Monique Gardenberg * * *
3 de maio de 2007
Sonhos e Desejos – Marcelo Santiago
Uma vez Martin Scorsese disse numa entrevista que gosta muito de cinema, a ponto de não conseguir ser crítico com relação a qualquer filme.Não querendo me comparar (obviamente) ao mestre, acho muito chato ficar apontando os defeitos de uma produção, até porque qualquer filme para ser produzido, precisa de um grande desprendimento de seus realizadores, e isso por si só, já é louvável. Agora, desprendimento maior é fazer um filme como este. Vendo o making off do filme, aquele monte de gente envolvida na produção, para um filme tão tosco, a coisa chega a ser incompreensível.
23 de abril de 2007
Batismo de Sangue – Helvécio Ratton
Tem certos filmes que assisto, que fico com raiva do diretor, por achar que ele perdeu uma grande oportunidade de fazer um grande filme. Ter uma boa história nas mãos, a ser contada, e desperdiça-la é um pecado. É exatamente o que acontece com esta adaptação do livro autobiográfico de Frei Beto. O excesso de didatismo com que o diretor leva a história, incomoda demais, as cenas parecem não se encaixar, e o filme não consegue manter um mínimo de ritmo, não flui. Por vezes, parece até panfletário, como se quisesse mostrar para a nova geração, o horror da ditadura, e ninguém houvesse lido ou assistido qualquer coisa, a respeito deste período negro no Brasil. Li algumas críticas a respeito do filme, e ao contrário do muito que li, não acho que o assunto está saturado, é um período que deve e pode ser falado se assim alguém achar preciso. Voltar ao período para mostrar o envolvimento de padres na luta contra a ditadura, é no mínimo interessante. Pena que Ratton se levou a sério demais, é fez um filme quadrado. Parece mais um filme dirigido por Sérgio Rezende.
20 de abril de 2007
Pro Dia Nascer Feliz – João Jardim
Tempos difíceis que estou passando.Muitos problemas e poucas soluções. E o cinema segue sendo um porto seguro para se esquecer mágoas.Sendo assim, lá fui eu assistir a este filme, num dia especialmente ruim. Talvez por isso, não estava esperando muita coisa, a indiferença e a tristeza tomavam conta de mim, achava que iria assistir apenas um documentário chato sobre educação, mas não foi assim, foi exatamente ao contrário. A começar pelo trailer de Cartola, (filme que ainda não vi, mas que sei que irei adorar) em que a troca de olhar de Dona Zica e seu amado - enquanto ele canta uma das muitas canções feitas para ela - dispensam palavras e meus olhos já demarcaram minha emoção e abriram caminho para o que vinha a seguir, o melhor documentário que vi em minha vida.
16 de abril de 2007
Ó Paí, Ó – Monique Gardenberg
Há muito tempo atrás,conheci uma turma de baianos que dividiam um apartamento aqui em São Paulo. Todos muito simpáticos e alegres, e muitos deles ligados ao teatro.Freqüentávamos o mesmo bar e criamos uma grande amizade que acabou resultando em uma viagem de mais de um mês que fiz à Bahia. Passei por várias cidades, entre elas Juazeiro, Itapetinga e Salvador. Em todas elas, fui muito bem recebido por parentes destes amigos, que (para minha total surpresa de paulistano) me tratavam como se fosse da família, e todos sinceramente me queriam muito bem.Eu, paulistano da gema - a tal cidade que segundo os poetas respira solidão - mais que admirado, fiquei comovido. Lembro de quando estava indo embora da casa de uma tia de um dos amigos, achei que ela iria dar graças à Deus pelo incomodo, fiquei bobo por ela chegar a chorar por minha partida. Não estava (e não estou) acostumado com tanto carinho, assim, assim, de graça.
2 de abril de 2007
Relação de filmes - Março de 2007
Relação de filmes assistidos no mês de março/2007 por ordem de preferência.
Twin Peaks 1º temporada completa – David Linch (DVD) * * * *
Twin Peaks 1º temporada completa – David Linch (DVD) * * * *
Pro Dia Nascer Feliz – João Jardim * * * *
Os Doze Trabalhos – Ricardo Elias * * * *
O Cheiro do Ralo – Heitor Dhalia * * * *
27 de março de 2007
Maria Antonieta – Sofia Coppola
Um tênis em pleno século XVIII seria algo fora de propósito, mas é algo palpável, um simples objeto. Mas o que fazer com os sentimentos invisíveis aos olhos, as aflições cotidianas, e aquele sentimento de inadequação, seja com relação à família, ao meio social, ou até mesmo a um outro país.
No seu terceiro e belo filme, Sofia Coppola nos fala novamente sobre solidão e deslocamento físico e moral. Em seu primeiro filme, contava a história de irmãs que preferiram o suicídio, ao convívio familiar e social a que eram submetidas. Já no seu segundo filme, levou a sensação de inadequação ao extremo, deslocando seus dois personagens principais para um país distante, bem diferente do que eles estavam acostumados. O Japão serviu de metáfora para um amor não consumado entre uma jovem filosofa e um ator coroa decadente, ambos tentando achar o seu lugar na vastidão do mundo que existe dentro de nós mesmos.
Já no seu terceiro filme, a diretora nos presenteia com sua versão pessoal para a história de Maria Antonieta, a última rainha da França. E baseando-se na história real, nos mostra o desconforto e inadequação da menina que se tornou mulher a custo de um acordo entre França e Áustria. Muito cedo, ela teve de deixar seu país e seus costumes para se tornar a mulher mais importante de outro país à custa de deixar tudo para trás. O resultado foi uma vida cheia de luxos e excessos, mas com o sentimento de não pertencimento à França sempre latente.
Uma das grandes sacadas do filme, é sua trilha sonora, tão criticada por muitos. As músicas que tocam no filme parecem nos mostrar a todo instante em que são inseridas, o quanto Antonieta estava “fora” de seus valores e forma de viver. Ao mesmo tempo, que chega a incomodar, mostra que com o passar do tempo, tudo pode se adequar. Tanto é que quando o filme chega ao final, já não achamos tão estranhos aqueles rocks em meio a aquele visual de séculos passados.
A diretora fala novamente em solidão – acompanhada do luxo e da luxuria - no seu terceiro filme. Talvez por achar que este é o grande tema da sociedade contemporânea. Mais uma vez acerta o alvo e nos brinda com um filme único, e principalmente com sua marca. Uma diretora, que assim como o pai que nunca teve medo de ousar (em seus bons tempos), segue firma e forte navegando contra a mesmice da indústria do cinema. Que venha o quarto filme.
No seu terceiro e belo filme, Sofia Coppola nos fala novamente sobre solidão e deslocamento físico e moral. Em seu primeiro filme, contava a história de irmãs que preferiram o suicídio, ao convívio familiar e social a que eram submetidas. Já no seu segundo filme, levou a sensação de inadequação ao extremo, deslocando seus dois personagens principais para um país distante, bem diferente do que eles estavam acostumados. O Japão serviu de metáfora para um amor não consumado entre uma jovem filosofa e um ator coroa decadente, ambos tentando achar o seu lugar na vastidão do mundo que existe dentro de nós mesmos.
Já no seu terceiro filme, a diretora nos presenteia com sua versão pessoal para a história de Maria Antonieta, a última rainha da França. E baseando-se na história real, nos mostra o desconforto e inadequação da menina que se tornou mulher a custo de um acordo entre França e Áustria. Muito cedo, ela teve de deixar seu país e seus costumes para se tornar a mulher mais importante de outro país à custa de deixar tudo para trás. O resultado foi uma vida cheia de luxos e excessos, mas com o sentimento de não pertencimento à França sempre latente.
Uma das grandes sacadas do filme, é sua trilha sonora, tão criticada por muitos. As músicas que tocam no filme parecem nos mostrar a todo instante em que são inseridas, o quanto Antonieta estava “fora” de seus valores e forma de viver. Ao mesmo tempo, que chega a incomodar, mostra que com o passar do tempo, tudo pode se adequar. Tanto é que quando o filme chega ao final, já não achamos tão estranhos aqueles rocks em meio a aquele visual de séculos passados.
