BROTTON, Jerry. Money: Joan Blaeu, Atlas Maior, 1662.In:
A History Of The World In Twelve Maps. London: Peguin Books, 2013.
(p. 260-294)
LONDRINA
2014
ANAELIZA BARBOSA ROSISCA
NATÁLIA FIGUEIREDO CIRINO DE MOURA
SIBELE DOS SANTOS RODRIGUES
BROTTON, Jerry. Money: Joan Blaeu, Atlas Maior, 1662.In:
A History Of The World In Twelve Maps. London: Peguin Books, 2013.
(p. 260-294)
Trabalho
apresentado
à
disciplina
de História Moderna I, do 2º semestre
de
Licenciatura
em
História,
sob
orientação da Prof.ª Dr.ªMaria Renata
Duran.
LONDRINA
2014
O objetivo desta resenha é discutir o conteúdo apresentado no capítulo
Money da obra “A History of the World in Twelve Maps” de Jerry Brotton.
O autor inicia sua discussão com o acontecimento de 29 de julho de
1655 no qual a nova cidade de Amsterdã é inaugurada oficialmente. Esta nova
Amsterdã que ganha um significado de “novo centro de poder político e
comercial na Europa moderna”.
Com isso, evidencia Joan Blaeu (1598-1673), um renomado cartógrafo
da Época Moderna ao contrário de outros conseguiu ser um cartógrafo oficial
em 1638 da empresa Holandesa das índias Orientais (conhecida também como
VOC) e assim descrever com precisão diversas áreas. Criou mapas com
diversos objetivos tanto políticos quanto comerciais. Dedicou um deles a Don
Gaspar de Bracamonte e Guzmán, líder espanhol.
O mapa chamado Nova Totius Terrarum Orbis Geographica ac
Hydrographica
Tabula
indicava
a
teoria
Heliocêntrica
de
Copérnico
incorporada, ou seja, possivelmente derrubando as crenças gregas e cristãs de
um universo geocêntrico, o cientificismo surge para que Blaeu seja o primeiro a
utilizar-se desta teoria revolucionária em um mapa do mundo.
Para os burgueses da República, Amsterdã estava no centro do
mundo, e com isso nem acharam necessário colocar a cidade no meio dos
hemisférios de mármore antes polidos no Salão de Burguesaal onde ocorreu a
inauguração oficial com um banquete.
A VOC queria excluir os competidores europeus daquela rota comercial
e implicou em mudanças como a transformação do papel dos mapas, houve
uma necessidade por parte da Casa de La Contratacíon de padronizá-los por
meio de organizações como essa.
Ocorre então uma cartografia com negócios rentáveis, cartógrafos
importantes,
como
o
primeiro
a
nomear
o
continente
americano,
Waldseemuller, Mercator e Ortelius (criador do primeiro Atlas Moderno
“Theatrum Orbis Terrarum”) são contratados por empresas comerciais e
competem entre si pelo trabalho mais apurado em função das rotas comerciais
e ajudar no comércio exterior. Chega a ocorrer privilégios como o caso de
Cornelis Claesz (1551-1609) para vender vários mapas a serem comprados por
qualquer valor.
Segundo Jerry Brotton (2013, p. 264). “Mapas foram se tornando um
comércio relativamente rentável, e seus criadores foram sendo gradualmente
institualizados pelas empresas que precisavam deles. (...) O Português tinha
introduzido a arte científica da cartografia moderna, mas foram os holandeses
que a transformaram em uma indústria.”
O objetivo deste capítulo se encontra em dizer que a relação entre a
produção de mapas por necessidades comerciais deriva no dinheiro, poder
econômico. Parafraseando o autor “Todos os cantos da Terra, estavam sendo
mapeados e demarcados de acordo com as possibilidades comerciais, um
novo mundo estava sendo definido por novas maneiras de fazer dinheiro.”
A maior contribuição para a cartografia de Blaeu, é sem dúvidas a
publicação cartográfica produzida no século XVII chamado de “Grandes Atlas
ou Cosmografia de Blaeu”, publicado em 1662. Falar em Atlas não significa que
deveria ser o mais atualizado, pelo menos não nesse contexto, que foi o mais
abrangente da época.
