Ciência e Tecnologia de Alimentos
ISSN 0101-2061
Atividade antioxidante de pimentas do gênero Capsicum
Antioxidant activities of peppers of the genus Capsicum
Luciene Mendonça da COSTA1*, Neusa Fernandes de MOURA1, Cristiane MARANGONI1,
Caroline Eliza MENDES2, Alexandre de Oliveira TEIXEIRA3
Resumo
Foi avaliada a atividade antioxidante pelo Sistema β-caroteno/Ácido Linoleico, ensaio do radical DPPH• (2,2-difenil-1-picrilhidrazila),
do extrato bruto (EB) e frações hexânica (FH), clorofórmica (FC) e acetato de etila (FA) das pimentas malagueta (C. frutescens), cambuci
(C. baccatum var. pendulum), cumari (C. baccatum var praetermissum) e pimentão magali (C. annuum var. annuum). As concentrações de
capsaicinoides e de fenólicos totais presentes nas pimentas também foram determinadas. Os resultados obtidos demonstraram que as FC
e FA das pimentas apresentaram maior concentração de fenólicos totais e capsaicinoides, sendo que a pimenta cumari foi a espécie com
maior concentração destes compostos. A melhor atividade antioxidante pelo Sistema β-caroteno/Ácido Linoleico, foi obtida para o EB e FA
da pimenta cambuci, seguida do EB da pimenta malagueta. Pelo método DPPH a FC e FA apresentaram menores valores de EC50, sendo a
pimenta cumari e cambuci as mais efetivas. Estes resultados demonstram que as pimentas cumari, cambuci e malagueta podem ser utilizadas
como agentes antioxidantes naturais em alimentos.
Palavras-chave: Capsicum; pimentas; atividade antioxidante.
Abstract
The antioxidant activity was evaluated by the β-Carotene/Linoleic Acid System, DPPH• (2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl) radical assay, to
the crude extract (EB) and fractions hexanic (FH), chloroformic (FC), and ethyl acetate (FA) of malagueta peppers (C. frutescens), cambuci
(C. baccatum var. pendulum), cumari (C. baccatum var praetermissum), and pepper magali (C. annuum var. annuum). The concentration
of total phenolics and capsacinoids present in the peppers was also determined. The results showed that the FC and the FA peppers showed
higher concentrations of total phenolics and capsacinoids, and that the cumari pepper was the species with higher concentrations of these
compounds. The best antioxidant activity according to the β-Carotene/Linoléico Acid System were obtained for the EB and the FA cambuci
pepper, followed by the EB malagueta pepper. According to the DPPH method, the FC and FA showed lower values of EC 50, and the
cumari and cambuci peppers were the most effective. The results show that cumari, cambuci, and malagueta peppers can be used as natural
antioxidant agents in food.
Keywords: Capsicum; peppers; antioxidant activities.
1 Introdução
Naturalmente os alimentos estão em constantes
modificações, representadas por alterações físicas, enzimáticas,
microbiológicas e químicas, como as reações de oxidação de
lipídios e outros nutrientes susceptíveis à ação do oxigênio e
radicais livres, provocando por sua vez o aparecimento de sabores
e odores desagradáveis, modificações do valor nutricional e a
diminuição da vida de prateleira dos alimentos.
civilizações antigas para tornar os alimentos mais agradáveis
ao paladar, além de serem utilizadas como conservantes
em alimentos, são fontes de antioxidantes naturais como a
vitamina E, vitamina C e carotenoides (REIFSCHNEIDER,
2000). Estas pimentas também são ricas em capsaicinoides,
compostos fenólicos responsáveis pelo sabor pungente ou
picante (CARVALHO; BIACHETTI, 2004).
Para retardar tais processos, a indústria faz uso de aditivos
químicos constantemente questionados pelos consumidores
quanto aos seus possíveis efeitos negativos à saúde. Neste contexto,
há grande interesse em encontrar nas plantas condimentares,
princípios ativos que possuam ação antioxidante e que possam
contribuir para a conservação de alimentos, sendo estes
produzidos sem danos ao meio ambiente e à saúde humana.
O Brasil é o segundo maior produtor de pimenta no
mundo (RISTORI et al., 2002) e centro da diversidade do
gênero Capsicum (REIFSCHNEIDER, 2000). Essa hortaliça está
difundida em todas as regiões do Brasil, sendo que as principais
áreas de cultivo são as regiões Sudeste e Centro-Oeste. São
comercializadas para o consumo in natura, conservas caseiras
e exportação do produto industrializado (WAGNER, 2003).
