EVOLUÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO
ARAUJO, Nelma Camêlo
FACHIN, Juliana
Resumo
Este artigo de reflexão visa abordar questões inerentes da evolução
das fontes de informação em função dos suportes e meios de
comunicação e informação desenvolvidos ao longo do tempo pelo ser
humano. Além da organização dos registros do conhecimento tornase fundamental o acesso as fontes de informações passadas,
presentes e aquelas ainda em desenvolvimento, relacionadas
principalmente pela convergência das tecnologias da informação e
comunicação. O elemento norteador do artigo discorre sobre o as
fontes de informação impressas, eletrônicas e multimídia, reflete
sobre o papel do bibliotecário em orientar os usuários para obter o
acesso e uso de fontes de informações.
Palavras-chave: Fonte de informação. Fonte de informação impressa. Fonte de
informação eletrônica. Competência informacional. Bibliotecário.
ABSTRACT
This discussion paper aims to address issues inherent in the development of
information sources related to the media and media and information developed over
time by humans. Besides the organization of knowledge records is fundamental to
access sources of information past, present and those still in development, related
primarily by the convergence of information and communication technologies. The
guiding element of the article discusses the sources of information in printed,
electronic and multimedia reflects on the librarian’s role in guiding users to get access
to and use of information sources.
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Santa Catarina, turma 2015. Professora na Universidade
Federal de Alagoas. e-mail:
[email protected]
Mestre em Ciência da Informação da Universidade Federal de Santa Catarina. email:
[email protected]
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Keywords: Information source. Print information source. Electronic information
source. Librarian.
1 INTRODUÇÃO
Ao longo da evolução da escrita o suporte de informação foi o
que mais se destacou, mudando a medida em que a sociedade
descobria novos recursos para registrar a própria história,
pensamentos, leis e produção cientifica de uma área especifica do
conhecimento. Essa evolução trouxe também as questões dos
direitos autorais relacionado a produção intelectual, permitindo
assim um maior controle da produção cientifica e literária no mundo.
Porém antes mesmo da invenção da imprensa, já se realizavam
cópias de produções intelectuais, mas essas eram realizadas por
especialistas e com a devida autorização, principalmente na esfera
de governo e da religião, esses especialistas eram denominados de
copistas, os únicos que realizavam esse trabalho, remunerados para
tal, isso acontecia principalmente na antiga Roma (GANDELMAN,
2007).
Após a invenção de Gutenberg, houve uma “explosão
informacional”, exagero comparado aos dias atuais, mas
proporcionalmente talvez o mesmo sentimento das pessoas da
época (Século XV) sobre excesso de informação. Na época o
acesso aos livros e as fontes de informações eram realizadas por
pessoas que tinham capital, ou religiosos, pois a Igreja sempre foi
uma instituição detentora de saberes, exatamente por reconhecer o
poder da informação. Enfim, ao longo da história do homem os
registros informacionais foram explicitados em suportes bem
definidos (ARAÚJO, 2008).
Os “registros informacionais”, antes dos copistas, também o
homem das cavernas, mantiveram seus registros de informações
nas paredes onde habitavam. De acordo com Oliveira e Ferreira
(2009, p.70) o conceito de fonte de informação é: “As fontes são
documentos, pessoas ou instituições que fornecem informações
pertinentes a determinada área, fatores essenciais para se produzir
conhecimento”, os homens das cavernas deixaram registrados suas
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atividades, proporcionando a geração de conhecimento a áreas
distintas, como história, antropologia e arqueologia.
Nesse sentido, é preciso reconhecer que as fontes de
informações não são apenas aquelas que estão disseminadas em
suportes convencionais, pois além da questão das pinturas
rupestres (realizadas pelos homens das cavernas), também temos
os registros anteriores a fotografia impressa, que são as pinturas,
realizadas por artistas que registravam paisagens, momentos,
acontecimentos, um alto retrato e outras situação para as quais
fossem contratados.
Com base no uso e evolução dos suportes informacionais, é
necessário entender qual é a aplicação das fontes de informação
para a sociedade atual, classificando-as como: fontes de lazer,
conhecimento e aprendizado.