Blaeu fez parte de uma linhagem de cartógrafos que perdurou três
gerações, começando com seu pai e terminando com o filho de Joan Joan II.
Seu nome só deixou de ser usado quando em 1703 o VOC percebeu que o
controle de Blaeu sobre a cartografia holandesa tinha chego ao fim.
O cartógrafo passou um tempo fazendo observações de estudos com
um astrônomo chamado Brahe e contribuiu de diversas formas no seu modo de
trabalhar. Conseguiu ultrapassar Veneza como centro de comércio de livros
europeu se tornando um dos maiores vendedores de livros e tipógrafos que
trabalhava na cidade. Criou então seu próprio negócio de impressão em
Amsterdã, no qual publicava poesias e guias práticos para marinheiros, bem
como o “Light of Navigation de 1608.
Para se destacar dos cartógrafos concorrentes, Blaeu em 1604 lança
três mapas do mundo distintos, com projeções individuais. As questões da
Holanda da época como preocupações políticas, econômica e etnográfica
perduram no começo do século XVII. Ao descrever o mapa “Nova Totius
Terrarum Orbis Geographica ac Hydrographica Tabula” consegue-se perceber
de certa forma uma visão eurocêntrica na projeção, pois segundo o autor “(...)
onde a Europa fica em majestade receber presentes de seus súditos.”
Podemos considerar a grande relevância do mapa de Willem Blaeu,
pois esse refletia em detalhamento, aspectos importantes da República
Holandesa (cidades imperiais, gama de pessoas e os imperativos mercantis).
Essa cobertura do mundo refletia a potencialidade da Europa como a
grande exportadora de produtos. De acordo com Brotton (2012, p. 276)
podemos comprovar que a Europa era “...avaliada em todos os lugares do
mundo pelo seu potencial comercial, da Europa como uma personificação do
comércio, para a África e os mexicanos, oferecendo seus produtos para se
enriquecer de comércio, como continente preeminente do globo”.
O sucesso dos mapas de Blaeu pode ser explicado pelo quão longe
suas produções cartográficas foram representadas em pinturas de interiores
holandeses e naturezas mortas por vários pintores holandeses do século XVII.
Um bom exemplo citado pelo autor, foi Johannes Vermeer. Na pintura “O
geógrafo” de Vermeer, se identifica um mapa, logo atrás dos protagonistas na
obra, como sendo o “Sea Chart of Europe” (1605) de Blaeu. Outros pintores
como Nicolaes Maes e Jacob Ochtervelt também se destacaram pelo interesse
em mapas e suas representações, porém, esses não compartilhavam da
mesma precisão que Vermeer. Outra pintura importante desse artista foi
“Officer with a Laughing Girl” (1657) onde:
[...] mostra um mapa da Holanda e do Ocidente Friesland
(orientado como a oeste, na parte superior), que está
pendurado na parede por trás da cena doméstica de uma
mulher e um soldado; o seu é tão visualmente
interessante como temas principais da pintura.
(BROTTON, 2012, p. 277)
De acordo com Brotton (2012), na escolha de reproduzir um mapa das
províncias holandesas em sua pintura, Vermeer expressa o orgulho popular na
unidade política e geográfica da República que havia recentemente se tornado
independente.
Essa obra é identificada como a criação do cartógrafo holandês
contemporâneo Balthasar Florisz. van Berckenrode. Os Estados Gerais
concedeu a Berckenrode o privilégio de publicar o mapa (sua versão do mapa
representado na pintura de Vermeer), que foi vendido por 12 florins por cópia.
É possível compreender o apoio político na privação e comercialização desses
mapas, que não significava diretamente o seu sucesso comercial. A violação
de privilégios poderia ser punida com uma multa substancial, as quais eram
sancionadas pelos Estados Gerais.
Não tendo muita sorte em suas vendas, Berckenrode vendeu seus privilégios
de publicações a Willem Blaeu em 1621. Assim como cita Brotton (2012, p.
