quinta-feira, 19 de abril de 2012

A arte de tirar fotos

Não gosto das fotos em que as pessoas que ali estão fazem poses para bem aparecer. Acho isso muito impessoal. Não gosto de retratos em que todo mundo parece congelar uma cena para que esta se perpetue. Para mim, isso soa falso. 

Foto de verdade é aquela em que tu és surpreendido na hora em que menos espera. Foto de verdade, em minha opinião, é aquela em que não se eterniza a pose, mas o momento no qual estamos vivendo.

Quantas são as pessoas que não gostam da sua silhueta a mostra nos retratos? Quantos são os que não sabem posar para as inúmeras fotografias que são tiradas e retiradas nas festas familiares, como que em um ciclo constante?

Algumas pessoas puramente detestam tirar fotos. Carregam consigo uma espécie de trauma, desde pequenos, em relação aos antigos retratos que se eram tirados em família. Outros, simplesmente, ajudam a criar um verdadeiro show de horrores nos pôsteres gerados.

Quantas foram às vezes em que eu fugi de perto daquele que, como uma arma, puxava da bolsa, bolso e afins, a sua máquina fotográfica? Quantas são as pessoas que fazem o mesmo? Para alguns, a máquina fotográfica é representada como uma verdadeira arma. Elas têm o poder de estragar a festa, a noite... 

Gosto de fotos naturais. Fotos que são tiradas no meio da roda de amigos, em boa roda de chimarrão. Hoje, até me refestelo com fotos que são colhidas de forma natural. Envergonho-me, acho graça... Dou risada e choro de rir! Tirar fotos é uma arte. As fotos naturais são capazes de imprimir o sentimento.  



Paulo dos Santos

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A chuva cai

A chuva cai, você acha graça
“que graça tem? Graça nada!”
Eu vejo perigo, você vê amplidão!
Sonho que busca com a própria mão!

A chuva cai, você acha lindo
“que lindeza tem? Lindeza nada!”
Eu vejo força, você vê luz!
Sonha e busca como sempre quis!

A chuva cai, você acha meigo
“que meiguice tem? Meiguice nada!”
Eu vejo braveza, você vê o sutil!
Sonha, busca e corre como sempre fez!

A chuva cai, você acha simples
“que simplicidade tem? Simplicidade nada!”
Eu vejo um furacão mirabolante, você vê o presente do céu!
Sonha, busca, corre e faz!


Paulo dos Santos

sábado, 31 de dezembro de 2011

Tal qual camaleão

            Tuas lágrimas secaram no meu ombro
            O sol se pôs como da primeira vez
            Sinto as minhas mãos a apertar os teus cabelos
            Fez-se carne, fez-se mulher. Oh Deus,
            Como é difícil o desapego da primavera!
           
            Desculpas, foi tudo o que soube dizer.
            Desculpas, pela segunda vez.
            Deixo-te só, não foi esse meu plano
            Meu sonho era envelhecer ao lado teu
            Utopia, talvez, de um jovem namorado!

            Enamorei-me da tua falta de carinho
            Muito mais do que dos teus belos olhos.
            Enamorei-me do teu excesso de confiança
            E das inúmeras virtudes escondidas,
            Escondidas atrás do teu sorriso meigo e infame!

            Sabes muito bem como esconder-te
            És tal qual um camaleão,
            Mas quando mostra a tua dor me causa medo
            Assim, mostras a fragilidade da menina,
            Menina que vive presa dentro de ti!

            O sol se pôs como da primeira vez,
            És tal qual um camaleão.
            Tuas lágrimas secaram no meu ombro,
            Tal qual camaleão eu sei que és!
            Fez-se carne, fez-se mulher! Fez-se camaleão!


Paulo dos Santos

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Saudade

Toda pessoa, por mais jovem que seja, a cada dia se torna um pouco mais saudosista. Não existe pessoa que não goste de olhar para o seu passado e sentir aquele gosto da saudade.

