Gianecchini esse não precisa de cabelo para ser bonito. |
Depois que o ator Reynaldo Gianecchini, 39, apareceu com os cabelos crespos e
cacheados por conta do tratamento de um linfoma, muitos se perguntam se a
quimioterapia afeta a textura do cabelo e se esses efeitos são reversíveis.
O cabelo que nasce logo depois do tratamento costuma ser diferente do cabelo
que a pessoa tinha antes. "Isso acontece porque os fios crescem em ciclos
diferentes, primeiro mais grossos, depois mais finos, o que deixa o cabelo
desigual", explica Artur Malzyner, oncologista do Hospital Israelita Albert
Einstein e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Recentemente, o "British Journal of Dermatology" publicou um estudo sobre as
modificações estruturais do cabelo após a quimioterapia. O estudo concluiu que a
mudança no aspecto dos fios acontece por conta da diminuição da espessura da
fibra capilar e da alta variação na espessura dos fios no couro cabeludo do
indivíduo.
Em geral, o que acontece durante a quimioterapia é uma queda acentuada de
cabelo. O paciente fica praticamente careca porque as células responsáveis pelo
crescimento de pelos têm uma taxa de proliferação muito alta, comparável à
velocidade de divisão celular de alguns tumores malignos. Isso faz com que, na
tentativa de evitar a proliferação de células cancerígenas, o tratamento destrua
também as células do cabelo.
Cerca de três meses depois do tratamento começam a nascer fios diferentes do
original. Em um ano, a maior parte dos pacientes já está com o cabelo
completamente normal, explica Malzyner.
A mudança no fio ocorre porque a região que controla a espessura e a simetria
da fibra capilar é justamente a matriz, área celular afetada pela quimioterapia.
Assim, cabelos antes lisos e grossos podem se tornar cacheados e finos e
vice-versa.
Pode haver ainda mudanças na cor. O ator Reynaldo Gianecchini, por exemplo,
disse que teve de pintar os cabelos, que passaram a nascer grisalhos depois da
quimioterapia. "Há registro de pessoas ruivas que se tornaram loiras e de
pessoas muito jovens que ficaram grisalhas", conta a dermatologista Camila
Hofbauer, do Grupo de Dermatologia Estética do Hospital das Clínicas da USP.
Não dá para prever se o cabelo voltará ao normal. Caso não volte, o jeito é
recorrer a tratamentos estéticos se o paciente não se acostumar com o novo
cabelo.
Já existem técnicas para controlar a queda durante a quimioterapia: "Dá para
usar um dispositivo de resfriamento do couro cabeludo que causa a vasoconstrição
local e reduz os efeitos do medicamento nos folículos", explica Hofbauer
Para Maria da Glória Gimenes, psico-oncologista e autora do livro "A Mulher e
o Câncer" (Livro Pleno, R$ 31, 325 págs), o cabelo costuma ser o ponto fraco do
paciente com câncer. "Quem vê de fora pensa que é excesso de vaidade, mas as
mudanças no cabelo denunciam a doença. São elas que impedem que o paciente tenha
sua privacidade, conte sobre o problema apenas para quem ele quiser", diz.
Fonte.: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1146736-saiba-por-que-o-cabelo-do-ator-reynaldo-gianecchini-mudou-depois-da-quimioterapia.shtml