SOCIAL MEDIA

Mostrando postagens com marcador gabs. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador gabs. Mostrar todas as postagens

19 de março de 2024

A Deusa em Chamas, conclusão da trilogia de sucesso de R. F. Kuang: "Sou a força da criação. Sou o fim e o começo. O mundo é uma pintura e eu tenho o pincel. Sou uma deusa"

Oi gente! Aqui é a Gabs, do Podcast Terminei! Mais uma vez tô aqui no Roendo Livros para fazer uma resenha! Hoje venho falar sobre o final mais que esperado para a trilogia de fantasia mais comentada nos últimos tempos, A Guerra da Papoula. Depois de muito tempo do lançamento, finalmente consegui terminar essa trilogia da R. F. Kuang. E não digo isso porque a série é ruim ou demorada, mas sim pela perfeição que ela tem em apresentar e criar os fatos históricos e ficcionais, o que demanda um tempo maior de leitura.

23 de maio de 2023

O Paradoxo de Atlas, de Olivie Blake: você que tem o poder ou é ele que te tem? Aguardada sequência do dark academy A Sociedade de Atlas

Oi pessoal do Roendo Livros, tudo bom? Mais uma vez eu, a Gabs do Podcast Terminei, aqui trazendo uma resenha de um livro que me surpreendeu!

Acredito que muitos de vocês já devem ter visto nas redes sociais, principalmente no TikTok, indicações sobre um Dark Academy muito famoso na gringa, que chegou no Brasil ano passado: A Sociedade de Atlas, da autora Olivie Blake, foi lançado pela Intrínseca no ano passado e teve sua sequência publicada em abril de 2023. O Paradoxo de Atlas se passa imediatamente após os acontecimentos do seu antecessor, mas traz algumas questões muito mais fortes e entendimentos melhores sobre a trama e seus protagonistas. Sendo assim, aviso que essa resenha contém spoilers do primeiro volume da trilogia.

Recapitulando, os acontecimentos do primeiro livro giram em torno dessa sociedade secreta que seleciona, a cada 10 anos, 6 jovens adultos com poderes mágicos para competirem entre si pela permanência na Sociedade Alexandrina. Então, em A Sociedade de Atlas, acompanhamos: os físicos Libby e Nico, a naturalista Reina, a telepata Parisa, o empata e manipulador emocional Callum, e Tristan, que consegue ver através das ilusões. Desses 6 competidores, apenas 5 poderão permanecer na Sociedade. 

Leia também:
 Resenha: A Sociedade de Atlas

Acontece que Libby sumiu ao final do primeiro livro, fazendo todos acreditarem que ela está morta. Na verdade, todos acreditam que algo muito esquisito aconteceu e que alguém está envolvido nisso. Nós, leitores, já sabemos que é tudo armação do Ezra, ex-namorado da personagem, que está armando junto ao Fórum para destruir a Sociedade. 

Os nossos 5 protagonistas estão iniciados na Sociedade — não se esqueçam que Libby está desaparecida —, mas as coisas não têm saído como planejado. Atlas disse que ao entrar na Sociedade, eles teriam acesso a todo o conhecimento necessário para o aprimoramento de suas habilidades. Mas não é o que acontece, porque o grupo é genuinamente desequilibrado sem Libby. É claro que ajuda o fato de que Nico, Parisa, Reina, Callum e Tristam estão descobrindo coisas chocantes sobre a natureza da Sociedade Alexandrina e sobre si mesmos. Dessa forma, O Paradoxo de Atlas trabalha muito o interior dos personagens, os sentimentos deles, como eles encaram os poderes deles.

Você acha que este mundo é algo além de uma série de acidentes ? É isso o que tudo é. Não há projeto, só… probabilidade. Genética é apenas um jogar de dados. Todo resultado, todo suposto dom ou maldição , é apenas uma estatística possível — p. 336 

Diferente do primeiro livro que eu demorei quase o mês todo para ler, esse me fez querer descobrir tudo muito rapidamente. Talvez por ter a temática de multiversos e viagem no espaço-tempo... Eu simplesmente amo a ideia de multiverso e espaço-tempo e a forma como os tópicos são abordados na trama fez com que tudo ficasse ainda melhor.