A diretora fala novamente em solidão – acompanhada do luxo e da luxuria - no seu terceiro filme. Talvez por achar que este é o grande tema da sociedade contemporânea. Mais uma vez acerta o alvo e nos brinda com um filme único, e principalmente com sua marca. Uma diretora, que assim como o pai que nunca teve medo de ousar (em seus bons tempos), segue firma e forte navegando contra a mesmice da indústria do cinema. Que venha o quarto filme.
23 de março de 2007
Scoop – O Grande Furo – Wood Allen
Este é o Wood Allen que eu gosto. Mesmo não estando na sua querida Manhattan, volta a fazer uma de suas deliciosas comédias, daquelas que a gente sai do cinema com um sorriso nos lábios. Lembrando comédias recentes como o excelente “Um Misterioso Assassinato em Manhattan (93)” e o bom “O Escorpião de Jade (01)”, o diretor usa o mundo das mágicas, do pós-morte e dos misteriosos assassinatos para nos presentear com uma comédia despretensiosa e irônica. Para mim, que não ando nos meus melhores dias, foi realmente um presente, que me fez ficar mais leve e tranqüilo, pois o grande Allen tem sempre a capacidade de fazer com que nos transportemos para o seu universo, com suas tiradas fantásticas.
Ainda não revi “Math Point”, filme que realmente não gostei, sendo umas das razões; a fraca interpretação de sua estrela Scarlett Johasson. Mas se – na minha opinião – ela não funciona naquele filme, neste “Scoop” ela esta adorável. O mais legal em sua interpretação é quando ela começa a falar rápida e freneticamente, como faz Wood Allen em seus filmes, como uma de suas características mais marcantes.Parece que o diretor encontrou sua nova musa, e passou para ela suas características, e ela dá conta do recado e está ótima como uma jornalista atrás de uma grande matéria. Outro grande ponto, é o fato de Allen estar ótimo como ator no filme, como se estivesse com saudades de atuar.
O filme já começa muito bem, com o diretor satirizando a pós-morte, onde várias pessoas se vêem num barco acompanhados da Dona Morte. Entre estas pessoas, se encontra um repórter que por acaso acaba descobrindo “o grande furo” do título.Ele consegue escapulir e tenta passar sua matéria para frente, só que consegue fazer isso num show em que Allen é um mágico picareta e Johasson sua espectadora e jornalista iniciante que por acaso sobe ao palco. Daí em diante é só show de Allen e Johasson, com ele cada vez se afeiçoando por ela, a ponto de quere-la como filha. Só Hugh Jackman que não parece muito à vontade no seu papel de aristocrata assassino.
Wood Allen esta saindo de Londres e seu novo projeto será rodado na Espanha de Almodóvar, com direito a nova parceria com sua nova musa e o auxilio luxuoso de Penélope Cruz e Javier Barden. Não vejo a hora de assistir a mais uma obra do genial diretor.
21 de março de 2007
Cidade Baixa - Sérgio Machado
Neste mês completo um ano de blog. Espero que seja o primeiro de muitos anos. Minha intenção aqui é só de refletir minhas opiniões a respeito da sétima arte e conseqüentemente minha vida, através dos textos, sem nenhuma cerimônia ou importância maior do que simplesmente me expressar, exercitando assim, minha escrita e principalmente minha mente. Dando uma olhada em todos os textos que escrevi neste meio tempo, me deparei com textos ruins e outros que considero bons, como o texto que reproduzo abaixo (sem mexer em nada), que talvez seja um dos que eu mais gosto entre os quais eu escrevi. Espero que no ano que vem os textos sejam melhores e que eu possa fazer o mesmo que faço hoje. Ou seja, reproduzir um texto do qual gostei:
“E aí periguete, quer carona”. Assim começa a ligação de três almas perdidas nas vielas de uma cidade escondida, não turística, aquela habitada apenas pelos desafortunados que tentam se equilibrar no pouco ou quase nada a que estão acostumados; ao pouco ou quase nada que são.Mercenários de uma vida distante do imaginado pelo Brasil, na velha Salvador, distantes da alegria dos axés carnavais felizes. Nesta Bahia , encontramos três personagens perdidos entre si e jogados à beira do cais do porto, e em suas esquinas sujas e fétidas, onde se mistura cheiro de suor ordinário, temperado a trabalho bruto, sexo e porra.Onde se habita “galos e pretas” à procura de um sentido para suas malfadadas vidas.
Sérgio Machado, nos presenteia em sua estréia, com três destes exemplos. Vagner Moura, Lazaro Brandão e Alice Braga, formam um triangulo amoroso, ou melhor, sexual. Os dois rapazes, sócios e amigos de infância, vêem sua aparente estrutura “irmã” ruir quando se apaixonam, melhor dizer, desejam a bela Alice, que por sinal incendeia a tela. A partir daí, o equilíbrio, que na verdade nunca existiu, se perde, ou melhor, eles se perdem, entre eles mesmos. O sexo, o desejo e a violência, servem de válvula de escape à ternura, ao amor, coisas que nenhum teve ensinamento, são sobreviventes.
É visível como eles não sabem lidar com os sentimentos – quem é que sabe? – seja na amizade entre os homens, seja na paixão sentida dos dois pela puta.É como se os três se perguntassem “ O que fazemos com isso?”.Ah! Esse sentimento em ebulição dentro de nós, faca de dois gumes chamada paixão.
Enquanto isso, nós vemos a Cidade Baixa do título.Quase sentimos seus cheiros e fedores, o ar pesado do cabaré, suas bebidas baratas.Deus não existe nesses lugares, apenas o desejo e a violência, mola propulsora dessas almas sem destino. Sim, eles sabem que são sem destinos, espúrias da sociedade hipócrita, que não dá chances a quem nasceu sem nada.
Temos como exemplo, logo no início, as presenças de José Dummont (o maior ator do Brasil), junto aos outros, numa briga de galo, vêem a briga de galo em que ele é um apostador. Logo em seguida uma briga dele com o personagem de Lázaro Ramos, parece uma repetição da rinha entre os galos, pois na verdade homens/galos são a mesma coisa nessa atmosfera, são apenas máquinas de briga e sexo.
Sérgio Machado deixa generosamente seus atores brilharem, especialmente Alice Braga. Sentimos suas respirações e seus odores, de forma natural e ao mesmo tempo pungente como na cena final. Desconcertante.
Pinto, Porra, Porrada e Puta, numa Salvador sem salvação.
14 de março de 2007
Os Doze Trabalhos – Ricardo Elias
Lembro de como gostei e fiquei até mesmo surpreso com “De Passagem”, primeiro filme de Ricardo Elias. Sem muito alarde, de forma singela e amorosa, o diretor nos proporcionou um filme único, com o olhar virado para a periferia, mais especificamente, para os jovens sem perspectivas. Mas sem comiserações ou revoltas. Contava a estória de Jéferson ( Silvio Guindale ), um estudante de escola militar, que volta ao local onde nasceu e cresceu, depois de muito tempo, para acompanhar o enterro do irmão, que havia sido assassinado. Lembro de uma cena muito bela, de quando ele está chegando ao bairro, com seu sapato limpo e brilhante, e descer do ônibus e pisar numa poça de lama. É o sinal de que seu passado pede acerto de contas. Assim ele segue entre trens e metros, numa viagem interminável, para achar e buscar o corpo de seu irmão, acompanhado do melhor amigo de infância.
Seu segundo filme, também lida com a mesma juventude sem grana e perspectiva. O trânsito mais uma vez se faz necessário (agora não são os trens, mas uma moto) para narrar um dia na vida de Heracles (Sidney Santiago), recém saído da Febem. Ele ganha uma oportunidade de trabalhar como moto-boy, indicado pelo primo e melhor amigo (Flávio Bauraqui) na mesma empresa que este trabalha. Só que para conseguir a vaga, ele tem que fazer os tais doze trabalhos do título.
