Amesterdão: fascismo e sionismo de mãos dadas

Editor / Anis Raiss — 18 Novembro 2024

Amesterdão. Polícia tenta arrancar bandeira da Palestina das mãos de uma manifestante.

Os desordeiros israelitas que tumultuaram Amesterdão em 6 e 7 de novembro, foram rapidamente tratados pelos meios ocidentais como vítimas de antissemitismo. Protegidos pela Mossad, que os acompanhou desde a chegada à cidade, acharam que podiam impor a sua lei terrorista rasgando bandeiras palestinas, entoando cânticos racistas e agredindo cidadãos árabes. Sentiram-se, num primeiro momento, capazes de transpor para solo holandês o que o seu governo e as suas forças armadas fazem impunemente na Palestina. Enganaram-se: a resposta rápida e musculada dos cidadãos de Amesterdão deu-lhes uma lição que lhes vai seguramente ficar marcada na memória e no corpo.

O relato detalhado dos acontecimentos que divulgamos, publicado em The Cradle, repõe a verdade no devido pé.

Os cidadãos que decidiram tomar em mãos próprias a defesa da cidade e impor a justiça que era exigida, mostraram às autoridades e à polícia que não toleravam a cobertura dada aos desordeiros. O exemplo desta resposta popular assusta, com toda a evidência, não apenas o governo holandês (de extrema-direita e pró-sionista), mas também todos os demais governos que, pela Europa fora, apadrinham Israel e contemporizam com os massacres cometidos na Palestina e no Líbano.

A preocupação em, rapidamente, inverter culpas, tirando da manga a carta sebenta do “antissemitismo”, mostra que só recorrendo a argumentos forjados e extremos – isto é, falsificando e encobrindo a realidade – os governos europeus comprometidos com Israel podem ter a esperança de não ser arrastados pela torrente de condenação pública dos crimes sionistas. De facto, no último ano, não são os palestinos, os libaneses ou os iranianos que a opinião pública tem condenado – são os torcionários israelitas e os seus comparsas ocidentais.

 

O ‘PROGROM’ FABRICADO: O CAOS EM AMESTERDÃO TRANSFORMADO EM ARMA

Anis Raiss, The Cradle, 11 novembro 2024

Pela primeira vez na memória recente, os grandes media ergueram-se para defender o hooliganismo no futebol. Em 6 de novembro, os bandidos itinerantes de Telaviv chegaram a Amesterdão, dando início aos tumultos arrancando bandeiras da Palestina, cantando insultos racistas como “Deixem as FDI vencerem para foder os árabes” e atacando motoristas de táxi.

Na noite de 7 de novembro, quando o seu clube enfrentou o Ajax, as provocações transformaram-se num espectáculo de caos, espalhando-se pela cidade antes e depois da partida. No entanto, numa reviravolta extraordinária, os provocadores, que deixaram um rastro de estragos, foram transformados em vítimas.

A narrativa dominante, amplificada pelos meios de comunicação israelitas, quer fazer-nos crer que Amesterdão foi sede de um ataque premeditado contra os judeus – um “pogrom” tão angustiante que voos de evacuação de emergência foram necessários para levar os supostos alvos para um local seguro.

Políticos e meios de comunicação de direita holandeses não perderam tempo a aproveitar o momento, reformulando o incidente para se adequar às suas agendas.

A investigação que se segue desvenda a forma como os acontecimentos da noite foram transformados em armas – não só para confundir antissionismo com antissemitismo, mas para alimentar o medo em relação às comunidades islâmicas na Europa.

Por baixo das manchetes encontra-se uma história mais complexa: a provocação dos hooligans, a frustração dos cidadãos e a exploração calculada da crise para obter ganhos políticos.

O filme dos acontecimentos

6 de novembro: a chegada do caos. O caos começou com a visão surreal de um estado que envia a sua principal agência de inteligência como guarda-costas de uma claque de fãs notória por cânticos racistas e comportamento violento. Agentes da Mossad, ostensivamente enviados para garantir a “segurança”, chegaram a par da primeira onda de hooligans viajando de Telaviv.

Longe de incorporar o espírito desportivo, esses provocadores não perderam tempo em agitar tensões e preparar o terreno para a desordem que engoliria a cidade nos dias seguintes.