Saudade não é ruim. “Só se tem saudade do que é bom!” diz a canção. Se sentimos saudades é porque nos fez bem, nos fez amar.
Eu tenho saudade de muitas coisas boas da minha vida. Saudade da minha infância, saudade das brincadeiras, saudade dos poucos amigos que tinha, saudade dos que ficaram no tempo... Saudade não me falta.

E todos somos assim. Não importa a idade que tenhamos, a classe social a que pertencemos, a vida que tivemos... Temos saudades e sentir isso faz bem!

Olhar a velha foto, já amassada e amarelada pelo tempo, que muitas vezes faz correr a lágrima dos olhos; ouvir a música que embalou tantas festas e romances; jogar um jogo que era a “febre” do momento... Sempre faz bem.

Sentir saudade, cultivar a saudade, faz bem. O que não faz bem é viver de saudade. Porque aquele que vive preso no seu passado, na sua saudade, acaba não vivendo o seu presente.

Se hoje chora porque queria ter vivido melhor o que passou, amanhã irá chorar porque não viveu nada além do saudosismo, muitas vezes, barato.

Ter saudade é bom, viver preso na saudade é suicídio!



Paulo dos Santos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Criança, pelo direito de viver!

Infância nos faz lembrar de coisas boas, da época em que brincávamos até tarde, não tínhamos horários para acordar, não nos preocupávamos com outras coisas a não ser os estudos. Alguns, os mais antigos, até se vangloriam por ter ajudado os pais na roça.

Todos devemos ter passado por isso, algo natural na vida de qualquer criança. Assim como era natural o nosso desejo de crescer, nos tornamos “gente grande”, pessoa adulta, coisa que não passava do nosso pensamento – “criança serve para ser criança” diziam nossos pais!

Mas o mundo é muito dinâmico, muda muito rápido. Quando nos damos conta já estamos vivendo uma nova era. Um novo pensador ganha destaque e tudo passa a caminhar de acordo com a sua batuta. O que causa reflexos em todos os momentos da vida, inclusive na infância!

Hoje, graças a tecnologia cada vez mais avançada, estamos vivendo em um mundo virtual. Podemos ir ao Japão sem sair da nossa poltrona. Também os jogos e brincadeiras de criança ficaram restritos a tela do computador e demais equipamentos avançados que nem ouso citar.

As coisas estão mudando e nós estamos enjaulando as nossas crianças em um mundo que nem nós, adultos, conseguimos dominar direito. Aquilo que meu pai gostava hoje se tornou antiquado. Uma criança não se interessa mais pelo “pião”, “ioiô”, “amarelinha”, nós aprisionamos a criança a imaginar aquilo que o “RPG” está provocando e prevendo...

Muitos são os movimentos e lutas que surgem por aí, e eu gostaria de criar mais um hoje, o “Movimento Criança, pelo direito de viver!”

Não estamos dando espaço para as nossas crianças viverem de fato! Estamos criando pessoas cada vez mais dependentes do virtual, que esquecem o contato pessoal e físico. Estamos obrigando as nossas crianças a gostar do que gostamos e viver o que vivemos.

Basta ver os jornais. Há pouco nos deparamos com a notícia de uma mãe que injetava “Botox” na filha – criança – para concorrer a concursos de beleza. Outra mãe que colocava seios e “bumbum” postiço na filha – criança – também para concorrer a concursos de beleza.

E não bastando, todos os atentados contra a infância que nós criamos, chegamos ao ponto de levantar bandeiras em favor do aborto.

Estamos matando a infância das nossas crianças de todas as formas. Estamos criando um mundo onde as crianças não têm mais vez e, talvez, nem existam mais. Até parece que queremos uma sociedade apenas de adultos egoístas e hedonistas.

Volto a dizer, sou a favor do “Movimento Criança, pelo direito de viver!” Estamos em pleno século XXI e não podemos terminar com aquilo que é mais belo e rico, a infância.



Paulo dos Santos


Texto publicado no "Jornal da Comunidade" em 14 de outubro de 2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mãe é mãe

Fui instigado a falar de mãe, normalmente um texto começa assim. Quando alguém nos instiga quer ver até onde nós vamos e assim, fazemos o máximo para não decepcionar.

