As mulheres que fingem um orgasmo, são mentirosas, frígidas ou simplesmente não se estão para chatear?


À melhor resposta, ofereço um café



Hoje, dia 31 de Julho, é
Dia Mundial do Orgasmo

"O Dia Mundial do Orgasmo foi criado há quatro anos, na Inglaterra, por redes de sex shops. Pesquisas feitas por essas lojas revelaram que 80% das mulheres inglesas não atingem o clímax em suas relações."

Ver reportagem inteira aqui




E por falar em orgasmo, não podem perder uma visita ao site Beautiful Agony: é um site dedicado à beleza do orgasmo humano. Não se trata de um site pornográfico, a única nudez que é vista está acima do pescoço. O conceito do site é precisamente que as pessoas para lá enviem um pequeno filme dum seu orgasmo. Nem sempre se percebe se a pessoa está sozinha ou acompanhada, ou o que faz para atingir o dito. Mas a expressão não engana! O site é pago, embora com algumas amostras grátis (referenciadas como free sample). Inventa-se cada uma!





Nome: Mulher Africana

Nacionalidade: Namíbia

E Deus criou a mulher...



Nota: neste dia 31 de julho comemora-se o Dia da Mulher Africana. Este dia é uma reflexão sobre o papel da mulher em África. Surge desde 1962 após uma reunião de pan-africanistas. O objectivo é discutir o papel da mulher na reconstrução de África, no combate a propagação da SIDA, na educação, no término dos conflitos e na garantia da paz e da democracia.


Fotografia de Peter Gasser




Frente e Verso, os dois lados da moeda

1. Quando escrevi uma crónica desaforada sobre o Mindelo de hoje, desiludido com os caminhos, as decisões, as ausências, os vazios, as invejas, as riolas, as escolhas, as rasteiras, o jogo sujo, a ambição, os umbigos, estava longe de adivinhar que alguns dias depois receberia uma revista, escrita por um jornalista português que veio ver e conhecer um pouco da cidade, e cuja imagem foi totalmente contraditória com o que havia acabado de escrever. Mindelo era, afinal, um paraíso.

2. Isto para dizer o que todos já sabemos: uma moeda tem dois lados, sempre. A existência do Paraíso, pressupõe que o Inferno ande por aí, a espreitar a cada esquina. Não vale a pena querer pintar o mundo cor-de-rosa, quando todos sentimos que o futuro é negro. Não vale a pena andar a chorar sobre o leite derramado, porque é com acção, no terreno, que se consegue lutar contra o que acreditamos estar mal. Pelo menos tentar.

3. Por isso mesmo é sempre interessante ouvir os debates sobre o «Estado da Nação». Também neste caso a globalização parece ter feito das suas, uma vez que estes debates não variam muito de país para país. Para o Governo o país está «no rumo certo»; para a Oposição é fundamental «mudar de rumo»! Está certo que nalguns parlamentos a discussão chega a vias de facto, e todos nós já vimos cenas de pancadaria da grossa entre ilustres deputados de um qualquer país asiático, coisa que nunca aconteceu por estas paragens. Mas já estivemos mais longe.

4. O lado escuro e o lado claro. A noite e o dia. O podre e o puro. Somos tudo isto num só país e os debates e opiniões sobre o estado de coisas em Cabo Verde é prova disso mesmo. O optimismo do Primeiro Ministro de Cabo Verde é perfeitamente natural, justificado e até exigível. Faz parte da sua função enquanto chefe do Governo passar uma mensagem de optimismo, crença num futuro melhor, de um caminho glorioso rumo ao desenvolvimento para todos e cada um de nós. Se ele não acreditar, quem vai acreditar?

5. Uma das formas para se medir o Estado da Nação é recorrendo à matemática e à estatística. Os políticos gostam muito de números. Quem vê números não vê caras, muito menos corações. O interessante é que num mesmo relatório podemos ter o paraíso e o inferno caminhando lado a lado. A inflação foi X? Mas o desemprego subiu Y! As importações aumentaram desmesuradamente? Mas os índices de desenvolvimento estão melhores do que nunca! Inferno e Paraíso convivendo na mesma página de um qualquer relatório do FMI ou Banco Mundial!

6. Ficamos a saber, por estes dias que em termos de economia, as coisas até que estão a caminhar como deve de ser. Pelo menos é assim que dizem os senhores dos números: «Apesar de entrarmos no 2º trimestre de 2007, com uma situação de crise com a desvalorização do dólar, o aumento de preço de petróleo e dos cereais, a nossa economia, conseguiu crescer 7%, devido uma forte procura interna, com uma taxa de execução do investimento público de 83% e pela 1ª vez conseguimos ultrapassar a barreira dos 13 milhões de contos», é o que se pode ler num extenso artigo de Fernando Robalo publicado na Semana Online.

7. Mas por outro lado, ouvimos estes números e perguntamos: crescemos 7%? Mas como, se o meu salário não cresce nem metade disso e ao mesmo tempo os preços dos bens essenciais também crescem à mesma velocidade? Forte procura interna? Para quem pode! Quem vê os carrões que circulam pelas ruas da capital, os palacetes que andam a ser construídos por aí, as jantaradas e grandes festas onde se come e bebe do bom e do melhor, pergunta-se, assim como quem não quer a coisa, e não sem uma pontinha de inveja: dondé ke tita bem toda essa bufunfa?

8. Diz ainda o citado artigo: «Os indicadores de desenvolvimento económico de Cabo Verde demonstram uma evolução positiva, tendo o resultado no crescimento do PIB per capita, na redução da pobreza absoluta e na melhoria de qualidade de vida dos Cabo-verdianos (ver último estudo do QUIBB 2007) sendo certo que os Cabo-verdianos vivem em condições de conforto superior da década de 90.» Muito bem, está explicado o tal optimismo do nosso Primeiro Ministro, mas a verdade é que quando andamos por aí, e vemos o nosso Cabo Verde com olhos de ver, há qualquer coisa que não bate certo.

9. O povo não anda contente. O espírito de morabeza está a desaparecer e em troca estamos a assimilar aquele espírito do quanto mais melhor e cada um por si, porque já dá muito trabalho cuidar de mim, quanto mais dos outros. A filosofia da porta aberta extingui-se. Agora, vêm-se é grades nas janelas. Como falar em estar a brindar com os amigos calmamente num boteco se hoje um tipo entra num bar, na maior das calmas, com o objectivo de espetar dois tiros na cabeça de um outro, num qualquer ajustes de contas ligado ao tráfico da droga?

