A produção agrícola brasileira possui grande relevância econômica tendo sido responsável sozinha por 21,5% do PIB nacional em 2018 (CEPEA, 2019). Responsável por atender não só ao mercado interno, como também Estados Unidos, Europa, China...
moreA produção agrícola brasileira possui grande relevância econômica tendo sido responsável sozinha por 21,5% do PIB nacional em 2018 (CEPEA, 2019). Responsável por atender não só ao mercado interno, como também Estados Unidos, Europa, China e diversos países árabes (apenas para citar os principais clientes), o agronegócio brasileiro é alvo de severas críticas devido ao seu modelo predatório de exploração. Dotado de alta capacidade de articulação econômica e política, os atores deste setor reivindicam o status de resolutores do problema da fome no mundo, contudo, a produção agrícola nacional está concentrada basicamente em 8 gêneros: Soja, milho, açúcar, celulose, café, laranja e algodão em pluma, sendo os dois primeiros os principais produtos do campo (IBGE, 2016), de tal modo que fica difícil sustentar tal pretensão. A concentração de terras também é outro fator que se constitui uma problemática deste setor. Dados do INCRA mostram que cerca de 1,6% das propriedades detém mais de 42% do total das áreas destinadas a produção rural (SNCR, 2016). A pesquisadora Solange Maria da Costa (UFPA) ainda aponta que, embora relevante na economia nacional, o modelo de produção adotado transferiu o protagonismo de uma elite agrária local para agentes internacionais, deixando o país em condição de maior fragilidade econômica: O sistema agroalimentar registrado nas últimas décadas do Século XX e primeiras do Século XXI, aprofunda ainda mais o padrão de ocupação e controle do território historicamente construído pela promoção e ação do Estado na difusão do modelo de concentração de terras gerando latifúndios. A inovação deste padrão está na mudança dos principais agentes econômicos que passaram a ter o controle estratégico do agronegócio. Se antes grupos empresariais locais assumiam essa condição, hoje são os grupos empresariais internacionais que detém o planejamento estratégico da atividade. Isso significa maior fragilidade para economia local/ regional que nem sempre tem suas particularidades levadas em consideração, resultando, muitas das vezes, em conflitos em que as maiores perdas ficam com os agentes mais frágeis envolvidos no processo-principalmente pequenos agricultores, povos e comunidades tradicionais. (COSTA, 2016) 1 Graduando do Bacharelado em Ciências e Humanidade da Universidade Federal do ABC