Plantas condimentares, tais como as pimentas e pimentões
do gênero Capsicum, que sempre foram usadas pelos índios e
O presente trabalho teve como objetivo avaliar as atividades
antioxidante do extrato bruto e frações hexânica, clorofórmica e
Recebido para publicação em 31/1/2008
Aceito para publicação em 3/1/2009 (003199)
1
Ciências Ambientais, Universidade Comunitária Regional de Chapecó – Unochapecó, Chapecó - SC, Brasil, E-mail:
[email protected]
2
Centro de Ciências Agroambientais e Alimentos, Curso de Engenharia Química, Universidade Comunitária Regional de Chapecó – Unochapecó, Chapecó - SC, Brasil
3
Departamento de Engenharia de Biossistemas, Universidade Federal de São João Del-Rei – UFSJ, São João Del-Rei - MG, Brasil
*A quem a correspondência deve ser enviada
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
x
Atividade antioxidante de pimentas Capsicum
acetato de etila, das pimentas malagueta (C. frutescens), cambuci
(C. baccatum var. pendulum), pimenta cumari (C. baccatum var.
praetermissum) e pimentão magali (C. annuum var. annuum).
2 Material e métodos
2.1 Material
Foram utilizados os frutos maduros da pimenta malagueta
(C. frutescens) cambuci (C. baccatum var. pendulum), pimenta
cumari (C. baccatum var. praetermissum) e pimentão magali
(C. annuum var. annuum) coletados em Chapecó/SC.
Para obtenção do extrato Bruto (EB), os frutos com
sementes foram lavados sob água corrente e picados em pedaços
pequenos, seguido de maceração em solução hidroalcoólica
(Etanol 96ºGL). Posteriormente o EB sofreu extração líquidolíquido pelo sistema de solventes com grau de polaridade
crescente, resultando em Fração Hexânico (FH), Fração
Clorofórmico (FC) e Fração Acetato de Etila (FA).
2.2 Métodos
Quantificação de capsaicinoides
Para determinar o teor de Capsaicinoides das pimentas
Capsicum, foi utilizada a metodologia descrita por Sadasivam
e Manikkam (1992), na qual a concentração é estimada pela
medida espectrofotométrica da cor azul formada pela redução
do ácido fosfomolibídico a ácido fosfomolibidênico.
Pesou-se 0,05 g dos extratos brutos e fracionados das
pimentas estudadas, que foram diluídas em 100 mL de água
destilada, retirou-se 1 mL desta solução que foi misturada em
5 mL de NaOH a 0,4% e 3 mL de ácido fosfomolibídico a 3%. A
mistura foi deixada em repouso ao abrigo de luz por 1 hora. Após
o período de reação, as absorbâncias das amostras foram lidas
através do espectrofotômetro de UV visível (marca SCINCOSUV,
modelo 2120), no comprimento de onda de 650 nm.
A curva foi construída misturando-se a solução
de Capsaicinoides a 100% (65% de Capsaicina, 20% de
Dihidrocapsaicina e 15% de Homodihidrocapsaicina) em
diferentes concentrações em 5 mL de NaOH a 0,4%, 3 mL de
ácido fosfomolibídico a 3%. Os resultados foram expressos em
mg de Capsaicinoides por 100 g de amostra.
em repouso ao abrigo da luz por 30 minutos, para então serem
realizadas as leituras em espectrofotômetro de UV visível (marca
SCINCOSUV, modelo 2120) a 760 nm.
Os ensaios foram realizados diluindo-se 0,05 g de extratos
e frações das pimentas, em 100 mL de água destilada em balão
volumétrico. Transferiu-se 1 mL desta solução para outro balão
de 100 mL contendo 5 mL de reagente Folin-Denis, 10 mL de
solução supersaturada de carbonato de sódio e avolumou-se
com água. Foram mantidas em repouso e ao abrigo da luz por
30 minutos. Preparou-se o branco para o controle negativo.
A quantidade de fenólicos totais foi obtida através da seguinte
equação: FT = leitura (mg/mL) × 100/peso da amostra (g). Onde:
Leitura é a concentração de catecol obtida na curva de calibração
de catecol referente à absorbância lida para a amostra.
Avaliação da atividade antioxidante pelo sistema β-caroteno/
ácido linoleico
A atividade antioxidante foi determinada pelo sistema
β-caroteno/ácido linoleico seguindo a metodologia descrita
por Marco (1968).
Para a preparação da emulsão β-caroteno/ácido linoleico,
adicionou-se 1 mg de β-caroteno em 10 mL de clorofórmio,
homogeneizou-se e transferiu-se 1 mL desta solução para um
balão de fundo redondo contendo 25 μL de ácido linoleico e
200 μL de Tween 40. O clorofórmio da mistura foi evaporado em
rota evaporador a 40 °C, por 10 minutos. Após a evaporação, foi
adicionada a mistura 50 mL de água destilada aerada (saturada
em oxigênio por 30 minutos) e, em seguida, agitada para formar
emulsão.
Foram retirados 5 mL da emulsão de β-caroteno/ácido
linoleico para a leitura do branco; para o controle positivo
misturaram-se 5 mL da emulsão com 0,2 mL de BHT e pipetaramse 5 mL da emulsão para adição de 1 mg de extrato bruto e frações
hexânica, clorofórmica e acetato de etila das quatro espécies de
pimentas. Em seguida, foram aquecidas em banho-maria a 50 °C
por 15 minutos e depois esfriadas por 30 minutos. A leitura foi
realizada em espectrofotômetro com comprimento de onda de
470 nm em intervalos de 15 minutos por 2 horas. A atividade foi
determinada em porcentagem (%) de Atividade Antioxidante (AA)
conforme equação descrita abaixo: AA(%) = 100 – (Absorbância
inicial – Absorbância final) Amostra × 100/Absorbância inicial
– Absorbância final) Branco.
