segunda-feira, 9 de abril de 2012

«CAMPBELTOWN»


Lançado ao mar em Janeiro de 1919 pelos estaleiros de Bath Iron Works (no Maine), este contratorpedeiro, da classe 'Wickes', fez parte da armada dos Estados Unidos -com o nome de «Buchanan»- até 3 de Setembro de 1940, data em que foi cedido à marinha real britânica; na qual foi integrado com o nome de HMS «Campbeltown». Depois de dois abalroamentos acidentais, sofreu reparações em Inglaterra e foi emprestado à armada neerlandesa, no seio da qual permaneceu pouco tempo. Integrado no 7º Grupo de Escolta, o «Campbeltown» cumpriu missões no Atlântico, onde, em Setembro de 1941, resgatou os náufragos do petroleiro norueguês «Vinga», afundado por um ataque aéreo da 'Luftwaffe'. Depois de sofrer novas reparações (no estaleiro de Devonport), o navio foi seleccionado para participar na operação 'Chariot', cabendo-lhe o difícil papel de investir as portas da maior doca seca de Saint Nazaire (na França ocupada), a única fora da Alemanha capaz de acolher o couraçado «Tirpitz», ameaça potencial para as forças navais britânicas. A investida contra Saint Nazaire, que ocorreu à 1h34 de 28 de Março de 1942, resultou em pleno, já que a doca visada ficou indisponibilizada até 1947, até muito depois de ter terminado a 2ª Grande Guerra. O preço a pagar foi, no entanto, terrível : a detonação dos explosivos transportados pelo navio da 'Royal Navy' provocaram a morte de 250 militares alemães e de civis franceses trabalhando no estaleiro. Por outro lado, as forças de ataque do Reino Unido, constituídas por 611 homens, sofreram, também elas, 169 mortos, muitos feridos e 215 prisioneiros. O resto da tropa de Sua Majestade foi evacuada para a Inglaterra, graças a uma flotilha de pequenas embarcações utilizada durante essa aparatosa operação. O HMS «Campbeltown» (ou o que dele restou após a violenta explosão) foi desmantelado 'in situ'. As características do navio de origem eram as seguintes : 1 280 toneladas de deslocamento, 95,80 metros de comprimento por 9,30 metros de boca. Propulsão assegurada por 2 máquinas (turbinas a vapor) e 2 hélices. 40 nós de velocidade máxima. 158 homens de guarnição. Estava armado (no início da sua actividade) com 4 canhões de 100 mm, 1 peça AA de 76 mm e 6 tubos lança-torpedos de 530 mm. Aquando do raide contra o porto de Saint Nazaire o «Campbeltown» transportou 4,5 toneladas de amatol, um poderoso explosivo.

domingo, 8 de abril de 2012

«COMET»


‘Clipper’ construído, em 1851, nos estaleiros de William H. Webb, de Nova Iorque. O seu primeiro proprietário foi a casa armadora Bucklin & Crane, da mesma cidade. Começou a sua actividade comercial na rota Nova Iorque-São Francisco da Califórnia, via cabo Horn, transportando emigrantes e mercadorias diversas. Foi nesse trajecto que, em 1853, este veleiro ganhou alguma nomeada, ao bater o seu famoso congénere «Flying Dutchman» com 30 horas de avanço à chegada ao porto de destino. Vendido, em 1863, ao armador britânico TM MacKay & Co, de Liverpool, o «Comet» passou a operar na linha Londres-Oriente, com etapas em Whampoa, Hong Kong, Macau e Manilha; mas também na linha da Austrália, com viagens para Moreton Bay (Queensland) e Brisbane. Perdeu-se devido a um incêndio de porão, que se declarou no dia 13 de Abril de 1865 e que não foi possível extinguir. O navio navegava, então, da Austrália para a Europa com 55 passageiros e com um carregamento de fardos de lã. O capitão e 80 outras pessoas (incluindo a totalidade dos passageiros) abandonaram o navio em três grandes botes e nunca mais foram vistos. Os 17 homens que permaneceram a bordo do «Comet» na esperança de apagar o fogo, foram resgatados, sãos e salvos, a 12 de Maio pela tripulação da barca «Dauntless», também ela de bandeira britânica. O antigo veleiro novaiorquino afundou-se pouco depois, a escassa distância das costas da Nova Zelândia. O «Comet» deslocava 1 836 toneladas, tinha casco de madeira aplicada sobre uma ossatura metálica, 3 mastros e media 73,50 metros de comprimento por 12,50 metros de boca.