O nome do filme, assim como o nome do personagem principal, tem livre inspiração na mitologia grega, na estória de Hércules e seus doze trabalhos. Uma idéia feliz no roteiro, que associa o heroísmo de Hercules com um simples moto-boy (quem dirige um carro na cidade de SP, não guarda bons pensamentos para estes rapazes) , e sua luta para conseguir realizar sua tarefa árdua, e conseqüentemente um emprego.Assim acompanhamos Heracles na sua jornada, tendo que se esquivar de várias provocações, assim como corrupção, preconceitos e burocracias inerentes a sua recente profissão, e por que não dizer, à vida de qualquer um. Mas sua maior luta é não se deixar levar novamente para a marginalidade, sobreviver sem se envolver com uma coisa tão próxima ao seu dia-a-dia.
Como no primeiro filme, Elias não se preocupa em dar um desfecho para seu personagem, pois a vida é assim mesmo, o que vale é a batalha enfrentada.Seus rapazes são seres embrutecidos por uma vida sem perspectivas, que são obrigados a levar da melhor maneira possível, sempre ao lado da marginalidade. Uma dura jornada dia após dia. Não se tem espaço para sonhos.
Em umas das entregas que Heracles faz, conversa com Francisca, que pretende viajar para a França. Ele comenta: “Deve ser bom viajar”, totalmente resignado, uma oportunidade como aquela nunca surgirá para ele. Mas ele acaba viajando sim, vai até a praia, lugar que o primo sonhava viver, numa cena que lembra muito a cena final de “Os Incompreendidos”. Parece que ele pergunta para a câmera, ou melhor, para nós: “Vocês querem que eu faça o quê?”
Um filme duro, intenso. E mais um grande passo de Ricardo Elias, que deve ser observado com olhos atentos. Ele não procura fazer alarde com seus filmes, que por vezes parecem singelos até, mas revelam a qualquer olhar mais atento, um enorme carinho com seus personagens. Mais que um promissor cineasta, é um daqueles homens que fazem cinema com o coração, com a alma. Enfim, que faz cinema de verdade. O mesmo tipo de cinema que faz eu amar tanto a sétima arte e principalmente (apesar da Globo Filmes) o cinema nacional. Um filme tocante e imperdível.
12 de março de 2007
Letra e Música – Marc Lawrence
Durante um bom tempo da minha vida, fui um daqueles jovens que juntava toda a grana possível para comprar discos e logo depois cd´s. Era uma necessidade básica, a música era minha melhor companheira, me entendia e confortava, num mundo que eu não entendia (e continuo a não entender), e pior, não me entendia também .Um acorde, uma melodia , acompanhada de uma letra inspirada, é que nem um casamento perfeito, duas metades que se completam e por alguns poucos minutos nos transportam para um mundo à parte. Lembro de uma vez em que a Legião Urbana tinha acabado de lançar o seu segundo “disco”, eu e outros colegas de colégio, cabulamos a aula para comprar o tal, assim que a loja abrisse. Fomos para a casa de um deles e descobrimos maravilhados a canção “Índios”, a qual escutamos várias vezes seguidas.Foi um momento mágico, que só a canção nos proporciona. Isso sem falar de todas as outras canções que eu quando criança, ficava cantando junto do som, para os outros verem. Roberto Carlos era o campeão. Hoje meus gostos não são os mesmos, mas a música continua sendo fonte inspiradora e confortadora da minha vida.Poucas coisas na vida são tão boas quando você escutar aquela música, que naquele momento, é tão necessária quanto respirar.
Lembrei disso, pois em uma das cenas deste filme, e talvez a mais bacana, os personagens de Grant e Barrymore conversam sobre música e de quanto ela é, tão ou mais importante do que os livros (não que isso seja verdade), pois nada toca tão fundo e rapidamente na alma quando a música.
Este filme despretensioso, busca contar a estória de um cantor em decadência (Hugh Grant), que procura desesperadamente uma nova chance de sucesso.Um ídolo dos anos 80, que vive do passado, e pequenos shows em feiras e bailes saudosistas . Depois da separação de seu grupo POP (não tem como não comparar com o Wham), não conseguiu mais sucesso, pois não sabe escrever letras, apenas as melodias. Até que aparece uma oportunidade de escrever uma canção para a cantora pop de maior sucesso, e ao mesmo tempo ele conhece a personagem de Drew Barrymore, que tem uma facilidade incrível para fazer as letras que ele tanto necessita. Bem, os dois começam a parceria, que não fica apenas na música, e com isso, as complicações de praxe.
Outra cena, que por si só, já merece uma espiada é o clipe inicial, onde vemos um vídeo tosco (tipo aqueles clipes horríveis dos Menudos), mas que na época adorávamos. E o bacana é ver que Hugh Grant manda muito bem como cantor, já que é ele mesmo que interpreta as canções do filme. Um filme fofinho, gostoso de assistir, que tem uma boa química entre seus dois protagonistas.E com canções que grudam no ouvido, como aquelas dos anos 80. Mas sem saudosismo.
9 de março de 2007
Viagem Maldita – Alexandre Aja
Nunca gostei de filmes de terror. Eles me parecem contar sempre a mesma estória, onde várias pessoas são assassinadas por um psicopata e só a mocinha e o mocinho sobrevivem, ou nenhum deles, dando gancho para uma continuação. Este filme não foge desta regra básica, ou seja, quase todo mundo morre de forma violenta e cruel. Até sobrar um ou no máximo dois mocinhos.Mas este filme tem vários atrativos, e me surpreendeu positivamente, pois entre todos os podres mostrados, faz consistente crítica, ao modo de vida americana.
Conta a estória de uma família que resolve viajar de trailer, afins de comemorar as bodas de prata do pai e mãe da família. Família republicana até os ossos, sendo o pai um agente aposentado. Sua esposa zelosa, um filho e uma filha adolescente, e outra filha acompanhada de seu marido democrata (“Eu não pego em armas” ele diz a certa altura), enquanto o sogro parece sentir prazer quase sexual ao manusear suas armas. Eles seguem viagem até se depararem com o deserto do Novo México no caminho, e todos seus pneus serem furados em pleno deserto, sem ter como pedir ajuda. Aí começa o inferno, pois eles são atacados por criaturas deformadas, horrendas e canibais. Eles não sabem até então, mas estes seres horríveis são pessoas que se recusaram a sair de suas casas quando houve naquela região, teste nuclear, promovido pelo governo americano. De americanos típicos, eles se transformaram em monstros esquecidos pelo sistema. E assim, passam a matar e comer todos os turistas que passam por aquela região esquecida. Interessante notar, que sempre há uma pequena bandeira americana em voga. Seja no carro dos turistas, ou mesmo nas mãos dos canibais, que a certa altura, passam a utiliza-la como arma, como numa das melhores cenas em que um dos monstros é morto com o mastro da bandeira enfiado no seu celebro.
O diretor não deixa passar uma chance sequer de nos mostrar que aquele horror todo é culpa do próprio governo. Aquelas criaturas são aberrações vivas, mas esquecidas diante de um programa secreto e irresponsável de armas químicas. O alto custo das armas nucleares em detrimento das pessoas e suas famílias pedem agora a fatura de uma conta alta.E para enfatizar o grave problema que estes testes nucleares acarretaram, o diretor mostra logo no inicio do filme, imagens reais de corpos deformados por estes mesmos testes americanos em outros países, como por exemplo, o Vietnã. Quantos locais escondidos e obscuros devem existir no mundo com deformados e mortos, devidos aos testes gananciosos dos americanos?
Um grande filme de terror, refilmagem de “Quadrilha dos Sádicos” de Wes Craven, que neste caso produziu o filme. O filme é muito bem levado pelo diretor, que com grande talento, extrai de uma aparente bobagem, um filme assustador e importante.
Enquanto isso, o verdadeiro rei babão dos americanos, faz a vida dos paulistanos virar um terror aqui em São Paulo, por parar todo o transito e atrapalhar a vida de todos nós.
6 de março de 2007
A Grande Família – Mauricio Farias
Talvez este filme não merece uma linha sequer, mas fazer o quê? Tento prestigiar todos os filmes nacionais possíveis. Até porque são os meus preferidos e foi com eles, por incrível que possa parecer, que nasceu meu amor pelo cinema, tenho pré-disposição para gostar de qualquer besteira produzida em terras tupiniquins. Mas eis que aparece a Globo Filmes, cheia de boas intenções, pronta para faturar também no cinema, com o intuito de “ajudar” o cinema nacional. Na verdade - como já mencionei em outros comentários a respeito de outros filmes “televisivos” – o que está acontecendo com estes sucessos fabricados pela produtora global, é um afastamento continuo do que poderia ter e dar uma identidade para o cine nacional. São filmes de plásticos, sem identidade, sem nada a acrescentar, a não ser umas poucas risadas que logo são esquecidas, tão logo passamos pela porta de saída do cinema.