Quantificação de fenólicos totais
Para quantificação dos fenólicos totais utilizou-se o reagente
Folin-Denis descrito pelo método 9110 da AOAC (1980).
Avaliação da atividade antioxidante pelo método DPPH
(2,2-difenil-1-picrilhidrazila)
Preparou-se inicialmente a solução supersaturada de
carbonato de sódio e o reagente Folin-Denis. A mistura foi fervida
em refluxo durante duas horas e após o resfriamento diluído em
água 1:1, sendo acondicionada em recipiente protegido da luz.
O método utilizado para a determinação da atividade
antioxidante via radical DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila)
foi desenvolvido por Brand-Willians, Cuvelier e Berset (1995)
com modificações por Mensor et al. (2001).
Para preparação da curva de calibração do catecol, foram
pipetadas diferentes alíquotas da solução padrão de catecol em
balões volumétricos de 100 mL contendo 5 mL de reagente
de Folin-Denis e 10 mL da solução de carbonato de sódio. As
concentrações foram homogeneizadas em Vortex e deixadas
Inicialmente foi preparada a solução estoque de DPPH, na
qual 2 mg de DPPH foram solubilizados em 50 mL de álcool
metílico 96%. Para a solução das amostras, pesaram-se 40 mg
dos extratos e frações de cada pimenta estudada, que foram
misturadas em 10 mL de álcool metílico 96°GL.
x
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
Costa et al.
Em tubos contendo 1 mL da solução estoque de DPPH,
adicionaram-se álcool metílico 96% e a solução das amostras,
obtendo-se as concentrações de 5, 10, 25, 50, 125 e 250 μg.mL–1 de
amostra. As amostras contidas nos tubos foram homogeneizadas
e deixadas em repouso ao abrigo de luz por 30 minutos. Um
controle negativo foi feito com 1,5 mL de metanol (96°GL) e
1 mL de solução DPPH. Para o controle positivo pipetou-se
0,8 mL de BHT que foi misturado a 1 mL da solução estoque
de DPPH e a 0,7 mL de álcool metílico 96%.
Após 30 minutos, a absorbância foi lida em 517 nm em
espectrofotômetro de UV visível (marca SCINCOSUV, modelo
2120) e foi convertida em percentagem de atividade antioxidante
(AA%) utilizando-se a seguinte equação: AA (%) = 100 –
(Absorbância da amostra) × 100/(Absorbância controle). Os
dados do método DPPH também podem ser interpretados
pelo CE50, ou seja, a concentração da amostra em que 50% da
atividade antioxidante (antirradical) é observada.
Análise estatística
As análises foram realizadas em duplicata com três
repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância
(teste F) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey (5%) e
Dunnett (5%) através do programa Estatistic 6.0.
3 Resultados e discussão
3.1 Quantificação de capsaicinoides
As concentrações de capsaicinoides encontrados para o
extrato bruto e fracionado das espécies C. frutescens (malagueta),
C. annuum var. annuum (pimentão magali), C. baccatun var.
pendulum (cambuci), C. baccatun var. praetermissum (cumari)
estão apresentadas na Tabela 1.
Os resultados obtidos para a pimenta malagueta demonstram
que a fração clorofórmica apresenta maior concentração
(p < 0,05) de capsaicinoides seguida da FA, enquanto que o
extrato bruto e fração hexânica foi o de menor concentração
(p < 0,05). Este resultado foi observado também para a pimenta
cumari.
O pimentão magali foi a espécie que apresentou menor
concentração de capsaicinoides, com o extrato e suas frações
não apresentaram diferença entre si.
Entre todos os extratos e frações analisados, a fração
clorofórmica da pimenta cumari apresentou maior concentração
de capsaicinoides. Pimenta esta extremamente pungente.
As frações clorofórmica e acetato de etila da pimenta
cambuci apresentaram maior concentração de capsaicinoides
em relação ao EB e FH, não deferindo entre si.
Observou-se que as maiores concentrações foram
encontradas nas frações clorofórmica e acetato de etila e menores
no extrato bruto e fração hexânica. Tais resultados podem ser
explicados pelo fato de solventes mais polares (BERTOLDI,
2006) extraírem normalmente maior quantidade de fenólicos,
e os capsaicinoides fazem parte desta classe de compostos.
Das dez variedades de extratos brutos de pimentas C. annuum
pesquisadas por Deepa et al. (2007), foram encontradas
concentrações de capsaicina variando de 776-1440 μg.100 g–1
para pimentas imaturas (verdes) e 277-1529 μg.100 g–1 para
pimentas maduras (vermelhas). Resultados inferiores aos
determinados no presente trabalho.
Tabela 1. Concentração de capsaicinóides (mg.100 g–1) no extrato bruto e fracionado de pimentas Capsicum.