«STAR FLYER»


Luxuoso navio de cruzeiros construído em 1991, na Bélgica, pelos estaleiros da firma Scheepswerven van Langerbrugge. É um veleiro de quatro mastros (‘barquentine’) com 2 298 toneladas de arqueação bruta e com as seguintes dimensões : 111,57 metros de comprimento fora a fora por 15,14 metros de boca. O seu calado é de 5,50 metros. Além do aparelho vélico (que compreende 5 panos redondos no mastro de traquete) o «Star Flyer» está equipado com 1 máquina diesel e com 1 motor eléctrico. Pode atingir uma velocidade máxima de 16 nós. Virado para uma clientela endinheirada, este veleiro (que dispõe de um grande restaurante, de um piano-bar, de um salão-biblioteca, de uma piscina e de 85 camarotes) está ricamente equipado com mobiliário de teca e de mogno e com casas de banho em mármore. As cabines do navio têm ar condicionado, telefone, TV, leitor de DVD’s, consolas de jogos, rádio, etc. A comida servida no «Star Flyer» é internacional e preparada por chefes altamente qualificados. A tripulação (72 membros) é europeia e a língua falada a bordo é a inglesa. Este elegantíssimo navio pertence à frota do operador turístico sueco Star Clippers e está actualmente registado no porto de La Valette, em Malta. Depois de ter usado, até 1910, a bandeira do Luxemburgo, o «Star Flyer» arvora, desde então, pavilhão maltês. Opera nas águas do mundo inteiro, com particular predominância nas do mar das Caraíbas e nas da Polinésia francesa, proporcionando aos seus afortunados passageiros viagens confortáveis e inesquecíveis.

«MELAMPUS»


Fragata ligeira inglesa de finais do século XVIII. Foi construída em 1785 nos estaleiros de James Martin Hillhouse, de Bristol. Era um navio de 947 toneladas, armado com 36 canhões. Media 43 metros de comprimento por 11,80 metros de boca e tinha um calado de 4,20 metros. A sua guarnição era constituída por 270 homens, marinheiros e soldados. Serviu (e ilustrou-se) na ‘Royal Navy’ aquando do conflito gerado pela Revolução Francesa e durante a guerra contra Napoleão Bonaparte. Esteve também particularmente activa no combate à pirataria, apreendendo (só ou acompanhada por outras unidades da marinha real) inúmeros navios corsários. Essa sua aptitude (e dos seus capitães) para capturar e/ou destruir navios inimigos, valeu-lhe a merecida atribuição de uma medalha naval por srviços prestados à coroa de Inglaterra. Depois de ter ajudado brilhantemente o seu país em águas europeias, a fragata «Melampus» foi destacada para a Jamaica, cumprindo missões de patrulha em todo o mar das Caraíbas. Daí regressou em 1801, quando começou a intensificar-se a luta contra as armadas napoleónicas e as dos seus aliados espanhóis. Depois de longos anos de acções vitoriosas contra os adversários de Sua Majestade britânica, o HMS «Melampus» foi vendido -em Junho de 1815- ao governo holandês. Ignoramos qual foi o seu destino depois desta data.

sábado, 7 de abril de 2012

«GRAND MISTRAL»


Paquete de luxo construído em França pelos Chantiers de l'Atlantique, de Saint Nazaire. Foi dado como concluído e entregue ao seu comanditário -Festival Cruise Lines- em finais de Junho de 1999. O seu nome inicial (que manteve até 2005) foi simplesmento «Mistral» e o seu primeiro pavilhão o de Itália. Na sua configuração actual, este gigante dos mares oferece 600 cabines podendo acolher mais de 2 100 passageiros. A equipagem é constituída por cerca de 600 pessoas. O «Mistral apresenta as seguintes características físicas : 47 000 toneladas de deslocamento, 216 metros de comprimento por 28,80 metros de boca por 16,15 metros de calado, oito convezes reservados aos passageiros. A sua propulsão é do tipo diesel-eléctrica e o conjunto das suas máquinas desenvolve uma potência de 24 457 cv. O navio pode atingir a velocidade máxima de 19,5 nós. Sofreu um encalhe no dia 20 de Fevereiro de 2001 ao largo da ilha da Guadalupe, nas Antilhas. Em 2005 passou a operar por conta da operadora turística espanhola Iberojet e hoje -já com o novo nome de «Grand Mistral»- arvora as cores da Ibero Cruceros, que é, na realidade, uma filial da Carnival Cruise Lines, empresa gigante do turismo marítimo sedeada em Miami. Tal como os seus grandes rivais, o «Grand Mistral» oferece aos seus passageiros instalações dignas de um hotel de luxo : restaurantes, bares, 'night clubs', salas de espectáculo, 'boutiques', piscinas, saunas, centro de 'fitness', pista de 'jogging', ginásios e respectivos equipamentos desportivos, etc. O «Grand Mistral» tem navegado, nestes últimos anos, com pavilhão de conveniência. Isto, em função dos interesses fiscais dos seus proprietários e/ou armadores. Até já esteve registado na ilha da Madeira. Pensamos que, actualmente, o seu porto de registo é o de Mata-Utu, capital das ilhas Wallis et Futuna (na Oceania francesa) e que o navio arvora a bandeira desse longínquo território.