278), em relação ao mapa, Blaeu:
[...] convenceu Berckenrode a remapear suas regiões do
norte com maior precisão, e tornou-se cada vez mais
popular ao longo dos anos de 1620. Blaeu começou a
reproduzi-lo até 1699, quando o privilégio é expirado, e o
mapa se torna uma edição com o nome de Blaeu em que
Vermeer reproduz em sua pintura.
Embora Blaeu não tenha sido o autor do mapa, assinou-o como sendo
de sua autoria, o que levou Vermeer a compreender dessa forma ao se utilizar
do mapa na pintura. Era frequente a apropriação de mapas feita por Blaeu e
seus filhos, num intuito de prosperarem e possuírem vantagem comercial. No
final da segunda década do século XVII Blaeu havia se estabelecido como um
dos principais impressores e cartógrafos de Amesterdã.
Seu sucesso foi, em parte, devido aos seus talentos como
cientista gravador e homem de negócios, uma
combinação que a maioria de seus rivais não tinham.
(BROTTON, 2012, p. 278)
Entretanto, não sendo apenas isso, Blaeu surgiu em um momento
crucial na história da República. Ele estava em uma posição na qual poderia
aproveitar as oportunidades comerciais fornecidas pelos doze anos de trégua
acordada entre Espanha e a República Holandesa, em 1609, que rapidamente
permitiu a República de prosseguir o comércio internacional irrestrito pela
oposição política e militar espanhola. A princípio o acordo trouxe prosperidade
comercial, mas dividiu as províncias em dois campos opostos, intensificando
também, uma complexa divisão teológica entre os calvinistas (apoiados pelo
príncipe Maurice e vários diretores do VOC) e seus opositores.
Blaeu
se
posicionou do lado errado da disputa, nascido em movimento Menonita (ramo
dos anabatistas do século XVI) foi desclassificado para ser o representante
cartográfico oficial devido as suas convicções políticas e religiosas. Porém,
continuou seus negócios ao longo dos anos de 1620, mas agora, com a ajuda
de seu filho Joan.
No final da década, ele ampliou sua gama cartográfica em mapas de folhas
soltas, globos, mapas de parede e por fim em atlas.
[...] ele agora se diversificou em atlas, fazendo uma
aquisição que gerou uma das rivalidades mais amargas
na cartografia do século XVII, e que levou à criação do
‘Atlas Maior’ de Joan Blaeu. (BROTTON, 2012, p. 279)
Essas aquisições foram adquiridas em 1629 por Blaeu, cerca de
quarenta mapas em cobre do gravador e cartógrafo holandês Jodocus Hondius
recentemente falecido. Hondius fazia parte de uma dinastia cartográfica
iniciada por seu pai, um dos primeiros fornecedores de mapas para o VOC. Ele
adquiriu várias peças do Atlas de Mercator, e, apesar de ter destruído o design
e a integridade do Atlas original de Mercator, negociando no nome do grande
cartógrafo (e o que ele tinha produzido) Hondius alcançou o sucesso financeiro
imediato. De acordo com Brotton (2012, pag. 279) “Os novos atlas eram tão
populares que em apenas seis anos antes de sua morte em 1612, ele publicou
sete edições em latim, francês e alemão”.
O que hoje é conhecido como o Mercator-Hondius Atlas estava longe de
ser abrangente em seu alcance geográfico, e seus mapas adicionais variou em
qualidade. Acrescentando a isso, os concorrentes desse atlas possuíam um
valor mais caro o que levou a consideração do mapa mais viável
financeiramente.
Com a morte de Hondius em 1629 Blaeu viu sua oportunidade. Embora
o atlas Mercator-Hondius passou a dominar o mercado, a briga familiar impediu
edições
subsequentes
de
incorporar
quaisquer
novos
mapas,
e
foi
efetivamente estagnada. Nesse período, Blaeu adquiriu mapas de Henricus, e
mais uma vez se apropriou da autoria das obras para benefício próprio.
