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Avaliação - Análise de Discurso Crítica

2022, In: IRINEU, Lucineudo (Org.). Análise de Discurso Crítica: exercícios analíticos

Neste capítulo, apresentamos a categoria Avaliação, da Análise de Discurso Crítica, com base nas leituras que Fairclough (2003) fez de Martin e White (2000), e de outros autores/as. Em seguida, utilizamos essa categoria como uma lupa, para analisar a leitura do discurso da Polícia Civil do Rio de Janeiro sobre a Chacina do Jacarezinho, em 2022, lançando a hipótese de que a construção do discurso policial sobre o caso pode estar colaborando para a hegemonia racista e para a criminalização da pobreza no Rio de Janeiro.

análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos AVALiAÇÃO Érica Alves do Nascimento Francisco Djefrey Simplício Pereira Wes Viana iNTRODUÇÃO As práticas sociais são constituídas pelo discurso, enquanto linguagem, e por outros elementos sociais, como crenças, histórias e mundo material (FAiRCLOUGH, 2003). Esse momento discursivo das práticas sociais compõe o objeto principal da Análise de Discurso Crítica (doravante, ADC). De forma geral, as ciências sociais, a partir de Foucault (2008, p. 136), entendem o discurso como um “conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo-espaço, que definiram, em uma dada época, e para uma área social, econômica, geográfica ou linguística, as condições de exercício da função enunciativa”. Assim, considerando essa característica de anonimato dos poderes que emergem do momento discursivo, nós, pesquisadores e pesquisadoras em ADC, utilizamos categorias de análise para desvelar relações de dominação, ideologias e hegemonias presentes na linguagem, com o intuito de observar/investigar mudanças sociais em curso e de denunciar assimetrias naturalizadas em sociedade (FAiRCLOUGH, 2003; THOMPSON, 2011). A Avaliação é uma categoria textual que analisa de que maneira os textos podem ser atravessados por juízos de valor explícitos ou implícitos, contidos em diversos discursos. Nesta pesquisa, apresentamos a Avaliação com base nas leituras que Fairclough (2003) fez de Martin e 353 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos White (2000) e de outros autores/as e, em seguida, utilizamos essa categoria como uma lupa, para analisar a leitura do discurso policial sobre a Chacina do Jacarezinho, lançando a hipótese de que a construção do discurso oficial sobre o caso pode estar colaborando para a hegemonia racista e para a criminalização da pobreza no Rio de Janeiro. A Operação Exceptis, que provocou a chacina, administrou 21 mandados prescritos sob a justificativa de Associação para a Produção e Tráfico e Condutas Afins (MOLiCA, 2021), mascarada, pela versão oficial da polícia, como busca por aliciamento de crianças e adolescentes pelo tráfico local (CESAR SALES, 2021). Entretanto, apesar de no Brasil não haver diretriz específica que detalhe em que proporção o uso da força policial deve ser usada, havendo apenas leis que legitimam o uso genérico dessa força1, podemos nos adiantar, em uma estratégia de “como deveriam ser” as coisas (FAiRCLOUGH, 2003), e sustentar, como veremos com a análise, que a operação usou de força desproporcional e tornou-se uma verdadeira sentença de morte orquestrada pelo Estado. Dessa forma, por ocasião da repercussão negativa da ação policial nas redes sociais e em importantes veículos de comunicação, como El país, UOL e G1, selecionamos a entrevista coletiva dada pela Polícia Civil (COLETiVA, 2021), no dia 06 de maio de 2021, como corpus para aplicação da categoria estudada, uma vez que esse material compõe a narrativa abraçada por quem provocou o evento. Esse corpus foi ainda expandido, de modo a agregar matérias e falas que refletem e refratam o discurso policial sobre o caso. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRiCA Diante de tal problema social, provocado pela violência policial, recorremos à vertente de ADC faircloughiana, dialético-relacional, que acolhe uma pesquisa textualmente orientada e essencialmente política. Sua/seu teoria/método busca mapear as conexões entre os usos da linguagem e as relações de poder na sociedade, a fim de mudá-la (RESENDE; RAMALHO, 2006). Para isso, Norman Fairclough utiliza1 354 Ver artigos 23, 24 e 25 do Código Penal. análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos se, expressivamente, da Linguística Sistêmico-Funcional (doravante, LSF), que aborda a linguagem como um elemento social, considerando as estruturas linguísticas como modos de agir sobre e no mundo (HALLiDAY, 1994). Dessa forma, Fairclough (2003) reelabora as três macrofunções da LSF – ideacional, interpessoal e textual2 – e conclui, de outra forma, que o significado representacional corresponde à função ideacional; o significado acional, por sua vez, corresponde à função interpessoal, com ênfase no texto como modo de interação em eventos sociais, assim, incorporando a macrofunção textual de Halliday; e finalmente o significado