Ah, para a minha surpresa eu mudei de odiados. No começo, principalmente no primeiro livro, eu odiava o Callum, para mim ele era a melhor escolha para ser morto. Mas depois da reviravolta, eu passei a odiar a Reina. Por motivo óbvio: existem coisas maiores que ela e ela não enxerga isso. Até a Parisa, que foi uma grande chata em A Sociedade de Atlas (pelo menos até antes da cena dela com a Libby e o Tristan), percebe o que está acontecendo. Todos tomaram um lado, menos a Reina, que acha que é Deus. 

Acredito que essa seja a discussão do livro: poder. A questão de criar vida, criar mundos, e criar com PODER, é a maior discussão e um dilema humano muito forte, porque a Sociedade tem todo o conhecimento do mundo, a cura de tantos problemas, e não isso não é compartilhado com ninguém por diversos motivos. Por um lado, ganância e egocentrismo do Atlas, por outro, questões políticas. Como colocado em muitos momentos, a ideia de conhecimento dá poder, e isso faz com que grandes pessoas usem privilégios para conseguir o que querem. É uma discussão tão atual que torna o livro perfeito. 

Atlas Blakely queria construir um novo mundo porque era um mágico burocrata clinicamente deprimido que já sabia que nada importava — p. 380 

Além disso, aqui temos a colocação prática das ações dos pesonagens, dos poderes deles, e como isso machuca e, ao mesmo tempo, amplia o conceito do mundo em que eles vivem. É perfeito ver os personagens encontrando seus potenciais, tentando seus limites. Não tem como tomar partido de nenhum deles, porque cada um tem seus erros e acertos e isso faz do livro muito humano. Mesmo quando o personagem é desprezível, a gente consegue entender o porquê daquela ação.

Recomendo demais, mas como sempre, leiam sem o hype que as redes dão, principalmente porque sinto que esse segundo volume é uma "preparação" de terreno para o desfecho da trilogia, o que faz total sentido — tem menos ação, mas dá abertura para inúmeros acontecimentos que tem de tudo para serem marcantes. E assim, se eu fosse pelo hype, não teria lido esse, já que minha experiência com A Sociedade de Atlas só foi boa lá no finalzinho. 

Título Original: The Atlas Paradox ✦ Autora: Olivie Blake
Páginas: 464 ✦ Tradução: Karine Ribeiro ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora

30 de março de 2023

Quando você acha que depois de um império corrupto nada pode piorar... A República do Dragão, por R. F. Kuang, sequência de A Guerra da Papoula


Oi, para quem não me conhece eu sou a Gabs, host e criadora do Podcast Terminei, um podcast literário. A convite da Ana, que é além de minha amiga, uma ídola no mundo literário, vim aqui escrever minha primeira resenha para o Roendo Livros — sonho do meu eu de 18 anos sim!

Hoje minha resenha é sobre a sequência aguardadíssima de A Guerra da Papoula. A República do Dragão começa exatamente onde acabou o último livro, portanto, essa resenha conterá spoilers do primeiro volume. Inclusive, caso queiram saber mais sobre a trama propriamente dita, vocês podem ler a resenha da Priscila, aqui no blog, ou ouvirem minha opinião no episódio #158 do Terminei. Alías, Priscila e eu temos visões um pouco diferentes da história, então é legal conferir!

Leia também:
✦ Resenha: A Guerra da Papoula

Rin, a receptora da Deusa do Fogo, está tentando sobreviver depois de ter lutado na Terceira Guerra da Papoula e ajudado a salvar o Império, mesmo que isso tenha tido resultados desastrososo. No meio disso tudo, ela descobre que a Imperatriz Víbora Daji — amo que ela realmente é uma víbora —  foi a responsável por tudo, já que entregou o Império à Federação. Com isso, nossa protagonista tenta encontrar a traidora e matá-la. Mas no meio desse plano, ela encontra o chefe da Província do Dragão, que além de querer derrubar a imperatriz, quer instaurar a república no reino de Nikara.

