BORSOI, Diogo Fonseca. FRAGMENTOS DE CASAS E RETALHOS DE VIDA: COMO MAÇOS DE POPULAÇÃO E AS DÉCIMAS URBANAS PODEM CONTRIBUIR PARA O ESTUDO DA ARQUITETURA COLONIAL?. In: 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, 2018, Belo...
moreBORSOI, Diogo Fonseca. FRAGMENTOS DE CASAS E RETALHOS DE VIDA: COMO MAÇOS DE POPULAÇÃO E AS DÉCIMAS URBANAS PODEM CONTRIBUIR PARA O ESTUDO DA ARQUITETURA COLONIAL?. In: 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, 2018, Belo Horizonte. Anais do 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação. Belo Horizonte: Even3, 2017.
O estudo da arquitetura civil urbana tem sido objeto de interesse crescente entre os pesquisadores do período colonial e sua compreensão está diretamente ligada à seleção de fontes de pesquisa. As primeiras tentativas a esse respeito lançaram mão de exemplares renascentes desse imobiliário como modelos para o estudo de sua arquitetura. Com o evoluir das pesquisas, a historiografia posterior valeu-se também de fontes imagéticas e manuscritas. Mapas, croquis, plantas e pinturas de viajantes estrangeiros foram cotejados em prol de acessar aspectos formais de tais imóveis, assim como inventários e testamentos que, muitas vezes, registram dados importantes acerca dos materiais construtivos, volumetria, número de cômodos, mobília etc. Ao mesmo tempo que permitiram novas abordagem e a exploração de dados importantes sobre forma e constituição dos edifícios, essas fontes fornecem dificuldades àqueles interessados em análises quantitativas e seriadas. Isso acontece porque os registros em questão apreendem os prédios individualmente, necessitando de um esforço exaustivo e nem sempre possível de resgatar a totalidade material da vila/cidade ou ainda da rede urbana na qual o edifício estava inserido. Não permite, outrossim, nem a comparação sistemática, que revelaria padrões de tamanho, forma e composição dentro de um determinado núcleo, nem saber quais funções tais imóveis cumpriam em outros tempos. Na tentativa de sanar esses problemas, a pesquisa de outras fontes documentais relativamente pouco utilizadas para o estudo da arquitetura colonial podem ajudar a resolver essas questões: os Maços de População e as Décimas Urbanas. As Décima dos Prédios Urbanos são impostos prediais estabelecidos por Alvará de 27 de junho de 1808, com a chegada da Coroa portuguesa ao Brasil. Os colonos deviam pagar anualmente 10% do rendimento líquido do imóvel para a fazenda Real. O resultado é o mapeamento do conjunto material da cidade, descrevendo o nome do proprietário, valor estimado e dados formais dos imóveis. Da mesma forma, os Maços de população são fontes censitárias, produzidas entre 1765 e 1850, e abrangem a totalidade da população da Capitania de São Paulo. Neles, podemos encontrar dados sobre as pessoas que compõe cada domicílio e suas atividades. Relacionar, portanto, Maços e Décimas permite uma visão de conjunto dos imóveis que compunham uma determinada vila, juntamente, das pessoas que o habitavam, suas atividades econômicas e políticas. Busca-se, a partir desse cruzamento, discutir com a bibliografia existente sobre essas tipologias documentais e apresentar os problemas e soluções encontrados na utilização das mesmas acerca das vilas de Cunha e São Luís do Paraitinga-SP, bem como algumas possibilidades de análise. Interessa-se, sobretudo, explorar as consequências materiais urbanas das relações sociais do tempo e espaço supracitados.