identificacional está inserido na função interpessoal (FAiRCLOUGH, 2003). Contudo, propomos, neste capítulo, uma análise que busca resolver, em especial, questões do “nível micro”, relevantes à análise de textos reais, isto é, interrogamos como a chacina do Jacarezinho foi construída discursivamente, através da categoria textual de Avaliação, tendo como objeto a entrevista concedida pela polícia civil do Rio de Janeiro. Apesar de não nos preocuparmos em delimitar fronteiras entre os significados, na análise em si, incorporamos, nesse percurso, a dialética do discurso, enquanto elemento da prática social, e nos concentramos nos processos, fluxos e relações mais relevantes entre outros momentos da prática social, para a análise da categoria textual. Avaliação é uma categoria textual que analisa como os textos podem ser atravessados por valores explícitos ou implícitos. Para a detecção dos valores explícitos, existem as declarações com juízo de valor, com modalidades deônticas e com verbos de processos mentais afetivos. Para os implícitos, as pressuposições de valor. Ademais, estudar o objeto de análise, usando-nos dessa ferramenta analítica, pode elucidar ainda embates na pesquisa social, de modo a desvelar relações assimétricas de poder, que fortalecem tipos de papéis dominantes na sociedade contemporânea (FAiRCLOUGH, 2003). 2 Ou seja, os textos, a um só tempo, representam aspectos dos mundos físico, social e mental; interpretam relações sociais entre participantes de eventos sociais, em forma de atitudes, desejos e valores; e fazem isso de modo coerente e coeso, conectando as partes do texto e ligando-o ao contexto situacional (HALLiDAY, 1994). 355 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos De modo geral, qualquer interpretação de texto3 julga e avalia os enunciados como, por exemplo, sinceros ou não, formais ou não; avalia os propósitos e as intenções das pessoas, de maneira latente ou não, se essas intenções são honestas ou não; julga se o que está sendo exposto é ou não razoável, comparando experiências de mundo suas com as de outrem, em uma rede dialógica infinita. A partir disso, a Avaliação pode perpassar os três tipos de significados propostos por Fairclough (2003), ou seja, pode figurar a partir de discursos, de gêneros e de estilos. A distinção apresentada por Fairclough, embora necessária para a compreensão analítica, não impede as categorias de fluírem umas nas outras. Juntas, elas compõem a dialética do discurso4. A exemplo, o corpo discente pode revisitar o modo característico de representação do discurso de que ser avaliado, pelo corpo docente, constitui uma atividade indispensável. Ou, por outro lado, na instância de produção do significado acional, o gênero entrevista de emprego pode determinar avaliações e julgamentos dos concorrentes. Contudo, apesar dos significados representacional, acional e identificacional atuarem dialeticamente, Fairclough (2003) prefere vincular a Avaliação, especificamente, a quatro modos de as pessoas identificarem a si mesmas e a outras, no seio dos estilos, que são: declarações com juízo de valor, declarações com modalidade deôntica, declarações com processos mentais afetivos e valores pressupostos, as quais detalhamos a seguir. Embora o autor faça essa distinção, usaremos, neste trabalho, essa subcategorização da Avaliação para além do significado identificacional, podendo a leitora ou o leitor encontrar, a um só tempo, a categoria operando como formas de ser, agir e representar. A primeira subcategoria é composta pelas declarações com juízo de valor. Essas declarações exprimem o que se deseja ou não, o que é bom e o que é ruim, a partir de uma escala de intensidade formada pela oposição 3 4 356 Texto aqui entendido como evento comunicativo/interativo, de natureza semiótica (BEAUGRANDE; DRESSLER, 1997). Em Fairclough (2003), a dialética do discurso, enquanto elemento da prática social, funciona a partir da relação entre três categorias: 1) significados representacionais; 2) significados acionais; e 3) significados identificacionais. Nesse sentido, podemos dizer que os discursos (significados representacionais) são interpretados em gêneros (significados acionais) e apontados a partir de estilos (significados identificacionais). análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos contínua de valores, desde os menos intensos aos mais intensos5. Em Analysing Discourse, Fairclough (2003) lista algumas categorias modais pelas quais é possível identificar avaliações em enunciados. São elas: adjetivos, sinais de exclamação, verbos e advérbios. Fairclough acrescenta ainda que os juízos de valor também estão relacionados à importância que se dá a algo ou a sua utilidade no mundo. “Assim quando se fala que um livro é importante ou que ele não tem função, conclui-se que ele é algo desejado ou não”6 (FAiRCLOUGH, 2003, p. 172). A segunda subcategoria refere-se a declarações com modalidade deôntica, isto é, declarações que utilizem estratégias retóricas com base em valores