As provocações começam: faixas de solidariedade com a Palestina, exibidas por moradores locais em apoio a Gaza, tornaram-se os seus primeiros alvos.

7 de novembro: caos no dia do jogo. Horas antes da partida da Liga Europa entre Ajax e Maccabi Telaviv, as ruas de Amesterdão estavam cheias de ecos dos cânticos odiosos dos hooligans. Frases como “Morte aos árabes” e “Não há escolas em Gaza porque já não há crianças” ecoaram o ar, transformando a cidade num palco para a sua retórica agressiva.

Dentro do estádio, durante um minuto de silêncio para homenagear as vítimas das recentes cheias em Valência, interromperam o momento com apupos e gritos, apoucando a solenidade da ocasião e enfurecendo ainda mais a população local.

Vigilantismo pós-jogo. Após o jogo, as tensões latentes explodiram em confrontos quando os cidadãos locais, frustrados com as provocações dos hooligans e o genocídio em curso em Gaza, resolveram o problema com as próprias mãos.

Perto da Estação Central, hooligans de Telaviv foram vistos em grandes grupos, arrancando postes de metal do chão para usar como armas enquanto se dirigiam ao centro da cidade – um local de concentração de motoristas de táxi, muitos dos quais são descendentes de marroquinos. Grupos de moradores de Amesterdão começaram a caçar os hooligans de Telaviv, espancando duramente alguns deles e fazendo frente a outros.

Confrontos com taxistas. As provocações não ficaram por aqui. Confrontos eclodiram com motoristas de táxi locais depois de um hooligan ter destruído um táxi, levando a confrontos físicos. Esses incidentes, agora confirmados pela polícia de Amesterdão, anunciaram a agitação que estava para vir, mas receberam pouca atenção das autoridades, que pareciam impreparadas para lidar com a crescente tensão.

Hooligans refugiam-se no Holland Casino. A perseguição feita pelos motoristas de táxi forçou os hooligans a recuar. Desesperados e ultrapassados em número, os mesmos provocadores que antes tinham ostentado a sua arrogância, agora corriam por segurança, buscando refúgio no Holland Casino. Encurralados e sem cartas para jogar, ligaram para a polícia em busca de ajuda – uma reviravolta impressionante para um grupo que passou a noite a apostar no caos e na provocação.

Vídeos que circulam nas redes sociais captaram esses actos de vigilantismo, incluindo um em que um hooligan foi atirado a um canal de Amesterdão e forçado a cantar “Palestina Livre”. Em outro, moradores foram vistos a gritar com os hooligans espancados, condenando-os com comentários que faziam referência às atrocidades em Gaza, como: “Vocês atacam mulheres e crianças, mas agora somos nós que vocês enfrentam”.

Duplo padrão

A situação levantou a pergunta: como é que um clube israelita como o Maccabi Telaviv, com uma base de adeptos notória por racismo e violência, pode competir em torneios da UEFA, especialmente quando Israel é acusado de genocídio pelo Tribunal Penal Internacional?

Este chocante contraste torna-se ainda mais gritante quando comparado com o tratamento das equipas russas, que foram banidas das competições internacionais e até excluídas das Olimpíadas devido a conflitos geopolíticos. No entanto, a ocupação contínua por Israel [dos territórios palestinos] e os crimes de guerra aparentemente não garantem o mesmo nível de responsabilização, expondo um flagrante padrão duplo no domínio da governança desportiva global.

8 de novembro: fabricação de um pogrom

Os grandes media holandeses, amplificados por publicações israelitas e ocidentais, rapidamente reformularam os eventos como um “pogrom” contra os judeus, apagando o contexto de provocações hooligan que desencadearam os confrontos. Os relatórios sensacionalizaram a violência, descrevendo-a como ataques antissemitas premeditados. Numa reviravolta quase ridícula, alguns alegaram que voos de evacuação de emergência foram organizados para resgatar as supostas vítimas, evocando imagens da Rússia do século XIX com assassinatos em massa e aldeias em chamas.

A narrativa empolada mudou convenientemente o foco das provocações dos hooligans para um retrato de vitimização cuidadosamente construído.

Os políticos de direita holandeses não perderam tempo em amplificar a narrativa, com Geert Wilders a liderar o ataque como um maestro orquestrando uma sinfonia de indignação, com as notas a ecoar pelos canais dos media.