Em 1632, o cargo de cartógrafo oficial ao VOC ficou vaga com a morte de
Hessel Gerritz. A nomeação de Blaeu era logicamente esperada, e em 1632
representantes do VOC o visitou para lhe oferecer o cargo, o qual ele aceitou
imediatamente. Ele foi formalmente nomeado em 3 de janeiro de 1633 e seu
contrato estipulava a responsabilidade por manter um registro de diário de
bordo dos pilotos de VOC que viajam para o Sudeste Asiático, corrigindo e
atualizando mapas e cartas marítimas da empresa, a nomeação de pessoas
"de confiança" para fazer os mapas, mantendo sigilo absoluto, e fornecer um
relatório semestral aos diretores seus esforços cartográficos. Em troca, ele
recebia um salário anual de 300 florins, um salário modesto em relação aos
dos demais funcionários.
Mesmo sendo nomeado como cartógrafo oficial do VOC, Blaeu
continuou na disputa do monopólio comercial de seus mapas. Porém, com o
desespero e pressa para que isso acontecer, muitos de seus mapas foram
publicados incompletos, o que não acarretou sucesso as publicações.
É evidente que o intuito de Blaeu ere dominar o mercado cartográfico de atlas,
e de fato ele conseguiu.
Willem, infelizmente, só tinha um ano para desfrutar de
sua proeminência como o maior impressor da Europa. Em
1638 ele morreu legando os negócios da família para
seus filhos Joan e Cornelis. A morte de Willem marcou o
fim da primeira fase da ascensão da dinastia Blaeu à
dominação quase completa de impressão e cartografia na
república holandesa. (BROTTON, 2012, p. 279)
De fato, sua carreira lhe rendeu posição na vanguarda de impressão e
cartografia em Amsterdã. Ele abriu o caminho para colocar cartografia dentro
dos aspectos de políticas públicas e comerciais do Estado, mantendo-se
imparcial na teoria de Galileu em suas publicações do VOC.
Para dar subsequência a tradição cartográfica da família, em 1638 Joan Blaeu
assumiu o cargo de cartógrafo oficial do VOC. Presenciou um processo de
expansão marítima e de frotas, o que faria necessário mais produções de
mapas para os pilotos navegadores do VOC. Em relação aos mapas levados
em viagens “em uma tentativa de restringir a sua circulação, o VOC ordenou
que os gráficos que não retornasem de uma viagem teriam de ser pagos”.
(BROTTON, 2012, p. 280)
Joan Blaeu não conseguiu apenas prosperidade financeira com seu
cargo no VOC, mas também receberam informações exclusivas para seus
gráficos, influenciando assim vários outras iniciativas. De fato, sua contribuição
para a cartografia foi de extrema importância, pois conciliou esse campo à
áreas culturais e cívicas e religiosas.
Ampliouasatividades de suacasa de impressãoemBloemgracht, publicando
obras religiosas decatólicos, bem como RemonstranteseSocinianos(uma seita
liberalquerejeitava a idéiada Trindade,equeeram desprezados peloscalvinistas.
Posteriormente, assumiu variados cargos públicos: conselho da cidade,
incluindo um período como vereador, capitão da guarda cívica e como
missionário de fortificações.
A disposição aparentemente liberal das práticas de
impressão de Blaeuherdados deseu pai, continuou a
definir suas decisões editoriais, mas elas eram
inevitavelmente
influenciadas
por
considerações
comerciais. Ele também usou sua riqueza para investir no
cultivo das Ilhas Virgens, comprometendo-se a fornecer
escravos africanos para trabalhar em suas plantações.
Blaeu como empregador, suas atividades como traficante
de escravos mostram que ele herdou crenças libertárias
tanto de seu pai e de sua veia empreendedora implacável.
(BROTTON, 2012, p. 283)
A ambiçãopermanentede Joan Blaeucomo um impressorconseguiu de
uma vez por todas dominar o comércio de atlas. E, mesmo tendo sido
nomeado como cartógrafo oficial do VOC e recebendo informações
previligiadas para seus mapas, ainda havia uma forte concorrência de
Johannes Janssonius. Ambos estavam em uma disputa para produzirem os
melhores atlas do mercado.
Abandonaram posteriormente a referência de autores antigos para
produzirem novos modelo de mapas. Em 1640, Blaeu emitiu um novo atlasem
trêsvolumes, introduzindo novos mapasda Itália e daGrécia.