As de lazer seriam aquelas que possibilitam viajar pelo mundo
da literatura, ficção, turismo e outras. De conhecimento são as que
permitem desenvolver habilidades construtivas ao longo da vida de
um indivíduo, e, aprimorar os aspectos cognitivos de cada um. No
tocante à aprendizagem essas fontes são aquelas que permitem
ampliar o universo do conhecer humano e vivenciar o desconhecido,
incluindo aqui o aprendizado cientifico, o popular, filosófico e o
religioso, um complementando o outro.
Uma fonte de informação pode ser um documento, um link,
fotografia, áudio, base de dados ou um repositório, em tempos de
web 4.0, acrescenta-se fonte de informação o armazenamento de
documentos em nuvem. Fonte de informação pode ser qualquer
coisa, tem a característica de informar algo para alguém, por esse
motivo é abrangente a sua aplicação.
Porém o mais significativo sobre o que vem a ser uma fonte
de informação, é saber usá-la, pois, as fontes de informação são
relevantes para seleção de informações diante da necessidade de
uma pessoa, organização ou grupos de pesquisadores, para os
afazeres cotidianos; quando um paciente pesquisa em um guia
telefônico o contato de um médico especialista, está utilizando uma
fonte de informação; um engenheiro à procura de normas para
executar um procedimento de medida, encontra o que precisa em
uma fonte de informação, ISSO, NBR; um leitor buscando uma
reportagem em um site de notícias, o site e a notícia passam a ser a
fonte de informação. A aplicação de fontes de informações é
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abrangente, servem para qualquer fim, independentemente de
qualquer que seja a necessidade do usuário.
Esse artigo de reflexão tem como objetivo apresentar um
breve relato sobre a evolução de fontes de informação ao longo do
percurso das necessidades das pessoas e também apresentar a
importância do bibliotecário enquanto profissional com competências
e habilidades para auxiliar os usuários da informação seja nos
requisitos de busca, acesso e uso dessas fontes.
Aplicando como método de pesquisa a revisão de literatura,
utilizando como base os autores: Campello e Carlita (1988),
Campello, Cedon e Kremer (2000), Blattmann e Fragoso (2003), Le
Coadic (2004), Horland; Andersen; Søndergaard (2005), Araújo
(2008), McLuhan (2007), Curty (2008), entre outros especialistas.
2 FONTE DE INFORMAÇÃO
As fontes de informações são registros utilizados ao longo da
vida do ser humano, possibilitando ampliar a visão do mundo em
que vive e sobre as coisas que estão a sua volta. No campo
cientifico são aquelas que nos permitem criar, recriar e ter aceso ao
conhecimento sobre um assunto ou área de nosso interesse ou
pesquisas. De modo que, as fontes de informações são referências
sobre o que está registrado e disponível ao ser humano,
possibilitando reinventar ou compreender melhor seu objeto de
estudo.
Há três tipos de fontes de informação: primárias, secundárias
e terciárias. Blatmann (2015) Explicita de forma clara quem produz e
quais são essas fontes nos três estágios:
As fontes
primárias são
aquelas
que
pertinentes ao produto de informação elaborado
pelo autor, por exemplo, artigos, livros,
relatórios científicos, patentes, dissertações,
teses.
Diferencia-se
de fontes
secundárias que
revelam a participação de um segundo autor,
produtor como no caso das bibliografias, os
dicionários e as enciclopédias, as publicações
ou periódicos de indexação e resumos, os
artigos de revisão, catálogos, entre outros.
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Enquanto as fontes terciárias podem ser
mencionadas como as bibliografias de
bibliografias, os catálogos de catálogos de
bibliotecas, diretórios, entre outros.
As fontes primárias, secundárias e terciárias, num primeiro
momento, parecem ter mais visibilidade no formato impresso,
principalmente as primárias, mas como o advento dos novos meios
a aplicação e uso de ambas não se restringe mais ao seu formato.
Para Meis (2002, p. 65) uma fonte de informação de alto valor
foi a cópia das aulas de Aristóteles, achados em uma fossa em 80
a.C, por soldados Romanos, e tornando uma enciclopédia de
cinquenta volumes, registro de conhecimento precioso até os
tempos atuais.
O acesso as fontes de informação podem ter diferentes
formas em diversos meios, e na sua evolução perpassam do suporte
físico ao digital.
