Sobre a pintura
de Sofia Ribeiro
Imagens comunicantes
Um
dos aspectos mais significativos da pintura de Sofia Ribeiro é a forma como aí
se procura entrar em diálogo com o corpo. Representado normalmente pelo feminino
é sobre o corpo da mulher que recaem as interrogações que o ligam ao desejo, ao
prazer físico, mas, porventura, também ao modo como esses elementos podem ser
despertados por sensações intelectualizadas. Neste sentido, os seus quadros
propõem uma leitura do corpo que parte dessas sensações intelectualizadas a fim
de se conhecer, libertando-se pelo movimento físico: o aspecto líquido das
figuras parece apontar para esta ideia de libertação tal como a sua aparência
nua.
Valerá,
ainda, a pena notar a possibilidade de uma leitura autobiográfica para a
pintura desta autora na medida em que há uma sequência de imagens que talvez
possamos reunir em torno de perguntas como: “quem sou eu?” “que corpo é o meu?”.
Por outro lado, a existência de uma leitura autobiográfica não exclui o facto
de toda e qualquer mulher se identificar com essas questões, abrindo assim
espaço a um conjunto de interpretações diversas que, por certo, contribuem para
essa dimensão comunicante que é inerente ao corpo e à arte em geral.
Marulhar das Vagas (30x30), Sofia Ribeiro
Gosto do texto e da fotografia. Observações pertinentes.
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