Pimenta
C. frutescens (malagueta)
Média
C. annuum var. annuum (pimentão magali)
Média
C. baccatun var. pendulum (cambuci)
Média
C.baccatun var. praetermissum (cumari)
Média
Extrato e frações
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Capsaicinóides (mg.100 g–1)
9,22±0,35e
4,76±0,83e
235,80±8,16c
125,11±12,74d
93,72C
3,52±0,41e
10,58±0,10e
11,52±0,18e
11,58±0,37e
9,30D
6,17±0,10e
10,81±0,53e
234,62±9,35c
248,75±15,40c
125,09B
10,58±0,27e
9,05±0,31e
560,80±16,69a
515,24±21,49b
274,24A
Letras iguais, minúsculas (média dos extratos) e maiúsculas (média das pimentas) na mesma coluna não diferem (p > 0,05) pelo teste Tukey.
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
x
Atividade antioxidante de pimentas Capsicum
Materska e Perucka (2005) obtiveram para extrato
metanólico de C. annuum L. 0,442 mg.g–1 de capsaicina e
0,317 mg.g–1 de dihidrocapsaicina para frutos imaturos, para
frutos maduros 0,530 mg.g–1 de capsaicina e 0,350 mg.g–1 de
dihidrocapsaicina.
Perucka e Oleszek (2000) determinaram concentrações
de capsaicinoides em extrato metanólico de C. annuum L. por
meio de espectrofotômetro e CLAE (Cromatografia Líquida
de Alta Performance), 0,706 e 0,715 mg.g–1, respectivamente.
Os autores ainda constataram que a determinação de
capsaicinoides por espectrofotometria foi comparável a do
CLAE. Já Topuz e Ozdemir (2007) encontraram para cultivares
de C. annuum a concentração de capsaicinoides que variou de
471,3 a 688,1 mg/kg na base seca.
Pino et al. (2007) comprovaram a concentração de
capsaicinoides com a cor (vermelho, alaranjados e marrons)
de 10 pimentas C. chinense cultivados em Cuba. Verificaram
que o índice de capsaicinoides das pimentas variou de 41,8
a 65,9 mg.100 g–1 da fruta seca. Especificamente os cultivares
alaranjados foram os mais pungentes com concentração de
capsaicinoides de 55 mg.100 g–1 da fruta seca enquanto os
vermelhos 45 mg.100 g–1 da fruta seca.
3.2 Quantificação de fenólicos totais
A concentração de fenólicos totais, expressos em equivalente
de catecol por 100 g de amostra encontrados para os extratos
brutos e frações das espécies C. frutescens (malagueta),
C. annuum var. annuum (pimentão magali), C. baccatun var.
pendulum (cambuci), C.baccatun var. praetermissum (cumari),
está apresentada na Tabela 2.
A pimenta malagueta apresentou maior concentração de
fenólicos totais na fração clorofórmica, seguida do acetato de
etila. As menores concentrações encontram-se no extrato bruto
e fração hexânica.
Ao analisar os resultados das pimentas cambuci e cumari,
constata-se que: as maiores concentrações de fenólicos totais
foram extraídas pelos solventes clorofórmio e acetato de etila,
não havendo diferença entre eles; para os extratos brutos e
frações hexânicas, as menores concentrações, não havendo
diferença estatística entre os resultados.
O pimentão apresenta concentrações inferiores de
compostos fenólicos que as demais espécies, porém seu
comportamento foi diferenciado, sendo que todas as frações e
extratos não apresentaram diferença significativa entre si.
Resultados semelhantes aos obtidos pelo presente trabalho
para o EB do C. annuum var. annuum foram apresentados por
Hassimoto, Genovese e Lajolo (2005) para extratos metanólicos
de C. annuum var. annuum, utilizando reagente Folin Ciocalteu,
com 119 mg.100 g–1 para pimentas verdes e 131 mg.100 g–1 para
vermelhas.
Deepa et al. (2007) encontraram para extrato etanólico de
dez espécies de C. annuum L. concentração de fenólicos totais
para pimentas verdes variando de 186 a 1122 mg.100 g–1 e para
pimentas vermelhas de 323 a 852 mg/kg.
Howard et al. (2000), utilizando o reagente Folin Ciocalteu
para extratos metanólicos de pimentas Capsicum, encontraram
de 2846 a 5707 mg/kg de fenólicos totais em frutos maduros de
quatro espécies de C. annuum e imaturos de 2565 a 3548 mg/kg;
para os frutos imaturos do C. frutescens 5244 mg/kg e maduros
Tabela 2. Concentração de fenólicos totais (mg.100 g–1) de extrato bruto e fracionado de pimentas do gênero Capsicum.