2.1 Fonte de informação impressa
Com relação aos registros de informações, é necessário
estudar o que é registro impresso, de acordo com o que foi exposto,
existem várias fontes de informação que registram conhecimento de
forma impressa, podendo ser a parede de uma caverna, um papiro,
o couro de um animal, na argila, uma tabuleta de cera, uma pintura
e/ou outros suportes que registrarão e registram a informação.
Diante disso, a literatura sobre o que é impresso remete ao
ato de imprimir, ou seja, a palavra vem do latim impressu – idem,
particípio passado de imprimere, imprimir, ainda de acordo com o
dicionário priberium, “impresso” está diretamente relacionado ao ato
de se gravar algo por meio de pressão1, assim o ponto crucial é que
não se pode citar os registros informacionais de qualquer maneira,
pode-se classifica-los como antes e depois da imprensa, desta
forma as fontes de informações impressas são aquelas que advém
da produção em suporte papel, após a criação de Gutenberg.
1
Veja a definição do verbete Impresso em: PRIBERAM DICIONÁRIO. Impresso:
Verbete. 2015. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/impresso> Acesso em:
11 ago. 2015
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Neste contexto McLuhan (2007, 195) ressalta que é como um
“armazenamento de informações, ou como um meio de rápida
recuperação de conhecimento, a tipografia acabou com o
paroquialismo e com o tribalismo tanto psíquica quanto socialmente,
tanto no espaço como no tempo”.
É importante ressaltar que no final do século XIII na Europa
“duas novidades de origem chinesa” contribuíram para revolucionar
a “indústria do livro: o papel e a xilogravura, que terminaram por
associar-se”. (ARAÚJO, 2008, p.45). Essas novidades contribuíram
para ilustrar obras manuscritas, cartas de baralhos e pequenos
textos, porém para o autor as técnicas apresentadas estavam
“presas” a blocos de madeira e com o advento da tipografia esse
modelo caiu por terra, uma vez que permitiu o uso de tipos “móveis”
desenvolvidos em ferro, pois as letras se dispunham soltas,
podendo ser “trocadas ou reutilizadas”, estabelecendo a
multiplicação de textos e dando velocidade a reprodução.
O primeiro livro não comercial publicado na oficina de
Gutenberg foi “um vocabulário de língua latina, o Catholicon”, se
pode afirmar que foi a primeira fonte de informação primária, pois de
acordo com a literatura da Ciência da Informação, as fontes
primárias são aquelas que tem sua origem como literatura dispersa,
sendo sua fonte a principal a dar origem a outras (ARAÚJO, 2008).
Desde as primeiras impressões o processo de produção,
propagação e barateamento dos custos tornou o acesso e uso da
informação cada vez mais constante, sendo o suporte impresso o
que perdura até os dias de hoje (séc. XV), em plena sociedade da
informação interconectada nas redes da web.
2.2 Fonte de Informação Eletrônica
Com o advento das novas tecnologias de informação e
comunicação, por meio de hardware e software eficientes, o acesso
a informação ficou mais acessível e rápida, mas, o que são fontes
eletrônicas de informação?
Para entender o contexto que norteia esse tipo de fonte,
ampara-se nos estudos de McLuhan (2007), que relata que, os
meios eletrônicos de informação são aqueles que utilizam a
eletricidade, diante dessa afirmação do autor, o primeiro meio
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eletrônico de informação foi o rádio, possibilita por meio de onda
eletromagnética a propagação da informação de áudio entre o
emissor e o receptor. Porém, foi a televisão que possibilitou integrar
a imagem ao som, contextualizando momentos e fatos,
possibilitando o encontro (por meio da tela) entre autor e
telespectador.
No campo da ciência, os meios eletrônicos possibilitaram a
troca de informações e acesso mais rápido entre pesquisadores.
Nesse contexto, os primeiros recursos eletrônicos foram as bases
de dados disponíveis em disquetes e mais tarde em CD-Rom;
consequentemente a publicação de revistas cientificas, livros
digitais, conhecidos como e-book, repositórios, redes sociais,
marcadores de conteúdos entre outros.