Todo mundo deveria odiar a guerra, ou então há algo de errado com você. Certo? Mas sou uma soldada. É tudo que sei ser. Então não é isso o que devo fazer? Quer dizer, às vezes penso que talvez eu possa parar, talvez eu possa fugir. Mas o que vi, o que fiz… não posso voltar atrás.

É válido lembrar que, num primeiro momento, o livro trata do vício de Rin em ópio, que tem um grande protagonismo em ambos os livros (afinal, o ópio vem da papoula), e mostra como é absurdamente difícil tirar essa droga de uso e como ela pode ser usada como "moeda" para conseguir poder. 

Ainda assim, o enredo até então parece um sonho: um líder tático perfeito, reencontrar o Nezha, seu desafeto na academia, conseguir salvar seu amigo Kitay e ir atrás de sua antagonista... O problema real começa quando, ao enfrentar a Víbora, Rin recebe um Selo sobre seu poder. Agora ela não consegue mais usar o fogo. E não acaba aí! A luta agora também é contra os Hesperianos, um povo colonialista que quer impor a cultura e a religião deles a todo custo — ao meu ver, eles são tipo os Estados Unidos se envolvendo em guerras e querendo ver o circo pegar fogo, mas sem se comprometer de fato. De certa forma, o vício acaba sendo o menor dos problemas da Rin.

O que eu posso dizer a vocês? Em três partes a autora consegue levar a gente da inquietação à esperança em meio a um caos absoluto. Eu realmente não sabia o que esperar. Em muitos momentos existe tanta traição e sofrimento que eu não sei nem como descrever. Nesse sentido, R. F. Kuang traz muitas questões importantes, relacionadas ao fato de que quem está no poder só vê as pessoas mais pobres como massa de manobra e esquece que se o povo sair pra briga, eles nem têm para onde correr. Além disso, há uma discussão sobre preconceito religioso e como qualquer coisa diferente do cristianismo é julgada e considerada imoral. É bizarro ver os paralelos do cristianismo e sua busca de um demônio, em que, nesse caso, é personificado pelo xamanismo.

É que não importa quantos homens seu exército tem. Não importa quão bons são seus modelos, ou quão brilhantes são suas estratégias. O mundo é caótico e a guerra é, no fim das contas, fundamentalmente imprevisível. Não dá para saber quem vai rir por último. Não se sabe de nada ao entrar em uma batalha. Só se sabe o que está em jogo.

Voltando para a protagonista, acho muito pesada a carga de responsabilidade que ela carrega durante toda a trama: uma jovem que não conhece meio mundo se vê obrigada a decidir o futuro de uma nação. Ela, que até então nem sentia que pertencia a algum lugar. Também foi bom rever personagens do primeiro livro, como Nezha e o Kitay, mas a Rin continua se sobressaindo. Acho todos muito bem desenvolvidos, principalmente nas questões morais. 

Foi muito doloroso para mim ver que tanto eu quanto a Rin demoramos a entender o que realmente estava em jogo e que apenas ao final desse calhamaço entendemos que o poder está na mão do povo e ele pode fazer o que quiser a partir do momento em que percebe que não pode ser subjugado. Nesse sentido, R. F. Kuang trabalhou super bem a questão dos ocidentais serem tão colonizadores e opressores. Para falar a verdade, eu amo como a autora está construindo essa história tão original e inovadora, uma das melhores fantasias adultas da atualidade.

Recomendo muito essa leitura para conhecer ainda mais a cultura oriental e suas questões sociais e políticas. Assim como A Guerra da PapoulaA República do Dragão não é um livro fácil e rápido, principalmente porque envolve muita violência e, quando eu digo violência, são cenas bem gráficas mesmo... Mas vale a pena demais. Agora é aguardar a conclusão, sem previsão em português, mas que vai fazer com que tudo queime… 

E aí, já leram esses livros? Ficaram com vontade? Deixe seus comentários sobre o que vocês esperam de A República do Dragão e do volume que fecha a trilogia. E mais uma vez obrigada ao Roendo pela oportunidade.

Título Original: The Dragon Republic ✦ Autora: R. F. Kuang
Páginas: 640 ✦ Tradução: Helen Pandolfi & Karine Ribeiro ✦ Editora: Intrínseca
Livro recebido em parceria com a editora