Pode se dizer que filmes como este são bons, pois levam o povão de volta ao cinema. Realmente isso é bom, e esta é uma verdade, pois pessoas que não vão nunca ao cinema, como alguns que trabalham comigo, se motivaram e foram ao shopping para assistir ao programa das quintas-feiras, só que no cinema. “É que a patroa adora o Lineu e a Dona Nenê, sabe”, diz uns.
Mas não daria para fazer algo um pouquinho melhor, já que é cinema, poderiam caprichar mais no roteiro (capenga) ou na fotografia (horrorosa e escura), enfim, poderiam caprichar em tudo que é mostrado, mas a pressa de ganhar dinheiro é tanta que acabaram vendendo um filme muito pior do que qualquer episódio da tv. Os atores fazem o que podem, e realmente é um grupo afiado, pois já estão juntos a mais de cinco temporadas, sendo que no início ainda contava com o saudoso Rogério Cardoso, que faz uma falta imensa. Mas não dá pra se fazer milagres, o filme é ruim demais.Lá na tv, pelo menos, eles têm a desculpa de ser um produto rápido e televisivo.
Não resisti, não iria assistir , mas depois de mais de um milhão e meio de espectadores, a curiosidade falou mais alta. Produto ruim e fácil de vender. É pena, poderiam ter feito um grande filme para toda a família.
Ruim e tosco como este texto.
2 de março de 2007
Relação de filmes - Fevereiro de 2008
Filmes assistidos em fevereiro por ordem de preferência
1 – Dias de Glória – Rachid Bouchareb * * * *
2 – A Conquista da Honra – Clint Eastwood * * * *
3 – Agonia e Glória – Samuel Fuller (DVD) * * * *
4 – Borat – Larry Charles * * * *
5 – Antonia – Tata Amaral * * * *
6 – A Rainha - Stephen Frears * * *
7 – A Procura da Felicidade – Gabriele Muccino * * *
8 – Em Direção ao Sul – Laurent Cantet * * *
9 – O Último Rei da Escócia – Kevin Macdonald * * *
10 – Pecados Íntimos – Todd Field * *
11 – A Grande Familia – Mauricio Farias *
1 – Dias de Glória – Rachid Bouchareb * * * *
2 – A Conquista da Honra – Clint Eastwood * * * *
3 – Agonia e Glória – Samuel Fuller (DVD) * * * *
4 – Borat – Larry Charles * * * *
5 – Antonia – Tata Amaral * * * *
6 – A Rainha - Stephen Frears * * *
7 – A Procura da Felicidade – Gabriele Muccino * * *
8 – Em Direção ao Sul – Laurent Cantet * * *
9 – O Último Rei da Escócia – Kevin Macdonald * * *
10 – Pecados Íntimos – Todd Field * *
11 – A Grande Familia – Mauricio Farias *
28 de fevereiro de 2007
Antonia – Tata Amaral
Foi preciso uma segunda sessão do filme de Tata Amaral para algumas coisas ficarem claras para mim.Algumas impressões mudaram, outras permaneceram, mas no final das contas, o resultado foi positivo.
O grande mérito de Antonia é fugir dos estereótipos que sempre cercam filmes nacionais que falam das baixas rendas. Esse é o grande mérito. O defeito foi seu final abrupto, e a pouca explicação sobre cada uma das personagens principais. O filme merecia um tempo maior, me pareceu tudo muito apressado, e isso atrapalhou muito seu andamento.
Suas meninas sonham com um futuro melhor através da música, mas a realidade da força da grana que ergue e destrói coisas belas (com a licença de Caetano), afundam seus sonhos a cada dia. O cotidiano duro daquelas mulheres guerreiras sempre é posto a prova, seja pela maternidade, pelo preconceito ou outras dificuldades de quem tem pouco, ou quase nada, seja materialmente ou emocionalmente.
Duas cenas me chamam muita atenção, ambas protagonizadas por Preta (Negra Lee). Numa delas, depois de passar a noite no hospital por ver seu amigo ser linchado por preconceito, Preta procura o refúgio dos pais. Encontra a mãe na sala, a cantar cantos evangélicos, e logo após, encontra o pai nos fundos da casa, a descascar uma laranja. Ela não encontra o tão esperado abrigo. Fica em silencio, sem forças nem para falar o que lhe aconteceu. É a incomunicabilidade tão alardeada em tantos outros filmes, que encontra exemplos nos morros da Brasilândia (bairro periférico da zona norte em SP). A outra cena, é quando Preta caminha sozinha para casa, na mão um cachorro-quente, depois de ter cantado a noite inteira música sertaneja, num bar à cata de alguns trocados. Sua esperança se esvai, pois neste momento ela está só, o grupo havia se desmanchado. Seu caminhar é doído e quase derrotado, como daquelas pessoas que lutam muito para ver seus sonhos vivos, mas só encontra desilusão, ao fundo o morro feio (e lindo) da Brasilândia.
Outro mérito do filme, é se utilizar de atores que não são profissionais e sim que entendem e já vivenciaram toda aquela situação, sendo Negra Lee, inclusive, moradora do próprio bairro em que a história se passa. Mas são Thaíde e Leilah Moreno que roubam a cena.
É impressionante, como nesses bairros pobres, a construção das casas evoca este tipo de coisa, ou seja, a eterna construção de uma vida melhor.Como as pessoas que ali habitam, que lutam por uma vida mais digna em ambiente tão hostil e difícil. Suas casas sempre estão por fazer, sem acabamento. Assim como suas casas, as pessoas sentem suas vidas sempre em construção, sem o fino acabamento que toda casa merece, só que com elas a falta é de estrutura, saúde e educação de base.
Antonia não é bonitinho, nem fácil de se assistir, trata a periferia sem maquiagem, mas também (e ainda bem) sem pena. Não está fazendo o sucesso que todos achavam que iria fazer, e por incrível que pareça, este sucesso não foi alcançado justamente pelas qualidades que o filme tem de não se entregar ao melodrama fácil, e sim mostrar uma realidade dura e que passa longe dos shoppings e das pessoas que costumam freqüentar seus cinemas. É um filme que futuramente vai ser mais bem compreendido. Tata Amaral não chega a mostrar a força dura e seca de seu primeiro filme, a obra-prima “Um Céu de Estrelas”, que se passa nos escombros das antigas fábricas do bairro da Mooca. Mas é extremamente honesta e amorosa com seu filme e com suas Antonias. A diretora, assim como suas personagens acreditam num futuro melhor, apesar de toda a maré da vida estar contra. Torçamos por elas.
O grande mérito de Antonia é fugir dos estereótipos que sempre cercam filmes nacionais que falam das baixas rendas. Esse é o grande mérito. O defeito foi seu final abrupto, e a pouca explicação sobre cada uma das personagens principais. O filme merecia um tempo maior, me pareceu tudo muito apressado, e isso atrapalhou muito seu andamento.
Suas meninas sonham com um futuro melhor através da música, mas a realidade da força da grana que ergue e destrói coisas belas (com a licença de Caetano), afundam seus sonhos a cada dia. O cotidiano duro daquelas mulheres guerreiras sempre é posto a prova, seja pela maternidade, pelo preconceito ou outras dificuldades de quem tem pouco, ou quase nada, seja materialmente ou emocionalmente.