Pimenta
C. frutescens (malagueta)
Média
C. annuum (pimentão magali)
Média
C. baccatun var. baccatun (cambuci)
Média
C.baccatun var. praetermissum (cumari
Média
Extrato e frações
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Bruto
Hexânico
Clorofórmico
Acetato de etila
Fenólicos totais* (mg.100 g–1)
173,19±6,65f
173,19±6,65f
13.311,79±186,63b
10.725,71±2632,8c
6.095,97B
139,95±10,16f
228,60±29,98f
208,6±10,16f
135,52±10,16f
178,18D
135,52±10,16f
40,21±6,65f
8.031,88±645,52d
7.277,61±493,79d
3.871,30C
177,63±7,68f
126,65±6,65f
16.867,65±186,63a
16.975,41±186,63a
8.536,83A
*Dados expressos como miligramas equivalentes de catecol por 100 g de extrato.
x
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
Costa et al.
5136 mg/kg; e para a espécie C. chinense frutos maduros
4042 mg/kg de fenólicos totais. Demonstrando a correlação
positiva entre o aumento da maturidade com a concentração
de fenólicos para a maioria das pimentas testadas. O contrário
foi relatado por Marin et al. (2004): houve decréscimo do
conteúdo de fenólicos com o estágio de maturação do verde
para vermelho.
3.3 Avaliação da atividade antioxidante pelo sistema
β-caroteno ácido linoleico
O sistema β-caroteno/ácido linoleico baseia-se na
descoloração do β-caroteno induzida pelos produtos da
oxidação do ácido linoleico. A utilização de antioxidantes
retarda a queda da absorbância do β-caroteno, protegendo os
substratos lipídicos da oxidação (SOKMEN et al., 2004).
Em virtude de a pimenta malagueta ter apresentado maior
concentração de fenólicos nas frações clorofórmica e acetato de
etila e menores na hexânica e no extrato bruto, esperava-se que as
frações com maiores concentrações de fenólicos apresentassem
maior atividade antioxidante. Porém, observou-se o contrário,
principalmente com a fração acetato que apresentou menor
atividade antioxidante. Este resultado possivelmente deveu-se
à presença da vitamina C extraída nesta fração, que agiu como
pró-oxidante, uma vez que, segundo Markus et al. (1999) e
Reifschneider (2000), este gênero se apresenta como boa fonte
deste nutriente. Conforme Hassimoto, Genovese e Lajolo (2005),
o ácido ascórbico pode atuar como pró-oxidante, pois ao doar os
dois hidrogênios redutores, fica susceptível de receber elétrons,
devido ao radical ascorbila formado, que é agente oxidante.
Os resultados da atividade antioxidante (%) pelo Sistema
β-caroteno Ácido Linoleico, dos extratos bruto e fracionado da
pimenta malagueta (C.frutescens), pimentão magali (C. annuum
var. annuum), pimenta cambuci (C.baccatum var. pendulum) e
pimenta cumari (C.Baccatum var. praetermissum), encontramse na Tabela 3.
A baixa atividade antioxidante do extrato bruto e fração
hexânica da pimenta malagueta deveu-se principalmente à ação
sinergística entre os compostos presentes (EB) e a presença de
capsantinas e criptoxantina (FH), que são carotenoides com ação
antioxidante. Segundo Young e Lowe (2001), os carotenoides
apresentam propriedades antioxidantes devido principalmente
ao sistema de duplas ligações conjugadas, fazendo com que
sejam capazes de capturar os radicais livres.
Observou-se que o EB da malagueta (C. frutescens)
apresentou a maior (p < 0,05) atividade antioxidante e a FA a
menor (p < 0,05), ficando a FC e FH com valores intermediários.
Comparando-se com o antioxidante sintético (BHT), o EB, FH
e FC da malagueta obtiveram a mesma ação antioxidante, e a
FA com atividade inferior (p < 0,05).
Howard et al. (2000) obtiveram para o extrato metanólico
da pimenta tabasco (C. frutescens), fruto maduro, 91,85%
de atividade inibitória da oxidação pelo sistema β-caroteno/
Ácido Linoleico, e correlacionaram o efeito antioxidante
com as concentrações crescentes de carotenoides nos frutos
maduros: 414 μg.100 g–1 de β-criptoxantina, 1252 μg.100 g–1
Tabela 3. Atividades antioxidantes (%) dos extratos bruto e fracionados de pimentas Capsicum e BHT, pelo sistema â β-caroteno/ácido linoleio.
Pimentas
C. frutescens (Malagueta)
Média
C. annuum var. annuum (pimentão magali)
Média
C. baccatun var. pendulum (cambuci)
Média
C. baccatun var. praetermissum (cumari)
Média
Aditivo sintético
Extrato e frações
EB
FH
FC
FA
EB
FH
FC
FA
EB
FH
FC
FA
EB
FH
FC
FA
BHT
Atividade antioxidante %
87,80±1,21ab
85,07±1,15bc
82,63±1,63bc
*62,53±7,52d
79,53B
*33,76±5,69f
*47,82±2,42e
*35,54±2,68f
*30,80±5,53f
36,98C
96,97±3,03a
*77,78±1,75bc
*78,79±3,03bc
96,97±0a
87,63A
*75,76±3,03c
*62,63±6,31d
81,81±0bc
86,87±4,63abc
76,77B
88,65±1,23
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas (média dos extratos) e maiúsculas (média das pimentas) na coluna, não diferem (p > 0,05) pelo teste Tukey. *Médias diferentes (> ou <)
em relação ao antioxidante sintético (BHT), pelo teste Dunnett a 5%.