morais para promover uma obrigatoriedade/necessidade em sociedade. Abrange, portanto, sentidos como permissão, obrigação, proibição, obediência etc. Os modalizadores deônticos indicam tanto uma persuasão da parte de quem enuncia quanto um comprometimento da parte dos interlocutores para que uma oferta/demanda seja bem executada. Dessa forma, modalidades deônticas aparecem em enunciados como “A sociedade precisa entender que a gente precisa acabar com esse discurso quase que de pobre coitado e de vitimização do criminoso” (grifos nossos)7. A terceira subcategoria diz respeito a declarações com processos mentais afetivos, ou seja, declarações que indiquem um nível de afinidade com o outro. Conforme explicam Resende e Ramalho (2006, p. 79-80), “as avaliações são ‘afetivas’, porque são geralmente marcadas subjetivamente, ou seja, marcam explicitamente a afirmação como sendo do autor, em estruturas como ‘eu detesto isso’, ‘eu gosto disso’, ‘eu adoro 5 6 7 Em Manual de Semântica, Cançado (2008) aponta a existência de pelo menos três conceitos para propor uma definição sobre antonímia, dos quais nos interessa o conceito de antonímia gradativa. Para a pesquisadora, “duas palavras são antônimas gradativas, quando estas estão nos terminais opostos de uma escala contínua de valores; a negação de um termo não implica a afirmação do outro” (CANÇADO, 2008, p. 46). Dessa forma, na oposição “entre quente e frio, certamente, teremos uma escala, como morno etc. Entre alto e baixo, teremos o médio etc.” (CANÇADO, 2008, p. 46, grifos da autora). Podemos acrescentar outras palavras a essa escala, tornando-a ainda maior: fervendo-quente-morno-natural-frio-gelado-congelado-etc. No original: “So evaluative statements such as ‘this is an important book’, ‘this is a useless book’ imply that the book is desirable or undesirable – it is generally taken as self-evident that what is ‘important’ or ‘useful’ is desirable”. Fala do Secretário Rodrigo Oliveira, durante uma coletiva de imprensa, para justificar a ação violenta da polícia na comunidade do Jacarezinho, 2021, 12min38s. 357 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos isso’.”8. Embora seus enunciados também surgiram oposições gradativas, semelhante aos juízos de valor, as declarações com processos mentais afetivos marcam especificamente avaliações associadas a quem enuncia, como reflexões e percepções sobre o mundo. A quarta subcategoria refere-se a valores pressupostos, isto é, “os casos que não possuem marcadores de avaliação claros”9 (FAiRCLOUGH, 2003, p. 173). É preciso considerar que, além dos marcadores de avaliação explícitos, também existem valores em um nível mais profundo do texto, isto é, num nível extralinguístico que pode ser pressuposto a partir da linguagem em uso. “O que está ‘dito’ em um texto sempre se baseia em presunções ‘não ditas’, então, parte do trabalho de se analisar textos é tentar identificar o que está presumido” (RESENDE; RAMALHO, 2006, p. 80). Essas subcategorias servem de guia para as conexões entre as avaliações e as relações de poder provenientes da construção discursiva da chacina do Jacarezinho, pela Polícia Civil, na coletiva. Dessa maneira, passemos à discussão conjuntural sobre a pauta racismo institucional, por meio, especialmente, da violência policial; para, em seguida, analisarmos, do ponto de vista das subcategorias da Avaliação, como a chacina é construída no discurso oficial; desaguando, simultaneamente, em como os elementos operadores da Avaliação podem funcionar como mecanismos para controle e dominação de relações assimétricas, na entrevista da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A violência policial não acontece por acaso – muito menos por via de uma operação pontualmente mal executada –, mas sim como efeito relacionado a fatores avaliativos. Como mostra Legewie (2016), as forças policiais corporificam emocionalmente, de modos distintos, maneiras de agir, a depender da região urbana em que ocorre a atuação. Dessa forma, 8 9 358 Nesta pesquisa não estamos prevendo os sentidos, posto que as expressões não carregam valores positivos ou negativos em si e o desejo pode ser subvertido, interrompido, ironizado etc. Contudo, pensamos em uma previsibilidade de intenções/motivações valorativas emergentes, dentro da cultura jornalística em que a entrevista está inserida (SiLVA; FERREiRA; ALENCAR, 2014). No original: “i am reserving the category of ‘assumed values’ for cases without the relatively transparent markers of evaluation (evaluative statements, deontic modalities, affective mental process verbs.)”. análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos o abismo entre parcelas da população se dá, entre tantos motivos, por fatores identificacionais da polícia, como tentaremos mostrar adiante. A Operação Exceptis regeu 21 mandados sob a justificativa de “busca por aliciamento de crianças e adolescentes pelo tráfico” na comunidade. Segundo matéria da CNN (MOLiCA, 2021), apenas quatro indivíduos estavam incluídos na lista dos procurados e doze – neste número inseridos adolescentes – traziam antecedentes vinculados ao tráfico de drogas. Portanto, a princípio, os mandados não justificam o armamento manifesto e a invasão de casas, o que causa pânico nos/as moradores/as, conforme relatos (MOLiCA, 2021). Arquitetada por 10 meses e integrada por 200 agentes, a operação executou as vítimas sem confronto, o que impossibilita o argumento de que os assassinatos foram provocados por algo que não saiu como o planejado no decorrer das atividades. Contudo, a segunda maior chacina do Rio de Janeiro não foi apenas mais um episódio da violência histórica contra vidas precarizadas histórico-socialmente. Para além disso, devemos lançar luz especificamente sobre a construção do fato político, que pode ser observado na propensão latente do delegado entrevistado, ligado à operação, em coletiva de imprensa sobre o fato, após grande repercussão negativa nas redes sociais, quando justificou a violência policial e criticou o “ativismo judicial”, ou seja, a atuação de ativistas e de ONGs associadas aos Direitos Humanos e a ideias de grupos ditos ideológicos sobre a criminalidade (COLETiVA, 2021). Para entendermos esse complexo movimento antagônico, em que Direitos Humanos e polícia estão em lados opostos, precisamos sistematizar, ao redor do evento, os principais fenômenos sociais do Brasil recente. Nessa conjuntura, o conservadorismo se vê cismado frente aos resultados do “negacionismo” científico, da CPi da Covid-19 e do ressurgimento do líder do maior partido de esquerda da América Latina, Lula da Silva. Consequentemente, para a direita, reativar os discursos que elegeram 359 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos Bolsonaro, como os da “autodefesa armada, do ódio de classe e, por conseguinte, da desqualificação das pessoas e entidades que defendem os Direitos Humanos” (SOUTO MAiOR, 2021), parece conveniente. Para seguirmos esses retalhos de interesses, que usam um evento local para proclamar períodos de aumento da discriminação, como reforço da agenda conservadora política (LEGEWiE, 2016), temos que ir além das suspeitas ligadas às estruturas do governo com a milícia do Rio de Janeiro (OLiVEiRA, 2019). Dessa forma, podemos mapear as conexões entre relações de poder e recursos linguísticos, aqui de forma ampla, em que a operação surge como uma reação política inconstitucional de dominação discursiva, que, por sua vez, articula-se a outras dominações, especialmente, nesse caso, à físico-militar. A exemplo disso, Bolsonaro diz que matar e destruir famílias é próprio dos chamados “traficantes”, e a Polícia Civil do Rio de Janeiro estaria protegendo o que ele chama de “o povo”10. Ainda segundo o presidente, este em tom de reprovação, a mídia e a esquerda, antes do veredicto, costumam julgar esse chamado traficante como um cidadão “comum e honesto, que respeita as leis e o próximo”. Ou seja, essa resposta se baseia em estereótipos e preconceitos que veem, de antemão, moradores de comunidades, como a de Jacarezinho, como criminosos violentos. Dessa forma, chegamos à conclusão de que as notícias sobre violência policial, com um suposto criminoso negro e pobre, não apenas aumentam atitudes negativas sobre negros e pobres (LEGEWiE, 2016), mas também fortalecem o fechamento social pelo conservadorismo. Há, portanto, uma relação entre as “operações policiais” e o aumento da popularidade dos políticos de extrema direita. Não por acaso, até o dia anterior à operação, apenas 12% das menções sobre o governador do Rio de Janeiro eram tidas como positivas. Na data da matança, o número aumentou para 41%, na proporção em que as menções negativas passaram de 50% para 41%. As indecisões caíram de 38% para 18%. importante mencionar, neste ponto, que Jair Bolsonaro e Cláudio Castro, um dia antes do morticínio, reuniram-se presencialmente (SOUTO MAiOR, 2021). 10 360 Ver: https://noticias.r7.com/brasil/bolsonaro-parabeniza-policia-apos-operacao-no-jacarezinho-10052021. Acesso em: 21 ago. 2021. análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos A partir dessa análise conjuntural, tomamos o discurso policial, manifestado na entrevista, para compreendermos como se concebe a categoria de Avaliação na construção discursiva da chacina do Jacarezinho. ANÁLiSE DE DADOS Como pesquisa transdisciplinar (FAiRCLOUGH, 2013), consideramos que o corpus indica quais categorias e subcategorias são necessárias para sua análise. Dessa forma, o trabalho a seguir se dá a partir das quatro subcategorias da Avaliação: declarações com juízo de valor, declarações com modalidade deôntica, processos mentais afetivos e valores pressupostos, já que encontramos, no levantamento prévio dos dados, materialidade discursiva de que elas poderiam estar sendo utilizadas como estratégias para a legitimação do discurso dos policiais envolvidos no evento que, em vista do nosso comedimento ético-político, temos reconhecido como chacina. O desejo é textualmente materializado em declarações com juízo