Após um telefonema com o primeiro-ministro israelita Netanyahu, Wilders condenou os eventos como antissemitismo vergonhoso e prometeu proteger os judeus holandeses. Ao seu lado, Dilan Yesilgöz, como um primeiro violinista obediente, harmonizou a sua mensagem, ampliando o quadro de uma nação sitiada pela intolerância.

Até o rei Willem-Alexander se juntou ao coro, expressando o choque dele e da rainha Máxima com a “violência contra convidados israelitas” e alertando contra os perigos de ignorar o antissemitismo, invocando paralelos históricos com atrocidades passadas.

Juntas, as suas vozes transformaram uma noite de caos num crescendo cuidadosamente elaborado de vitimização, obscurecendo as provocações que desencadearam a reacção.

No final de 8 de novembro, a história já não era sobre a agressão dos hooligans; ao contrário, tinha sido reescrita para servir as agendas políticas e dos media, desviando a atenção da verdade para um espetáculo de indignação moral.

Confundir antissionismo com antissemitismo: o papel dos políticos holandeses e grupos de lobby

Os incidentes de Amesterdão tornaram-se um terreno fértil para os políticos e os media holandeses confundirem antissionismo com antissemitismo, reformulando a indignação legítima com as políticas israelitas numa ampla narrativa de vitimização e criação de medo.

Na vanguarda desta narrativa estiveram duas figuras proeminentes: Geert Wilders, líder do Partido para a Liberdade (PVV), de extrema-direita, e defensor sonoro dos interesses ultranacionalistas israelitas, e Dilan Yeşilgöz, o rosto recém-ungido do partido liberal holandês VVD e uma figura chave no actual governo de coligação. Wilders, conhecido pela sua retórica polarizadora e pela sua firme posição pró-Israel, há muito que se posiciona como um defensor dos “valores ocidentais” contra o que ele retrata como sendo as ameaças duplas do Islão e das críticas a Israel.

Dilan Yeşilgöz: a voz preparada para “explicar”

Outrora ministra da Justiça, Yeşilgöz é agora uma figura destacada no governo holandês, tendo concorrido a primeiro-ministro como líder do VVD. A sua ascensão foi acompanhada pelo seu alinhamento inabalável com as narrativas israelitas, um relacionamento solidificado durante uma “viagem de estudo” patrocinada pelo CIDI [Centro para Informação e Documentação Israel, o grupo de lobby pró-Israel na Holanda] em 2019 a Israel e aos territórios palestinos ocupados.

Os críticos rotularam essas viagens como “missões de preparação”, destinadas a fornecer aos políticos uma visão unilateral do conflito israelo-palestino, incorporando efectivamente o viés pró-Israel na formulação de políticas.

A controvérsia em torno da viagem de Yeşilgöz acentuou-se quando foi revelado que parte dos custos de viagem fora coberta por fundos de restituição destinados à comunidade judaica holandesa – fundos destinados a compensar as perdas durante o Holocausto.

A sua participação na viagem e ações subsequentes, como rotular os boicotes dos consumidores aos produtos dos colonatos israelitas como antissemitas, evidenciaram como ela se tornou uma peça-chave no avanço da agenda do CIDI, muitas vezes descrito como a contraparte holandesa do AIPAC [American Israel Public Affairs Committee].

Geert Wilders: o leal defensor de Israel

Geert Wilders tem laços de longa data com Israel, tendo visitado o país mais de 40 vezes. As suas ligações incluem relacionamento com figuras israelitas destacadas, como Amos Gilad e Zeev Boker.

Amos Gilad é um major-general aposentado das Forças de Defesa de Israel e actuou como director de política e assuntos político-militares no Ministério da Defesa de Israel. Zeev Boker é um diplomata israelita experiente que ocupou cargos como embaixador na Irlanda e na Eslováquia. Estas ligações evidenciam o alinhamento de Wilders com a política ultranacionalista israelita. A retórica de Wilders muitas vezes reflecte os pontos de vista israelitas de extrema-direita, nomeadamente a sua afirmação de que “a Jordânia é o único Estado palestino”.  Consistentemente, confunde críticas antissionistas com antissemitismo. Após os incidentes de Amesterdão, Wilders ampliou a narrativa do “pogrom” e fez uma aparição simbólica no aeroporto de Schiphol para se encontrar com autoridades israelitas, reforçando sua lealdade inabalável.

