Editora Poisson
Gestão da produção em foco
Volume 8
1ª Edição
Belo Horizonte
Poisson
2018
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade
Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
G393
Gestão da Produção em Foco– Volume 8/
Organização Editora Poisson – Belo
Horizonte - MG : Poisson, 2018
235p
Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-47-8
DOI: 10.5935/978-85-93729-47-8.2018B001
Modo de acesso: World Wide Web
Inclui bibliografia
1. Gestão da Produção 2. Engenharia de
Produção. I. Título
CDD-658.8
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são
de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.
www.poisson.com.br
[email protected]
Capítulo 1: Os impactos econômicos, sociais e ambientais da ecoeficiência:
estudo de caso na Santôrres concessionária Mercedes Benz, localizada na
cidade de Patos-PB .............................................................................................
7
(Adriele Mercia Souza de Assis, Maria do Socorro dos Santos Cirilo, Mayara Santiago Monteiro,
Stephanye Késsia Oliveira Silva, Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda)
Capítulo 2: Análise ergonômica com os alunos da Universidade Tecnológica
Federal do Paraná ................................................................................................
16
(Paulo Roberto Vergopolan, Mônica Cristina Lunkes da Ros, João Eduardo Portilho Encide, Neusa
Idick Scherpinski, Carlos Aparecido Fernandes)
Capítulo 3: A influência da taxa de câmbio nas exportações de carne suína do
Brasil – uma análise de longo prazo com modelos concorrentes .......................
29
(Tiane Alves Rocha Gastardelo, Daniel Arruda Coronel, Reisoli Bender Filho, Pascoal José Marion
Filho, Laércio Juarez Melz)
Capítulo 4: Os resultados e as dificuldades encontradas na implantação das
ferramentas Lean Manufacturing em uma empresa de pequeno porte no setor de
móveis ..................................................................................................................
44
(Branca Scannapieco Della Coletta, Ivana Salvagni Rotta)
Capítulo 5: Rede de cooperação empresarial do setor de confecções de
Taquaral: ganhos competitivos ............................................................................
55
(Ernane Rosa Martins, João Ricardo de Freitas Bastos, Solange da Silva)
Capítulo 6: O impacto da produção enxuta no desempenho dos trabalhadores:
uma análise bibliométrica ....................................................................................
67
(Juliane Andressa Camatti, Murilo Gattás Arthus, Alessandro Lucas da Silva, Francisco I.
Gioncondo César, Paulo Sergio de Arruda Ignacio)
Capítulo 7: Proposta de criação de itens de controle em um setor de solda numa
indústria metal mecânica .....................................................................................
78
(Mario Fernando Mello, Ronie Scheidemantel de Lima, Luiza dos Santos Guasso , Eudes Vinicius
dos Santos)
Capítulo 8: Estudo das principais estratégias utilizadas pelas empresas do setor
de linha branca no cenário competitivo atual.. ....................................................
90
(Plinio de Castro Grande, Ivana Salvagni Rotta)
Capítulo 9: Estudo comparativo entre quatro indústrias do ramo cerâmico sobre a
influência da gestão da manutenção na produtividade das organizações .........
(André Grecco Carvalho, Alessandro Aguilera Silva, Juander Antônio de Oliveira Souza, Sabrina
Félix Custódio)
98
Capítulo 10: Fatores organizacionais determinantes da capacidade de inovação
em empresas de desenvolvimento de software ...................................................
108
(Mara Paz Mauricio Nowazick, Gisela Aparecida Sartor, Adriana Kroenke, Luciano Castro de
Carvalho)
Capítulo 11: Análise bibliométrica: suporte à decisão em grupo no contexto das
ideias ....................................................................................................................
121
(Aline de Brittos Valdati, Waldoir Valentim Gomes Júnior, Ranieri Roberth Silva de Aguiar, Roberto
Fabiano Fernandes, João Artur de Souza )
Capítulo 12: Lean manufacturing: implantação em uma oficina de manutenção de
equipamentos de transportes de uma mineradora de grande porte ...................