10. As infra-estruturas estão a melhorar. Há mais alcatrão. Mais aeroportos. Mais hotéis. Há mais telefones, carros, televisões, vídeos e aparelhagens por cada 100 habitantes. A qualidade de ensino tem um nível razoável e a luta contra a alfabetização é uma das maiores vitórias deste nosso arquipélago. Mas como lutar contra esse outro analfabetismo, o cultural, num país onde o acessório parece ser mais importante que o essencial, onde a embalagem tem maior influência que o conteúdo, onde o aspecto físico sobressai sobre as capacidades intelectuais de cada um, onde a esperteza e o expediente leva a melhor sobre o mérito?

11. Haverá esperança num país onde praticamente ninguém lê? Mas como se explica que nas aberturas das feiras dos livros, assistamos quase sempre a essa avalanche de gente, ávida, esfomeada de livros, de romances, de estudos, de poesia? Como se explica que num país onde a qualidade dos serviços públicos é deplorável, onde as pessoas nalguns locais já tem medo de sair à rua, onde o comércio tradicional e personalizado das pequenas mercearias de famila é substituído por um outro comércio selvagem e predador, venha ele da China ou de Portugal, se continuem a produzir das mais belas composições musicais do planeta?

12. Diz o mesmo texto que tenho citado aqui que «a erradicação da pobreza e da exclusão social é indiscutivelmente um dos principais desafios do desenvolvimento e dos direitos humanos do nosso século, havendo uma consciencialização crescente que é imperioso conciliar o desenvolvimento económico com a coesão e justiça social.» Isto é tudo muito bonito de ler, mas não estamos todos cansados de saber que quando vem mais riqueza, vem também mais exclusão? Que quando vem mais desenvolvimento aumenta o fosso entre os mais ricos e os mais pobres? O que fazer perante este quadro tão contraditório?

13. No fundo, temos que pensar que não somos assim tão diferentes dos outros países do Mundo. Temos os nossos problemas a resolver, as nossas virtudes a publicitar, as nossas tradições a preservar, as nossas riquezas a explorar. Temos os nossos monstros que nos ameaçam debaixo da cama enquanto dormimos e é preciso lidar com eles. O tráfico de droga existe. A lavagem de dinheiro existe. A pobreza extrema existe. O individualismo crescente existe. Uma das frases mais óbvias já ouvidas é aquela que nos diz que o primeiro passo para a cura de uma doença é aceitar que ela existe. E partir para a cura, com optimismo, sabedoria, conhecimento, generosidade. Porra, se Cabo Verde chegou até aqui até onde mais nos poderá levar?


Mindelo, 31 de Julho de 2008




Que legenda, para esta imagem?

À melhor legenda, ofereço um café

Fonte: aqui


Fotografia de Usovich Alexey




Como devem saber, na última sessão parlamentar antes das férias do Verão, os senhores deputados da Nação aprovaram, por unanimidade, a nova tabela de ajudas de custos para os deputados nas suas viagens pelas ilhas e exterior. Eu nem vou comentar esse dado extraordinário de se ter conseguido fazer aprovar alguma medida no parlamento cabo-verdiano por unanimidade, nem o que provocou este feito raro e surpreendente. Mas vou colocar aqui um comentário publicado na Semana Online, que vale pela sua ironia e por estar bem escrito, já agora:

Então é assim:

«Acho muito bem que actualizem as suas ajudas de custo, são os nossos representantes, têm de viver bem, temos orgulho nisso, por isso é que os elegemos, não para ser uns pelintras e "passadores de fome", para isso bastamos nós.

Que os nossos representantes quando vão lá fora, vão com cabeça levantada e muito dinheiro no bolso, para honrarem Cabo Verde. Como faz Nino Vieira todas as semanas (viagens ao estrangeiro e com Euros à vontade nos bolsos e o povo da Guiné a passar fome).

Convenhamos, em partido único, o antigo combatente era o "melhor filho da nossa terra e do nosso povo", em democracia o "melhor filho da nossa terra e do nosso povo" tem de ser o nosso deputado eleito.

Vivendo bem eles, ficamos felizes, sentimo-nos todos a viver bem, também, na nossa fértil imaginação...

Viva a democracia!

Viva os deputados da nação!

Que vivam muitos anos e muitos mandatos para poderem gozar dessa conquista democrática, sim democrática, novas ajudas de custo para os deputados, votada por 99,99% dos votos e uma abstenção.

Grande parvo esse abstencionista!

Deviam-lhe cortar a mama. Aliás, fica já decidido. Quando o José Luis Santos solicitar visita ao seu círculo ele vai com as ajudas de custo antigas, que é para ele aprender a não desconversar, da próxima vez.

Os comentários que foram feitos a esta notícia são de invejosos, incluindo eu, mas vamos ter de chupar limão, cheios de raiva, que já estamos.

Aguentem seus invejosos!

Abaixo os invejosos das boas ajudas de custo!

Assinado: João da Silva Ramos»


P.S. Verdade seja dita, estes valores não eram actualizados desde 1992. Mas as mesmas tabelas de ajudas de custo de toda a função pública estão congeladas desde... 1991. Talvez por isso muitas reacções como esta, que não deixa de ter alguma piada.




Fígaro!

Ignorava que a amante era casada com um barbeiro.

Por ironia do destino, um dia foi barbear-se, justamente, no salão do marido traído.
O destino não é só irónico. Às vezes, é também cruel.

A par de tudo, o barbeiro lavou a honra com sua melhor navalha.


Wilson Gorj in «Sem Contos Longos»




Uma Universidade para os «Pretos»?

Foi anunciado pelo ministro da educação do Brasil a criação, já para 2009, da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira (Unilab) que será instalada em Redenção, estado do Ceará, por ter sido a primeira cidade do Brasil a abolir a escravidão, no século XIX. Segundo o ministro Fernando Haddad, serão oferecidos cursos de saúde, física, biologia, tecnologia, engenharia, administração e agronomia, áreas de interesse dos países africanos. Mas lá também poderão estudar alunos de outras proveniências, inclusive do Brasil e de Portugal. Na verdade, além do Brasil, a Unilab conta criar pólos em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Esta é a notícia, agora algumas perguntas em jeito de provocação:

1. Isto soa ou não soa a uma réplica da famosa Universidade Patrice Lumumba na antiga URSS? Como escreveu um leitor da Semana online «a mim cheira-me a coisa feita para os "coitadinhos" dos africanos.»

2. Com o processo da UniCV a andar de vento em popa, mesmo com todos os problemas que possam surgir num projecto desta complexidade, precisamos mesmo de mais uma Universidade privada no arquipélago?