«SALAMANDER OF LEITH»


Navio de guerra do século XVI, construído na Europa continental (presumivelmente em França) em data e lugar indeterminados. Sabe-se que o seu mastro grande de origem foi substituído por um novo, em Março de 1537, num estaleiro de Honfleur (Normandia), antes do navio seguir para a Escócia. O «Salamander» constituíu parte do dote oferecido pelo rei Francisco I de França à sua filha Madeleine de Valois, que, nesse mesmo ano de 1537, se matrimoniou com Jaime V, soberano da Escócia. Integrado na marinha militar desse país independente do norte da Grã-Bretanha, o «Salamander» era um navio de 300 toneladas, armado com bocas de fogo e que tinha uma guarnição de 220 homens. Participou em várias operações bélicas contra as frotas inglesas (mercantes e militares), até que, em 1544, foi capturada pelo inimigo e integrada na armada rival. Já com a bandeira de São Jorge, o «Salamander of Leith» ajudou a evacuar as tropas do senhor de Hertford, que conquistaram e queimaram Edinburgo (em 1544) e a transportar para Inglaterra parte do saque dessa importante cidade escocesa. O «Salamander» -modificado e rearmado pelos ingleses- regressou à Escócia aquando da invasão de Agosto de 1547 e terá participado na famosa e decisiva batalha de Pinkie Cleugh, disputada no dia 10 de Setembro desse mesmo ano nas margens do rio Esk. Presume-se que este histórico navio tenha sobrevivido até 1574.
Curiosidades : o nome deste navio fazia referência à salamandra, uma das figuras armoriais do rei Francisco I de França. Uma das principais artérias da cidade de Leith (hoje um subúrbio de Edimburgo) ainda se chama Salamander Street, em honra do navio de Jaime V.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

«LEIPZIG»


Cruzador alemão de 8 300 toneladas de deslocamento construído, entre 1929 e 1931, nos estaleiros navais de Wilhelmshaven. Media 177 metros de comprimento por 16,30 metros de boca. A sua propulsão era garantida por turbinas a vapor e diesel (desenvolvendo 65 585 cv de potência global) e por três hélices. Podia atingir 32 nós de velocidade máxima e dispor de um raio de acção de 5 700 milhas náuticas com andamento reduzido a 19 nós. O seu armamento principal era constituído por 9 canhões de 150 mm, 6 de 88 mm, 8 AA de 37 mm, 4 AA de 20 mm e por 12 tubos lança-torpedos. Este armamento sofreu modificações com o decorrer do tempo. Transportava, inicialmente, 2 hidros Heinkel He-60, que seriam substituídos, em 1941, por 2 Arado Ar-196. Da sua guarnição faziam parte 534 homens, corpo de oficiais incluídos. Participou em várias operações navais durante a Guerra Civil de Espanha, como reforço da armada franquista. Já durante o 2º conflito generalizado, a 13 de Dezembro de 1939, o «Leipzig» foi torpedeado pelo HMS «Salmon», sofrendo graves avarias que o indisponibilizaram durante um ano inteiro. Durante a operação 'Barbarossa' atacou objectivos soviéticos no mar Báltico, onde, em Outubro de 1944 sofreu novas avarias provocadas por um abalroamento acidental com o cruzador pesado «Prinz Eugene». Foi, em várias ocasiões, utilizado como navio de instrução. No final da Segunda Grande Guerra foi capturado pelos Aliados e entregue à 'Royal Navy', que o afundou no mar do Norte -a 16 de Dezembro de 1946- com um carregamento de bombas de gás confiscado aos arsenais nazis.

«GÖKE»


Embarcação híbrida dos séculos XV e XVI derivada das galeras maditerrânicas, mas utilizando velame essencialmente redondo. O «Goke» foi o navio-almirante do grande Kemal Rais, o antigo corsário que se tornou protonauta da poderosa marinha de guerra otomana dessa época. Conhecem-se poucos detalhes sobre este histórico navio, do qual só existe uma gravura conservada em Istambul, no Museu Topkapi. Supõe-se que o seu comprimento rondasse os 50 metros e sabe-se que estava armado com algumas dezenas de bocas de fogo de vários calibres. É referenciado como tendo uma guarnição de 300 homens de mar, 200 soldados (sobretudo arcabuzeiros) e um numeroso grupo de remadores (captivos) distribuídos por 64 longos remos. Participou activamente -com Kemal Rais- na guerra turco-veneziana, que se desenrolou entre 1499 e 1503, sendo dado adquirido que esteve na famosa batalha de Zonchio (Agosto de 1499), na qual uma armada turca derrotou a esquadra do almirante Antonio Grimani. Atribui-se-lhe, também, a execução de raides e de saques em toda a costa do mar Jónico.