de valor. Tais declarações marcam a importância que se dá a algo a partir da intensidade com que é representado textualmente, o que pode ser evidenciado a partir de adjetivos, verbos, advérbios e exclamações selecionados para o discurso, assim, as declarações feitas na entrevista coletiva pela Polícia Civil do Rio de Janeiro podem ser avaliadas para a compreensão da construção discursiva da Chacina do Jacarezinho. Para isso, tomaremos alguns trechos como exemplificação. No primeiro trecho selecionado para análise, o delegado afirma: “Não sei se as grandes operações dão resultado. O que eu sei é que a falta de operação dá um péssimo resultado – disse um dos delegados da PF entrevistado” (G1, 2021). O delegado utiliza o advérbio (não) e o verbo (sei) – não sei – mostrando um desconhecimento sobre dados de operações de grande porte realizadas pela polícia, além de classificar essas operações utilizando o adjetivo grandes, o que coloca a Operação Exceptis em lugar de antítese, logo, como operação de pequeno porte, o que é contraditório, já que ocorreu em caráter de urgência e de exceção, 361 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos indo de encontro ao que foi determinado pelo STF (a suspensão de operações nas comunidades do RJ). Além disso, por não ser uma operação de grande porte, o número de mortos se mostra ainda mais desproporcional. O adjetivo péssimo foi usado para caracterizar o resultado de operações que não chegam a ser realizadas, justificando a necessidade da realização da ação do Jacarezinho, mesmo não atingindo o resultado esperado. Em outro trecho da entrevista, o delegado Oliveira, que é subsecretário operacional da Polícia Civil, criticou o que chamou de “ativismo judicial” afirmando: “Pseudo entendidos de segurança pública criaram uma lógica de que, quanto mais inteligência, menor o confronto. isso não funciona assim” (07min01s). Há uma evidente deslegitimação dos estudiosos e dos dados de segurança pública ao utilizar o prefixo pseudo como adjetivo, contrapondo-se ainda à ideia de que é necessário o investimento em inteligência policial, uma vez que está em oposição ao pensamento desses estudiosos ao utilizar o advérbio não e o verbo funciona, o que deixa evidente que seu posicionamento é contrário e que apresenta uma lógica com advérbios que são antônimos aos utilizados no discurso do outro (pseudo entendidos de segurança pública) que o delegado apresenta, ou seja, ele não considera que mais inteligência é necessária para conseguir menor confronto, ou ainda, que não foi a falta de inteligência policial que culminou no resultado da ação, o que é confirmado em outro trecho em que Oliveira afirma: “A operação foi muito planejada, com todos os protocolos e em cima de 10 meses de investigação” (19min49s). A junção do advérbio muito ao adjetivo planejada mostra a intensidade desse planejamento, o que é ainda mais destacado com a presença da locução adverbial em cima de 10 meses de investigação, que destaca esse tempo como um longo período de preparação. Logo, é possível comprovar que o delegado considera que uma operação, mesmo planejada, não evita confrontos, ou seja, a operação em questão, segundo a polícia, teria sido bem planejada e os confrontos foram inevitáveis e não foram fruto de falta de inteligência ou de planejamento, mas da natureza mesma da ação. Assim, evidencia um esforço retórico de naturalização da violência e termina por pretender justificá-la, buscando descaracterizar a ação como sendo uma chacina e colocando-a como inevitável. 362 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos A palavra deontologia vem do grego, deon (dever, obrigação) e logos (ciência), ou seja, deontologia é o estudo de valores normativos. Conforme sinalizam Fuzer e Cabral (2014, p. 115), “também chamada de ‘modalidade deôntica’, a modulação ocorre em propostas (ofertas e comandos)”, reunindo num mesmo campo semântico significados como permissão, obrigação, proibição, necessidade, obediência etc. As declarações com modalidade deôntica expressam valores normativos desejáveis e indesejáveis, segundo o que os interessados em administrar e regular a conduta de um povo procuram estruturar e formalizar em sociedade. Nesse sentido, essa conduta é tradicionalmente estudada e executada a partir de demandas, por exemplo, quando leis são regulamentadas para impor uma conduta social11. Durante a coletiva de imprensa sobre a chacina no Jacarezinho, havia cinco entrevistados da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Declarações com modalidade deôntica foram identificadas no discurso do Secretário Rodrigo Oliveira, o homem sentado ao centro da mesa, também o primeiro a falar. O objetivo de sua fala é explicar a ideia da Operação Exceptis. De início, o secretário destaca que, diante da emissão de vinte e um mandados de prisão, a Polícia dirigiu-se ao Jacarezinho: E na data de hoje a gente deflagrou essa operação que teve início na parte da manhã, como determina a lei, e deixando muito claro para todos