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
x
Atividade antioxidante de pimentas Capsicum
de α-caroteno, 1187 μg.100 g–1 de β-caroteno, 1443 μg.100 g–1
de capsantina e 1958 μg.100 g–1 de zeaxantina.
Para o pimentão magali (C. annuum), a maior atividade
antioxidante foi obtida pela FH, sendo os menores valores
atribuídos ao EB, FC e FA, que não diferenciaram estatisticamente
entre si. O extrato bruto e todas as frações apresentaram valores
inferiores ao BHT.
Observou-se que o EB e FA da pimenta cambuci
(C. baccatum var. pendulum) apresentaram maior ação
antioxidante e igual ao BHT, ficando a FH e FC com menor
atividade e inferiores ao BHT.
A ação antioxidante do extrato em acetato de etila da
pimenta cambuci justifica-se pela presença significativa de
capsaicinoides e fenólicos totais encontrados nesta fração.
Apesar de a fração clorofórmica ter apresentado a mesma
concentração de capsaicinoides e fenólicos totais que a fração
acetato de etila, sua ação antioxidante possivelmente foi afetada
por outros compostos que interagiram de forma negativa neste
sistema.
Para a pimenta cumari (C. baccatun var. praetermissum), as
frações acetato de etila e clorofórmica obtiveram os melhores
resultados com valores iguais ao BHT, ficando a FH com a menor
ação antioxidante e o EB com a atividade intermediária, ambos
com valores inferiores ao BHT.
Hassimotto, Genovese e Lajolo (2005), ao avaliar a atividade
antioxidante C. annuum var. annuum na concentração de 50 μM
de extrato metanólico pelo Sistema β-caroteno/Ácido Linoleico,
também obtiveram baixa (<40% inibição) ação antioxidante
para pimenta doce verde, 31,4% de inibição da oxidação,
enquanto que para pimenta doce vermelha, uma atividade de
49,2% de inibição, considerada atividade intermediária (40-70%
de inibição).
3.4 Avaliação da atividade antioxidante pelo método DPPH
(2,2-difenil-1-picrilhidrazila)
O método DPPH consiste na redução do radical DPPH•
(2,2-difenil-1-piricrilhidrazila), de coloração púrpura, que,
ao receber um elétron ou um radical hidrogênio, muda sua
coloração de violeta para amarelo (difenil-piricril-hidrazina),
ficando estável e com o desaparecimento da absorção que pode
ser avaliada pelo decréscimo da absorbância (ROGINSKY;
LISSI, 2005).
Encontram-se na Tabela 4 os resultados da atividade
antioxidante (%) pelo método DPPH, dos extratos bruto e
fracionado da pimenta malagueta (C. frutescens), pimentão
magali (C. annuum var. annuum), pimenta cambuci
(C.baccatum var pendulum.) e pimenta cumari (C.Baccatum
var. praetermissum).
A pimenta cambuci apresentou a maior (p < 0,05) ação
antioxidante, seguida da pimenta malagueta e cumari, sendo a
menor (p < 0,05) atividade obtida pelo pimentão.
Observa-se que as FA e FC da pimenta malagueta
(C. frutescens) apresentaram maior (p < 0,05) atividade
antioxidante em todas as concentrações testadas, com
desempenho igual a superior ao BHT. Tais resultados podem
ser explicados pela considerável concentração de fenólicos
totais e capsaicinoides encontrados nestas frações, os quais
possuem grande capacidade de doar elétrons ao radical DPPH
e estabilizá-lo. Enquanto que o EB obteve menor ação do que o
BHT, provavelmente devido à interação negativa de compostos
variados extraídos pelo etanol, ou pela presença de substâncias
com menor poder redutor.
Observou-se que a ação antioxidante do EB foi maior que
a fração acetato de etila, com menor ação nas frações bichano
e clorofórmio. A melhor atividade foi obtida pela FA e EB da
pimenta cambuci, enquanto que o EB e todas as frações do
pimentão atingiram a menor ação antioxidante. Isso porque
os resultados dependem, segundo Dorman et al. (2003),
da natureza e estrutura química dos compostos fenólicos
presentes no extrato. Também os compostos que possuem
ação antioxidante podem variar em função da espécie de
pimenta, das suas condições de cultivo e da forma de extração,
afetando diretamente a atividade inibitória do extrato (DEANS;
RITCHIE, 1987).
A atividade antioxidante do pimentão magali (C. annuum
var. annuum) em média apresentou ação inferior ao BHT,
ficando a fração clorofórmica apenas nas concentrações de
50 e 250 μg.mL–1 com ação igual ao antioxidante sintético, e
a fração acetato de etila com desempenho superior ao BHT
apenas nas concentrações de 125 e 250 μg.mL–1. Isto demonstra
que somente em altas concentrações as frações clorofórmica e
acetato de etila foram eficientes doadores de elétrons para o
radical DPPH. Enquanto que o extrato bruto obteve menor ação
antioxidante mesmo apresentando concentrações de fenólicos
e capsaicinoides iguais aos extratos brutos das outras pimentas
estudadas.