Duas cenas me chamam muita atenção, ambas protagonizadas por Preta (Negra Lee). Numa delas, depois de passar a noite no hospital por ver seu amigo ser linchado por preconceito, Preta procura o refúgio dos pais. Encontra a mãe na sala, a cantar cantos evangélicos, e logo após, encontra o pai nos fundos da casa, a descascar uma laranja. Ela não encontra o tão esperado abrigo. Fica em silencio, sem forças nem para falar o que lhe aconteceu. É a incomunicabilidade tão alardeada em tantos outros filmes, que encontra exemplos nos morros da Brasilândia (bairro periférico da zona norte em SP). A outra cena, é quando Preta caminha sozinha para casa, na mão um cachorro-quente, depois de ter cantado a noite inteira música sertaneja, num bar à cata de alguns trocados. Sua esperança se esvai, pois neste momento ela está só, o grupo havia se desmanchado. Seu caminhar é doído e quase derrotado, como daquelas pessoas que lutam muito para ver seus sonhos vivos, mas só encontra desilusão, ao fundo o morro feio (e lindo) da Brasilândia.
Outro mérito do filme, é se utilizar de atores que não são profissionais e sim que entendem e já vivenciaram toda aquela situação, sendo Negra Lee, inclusive, moradora do próprio bairro em que a história se passa. Mas são Thaíde e Leilah Moreno que roubam a cena.
É impressionante, como nesses bairros pobres, a construção das casas evoca este tipo de coisa, ou seja, a eterna construção de uma vida melhor.Como as pessoas que ali habitam, que lutam por uma vida mais digna em ambiente tão hostil e difícil. Suas casas sempre estão por fazer, sem acabamento. Assim como suas casas, as pessoas sentem suas vidas sempre em construção, sem o fino acabamento que toda casa merece, só que com elas a falta é de estrutura, saúde e educação de base.
Antonia não é bonitinho, nem fácil de se assistir, trata a periferia sem maquiagem, mas também (e ainda bem) sem pena. Não está fazendo o sucesso que todos achavam que iria fazer, e por incrível que pareça, este sucesso não foi alcançado justamente pelas qualidades que o filme tem de não se entregar ao melodrama fácil, e sim mostrar uma realidade dura e que passa longe dos shoppings e das pessoas que costumam freqüentar seus cinemas. É um filme que futuramente vai ser mais bem compreendido. Tata Amaral não chega a mostrar a força dura e seca de seu primeiro filme, a obra-prima “Um Céu de Estrelas”, que se passa nos escombros das antigas fábricas do bairro da Mooca. Mas é extremamente honesta e amorosa com seu filme e com suas Antonias. A diretora, assim como suas personagens acreditam num futuro melhor, apesar de toda a maré da vida estar contra. Torçamos por elas.
22 de fevereiro de 2007
Cassino – Martin Scorsese
Li no jornal, logo após o término do carnaval, sobre um grande barracão feito na Sapucaí, pelos “padrinhos” das escolas de samba, para poderem todos construir seus carros alegóricos por lá. Grande iniciativa, que ajuda ainda mais o carnaval do Rio de Janeiro ser o que é. Quer se goste ou não, é de se admirar tanto trabalho e beleza.Estes “padrinhos” benfeitores, são na verdade contraventores de (no mínimo) jogo do bicho, atividade ilegal, que certamente ajuda na violência da cidade maravilhosa, mas que na época de carnaval ganha outros relevos, e de contraventores eles passam a ser benfeitores de suas comunidades.
Digo isto para fazer uma ponte entre os bicheiros e os cassinos de Las Vegas nos idos dos anos setenta. Tanto é que num momento do filme, Sam Ace (Robert De Niro) se diz surpreso, pois em outros estados dos EUA, ele é considerado inimigo público, um contraventor sempre as voltas com a polícia e as grades das prisões, enquanto em Las Vegas, ele era um semi-deus, admirado e adorado por sua habilidade com a jogatina.No filme ele é o administrador de um grande cassino, onde todos perdem dinheiro, menos o próprio cassino, que faturava milhões para a máfia na época.
Filme baseado numa história verídica, que na época em que passou no cinema, assisti e não curti muito. Resolvi rever este filme de Scorsese em pleno carnaval. Até porque todo e qualquer filme do genial diretor, sempre fica melhor na revisão, e com este não foi diferente.Já valeria a pena, só por assistir ao papel da vida de Sharon Stone e por ser os últimos grandes personagens de Robert De Niro e Joe Pesci. Ou alguém duvida? O filme gira em torno dos personagens Sam Ace (De Niro), Nicky (Pesci) e Ginger (Stone). E acompanhamos um show de direção e dinamismo por parte de Scorsese, que nos mostra ricamente, como funcionava aquele complexo mundo de jogos e falsos valores.
Retrato de uma América fadada ao fracasso por uma ambição desmedida, onde o dinheiro é a mola mestra, que passa por cima de todos os princípios do homem. O dinheiro fácil que rolava (e continua a rolar) na cidade mundial do jogo, também trazia suas contra-indicações. E Scorsese nos mostra claramente o apogeu e o declínio de seus personagens. E este declínio se inicia com o amor de Sam por Ginger. Ele, que tinha tudo sobre controle até então, se apaixona à primeira vista por Ginger e seu mundo aos poucos vai desmoronando.
O que não tinha percebido da primeira vez que havia assistido ao filme, e dessa vez ficou claro, é que este filme é de amor. Uma longe é linda história de amor, que obviamente, não deu certo. Sam, em certo momento, diz a Ginger que tudo o que ele tem não vale nada, e que a única coisa que lhe importa é a certeza que quer ter, de que pode confiar sua vida a sua amada, e que o resto é bobagem. Mas como querer um amor puro em meio a um mar de ganâncias e luxurias? Como conseguir manter um sentimento limpo e cristalino em meio à lama do dinheiro e da contravenção?
Com um show de Sharon Stone – que praticamente obrigou Scorsese a te-la no filme, já que este queria Madonna – que vive a complexa Ginger, prostituta de luxo, que tem pleno domínio de qualquer homem, menos de seu cafetão Lester (James Woods). Com o casamento, ela até tenta virar uma dona de casa, mas mesmo com seu marido dando tudo a ela, Ginger se sente cada vez mais infeliz. Acaba se envolvendo com o melhor amigo de seu marido, o bandidão Nicky. E as conseqüências são desastrosas. É tocante o quanto Sam Ace ama sua esposa, e mesmo vendo o quanto às coisas dão errado, ele nunca desiste de seu amor, fadado ao fracasso.
Scorsese nos mostra com um primor ímpar, aqueles anos não tão distantes, em que a máfia ainda dominava Las Vegas e suas casas de apostas. E mais ainda, nos mostra um de seus filmes mais românticos . Talvez, uma metáfora de um país que deseja ganhar o mundo, que deseja ganhar sempre mais e mais com suas guerras e seu poderio de armas, e seu amplo domínio capitalista mundo afora. Mas dá para ganhar o mundo (money, money) e assim mesmo manter uma pureza de sentimentos? O diretor nos brinda com um retrato nada otimista de seu país, e olha que na época nem havia ainda um cara chamado George Bush. Um grande filme, de um grande diretor. Imperdível.
Digo isto para fazer uma ponte entre os bicheiros e os cassinos de Las Vegas nos idos dos anos setenta. Tanto é que num momento do filme, Sam Ace (Robert De Niro) se diz surpreso, pois em outros estados dos EUA, ele é considerado inimigo público, um contraventor sempre as voltas com a polícia e as grades das prisões, enquanto em Las Vegas, ele era um semi-deus, admirado e adorado por sua habilidade com a jogatina.No filme ele é o administrador de um grande cassino, onde todos perdem dinheiro, menos o próprio cassino, que faturava milhões para a máfia na época.
Filme baseado numa história verídica, que na época em que passou no cinema, assisti e não curti muito. Resolvi rever este filme de Scorsese em pleno carnaval. Até porque todo e qualquer filme do genial diretor, sempre fica melhor na revisão, e com este não foi diferente.Já valeria a pena, só por assistir ao papel da vida de Sharon Stone e por ser os últimos grandes personagens de Robert De Niro e Joe Pesci. Ou alguém duvida? O filme gira em torno dos personagens Sam Ace (De Niro), Nicky (Pesci) e Ginger (Stone). E acompanhamos um show de direção e dinamismo por parte de Scorsese, que nos mostra ricamente, como funcionava aquele complexo mundo de jogos e falsos valores.