Podemos perceber que o valor dos mapas, ainda várias edições, era
bastante alto para a época. Apenas um volume do Atlas de Blaue era vendido
de 25 a 36 florins e a edição completa chegava a custar 216 florins. 450 florins
era um salário anual decente para um artesão do século XVII e o equivalente
em moeda de hoje para cerca de 20 mil libras.
Fica evidente a competição entre Blaeu e Janssonius, este que chegou a
ganhar ampla vantagem em no trabalho do ano de 1650 e 1658 acrescentando
ao seu sexto volume 450 mapas, superando o atlas de seu rival com 403.
Chegou até a ultrapassar não somente Blaeu como também vários tratados
cosmográficos do século XVI. A rivalidade foi tão grande que o trabalho de
Janssonius, foi considerado mais equilibrado e abrangente mesmo possuindo
recursos financeiros menores que seu adversário.
Foi aí que Blaeu decidiu “eclipsar” de vez seu Janssonius com a ideia de
ampliar seu trabalho numa descrição ais abrangente da terra, mares e céus.
"Grande atlas ou cosmografia Blaeus, em que a terra, o mar e os céus são
muito bem descrita”. E para que este grande projeto desenvolvesse,
necessitava de foco e recursos financeiros. Para isso em 1662, abriu mão de
seu império de negócios (venda de livros, impressões), realizou uma liquidação
de seu estoque para atingir os recursos e poder investir sua última e maior
publicação. Por isso precisava de muito dinheiro.
A ambição para este novo projeto era tanta que Blaeu publicou já de
imediato 5 volumes, a primeira em Latim, na sequência, Frances, holandês,
espanhol e alemão. Este trabalho, com o objetivo de dominar o mercado
europeu de mapas, superou com certeza todos seus trabalhos anteriores e
também
de
Janssonius.
As
estatísticas
de
sua
publicação
foram
surpreendentes, chegando a 1550 cópias. Destaca-se também a mão de obra
envolvida de número muito elevado do que o normal, envolvendo 5 tipógrafos
que trabalharam cerca de 100.000 horas, com mais de 80 funcionários em sua
oficina em Bloemgracht.
Chama a atenção também o valor dos materiais para venda, 200 florins
cada, e havia ainda variação de edição para edição. As coloridas a mão
chegavam até a 450 florins. O que permitia somente os ricos a comprarem, ou
pessoas influentes, investidores interessados na expansão política e comercial.
Depois de tanta expectativa, o mapa não mostrou muita inovação,
repetiu algumas imagens, porém Blaeu inseriu alguns elementos alternativos
como mapas de lugares desconhecidos correndo risco de afastar alguns
compradores mais conservadores.
Em seguida, lançou o “novo e muito preciso mapa do mundo inteiro”,
neste sim havia elementos relativamente inovadores como projeções
hemisféricas gêmeas (resgatando Ptolomeu- projeções estereográficas),
recurso que foi utilizado e muito no renascimento pelos astrônomos para fazer
estrelas e gráficos e representar a curvatura da terra.
Apesar de toda estes novos elementos, haviam muitos defeitos ainda no
mapa como imperfeições dos estados, como um exemplo, a Califórnia era
representada por uma Ilha. O que mudou no Mapa 1662 foi as suas elaboradas
decorações de fronteira. Na parte inferior há quatro personificações alegóricas
das estações do ano. Acima das "hermispheres" gêmeas em um ainda mais
elaborado cena alegórica: à esquerda, acima do hemisfério ocidental, está
Ptolomeu, segurando um par de divisores em uma das mãos uma esfera
armilar em um terrestre, é Copérnico, colocando um conjunto de divisores para
a superfície de uma esfera terrestre.