132
(Ionara Houry Heizer, Sven Schafers Delgado, Thiago Anastácio Madeira, Patricia Carla de Brito
Neves, Maria Auxiliadora Lage, Gilberto Braga Pereira)
Capítulo 13: Ganhos Competitivos em uma Rede de Cooperação Empresarial
(RCE) de Imobiliárias do Estado de Goiás...........................................................
142
(Ernane Rosa Martins, Solange da Silva)
Capítulo 14: Ecodesign em embalagens de bebidas lácteas: a influência
dasustentabilidade nas preferências dos consumidores ....................................
153
(Kelly Carvalho Vieira, Cintia Loos Pinto, Jose Willer do Prado, Tamara Santiago Esmin, Daniel
Carvalho de Rezende)
Capítulo 15: Elaboração da Diretriz Estratégica do Grupo PET Engenharias da
UNIPAMPA - campus Bagé .................................................................................
165
(Emilene Mendonça da Silva, Filipe César Azambuja Rodrigues, Mariana Antonov Benvegnú ,
Lilyany Bezerra de Andrade , Priscila Hasse Palharim, Rômulo Barbosa Ribeiro, Estevãn Martins
de Oliveira)
Capítulo 16: Formulação do planejamento estratégico do grupo PET-Engenharias
da UNIPAMPA através de matriz SWOT e análise GUT ......................................
173
(Lilyany Bezerra de Andrade, Priscila Hasse Palharim, Rômulo Barbosa Ribeiro, Emilene
Mendonça da Silva, Filipe César Azambuja Rodrigues, Mariana Antonov Benvegnú, Estevãn
Martins de Oliveira)
Capítulo 17: Gestão de Energia na Indústria - Uma Estratégia Competitiva para a
Crise Energética ...................................................................................................
(Rudinei A. Welter, Marcos R. Fröhlich, Jaisson Potrich dos Reis)
182
Capítulo 18: Gestão de Processos e sua aplicação em uma empresa do setor
logístico ................................................................................................................
(Luciene Galdino Ricardo, Tanatiana Ferreira Guelbert, Ana Paula da Silva, Marcelo Guelbert)
Capítulo 19: Redução do lead time de fabricação dos conjuntos tomada de ar e
para-lama dianteiro/traseiro, por meio do mapeamento do fluxo de valor ..........
190
199
(Leopoldo Euler Marialva de Albuquerque, Raimundo Kennedy Vieira)
Capítulo 20: Utilização do geoprocessamento para projetos de condomínios de
biogás .................................................................................................................
210
Autores ..........................................................................................................................
220
(Bruno Aparecido Oliveira, Selma Regina Aranha Ribeiro,
Jovani Taveira de Souza)
Patrícia Teixeira dos Santos,
Capítulo 1
Adriele Mercia Souza de Assis
Maria do Socorro dos Santos Cirilo
Mayara Santiago Monteiro
Stephanye Késsia Oliveira Silva
Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda
Resumo: O presente artigo busca investigar os efeitos gerados a partir da
institucionalização de práticas ecoeficientes na Santôrres Concessionária Mercedes
Benz, localizada na cidade de Patos-PB. Para auxiliar o problema da pesquisa, foi
necessário observar os seguintes pontos: identificar quais processos de redução,
reutilização e reciclagem (3R’s); avaliar os investimentos e possíveis retornos
financeiros que as práticas do uso dos 3R’s podem proporcionar a empresa; propor
medidas de conscientização ambiental para os colaboradores da empresa. A
pesquisa é caracterizada como aplicada, qualitativa, exploratória e bibliografica.