O estudo de Moore (2014)1 apresenta dados sobre a
preferência dos leitores para livros no formato impresso ou
eletrônico, elencando sete categorias investigadas:
1 - Tangível x Intangível
2 - Duradouro x Efémero
3 - Formato Linear x Discreto
4 - Estático x dinâmico
5 - Único x Regenerado / restaurado /
reformulado
6 - Unidirecional x Multidirecional
7 - Focado x Multifacetado
A pesquisa ajuda a entender em que circunstância cada
formato é aplicável ou não a um determinado público alvo. Um dos
aspectos pesquisados demonstra que, em média os leitores
preferem ambos os formatos (impresso e eletrônico), porém, o
formato preferido para usar em viagens foi o eletrônico pela
facilidade e quantidade de literatura que proporciona, no entanto,
para os textos técnicos e “pesados”, de estudos, indicam a
necessidade do impresso por proporcionar maior absorção do
conhecimento. Percebe-se que para uma unidade de informação
1
Recomenda-se a leitura completa do material, disponível em:
<https://cdr.lib.unc.edu/indexablecontent/uuid:05860de6-ef2b-481c-938ca57ea25626e5>.
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integrada às redes da web há vários elementos a serem pensados,
levando em consideração o interesse dos usuários, quanto ao
suporte e tipologia do acervo oferecido.
Com foco no público alvo as universidades têm ampliado o
seu acervo de fontes eletrônicas para atender ao maior número de
pessoas ao mesmo tempo, por meio do acesso em rede, como o
caso das concessões de base de dados, periódicos eletrônicos,
livros jornais, informativos todo tipo de informação que possa ser
transmitida através das redes da web. Para Womble (2015) essa
tendência vem de encontro com a necessidade informacional do
público acadêmico que busca informações de acesso rápido através
da web. Um exemplo dessa tendência é a Universidade Politécnica
da Flórida nos EUA, que dispõe de uma biblioteca sem livros em
papel, o acervo tem cerca de 135 mil livros, todos em formato digital,
(G1, 2014).
No Brasil para que fosse possível introduzir o contexto da
informatização em meio eletrônico, foram necessários investimentos
na “indústria do conhecimento” que permitiu o desenvolvimento de
tecnologias indispensáveis para o acesso de informações nos novos
formatos. Até metade do século passado, ainda existiam regiões do
Brasil que não dispunham de eletricidade e, provavelmente, ainda
existam. Portanto, investimentos em pesquisa e tecnologia são
necessários, para introduzir o Brasil no cenário da “Sociedade da
Informação” (BRASIL, 2000, p.3).
De acordo com Luke (2014, p. 6-7) as pessoas estão
utilizando cada vez mais a mobilidade das redes para ter acesso à
informação, possibilitada pelo acesso remoto de fontes eletrônicas
disponíveis na rede de Web. Indicando a importância da
infraestrutura tecnológica como meio de viabilizar a acessibilidade
informacional
ao
ser
humano,
suprindo
necessidades
informacionais, proporcionando o acesso e a disseminação da
Informação.
O uso e aplicações das fontes eletrônicas estendem-se por
diversos campos de estudos, o foco desta pesquisa é explanar as
tendências desse suporte informacional para a sociedade atual.
2.3 Fonte de Informação Multimídia
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No final do século XX, a globalização transformou o
comportamento das pessoas, das organizações e dos governos,
esse movimento exigiu que o mundo estivesse conectado, e isso só
foi possível por meio de tecnologias especificas que foram sendo
aperfeiçoadas para proporcionar a interação dos diversos cenários
mundiais.
Le Coadic (2004) apresenta o cenário tecnológico da Ciência
da Informação a partir de 1948, até início dos anos 2000. Na do
autor, a partir de 1981 deu-se dá-se o “início da microinformática
para o computador pessoal”, e o primeiro servidor em rede.
Para Castell (2006), as redes são teias de comunicação,
interconectadas, que permitem a troca de informações, sejam elas
de âmbito pessoal, organizacional, pública ou privada.
Diante disso, as fontes de multimídias são formatos de
informações que permitem interagir nessas redes, nas quais os
usuários podem ter acesso ao meio digital e conseguir ler, visualizar
e também participar com esse meio. Esses processos de interação
são denominados cibercultura.