A mãe já nos ama desde antes mesmo de nascermos – salvo raras exceções, é claro – e acaricia e acompanha e vive!

A mãe está ligada intimamente com sua prole, afinal o filho pode ter cinquenta anos, mas ela sempre agirá como se o cordão umbilical não tivesse sido cortado.

Tem mãe coruja, mãe liberal, mãe linha dura e até aquela que “curte a vibe”! Mas no fundo, mãe é mãe! Mãe ama e acaricia e acompanha e vive cada passo da vida do filho. Pode não parecer muito presente, mas é apenas aparência. Mãe sabe, antes que o filho fale!

Minha mãe e eu sempre tivemos uma boa relação. Ela era a linha dura da casa, mas ao mesmo tempo sempre foi daquelas de agitar, colocar as coisas para cima, “curtir a vibe”. Mas, por passar horas com seus filhos – enquanto o marido trabalhava e estudava – foi necessário empunhar o chicote algumas vezes para colocar regras na residência em que protegia como uma leoa.

Costumava jogar videogame comigo! Adorava uma aventura do “Donkey Kong” “Super Mário” e tal... Mas também, quando alguma coisa ia mal, parece que tinha por prazer nos colocar de castigo. Acabar com a brincadeira.

Nos ensinou a sermos “retos” na vida e educados com as pessoas, ninguém tem culpa se o teto está caindo sobre a nossa cabeça. Da mesma forma que nos fez aprender que não levar as coisas tão a sério, faz bem!

Às vezes a mãe vai liberando os filhos, para que estes vivam, mesmo sem querer! Às vezes, se tornam quase que obrigadas a isso. Se fosse por elas, filho não crescia. Filho ficava pequeno e não se machucaria com nada.

Hoje vejo a mesma história acontecer com meus irmãos mais novos. Todo aquele afeto, misturado com dureza, passado para os menores. É necessário saber desde pequeno, que na vida também é necessário sofrer para ser gente grande de verdade. É necessário saber que nem tudo são flores... Mas o sol sempre vem de manhã!



Paulo dos Santos

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Desabafo desperto

Acordar cedo, ao raiar o sol, já é uma rotina da sociedade “bem” desenvolvida, que trabalha horas para não ganhar nada além de boas preocupações! Sério, as pessoas dormem pouco, acordam cedo, dão duro o dia todo e mal tem tempo para viver a própria vida. Falta de justiça essa!

Vivemos uma vida que não é nossa. Defendemos patrimônios, que não são nossos. Vestimos uma camiseta que nos é emprestada, pelo menos até o dia em que nos convidarão a passar no departamento de pessoal para pegar as contas já acertadas.

Não sei se alguém já teve a decência de perguntar ao seu funcionário se este gosta de acordar cedo. A mim nunca foi perguntado. Detesto acordar antes das nove. Acordo por obrigação. Me dói os olhos, me dói o corpo. Me dói tudo!

Não sei quem disse a frase, “Deus ajuda quem cedo madruga”, mas imagino em que circunstância ela deve ter sido dita. Pense comigo: certo dia, a esposa de um homem hiperativo que tinha constantes crises de insônia, cansada de ser acordada antes das cinco da manhã, pelas batidas que ele ousava dar em volta da casa, gritou, “para com isso, infeliz!” Para retrucar ele disse: “mulher, Deus ajuda quem cedo madruga!”. E assim ficou. A humanidade paga por causa de alguém que tinha insônia!

Às vezes parece que se esqueceram de assinar a Lei Áurea. Dessa forma, nos tornamos escravos de nós mesmos... Nós nos escravizamos! Fazemos inúmeras greves e paralizações apenas para mostrar, para nós mesmos, que estamos inconformados, não nos damos por vencidos. Mas depois que tudo termina, voltamos a ser aquilo que nos propomos, sem mudar nada!

Não sou adepto da vagabundice alheia, mas sou a favor da liberdade sempre! Mas não leve tudo isso muito a sério, talvez tenha sido apenas um desabafo de um sonolento desperto!



Paulo dos Santos