Retrato de uma América fadada ao fracasso por uma ambição desmedida, onde o dinheiro é a mola mestra, que passa por cima de todos os princípios do homem. O dinheiro fácil que rolava (e continua a rolar) na cidade mundial do jogo, também trazia suas contra-indicações. E Scorsese nos mostra claramente o apogeu e o declínio de seus personagens. E este declínio se inicia com o amor de Sam por Ginger. Ele, que tinha tudo sobre controle até então, se apaixona à primeira vista por Ginger e seu mundo aos poucos vai desmoronando.
O que não tinha percebido da primeira vez que havia assistido ao filme, e dessa vez ficou claro, é que este filme é de amor. Uma longe é linda história de amor, que obviamente, não deu certo. Sam, em certo momento, diz a Ginger que tudo o que ele tem não vale nada, e que a única coisa que lhe importa é a certeza que quer ter, de que pode confiar sua vida a sua amada, e que o resto é bobagem. Mas como querer um amor puro em meio a um mar de ganâncias e luxurias? Como conseguir manter um sentimento limpo e cristalino em meio à lama do dinheiro e da contravenção?
Com um show de Sharon Stone – que praticamente obrigou Scorsese a te-la no filme, já que este queria Madonna – que vive a complexa Ginger, prostituta de luxo, que tem pleno domínio de qualquer homem, menos de seu cafetão Lester (James Woods). Com o casamento, ela até tenta virar uma dona de casa, mas mesmo com seu marido dando tudo a ela, Ginger se sente cada vez mais infeliz. Acaba se envolvendo com o melhor amigo de seu marido, o bandidão Nicky. E as conseqüências são desastrosas. É tocante o quanto Sam Ace ama sua esposa, e mesmo vendo o quanto às coisas dão errado, ele nunca desiste de seu amor, fadado ao fracasso.
Scorsese nos mostra com um primor ímpar, aqueles anos não tão distantes, em que a máfia ainda dominava Las Vegas e suas casas de apostas. E mais ainda, nos mostra um de seus filmes mais românticos . Talvez, uma metáfora de um país que deseja ganhar o mundo, que deseja ganhar sempre mais e mais com suas guerras e seu poderio de armas, e seu amplo domínio capitalista mundo afora. Mas dá para ganhar o mundo (money, money) e assim mesmo manter uma pureza de sentimentos? O diretor nos brinda com um retrato nada otimista de seu país, e olha que na época nem havia ainda um cara chamado George Bush. Um grande filme, de um grande diretor. Imperdível.
16 de fevereiro de 2007
Mais Estranho Que a Ficção – Marc Forster
Harold Crick leva sua vida de maneira sistemática, todos seus passos são cronometricos, comandados pelo click do relógio, seus hábitos diários não sofrem nunca um revés. Ele é um fiscal do imposto de renda, portanto, uma pessoa odiada por todos que são procurados por ele. Leva uma vida solitária e sem nuances. Até que um dia ele vai cobrar o imposto atrasado de uma padeira tatuada, e algo novo acontece, um sentimento novo começa a brotar naquela vidinha opaca e sem graça. Num belo dia ela prepara alguns biscoitos e oferece a ele, que diz não gostar. Experimenta e vê que na verdade gosta e muito daquilo, novas sensações apareceram dali, culminando na cena mais bonita do filme, aquela que vale a pena assistir ao filme.
Na sua corajosa paquera, Harold é convidado a entrar na casa da padeira tatuada. Encontra um violão no sofá, ele só sabe dois acordes, timidamente tenta tocar a única música que sabe. Seu sonho era tocar guitarra, mas foi mais um dos muitos sonhos abandonados pelo meio do caminho, por aquele cotidiano . Ele começa a tocar, fecha os olhos e canta timidamente, seus dois acordes ressoam como uma porta aberta para a descoberta de si mesmo. Como se alguma coisa guardada há tempos dentro dele quisesse sair. É o amor!Ana Pascal (a tatuada) observa de longe, vai se chegando e quando ele termina sua canção ela lhe presenteia com um belo beijo na boca. A partir dali sua vida toma um sentido, ele se sente vivo, muito vivo... Apesar de saber que esta preste a morrer.
Todo o resto do filme é perfumaria. Ele sabe que vai morrer porque escuta uma famosa escritora (Emma Thompson) descrever sua vida, só ele a escuta, dentro da sua própria cabeça. A escritora tem por costume, matar seus personagens em todos seus livros, que por sinal fazem muito sucesso. Nisto ele procura ajuda de um professor literário (Dustin Hoffman) para tentar reverter esta situação.
Contando com um elenco de peso, e um roteiro que procura ser uma cópia (mal feita) dos roteiros do esquisito Charles Kauffman , o filme se perde nos outros momentos em que Will Ferrell e Maggie Gyllenhaal não estão juntos em cena. Tudo soa despropositado e insosso. Até mesmo à vontade de Ferrell se mostrar um ator sério. A mensagem no final do filme, quer fazer crer que nenhuma obra artística vale a vida de qualquer ser humano, mas faltou um roteiro e uma direção com moral para mostrar isso de maneira satisfatória.
15 de fevereiro de 2007
Dias de Glória – Rachid Bouchared
A Revolução Francesa nos trouxe uma nova era. E seus princípios e lema (liberdade, igualdade e fraternidade) se alastraram, desde o final do século XVIII, sobre todo o ocidente e serviram de guia para a democracia em que (acho) vivemos. Digo isto, pois seria certo a França nos passar o exemplo de como estes ideais devem ser inseridos na sociedade, de maneira geral.Acontece que nada parece ser o que é. E filmes como este nos confirmam esta tese.
Dias de Glória vem ressaltar a difícil e servil relação da Argélia com a França, isto é, os colonizados com seus colonizadores. Se no ano passado isto foi mostrado às claras, mas no âmbito familiar e restrito, pelo ótimo “Caché” (concorrente ao Alfred de melhor filme) e sua impressionante cena da navalha. Neste também ótimo filme, a questão é colocada, sobre a perspectiva da segunda guerra mundial, onde os colonizados lutavam e morriam pela liberdade de seus colonizadores. Uma difícil situação, totalmente inverossímil, e que aconteceu de fato nos anos de guerra.
Acompanhamos a difícil missão de uma tropa formada pelos colonizados, que procuram entrar na briga, de frente com o poderia alemão. Fica claro que os argelinos eram uma espécie de peões,como no jogo de xadrez. Ou seja, os primeiros a entrar na linha de tiro, à troca de uns míseros trocados e promessas falsas de seus colonizadores por melhores condições de vida. Mas sabemos e vemos que a história foi bem outra, e que na realidade, até hoje, se alastram questões jurídicas a respeito de aposentadoria e direitos a estes bravos e heróicos soldados, sendo que a maioria morreu sem ver seu feito respeitado pela França.
No filme em si, acompanhamos a batalha de quatro soldados e seu sargento chefe – alias, que elenco perfeito - na difícil convivência com os outros soldados, em especial com os superiores franceses. Uma longa luta por sobrevivência e exigência de melhores condições de vida, ou melhor, por respeito e a tal igualdade tão alardeada. Mas tudo é muito difícil, e entre promessas falsas, vemos por exemplo, um soldado apaixonado por uma francesa, que não consegue se comunicar com a amada, porque os “amigos” franceses interceptam suas cartas. De maneira discreta, não querem a “mistura” de raças, mesmo que este lute e ganhe heroicamente, várias batalhas em nome da França.
O que mais chama a atenção, é a forma distinta como tudo é mostrado. Em nenhum momento o filme toma as dores de seus soldados. Tudo é mostrado de maneira sóbria e eficiente, e quem ganha com isso é o público, que tem a oportunidade de assistir a um belo filme. Para mim, particularmente, a grande surpresa do ano, que certamente figurará entre os melhores de 2007.
6 de fevereiro de 2007
Apocalypto – Mel Gibson
É fácil não gostar dos filmes de Mel Gibson. Com exceção do seu primeiro filme, que transborda sensibilidade, todos os outros usam e abusam da violência para mostrarem a que vieram. Logo no seu segundo filme, arrebatou vários Oscar, incluindo o de melhor diretor e ganhou carta branca para fazer o que quisesse. E ele não se fez de rogado, mandou ver no seu “A Paixão de Cristo”, com uma violência incomum, mostrando a todos não só as sete chagas de Cristo, mas todos os seus ferimentos, um por um, no seu calvário até a morte na cruz .Muitos acharam aquilo um verdadeiro exagero, de profundo mal gosto, mas mesmo assim o filme foi um enorme sucesso no mundo inteiro.