Poderíamos afirmar, inicialmente, que o termo
cibercultura
abrange
os
fenômenos
relacionados ao ciberespaço, ou seja, os
fenômenos
associados
às
formas
de
comunicação mediadas por computadores.
Entretanto, o conjunto de objetos abrangidos
pelo conceito é mais amplo, sendo que uma
cartografia precisa dos mesmos ainda não é
consensual (GUIMARÃES JUNIOR, 1997, p.3)
Percebe-se que as fontes de informação multimídia existem
em função do domínio da técnica, que é característica da
cibercultura. As fontes de informação multimídia têm proporcionado,
principalmente no âmbito da academia, avanços significativos,
dentre os quais o desenvolvimento de cursos online, que permitem
aos alunos o acesso ao material de estudo via rede (apostilas,
slides, apresentações, questionários e provas), troca de informações
via chats e sala de bate-papos, assistir as aulas por vídeo
conferência e acesso ao seu desempenho da disciplina e do curso.
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As aplicações de pesquisas são possibilitadas através do uso
de fonte interativas, acessando informações de ponta, como o caso
de bases especificas e repositórios especializados na web,
proporcionando ao pesquisador o acesso a pesquisas que estão
sendo realizadas no mundo inteiro, permitindo sua atualização
permanente. Na área da saúde, muitos especialistas têm utilizado o
recurso das multimídias na prática. Carbonieri (2015) indica o uso de
aplicativos para ajudar no diagnóstico médico. Outra aplicação é a
interação possibilitada através das ferramentas de comunicação
como os chats, possibilitando participar de cirurgias à distância, em
que, o médico especialista não pode participar diretamente na
operação de um paciente, mas, por meio desses recursos pode
ajudar seus colegas.
Os meios de acesso são diversos: Tablet, notebook,
Smartphone, Smart TV; a interação do sujeito com o ambiente
virtual pode ser propiciada de diversa forma: FLicker, Instagram,
Twitter, Facebook, Blogs, Sites, Chats, etc.
Destaca-se que a aplicabilidade e multiplicidade desses
recursos informacionais, tipologias, estruturas de organização da
informação requerem novas habilidades e conhecimentos do
usuário, seja para compartilhar um trabalho a entre pessoas, indicar
fotografias (reconhecimento facial), recuperação de textos, vídeos,
fotografias similares, indicar metadados ou etiquetas para agregar
assuntos. O usuário passa a ser o elemento propagador dessa
informação, quando republica, curte, marca, indica algo para alguém
ou em uma rede social, criando correlações entre pessoas e
informações em meio eletrônico.
Curty (2008, p.74) apresenta uma perspectiva de evolução da
Web até o estágio 8.0, sendo que a cada “ressurgimento da web:
emerge uma nova versão melhorada”. Segundo o autor, haverá
evoluções na rede até chegar ao seu limite, constituindo ambientes
modificadores para o ser humano, e isso irá requer adequação aos
novos meios, novas necessidades informacionais e estruturais.
3 REFLEXÕES ACERCA DA FONTES DE INFORMAÇÕES
Ao refletir sobre a evolução das fontes de informação,
identifica-se que houve constante transformações nos suportes e
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instrumentos de inscrita e comunicação, possibilitando o contínuo e
melhorado acesso as fontes existentes. Essas mudanças buscaram
uma padronização, permitiram o acesso aos diferentes meios
informacionais que se desenvolveram ao longo dos tempos,
principalmente ao que tange as fontes acadêmicas e científicas.
É importante ressaltar que apesar dos suportes terem
evoluído bastante, a biblioteca ainda é o local que melhor pode
orientar e propiciar acesso aos recursos confiáveis e de qualidade
para o usuário, dispondo de profissionais preparados para atender
as necessidades específicas de cada um.
Blattmann e Fragoso (2003) apresentam no livro O Zapear a
informação em bibliotecas e na internet, a importância do uso da
informação como elemento interconector levando o usuário de uma
informação à uma outra. Por esse motivo que as fontes devem ser
seguras e coesas.
Ao pensar na informação como propulsor para a pesquisa e
desenvolvimento o que temos são os ambientes informacionais
especializados, como bibliotecas universitárias. No meio acadêmico
os investimentos disponibilizados permitem o acesso in loco as
diversas fontes, bem como o acesso remoto a bases de dados e
repositórios disponíveis no mundo, facilitando o desenvolvimento de
pesquisas e conhecimento científico.