3. Por muito bem intencionada que seja esta iniciativa, não se está a correr o risco de sair «pior a emenda que o soneto», ou seja, discriminar querendo «integrar»?

4. Porquê que se continuam a utilizar termos como «afro-descendentes» tendo em conta que, historica e antropologicamente, somos todos descendentes de africanos?

5. Porque é que no Brasil se continua a falar de «África» como se o continente fosse constituído por um só país, uma só cultural, uma só realidade?


Agora, não se esqueçam daquela frase que nos diz que «perguntar não ofende»!




Depois do famoso episódio «porque no te callas», andaram de candeias às avessas. Mas depois de uma visita ao senhor Rei, o Bulimundo venezuelano não só enterrou o machado de guerra, como ainda trouxe uma T-shirt na bagagem, oferecida pelo soberano. Sentido de humor não lhe falta!

Via: Jumento




A carta de um homem (sobre as mulheres):

«Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber o seu peso não nos proporciona nenhuma emoção. Não temos a menor ideia de qual seja o seu manequim. A nossa avaliação é visual.

Isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas. As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas.... Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fracção de segundo.

As muito magrinhas que desfilam nas passarelas seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays, e odeiam as mulheres e com elas competem. As suas modas são muito rectas e sem formas, e parecem agredir o corpo maravilhoso das mulheres. Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato são equivalentes a mil viagras. (...)

Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão, e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão. É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulímica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranquila e cheia de saúde. (...)

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos "em formol", nem em Spa... viveram!

O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.

Cuidem-no!
Cuidem-se!
Amem-se!
A beleza é tudo isto. Tudo junto!

Assinado: um homem»


P.S. Este texto foi-me enviado por mail por uma cliente do Café Margoso, a quem agradeço. Mas devo dizer, como nota final, que me parece que as mulheres crioulas já andam a seguir estes conselhos há muito tempo. O que vos parece?

Imagem: DDiarte




Dicionário do Diabo Margoso


Cúmplice
Pessoa associada a outra num crime, sendo culpada de conhecimento dos factos e de cumplicidade; como um advogado que defende um crimninoso, sabendo-o culpado. Esta perspectiva da posição do advogado nesta matéria não granjeou, até agora, a concordância dos advogados, pois ninguém lhes pagou para que concordassem.

Ambrose Bierce




Regionalização Partidária





Para ver melhor, clicar na figura




1. A «guerra aberta» entre os professores de um instituto superior e a Universidade de Cabo Verde é preocupante a vários níveis. Abraão Vicente escreve no seu blogue um artigo assombroso sobre este caso e devo dizer que partilho muitas das opiniões que ali são expostas. O projecto da Universidade de Cabo Verde é sério demais para estar sujeito a interesses coorporativos. Vão ler que vale a pena.

2. Numa outra vertente educacional, a gerente do blogue Retalhos insurge-se contra a falta de civismo instalada na nossa capital e conclui que, ao contrário do que foi anunciado em campanha eleitoral, Praia não tem mesmo solução. Pelo menos enquanto não houver uma autêntica revolução de mentalidades. São estações de serviço de duvidosa providência (para além do facto de anunciarem lavagem de «automáveis», assim mesmo, «automáveis») que despeja água suja e óleos usados na via pública, lixo deitado na rua de forma descarada por vendedeiras, pessoal no autocarro que quando precisa de deitar alguma coisa no lixo - seja papel, um pacote de bolacha vazio ou um resto de fruta - faz sempre o mais fácil, ou seja, abre a janela e cá vai disto. Assim, não vamos lá!

3. Ainda na educação, mas desta vez ligado à promoção do crioulo, foi feito um anúncio durante a cimeira da CPLP que me pareceu muito importante, mas ao qual foi dado pouco relevo. O director-adjunto da Unesco, o brasileiro Marco Barbosa, anunciou no passado dia 25 de Julho que aquela agência da ONU para educação, ciência e a cultura vai criar um Fundo financeiro semelhante ao criado por Portugal (para a lingua portuguesa) para apoiar o desenvolvimento e promoção das línguas maternas e nacionais que constituem acervo da Unesco. Resta saber se teremos arte e engenho para tirar desta medida algum proveito. O crioulo e sua oficialização, agradecem!






O Renascimento do Teatro Musical

1. Hoje, quando descia do Alto de S. Nicolau para o trabalho, um senhor chamou-me na rua para me dizer, mais ou menos, o seguinte: «fui ontem com a minha mulher ver a peça e fiquei muito contente. Adorei. Bela homenagem a Manuel d'Novas! Gostei principalmente de ver que tudo isto é também o resultado da vossa escola lá do Centro Cultural Português, que sempre nos vai oferecendo novos valores para o teatro das ilhas. Parabéns!».

2. Fiquei também eu satisfeito, embora o principal destinatário deste cumprimento não fosse eu, mas sim a Companhia Sarron.com que apresentou em reposição a peça «Biografia d'un Criôl», em duas sessões, ambas com um público que praticamente esgotou o auditório do Centro Cultural do Mindelo. Uma peça que, como sabemos, é acima de tudo um tributo não só à obra gigantesca desse mestre trovador que é Manuel d'Novas, mas também ao teatro musical que se fez no Mindelo durante décadas, desde os anos 30 com o Grupo Cénico dos Sokol's e, posteriormente, com os grupos teatrais ligados aos grémios desportivos, de onde se destacou o Grupo Cénico do Grémio Desportivo Amarante, que teve o seu apogeu na década de 50.

3. Ou seja, Neu Lopes e a sua equipa não se limitaram a construir um espectáculo de teatro corajoso, tecnicamente complexo e extremamente exigente. O que o Sarron tem feito de forma apaixonada, é resgatar uma tradição teatral que foi rainha durante muitos anos no panorama cénico mindelense. Mesmo que inspirado inicialmente na Revista à Portuguesa, este estilo de teatro musicado foi, à boa maneira mindelense, apropriada, assimilada e transformada em algo de novo na época, tendo não só a música e a coreografia, mas também o crioulo como instrumento fundamental, o que não deixou de ser notável naquela época.