Este acto, embora em grande parte performativo, destacou o profundo entrelaçamento da política de Wilders com os interesses israelitas, levantando questões sobre a influência de potências estrangeiras na política interna holandesa.

Além das suas ligações, Wilders viveu certo tempo num kibutz em Israel durante a juventude, consolidando ainda mais laços pessoais e ideológicos com o país.

De Telegraaf: o amplificador das narrativas sionistas

Um actor crucial na divulgação desta narrativa foi o De Telegraaf, o maior jornal da Holanda e um dos pilares do jornalismo de estilo tablóide.

Muitas vezes comparado ao fast food pelo seu sensacionalismo e falta de profundidade, De Telegraaf tem um legado que continua a assombrá-lo. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi o único grande jornal holandês a permanecer operacional sob supervisão nazi, servindo como porta-voz da propaganda das SS. Embora fortemente sancionado após a guerra, a mancha da sua colaboração durante a guerra rendeu-lhe o apelido duradouro de foute krant (jornal errado).

Fiel ao hábito, De Telegraaf empenhou-se na narrativa de extrema direita em torno dos incidentes de Amesterdão.

As suas páginas enquadraram os eventos como um ataque antissemita premeditado, ao mesmo tempo que habilmente punham de lado as provocações dos hooligans de Telaviv. A linha editorial do jornal parecia feita sob medida para ecoar a agenda do CIDI, que há muito tempo confunde as críticas à política israelita com antissemitismo.

Mas o verdadeiro espectáculo está no arsenal editorial do De Telegraaf – um círculo de colunistas e escritores que trabalham incansavelmente para repelir o Génio que os media alternativos tiraram fora da garrafa. Esse Génio – as verdades não higienizadas da ocupação da Palestina, o genocídio em curso em Gaza e o clamor internacional sobre as políticas israelitas – é o que o De Telegraaf procura enfiar de volta na garrafa com cada manchete e artigo de opinião.

Maccabi Telaviv: um clube mergulhado em racismo e agressão

Os eventos em Amesterdão não foram uma demonstração isolada de vandalismo, mas parte de um padrão maior ligado à cultura em torno do Maccabi Telaviv. Conhecido pela sua base de adeptos agressivos e racistas, o clube há muito é associado a alguns dos piores exemplos de intolerância no futebol israelita.

A iniciativa do New Israel Fund, “Vamos expulsar o racismo e a violência do futebol israelita”, relatou que os adeptos do Maccabi Telaviv foram responsáveis por 65 incidentes de cânticos racistas apenas durante a temporada 2022-2023.

Isso incluía calúnias como “macaco” dirigida a jogadores negros e “morte aos árabes”, cânticos que se tornaram perturbadoramente normalizados na cultura do clube. Apesar das leis destinadas a travar esse comportamento, a fiscalização tem sido fraca, deixando esse ambiente tóxico florescer.

Esta hostilidade não se limita às equipas adversárias. Num incidente bem documentado em agosto de 2014, os adeptos do Maccabi voltaram-se contra seu próprio centro-campista árabe-israelita, Maharan Radi, agredindo-o verbalmente durante os treinos e as partidas. Os adeptos até invadiram o campo para lançar calúnias contra Radi, um acto que levou a prisões, mas destacou o racismo arraigado nas fileiras do clube.

Embora as autoridades tenham prometido tolerância zero para esse comportamento, ele continua a ser uma característica definidora da base de adeptos do Maccabi Telaviv – um reflexo de fracturas sociais mais profundas.

Firmeza contra as provocações israelitas

À medida que a poeira assenta, Geert Wilders exige um debate parlamentar, pressionando a presidente do município de Amesterdão a demitir-se.

Enquanto isso, chovem homenagens aos habitantes locais e motoristas de táxi que se mantiveram firmes, defendendo a cidade contra o hooliganismo protegido por agentes da Mossad e permanecendo firmes contra as provocações israelitas.

Israel abraçou ansiosamente este evento como uma oportunidade de unir uma nação dividida. Ao pretender enquadrar os incidentes de Amesterdão como parte de uma onda global de antissemitismo, Israel amplifica a sua mentalidade de cerco, tentando reunir os seus cidadãos sob a bandeira da ameaça existencial enquanto desvia a atenção das atrocidades em Gaza.

