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Táticas de resistência dos jornalista

2021, Mediapolis – Revista de Comunicação, Jornalismo e Espaço Público

As táticas de resistência dos jornalistas são práticas à espera  de sistematização. Há investigações sobre como jornalistas fazem prevalecer os valores da profissão, mas a literatura especializada ainda recorre à dicotomia “patrão” e “empregado”, dando ao primeiro a primazia em muitas decisões. Este artigo levanta notas iniciais sobre a cultura jornalística da negociação, de modo a manter vigente a horizontalidade das relações entre publishers, editores, repórteres e o consumidor de informações. Cientes de que os empresários interferem no fazer jornalístico, temos como premissa que os jornalistas criam defesas às estas imposições, para permitir reações cotidianas. Realizou-se revisão bibliográfica e seis entrevistas com jornalistas afeitos a reportagens investigativas. Concluímos que as incertezas do jornalismo diante do espectro digital conduzem à indefinição em relação à resistência profissional: a cultura jornalística é identificada, mas está fragilizada.  

Resumo:

As táticas de resistência dos jornalistas são práticas à espera de sis-

Abstract:

The resistance tactics of journalists are practices still need to be systematized.

There are authors investigating how journalists make the values of the profession prevail, but the literature still resorts to the dichotomy "boss" and "employee", giving the former the primacy in many Táticas de resistência dos jornalistas: notas sobre práticas na defesa da cultura profissional em tempos de imprensa digital

Resistance tactics of journalists: notes on practices in the defense of the professional culture in times of digital press

Introdução Há um senso comum de que jornalistas obedecem de forma cega às ordens de suas chefias, debaixo de uma hierarquia severa que inclui os proprietários das empresas de informação. A natureza da imprensa seria definida por essa relação conflitante.

No imaginário, tal convivência se dá de forma passiva, à moda de uma linha de produção fabril (Berger, 2012). A mitologia da profissão está povoada de histórias de intimidação, não raro heróicas e solitárias, que nem sempre resistem à sabatina da realidade (Venâncio, 2009). Meias verdades se prestam a minimizar o processo de produção da notíciaamplamente estudada pelos teóricos do newsmaking (Hohlfeldt, 2001), teoria do jornalismo relacionada à sociologia das profissões -reduzindo tal processo à oposição mecânica entre patrão e operário, desconsiderando que se trata de uma prática cultural, formada por batalhas e armistícios (Alsina, 2009). Horn (2020, p. 28) (Halimi, 1998).