4. Não sou crítico teatral, mas quando entro para uma sala de teatro carrego, como qualquer espectador, a minha vivência, as minhas referências, a minha experiência e conhecimento para dentro da plateia e é com tudo isso que faço os meus juízos de valor. Como qualquer espectador, repito. Isto quer dizer que não só todas as opiniões e as críticas são válidas mas que sobretudo são o espelho e carregam consigo um desenho da personalidade de quem as faz. No meu caso, por exemplo, que sou demasiado ansioso, sofro muito na plateia, porque entro com vontade de gostar, de dar uma boa resposta ao esforço que os elementos que estão em cima do palco fizeram para estar ali, porque sei bem o que custa, os sacrificios que se nos pede e exige a montagem de uma peça de teatro. Não há melhor tónico para mim do que sair satisfeito depois de ver uma boa peça de teatro.

5. Ainda há pouco tempo, e também a propósito desta temática, contava-me uma actriz amiga brasileira, que existe no Rio de Janeiro uma figura, quase iconográfica, no teatro carioca e brasileiro: uma senhora, já velhinha, que é o terror das companhias porque escreve para o jornal mais lido do Brasil a (sua) coluna de crítica teatral e ao que parece é absolutamente implacável, venenosa, contundente. Diz a lenda que ela começou o seu percurso no teatro como actriz e que um dia saiu uma crítica no jornal que arrasava a sua actuação numa determinada peça. Ao que parece a senhora não só nunca mais pisou um palco de novo, como passou para «o lado de lá», transformando-se na crítica mais feroz do meio teatral brasileiro... Vá-se lá saber porquê!

6. Fui ver o espectáculo duas vezes. O que sobrou de energia do elenco para superar graves problemas técnicos no primeiro dia, faltou um pouco no segundo, embora este tenha sido bastante melhor porque as deficiências de som foram praticamente resolvidas entre uma actuação e a outra. Não é, naturalmente, um espectáculo perfeito. Mas isso não existe. Em nenhum estilo, em nenhum país, em nenhuma circunstância. É, pelas razões acima apontadas, um desafio corajoso porque a maior parte dos actores que compõem o elenco era pouco experiente, no teatro, e mais ainda, na música, ou se quisermos, na interpretação musical.

7. Neu Lopes construiu toda uma dramaturgia a partir das letras das músicas de Manuel d'Novas e aqui reside o maior mérito desta obra: o seu conceito. Aquilo que alguns ignorantes podem considerar como «piada fácil só para fazer o público rir», são excertos de coladeiras do grande mestre, autênticas pinceladas sociais do meio urbano do Mindelo. O público não se ri porque a «piada é fácil», ri-se (e emociona-se) porque se identifica. Conhece aqueles expressões. Muitas delas em vias de extinção do nosso léxico crioulo. São tesouros patrimoniais que deviam ser mais estudados e preservados. O teatro aqui, também cumpre a sua função.

8. Assim, a dramaturgia está construída de uma forma inteligente. Claro, e isso é uma opinião minha, há ali cenas que não acrescentam muito ao fio condutor da história - quase toda ela feita a partir de uma das mais conhecidas e belas mornas de Manuel d'Novas - e não acrescentando nada, não precisavam de ali estar. Mas o teatro não é só racionalidade, é também emoção. Não é só cerebro, é também coração. E a peça era um tributo a um grande compositor, feito por um filho (biológico). Nada mais natural do que a vontade de colocar esta ou aquela cena, porque esta ou aquela música «merecem» estar no quadro musical do espectáculo. Penso que «Biografia d'um Criôl», com menos duas ou três cenas «paralelas» ficaria a ganhar em dinâmica, ritmo e qualidade

9. A encenação e a cenografia não tem segredos nem surpresas, mas não tinham que ter. O estilo não o pedia nem exigia. A dinãmica do teatro musical, seja aqui, na Revista à portuguesa, ou na Broadway americana, e até no cinema musical, vive de um esquema simples e linear: entra personagem, cena, música, sai personagem. Na cenografia, o mesmo: telões pintados, geralmente por grandes mestres, com motivos relacionados com o tema da peça. Pode-se sempre inovar, mas como já disse aqui, não há espectáculos perfeitos. Costumo dizer que a justeza de uma encenação pode ser medida pelo número de vezes que mudamos de posição na nossa cadeira, ou ligamos o telemóvel para consultar as horas, enquanto público. Dito de outra forma, se não damos pelo tempo a passar, é porque o espectáculo está com o ritmo certo, melhor, que espectáculo e público, respiram ao mesmo ritmo, o que é ainda mais belo e mostra bem o supremo prazer do fenómeno teatral. E na peça do Sarron o tempo corre ligeiro e vi poucas luzes de telemóveis a se acenderem. Só pode ser um bom sinal!

10. Num elenco com quase 20 pessoas tem que haver desiquilíbrios. Mais ainda num grupo que avança pela segunda vez nesta aventura de montar um musical (o primeiro foi «Un Vez Soncent era Sabe», em 2006). Houve alguns actores que me surpreenderam pela forma competente como construiram os seus personagens. Outros, que claramente se sentiam pouco à vontade não só com o resgisto musicado como - e talvez principalmente - com a dificuldade acrescida relacionada com questões técnicas de amplificação sonora, ficaram aquém do que o desafio exigia. Mas o que mais me chamou atenção foi a coragem de todos eles para cantarem, em palco, sem serem cantores. Cantarem enquanto actores. Cantarem interpretando, sem sair do personagem. E juntando falas naturais, com as músicas e destas passar para as falas naturais com uma desenvoltura que desculpa alguma ineficácia ou tremideira, perfeitamente natural, dadas as circunstâncias.

11. Parece que a ante-estreia não correu nada bem. Um pouco como o primeiro espectáculo que assisti, que foi um desastre a nível técnico. Mas com disse no inicio, quando entro numa sala de espectáculo, não entro apenas como mais um elemento do público, mas também como encenador que sou, como professor que fui, como amigo que serei. Para o bem e para o mal. E devo dizer que qualquer grupo tremeria - quem sabe mais ainda - se tivesse que se sujeitar aos problemas técnicos vividos no primeiro dia pelo Sarron. Sairiam de cena antes de terminar a música, poderiam até parar o espectáculo. Mas não. The show must go on!

12. Belo tributo ao mestre Manuel d'Novas. O importante, do meu ponto de vista, e senti isso quando fui cumprimentar os actores nos camarins, é que todos tenham consciência das suas próprias deficiências, do que correu bem e do que correu mal, e saber que no teatro a morte e a vida convivem irmamente, lado a lado. Uma peça de teatro nasce e morre todos os dias, a cada apresentação. E não há partos sem dôr. E não há morte sem angústia. Mas há também a celebração da vida e a memória do que foi feito. Não se pode ser feliz sem isso, celebração e evocação. Não se pode viver bem sem isso. E é isso que o teatro nos dá.

