DOI: 10.5433/2238-3018.2020v26n2p520
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MAPAS CONCEITUAIS COMO FACILITADORES DE
APRENDIZAGEM
CONCEPTUAL MAPS AS LEARNING FACILITATORS
Lincoln Mansur Coelho1
Adílio Jorge Marques2
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RESUMO: Dentro da teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (2003) existem
vários instrumentos didáticos facilitadores da aprendizagem. No presente artigo,
destacamos o mapeamento conceitual desenvolvido por Novak, e também discutido com
Gowin. Utilizamos a classificação de Novak, e que referencia o uso e aplicações dos mapas
conceituais.
Palavras-chave: Mapas conceituais. Aprendizagem significativa. Ensino. Educação.
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ABSTRACT: There are several didactic tools within Ausubel's theory of Meaningful
Learning (2003) that can facilitate the learning. In this paper, we highlight the conceptual
mapping developed by Novak and also discussed with Gowin. We use Novak’s classification,
which references the use and applications of conceptual maps.
Keywords: Conceptual mapping. Meaningful learning. Teaching. Education.
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Introdução
Devido aos constantes avanços tecnológicos e às múltiplas formas de
adquirir conhecimento que a humanidade tem hoje (pela própria dinâmica
moderna, na qual as informações estão cada vez mais rápidas e acessíveis), a
nossa percepção de mundo mudou. Somos a sociedade do nanosegundo, e
estamos cada vez mais ligados à tecnologia. Essa acelerada transformação da
sociedade mundial do século XXI é, inclusive, tema abordado nos PCN’s, ao
1
2
Professor de História e Filosofia SEEDUC RJ, Mestre em Ensino pelo INFES – UFF.
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri; doutorado em História e Epistemologia
das Ciências e Pós-Doutorado na mesma área.
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classifica-la como uma “Sociedade do conhecimento” ou “Sociedade tecnológica”
que tende a fragmentar as identidades. Esse desafio norteador dos PCN’s foi
responsável por alterar a forma como encaramos o ensino. Não é mais com a
quantidade de informação que a educação deve se preocupar, mas sim com a
capacidade de lidar com elas. À História, ficou relegada a missão de construção
dos laços de identidade, de consolidação da formação da cidadania e de ensinar o
aluno a “ler o mundo nas entrelinhas”.
Para Atxurra (2013, p. 230), “a confiança no poder do conhecimento
científico e dos meios de comunicação levou a uma sociedade acostumada a pensar
que a realidade é transparente e a 'acreditar em tudo o que se vê'”. Somos
sobrecarregados por imagens, sub-informação, meias-verdades, o que tem nos
tolhido a capacidade de entender a realidade. Lidar com essa grande quantidade
de informação, com as quais somos bombardeados a todo o momento e ao alcance
das mãos nos smartfones e informações projetadas para um consumo rápido, tem
sido um rival para o ensino. Este visa buscar fazer com que o aluno analise e pense
a realidade complexa que se apresenta, pesando os fatores de múltiplas influências
de sua realidade. O aparelho o distrai. Logo, consumir a opinião pasteurizada, já
processada, sem precisar pensar muito, produzida para ser lida e descartada,
efêmera, é muito mais fácil do que analisar criticamente a complexidade que se
apresenta. Segundo Lacerda (2011),
Nos dias atuais a educação passa por profundas transformações,
tendo em vista as mudanças constantes que vêm ocorrendo no
mundo. As novas tecnologias evoluem num ritmo cada vez mais
acelerado, e o mundo científico também avança constantemente,
com novas descobertas e estudos, apontando diferentes
competências para atuar na sociedade e no campo educacional.
Diante disso, os novos desafios vêm, instigando os profissionais da
educação a buscarem novo saberes, conhecimentos, metodologias
e estratégias de ensino.
Buscando uma alternativa para desenvolver nos alunos a capacidade crítica
de análise das diversas informações recebidas nessa atual conjuntura, nos
apoiamos na teoria dos mapas conceituais de Novak. Desta forma, esperamos que
a partir do domínio da técnica de construção e análise dos mapas conceituais, os
alunos possam desenvolver a capacidade crítica de investigação das informações
constantemente recebidas na atual sociedade tecnológica.
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A teoria dos mapas conceituais
A teoria dos Mapas Conceituais, desenvolvida por Novak na década de 70,
foi elaborada com base na Teoria de Aprendizagem Significativa, esta desenvolvida
por David Ausubel em 1963 e 1968, e reiterada em 2000. Nesse ínterim, essa
teoria teve diversas contribuições, destacando-se as de Joseph Novak e Helen
Hanesian, coautores da publicação de 1978. Além das contribuições de D. Bob
Gowin, temos também as descrições, no Brasil, dos apostes de Marco Antônio
Moreira (2011, p. 13):
Aprendizagem significativa é aquela em que ideias expressas
simbolicamente interagem de maneira substantiva e não-arbitrária
com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer nãoliteral, não ao pé da letra, e não-arbitrária significa que a interação
não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento
especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do
sujeito que aprende.
Assim, a ênfase dessa teoria é dada ao conjunto de conhecimentos que o
aprendiz já possui, sendo considerado por Ausubel como a variável isolada mais
importante da aprendizagem. Esse conhecimento prévio que o aprendiz possui, e
que é relacionado com o novo conhecimento, recebe o nome de subsunçor.
