http://dx.doi.org/10.30681/252610104707
ARTIGO ORIGINAL
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais peçonhentos em
Santarém – PA
Epidemiological profile and clinical management of accidents by venomous animals
in Santarém - PA
Perfil clínico y epidemiológico de las víctimas de accidentes por animales venenosos
en Santarém – PA
Luan Duarte Lopes1, João David Batista Lisbôa2, Flávia Garcez da Silva3
RESUMO
Objetivo: identificar o perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por
animais peçonhentos no município de Santarém, Pará. Método: estudo quantitativo,
descritivo e transversal, utilizando dados do Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN), da Divisão de Vigilância em Saúde de Santarém (DIVISA) e
informações sobre o manejo clínico realizado no Hospital Municipal de Santarém.
Resultados: foram notificados 2658 no SINAN e registrados 2754 casos na DIVISA,
ocorrendo predominantemente nos meses de janeiro, setembro e outubro. A maioria dos
casos foram indivíduos do sexo masculino, entre 20 a 64 anos. Os tipos de acidentes
foram provenientes principalmente de serpentes e escorpiões. A maior parte dos
acidentes foi classificada como “moderada”, evoluindo para cura. Conclusão: os dados
mostraram que existem possíveis falhas na notificação desses acidentes devido à
expressividade da categoria “ignorado/branco”. Além disso, constatou-se uma
inconsistência entre as duas fontes de dados (SINAN e DIVISA).
Descritores: Ecossistema Amazônico; Antivenenos; Animais Venenosos.
ABSTRACT
Objective: to identify the clinical and epidemiological profile of victims of accidents
caused by poisonous animals in the municipality of Santarém, Pará. Method:
quantitative, descriptive and cross-sectional study, using data from the Notifiable
Diseases Information System (SINAN) from the Santarém Health Surveillance Division
1
Acadêmico de Farmácia. Universidade Federal do Oeste do Pará. Santarém, Pará, Brasil. E-mail:
[email protected] ORCID ID: https://orcid.org/0000-0001-5604-7295 Autor para correspondência Endereço: Rua Vitória, 407-Caranazal, Santarém - PA - Brasil, CEP 6804-0305.
2
Farmacêutico. Mestre em Sociedade, Ambiente e Qualidade de Vida. Residente da Universidade Federal do Oeste do
Pará Santarém, Pará, Brasil. E-mail:
[email protected] ORCID ID: https://orcid.org/0000-0003-2885-1360
3
Farmacêutica. Doutora em Toxicologia. Docente da Universidade Federal do Oeste do Pará. Santarém, Pará, Brasil. Email:
[email protected] ORCID ID: https://orcid.org/0000-0002-0513-6017
Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0
Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio,
desde que a publicação original seja corretamente citada
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
ISSN 2526-1010
161
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
(DIVISA), and information on clinical management carried out at the Santarém
Municipal Hospital. Results: 2658 were reported in SINAN and 2754 cases were
registered in DIVISA, occurring predominantly in the months of January, September and
October. Most cases were male, between 20 and 64 years old. The types of accidents
came mainly from snakes and scorpions. Most accidents were classified as “moderate”,
evolving to cure. Conclusion: the data showed that there are possible failures in
reporting these accidents due to the expressiveness of the “ignored / white” category.
In addition, there was an inconsistency between the two data sources (SINAN and
DIVISA).
Descriptors: Amazonian Ecosystem; Antivenins; Animals, Poisonous.
RESUMEN
Objetivo: Identificar el perfil clínico y epidemiológico de las víctimas de accidentes
causados por animales venenosos en el municipio de Santarém, Pará. Método: Estudio
cuantitativo, descriptivo y transversal, utilizando datos del Sistema de Información de
Enfermedades Notificables (SINAN), de la División de Vigilancia Sanitaria de Santarém
(DIVISA) e información de gestión clínica realizada en el Hospital Municipal de
Santarém. Resultados: en el SINAN se notificaron 2658 y en la DIVISA se registraron
2754 casos, ocurriendo predominantemente en los meses de enero, septiembre y
octubre. La mayoría de los casos fueron de sexo masculino, entre 20 y 64 años. Los tipos
de accidentes provinieron principalmente de serpientes y escorpiones. La mayoría de los
accidentes se clasificaron como "moderados", evolucionando para curar. Conclusión: los
datos mostraron que existen posibles fallas en la notificación de estos accidentes
debido a la expresividad de la categoría “ignorados / blancos”. Además, hubo una
inconsistencia entre las dos fuentes de datos (SINAN y DIVISA).
Descriptores: Ecosistema Amazónico; Antivenenos; Animales Venenosos.
No Brasil, os escorpiões lideram
INTRODUÇÃO
as causas de acidentes por animais
são
peçonhentos, sendo as espécies com
biologicamente capazes de produzir e
mais casos graves: Tityus bahiensis,
armazenar substâncias potencialmente
Tityus serrulatus e Tityus stigmurus5,6.
tóxicas em glândulas para inoculá-las em
Dentre as serpentes estão Bothrops ssp.
suas presas ou predadores, através de
(jararaca);
aparelhos
Lachesis ssp. (surucucu pico-de-jaca) e
Os
animais
peçonhentos
excretores
modificados,
aguilhões
como
dentes
ferrões1,2.
e
Micrurus
Crotalus
ssp.
ssp.
