Foto do autor do texto



Foram todas inúteis as esperas
suspensas de um relógio 
a derramar o tempo sobre a ansiedade

vesti a minha alma com o melhor fato
calcei com sapatos novos a minha vontade
e ali fiquei à espera de Julho
o mês das cerejas
que trarias às mãos-cheias

era Dezembro ___ 
___ ali fiquei como uma estátua
quando me removeram 
deram o meu nome
ao beco onde vivia. 


 


18 comentários:

  1. Um verdadeiro drama ,L
    Acontece nas melhores famílias (como dizem aqui), há esperas que não resultam em chegadas...
    Nada que não se cura na outra colheita de cerejas, não ?
    Abraço e boa noite

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    1. Talvez as cerejas e o seu portador não cheguem a tempo.
      Um abraço.

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    2. pensando positivo,M
      nenhuma chance de errar e ' às mãos cheias' :))

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    3. Muito bem, esperemos então pelo tempo das cerejas.

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  2. É uma reflexão sobre o desgaste emocional e a impotência diante de uma espera interminável e sem resultado.
    A fotografia do beco onde vivia é linda demais.

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    1. A expressão “à espera de Godot" é um símbolo de espera vã e de uma busca sem realização, refletindo a temática do absurdo e da incerteza que é característica da obra de Beckett — como também do autor deste poema.

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  3. Vivemos com a esperança de que tudo volte ao sítio, que tudo se resolva amigavelmente e depois... o depois pode ser muito vazio, muito doloroso...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Muito mais tarde até parece impossível ter ficado à espera.
      Um abraço.

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  4. As esperas do quer que seja são tramadas e este poema diz tudo! A foto é linda e gostei muito!
    Beijos e um bom dia

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    1. Não é verdade "quem espera sempre alcança".
      Bom Dia
      Um abraço.

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  5. Boa noite,Caro Amigo Pintor/Poeta e Fotógrafo
    O poema é profundamente melancólico e carregado de imagens poéticas que evocam a passagem do tempo e a espera inútil. A metáfora do relógio que "derrama o tempo sobre a ansiedade" e o eu lírico que "veste a alma com o melhor fato" são marcantes, criando um contraste entre a esperança e a desilusão. O uso de Julho como símbolo de abundância contrasta com o frio Dezembro, acentuando a solidão final.
    O desfecho, ao nomear o beco, sugere imortalização e esquecimento, um toque enigmático que reforça o mistério. Apenas consideraria ajustes no verbo "removeram", para suavizar o impacto, e repensar os sublinhados para integrar melhor à fluidez do texto.
    É uma peça forte, visual e reflexiva, que prende o leitor no entrelaçar do tempo e das esperas frustradas.
    Um trabalho poético muito bom.
    A foto está em completa sintonia com o Poema.
    Continuação de boa semana.
    :)

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    1. Esclarecido comentário como habitualmente. Presto muita atenção às suas interpretações.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  6. Gosto da composição poetica, mas a falta de concordância gramatical arrepia-me.
    Nenhum poema a justifica...
    Quanto à foto é bela e carismática, essas ruas sem sol foram nichos de tuberculose e de raquitismo por falta de vitamina D...
    Tudo de bom.
    ~~~~

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    1. Com as minhas desculpas não consegui encontrar as discordâncias gramaticais, erro meu admito.
      Agradeço o seu simpático comentário.
      Um abraço.

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    2. Há falta de concordância entre o artigo e o substantivo... Seria 'o mês'...
      Acho um erro flagrante muito vulgar no Brasil.
      ~~~~~~~~~~

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    3. Certo, agora encontrei. Foi gralha, não foi de propósito.
      Obrigado

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