 

The Cradle é um site que se dedica a noticiar e a analisar a política da Ásia Ocidental. Foi recentemente excluído pela Meta das suas plataformas Facebook e Instagram com o pretexto de dar guarida ao terrorismo e incitar à violência por divulgar dados informativos sobre a Palestina, o Líbano ou o Iémen com origem no Hamas, no Hezbollah ou o Ansar-allah.

Tradução: Mudar de Vida

 

 

 

 

 

 

 

 


Comentários dos leitores

Manuel Baptista 18/11/2024, 19:46

Excelente artigo!
Faço notar que este comportamento de encenação de provocação, para depois se fazerem passar por vítimas, foi repetido pelos sionistas, aquando de um jogo de futebol em Paris, uma semana depois dos incidentes em Amsterdam!
https://www.unz.com/mwhitney/is-israel-using-soccer-to-export-its-racist-political-model-to-europe/
O comportamento dos governos da UE, de condenação das vítimas do racismo sionista, como se aquelas fossem as responsáveis pelos distúrbios, preocupa-me mais ainda do que os incidentes em si.

Adilia Mesquita Maia 25/11/2024, 20:25

Vou centrar o meu comentário nos conceitos de anti sionismo e antissemitismo com o objetivo de eventualmente diminuir o numero de idiotas uteis que pululam este nosso mundo. Nao sei se leem este Jornal, mas aqui fica o esforço e o contributo.

O sionismo foi um movimento politico liderado por Theodor Herzi que preconizava a criação de um Estado que os judeus, perseguidos durante séculos e dispersos em várias partes do mundo, pudessem chamar seu, esse seria o Estado de Israel.
Este apelo encontrou apoio sobretudo depois da perseguição e extermínio dos judeus no decurso da segunda guerra mundial perpetrado pela Alemanha liderada então por nazis. A perseguição e ódio aos judeus é conhecido pela designação de antissemitismo já que os judeus eram um povo semita (não eram o único pois os árabes também eram semitas).
Assim, uma vez terminada a segunda guerra mundial, o movimento sionista encontrou uma resposta positiva, mas essa resposta tinha os ingredientes suficientes para correr mal, e correu.
O lema sionista era : " Para um povo sem terra uma terra sem povo". A terra encontrada foi a Palestina, então sob autoridade britânica, mas esta já la tinha um povo, o povo palestino. Estamos a ver agora porque é que as coisas correram mal. Como facilmente se percebe os conflitos seriam e foram inevitáveis e paulatinamente o povo, antes sem terra, foi ‘conquistando’ cada vez mais terra, obrigando os palestinos a acantonarem-se em zonas cada vez mais restritas e exíguas.
Claro que os despossuídos não iriam ficar satisfeitos, teriam de se revoltar, mas, perante a desigualdade de poder e de apoios internacionais dos novos apoderados, numa guerra tremendamente desigual, não admira que irrompessem grupos insurgentes que rapidamente foram classificados como terroristas até para serem desmoralizados. É neste ponto que estamos: a guerra de Israel não contra a Palestina mas contra o Hamas – aqui começa a fraude.
Esta guerra tem dado a Israel ocasião para praticar as maiores selvajarias ; e , para baralhar ainda mais as coisas, conta com os idiotas uteis, os que confundem antissemitismo com anti sionismo, quando é obvio que ser anti sionista é ser contra a usurpação que ‘o povo sem terra’ está fazer de terras de outro.
Ora, o numero destes idiotas só não é mais volumoso porque de facto os israelitas e o seu governo estão a ultrapassar todos os limites e, em direto, ao vivo e a cores, assistimos às barbaridades que os famosos bárbaros de que nós, ocidentais, descendemos não cometeram, ou eventualmente cometeram, numa época, conjuntura e estado civilizatório completamente diferente.
Concluindo: depois deste texto/comentário em que procuro explicar direitinho a diferença entre antissemitismo e anti sionismo por favor:
• Deixem de ser idiotas uteis!
• Não permitam que vos façam de idiotas.
• Estejam atentos ao processo de idiossubjetivação: criação de sujeitos idiotas,
• Estejam atentos a media corporativa e suas fabricações de consentimento e sigam a media alternativa - como é o caso deste Jornal.


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