os senhores que todos os protocolos exigidos na decisão pelo STF foram cumpridos, sem exceção, todos os protocolos foram cumpridos (COLETiVA, 2021, 02min37s, grifos nossos). O secretário Rodrigo Oliveira atribui um valor desejável à ação da polícia, sinalizando que os policiais agiram de acordo com a Lei. O uso de verbos, como em “como determina a lei”, e de sintagmas nominais, como em “todos os protocolos exigidos”, sugerem que, dentro das formalidades 11 Para além da demanda das leis, uma conduta social também pode ser incentivada por ações no mundo. Quando Jair Bolsonaro utilizou o Twitter para parabenizar a Polícia Civil do Rio de Janeiro, enquanto chamava os mortos do Jacarezinho de “traficantes que roubam, matam e destroem famílias”, seu discurso hegemônico de alcance internacional fortaleceu um compromisso com os discursos da polícia. A naturalização desses discursos, por sua vez, perpetua práticas de violência e de genocídio contra pessoas negras e pobres no Rio de Janeiro. 363 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos protocolares, qualquer ação da polícia poderia ser justificável. O discurso utilizado para justificar a ação da polícia é reiterado mais adiante, quando o secretário sinaliza que a Polícia Civil do Rio de Janeiro sempre estará presente, dentro da legalidade, para defender uma “sociedade de bem”. Embora a ação da polícia seja legitimada pela Lei, seu abuso de poder não o é, e a violência policial no Jacarezinho marca um dos inúmeros abusos de poder da polícia contra pessoas negras e pobres no Brasil. Mais adiante, o secretário Oliveira associa o fortalecimento do tráfico a um “ativismo judicial”12. Para ele, a existência de políticas de segurança pública em favor das comunidades é um obstáculo para a ação da polícia. Parte desse ativismo, que de alguma forma orienta a sociedade numa determinada direção, ele definitivamente não está do lado da Polícia Civil e definitivamente não está do lado da sociedade de bem. Os interesses deles são diversos. Os interesses deles são outros (COLETiVA, 2021, 08min16s, grifos nossos). Utilizando adjuntos modais – definitivamente –, o secretário Oliveira anuncia uma oposição entre os interesses da polícia e os interesses do que ele chama de “ativismo”. Nesse enunciado, o secretário também firma uma oposição entre os interesses do “ativismo” e os interesses da “sociedade de bem”. É uma dicotomia “nós x eles”. Assim, a Polícia Civil do Rio de Janeiro oferta uma suposta garantia de direitos de proteção, incitando práticas sociais de violência contra as comunidades periféricas. Essas práticas, por sua vez, geram discursos comprometidos com políticas de morte. Nas declarações da coletiva de imprensa, o policial firma o compromisso da Polícia Civil do Rio de Janeiro com as determinações da Lei e das decisões do STF, fortalecendo assim o tipo de conduta da polícia e seus excessos como desejáveis. 12 364 Mais adiante (45min14s), a jornalista Lola Ferreira, do UOL, questiona os entrevistados a quem se refere o “ativismo judicial”, mencionado diversas vezes pelo delegado Rodrigo Oliveira. Embora o delegado continue sem nomear a quem se refere, é importante destacar que, desde 2020, a polícia estava impedida de realizar operações com helicópteros nas favelas do Rio de Janeiro, devido à decisão do ministro Edson Fachin, do STF, em favor de um documento emitido pelo PSB, contra as políticas de segurança pública do governador Wilson Witzel. De acordo com o documento, o uso de aeronaves voando muito baixo é um dos maiores medos das pessoas que vivem em bairros e comunidades desfavorecidas, pois os policiais utilizam essas aeronaves como “plataformas de tiro” (Poder 360, 2021), colocando em risco a vida dessas pessoas. análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos Em contrapartida, o secretário associa a criação de políticas de segurança pública em favor das comunidades a uma conduta indesejável, pois segundo ele essas políticas de proteção à vida fortalecem o tráfico. Nessa dicotomia, há uma imposição de valores morais à vida das pessoas no Jacarezinho, isto é, estar do lado “indesejável” impõe aos moradores a condição de estarem contra a polícia, contra a sociedade e contra a lei. Nas palavras do secretário, “É preciso dar um basta nisso tudo. A sociedade precisa entender que a gente tem que acabar com esse discurso quase que de pobre coitado e de vitimização do criminoso” (Secretário Rodrigo Oliveira, aos 12min36s, grifos nossos). Se, por um lado, a chacina no Jacarezinho é uma maneira de a polícia impor políticas de morte aos moradores da comunidade, por outro ela evidencia qual tipo de proteção oferece, para quem e contra quem. O discurso da Polícia Civil do Rio de Janeiro determina a repressão violenta como único acordo de proteção viável. A utilização de verbos modais como “é preciso dar um basta nisso tudo”, “a sociedade precisa entender que…”, “a gente tem que acabar com…” evidencia um alto grau de desejo de violência por parte da polícia. Para