13. Finalmente uma nota final óbvia, tantas vezes esquecida: o teatro é uma arte plural que permite dezenas de caminhos diferentes, abordagens contraditórias, teorizações diversas (quase tudo já experimentado e teorizado, porque hoje já ninguém inventa nada!), e nem por isso deixa de ser teatro. Podemos não nos identificar tanto, e por isso gostar menos. Podemos avaliar da qualidade do trabalho e isso no teatro até que é simples, porque esta é uma arte transparente e sem truques na manga. Mas não devemos desdenhar, minimizar ou desprezar só porque não é o nosso caminho, a nossa abordagem ou a nossa teoria. Podemos afirmar, como criadores, que não é este o meu caminho. Mas isso é que é fantástico: apesar da mesma paixão, cada um seguir o seu caminho, desbravar o seu percurso e fazer as suas descobertas. E partilhá-las na única arena possivel: o espaço cénico.

Mindelo, 28 de Julho de 2008

Fotografia de João Barbosa




Desde Luther King que não se via nada assim. Barack Obama foi recebido em Berlim como se fosse uma estrela pop. E vai ganhando pontos para a grande viragem de Novembro.

Via: Jumento


Bom fim de semana!




António Lobo Antunes foi o grande vencedor do Prémio Camões de 2007 e recebeu ontem o mais importante prémio literário de língua portuguesa. Mais do que merecido, sem dúvida. António Lobo Antunes é hoje, juntamente com José Saramago, o mais brilhante, internacional e produtivo dos escritores portugueses.

Mas sempre fica, mais uma vez, esse amargo de boca por Cabo Verde voltar a ficar de fora da galeria dos premiados. Nunca nenhum patrício, em 19 edições, ganhou este prémio. E por muita polémica que este nome possa gerar - curiosamente mais dentro do que fora - Germano Almeida já fez e produziu o suficente para merecer esta distinção e quebrar o enguiço.


Ah o vencedor de 2008 foi também anunciado neste dia e é João Ubaldo Ribeiro, grande figura da literatura baiana. Cabo Verde, fica para uma próxima.




        O amor antigo vive de si mesmo
        não de cultivo alheio ou de presença.
        Nada exige nem pede. Nada espera,
        mas do destino não nega a sentença.

        O amor antigo tem raízes fundas,
        feitas de sofrimento e beleza
        Por aquelas mergulhas no infinito,
        e por estas suplanta a natureza

        Se em toda parte o tempo desmorona
        aquilo que foi grande e deslumbrante,
        o antigo amor, porém, nunca fenece
        e a cada dia surge mais amante.

        Mais ardente, mas pobre de esperança.
        Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
        e resplandece no seu canto obscuro,
        tanto mais velho quanto mais amor ...

        Carlos Drummond de Andrade


        Imagem: «Au Jardin du Luxembourg», de Alain Boussac





Alguém já percebeu para que serve a CPLP
ou sou eu que ando mesmo distraído?


À melhor resposta, ofereço um café




Numa troca de mail's com um amigo meu «diasporiano», ele escreveu algo como isto: «hoje o melhor da nossa cultura (debate, reflexão, informação, etc.) passa pelos Blog’s. Cabo Verde e os cabo-verdianos estariam mais pobres se não existisse o movimento bloguista sob essa belíssima “bandeira” BLOGUE DE CABO VERDE que em boa hora criaste, e é hoje uma imagem de marca fortíssima. Só por isso (imaginação, criatividade e dinamismo) já teria valido a pena.»

Eu concordo com ele. E tenho dito aqui várias vezes o quanto importante é, e pode vir a ser ainda mais no futuro, próximo e longinquo, o movimento blogueiro cabo-verdiano. O último exemplo, com o movimento do direito à educação das estudantes grávidas, mostrou isso mesmo. Pois bem, o italiano Giuseppe Granieri, no seu livro «Geração Blogue» sublinha isso, e vale a pena ler alguns excertos:

Então ele escreve assim:

«Graças [aos blogues], e aqui está a grande novidade, a Rede modificou-se: a [sua] difusão «finalmente ligou» milhões de pessoas, convertendo-a de rede de conteúdos em infraestrutura de discussão. Nesta perspectiva, os blogues são o anel que faltava entre uma aspiração planeada há anos e a sua realização prática.

Com os blogues, às enormes potencialidades da relação já implícita na Rede vieram juntar-se as facilidades de acesso, a capacidade de memória e as possibilidades de pesquisa típicas da Web (que os outros sistemas de qualquer modo apenas emulavam). Mas, diferentemente dos outros instrumentos, os blogues reagrupam os conteúdos por pessoa, fornecendo aos indivíduos um instrumento de identificação fortíssimo. Isto facilita a relação quer entre sujeitos que já se conhecem, quer com sujeitos que iniciam um novo contacto a partir do zero.

Como muitas vezes refere Paolo Valdemarin, é muito mais fácil conhecer a fundo um bloguista que se lê todos os dias do que um colega de trabalho. As relações que se instauram são sólidas, visto que a profundidade da relação que se alcança através daquilo que se escreve e lê é nitidamente superior à que se pode obter em muitos casos (não todos, é claro) de relações pessoais fora da Rede. De facto, são diferentes os tempos e os modos de relacionamento. Ao manter um blogue empenhamo-nos por completo e exprimimo-nos com a ponderação certa, que a escrita permite e que a expressão oral por vezes nega. No blogue aprofundamos, limamos, desenvolvemos o nosso pensamento de um modo que, sem este traçado cronológico, não seria possível. Através desta «história intelectual confiada à Rede» as pessoas conhecem as nossas ideias, as nossas opiniões e as nossas preferências. E interagem connosco.

Sobretudo, através dos blogues escolhemos e somos escolhidos, mas confrontamo-nos também com temas ocasionais, com base em critérios de afinidade e de interesses comuns. Evidentemente, tornando público o nosso percurso intelectual somos sempre julgados, na prática, de cada vez que alguém nos lê. A maior parte das vezes este juízo é inclusivamente público (através da possibilidade de comentar os posts), e isto contribui para reforçar a noção de que pertencemos a uma comunidade intelectual em que o relacionamento dita as regras. (...)

Além disso, os blogues instauraram um modelo de comunicação dialógica que já atinge transversalmente todos os outros instrumentos (desde as mailing lists dos fóruns, passando pelos sítios tradicionais). Para que haja um diálogo é necessário que os interlocutores se individualizem. Nos fóruns, nos BBS, nas listas de discussão, isto verificava-se a nível local (ou seja, dentro do fórum, dentro da mailing list); agora verifica-se a nível global, gerando aquela a que os anglófonos chamam «The Big Conversation» (e que hoje é a metáfora mais bonita para falar de Rede).»