No ano passado, ficou mais fácil ainda não gostar do australiano, em meio a uma bebedeira, soltou o verbo e sem freios na língua, falou mal de todo mundo e jogou o seu lado politicamente correto (será que ele alguma vez o teve?) pro ralo. Enquanto outros astros e estrelas não falam uma palavra sem seus assessores aprovarem, Gibson não está nem aí. Ele é conservador demais, e de sua língua não escapam judeus e homossexuais. Mas não são estes “os caras” que comandam Hollywood? Não sei... Só sei que gosto (apesar de não concordar) de seus arroubos etílicos, e principalmente de suas idéias como diretor. Talvez eu seja um dos poucos que gostou de “A Paixão de Cristo”. Na verdade eu gostei muito. Parece-me que Gibson usou seu fervoroso cristianismo para, através do exagero, mostrar a todos nós como somos idiotas. O homem é o próprio lobo do homem. Em cada chaga aberta no corpo de seu Cristo, Gibson parece gritar com sua barriga grande, ao lado de uma garrafa de qualquer bebida forte: “Olha, como somos imbecis. Torturamos e matamos quem veio nos ensinar a amar. Olha como somos imbecis!” E logo depois, caí ao chão bêbado.
Agora ele veio com outra estória absurda, numa língua mais absurda ainda. Em Apocalypto, tenta nos mostrar um pouco sobre a vida dos Maias. Um povo com um senso de arquitetura e construção, avançadíssimos, para sua época. Que desapareceram depois de muitas brigas entre si, em busca de prosperidade, e a custa de muitos sacrifícios humanos,juntamente com a chegada das caravelas pelo mar. Não por acaso, ao avistar uma dessas caravelas, um dos Maias se impressiona com as cruzes que estão logo à frente das embarcações. Ironia de Gibson. Que se no filme anterior louvava o cristianismo, neste seu último filme, mostra claramente, que em nome deste mesmo cristianismo, os brancos foram pouco a pouco acabando com as outras culturas que foram encontrando pela frente. Tudo em nome de Cristo. Esta última cena (desculpe quem ainda não viu), é belíssima, pois com a chegada de “almas tão boas”, percebemos que tudo aquilo a que Jaguar Paw (sua família e suas terras onde sempre caçou) lutou logo morreram.
O homem é o próprio lobo do homem, parece que Gibson quer nos fazer enxergar, que o homem nada mais faz desde tempos idos, que destruir a si mesmo e ao seu próximo. Mesmo com suas boas intenções, seja do homem em si, seja de Gibson, o que resta sempre é a desilusão, e Gibson acha que a única saída é sempre a família. Único porto seguro para um homem evoluir. Certo ou errado, ele pelo menos põe a cara à tapa. Que venham mais erros e acertos de Mel Gibson.
Não gosto muito da direção de Gibson, falta muito nele ainda para se tornar um grande cineasta, mas não nego que gosto das ídeias por traz de seus filmes. E gosto dele como ator, mesmo sendo por vezes canastrão. Alguém tem que falar umas bobagens de vez em quando, para sairmos do marasmo do politicamente correto, que toma de assalto todos os bens comportados por aí. Um porre e umas palavras imbecis de vez em quando não fazem mal a ninguém.
1 de fevereiro de 2007
Relação de filmes - Janeiro de 2007
Filmes assistidos no mês de Janeiro de 2007 por ordem de preferência.
01 – Nacho Libre – Jared Hess (DVD) * * * *
02 – C R A Z Y - Loucos de Amor – Jean Marc Valée * * * *
03 – Pequena Jerusalén – Karin Abou (DVD) * * * *
04 – Babel – Alejandro Gonzalez Inarritu * * *
05 – Anjos do Sol – Rudi Lagemann (DVD) * * *
06 – Apocalypto – Mel Gibson * * *
07 – 800 Balas – Alex de La Iglesias (DVD) * * *
08 – Mais Estranho Que a Ficção – Marc Foster * * *
09 – Diamante de Sangue – Edward Zwick * * *
10 – Deva Vu – Tony Scott * *
11 – Protegida Por Um Anjo – Craig Rosenberg (DVD) * *
12 – Sonhadora – John Gatins (DVD) * *
13 – Uma Noite no Museu – Shawn Levy *
01 – Nacho Libre – Jared Hess (DVD) * * * *
02 – C R A Z Y - Loucos de Amor – Jean Marc Valée * * * *
03 – Pequena Jerusalén – Karin Abou (DVD) * * * *
04 – Babel – Alejandro Gonzalez Inarritu * * *
05 – Anjos do Sol – Rudi Lagemann (DVD) * * *
06 – Apocalypto – Mel Gibson * * *
07 – 800 Balas – Alex de La Iglesias (DVD) * * *
08 – Mais Estranho Que a Ficção – Marc Foster * * *
09 – Diamante de Sangue – Edward Zwick * * *
10 – Deva Vu – Tony Scott * *
11 – Protegida Por Um Anjo – Craig Rosenberg (DVD) * *
12 – Sonhadora – John Gatins (DVD) * *
13 – Uma Noite no Museu – Shawn Levy *
24 de janeiro de 2007
Babel – Alejandro González Inarritu
A falta de comunicação permeia a vida de todos, em qualquer lugar. Seja em família, na mesa do jantar, ou mesmo até, no serviço, em meio a pessoas que convivemos durante a semana inteira, mas não conhecemos a fundo. É a solidão latente, que vive incrustada nos corações e mentes das pessoas nas grandes capitais, ou mesmo em cidades pequenas. O telefone, e principalmente a internet, fizeram com que o mundo ficasse bem menor. As distancias já não existem para a comunicação entre as pessoas.
De que vale tanta tecnologia e facilidades de comunicação, se o homem está cada vez mais estranho ao homem. Quanto mais próximo mais distante, num abismo no qual todos se fecham e se protegem da violência, e com isso do convívio, do toque, do sorriso, que o outro possa oferecer.
Inarritu procura desde o seu primeiro e excelente filme, falar sobre a falta de comunicação entre as pessoas. E agora, no terceiro e aguardado Babel, merece aplausos por adentrar no mundo da (falsa?) globalização mundial.Como um gesto ou ato num determinado local do planeta, pode influenciar em outro país totalmente diferente. Se o resultado não é dos melhores, e pelo menos, importante e oportuno.
Com a ação se passando em diversos locais diferentes do mundo, Inarritu acerta e erra ao mesmo tempo, por estereotipar seus personagens, a cada cultura que pertencem. Temos os festeiros e por vezes bobos mexicanos. Setor do qual o diretor conhece bem por ser um mexicano também. Por isso soa estranho, este núcleo ser o menos bem desenvolvido, tendo por base o personagem de Gael Garcia Bernal. Será proposital?
Os americanos são os super astros do mundo moderno e aqui são representados por Brad Pitt e Cate Blanchett, que fazem um casal em viagem ao Marrocos, para uma tentativa de salvar um casamento preste a acabar, justamente pela falta de diálogos entre o casal, desde quando uma tragédia os abateu. Aqui, os americanos são os ricos com problemas de consciência.
Por outro lado temos a família marroquina, com seus costumes antigos, onde também não há muito dialogo, e em meio a sujeiras e muita poeira, a família vive através das rédeas curtas de um pai autoritário.
Do outro lado do mundo temos a melhor estória. Uma garota surda vive seus conflitos sexuais, juntamente com seus conflitos pela sua deficiência auditiva. Junto a isso, tem ainda a falta de dialogo com o pai, principalmente depois de sua mãe morrer de forma abrupta.
Apesar da distância que os separam, acabam se interligando por um tiro disparado, que acaba trazendo conseqüência a todos. Mesmo parecendo por vezes uma coisa forçada, o filme se desenvolve bem. E ainda tem uma boa interpretação de Brad Pitt e principalmente Rinko Kikuchi. Alias, tem uma cena em que ela solta um grito de desespero, que por si só já vale o filme.Enquanto ela se sente extremamente só, ao fundo vemos uma Tóquio cheia de gente e luzes coloridas.