Podemos categorizar esse subsunçor como tendo maior ou menor estabilidade
cognitiva, ou por estar mais ou menos carregado de significados. Por exemplo,
consideremos como a estrutura cognitiva de alguém como sendo uma árvore. Cada
ramo dessa árvore pode ser considerado um compartimento do conhecimento.
Seus galhos são os subsunçores, ou seja, os conhecimentos específicos, aos quais
irão se ligar os novos conhecimentos, gerando novos galhos e outros ramos da
árvore. Quanto mais forte e carregado for esse galho, mais estável e pesado será
esse conhecimento.
Não devemos cair no erro de que todos subsunçores são facilitadores de
aprendizagem. Há casos nos quais eles podem ser estáveis na estrutura cognitiva
do aluno, mas ainda serem um conhecimento equivocado, e que irá mais
atrapalhar do que facilitar a aquisição de novos saberes. Em outro exemplo, se um
aluno aprende, em História, que o nome original do partido nazista é nacionalsocialismo, e associa essa ideia ao conhecimento prévio que socialismo é esquerda
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política, pode-se cair no equívoco de achar que nazismo é um partido de esquerda.
Isto quando, na verdade, é totalmente o oposto, sendo o nazismo de extrema
direita, porém, cujo nome tinha como único objetivo aproximar-se dos
trabalhadores alemães.
Há vários instrumentos didáticos facilitadores da aprendizagem significativa,
mas destacamos o mapeamento conceitual, desenvolvido por Novak. De acordo
com este autor (NOVAK; GOWIN; VALADARES, 1996), as pessoas pensam com
conceitos. Quando pensamos sobre um objeto, por exemplo, gelo, pensamos em
conceitos relacionados àquele objeto: duro, gelado, molhado, dentre outros.
Enumeramos mentalmente uma série de conceitos relacionados àquele objeto.
Dito isto, para melhor definir mapas conceituais, antes precisamos definir o
que é conceito. Ainda segundo Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 20), conceito
pode ser definido por “uma regularidade nos acontecimentos ou nos objetos que
se designa por um certo termo”. Dessa forma, independente de algumas variações
pequenas sobre um objeto, se há uma regularidade, podemos determinar que
aquilo é um conceito. Vejamos outro exemplo. Um caderno engloba certa
variedade de objetos com características parecidas, mas com elementos que os
diferenciam: caderno este que pode ter ou não pautas, variados tipos de
encadernação, cores, etc.. Embora possamos ter cadernos completamente
diferentes um do outro, temos aqui uma regularidade, que é o conceito deste
objeto. Assim, vemos que “[...] Os seres humanos parecem ser os únicos com a
capacidade de inventar e utilizar uma linguagem (ou símbolos) para designar e
comunicar
estas
regularidades
que
se
apresentam”
(NOVAK;
GOWIN;
VALADARES, 1996, p. 20). Seguindo esse raciocínio, Novak (1981) afirma que a
cultura é o veículo de transmissão dos conceitos adquiridos por séculos pelos
homens, e que a escola, embora seja uma invenção relativamente recente, é algo
criado para acelerar esse processo de transmissão de conceitos.
Dessa forma podemos tentar conceituar aqui o que é mapa conceitual.
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 17) dizem que mapas conceituais são “uma
forma de ajudar os estudantes e educadores a ver os significados dos materiais de
aprendizagem”. Ainda, os mesmos autores citam como o objetivo dos mapas
conceituais.
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Representar relações significativas entre conceitos na forma de
proposições. Uma proposição consiste em dois ou mais termos
conceituais ligados por palavras de modo a formar uma unidade
semântica. Na sua forma mais simples, um mapa de conceitos
consta apenas de dois conceitos unidos por uma palavra de ligação
de modo a formar uma proposição (NOVAK; GOWIN; VALADARES,
1996, p.20)
E, ainda, que “um mapa conceitual é um recurso esquemático para
representar um conjunto de significados conceituais incluídos numa estrutura de
proposições” (NOVAK; GOWIN; VALADARES, 1996, p. 31).
Segundo Moreira (2010, p. 11), mapas conceituais são, de uma forma geral,
“diagramas indicando relações entre conceitos, ou entre palavras que usamos para
representar conceitos”. O autor também nos diz que “mapas conceituais não
buscam classificar conceitos, mas sim relacioná-los e hierarquizá-los”. Ainda,
Peña, Nunes e Gambi (2005, p. 39) detalham ainda mais a significação de mapas
conceituais, apresentando-o como uma estratégia, método e recurso esquemático,
usando as próprias palavras de Novak, Gowin e Valadares (1996) para tal.
Segundo Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 31), e de acordo com a teoria
de Ausubel, os primeiros conceitos adquiridos pelas crianças ocorrem pela
aprendizagem por descoberta. Embora, conforme vimos anteriormente, Ausubel
(2003) tenha descartado essa parte de seu trabalho, revisado em 2000 e publicado
em português em 2003. Novak, Gowin e Valadares (1996) veem os primeiros
conceitos adquiridos por esse tipo de aprendizagem como sendo um número
relativamente pequeno, reiterando a ideia do desuso dessa teoria. A regularidade
da representação de um conceito é o que permite a composição de proposições
para a aprendizagem de tal conceito. Assim, o mapa conceitual é um recurso que
facilita a aprendizagem, pois é uma forma de representar um conjunto de
significados conceituais incluídos numa estrutura de proposições. Os significados
dos conceitos são adquiridos, através da composição de proposições, nas quais
estão incluídos os conceitos adquiridos.
Sobre a aquisição de conhecimentos, Novak, Gowin e Valadares (1996, p.