Foi realizada em forma de estudo de caso, na empresa Santôrres Concessionária
Mercedes Benz. Como resultado foi possível identificar as principais práticas
ecoeficientes que a empresa utiliza, com destaque a captação de aguas pluviais,
redução de enérgia elétrica, através do desligamento de aparelhos eletrônicos,
separação e coleta seletiva dos resíduos proveniente da atividade produtiva e
doação desses a associação de catadores da cidade. Também foi comprovado
que não existe treinamento formal para com os funcionários sobre questões
ambientais, eles recebem informações “informais” no dia a dia pela gerencia. Em
relação ao retorno financeiro das práticas, gira em torno de R$ 1.000,00 a
R$ 2.000,00 anualmente, porém, o entrevistado afirmou que o maior retorno obtido
é na aquisição de uma melhor qualidade de vida e não em recursos financeiros.
Palavras chave: ecoeficiência, matriz 3’Rs, práticas sustentáveis.
8
1 INTRODUÇÃO
A presente pesquisa busca investigar os
efeitos gerados a partir da institucionalização
de práticas ecoeficientes na Santôrres
Concessionária Mercedes Benz, localizada na
cidade
de
Patos-PB,
viabilizando
a
proposição de melhoria nesse sistema e
proporcionando informações básicas para
que outras empresas possam se espelhar.
Para complementar o objetivo geral, foi
necessário
traçar
alguns
específicos:
identificar quais os processos de redução,
reutilização e reciclagem (3R’s); avaliar os
investimentos e possíveis retornos financeiros
que as práticas do uso dos 3R’s podem
proporcionar a empresa; propor medidas de
conscientização
ambiental
para
os
colaboradores da empresa.
É justificada pelas informações do Panorama
Nacional de Resíduos Sólidos, da Associação
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (ABRELPE), que em 2014,
foram geradas 78,6 milhões de toneladas de
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil. A
mesma pesquisa aponta que, desse total,
41,6% do material teve uma destinação
inadequada no momento do descarte.
Também tem como base os dados do Instituto
Ethos (UniEthos, 2012), que 69% das
empresas
brasileiras
reconhecem
a
necessidade de inserção da sustentabilidade
no planejamento estratégico. Analogamente,
um estudo realizado pelo SEBRAE (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas), diz que apenas 46% das micro e
pequenas empresas brasileiras acreditam que
a questão ambiental possa gerar algum
retorno financeiro aos seus negócios. No
entanto, para os consumidores, segundo uma
pesquisa da Confederação Nacional da
Indústria (CNI) e do Instituto Brasileiro de
Pesquisa e Estatística (IBGE), 68% dos
consumidores brasileiros estariam dispostos a
pagar mais por um produto que não
agredisse o meio ambiente.
Apresenta como diferencial a investigação
sobre possíveis retornos financeiros gerados
a partir de medidas de redução, reutilização e
reciclagem (3R’s) no âmbito empresarial e
proposta de conscientização para os
colaboradores da empresa. O estudo dos
resultados
gerados
a
partir
do
estabelecimento dessas medidas no ambiente
organizacional é pertinente, pois, como foi
apresentado nos dados da ABRELPE, um
número elevado de RSU teve o seu descarte
feito de maneira inadequada, o que ocasiona
degradação e poluição ambiental.
Ao adotar a política ecoeficiente, as empresas
têm não só uma melhoria da imagem frente ao
mercado, mas também inúmeras vantagens
como: a redução do desperdício de recursos
e dos custos de investimento; melhoria da
imagem
do
produto,
que
ganha
competitividade frente outros ao se inserir no
mercado; lucratividade e possibilidades de
financiamentos para investimentos futuros; etc
(PONTELLO, 2016 ).
Essa pesquisa produzirá aprofundamento de
conhecimentos dos seus autores na área de
sustentabilidade empresarial, ecoeficiência e
das práticas de redução, reutilização e
reciclagem.
Além
disso,
haverá
a
possibilidade de outras empresas aderirem as
medidas ecoeficientes, por meio das
informações disponibilizadas neste material, e
consequentemente, uma possível redução
dos impactos ambientais gerados através de
um descarte inadequado de insumos.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E
SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
Neste referencial teórico serão abordados os
temas de desenvolvimento sustentável,
abrangendo um breve histórico e os seus
atuais
conceitos,
sustentabilidade
empresarial, para que posteriormente sejam
tratados os temas de ecoeficência e de
redução, reciclagem e reutilização.