(coral
(cascavel);
verdadeira)7.
Estima-se que existam mais de 100 mil
Enquanto as aranhas de maior interesse
espécies peçonhentas espalhadas pelo
para a saúde pública são do gênero
mundo3 com incidência maior em países
Phoneutria
tropicais
Latrodectus (viúva-negra) e Loxosceles
e
subtropicais.
Os
latino-
americanos se destacam por possuírem
(aranha-armadeira),
(aranha-marrom)8.
maior diversidade de habitats4.
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
162
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
principais
danos à saúde coletiva13. Uma análise
animais peçonhentos registrados são as
dos acidentes causados por animais
serpentes, escorpiões, lagartas, abelhas,
peçonhentos possibilita a implementação
aranhas, lacraias, formigas, vespas e
de métodos eficazes de prevenção,
arraias9. Os acidentes provocados por
controle e identificação dos casos14. O
esses
tratamento consiste majoritariamente
Na
Amazônia,
animais
os
possuem
grande
importância no mundo, devido a sua
na
frequente ocorrência, grande número de
antivenenos,
casos, gravidade clínica, podendo levar a
cientificamente capaz de neutralizar a
morbidade e/ou mortalidade7,9,10.
ação das substâncias tóxicas injetadas
O manejo clínico das vítimas
acidentadas por animais venenosos segue
um
protocolo
de
pois
soroterapia
é
o
único
por esses animais, através de anticorpos
específicos15,16.
pelo
Atualmente, o Brasil conta com
Ministério da Saúde, podendo sofrer
Sistema de Informação de agravos de
alterações de acordo com a região em
Notificação (SINAN), Sistema Nacional de
que acontecem esses acidentes11. O
Informações
fluxo
(SINITOX/FIOCRUZ),
desse
seguinte
preconizado
administração
manejo
forma:
acontece
primeiramente
da
o
Tóxico-Farmacológicas
Informações
Sistema
Hospitalares
do
de
Sistema
paciente é estabilizado (avaliação dos
Único
sinais vitais), verifica-se o histórico
Informação sobre Mortalidade (SIM), para
(local da picada, tempo aproximado
as notificações de acidentes por animais
decorrido, se fez usa de garrote ou usou
peçonhentos17.
algum
espécie
remédio)
e
causadora.
identificação
O
da
tratamento
de
Saúde
Segundo
Estado
do
e
o
dados
Pará
se
Sistema
do
SINAN,
destaca
de
o
em
consiste na higienização do local da
notificações de acidentes de animais
picada,
peçonhentos na região Norte. No ano de
controle
administração
do
dos
soro
sintomas
e
antiveneno,
quando necessário12.
Através
2017,
a
região
notificou
aproximadamente 17.340 novos casos de
de
estudos
acidentes
por
animais
peçonhentos,
epidemiológicos, é possível compreender
sendo 7.520 casos no estado do Pará18.
o processo saúde-doença na população,
Nesse sentido, este artigo tem como
avaliando a distribuição, a frequência e
objetivo identificar o perfil clínico e
os fatores determinantes relacionados a
epidemiológico de vítimas de acidentes
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
163
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
por animais peçonhentos no município
notificações das Unidades de Saúde e
de Santarém, Pará.
transmiti-las
para
o
SINAN.
Já
as
informações a respeito do manejo clínico
dos acidentes por animais peçonhentos
MÉTODO
foram
Trata-se
de
um
estudo
disponibilizadas
pelo
Hospital
Municipal de Santarém (HMS).
quantitativo, descritivo e transversal
As variáveis observadas na DIVISA
pautado em dados de acidentes com
foram: residência; anatomia do local da
animais
picada; frequência de manifestações
peçonhentos
ocorridos
no
munícipio de Santarém, Pará, no período
locais;
alteração
de janeiro de 2012 a dezembro de 2017.
administração de soroterapia. Para a
Utilizou-se duas fontes de dados de
criação do fluxo do manejo clínico foi
domínio público, disponibilizados pelo
analisado
Sistema de Informação de Agravos de
utilizado
Notificação (SINAN) e pela Secretaria
urgência/emergência do HMS das vítimas
Municipal de Saúde de Santarém, Pará.
acidentadas por animais peçonhentos.
o
da
coagulação
protocolo
pelo
de
e
conduta
setor
de
Os dados foram coletados entre
O Sistema de Informação de
é
agosto e dezembro de 2019, transcritos
responsável por coletar, transmitir e
utilizando o programa Microsoft Excel
disseminar dados de doenças e agravos
2010,
de notificação compulsória nacional. As
planilhas,
variáveis
tabelas. E analisados por estatística
Agravos
de
Notificação
observadas
(SINAN)
nesse
sistema
para
a
sistematização
montagem
de
simples.
gráficos
e
foram: mês e ano; gênero; faixa etária;
descritiva
escolaridade; tipo de agente e tipo de
quantitativas foram descritas pelo seu
serpente; classificação dos casos quanto
valor absoluto e por meio da distribuição
à gravidade; tempo decorrido entre o
de frequências relativas.
