20th Century Heritage

The restoration interventions of Villa Tugendhat in Brno allow to open a reflection on the destiny of the 20th century heritage. Through the analysis of the approaches and the description of the results, this paper aims at evaluating the operations that have been carried out according to a double view: the importation of acquisitions and the exportation of experiences. Intersections and transfers lead to a final reflection on the conservation of the 20th century heritage, that may not be safeguarded but which could have a recognised value, as well as on the possibility of conferring new meanings to architectures which yesterday were unknown and today are appreciated.

English translation below >>>

Discute-se como o envelhecimento material de edifícios do século XX pode representar ganho de valores patrimoniais – valor de antiguidade – e pode, mesmo, estar em acordo com expectativas de projeto – discussão que, apesar dos avanços da década passada, permanece viva no debate internacional e brasileiro. A partir do tratamento dado às alvenarias de pedra, observamos a previsão do envelhecimento de um elemento construído específico como parte do projeto da Igreja do CAB (1973-1975), de Lelé. Como o edifício tem a história por um de seus temas, esse fenômeno termina por contribuir com a expressividade do resultado final e com seu valor cultural. A partir de outro exemplo baiano, a sede da Chesf (1977-1979), de Assis Reis, e do cotejamento com edifícios de Saarinen, Breuer e Scarpa, referidos na bibliografia, observamos que não se trata de caso isolado, mas de exploração recorrente à época. A partir daí, pretende-se contribuir para a aceitação da possibilidade da existência de valor de antiguidade em edifícios do século XX e para a aceitação da possibilidade de que tal valor se apresente em acordo com expectativas projetuais. A pesquisa reitera, portanto, a complexidade do acervo construído no século XX e a insuficiência das generalizações sobre essa produção.

The text discusses how the weathering of 20th century buildings can mean a gain in heritage values ​(age value) and may even be in accordance with design expectations -- a discussion that, despite the advances of the past decade, remains alive in Brazilian and international debate. Using the stone masonry in the Church of CAB (Salvador, Brasil, 1973-1975), by Lelé, as an example, we have observed the prediction of the weathering of built elements as part of the design. As this building has tradition as one of its themes, stone masonry weathering contributes to the expressiveness and the cultural value of the building. Based on another example from Bahia, the headquarters of Chesf (1977-1979), by Assis Reis, and a comparison with buildings by Saarinen, Breuer and Scarpa, we conclude that this is not an isolated case, but a recurrent exploration at that time. Thus, we intend to foster the acceptance of age value in 20th century buildings and the acceptance of the possibility that such value be in accordance with design expectations. The research reiterates, therefore, the complexity of 20th century heritage and the impossibility of generalizations about it.

In the past two decades, the cultural and social appearance of cities in
Bosnia and Herzegovina have been reshaped by transitional processes. Multi-faceted repercussions of the shift from the centralized to the neo-liberal economy have been most palpably and forcefully manifested in the public domain. This study starts with the assumption that, in today’s complex social circumstances, the attitude to the architectural heritage of the 20th century is manifested predominantly through two dichotomous tendencies. This paper focuses on the analysis of the character of those in-changing circumstances in the region of capital city Sarajevo in order to articulate the main issues and problems which occur in the process of protection of the 20th century heritage in Bosnia and Herzegovina altogether. The selected method is based on the comparison of social and spatial influences manifested in three different types of spatial levels in the public domain: street, public building and landscape.

A partir da análise de dois episódios relacionados ao Conjunto Moderno da Pampulha, o trabalho discute como reconhecer e conservar o patrimônio do século XX, no contexto do debate já consolidado sobre o tema, em que se diferenciam ao menos duas posições: a defesa dos princípios gerais da conservação; e a defesa de princípios próprios para os bens culturais do século XX. No primeiro episódio, observamos o antigo Cassino da Pampulha ser tratado segundo os princípios grosso modo ligados à Carta de Veneza, como parte das atividades habituais de licenciamento e fiscalização do Iepha; vemos a cultura profissional de uma instituição se sobrepor a uma possível perplexidade advinda da lida com um objeto tão diferente dos bens tombados mais comuns em Minas Gerais. No segundo episódio, observamos o Conjunto Moderno da Pampulha ser considerado exclusivamente por suas ideias originais, desconsiderando sua história, segundo princípios que se difundiram juntamente com o Docomomo Internacional. Isto ocorreu no parecer do Icomos que recomendou a inscrição da Pampulha como patrimônio da humanidade, ocasião em que o Conselho atuou de forma surpreendentemente contrária aos seus próprios documentos norteadores-especificamente, o Documento de Madri-Nova Déli (Abordagens para a conservação do patrimônio do século XX). A partir dessas situações, exploramos questões que permanecem em aberto: a) até que ponto a precoce proteção patrimonial de edifícios modernos no Brasil ajudou a naturalizar sua conservação dentro dos princípios disciplinares? b) até que ponto a sedimentação de uma visão restrita sobre como se deve preservar o patrimônio do século XX se cristalizou no próprio Icomos, dificultando a implantação dos princípios do Documento de Madri-Nova Déli?