Fonte: bitaites




1. Que Cabo Verde estava na moda, principalmente em Portugal, não é novidade. Meia volta aparecem figuras importantes do espectro político português a elogiar, de forma pública e entusiasta, o «exemplo» de Cabo Verde. O último desses elogios públicos que ouvi foi ontem proferido por António Costa, actualmente Presidente da Câmara de Lisboa, num debate com Pacheco Pereira, na SIC Notícias, a propósito de Angola, em que falou de Cabo Verde como um caso «exemplar, a todos os niveis», Temos todas as razões para ficarmos orgulhosos e satisfeitos, mas tenho que admitir que há algumas declarações que me deixam surpreendido.

2. Como aquela que foi proferida pelo Ministro da Cultura de Portugal, Pinto Ribeiro, numa entrevista no programa «Câmara Clara», transmitida na RTP Africa. Depois de reafirmar a língua portuguesa como um dos pilares fundamentais da sua política cultural - os outros são o património e o apoio à criação artística - referiu que no seio da CPLP seria necessário fazer muito mais no âmbito da divulgação da língua portuguesa. Questionado por Paula Moura Pinheiro sobre a posição previligiada dos brasileiros para de certa forma «impôr» o português do Brasil, o Ministro português defende que não tem que ser bem assim, dando exemplo dos cabo-verdianos como forte possibilidade de serem os verdadeiros «pontas de lança» (expressão minha) da língua portuguesa no mundo. Não pude deixar de esboçar um sorriso.





A ironia em terra de beatos
é mesmo pecado capital?


À melhor resposta, ofereço um café


Pergunta Cafeana inspirada num comentário daqui





Cueca que contabiliza o número de «visitas».
E esta, hein?






Que legenda, para esta imagem?

À melhor legenda, ofereço um café

Fonte: aqui





Se a população da Terra fosse reduzida à dimensão de uma pequena vila de 100 pessoas, poderia observar-se a seguinte distribuição:

  • 57 Asiáticos
  • 21 Europeus
  • 14 Americanos (norte e sul)
  • 8 Africanos
  • 52 mulheres & 48 homens
  • 70 pessoas de cor & 30 caucasianos
  • 89 heterosexuais & 11 homosexuais
  • 6 pessoas seriam donas de 59% de toda a riqueza e todos eles seriam dos Estados Unidos da América
  • 80 pessoas viveriam em más condições
  • 70 não teriam recebido qualquer instrução escolar
  • 50 passariam fome
  • 1 morreria neste dia
  • 2 nasceriam neste dia
  • 1 teria um computador
  • 1 (apenas um) teria instrução escolar superior

    Quando olhas para o mundo nesta perspectiva, consegues perceber a real necessidade de solidariedade, compreensão e educação?

E ainda:

Esta manhã, se acordaste com saúde, então és mais feliz do que 1 milhão de pessoas que não vão sobreviver até ao final da próxima semana. Se nunca sofreste os efeitos da guerra, a solidão de uma cela, a agonia da tortura ou da fome, então és mais feliz do que outras 500 milhões de pessoas do mundo. Se podes entrar numa igreja (ou mesquita) sem medo de ser preso ou morto, és mais feliz do que outras 3 milhões de pessoas do mundo.

Se tens comida no frigorífico, tens sapatos e roupa, tens uma cama e tecto, és mais rico do que 75% das outras pessoas do mundo. Se tens uma conta bancária, dinheiro na carteira e algumas moedas num mealheiro, pertences ao pequeno grupo de 8% de pessoas do mundo que estão bem na vida. Se estás a ler esta mensagem, és abençoado, pois não fazes parte do grupo de 200 milhões de pessoas que não sabe ler.

Dá que pensar, não é?

Recebido por mail




- What is Jazz, Mr. Armstrong?

- My dear lady, as long as you have to ask that question,
you’ll never know.




Fonte: aqui



Se estiverem no Mindelo, vão ver, que vale a pena.
Um grande musical, em reposição!

«Biografia dum Criôl»




O que disse a Semana:

«(...) quem encheu o auditório do Centro Cultural do Mindelo sorriu e também riu a bandeiras despregadas, emocionou-se até às lágrimas com as alegrias, peripécias e desventuras de Djón, Naiss, Frank, Djindja, Rosy, Nhu, ora recordando as suas vivências, nos anos 60 a 90, ora descobrindo um mundo novo onde palavras como Buldónhe, Fnhanga, Merguióde bóca na vidre, Matim, Ca ta mjá na nhame, Brajêr, Dá pinôte ou Badjôdje eram assim como comer e dormir. Porque Biografia dum criôl é a vida do cabo-verdiano, de todo o cabo-verdiano, em 90 minutos. E, sim, merece e deve ser visto por todos os cabo-verdianos aqui e além-fronteiras.»

Teresa Sofia Fortes - A Semana



E já agora, o que diz o Café Margoso:

E não é esta também a função do teatro? Fazer-nos sorrir, divertir, emocionar, recordar e descobrir? Para aqueles que pensam que o único teatro válido é aquele que não é compreendido, ou melhor, aquele que não procura ser compreendido, ou seja, aquele teatro intelectualóide-de-trazer-por-casa que não estabelece o elo de ligação entre quem faz e quem vê, esses sim estão doentes e moribundos. Estão mortos para o teatro. E eu não gosto de coisas mortas. Tal como o teatro, gosto da vida!


Onde & Quando?
4ª Produção Teatral do Sarron.com, em reposição
Auditório do Centro Cultural do Mindelo

26 de Julho às 21h30
27 de Junho às 20h30



Mais informações ver em http://sarronteatro.blogspot.com/




Ferro Gaita
(Música finkadu na raíz)


12 anos a dar(-nos) música!




Nome: Lura

Nacionalidade: Cabo Verde

E Deus criou a mulher...






Djavan já não vem, mas vem aí uma Rainha

Era, sem dúvida, cabeça de cartaz do Festival Baía das Gatas 2008, mas segundo foi noticiado Djavan já não vem, por dificuldades de agenda. É pena, porque este magnífico músico brasileiro tem muitos fâns e admiradores em Cabo Verde.

No entanto, quem foi anunciado está à altura do desafio e da substituição, embora possa ser menos conhecida em Cabo Verde: Margareth Menezes. É uma das maiores senhoras da música baiana, bem ao nível de uma Ivete Sangalo ou Daniela Mercuri. Acreditem, eu vi esta senhora ao vivo, no Circo Voador do Rio de Janeiro, e ela é uma bomba no palco.