«SAHAND»


Fragata de construção britânica (pertencente à classe 'Alvand'), adquirida no Reino Unido pela marinha de guerra do Xá. Chamou-se inicialmente «Faramarz», mudando de nome, em 1985, após a revolução dos aiatolás. Construída, em 1969, pelos estaleiros Vosper Thornycroft, de Woolston, deslocava 1 540 toneladas (em plena carga) e media 94,50 metros de comprimento por 12 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por um sistema compreendendo 2 máquinas Rolls-Royce 'Olympus' (turbinas a gás). A sua velocidade máxima era de 39 nós e a sua autonomia de 5 000 milhas náuticas com andamento limitado a 15 nós. A sua panóplia de armamento compreendia peças de artilharia convencional (nomeadamente AA), metralhadoras, morteiros, lança-torpedos e rampas de lança-mísseis antinavios. Esta fragata iraniana teve intervenção activa na chamada 'Guerra das Plataformas Petrolíferas' ocorrida no golgo Pérsico em Abril de 1988, entre as forças de Teerão e a aeronaval norte-americana. A fragata «Sahand» (o seu nome era o de uma montanha vulcânica do Irão) foi um dos vários navios afundados durante os combates da operação 'Louva-a-Deus'. Atacada, simultaneamente, por aviões Grumman A-6 'Intruder' e pelo 'destroyer' USS «Joseph Strauss», esta fragata iraniana sofreu três impactos de mísseis 'Harpoon' e vários outros de bombas guiadas por laser. Ardeu durante horas, até que se afundou não muito longe da ilha de Larak, após a explosão dos seus paióis de munições. Não se conhece o número de mortos causados na sua guarnição composta por uns 140 homens. Nota final : a foto editada pertence às forças armadas dos E.U.A. e representa os últimos instantes da fragata «Sahand».

«SANCT SVITHUN»


O nome deste navio faz referência ao padroeiro da cidade de Stavanger, seu porto de registo. O «Sanct Svithun» era um vapor de 1 376 toneladas destinado ao transporte de passageiros. Construído num estaleiro da antiga Cidade Livre de Dantzig e lançado à água em 1927, o navio foi encomendado pelo armador Det Stavangerske Dampskibsselskab, que o colocou na famosa linha 'Hurtigruten', que percorre todo o litoral norueguês. Este navio foi dotado, em 1931, com um novo espaço para carga frigorífica, de modo a poder transportar, nas melhores condições, o peixe exportado dos portos do norte do país para os mercados consumidores do sul da Noruega. O «Sanct Svithun» também recebeu, nessa altura, aparelhagem de telegrafia sem fio. Era muito apreciado pelos seus utilizadores (regulares ou eventuais) pelas suas qualidades náuticas, mas também pelo conforto que lhes proporcionava. Media 71,93 metros de comprimento por 10,73 metros de boca. Estava equipado com 1 máquina 'Compound' de 4 cilindros, que desenvolvia 1 650 cv de potência. A sua velocidade máxima era de 14 nós. O «Sanct Svithun» podia acolher 100 passageiros de 1ª e 82 de 3ª classe. Depois da invasão e conquista da Noruega pelas tropas hitlerianas (em Abril de 1940), o navio continuou no tráfego de passageiros, mas recebeu a bordo uma pequena guarnição alemã, que operava armamento antiaéreo. Este material de guerra não impediu o navio de ser alvejado e incendiado -a 30 de Setembro de 1943- por uma formação de 6 aviões Bristol 'Beaufighter' da R.A.F., quando navegava no seu percurso habitual (na direcção norte-sul), ao largo da península de Stad. O capitão do navio conseguiu encalhar o «Sanct Svithun» numas ilhotas rochosas, o que permitiu salvar 76 passageiros e membros de equipagem. Contabilizou-se, no entanto, a morte de mais de 40 pessoas, incluindo a quase totalidade dos militares alemães. Poucos dias depois deste mortífero incidente, a carcaça calcinada do navio foi arrastada pelas marés, afundando-se em águas profundas. O naufrágio deste navio teve repercussões muito negativas junto da opinião pública norueguesa. A tal ponto, que o próprio movimento nacional da resistência local reagiu, enviando uma mensagem de protesto ao governo norueguês exilado em Londres, criticando o ataque britânico a um inofensivo navio de passageiros. Em 1970 foi inaugurada na aldeia de Ervik (cujos habitantes socorreram e acolheram os náufragos do «Sanct Svithun») uma capela consagrada à memória das vítimas do navio.