19-20) ainda afirmam que
[...] aprender que o conhecimento é construído pode constituir uma
surpresa. Generalizou-se o mito de que as pessoas descobrem o
conhecimento. A descoberta pode desempenhar um papel na
produção de novo conhecimento, mas não é mais do que apenas
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uma das atividades envolvidas na criação de novo conhecimento. A
construção do conhecimento novo começa com as nossas
observações de acontecimentos ou objetos com o recurso aos
conceitos que já possuímos. Por acontecimento entendemos
qualquer coisa que acontece ou pode ser forçada a acontecer: o
relâmpago é um acontecimento natural; as guerras, a educação e a
cisão do átomo são acontecimentos que as pessoas provocam. Por
objeto pretendemos traduzir qualquer coisa que existe e que pode
ser observada: os cães, as estrelas e os seres humanos são objetos
naturais; as casas, os objetos de cerâmica e os postes totêmicos
são objetos construídos pelos seres humanos. Portanto, verifica-se
que a construção do conhecimento pode envolver tanto os
acontecimentos ou objetos de ocorrência natural como os
acontecimentos ou objetos construídos pelo homem. O
conhecimento não se descobre, como o ouro ou o petróleo. É, sim,
construído, como os carros ou as pirâmides.
Na construção de um mapa conceitual, de acordo com Peña, Nunes e Gambi
(2005), ao descrever a ideia de Novak, necessita-se da observação de três itens
fundamentais, a saber: conceito, proposição e palavras de ligação, conforme
observaremos na Figura 1. Os conceitos referem-se a acontecimentos ou objetos
ocorridos
com
regularidade.
Ainda
ressaltamos
que
os
significados
são
idiossincráticos por natureza, algo em comum nos pensamentos de Ausubel e
Novak. Quem dá significado aos acontecimentos, objetos com regularidade, são
as pessoas. Logo, conceitos variam de indivíduo para indivíduo. Os conceitos são
os “pontos-chave” dos mapas conceituais, ou os pontos de contatos.
O segundo elemento, a proposição, é a articulação entre dois ou mais
conceitos, unidos por palavras (o terceiro elemento). As palavras de ligação
formam uma unidade semântica. Ainda nas palavras de Peña, Nunes e Gambi
(2005, p. 45), é “a menor unidade semântica que tem valor de verdade, pois se
afirma, ou se nega, algo de um conceito; vai além de sua denominação”. Portanto,
as proposições são a decodificação do mapa conceitual.
O terceiro elemento, as palavras de ligação, indica a relação entre os
conceitos. Elas unem conceitos, sem provocar imagens mentais. Esse elemento é
o mais problemático para quem ainda não domina a técnica de construção de
mapas conceituais. A maioria dos mapas conceituais iniciais não indicam as
palavras de ligação, e que são indicadas nas linhas entre os conceitos. Quando há
uma ligação cruzada, ou seja, a união de conceitos que se encontram em
ramificações
diferentes, isto
pode
indicar que ocorreu um processo
de
reconciliação integradora, conforme Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 120).
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Os mapas conceituais que revelem interligações válidas entre
conjuntos de conceitos, que de outro modo seriam encarados como
independentes, podem sugerir a reconciliação integradora de
conceitos por parte do aluno. Apenas podemos afirmar que as
interligações sugerem a reconciliação integradora, uma vez que é
possível os alunos “aprenderem de cor”.
Devemos ficar atentos ao fato de os alunos decorarem um formato de mapa
conceitual e passarem a reproduzi-lo sem necessariamente indicar a aprendizagem
significativa de determinados conceitos.
Figura 1 - Exemplo de Mapa conceitual
Fonte: Os Autores.
Quanto às características de um mapa conceitual, Peña, Nunes e Gambi
(2005) ainda indicam três características: hierarquização, seleção e impacto
visual. Estas devem ser observadas como diferenciadoras de outras estratégias ou
técnicas cognitivas. Moreira (2010, p. 11) discerne os mapas conceituais de outras
técnicas.
Embora normalmente tenham uma organização hierárquica e,
muitas vezes, incluam setas, tais diagramas não devem ser
confundidos com organogramas ou diagramas de fluxo, pois não
implicam sequência, temporalidade ou direcionalidade, nem
hierarquias organizacionais ou de poder. Mapas conceituais são
diagramas de significados, de relações significativas; de hierarquias
conceituais, se for o caso. Isso também os diferencia das redes
semânticas que não necessariamente se organizam por níveis
hierárquicos e não obrigatoriamente incluem apenas conceitos.
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Mapas conceituais também não devem ser confundidos com mapas
mentais que são livres, associacionistas, não se ocupam de relações
entre conceitos, incluem coisas que não são conceitos e não estão
organizados hierarquicamente. Não devem, igualmente, ser
confundidos com quadros sinóticos que são diagramas
classificatórios. Mapas conceituais não buscam classificar conceitos,
mas sim relacioná-los e hierarquizá-los.
Um dos aspectos mais importantes, ao se montar um mapa conceitual,
refere-se ao fato de que os conceitos mais gerais, abstratos e inclusivos, devem
ocupar os locais superiores da estrutura. Lembramos, também, que um conceito
só deve aparecer uma única vez em um mapa conceitual. Embora Peña, Nunes e
Gambi (2005), e Novak, Gowin e Valadares (1996), sejam mais enfáticos na
hierarquia dos conceitos, Moreira (2010, p. 15) é mais flexível quanto a essa
hierarquização.