que desejos dessa natureza sejam executados, o secretário demanda a produção de discursos hegemônicos que favoreçam práticas de violência contra pessoas negras e pobres, perpetuando assim estereótipos racistas que ainda hoje promovem a manutenção das relações de poder étnico-raciais em sociedade. A ação da polícia no Jacarezinho é apenas uma amostra das políticas de morte que viabilizam condutas morais na sociedade. Avaliação é desenvolvida por Fairclough (2003) como um sistema semântico que produz efeitos nos discursos e que, em sua realização, diversifica-se em uma gama de estruturas. Uma terceira estrutura, depois das declarações com juízo de valor e das declarações com modalidade deôntica, diz respeito aos afetos. Para o autor, com base em Halliday (1994) e Martin e White (2000), esses afetos podem ser analisados a partir de como participantes, processos, circunstâncias e fenômenos figuram nas experiências interpessoais. Contudo, observamos, notadamente, neste ponto da análise, como processos mentais de apreço, que podem se apresentar, por ocasião, como processos relacionais com atributo 365 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos afetivo (FAiRCLOUGH, 2003), contribuem para a construção discursiva das identidades dos policiais diante da chacina no Jacarezinho. Vejamos: Afeto como processo mental: “Pseudo entendidos de segurança pública criaram uma lógica de que, quanto mais inteligência, menor o confronto. isso não funciona assim”. Afeto como processo relacional: “Quanto mais precisa [é] a informação, maior é a resistência do tráfico”. Para classificar as emoções das falas dos entrevistados, adotamos a estratégia de mapear o terreno como um sistema de oposição. Assim, no primeiro exemplo, o que o processo mental produz é uma recusa de se criar/inventar/fantasiar estratégias teóricas, em favor de um olhar mais funcional, contra qualquer inteligência fantasiosa. Em outras palavras, na prática: “menos inteligência disfuncional, menor o confronto real”. O segundo exemplo, a propósito do processo relacional (transformado em mental afetivo, o tráfic[ante] resiste/repele/teima), reforça que, se a informação é precisa/garantida/certeira, o tráfico resistirá mais, ou seja, a única forma de não haver chacinas é com obtenção de informações sem planejamento, do ponto de vista da inteligência fantasiada. Ambos os exemplos têm em comum uma lógica pessoal “mais esclarecida” dos acontecimentos nas comunidades. O primeiro usa uma justificativa pessoal contra uma alternativa – encarnada como do senso comum – que supostamente eleva a função de especialistas sobre o aqui-agora funcional dos agentes. Reescrevendo a sua fala, ficaria: “Eu acho que se criou uma lógica em torno dos especialistas […]”. Contudo, este trabalho não concebe a ligação naturalizada de especialistas como antirracistas, evitando, assim, a interpretação dualista de, ao achar problemática a negação do policial da necessidade de uma postura especializada, ignorar toda a postura ideológica e política contingencial desses especialistas. Por sua vez, o segundo exemplo vê a precisão da informação por um viés pessoal, visto que, em um plano contrário, podemos asseverar: se houve confronto na comunidade, a informação não foi tão precisa quanto deveria. 366 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos Além dos casos explícitos supracitados, existe ainda a subcategoria de valores pressupostos, para quando não se tem marcadores muito nítidos de Avaliação. Por exemplo, certas avaliações de apreço passivas – do tipo A operação foi muito planejada, com todos os protocolos e em cima de 10 meses de investigação – situam-se entre polos (a polícia planejou/ pretendeu/quis a operação), mas muito do fenômeno é deixado implícito (a polícia se recusa a dizer que está insatisfeita com a chacina). Esses casos são normalmente difíceis de categorizar (MARTiN; WHiTE, 2000). Sobre isso, Fairclough (2003) nos aconselha a pensar no significado como em uma escala de intensidade, em um jogo de preenchimento das faltas, como se mostra a seguir: A polícia obedeceu à protocolos na Operação Exceptis (baixo comprometimento); A polícia está confiante [ao não se mostrar envergonhada] com os resultados da operação/chacina (médio); A polícia defende [ao dizer que foi planejada por 10 meses] o sucesso da operação/ chacina (alto). Essa linha de raciocínio propositiva implícita se constrói, por exemplo, pelo desvio temático que a seguinte fala expõe e deixa de expor: “a falta de operação [é que] dá um péssimo resultado” [não a chacina]. Dessa forma, os sentimentos dos policiais podem ser classificados de um menor valor, em uma escala de intensidade, em direção a um maior valor. Não queremos sugerir que a escala de valores é sempre indiscreta, mas uma possibilidade para as análises desses pressupostos emocionais é oferecer uma lexicalização que se classifique ao longo de uma escala organizada. Em um momento, na coletiva, podemos ver: O tráfico vai cooptando […] Baixa: crianças, principalmente adolescentes. Baixa (eufemizada): Aviãozinho. Média-baixa: Responsável por uma determinada carga de drogas. Média-baixa: Recebe uma arma. Mediana: “Executor”. Mediana: Segurança do traficante. Mediana: Responsável pela contenção. Alta: Maioridade – gerente do tráfico de drogas. Alta: Chefe do tráfico. 