No olhar do historiador podemos perceber que interpreta o mapa como a
“cosmologia nos dois sentidos” apresentando tanto a ideia geocêntrica de
Ptolomeu e a heliocêntrica de Copérnico. Realiza uma crítica as intenções de
Blaeu logo na introdução que prefacia seu atlas, em que afirma que há
divergência entre os cosmógrafos entre as duas teorias, implica a as teorias e
expõem em seu mapa, porem defende ironicamente que a teoria heliocêntrica
não era mais coerente. Para o Brotton, este argumento era maravilhosamente
hipócrita. Fazia-se claro que Blaeu não tinha tanta pretensão em investir na
defesa de polemicas, mesmo seu mapa estar claramente defendendo o
sistema heliocêntrico de Copérnico, em que desaloja a terra do centro do
universo. Neste ponto, com a falta de clareza de sua posição, se distancia da
radicalidade de seu pai, certamente, pois não queria afastar seus compradores
fieis a teoria de Ptolomeu.
Apesar de toda esta polêmica, que muitos, na época nem conseguiram
perceber, a obra teve um sucesso notável, sendo copiada em vários países.
Esta publicação também marcou o fim da rivalidade com Janssonius. Pois o
mesmo faleceu, sem poder superar novamente Blaeu.
O triunfo de Blaeu, porém, teve curta duração. Um incêndio em 1672
varreu boa parte de seus instrumentos de trabalho, com prejuízo com de 382
florins. O pior foi a decadência decorrente da disputa política entre a Holanda e
a frança, substituindo o poder para William de Orange (julho de 1672). Com
sua editora em ruínas e sua influência política foi rapidamente ao declínio
morrendo em 1673, aos 75 anos.
A morte e Blaeus e Janssonius, evidenciou o fim de uma época de
Ascenso de investimentos de mapas. O mercado e o clima político haviam
desanimado grandes investimentos de capital em atlas “multi-volumes”.
Por fim, a história do Atlas de Blaeu foi surpreendente, nem ele mesmo
havia esperado tanta repercussão e seu trabalho incentivou o trabalho de
vários estudiosos como o advogado Van der Hem (1621- 1678) Tendo não
conseguiu concluir seu projeto, mas adaptando tantas cópias de sua primeira
parte para destinatários individuais, Blaeu inadvertidamente provocou na
abordagem totalmente nova para o consumo atlas: o que ficou conhecido como
"atlas compostos”.
Com sua bela tipografia, decoração elaborada, coloração requintado e
suntuoso vinculativo, Blaus Atlas Maior foi inigualável na impressão do século
XVII. Era o produto de uma república holandesa que, após a sua luta violenta o
intervalo livre da acumulação de riqueza através da aquisição de territórios.
Blaeu produziu na atlas que acabou por ser impulsionado pelos mesmos
imperativos. Para Brotton, Blaeu representou o fim da tradição de inspiração
clássica de aquisição de conhecimento geográfico universal que tinha
conduzido cartógrafos desde Ptolomeu. Blaeu levava em conta que muitos de
seus clientes compravam o mapa pelo seu valor decorativo mais do que em
suas inovações científicas ou precisão geográfica. Ele não ofereceu nenhuma
nova forma de ver a palavra em termos de escala ou de projeção, embora
tenha sutilmente apresentar um mundo já não posicionado no centro do
universo, pois para Blaeu “a teoria heliocêntrica era apenas tão bom quanto os
seus números de vendas”. Para o Autor, Blaeu com este comportamento não
queria favorecer o entendimento científico do mundo, como fez Mercador, mas
sim estava somente interessado no dinheiro consequente da fama de seus
quadros.
Podemos concluir dessa forma, que o título do capítulo, “Money”,
representa o que está em evidencia realmente na construção e na elaboração
dos grandes guias geográficos, atlas conjunto de mapas, ou até mesmo itens
decorativos de luxo da modernidade europeia. Foi feliz a colocação do autor, e
da perspicácia em reconhecer as atitudes muitas vezes antiéticas e desonestas
na construção desses guias geográficos, com a intenção de nada mais que
status social e enriquecimento financeiro. A projeção científica de formas de
estudo do globo terrestre, foi deixada de lado. A VOC foi um exemplo desta
ambição empreendedora que favoreceu a expansão em cima ampla
concorrência deste ramo. Até quando Blaeu inseriu elementos inovadores
sobre a teoria polêmica heliocêntrica de Copérnico, que poderia ter alcançado
fins de desenvolvimento científicos grandiosos, esses representavam apenas
itens decorativos, ilustrações em seu mapa.