Mapas conceituais podem seguir um modelo hierárquico no qual
conceitos mais inclusivos estão no topo da hierarquia (parte superior
do mapa) e conceitos específicos, pouco abrangentes, estão na base
(parte inferior). Mas este é apenas um modelo, mapas conceituais
não precisam necessariamente ter este tipo de hierarquia. Por outro
lado, sempre deve ficar claro no mapa quais os conceitos
contextualmente mais importantes e quais os secundários ou
específicos.
Moreira (2010) também coloca que não há regras gerais fixas para o traçado
de mapas conceituais. O traçado mostra a capacidade do mapa de destacar
significados atribuídos aos conceitos e às relações entre estes, isso no contexto de
um determinado campo de conhecimento. O mesmo autor enfatiza a importância
de quem fez o mapa para que o explique, sendo isto uma forma de exteriorizar os
seus significados mais profundos.
Se um mapa conceitual objetiva reunir de forma gráfica os conceitos centrais
de determinado conhecimento, a seleção desses conceitos é dedutível como uma
característica importante. A seleção do próprio corpo do texto, no qual queremos
montar o mapa conceitual, também é importante. Se fizermos um mapa conceitual
de um texto ou assunto muito extenso, iremos, inevitavelmente, ter que cortar
vários pontos para que o mapa fique bem mais objetivo. O ideal é montar um mais
geral e, depois, outros mapas mais específicos. E por isso Novak, Gowin e
Valadares (1996, p. 94) atentam para o impacto visual de um mapa conceitual:
“Um bom mapa conceitual é conciso e mostra as relações entre as ideias principais
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de modo simples e atraente, aproveitando a notável capacidade humana para a
representação visual”.
O primeiro mapa conceitual de um determinado assunto, na maioria das
vezes, apresentará falhas no quesito impacto visual. Recomenda-se que os
conceitos estejam com letras maiúsculas e rodeados por elipses ou retângulos.
Peña, Nunes e Gambi (2005, p. 47) dão preferência ao uso de elipses, por entender
que este “aumenta o contraste entre as letras e o fundo”.
Não só pelo impacto geral, mas até mesmo como um importante processo
de aprendizagem, os mapas conceituais devem ser refeitos. Refazer o mapa
permite que o aprendiz reveja o que está aprendendo, articule novas ligações,
melhorando não só a visualização, mas também as ligações entre os conceitos.
Certamente isso irá permitir novas ligações que anteriormente poderiam ter
passado despercebidas.
Dessa forma, o mapa conceitual não é algo estático. Ele se modifica com o
tempo, à medida que o aprendiz observa novas relações entre significados,
aprende novos conceitos. Da mesma forma que o entendimento de determinado
conceito é algo pessoal, os mapas conceituais também apresentam essa
característica
idiossincrática.
Podemos
pegar
vários
especialistas
de
um
determinado tema e pedir a eles que façam mapas conceituais à respeito.
Certamente, não haverá nenhum igual ao outro. Sobre esse fato, Novak, Gowin e
Valadares (1996, p. 33) afirmam que “o mesmo conjunto de conceitos pode ser
representado em duas ou mais hierarquias válidas”. Moreira (2010, p. 22) ainda
atenta.
Como a aprendizagem significativa implica, necessariamente,
atribuição de significados idiossincráticos, mapas conceituais,
traçados por professores e alunos, refletirão tais significados. Quer
dizer, tanto mapas usados por professores como recurso didático
como mapas feitos por alunos em uma avaliação têm componentes
idiossincráticos. Isso significa que não existe mapa conceitual
“correto”. Um professor nunca deve apresentar aos alunos o mapa
conceitual de um certo conteúdo e sim um mapa conceitual para
esse conteúdo segundo os significados que ele atribui aos conceitos
e às relações significativas entre eles. De maneira análoga, nunca
se deve esperar que o aluno apresente na avaliação o mapa
conceitual “correto” de um certo conteúdo. Isso não existe. O que o
aluno apresenta é o seu mapa e o importante não é se esse mapa
está certo ou não, mas sim se ele dá evidências de que o aluno está
aprendendo significativamente o conteúdo.
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Destacamos, na fala de Moreira, o fato de não haver um mapa conceitual
correto sobre determinado assunto. Ainda assim, é possível observar o grau de
domínio pela análise de desse mapa. Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 33)
mostram que “só se podem fazer conjecturas sobre o grau de precisão com que
os mapas conceituais representam os conceitos que possuímos, ou a gama de
relações entre conceitos que conhecemos”. Isso se dá não apenas pelo caráter
idiossincrático do mapa conceitual, mas também pelo domínio e uso da linguagem
que cada um possui. Determinado termo que uma pessoa possa usar para indicar
determinada regularidade pode ser diferente daquele usado por outra pessoa. O
papel da linguagem na aprendizagem é um importante fator, como vimos, na
teoria de Ausubel. E, também, ganha papel de destaque na teoria de Novak. Nesse
ponto, os mapas conceituais se mostram um importante meio de negociações de
significados entre professor e aluno, como veremos mais adiante.
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 35) destacam os sentimentos, tanto
positivos quanto negativos, que determinado conhecimento pode despertar no
aluno. Em geral, há sentimentos positivos quando o aluno dá conta da
interiorização de um novo conhecimento. Porém, em determinados discentes,
pode gerar algo negativo ou mesmo medo, quando o aluno desperta a consciência
dos erros que antes cometia, ou do grau de ignorância sobre determinado assunto.