As
acidente e o atendimento e evolução dos
estimativas
empregadas
casos.
As
em
para
o
variáveis
populacionais
cálculo
do
epidemiológicos
coeficiente de incidência foram obtidos
obtidos na Secretaria Municipal de Saúde
do Instituto Brasileiro de Geografia e
de Santarém, foi por meio da Divisão de
Estatística (IBGE). Em 2012 a estimativa
Vigilância em Saúde (DIVISA), que é
era
responsável por receber as fichas de
município de Santarém, em 2013 de
Os
dados
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
de
286.343
mil
habitantes
no
164
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
288.462 mil habitantes, em 2014 de
mineração, agricultura e turismo. O
290.521 mil habitantes, no ano de 2015
turismo se destaca devido aos atrativos
eram 292.520 mil habitantes, em 2016
naturais
um total de 294.447 mil habitantes e em
praias, como Alter-do-Chão, conhecida
2017
como o “Caribe Amazônico”.
foram
estimados
296.302
mil
habitantes no município.
Santarém
está
da
região,
principalmente
O presente estudo seguiu todas as
na
normas de éticas em pesquisa, sendo
região do Baixo Amazonas, constituída
submetido e aprovado pelo Comitê de
por uma ampla área urbana e por
Ética em Pesquisa de acordo com CAAE:
diversas
99005918.8.0000.5168
comunidades
localizada
oriundas
de
planaltos, florestas e rios. As principais
parecer
atividades econômicas dessa região são a
dezembro de 2018.
3.078.530
e
no
número
dia
28
do
de
Figura 1 – Localização geográfica do estudo epidemiológico Santarém, Pará, Brasil.
Fonte: Próprios autores.
cada 100 mil habitantes. O ano de 2012
RESULTADOS
foi
Primeiramente,
que
os
dados
da
foi
DIVISA
observado
e
SINAN
divergiram. No período entre 2012 a
2017 foram notificados (n1=2754) casos
pela DIVISA/Santarém-PA e (n2=2658)
casos no SINAN de acidentes por animais
peçonhentos
no
município
de
Santarém/PA. O ano que apresentou o
o
segundo
ano
com
a
maior
incidência (184,39 casos/100 mil hab.),
seguidos dos anos de 2013, com (178,45
casos/100mil hab.), e 2015 com (81,69
casos/100mil hab.). Os anos de 2016 e
2017 obtiveram as menores notificações,
(99,85
casos/100mil
casos/100mil
hab.)
hab.)
e
(96,18
respectivamente
(Tabela 1).
maior número de ocorrências foi o de
2014, apresentando 187,59 casos para
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
165
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Na
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
distribuição
mensal
dos
maior frequência dos casos dos acidentes
acidentes, o mês de janeiro foi o que
ocorreu nos pacientes do sexo masculino
apresentou mais casos, seguidos dos
(75,10%), sendo (24,9%) do sexo feminino
meses de setembro e outubro. Os meses
(Figura 2), com maior ocorrência na
com menos acidentes foi dezembro,
idade adulta, 20 a 64 anos (65,39%),
seguido por junho. Os meses de inverno
seguidos de 5 a 19 anos (25,13%), e 65 a
(dezembro a maio) quando somados
79 anos (5,42%). Houve menos casos em
apresentaram 51,70% dos casos, e os
indivíduos iguais ou maiores de 80 anos
meses de verão (junho a novembro)
(0,68%) e <1 a 4 anos (3,38%) (Figura 2).
somaram 48,3 % dos casos (Tabela 1).
Ao
analisar
a
população
notificada por sexo e faixa etária, a
Tabela 1 - Distribuição dos acidentes por animais peçonhentos em Santarém (PA), segundo o mês de
ocorrência e ano de ocorrência, no período de 2012 a 2017.
Ano
Mês de ocorrência
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Total
Janeiro
55
53
68
51
24
39
284
Fevereiro
40
48
49
43
31
23
234
Marco
45
45
47
49
18
33
237
Abril
46
38
56
45
20
29
234
Maio
41
40
38
43
27
24
213
Junho
40
31
41
37
19
12
180
Julho
40
31
46
43
29
22
211
Agosto
36
40
45
42
25
13
201
Setembro
60
47
48
32
23
34
244
Outubro
51
61
32
52
23
25
244
Novembro
39
52
34
37
25
17
204
Dezembro
35
36
41
10
30
14
172
Total
528
522
545
484
294
285
2658
Fonte: SINAN, 2019.
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
166
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
Figura 2 – Distribuição dos acidentes avaliados por sexo e faixa etária, no período de 2012 a 2017, em
Santarém (PA).
Fonte: SINAN, 2019.