367 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos Nesse caso, os sentimentos que envolvem o pretendido da operação não cumprem com o objetivo de reação ao aliciamento de menores, na medida em que a criança é entendida, no final da escala, como futura chefe do tráfico. O primeiro estímulo da operação, que seria de proteção da infância, é ignorado com base em uma predestinação onisciente, absoluta e soberana da coesão social racista. O fio condutor pressuposto leva as crianças das comunidades a serem vistas como ameaças, uma vez que a cooptação do tráfico seria impossível de se prevenir. Os exemplos que fornecemos não são de forma alguma exaustivos, mas incluídos simplesmente para dar a essência da gama de significados envolvidos e enfatizar o fato de que a escolha de um item lexical ou outro sempre envolve avaliar a profundidade do sentimento. A fim de fazer justiça a esse tipo de elaboração lexical, precisaríamos desenvolver topologias semântico-pragmáticas, por meio de uma gama maior de exemplos e fontes. Um projeto muito além do escopo deste trabalho. CONCLUSÃO O objetivo principal de investigar a construção discursiva policial sobre a chacina do Jacarezinho – projetada na entrevista coletiva cedida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da categoria Avaliação – permitiu-nos arrematar que a construção do discurso oficial sobre o caso colabora para a hegemonia racista e para a criminalização da pobreza. Para chegarmos a essa conclusão, primeiramente, examinamos a conjuntura sócio-histórica da construção discursiva da chacina do Jacarezinho na entrevista da Polícia Civil, identificando quais fenômenos sociais eram mais relevantes, no momento circunvizinho à produção da coletiva. Nesse momento, o conservadorismo em crise se mostrou mais radical, depois da CPi da Covid-19 e do “ressurgimento de Lula”, o que fez reacender discursos sobre armamento civil, ódio de classe e desqualificação de pessoas e entidades que defendem os Direitos Humanos. Desse modo, o evento local da chacina foi usado para proclamar períodos de aumento da discriminação, como reforço da agenda conservadora política. 368 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos Depois disso, analisamos, do ponto de vista do interstício entre os três significados – identificacional, acional e representacional – como a chacina do Jacarezinho foi construída, através do discurso oficial, a partir das subcategorias da Avaliação, a saber: das declarações com juízo de valor, das declarações com modalidade deôntica, das declarações com processos mentais e dos valores pressupostos. Nesse ponto, os policiais: justificaram a necessidade de ações como a de Jacarezinho, afirmando que os confrontos são inevitáveis; deslegitimaram os estudiosos e os dados oficiais de segurança pública, acarretando sobre si mesmos uma lógica pessoal “mais esclarecida” dos acontecimentos nas comunidades; sinalizaram que agiram de acordo com a Lei; criaram um inimigo comum, o “ativismo judicial”; e montaram um cronograma de vida, para a criança moradora do Jacarezinho, que a viu, ao final, como futura chefe do tráfico. Sobre a nossa posição, a partir da qual o trabalho foi realizado, percebemos os limites de uma análise feita para um exercício de prática teórica. Para uma compreensão mais global, precisaríamos ter contato com as pessoas envolvidas na tragédia e usarmos suas perspectivas para nos ajudar a determinar o que realmente seria mais problemático. Além disso, reconhecemos vir de uma posição particular dentro de um campo teórico específico, que, sobretudo, implica uma perspectiva sobre a categoria analítica estudada, ou seja, outros trabalhos sobre a mesma coletiva poderiam, por exemplo, ser orientados para os problemas dentro da Gramática do Design Visual. Há, é claro, outras reflexões a propor sobre a análise, por isso, mantemo-nos inclinados a contribuições que visem à emancipação de vidas precarizadas, à denúncia de assimetrias e, por fim, à mudança social. REFERÊNCiAS BEAUGRANDE, R.-A. de; DRESSLER, W. U. Introducción a la lingüística del texto. Barcelona: Ariel Linguística, 1997. CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. 369 análise de disCurso CrítiCa: exerCíCios analítiCos COLETiVA de imprensa operação Comunidade Jacarezinho. 2021. Rio de Janeiro: [s. n.], 1 vídeo (1h04min53s). Publicado pelo canal Cesar Sales. 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II. Assunto. III. Organizador. Bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8/8846 Índices para catálogo sistemático: 1. Análise do discurso. 401.41 2. Linguística. 410 3. Saúde pública / Medicina preventiva / Prevenção contra epidemias e pandemias. 614 9 786556 375441