Um filme que tem sido amado, e mais ainda odiado por muitos, que até já chegaram a compara-lo a Clash, ganhador (!?) do último Oscar. Nem uma coisa, nem outra. O filme é apenas mediano, mas desenvolve um assunto urgente e interessante. Mas que não merece toda a pompa a que está se aventurando. Melhor seria prestarmos mais atenção nos filmes dos outros mexicanos como “O Labirinto do Fauno” de Guillermo Del Toro e “Filhos da Esperança” de Alfonso Cuarón. Estes valem a pena.
19 de janeiro de 2007
Melhores filmes - 2006
LISTA DOS VINTE MELHORES FILMES DE 2006.
1 - O Céu de Suely - Karin Ainouz (obra-prima)
2 - Crime Delicado - Beto Brant
3 - A Dama da Água - M. Night Shyamanann
4 - Retrato de Família - Phil Morrison
5 - Eu, Você e Todos Nós - Miranda July
6 - 2046 Os Segredos do Amor - Wong Kar Wai
7 - A Casa do Lago - Alejandro Agresti
8 - O Plano Perfeito - Spike Lee
9 - Três Enterros - Tommy Lee Jones
10- O Ritmo do Sonho - Craig Brewer
11- O Ano em Que Meus País Sairam de Férias - Cao Hamburger
12- Pequena Miss Sanshine - Jonathan Dayton e Valéria Faris
13- As Chaves de Casa - Gianni Amélio
14- O Segredo de Brockback Mountain - Ang Lee
15- Volver - Pedro Almodovar
16- O Buda - Diego Rafecas
17- Os Infiltrados - Martin Scorsese
18- O Labirinto do Fauno - Guillermo Del Toro
19- A Criança - Jean Pierre e Luc Dardenne
20 - Pintar ou Fazer Amor - Arnaud Larriei
16 de janeiro de 2007
Anjos do Sol – Rudi Lagemann
Logo percebi no início do filme, que estaria entrando num pesadelo. Logo de cara, vemos o personagem de Chico Diaz e a primeira impressão é a de repulsa (mérito do grande ator), por pessoa tão asquerosa. Ele segue num barco atrás de mais uma “mercadoria” nos confins do sertão miserável. Chega em uma humilde casa e compra Maria (Fernanda Carvalho), do próprio pai. Se a coisa parece ruim, vai ficar ainda pior. Chega a ser inacreditável que tais acontecimentos sejam baseados em histórias reais. Aquilo sim é o terror, pois o que Maria e outras meninas - todas entre dez e doze anos – começam a passar é pior do que qualquer ritual de tortura. A morte seria alívio.
Maria não sabe nada da vida, acostumada a viver no meio da nada e sem nada para comer ou aprender, não sabe se é uma mulher, ou pior, o que vem a ser uma mulher. Nem se despede da família. Segue o homem, que a leva para um leilão, onde ela é comprada, como um animal, por senhores engravatados. Otavio Augusto compra Maria, juntamente com outra menina (Bianca Comparato), pela pechincha de R$ 2.500,00. Serve-se delas e manda para o meio da mata, para um prostíbulo comandado por Antonio Calloni. Se a coisa estava ruim, fica pior ainda. Elas virão prisioneiras, sem ter para onde fugir, e são estupradas várias vezes ao dia, juntamente com outras meninas, que foram parar no lugar da mesma forma. Não acredito que exista crime mais horrível.
É dilacerante a cena em que vemos as meninas sendo estupradas continuamente, e tentam fugir, com ânsias de vômito, por repulsa de homens tão asquerosos. Ou mesmo quando Maria não consegue levantar da cama, por tanta dor que sente em suas partes íntimas. Pior é quando sua colega de desgraça é amarrada no caminhão para ser castigada e servir de exemplo para as outras meninas. Seu último olhar para Maria, naquele momento da eminência da morte, não saí da minha cabeça.
Este filme ficou pouco tempo nos cinemas. Lembro que não foi muito bem recebido pela crítica. Até entendo o porque do não sucesso do filme, pois ele é realmente um baita soco no estômago. Um filme denúncia, e acho que isto é que fez os críticos não gostarem do filme. Mas parabenizo o diretor pela coragem de tocar em um assunto tão monstruoso e delicado ao mesmo tempo. Alguém tinha que faze-lo.
Não acredito que exista coisa pior no mundo, do que o que estas meninas passam. E que este comercio continua pelo Brasil afora, e não vemos nenhuma ação do governo para acabar com esta barbaridade. É revoltante!
Interessante assistir aos extras do DVD, o diretor contando a dificuldade de passar toda aquela intensidade para as meninas atrizes. Por exemplo, como falar sobre penetração e estupro para crianças que (num mundo normal), como a protagonista, nunca tinham ouvido certas palavras como estupro.
Vendo o silêncio das autoridades e público perante tal vergonha brasileira, me pergunto se não somos todos culpados pela desgraça dessas Marias coitadas. E me pergunto quantas meninas estão neste exato momento perdendo sua inocência, seu corpo e sua alma, sem ter alguém a quem pedir socorro. Que mundo é esse, Deus meu!
10 de janeiro de 2007
Diamante de Sangue – Edward Zwick
A certa altura do filme, o personagem de Jennifer Connelly diz que precisa de provas sobre a forma ilícita de como os diamantes são comprados, pois mostrando ao seu país - os Estados Unidos - a forma como são conseguidas as pedras preciosas do título, ninguém ira comprar mais. Só que o filme mostra o tempo todo exatamente o contrário, não pelas provas conseguidas, e sim pela forma como é mostrada a estória ao longo de mais do que duas horas e meia de projeção.
Com um aparente engajamento, por causas nobres.Vemos um filme longo que pretende mostrar as injustiças e barbaridades cometidas na África, mas na verdade só temos uma desculpa boba, para sermos bombardeados com muita ação e pouco aprofundamento sobre as reais causas daquilo tudo.Parece uma coisa rala, uma espécie de denúncia de direita, nos mostrando que na verdade não tem denúncia nenhuma, só nos tímidos letreiros finais.
Seja em qual país da África for, todos seus habitantes são mostrados como verdadeiros bárbaros sanguinários, que só conseguem um pouco de racionalidade, com a ajuda mais que especial, dos brancos bacanas de boa intenção do ocidente. Chega a cansar.
Na verdade o filme parece apenas servir de veiculo para Leonardo di Caprio brilhar e ascender cada vez mais ao posto de grande estrela de Hollywood. E isso ele faz muito bem com seu personagem, um traficante de pedras preciosas inescrupuloso, que (pasmem!) ao longo do caminho vai encontrando sua redenção, até conseguir voltar a ter bom coração.
Mas o melhor personagem é o de Djimon Hounsou, que em meio à guerra civil de seu país, perde o contato com a família por causa da guerra, ao mesmo tempo em que encontra um diamante cor-de-rosa valiosíssimo. A partir de então ele começa uma busca por seus familiares e usa o tal diamante como uma espécie de arma para conseguir ajuda. Pena que seu personagem, assim como os outros dois protagonistas sejam rasos na forma em que são mostrados. E daí, perdeu-se uma grande chance de se fazer um bom filme, justamente por este não aprofundamento nos personagens, privilegiando-se a aventura e ação desenfreada. Talvez um outro diretor, talvez um outro contesto, mas a verdade é que se perdeu uma grande oportunidade de se fazer um grande filme.
Depois de alguns minutos fora do cinema...Qual o filme que eu assisti mesmo? A pretensão é muita, o resultado é tosco.
ps: Ontem começou o BBB7. Programa que adoro e odeio, pelo fato de me ver preso a ele todo começo de ano até março. Parece que este vai ser o último. Pelo que eu vi ontem, ninguém me agradou em especial, o que é estranho. Achei todos muito parecidos, vai ser preciso assistir um pouco mais para se ter um aopinião melhor. Devo comentar muito por aqui, numa espécie de excessão ao um programa de TV.
Assinar:
Postagens (Atom)