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 119) dão muita ênfase na autoestima do
discente em seu trabalho. Novak (1981) ainda atenta que essa experiência
emocional positiva é derivada da aprendizagem significativa e serve de motivação
para o aluno aprender. Peña cita as palavras de Novak:
Certamente todos os leitores deste livro já sofreram alguma vez em
sua vida escolar o efeito demolidor de experiências que feriram sua
autoestima. Em nossos estudos de investigação, encontramos de
forma recorrente que as práticas educativas que não fazem com que
o aluno capte o significado da tarefa de aprendizagem não são
capazes, normalmente, de dar-lhes confiança nas suas capacidades,
nem de aumentar sua sensação de domínio sobre os acontecimentos
(NOVAK apud PEÑA; NUNES; GAMBI, 2005, p. 41).
O mapa conceitual é uma forma de exteriorizar elementos da estrutura
cognitiva do aluno. Moreira (2010, p. 22) coloca que uma das aplicações dos
mapas conceituais é exatamente essa, a de verificar “os significados preexistentes
na estrutura cognitiva do aprendiz”, bem como identificar os “subsunçores
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(significados) necessários para a aprendizagem significativa da matéria de ensino”.
Novak, Gowin e Valadares (1996) afirmam que, apesar da teoria de Ausubel
(2003) dar extrema importância à estrutura cognitiva dos alunos, estes autores
não indicaram elementos funcionais para os educadores analisarem isso. Ainda
afirmam que
Esses instrumentos educativos são os mapas conceituais; eles
foram desenvolvidos especificamente para estabelecer comunicação
com a estrutura cognitiva do aluno e para exteriorizar o que este já
sabe de forma a que tanto ele como o professor se apercebam disso.
Não estamos desta forma a afirmar que os mapas conceituais sejam
uma representação completa dos conceitos e proposições relevantes
que o aluno conhece. No entanto, afirmamos que constituem uma
aproximação trabalhável, a qual tanto os estudantes como os
professores podem conscientemente e deliberadamente ampliar e
fazer progredir (NOVAK; GOWIN; VALADARES, 1996, p. 56).
Observamos, com isso, a importância dada ao conhecimento prévio do
aluno, tanto na teoria de Ausubel quanto em Novak. Identificar os conhecimentos
prévios dos alunos é um importante ponto de partida para a inserção de novos
conhecimentos. Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 37) destacam a importância
dos conhecimentos prévios dos alunos:
O ponto mais importante a recordar acerca do compartilhar de
significados, no contexto da educação, é que os estudantes trazem
sempre algo deles próprios para a negociação, não sendo pois uma
tábua rasa para nela se escrever ou um contentor vazio para se
encher.[...]. O que quer que seja que os estudantes tenham
aprendido antes, tem de ser usado para alimentar a nova
aprendizagem. Tanto os estudantes como os professores devem
estar conscientes do valor que têm os conhecimentos prévios na
aquisição dos novos conhecimentos.
Conforme a teoria da aprendizagem significativa, nem sempre esses
conhecimentos prévios dos alunos são corretos. Os mapas conceituais são um
instrumento para verificar a existência de aprendizagens incorretas. Para tal,
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 36) atentam para a verificação da existência
de
concepções
alternativas,
ou
seja,
interpretações
inaceitáveis,
não
necessariamente erradas, de determinado conceito. No caso, se verificarmos, em
um mapa conceitual, a ligação de dois conceitos que formam uma proposição falsa
pela falta de palavras de ligação. Isso é contornável com a elaboração de mapas
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prévios, sendo que os próprios Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 60) indicam
essa atividade,
[...] dado que é quase certo que existem concepções alternativas
sobre o conteúdo de qualquer capítulo que leiam, a elaboração de
um mapa prévio pode alertar os estudantes para as concepções
alternativas a evitar. Por vezes, o maior obstáculo com que nos
debatemos para extrair o significado de um texto é aquilo que
julgamos que já sabemos o que pode não ser correto ou estar em
desacordo com o ponto de vista que se apresenta no texto. Não
queremos que os estudantes fiquem com a ideia que os textos
impressos são sempre corretos; mas há que ajudá-los a avaliar
criticamente as afirmações do texto e aquilo em que eles são
levados a acreditar após o lerem.
Tanto a teoria da aprendizagem significativa, quanto a teoria dos mapas
conceituais de Novak, são enfáticos em responsabilizar o aluno também pela
aprendizagem. A teoria de Ausubel nos diz que o aluno tem que querer relacionar
o conhecimento com seus subsunçores. Caso isso não ocorra, a aprendizagem será
somente mecânica e o conhecimento não será aprendido de forma significativa e
se perderá. Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 22) dizem que “o aluno deve optar
por aprender; a aprendizagem é uma responsabilidade que não pode ser
compartilhada”.
Peña, Nunes e Gambi (2005, p. 16) ainda fazem uma análise do processo
de aprendizagem à luz da teoria de Ausubel. Afirmam que a aprendizagem é um
processo de desenvolvimento de estruturas significativas ou insights: “A formação
e o desenvolvimento da estrutura cognitiva depende do modo como uma pessoa
percebe os aspectos psicológicos do mundo pessoal, físico e social”. O principal
motivador para aprender é a própria estrutura cognitiva do aluno. Ao mudar a
motivação, surge inclusive outra estrutura cognitiva. Logo, se o aluno não quer
aprender, se ele não quer mudar sua estrutura cognitiva, não há aprendizagem
significativa.