Segundo Donaire (2011) após a Revolução
Industrial o aumento do consumo dos
recursos naturais, ao longo dos anos, ocorreu
com muita rapidez. Na mesma linha de
raciocínio, Seiffert (2011) acrescenta que
após essa Revolução a preocupação com a
limitação
dos
recursos
naturais
foi
despertada, dando início às primeiras
medidas de conciliação da atividade
econômica com a proteção ao meio ambiente.
A percepção dessa variável é relevante, pois,
conforme Félix (2011), os recursos para a
produção de bens materiais tornam-se cada
vez mais escassos, e por isso, a crise dos
recursos naturais deve ser um fator de análise
macroambiental para o processo de tomada
de decisões nos níveis estratégicos das
organizações.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
9
Já no século XX, de acordo com Tachizawa
(2011), a partir das décadas de 1960 e 1970,
a nova consciência ambiental foi um resultado
das modificações culturais decorrentes desta
época, tornando o meio ambiente um dos
princípios do homem moderno. Já nos anos
de 1980, a questão ambiental deixou de ser
considerada como um custo e passou a ser
enfatizada como uma aplicação, de longo
prazo, que poderia tornar-se uma vantagem
competitiva das organizações. Ao longo da
década de 1990, a:
Atitude e postura dos gestores das
organizações em todos os segmentos
econômicos nos anos 1990 passaram de
defensiva e reativa para ativa e criativa. Na
nova cultura, a fumaça passou a ser vista
como anomalia e não mais como vantagem
(TACHIZAWA, 2011, p.8).
Com inúmeros problemas decorrentes das
limitações naturais para o processo produtivo,
em abril de 1987, surge a primeira concepção
de desenvolvimento sustentável, na Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente das Nações
Unidas que desenvolveu o Relatório de
Brundtland (Nosso Futuro Comum), o qual diz
que o desenvolvimento sustentável deve
atender às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das futuras
gerações atenderam (DONAIRE, 2011). De
acordo com a Declaração de Joanesburgo
(2002) os requisitos e objetivos do
desenvolvimento sustentável são:
[...] a erradicação da pobreza, a mudança
dos padrões de consumo e produção e a
proteção e manejo da base de recursos
naturais para o desenvolvimento econômico e
social são os principais objetivos e os
requisitos essenciais do desenvolvimento
sustentável
(DECLARAÇÃO
DE
JOANESBURGO, 2002, p.2).
É possível constatar que o conceito de
desenvolvimento sustentável não está voltado
apenas para questões ambientais, mas
também para as áreas sociais e econômicas.
A perspectiva econômica da sustentabilidade
prevê que as organizações precisam ser
economicamente viáveis. A sua função social
tem que ser executada considerando o
ângulo da rentabilidade, isto é, o oferecimento
de retornos aos investimentos efetuados pelo
capital privado. Já no âmbito social, a
organização
deve
viabilizar
melhores
condições
de
trabalho
aos
seus
colaboradores, observando as diferenças
culturais existentes na sociedade em que atua
e
proporcionando
oportunidades
para
pessoas com deficiência, de modo geral. No
aspecto ambiental a empresa precisa adotar
práticas ecoeficientes em sua produção,
simultaneamente com a produção mais limpa;
possibilitar o desenvolvimento de uma cultura
organizacional voltada para as questões do
meio ambiente; buscar obter uma postura de
responsabilidade ambiental ao mesmo tempo
em que procura não contaminar a natureza
(DIAS, 2011). Conforme Araújo e Mendonça
(2009)
para
ser
considerada
a
sustentabilidade empresarial, é necessário
que haja ações voltadas para as três
dimensões básicas.
Segundo Zambon e Ricco (2011) a
sustentabilidade empresarial deve ser vista
como uma oportunidade de novos negócios
para as empresas. Para os mesmos autores
harmonizar o desenvolvimento das esferas
social, econômica e ambiental pode gerar
uma boa imagem, reputação e faturamento
para as organizações, além de auxiliar no
progresso e longevidade dos negócios.