Em
Quanto ao nível educacional das
relação
aos
animais
vítimas, (52,71%) não apresentaram essa
causadores dos acidentes, as serpentes
informação. Já os casos notificados em
apresentaram
que as vítimas possuíam entre 5ª e 8ª
Bothrops
série
incompleta
(64,29%), seguido de Lachesis (15,71%),
seguido
Crotalus (2,14%), Micrurus (0,36), em
completa
representaram
ou
(16,93%),
(42,14%),
foi
o
o
gênero
representativo
daquelas que possuíam entre 1ª e 4ª
(1,43%)
série completa ou incompleta (16,70%).
peçonhentas e (16,07%) ignorado ou
Nos
branco.
demais
níveis
educacionais
as
mais
e
serpentes
Os
não
escorpiões
eram
causaram
ocorreram menores notificações, sendo
(35,55%),
(0,56%) como analfabetos, (12,27%) para
(3,20%) e lagartas (0,79%). Os acidentes
o ensino médio completo ou incompleto
causados
e
corresponderam a (13,77%), e (0,79%)
(0,83%)
para
o
ensino
superior
completo ou incompleto.
Quanto
a
localidade
aranhas
por
(3,76%),
“outros”
abelhas
animais
foram ignorados ou brancos.
de
As regiões anatômicas corpóreas
residência das vítimas, a zona rural foi a
agredidas com maiores registros foram
mais notificada (68,20%), seguida pela
nos membros inferiores, com destaque
urbana (31,00%). Na região periurbana,
para o pé com (49,75%), seguido por
área onde as atividades rurais e urbanas
perna
se misturam, foram notificados (0,15%),
superiores a mão foi o membro mais
e (0,65%) foram ignorados ou brancos.
acometido
com
(13,00%).
acometimentos
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
com
na
Nos
membros
(17,28%).
cabeça,
Os
braço,
167
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
antebraço e tronco totalizaram (7,34%)
(10,16%) levaram até uma hora, (21,51%)
casos.
de uma a três horas, (56,38%) mais de
E
(12,63%)
estavam
como
três horas e (11,95%) ignorados. Nos
ignorados ou brancos.
Os acidentes foram classificados
casos graves (7,6%) levaram até uma
de acordo com o estado clínico dos
hora, (21,92%) de uma a três horas,
pacientes
(61,75%) mais de três horas e (8,73%)
como
leves
(39,35%),
moderados (37,77%), graves (16,82%)
ignorados (Figura 3).
Os escorpiões e as serpentes
casos e ignorados (6,05%) (Figura 3). Nos
casos
leves
decorrido
analisando
entre
o
o
tempo
acidente
e
o
obtiveram maiores frequência nos casos
graves,
(49,66%)
e
(45,64%)
atendimento, (13,19%) levaram até uma
respectivamente, seguido de “outros”
hora, (19,98%) de uma a três horas,
(3,13%) e (1,57%) foram causados por
(39,58%) levaram mais de três horas e
aranha.
(27,25%) ignorados. Nos casos moderados
Figura 3 – Distribuição dos acidentes avaliados do tempo percorrido pelo paciente entre a picada e o
tratamento e classificação dos casos no período de 2012 a 2017, em Santarém (PA).
Na
gravidade
moderada,
as
Em relação ao tempo decorrido
serpentes e os escorpiões foram os
entre o acidente e o atendimento,
animais mais causadores (51,89%) e
(20,05%)
(36,06%)
informação.
concomitantemente,
(6,97%)
não
registraram
Dentre
os
essa
tempos
estão como “outros”, (2,68%) causados
registrados, observou-se que (20,20%)
por
abelhas,
foram atendidos no intervalo de uma a
(0,30%) por lagartas e (0,10%) ignorado
três horas e (18,89%) apresentaram
ou branco.
registros de tempo variando de três a
aranhas,
(1,99%)
por
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
168
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
foram
As notificações sobre a alteração
atendidas nos intervalos de 6 a 12 h e 12
da coagulação informaram que (34,82%)
a
dos pacientes tiveram a coagulação
seis
horas.
24
As
horas
vítimas
que
totalizaram
(12,49%)
e
(11,63%) casos, respectivamente. Em
alterada
(10,80%) dos pacientes foram atendidos
normalidade. No entanto, em (30,47%)
em até uma hora após o incidente e
dos pacientes não foi realizado o teste
(5,94%) levaram 24 horas ou mais pelo
de
atendimento.
registros estavam como ignorados ou
Em
(86,81%)
apresentaram
dos
alguma
pacientes
e
(31,77%)
coagulação,
e
apresentaram
em
(2,94%)
dos
brancos.
No que se refere ao uso da
manifestação
clínica local, tais como dor, edema,
soroterapia,
eritema, calor, parestesia, sudorese ou
administrado em (61,76%) dos casos,
dor proximal. Enquanto, (6,14%) não
enquanto
manifestaram
necessários. Os demais registros (3,45%)
quaisquer
sintomas.
O
estudo também reporta que (7,04%)
o
soro
(34,79%)
antiveneno
não
foi
foram
ignoraram essa informação.
foram notificados como ignorados ou
deixados
brancos
na
folha
de
notificação.
Tabela 2 – Distribuição dos acidentes avaliados do tipo de animal e evolução dos casos no período de
2012 a 2017, em Santarém (PA).