O aluno deve ter a intenção de associar um novo conhecimento em sua
estrutura cognitiva. Ele tem que procurar dar sentido, ou relacionar, o que está
aprendendo aquilo que já tenha aprendido. Quando isso ocorre, há aprendizagem
significativa, e há o sentimento positivo da aprendizagem. Dito isso, podemos
afirmar que é o aluno que constrói seu próprio conhecimento e ele é o responsável
pela motivação em aprender, cabendo ao professor indicar o caminho para isso.
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Como podemos observar, mapas conceituais são uma técnica muito versátil
para a aprendizagem significativa, e há uma variedade enorme de aplicações. O
próprio Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 56) listam uma série de aplicações
dos mapas conceituais. Levando em consideração a importância dada ao
conhecimento prévio dos alunos, pela teoria da aprendizagem significativa, antes
de introduzir um novo conhecimento, é importante para o professor saber quais
são esses conhecimentos prévios (subsunçores) que o aluno possui e se são
adequados para o novo conhecimento. Embora Ausubel tenha indicado a
importância dos subsunçores, ele não indicou como analisar esses conhecimentos
prévios dos alunos. Nas palavras de Ausubel (apud NOVAK; GOWIN; VALADARES,
1996, p. 56): “Se eu tivesse de reduzir toda a psicologia educacional a um só
princípio, diria o seguinte: O fator mais importante que influencia a aprendizagem
é o que o aluno já sabe. Averígue isto e ensine o aluno em conformidade”.
Novak (1981) apresenta o mapa conceitual como uma técnica que permite
ao professor fazer essa análise dos conhecimentos que o aluno já possui. Para
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 56), os mapas conceituais “foram
desenvolvidos especificamente para estabelecer comunicação com a estrutura
cognitiva do aluno e para exteriorizar o que este já sabe de forma que tanto ele
como o professor se apercebam disso”. Sabendo-se previamente o que os alunos
conhecem, torna-se mais fácil para o docente traçar métodos para alcançar a
aprendizagem significativa dos saberes discentes. Nesse sentido, é interessante
também verificar o avanço dos alunos na aquisição de novos conhecimentos. Ao
refazerem os mapas iniciais, percebe-se a evolução destes, à medida que se dá
novos significados e formas aos mapas construídos. Isto acaba funcionando como
um estímulo à aquisição de novos conhecimentos.
Assim, não apenas como indicativo do que o aluno sabe e já aprendeu, os
mapas conceituais permitem que se trace um roteiro de aprendizagem. Novak,
Gowin e Valadares (1996, p. 58) comparam a construção do mapa conceitual do
roteiro de aprendizagem com o mapa geográfico de uma cidade com indicativos
de locais de interesse em se visitar. Os conceitos que se pretende aprender são
assinalados como objetivos a serem alcançados. Eles ainda explicam que, para um
melhor uso didático, é interessante construir os mapas conceituais em três níveis
de grandeza. Inicialmente, indo do mais geral – ou seja, o que se pretende
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aprender em um ano, semestre – para os mais específicos, aquilo que se pretende
aprender em um período de três a quatro semanas. Uma interessante ação é
deixar os mapas conceituais mais interessantes expostos nas paredes das salas de
aula como uma constante lembrança do que já se aprendeu e do que se pretende
aprender naquele período de tempo.
A importância da leitura para a aquisição de novos conhecimentos é algo
inegável. Contudo, muitas vezes, nos confrontamos com textos de difícil
compreensão. Neste caso, os mapas conceituais podem ser uma forma de melhor
extrair os significados do texto, conforme Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 59).
A construção de um mapa conceitual, contendo as ideias principais de uma seção,
ou de um capítulo, pode ajudar a relembrar o conteúdo do texto em leituras
posteriores. Outro caso que os autores destacam está quando julgamos conhecer
o significado de determinado conceito apresentado no texto, e que pode não estar
de acordo com a nossa interpretação e conhecimento deste. A construção do mapa
conceitual ajudaria a evitar o erro de interpretação.
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 62) ainda demonstram a capacidade
dos mapas conceituais para melhor compreensão de obras literárias. Nesse caso,
este ferramental pode ser uma interessante forma de se retirar significados de
obras literárias, e permitir uma melhor análise em sala de aula. Da mesma forma,
os mapas podem servir de ajuda no entendimento e leitura de textos truncados,
assim como podem auxiliar na leitura de artigos de jornais e revistas. A elaboração
do mapa conceitual de um artigo, por exemplo, permite a identificação dos
conceitos-chave e/ou proposições do texto. Novak, Gowin e Valadares (1996)
comparam, neste caso, o mapa conceitual a uma forma de escrita estenográfica
do artigo em questão.
Não apenas na ajuda para a leitura e decodificação de textos, os mapas
também podem servir como um auxiliar na elaboração de trabalhos escritos ou de
exposições orais. Na visão de Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 69), “o
conhecimento armazena-se na nossa mente numa espécie de estrutura hierárquica
ou holográfica. Cada vez que dizemos ou escrevemos algo, temos de transformar
a informação de uma estrutura hierárquica para uma estrutura linear”. Os mapas
conceituais servem como uma ponte de transformação dessa estrutura holográfica
para uma estrutura linear.
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Em um trabalho de laboratório e/ou campo, tal ferramenta pode ajudar a
buscar relações entre conceitos-chave e na interpretação dos acontecimentos.
Novak, Gowin e Valadares (1996) também indicam o uso como um roteiro-guia
para um trabalho em campo com uma turma, destacando os principais objetos a
serem observados em uma excursão, por exemplo. Um mapa conceitual,
previamente construído em sala de aula, antes de uma atividade em campo, pode
enriquecer muito a compreensão dos alunos, ao observarem, na prática, os
conhecimentos adquiridos em sala de aula.