Utilizando-se como parâmetro a classificação de Hassimotto,
Genovese e Lajolo (2005), em que valores de inibição > 70%
apresentaram boa ação, intermediária para valores de 40 a 70%
de inibição e baixa para < 40% de inibição, observou-se que: os
extratos e frações das pimentas malagueta, cumari e cambuci
apresentaram boa ação antioxidante, sendo apenas o pimentão
com valores menores classificado como de baixa atividade
antioxidante.
Materska e Perucka (2005), ao avaliarem a atividade
antioxidante da capsaicina e dihidrocapsaicina extraídas do
C. annuum L., verificaram pelo método DPPH que a ação
antioxidante da capsaicina foi maior que a da dihidrocapsaicina,
mostrando que a dupla ligação da cadeia lipídica da capsaicina
influenciou na ação antioxidante. Acrescentaram que a ação
dos capsaicinoides pode ter sido influenciada pela presença dos
grupos metoxi e OH na posição orto do anel aromático.
Os resultados apresentados pelas frações acetato de etila e
clorofórmica da pimenta cumari podem ser explicados pela alta
concentração de capsaicinoides e fenólicos totais encontrados
nestas frações. Os valores do EB e FH podem ser explicados
pela pouca quantidade de compostos como os carotenoides,
além das baixas concentrações de capsaicinoides e fenólicos
totais detectados neste extrato e fração.
x
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
Costa et al.
Tabela 4. Atividades antioxidantes (%) obtidos em diversas concentrações dos extratos bruto e fracionados das pimentas Capsicum e BHT, pelo
método DPPH.
Pimentas
Extrato/
frações
C. frutescens (malagueta)
EB
FC
FA
Média
C. annuum var. annuum
(Pimentão)
Média
C. baccatum var. pendulum
(cambuci)
Média
C. baccatum var.
praetermissum (cumari)
Média
Sintético
EB
FC
FA
EB
FC
FA
EB
FC
FA
BHT
5
*13,90 ± 3,3cd
*40,69 ± 5,60a
17,44 ± 3,15c
24,01A
17,29 ± 1,32c
*5,48 ± 2,32de
0
7,59C
*3,09 ± 0,29e
*13,98 ± 3,64c
28,59 ± 2,13b
15,22B
*1,09 ± 019e
*31,55 ± 2,87b
18,83 ± 2,45c
17,16B
21,76 ± 3,4
Concentração de extrato/frações (μg.mL–1)
10
25
50
125
*16,08 ± 3,05de *20,13 ± 5,3de
*23,34 ± 2,62de *46,01 ± 13,4de
40,71 ± 9,06ab
55,76 ± 7,48c
*55,76 ± 1,56de *85,95 ± 1,19ab
cd
c
21,71 ± 3,57
39,95 ± 3,36
*64,81 ± 1,09cd *92,15 ± 1,92a
A
A
26,17
34,64
47,97C
74,70A
de
d
g
*17,57 ± 1,45
22,47 ± 6,44
*23,51 ± 6,43
*41,88 ± 8,52e
def
de
f
*10,59 ± 9,19
*20,46 ± 1,32
35,35 ± 1,09
57,34 ± 1,32d
e
e
0
*9,43 ± 3,32
46,46 ± 7,38
*90,68 ± 3,31bc
B
B
D
9,39
17,45
53,93
63,30B
ef
de
g
*4,51 ± 1,17
10,63 ± 1,24
*22,67 ± 3,21
*45,57 ± 2,01de
d
c
e
*19,33 ± 1,31
36,08 ± 8,07
53,47 ± 2,57
*76,78 ± 4,5b
a
a
a
*52,31 ± 5,10
*85,27 ± 0,94
*85,64 ± 0,78
*87,52 ± 0,94ab
A
A
B
25,38
43,99
53,93
69,96A
ef
de
fg
*5,13 ± 2,48
*12,25 ± 0,98
*28,63 ± 3,80
54,42 ± 2,15de
ab
b
bc
40,75 ± 2,00
*59,54 ± 2,32
*74,81 ± 1,75
*83,63 ± 0,73ab
34,48 ± 3,61bc *57,25 ± 1,99b
*80,03 ± 1,10ab *90,46 ± 0,77ab
26,79A
43,01A
61,16A
76,17A
31,52 ± 1,17
32,90 ± 6,8
43,58 ± 12,5
60,1 ± 5,03
250
*56,91 ± 9,91c
86,41 ± 1,22ab
*95,90 ± 2,97a
79,74AB
*58,40 ± 2,03c
84,24 ± 1,74ab
*96,40 ± 1,08a
79,68B
82,00 ± 2,18ab
88,89 ± 1,77ab
*90,51 ± 1,2a
87,71A
73,22 ± 16,04bc
89,57 ± 1,17ab
*91,35 ± 1,96a
84,71AB
77,02 ± 0,97
Médias seguidas pelas mesmas letras minúsculas (média dos extratos) e maiúsculas (média das pimentas) na coluna, não diferem (p > 0,05) pelo teste Tukey. *Médias diferentes (> ou <)
em relação ao antioxidante sintético (BHT), pelo teste Dunnett a 5%.