Óbito pelo agravo
Óbito por
Ign/Branco
Cura
Total
notificado
outra causa
Ign/Branco
-
21
-
-
21
Serpente
27
1086
7
-
1120
Aranha
3
97
-
-
100
Escorpião
21
922
1
1
945
Lagarta
2
19
-
-
21
Abelha
2
83
-
-
85
Outros
9
357
-
-
366
Total
64
2585
8
1
2658
As
maiorias
dos
pacientes
ignorados ou brancos e um (0,04%) teve
evoluíram para cura (97,25%), por outro
o óbito por outra causa (Tabela 2).
lado oito pacientes (0,30%) vieram a
Correlacionando as mortes ao tempo
óbito, (2,41%) foram notificados como
percorrido
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
entre
o
acidente
e
o
169
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
atendimento, um óbito levou até 1 hora,
infectologistas
três de 1 a 3 horas e cinco levaram mais
seguem
de 3 horas.
disponibilizado pelo Ministério da Saúde,
O
Santarém
é
um
colaboradores,
fluxo
de
que
manejo
Municipal
de
que obedecem a alterações específicas
considerado
um
de acordo com cada região (Figura 4).
Hospital
(HMS)
e
Os
hospital de portas abertas, por ser
pacientes
de
responsável por uma grande parte da
urgência/emergência
demanda do Oeste do Pará. Atendendo
animais peçonhentos são direcionados ao
pacientes
de
complexidade,
por
e
média
atendimento médico para avalição e
130
leitos,
identificação
baixa
possui
acidentados
do
agressor,
sem
a
incluindo Unidade de Terapia Intensiva.
necessidade de um cadastro no primeiro
É
Baixo
momento ou barreira que impeça a
Amazonas em atendimentos de vítimas
rapidez do atendimento. Os pacientes
por animais venenosos. Esses pacientes
com sintomas leves são mantidos em
são
observação por no mínimo oito horas.
referência
na
região
atendidos
por
do
médicos
Figura 4 – Fluxograma do manejo clínico para acidentes por animais peçonhentos para o uso de
soroterapia específica realizado no Hospital Municipal de Santarém (HMS).
Fonte: HMS, 2019.
Em quadro sugestivo para picada
de
cobra,
algumas
condutas
os
sinais
vitais
e
balanço
hídrico,
são
higienização do local da picada, sem
importantes como a elevação membros
curativo oclusivo; uso de analgésicos; e
afetados a 45º (caso seja nos membros
coleta de sangue para a realização de
superiores utiliza-se a tipoia); avaliação
exames
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
laboratoriais:
hemograma
170
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
(HMG), Ureia (UR), Creatinina (CR),
hiperemia, sensação de “choque” no
eletrólitos,
membro, parestesia e dormência, não se
coagulograma
e
creatina
quinase total (CK).
são
realiza a soroterapia. O tratamento é
Para a neutralização do veneno
feito
utilizados
entanto, o caso é reclassificado se
os
antibotrópicos
apenas
com
analgésicos.
No
pentatavalente (SAB) para acidente por
apresentar
Bothrops jararaca; soro antibotrópico
Nos
pentavalente e antilaquético (SABL) para
apresenta
Lachesis muta e Bothrops jararaca;
mioclonias discretas e disartria leve. O
(SABC) soro antibotrópico pentavalente e
tratamento consiste na aplicação de
anticrotálico
para
duas a três ampolas de antiescorpiônico
Bothrops jararaca e Crotalus durissus;
(SAEsc) ou antiaracnídico (SAA). No
(SAC) para Crotalus durissus; e o soro
entanto,
antielapídico (SAELa) contra Micrurus
mioclonias intensas ou generalizadas,
lemniscatus.
disartria, ataxia, alteração de pares
soro
anticrotálico
Em casos de reações adversas ao
manifestações
casos
moderados,
sintomas
se
cranianos,
a
sistêmicas.
o
paciente
sistêmicos
vítima
convulsões
ou
como
apresentar
alterações
soro antiveneno, deve-se interromper a
cardiovasculares, edema pulmonar agudo
infusão do soro e utilizar um anti-
e choque, o caso é considerado como
histamínico,
leve
grave, e neste caso, são necessárias de
(urticária, hiperemia conjuntival, tosse,
quatro a seis ampolas. Nos casos de
edema, dispneia); em uma reação mais
mioclonia, também se considera o uso de
grave (hipotensão, síncope, insuficiência
diazepam (5 a 10mg em adultos e 1 a
respiratória ou circulatória), utiliza-se
2mg/kg
adrenalina
intravenosa
se
a
reação
intramuscular
for
(IM)
ou
intravenosa (IV); após a melhora do
em
crianças)
para
e
manter
hidratação
o
balanço
hídrico.
paciente, retoma-se ao tratamento com
Em ataques por Loxosceles spp.
o soro antiofídico. Em alguns casos
(aranha-marrom) em gravidade leve e
críticos e/ou graves, recomenda-se fazer
moderado, a administração do soro não
na
é necessária. Contudo, no quadro clínico
“sala
de
estabilização”
com
assistência 24 horas.
Nos
acidentes
grave sem hemólise, utiliza-se cinco
causados
por
ampolas
de
SAA.