Peña, Nunes e Gambi (2005) trazem o papel do mapa conceitual como
estratégia de aprendizagem. Para tal, utilizam do trabalho de Pozo (1989) para
explicar melhor o papel do mapa conceitual como estratégia de aprendizagem.
Peña, Nunes e Gambi (2005, p. 53) explicam a classificação das estratégias
cognitivas de Pozo:
Na classificação de Pozo (p.209), os mapas conceituais aparecem
como uma técnica ou habilidade no âmbito da aprendizagem por
reestruturação (identifica-se com o significativo e como nível de
processamento
profundo),
pertencente
à
estratégia
de
aprendizagem de organização hierárquica. A aprendizagem por
reestruturação consiste na conexão dos materiais novos com
conhecimentos anteriores, ‘situando-os em estruturas de significado
mais ou menos amplas’. As estratégias de organização ‘implicam
uma organização hierárquica ou classificação semântica dos
elementos’ e representam a forma mais complexa e sofisticada de
se aprender um material.
Além disso, tanto Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 24) quanto Peña,
Nunes e Gambi (2005, p. 53), destacam a importância do mapa conceitual no
desenvolvimento da capacidade do aluno de refletir sobre a estrutura do
conhecimento. Além de entender o processo de produção do conhecimento, ou
seja, desenvolver o metaconhecimento dos alunos. Ainda, ambos os artigos
também destacam o uso do mapa conceitual como instrumento de negociação de
significados. Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 36) alertam que a aprendizagem
é algo de responsabilidade individual, logo, não é passível de negociações. E por
isso usam a expressão “negociação de significados”. Um mesmo conceito pode ter
diferentes significados para duas ou mais pessoas. O ato de aprendizagem é um
ato de troca de significados, no qual o professor apresenta o significado
socialmente aceito para determinado conceito, cabendo ao aprendiz aceitar ou não
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o seu novo uso. Incentivar a construção de mapas conceituais em conjunto pode
ser uma forma interessante de negociação de significados.
Os mapas conceituais também podem ser indicados como uma importante
forma de avaliar o aprendizado do aluno. Como os mapas conceituais procuram
representar a estrutura cognitiva dos alunos, é patente o seu uso como um
instrumento avaliativo da aprendizagem. É importante enfatizar que Moreira
(2010) afirma que não há um mapa conceitual correto sobre determinado assunto.
É preciso que o professor decodifique as relações entre conceitos, nos mapas
conceituais dos alunos, para determinar se a aprendizagem foi ou não significativa.
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 109-124) dedicaram um capítulo de seu
trabalho para demonstrar a forma de avaliar e estipular valores (pontos) para os
mapas conceituais. Não vamos aqui enumerar as formas de pontuar um mapa
conceitual, pois fugiria do objetivo do presente trabalho, mas indicaremos os
principais erros que são cometidos ao elaborar-se este trabalho, de acordo com os
autores. De acordo com Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 113), o principal
ponto de investigação dos mapas conceituais é procurar “alterações qualitativas
na estrutura dos mapas conceituais”, logo, não havia o objetivo de criar um escore
para os mapas. Portanto, apenas tendo em vista a necessidade que a sociedade
nos impõe de estipular valores, os articulistas determinaram formas de pontuálos.
Os primeiros mapas conceituais desenvolvidos por Novak, Gowin e
Valadares (1996, p. 111) não exigiam o uso da palavra de ligação entre conceitos.
À medida que alguns pesquisadores, ao usarem a técnica, observaram a
dificuldade de análise desses mapas sem a palavra de ligação, esta surgiu. É
comum, especialmente nos primeiros mapas conceituais desenvolvidos por alunos
ou qualquer pessoa, a falta de palavras de ligação. Sem ela, as proposições criadas
entre os conceitos não são tão claras. Aqui reside a sua importância. Moreira
(2010, p. 15) destaca que não há regras para a construção de mapas conceituais,
mas que o uso das palavras-chave deve ser incentivado. E talvez um dos pontos
mais fáceis de se observar em um mapa, neste ponto, sejam as possíveis ligações
defeituosas entre conceitos.
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 113) utilizam-se da teoria de
aprendizagem significativa de Ausubel para analisar os mapas conceituais,
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estipulando valores, mais especificamente três pontos centrais da ideia de
Ausubel:
estrutura
hierárquica,
diferenciação
progressiva
e
reconciliação
integradora.
A importância da estrutura hierárquica no mapa conceitual, de acordo com
a ideia de Novak, justifica-se no conceito de subsunção de Ausubel. Se a nova
informação é relacionada a um conceito prévio mais abrangente e geral, isso deve
estar bem visível. Logo, a estrutura hierárquica, os conceitos mais gerais e
inclusivos no topo, e os conceitos mais específicos na base, são importantes fatores
para a análise de como o aluno relacionou seu conhecimento. Além disso, é
também um importante indicativo de quais ligações foram feitas a determinado
conceito, bem como quais relações se considera importante. Se determinadas
ligações surgem de maneira imprecisa pode ser um indicador de que a
aprendizagem não foi significativa, pois o novo conhecimento não se agregou à
estrutura cognitiva do aluno corretamente. A estrutura hierárquica também é um
indicativo da criatividade do aluno, permitindo a análise de formas alternativas de
criação. A mesma estrutura, quando refeita, pode permitir ao aluno fazer novas
ligações que, antes da análise de seu mapa conceitual, normalmente não faria.