Desde a década de 1980, os esforços de preservação do patrimônio moderno têm abarcado um universo arquitetônico em expansão. Partindo de um foco inicial nas obras primas das vanguardas europeias das primeiras décadas do século XX, instituições como o Icomos e os órgãos de preservação nacionais e locais alcançaram edifícios com relevância mais restrita, caráter mais pragmático, menos erudito, e pertencentes a um recorte temporal que chega à década de 1970. Essa
ampliação é visível, por exemplo, na atuação do Docomomo, que adotou como temas "Universalidade e diversidade" no biênio 1995-1996; "Modernismo do pós-guerra em um mundo em expansão" no biênio 2003-2004; e "Outros modernismos" no biênio 2005-2006. Também ao Brasil chegaram esses temas – o seminário de 2016 teve por nome "O campo ampliado do movimento moderno”.

À medida que se ampliaram os recortes, multiplicaram-se as denominações para este conjunto a preservar: termos como preservação do patrimônio recente, preservação da arquitetura contemporânea e preservação da arquitetura do século XX foram
adotadas respectivamente por Jukka Jokilehto, Simona Salvo e pelo próprio Icomos, em seu Comitê Científico para o patrimônio do século XX (ISC20C), entre outros autores. O presente artigo aborda as nuances presentes em cada uma dessas denominações, que envolvem ao menos três campos de divergências.

Por um lado, a ênfase em denominações que fazem referência apenas a recortes temporais (século XX, contemporâneo etc.), sem qualificar as obras como modernas ou não-modernas, evita a discussão sobre o conteúdo deste termo. Longe da neutralidade, trata-se de um posicionamento em favor da diversidade das manifestações da arquitetura do século XX, independentemente de sua filiação direta
às vanguardas europeias.

Consequentemente, os mesmos termos abarcam com tranquilidade o tema da preservação da dita arquitetura pós-moderna, que vem começando a se estabelecer nos últimos anos, diante da perda ou ameaça de perda de alguns de seus representantes célebres – motivação similar àquelas que levaram ao reconhecimento
de outras manifestações culturais na história da preservação do patrimônio.

Finalmente, observem-se diferentes formas de valorar o patrimônio cultural, a depender do termo usado: o recorte a partir do movimento moderno, mesmo em seus esforços de definição de um campo ampliado, parte de um viés arquitetônico, que privilegia os valores que estes objetos têm para este campo profissional. Já o recorte a partir do século XX parte de um viés social, privilegiando valores históricos
mais ligados ao que os objetos testemunham e representam.

Costituita nel 2013, l’Associazione ATRIUM (Architecture of Totalitarian Regimes of the XX Century in Europe’s Urban Memory) nasce con l’intento di gestire l’omonima Rotta Culturale Europea. È ad essa che spetta il compito di connettere esperienze diversificate, seppur legate da uno stretto, “scomodo” e comune denominatore: l’essere state prodotte dai regimi totalitari del Novecento.
A lavorare per l’Itinerario Culturale, riconosciuto dal Consiglio d’Europa l’11 aprile 2014, sono le associazioni dei vari Paesi nei quali esso si sviluppa; tra esse, Forlì ha il ruolo di promotore e principale attore. È infatti il suo ampio e articolato patrimonio razionalista ad averne fatto uno dei maggiori centri interessati dai mutamenti architettonici del Ventennio.
Il presente contributo intende delineare funzione, ruolo e obiettivi di ATRIUM, a partire dall’illustrazione dei moventi alla base della costituzione della Rotta Culturale Europea. Focalizzando l’attenzione sulle attività che l’amministrazione forlivese sta promuovendo per il proprio patrimonio, il saggio si pone l’obiettivo di illustrare i contorni del percorso di valorizzazione pensato per l’architettura razionalista della città: fruizione, conoscenza, conservazione, innovazione e partecipazione sono gli elementi alla base del progetto.