Quando
ocorre
escorpiões, quando os sintomas são
hemólise, aplica-se dez ampolas de SAA
apenas locais, como dor local, edema,
ou antiloxoscélico trivalente (SALox). Em
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
171
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
casos
picados
por
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
Phoneutria
spp.
(armadeira) ou Latrodectus spp. (viúva–
inflamatórias,
Em
quadro
utilizar
anti-
histamínico e corticóide tópico.
negra), nos casos leves não é realizada a
soroterapia.
deve-se
Para Lonomia spp. é necessário
moderado,
solicitar exames, a cada 6 a 12 horas, de
devem ser realizadas aplicações de duas
tempo de coagulação (TC), tempo de
a quatro ampolas de SAA. Em quadro
protrombina
grave, aplica-se cinco a dez ampolas de
tromboplastina parcial ativada (TTPA),
SAA.
relação normatizada internacional (RNI).
(TP),
tempo
de
acidentes
Também devem ser realizados exames
causado por arraias consiste em realizar
laboratoriais de ureia e creatinina. Se os
a assepsia com água potável ou soro
resultados estiverem normais, o paciente
fisiológico. Imergir o local afetado em
é liberado com tratamento sintomático
água morna desnatura a toxina por ser
(analgésicos
uma
compressa
O
tratamento
substância
remoção
de
termolábil.
materiais
necróticos,
realiza-se
debridamento
cirúrgico
picada,
com
(lidocaína).
em
Para
isquêmicosuma
no
bloqueio
o
local
da
anestésico
Após o procedimento de
corticoides
tópico
e
entanto,
se
fria).
No
o
paciente
alterados
e
pequenas
hemorragias
apresentar
na
pele
ou
mucosa, faz-se uso de cinco ampolas de
soro
antilonomia.
manifestar
Se
o
paciente
hemorragia
intensas
emergência, é indicado a prescrição de
(hematêmese,
antibióticos
Insuficiência Renal Aguda (IRA), fazer
profiláticos
por
5
dias:
amoxicilina com clavulanato de potássio,
dez
ciprofloxacino
(SALon).
com
metronidazol
ou
ampolas
hematúria)
de
soro
ou
antilonômico
ciprofloxacina com clindamicina. Na alta
do
paciente,
recomenda-se
uma
DISCUSSÃO
reavaliação.
Em casos de largatas urticantes,
No período em estudo, notou-se
o procedimento consiste na lavagem com
uma diminuição acentuada dos casos nos
água fria para remover as espículas e
últimos
analgesia com compressa fria, analgésico
contrapondo-se ao padrão nacional onde
tópico, analgésico sistêmico e bloqueio
houve um aumento de casos nesse
analgésico.
mesmo
Em
casos
de
reações
dois
anos
período18,19.
(2016
Essa
e
2017),
diminuição
pode estar relacionada ao fato que no
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
172
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
estado do Pará, a não realização de
laborais, agrícolas, pastoris, pesca, lazer
registros dos acidentes no SINAN é
e fora do ambiente doméstico21,22. A
bastante
permitindo
maior ocorrência das notificações se
uma contagem real das notificações, o
concentra na zona rural23. Atividades
que se torna um entrave para a adoção
rotineiras
de políticas públicas no setor9.
extrativismo, pesca, caça e o roçado
recorrente, não
Nota-se
também
uma
inconsistência entre os dados cedidos
no
campo,
tais
como,
predispõe a exposição a acidentes por
animais peçonhentos15.
pela DIVISA/Santarém-PA e os retirados
As serpentes são os principais
do SINAN, demostrando uma possível
animais causadores dos acidentes da
subnotificação.
informações
região norte, seguido dos escorpiões24,14.
colhidas com omissões rotineiras ou
Opondo-se ao perfil epidemiológico de
sendo subnotificadas podem gerar uma
Minas
barreira
identificou
para
Essas
se
conseguir
dados
Gerais,
por
os
exemplo,
escorpiões
como
que
os
confiáveis a fim de realizar medidas de
principais responsáveis pela maioria dos
saúde públicas efetivas9.
acidentes, seguido por ofídicos5.
O mês de janeiro apresenta o
Os casos graves foram causados
maior número de acidentes e este
por
resultado está relacionado ao início da
gravidade moderada, eram acidentes
estação chuvosa na região amazônica 19.
ofídicos seguido por escorpiões25,23. Em
Além disso, o mês de junho também
um estudo feito na região do Baixo
apresenta um maior índice de acidentes
Amazonas, estado do Pará, observou-se
ofídicos, sendo este período o início da
que as espécies de serpentes mais
estação com menos chuva na região. As
causadoras da região pertencem ao
chuvas e o calor fazem que os animais
gênero Bothrops, seguido por Lachesis, e
saiam à procura de abrigo, alimento e
também relatam casos dos gêneros,
um ambiente seguro para reprodução8.