Porém, a sustentabilidade nas empresas é
materializada através do estabelecimento de
medidas
ecoeficientes
no
ambiente
organizacional, tema abordado no tópico 2.2
da presente fundamentação.
2.2 ECOEFICIÊNCIA
Segundo a World
Business Council for
Sustainable Development (WBCSD, 2000) a
ecoeficiência é adquirida através da oferta de
bens e serviços que possuam preços
competitivos e que possam satisfazer as
necessidades
do
ser
humano,
proporcionando a estes qualidade de vida,
como também possam reduzir os impactos
ecológicos, além de diminuir a proporção da
utilização dos recursos naturais.
Da mesma maneira, Leal (2009 p.7) afirma
que a ecoeficiência combina o desempenho
econômico e desempenho ambiental de modo
a criar e promover valores com menor
impacto sobre o meio ambiente. Portanto, de
acordo com os autores é possível inferir que a
ecoeficiência busca suprir as necessidades
de consumo do ser humano ao mesmo tempo
em que procura reduzir os impactos
ambientais
causados
pelo
processo
produtivo.
Medidas como a redução da intensidade
material, energética e da dispersão de
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
10
substâncias tóxicas, o aumento da reciclagem
e da intensidade de serviço, além do
prolongamento do ciclo de vida do produto e
da otimização do uso de materiais renováreis,
são apontadas pela WBCSD (2000) para a
melhoria da aplicação da ecoeficiência.
Porém, as organizações ecoeficientes não
surgem da noite para o dia. Essa nova
conduta necessita de dedicação, inovação e,
principalmente, de mudança. As empresas,
independentemente do seu porte, precisam
arriscar, reconsiderar seus padrões de
produção, procurando novas formas de
instituir e fazer negócios (ZAMBON e RICCO,
2011). Mas, a partir do momento que o
sistema ecoeficiente for implantado na
organização, em consonância com a WBCSD
(2000), aquele deve ser adotado por todas as
áreas da empresa, desde o marketing,
desenvolvimento do produto até a sua
produção e distribuição.
motivados com a causa ambiental. Conforme
Seiffert (2011 p.126) a conscientização
ambiental está muito ligada à motivação, ou
seja, à vontade que as pessoas têm de
realizar seus trabalhos da melhor maneira
possível. Mas não adianta o funcionário estar
apenas consciente da relevância da
execução de suas atividades para o
desempenho ambiental da organização, é
preciso que ele seja treinado e sensibilizado,
ou seja, tenha um nível de comprometimento
adequado para o alcance desse desempenho
(SEIFFERT, 2011). Logo, de acordo com a
autora, são perceptíveis três variáveis no
processo de motivação do colaborador: a
conscientização,
o
treinamento
e
a
sensibilização.
A ecoeficiência pode ser alcançada através
da instituição das práticas de redução,
reutilização e reciclagem (3 R’s), tema
abordado no próximo tópico.
Contudo, segundo Munck et al (2010 p.6):
Alcançar a ecoeficiência trará grandes
vantagens para as organizações privadas,
como por exemplo, a economia de recursos e
redução
de
custos
operacionais,
a
valorização de subprodutos através da
cooperação entre as empresas, maior
rentabilidade e participação em mercados
mais sustentáveis causadas pelos produtos
ambientalmente renovados (MUNCK et al,
2010, p.6).
De acordo com Anacleto et al, (2012 p.479)
negócios
ecoeficientes
reduzem
o
desperdício e obtém mais lucros. Da mesma
forma, para Teles (2012), as organizações
com
métodos
de
excelência
em
sustentabilidade são mais propícias a
obterem retornos dos investidores e de
alcançarem uma valorização superior em
mercados financeiros.
A sustentabilidade não deve ser mais
considerada apenas como prática filantrópica,
ou questão para ambientalistas, mas também
uma atividade geradora de resultados
financeiros
para
as
organizações
(TACHIZAWA, 2011).