Observa-se que a fração acetato de etila da pimenta cambuci
(C. baccatum var baccatum) ofereceu maior contribuição para
atividade antioxidante desta espécie, com capacidade doadora
de elétron superior ao antioxidante sintético BHT. Enquanto
que a fração clorofórmica obteve valores variando entre ação
antioxidante inferior a igual ao BHT, o extrato bruto apresentou
atividade inferior ao BHT.
A concentração de fenólicos totais encontrada na fração
acetato de etila da pimenta cambuci justifica a ação antioxidante
superior ao BHT, já que apresentou concentração baixa de
capsaicinoides. A fração clorofórmica apesar de ter apresentado
concentração de fenólicos totais igual ao extrato de acetato de
etila, sua ação antioxidante pode ter sido afetada por outros
compostos presentes nesta fração. As concentrações inferiores
de capsaicinoides e fenólicos totais no extrato bruto explicam
sua menor atividade antioxidante quando comparadas com as
frações.
Os compostos contidos nas frações clorofórmica e
acetato de etila da pimenta cumari (C. baccatum var.
praetermissum) atingiram ação antioxidante superior ao BHT,
o que provavelmente deveu-se à elevada concentração de
capsaicinoides e fenólicos totais detectada nestas frações. Já o
extrato bruto obteve uma ação antioxidante igual ao BHT apenas
nas concentrações de 125 e 250 μg.mL–1.
A atividade antioxidante das frações hexânicas não foi
determinada, pois os resultados se apresentavam abaixo de
zero, impossibilitando o cálculo da atividade e o cálculo do
CE50 através de regressão linear, podendo ser explicado devido
à baixa concentração de fenólicos totais encontrada para esta
fração. Segundo Wangensteen, Samuelsen e Malterrud (2004),
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, xx(x): x-x, xxx.-xxx. xxxx
a falta de capacidade doadora de hidrogênio dos extratos
lipofílicos dificulta a análise de seus resultados pela metodologia
do DPPH.
Observou-se na Figura 1 que os valores de CE50 foram
menores para as frações acetato de etila e clorofórmica e
semelhantes ao BHT, porém maiores para os extratos brutos.
O que é justificado pela maior concentração de capsaicinoides
e fenólicos totais encontrados nestas frações polares.
A pimenta cumari foi a pimenta que apresentou os menores
(p < 0,05) valores de CE50 quando comparados aos das outras
pimentas e BHT. Para o pimentão, o extrato bruto e suas frações
atingiram os maiores valores de CE50. A pimenta malagueta
apresentou altos valores de CE50 para o extrato bruto e suas
frações com resultados semelhantes aos da cambuci.
Os extratos da pimenta cumari apresentaram a maior
(p < 0,05) ação doadora de elétrons ao radical DPPH, seguida
da pimenta cambuci, malagueta e pimentão. Os extratos
clorofórmico e acetato de etila obtiveram a melhor atividade
antioxidante, quando comparados ao BHT e ao extrato bruto.
Demonstrando correlação positiva entre ação antioxidante e as
concentrações de capsaicinoides e fenólicos totais encontrados
nas frações polares (acetato de etila e clorofórmico).
Observou-se que o FA apresentou resultado contrário ao
que foi obtido com o Sistema β- caroteno/Ácido Linoleico para
pimenta malagueta e pimentão, isto porque o método DPPH,
segundo Duarte-Almeida et al. (2006), avalia apenas o poder
redutor do antioxidante, que ao doar elétron se oxida e, por isso,
não detecta substâncias pró-oxidantes como ácido ascórbico.
Enquanto que o Sistema β-caroteno/Ácido Linoleico avalia
x
Atividade antioxidante de pimentas Capsicum
200
180
CE 50 (mg.mL–1)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Bruto
Clorofórmico
Malagueta
Cumari
Acetato
de etila
Pimentão
Média
BHT
Cambuci
BHT
Figura 1. Atividade antioxidante (CE50) do extrato bruto e fracionado
de pimentas Capsicum, pelo método DPPH.
a capacidade que o antioxidante possui em proteger o ácido
Linoleico e o β-caroteno da oxidação, identificando substâncias
pró-oxidantes como a vitamina C.
Constatou-se que a metodologia do radical DPPH detectou
muito mais a ação antioxidante dos extratos polares, que extraem
os compostos fenólicos, do que o extrato bruto. Conforme Atoui
et al. (2005), a atividade antioxidante dos fenólicos é devida
principalmente às suas propriedades redutoras.
4 Conclusões
O C. baccatun var. praetermissum (cumari), o C. baccatun
var. pendulum (cambuci) e o C. frutescens (malagueta) podem
ser utilizados como agentes antioxidantes naturais em alimentos.
Já o C. annuum var. annuum (pimentão magali) apresentou bom
desempenho apenas em concentrações elevadas das frações
polares pelo método DPPH.
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x