Nesse sentido, Meis (2002, p.92) faz uma crítica ao abandono
do espaço físico das bibliotecas universitárias. O acesso remoto as
fontes de informação eletrônicas, permitem ao usuário obter a
informação de qualquer lugar no mundo, independente do país onde
a informação se encontra, com isso os investimentos no espaço das
bibliotecas físicas tornam-se cada vez menor. No entanto, nem
sempre os acadêmicos encontram o que necessitam nas redes da
web, pois, não dominam ou não conhecem completamente o meio
disponível para tal acesso, principalmente no que tange as fontes
para pesquisas especializadas em determinadas áreas do
conhecimento.
Porém, com a evolução da web, da cibercultura e com o
aprendizado constante do ser humano, a sociedade tendem a exigir
das “instituições do saber” um maior rigor, por isso, mesmo os
profissionais ligados as novas tecnologias informacionais precisam
estar em constante aperfeiçoamento, para que os serviços
prestados sejam realizados a contento, e cada vez mais eficiente.
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Horland; Andersen e Søndergaard (2005) apresentam um
esquema que amplia o conceito das diferentes fontes de
informações, incorporando-as o avanço das TICs, possibilitando
incluir novos meios e formatos, acesso e uso dessas fontes pelos
usuários, conforme figura 1.
Figura 1 - Modelo UNISIST
Fonte: Modelo traduzido e adaptado de Horland; Andersen e Søndergaard
(2005, p.07), versão melhorada do gráfico UNISIST.
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Na figura pode-se perceber que as fontes primárias,
secundárias e terciárias, acompanham a evolução dos novos
produtos e serviços apresentados nas bibliotecas, mas, ainda
relacionando aos produtos tradicionais, como os resumos, os
catalogos, dentre outros, mas possibilitando utilizar o acesso a
essas fontes por meio eletrônico e multimídia.
Para Horland (2012) as pesquisas atuais sobre fontes de
informação, estão direcionadas a qualidade das mesmas, isso
porque existem um elevado número de documentos disponíveis aos
usuários, sendo necessário apresentar a esses usuários os
documentos que melhor atende sua necessidade informacional,
direcionando-o para a fonte adequada.
Diante disso, pode-se afirmar que o bibliotecário é o
responsável por auxiliar o usuário na seleção de fontes de
informação que melhor atendam suas necessidades, corroborando
com as afirmações de Blattmann e Fragoso (2003), sobre a
importância da biblioteca para a pesquisa, em que, o profissional
necessita estar atualizado e em constante sintonia com os novos
produtos e serviços oferecido pela instituição em consonância com
as necessidades de seus usuários.
Para um usuário é difícil saber qual informação é importante e
onde ele pode encontra-la, por isso necessita de auxílio de um
profissional. A tendência da rede é que, na medida em que a
internet for evoluindo os sistemas interativos deverão ficar mais
intuitivos, fáceis de utilizar, porém, recuperar a informação na web já
não é tarefa fácil devido ao emaranhado de informações em
diversos formatos. Há uma urgência em se pensar na organização
dessa informação disponível na rede, para se pensar no futuro, na
memória, na história da humanidade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a evolução das fontes de informação,
percebe-se que se deu em função das novas tecnologias
disponíveis ao ser humano, possibilitando reproduzir as
necessidades de diversos tipos de usuários.
No meio acadêmico, o acesso as fontes de informação,
principalmente aquelas mais relevantes no desenvolvimento de
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pesquisas, são fundamentais, porém, de acordo com a literatura,
existe um volume muito grande de documentos produzidos e
principalmente, a dispersão dessas fontes, necessitando a ajuda do
bibliotecário e da instituição biblioteca para com os usuários na
seleção adequada de informações que supra as suas necessidades
informacionais.
Independente do meio, ou suporte, o que fica é que sempre
será possível ter acesso a documentos específicos por meio de
fontes especificas, cabendo a seleção dessas fontes serem
orientadas por pessoas capacitadas para tal, pensada desde a
criação, organização, preservação e por último o acesso.
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