Baía vai gostar, de certeza!






«Help small artists to become great»
Uma campanha muito interessante e criativa!

Fonte: Jumento




O César Schofield foi dizer de sua justiça no programa 180º, que infelizmente não vi.. A conversa só pode ter sido boa. Vai daí e o Tide publica no seu Pedra Bika algumas considerações bem interessantes sobre cultura, artistas, politica cultural e desenvolvimento. Pelo interesse e pertinência, aqui ficam algumas das passagens mais interessantes.


Então ele escreve assim:

«Partilho da ideia da cultura como um elemento central da estratégia de qualquer plano de desenvolvimento. Limitar a cultura a eventos ou mercantilizá-la é redutor e felizmente esta é apenas uma das dimensões sob a qual se pode abordar a cultura e o seu papel no desenvolvimento.

Há a dimensão simbólica da cultura, e aí reside o seu valor incomensurável, no entanto essa é a óptica mais frágil e abstracta sendo assim a mais complexa. Nesta abordagem, a cultura transcende as expressões materiais (livros, shows, cd´s ou autoria) para o pano de fundo que constitui a identidade crioula ou matriz sob o qual expressamos a nossa autenticidade enquanto povo.

Esta dimensão é essencialmente imaterial mas implícita no homem cabo-verdiano. São os nossos códigos, símbolos, modos, usos, reflectidos no folclore, na tradição e na contemporaneidade. No fundo é tudo o que nos enforma e identifica. Cabral debateu esta questão demonstrando que há uma relação implícita entre o modo de produção de um povo e a sua cultura.

Exige-se é que os poderes públicos estejam atentos e intervenham, onde seja necessário, para proteger, reforçar ou facilitar o acesso do povo à cultura seja pela arte, pela educação, pela formação profissional, pelo desporto ou por qualquer outra forma de realização humana.

Isso amplia a missão dos poderes públicos, mas também transfere outra responsabilidade para os cidadãos e criadores. (...)

Se temos uma cultura viva que foi dito valer um diamante bruto, o seu valor na prática nem sempre é medido pelo preço e sendo assim as manifestações, serviços e produtos culturais raramente se reflectem no PIB.

Contraditoriamente, quando se vê o valor de artistas, como a Cizé, que vendem alguns milhões de cópias no mercado mundial, mas cuja riqueza produzida é contabilizada nos países que detêm o registo dos respectivos direitos autorais, então sem dúvida precisamos repensar o papel da cultura no contexto do desenvolvimento e de uma vez por todas.

Para isso o César diz que os artistas precisam ser ouvidos e levados a sério. Concordo a 100%. Como uma sociedade carente de soluções pode descuidar-se e não levar em consideração os artistas e criadores? As fragilidades e condições estruturais das ilhas sempre impuseram ao homem cabo-verdiano a busca de soluções e atrevo-me a dizer que sempre fomos criativos na sobrevivência. (...)

Entendo que nada isolado é nada, tudo tem que fazer parte do todo para fazer sentido. Daí penso que a nossa missão individual só soma quando adicionada ao todo. Do mesmo modo, fazem pouco sentido as acções nobres do MC, como o projecto de regresso do Navio Ernestina, quando tudo o resto carece de um norte, a pergunta é pertinente: Afinal qual é a agenda do MC? O que é prioritário?

Do que é colectivo para o nível individual, acho contraditório os artistas refugiarem-se numa redoma e faz-me pensar até que ponto os próprios artistas não estarão a ser egoístas em relação ao seu próprio povo donde bebem a seiva da arte que praticam

Muitas e boas ideias para discutir, não é? Para início de conversa, não está nada mal!


Fotografia: galeria de Kizó Oliveira





O que é que dói mais:
a dor de corno ou a dor de cotovelo?


À melhor resposta, ofereço um café



Porque (algumas) imagens valem por mil palavras

Vale mesmo a pena ir espreitar esta galeria de imagens
do Kisó Oliveira.

Placa do Aeroporto S. Pedro - S. Vicente


Lajinha - S. Vicente


Cais do Porto Novo - Santo Antão



Imagens: galeria do Kisó Oliveira, aqui





O Djinho Barbosa publicou um post polémico e bombástico. Intitulado «Café Margoso é uma fraude», pode-se ler que «do café, não vi dono, placa, nem mindelense que soubesse do seu endereço. É coisa para dizer, cuidado minha gente há fraude na blogsfera.» Mas eu fui mais longe e lendo os jornais e ouvindo a rádio ou vendo a televisão conclui que a verdade, havendo uma só verdade, é só uma mesmo e é esta: eu sou uma fraude!

As razões são várias:

1. O Café Margoso não existe (?);
2. O Teatro em S. Vicente não existe (?);
3. O Grupo de Teatro do CCP não existe (?);
4. O Mindelact não existe (?);
5. O Público do Mindelo não existe (?);
6. A Arte (assim, com letra grande) não existe (?);
7. Eu não existo, apesar de pensar (?);


Como diz o Senhor Milhões ao Governador, na peça «O Doido e a Morte» (uma peça que nunca existiu, nunca foi feita, nem aplaudida, cá e lá): «tu não existes, és uma sombra e pfff! Faço-te desaparecer como uma sombra! Tenho que suprimir a ninharia da vida, estas duas coisas não podem mais coabitar: este sonho dorido e imenso, o grotesco de todos os dias, quando do outro lado galopa e passa uma coisa sôfrega e doirada...»

Socorro, tirem-me deste filme (mesmo que seja uma hilariante comédia!)! Ou seja, um sonoro hahaha!





O Jazz crioulo de Hernani Almeida

1. O concerto do Hernani Almeida, para apresentação do seu album de estreia «Afronamim» foi um acontecimento enorme em todos os sentidos. Digo eu, que não sou crítico de música, mas que não posso ficar quieto nem conter as apreciações de momentos tão inolvidáveis, como aqueles que vivi na noite de Sábado passado. E passo a explicar porquê:

2. O público: o auditório da Academia Jotamont estava a rebentar pelas costuras. A plateia de 325 lugares estava completamente cheia e pelo menos mais umas 75 pessoas em pé, nos diversos corredores. Um público composto, maioritariamente, por amigos do Hernani e que, por o serem, também eram, maioritariamente, entendidos em música. Se o jovem músico ainda não sabia, ficou a saber nesta noite: Soncent é dôd na el. E mais uma vez ficou provado, se preciso fosse, que o público do Mindelo reconhece o talento lá onde ele existe. E que não aplaude a mediocridade. Antes pelo contrário.

