Egito Madagáscar é o primeiro álbum do Olodum e também o que estabeleceu o padrão sonoro do grupo: uma percussão seca, complexa e marcadamente repetida de modo cíclico. O acompanhamento vocal alternado entre o líder e um coro (mixado um pouco à frente da percussão, sem excessos, mas suficientemente expressivo para o tornar inconfundível) terminava por caracterizar os recursos despendidos. Assim, a música era esquelética e hoje ainda impressiona a sua energia dentro de um padrão tão limitado; como se para alcançar o resultado almejado, o Olodum demonstrasse quão pouco era necessário. Posteriormente mais elementos foram acrescentados à fórmula (o que propiciou a criação do estranho gênero do samba-reggae), mas a contenção deste disco, como sua aparente pobreza estética, muito criticada à época, hoje sobressai e põe Egito Madagáscar entre os principais e mais significativos álbuns dos anos 80; época justamente marcada por um excesso de produção e uma certa breguice no uso de teclados e ar...