Quanto a essas novas ligações, de acordo com Novak, Gowin e Valadares
(1996, p. 115), estas são um importante indicativo de uma reorganização da
estrutura cognitiva, o que indicaria uma diferenciação progressiva. Lembrando que
este princípio diz que, à medida que novos conceitos são ligados em um
determinado subsunçor, este fica mais carregado, mais enriquecido. Para Novak,
Gowin e Valadares (1996, p. 115), “A aprendizagem é o resultado de uma
mudança do significado da experiência, e os mapas conceituais são um método de
mostrar, tanto ao aluno como ao professor, que ocorreu realmente uma
reorganização cognitiva”. Ressaltemos, aqui, o caráter metacognitivo dos mapas
conceituais, o que possibilita ao aluno ter consciência do que está aprendendo, e
como está aprendendo.
Logo, os mapas permitem uma melhor análise do grau de diferenciação dos
conceitos de qualquer pessoa ou aluno, pois representam precisamente as ligações
entre conceitos. É importante ressaltar que o ideal é que o professor, no caso
escolar, antes de introduzir um novo assunto, tenha algum entendimento do que
o aluno sabe. No caso, para poder promover uma aprendizagem significativa e,
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assim, a diferenciação progressiva dos conceitos. A análise prévia do conhecimento
é, dessa forma, importante também para descobrir se há subsunçores
inadequados. Ou seja, devido ao caráter idiossincrático do conhecimento,
determinado subsunçor de um aluno pode apresentar um significado totalmente
diferente do que é desejável para o professor.
Considerações Finais
Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 119) analisam, em suas obras, os
indicativos de reconciliação integradora dos mapas conceituais. Relembrando que
reconciliação integradora, na teoria de Ausubel, ocorre quando o aluno faz novas
ligações entre conceitos, melhorando assim a sua aprendizagem significativa,
eliminando
diferenças
aparentes,
integrando
significados,
fazendo
superordenações, e resolvendo inconsistências. Como o mapa demonstra a
estrutura cognitiva de cada pessoa, ele permite que o professor analise e
identifique a falta de conceitos relevantes, ou de ligações erradas, possibilitando,
assim, uma negociação de significados entre professor e aluno. Essa negociação
cria reconciliações integradoras, conduzindo a novas compreensões mais
poderosas, simultaneamente produzindo uma diferenciação mais profunda nos
significados. Novak, Gowin e Valadares (1996, p. 120) evidenciam o que poderia
sugerir a reconciliação integradora de conceitos por parte dos alunos: “mapas
conceituais que revelam interligações válidas entre conjuntos e conceitos, que, de
outro modo, seriam encarados como independentes”.
Baseamo-nos também em Peña, Nunes e Gambi (2005, p. 41) com um
modelo educacional “centrado no aluno e não no professor”, e na sua
aprendizagem; atendendo ao “desenvolvimento das habilidades, que isso não se
conforme somente na repetição mecânica da informação por parte do aluno”.
Ainda, segundo tais autores, que se “pretenda o desenvolvimento harmônico de
todas as dimensões da pessoa, não somente as intelectuais”. Por tudo isso, os
escolhemos também como referenciais às teorias de Ausubel e Novak para a
análise do presente trabalho.
Tais propostas podem contribuir para a educação como se encontra
atualmente nas escolas no Brasil e no mundo. O projeto educacional vigente está
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em crise, especialmente por ser uma aprendizagem vazia de significados para os
alunos. A escola atual está centrada somente na passagem de muitas informações,
mas sem conexão com a realidade dos alunos, resultando em desinteresse,
desmotivação em aprender, desrespeito ao professor. Este, neste processo, acaba
sendo cada vez mais desvalorizado e desmotivado para o seu trabalho, gerando
um círculo vicioso que se repete todos os anos em muitos lugares. É imperativo
romper esse ciclo, e como exemplo final, lembramos os ensinamentos do Prof.
Darcy Ribeiro em suas muitas entrevistas públicas, nas quais sempre mencionava
que “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto”. Embora dita
em momentos históricos específicos, e às vezes mencionando a ditadura militar no
Brasil iniciada nos anos 60, a frase ainda é extremamente válida e atual. Portanto,
faz-se necessário lutar contra esse projeto a todo custo, se quisermos construir
agora um país, e um mundo, melhores para os nossos filhos.
Referências
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problemas. Tradução de: Érica da Silva Xavier. História & Ensino, Londrina, v.
19, n. 1, p. 221-245, 2013.
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Parâmetros curriculares nacionais: história. Brasília: MEC: SEF, 1998.
LACERDA, Caroline Côrtes. Problemas de aprendizagem no contexto escolar:
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https://www.psicopedagogiaonline.com.br/index.php/941-problemas-deaprendizagem-no-contexto-escolar-duvidas-ou-desafios. Acesso em: 26 out.
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MOREIRA, Marco Antonio. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São
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MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa: a teoria e textos
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NOVAK, Joseph D. Uma teoria de educação. São Paulo: Pioneira, 1981.
NOVAK, Joseph Donald; GOWIN, D. Bob; VALADARES, Carla. Aprender a
aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1996.
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PEÑA, Antonio Ontoria; NUNES, Maria Jose Rosado; GAMBI, Thiago. Mapas
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POZO, Juan Ignacio. Teorías cognitivas del aprendizaje. Madrid: Ediciones
Morata, 1989.
Recebido em 04 de Novembro de 2018
Aprovado em 12 de Novembro de 2020
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