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Um Sopro de Vida (Pulsações)
de
Clarice Lispector

"Isto não é um lamento, é um grito de ave de rapina."

"Se este livro vier jamais a sair, que dele se afastem os profanos. Pois escrever é coisa sagrada onde os infiéis não têm entrada. Estou fazendo de propósito um livro bem ruim para afastar os profanos que querem «gostar». Mas um pequeno grupo verá que esse «gostar» é superficial e entrarão adentro do que verdadeiramente escrevo, e que não é «ruim» nem é «bom»."

"Quando acabardes este livro chorai por mim uma aleluia. Quando fechardes as últimas páginas deste malogrado e afoito e brincalhão livro de vida então esquecei-me. Que Deus vos abençoe então e este livro acaba bem. Para enfim eu ter repouso. Que a paz esteja entre nós, entre vós e entre mim."

"Ela é tão livre que um dia será presa. «Presa porquê?» «Por excesso de liberdade.» «Mas essa liberdade é inocente?» «É.» «Até mesmo ingénua.» «Então porque a prisão?» «Porque a liberdade ofende.»"

"O que me mata é o cotidiano. Eu queria só exceções. Estou perdida: eu não tenho hábitos."

"Fui trêmula ao encontro de mim — e achei uma tola mulher que se debate dentro das paredes de existir. Rompo as comportas e me crio nova."

"Nunca se esquecer, quando se tem uma dor, que a dor passará: nunca se esquecer que, quando se morre, a morte passará. Não se morre eternamente. É só uma vez, e dura um instante."

(Um Sopro de Vida é o último livro de Clarice Lispector e foi publicado postumamente.)