Crotaluse
Os fatores climáticos aliados ao
incidentes
com
animais
e
e
nos
Micrurus
casos
em
com
menores
proporções19.
trabalho no campo contribuem para
esses
serpentes,
Ao analisar a região anatômica
de
maior
ocorrência,
os
membros
peçonhentos20. As principais vítimas são
inferiores foram os mais atingidos7,12.
adultas do sexo masculino e faixa etária
Esses acidentes poderiam ser evitados
20 a 59 anos, devido as suas atividades
mediante ao uso de equipamentos de
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
173
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
proteção individual (EPI) ao realizar
A
distância
percorrida
dos
atividades rurais, limpeza de jardins,
moradores
quintais, terrenos baldios e adentrar em
planalto) residentes do município de
matas, roçados e rios15. Ademais, as
Santarém
gravidades dos acidentes podem estar
amazonas para o atendimento na cidade
relacionadas a proximidade da picada
que é polo no atendimento desses
aos órgãos vitais, além da rápida procura
agravos, é um dos principais problemas
por atendimento e ao tipo de animal
que dificultam as vítimas ao tratamento
causador1.
imediato, pois podem levar horas ou até
nível
rurais
ou
(rios,
da
floresta
região
do
e
baixo
Observa-se que em relação ao
mesmo dias para chegarem ao HMS, o
educacional
único
das
vítimas,
as
que
faz
o
tratamento
com
notificações são maiores em indivíduos
soroterapia específica26. Quanto menor
com apenas o ensino fundamental18.
for o tempo percorrido entre o acidente
Apesar
ser
e o atendimento, melhor será a evolução
determinante para as ocorrências, o
do paciente3. Uma vez identificado o
desconhecimento
animal causador, se inicia o tratamento
dessa
variável
sobre
não
as
medidas
preventivas pode predispor uma maior
imediato,
incidência de acidentes25.
internação, os riscos de complicações e
De acordo com o registro do
tempo decorrido entre o acidente e o
diminuindo
desenvolvimento
o
tempo
de
de
infecções
hospitalares.
atendimento, poucos pacientes (10,80%)
Nos
acidentes
ofídicos,
a
foram atendidos em até uma hora, que
determinação do tempo de coagulação é
corresponde
em
uma importante medida para auxiliar na
relação aos resultados encontrados em
confirmação do diagnóstico e avaliação
Minas Gerais3,22, onde uma boa parte dos
da
pacientes foram atendidos na primeira
Segundo os dados colhidos na DIVISA, a
hora
maioria dos casos realizou teste de
um
número
(48,98%)
e
baixo
(43,8%)
eficácia
soroterapia10,11,15.
da
respectivamente. Esta procura imediata,
coagulação
todavia, não é regra para todos os casos,
monitoramento dos pacientes.
principalmente
ocorrem
em
para
locais
aqueles
distantes
atendimento de saúde12.
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
que
do
O
para
o
protocolo
urgência/emergência
Municipal
de
acidentes
provocados
diagnóstico
utilizado
do
Santarém/PA
por
e
na
Hospital
para
animais
174
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
peçonhentos segue o mesmo preconizado
e/ou
pelo Ministério da Saúde (MS)10,11.
medicinais, com o intuído de combater o
animais
pelas
agressores
são
ou
identificados
tipos
veneno,
de
remédios
conhecidos
como
relatadas
pela
“contraveneno”, deixando muitas vezes
acompanhante
e,
de irem ou tardarem a ida ao Hospital,
características
vítima
Os
outros
principalmente, pelo quadro clínico dos
podendo gerar complicações tardias26.
pacientes15. Segundo esse manejo, os
pacientes com manifestação no local da
CONCLUSÃO
agressão são classificados como leves e
não
precisam
de
(com
O perfil epidemiológico descrito
exceção quando são ocasionados por
nesse estudo possibilitou uma ampla
serpentes
análise da real situação dos acidentes
dos
soroterapia
gêneros
Botrópico,
Crotálico, Elapídico e Laquético, que
causados
animais
mesmo nos casos leves é preciso a
município
de
administração da soroterapia)19.
identificada uma regressão dos acidentes
O
conhecimento
Santarém
(PA).
no
Foi
dos
no período avaliado, com uma maior
sintomas é fundamental na classificação
frequência dos casos em pacientes do
dos
sexo
casos.
Os
clínico
peçonhentos
acidentes
leves
masculino,
em
idade
apresentam sintomas transitórios que se
economicamente ativa e com maior
resolvem espontaneamente. Enquanto
incidência no período de chuvas (janeiro
que os acidentes moderados, são mais
a
pronunciados
causadores foram as serpentes, seguida
e
prolongados.
Os
junho).
Os
principais
acidentes graves apresentam sintomas
por escorpiões e aranhas.
graves, podendo ocasionar a morte do
Contudo,
paciente2.
foram
animais
identificadas
possíveis falhas na notificação desses
Os antivenenos são os únicos
acidentes devido à expressividade da
“ignorado/branco”.