3. A produção: ora cá está uma das razões porque a maioria dos concertos pagos, organizados em salas de espectáculo, não tem muita gente. Falta produção. A todos os níveis: promoção, design, som e luz a condizer. Este concerto teve tudo isso ao mais alto nível. A sala tem uma boa acústica - apenas perturbada por vezes com um ruidoso sistema de ar condicionado, melhorou com a enchente de pessoas, o som estava equilibrado e de excelente qualidade, a luz (do meu amigo César Fortes) valorizou, e de que forma, o aspecto visual do espectáculo. Enfim, apetecia dizer que estavamos a assistir a um show «de gent grande».

4. Os músicos: fenomenal, é o mínimo que se pode dizer em relação a este concerto. Os músicos que acompanharam Hernani, virtuoso e com uma identidade própria na guitarra, estiveram à altura da responsabilidade e do acontecimento. N'du (que já acompanhou Tcheka) esteve muito bem na percussão, Vando Pereira no baixo e Carlos Pereira, a grande surpresa, quanto mais não seja por ter apenas 15 anos, foi um teclista de uma qualidade técnica e um virtuosismo espantoso («um génio», segundo o próprio Hernani). Kisó Oliveira foi também convidado para tocar um tema, com o seu contrabaixo eléctrico visualmente imponente. Todos estiveram fantásticos. Não se encolheram na hora dos improvisos, souberam acompanhar com um rigor criativo os temas do Hernani que foram sendo tocados. Em suma, excelente quarteto, um quarteto de jazz, como há muito não se via nem ouvia em Cabo Verde.

5. Finalmente, o próprio Hernani Almeida. Pelo talento, pela humildade e pela postura ao longo do concerto. Sempre tímido (mas menos do que o habitual porque aqui «só estão pessoas que eu conheço»), foi apresentando as músicas com pequenas explicações, que reflectiam quase sempre a sua própria personalidade. Como a música em que ele confessa ter feito por tentar «imitar o Voginha» (presente, com Bau, na primeira fila do auditório) ou a história que relata a sua ida a um concerto de música sinfónica no Porto, onde lhe deu uma enorme vontade de estar ali no meio daqueles músicos, na orquestra, a tocar com a sua guitarra. «Como não pude, un fazê ess musikinha».

6. Uma noite memorável. Seria bom que aprendessemos, de uma vez por todas, que ouvir música ao vivo, pode ser feito não só em grandes palcos onde a grande maioria nem está ali para ouvir música, ou nos hoteis, bares e restaurantes, que não tem as condições próprias para quem quer, realmente, ouvir e apreciar alguns dos muitos talentos que temos neste abençoado país.

7. Uma palavra final, no que ao concerto diz respeito, para a Câmara Municipal de S. Vicente. Teimou que queria finalmente abrir a Academia Jotamont e abriu. Esta infra-estrutura, aos poucos, vai-se habituando à cidade e vice-versa. Já temos tido encontros, foruns, cerimónias, teatro e concertos de música. O concerto de Hernani Almeida provou que, com uma boa produção, temos aqui uma excelente alternativa para fazer no Mindelo um programa de concertos musicais de alto nivel, em todos os sentidos.

8. Relativamente ao disco «Afronamim», o mínimo que se pode dizer é que quem ouviu o concerto e ouvir o disco para casa, não se vai sentir defraudado. E neste momento, este é o maior elogio que se pode fazer a esta primeira experiência discográfica de Hernani Almeida, a face emergente do novo jazz crioulo. (Que bem que sabe dizer isto: o novo jazz crioulo!)


Mindelo, 21 de Julho de 2008

Fotografia de Spenk




    O amor é o amor - e depois?!
    Vamos ficar os dois
    a imaginar, a imaginar?...

    O meu peito contra o teu peito,
    cortando o mar, cortando o ar.
    Num leito
    há todo o espaço para amar!

    Na nossa carne estamos
    sem destino, sem medo, sem pudor
    e trocamos - somos um? somos dois?-
    espírito e calor!

    O amor é o amor - e depois?!


    Alexandre O'Neill in. "Poesias Completas"



Bom fim-de-semana



Os spam's são a versão informática daqueles folhetos de super-mercados que colocam nas caixas do correio dos prédios sem autorização dos donos. Fazem publicidade, na maioria enganosa, que tem muitas vezes o objectivo de invadir o computador com virús e outros elementos nocivos que prejudicam o seu normal funcionamento.

Eis alguns dos exemplos mais «inovadores»


Conseguir remédios sem receita também é base para mensagens não solicitadas. Até pilulas contra a disfunção erétil, como o Viagra, entram na jogada. Há versões de que oferecem a pílula em versão "de ervas".



Um clássico do spam é a promessa de alongar um membro da anatomia masculina. A promessa não é recomendada por médicos, mas pela quantidade de mensagens que circulam, deve haver quem acredite.



Você recebe mensagem informando que uma tia faleceu e lhe deixou herança bilionária. Para receber o dinheiro, basta encaminhar o e-mail para 666 pessoas. Ficar rico parece fácil.



"Olá, te amo" — assim, spammers buscam se basear na carência do destinatário. Naturalmente, de amor estas mensagens não tem nada. E podem até carregar arquivos infectados. Ou seja: cuidado!



Esqueçam aqueles quatro suados anos na faculdade. É o que prometem os spams de diplomas universitários — outra forma popular de envio de mensagens não solicitadas e que provavelmente vocês também já receberam.



Todo mundo tem um "quê" de voyeur. E-mails que prometem mostrar uma figura pública fazendo sexo inundam as caixas de e-mail diariamente. Um arquivo destes pode danificar o PC e até roubar dados.



Outra técnica dos spammers é usar figuras públicas para aumentar o interesse do usuário e fazer com que ele abra as mensagens. Uma recente informa que Obama desistiu da corrida presidencial dos EUA.



Quem não quer ir a uma praia paradisíaca com tudo pago? Um dos spam mais recorrentes é aquele que promete viagens patrocinadas para a África do Sul, Caribe, Tahiti, Ilhas Gregas...



"Você foi o 999.999 visitante do site e ganhará um prêmio clicando aqui". Já viu esta mensagem? Não acredite em prêmios na Internet, ainda mais se você nem sabe qual é o site que lhe enviou o e-mail. Tenha cuidado, sempre.



E agora eu pergunto. Essa malta que inventa estas coisas não tem nada melhor do que fazer na vida?!

Fonte: aqui