terça-feira, 14 de agosto de 2012


Sobre a pintura de Sofia Ribeiro



Imagens comunicantes

Um dos aspectos mais significativos da pintura de Sofia Ribeiro é a forma como aí se procura entrar em diálogo com o corpo. Representado normalmente pelo feminino é sobre o corpo da mulher que recaem as interrogações que o ligam ao desejo, ao prazer físico, mas, porventura, também ao modo como esses elementos podem ser despertados por sensações intelectualizadas. Neste sentido, os seus quadros propõem uma leitura do corpo que parte dessas sensações intelectualizadas a fim de se conhecer, libertando-se pelo movimento físico: o aspecto líquido das figuras parece apontar para esta ideia de libertação tal como a sua aparência nua.

Valerá, ainda, a pena notar a possibilidade de uma leitura autobiográfica para a pintura desta autora na medida em que há uma sequência de imagens que talvez possamos reunir em torno de perguntas como: “quem sou eu?” “que corpo é o meu?”. Por outro lado, a existência de uma leitura autobiográfica não exclui o facto de toda e qualquer mulher se identificar com essas questões, abrindo assim espaço a um conjunto de interpretações diversas que, por certo, contribuem para essa dimensão comunicante que é inerente ao corpo e à arte em geral.   

                                             Marulhar das Vagas (30x30), Sofia Ribeiro 

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