Além
tratamentos capazes de neutralizar as
categoria
substâncias
por
disso, constatou-se uma inconsistência
animais peçonhentos, sendo este o único
entre as duas fontes de dados (SINAN e
tipo de tratamento específico indicado
DIVISA), dificultando na obtenção de um
pelo Ministério da Saúde16. Entretanto, a
resultado mais próximo da realidade.
região em estudo tem o hábito cultural
Essas
de realizar o tratamento com plantas
realizadas
tóxicas
inoculadas
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
notificações
produzem
quando
bem
indicadores
175
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
epidemiológicos
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
promissores
para
os
Oliveira Neta AI, Ferreira IR, Fonseca
gestores em saúde, garantido um melhor
ADG.
direcionamento
acidentes por animais peçonhentos
dos
recursos
Perfil
epidemiológico
dos
terapêuticos, de acordo com a realidade
notificados
da região.
Gerais durante o período de 20102015.
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Machado
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11. Ministério da Educação (BR). Serviço
de
Doenças
Infecciosas
e
176
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
Parasitárias. Diretrizes Diagnósticas
conclusão
de
Acidentes
Peçonhentos.
Patos:
Animais
Universidade Federal de Campinas,
de
Janeiro:
Departamento
Rio
Janeiro; 2016.
IR.
curso].
com
Universidade Federal do Rio de
12. Barbosa
de
de
Ciências
Biológicas; 2014.
18. Ministério da Saúde (BR), Secretaria
Aspectos
epidemiológicos
clínicos
dos
e
de Vigilância em Saúde. Acidentes
acidentes
de trabalho por animais peçonhentos
provocados por animais peçonhentos
entre
no estado do Rio Grande do Norte.
floresta e águas. Brasília: Ministério
Rev Ciência Plural. 2015; 1(3):2-13.
da Saúde; 2019.
13. Ministério
da
Educação
trabalhadores
do
campo,
(BR).
19. Silva MJC, Soares FT, Trindade GP,
Instituto Federal do Norte de Minas
Diniz HS, Medeiros JMR, Lopes JGM,
Gerais. Epidemiologia Aplicada à
et al. Perfil epidemiológico dos
Saúde Pública. Montes Claros (MG):
acidentes ofídicos da mesorregião do
Ministério da Educação; 2015.
baixo Amazonas do estado do Pará,
14. Alencar ES, Araújo MHS, Carvalho
AV.
Acidentes
por
animais
peçonhentos no município de Guaraí
(TO)
no
período
de
2015-2017.
15. Ministério da Saúde (BR). Fundação
da
Diagnóstico
Saúde.
e
Manual
Tratamento
2(4):1968-1979.
20. Oliveira HFA, Costa CF, Sassi R.
Relatos de acidentes por animais
peçonhentos e medicina popular em
Medicus. 2019; 1(1):10-21.
Nacional
Brasil. Braz J Heath Rev. 2019;
agricultores de Cuité, região do
de
Curimataú, Paraíba, Brasil. Rev Bras
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Epidemiol. 2013; 16(3):633-643.
Acidentes por Animais Peçonhentos.
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peçonhentos de importância médica
no município do Rio de Janeiro. J
21. Machado
C.
Um
panorama
dos
acidentes por animais peçonhentos
no Brasil. J Health NPEPS. 2016;
1(1):1-3.
22. Ladeira
CGP,
Machado
C.
Health NPEPS. 2017; 2(1):16-39.
Epidemiologia dos acidentes com
17. Medeiros WRP. Registros de ataques
animais peçonhentos na região de
por animais peçonhentos no Hospital
Ponte Nova, Minas Gerais, Brasil. J
Regional
Health NPEPS. 2017; 2(Supl.1):40-57.
de
Patos
[trabalho
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
de
177
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Perfil clínico e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais...
23. Assis SNS, Rodrigues JJP, Lima RA.
Levantamento
de
acidentes
com
26. Silva EMR. Acidentes escorpiônico no
município
de
Santarém-PA:
animais peçonhentos registrados em
característica
Tabatinga-AM, Brasil. Rev Gest Sust
trajeto percorrido pelos pacientes
Ambient. 2019; 8(1):582-599.
até o serviço de saúde [dissertação].
24. Lopes AB, Oliveira AA, Dias FCF,
Santana VMX, Oliveira VS, Liberato
epidemiológica
e
São Paulo: Universidade de São
Paulo, Escola de Enfermagem; 2017.
AA, et al. Perfil epidemiológico dos
acidentes por animais peçonhentos
na região norte entre os anos entre
2012
e
2015.
Rev
Patologia
Tocantins. 2017; 4(2):36-40.
25. Santana
VTP,
Suchara
EA.
Epidemiologia dos acidentes com
animais peçonhentos registrados em
Nova Xavantina - MT. Rev Epidemiol
Control Infect. 2015; 5(3):141-146.
Financiamento: Os autores declaram que não houve financiamento.
Conflito de interesses:
Os autores declaram não haver conflito de
interesses.
Participação dos autores:
Concepção: Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Desenvolvimento: Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Redação e revisão: Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG.
Como citar este artigo:
Lopes LD, Lisbôa JDB, Silva FG. Perfil clínico
e epidemiológico de vítimas de acidentes por animais peçonhentos em
Santarém – PA. J Health NPEPS. 2020; 5(2):161-178.
Submissão: 12/07/2020
Aceito: 02/10/2020
Publicado: 04/12/2020
Journal Health NPEPS. 2020 jul-dez; 5(2):161-178.
178