Portanto, é possível constatar que, além da
boa imagem auferida pelo mercado de
empresas ecoeficientes, as organizações
também podem alcançar retornos financeiros
por meio da adoção destas práticas.
Entretanto, para que bons resultados sejam
alcançados, os colaboradores precisam estar
2.3
REDUÇÃO,
RECICLAGEM (3 R’S)
REUTILIZAÇÃO
E
De acordo com a Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS):
Resíduos sólidos é todo material, substância,
objeto ou bem descartado resultante de
atividades humanas em sociedade, a cuja
destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos
estados sólido ou semissólido, bem como
gases contidos em recipientes e líquidos
cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em
corpos d’água, ou exijam para isso soluções
técnica ou economicamente inviáveis em face
da melhor tecnologia disponível (BRASIL,
2010, p.11).
A hierarquia dos 3R’s obedece ao princípio de
que evitar a produção do resíduo gera um
menor impacto que reciclar os materiais após
serem descartados. A redução é o primeiro
“R” e é considerada a maneira mais útil para a
conservação dos recursos naturais. Na
produção industrial, o caso da recirculação
absoluta das águas de um processo produtivo
industrial é um exemplo prático da redução
do consumo de água. No caso do segundo
“R”, a reutilização, é exigida, na maneira de
tratamento do resíduo, a modificação da sua
forma e destinação. Já a reciclagem o terceiro
“R”, trabalha para produzir novos produtos a
partir da utilização da matéria-prima presente
nos resíduos (SPERANDIO e GASPAR, 2009).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
11
A redução é o método adotado para a
atenuação do consumo, fato que ocasiona um
menor uso dos materiais ambientais. A
reutilização, por sua vez, é uma medida
adotada após o consumo do produto, na qual
se reduz, parcialmente, a extração dos
recursos naturais (BARRETO, 2013).
Conforme Oliveira (2011) a reciclagem
baseia-se na repetição do ciclo produtivo de
determinado produto, usando como matériaprima o resíduo que é descartado após o
consumo do produto. Da mesma forma,
segundo a Lei 12.305 (BRASIL, 2010) a
reciclagem é o processo de transformação
dos resíduos sólidos que envolve a alteração
de suas propriedades físicas, físico-químicas
ou biológicas, com vistas à transformação em
insumos ou novos produtos.
A prática da reciclagem diz respeito tanto a
economia
dos
recursos
naturais
e
energéticos, feito que proporciona a
preservação ambiental, quanto a conversão
do lixo em novos produtos. Para as indústrias,
ela é considerada um meio de se obter uma
maior lucratividade, visto que o valor
agregado à produção com matéria-prima
reutilizável é de valor bem menor, logo, a
reciclagem pode ser considerada com
estratégia de lucratividade e competitividade
(OLIVEIRA, 2011).
Pode-se constatar, portanto, que a utilização
dos 3R’s na empresa trás como principal
vantagem a diminuição no uso dos recursos
utilizados para a produção, fato que gera a
redução dos custos operacionais da empresa.
3 METODOLOGIA
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
Quanto à natureza, a pesquisa é considerada
aplicada, pois segundo Silva e Menezes
(2005 p.20) tem por objetivo gerar
conhecimentos para a aplicação prática e,
dirigidos à solução de problemas específicos.
Neste estudo essa prática visa proporcionar
conhecimento a respeito de práticas
ecoeficientes na Santôrres Concessionária
Mercedes
Benz,
gerando
auxílio
na
implantação dessas medidas e servindo de
apoio para os gestores na elaboração das
metas empresariais.
Do ponto de vista da abordagem do
problema, o presente estudo é caracterizado
como qualitativo e quantitativo. A primeira
classificação considera que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,
um vínculo indissociável entre o mundo
objetivo e a subjetividade do sujeito que não
pode ser traduzido em números (SILVA e
MENEZES, 2005). Essa técnica foi utilizada
para enteder quais práticas foram utilizadas
pela empresa e como os funcionários
recebem treinamentos relacionados às
questões ambientais.
Já a abordagem quantitativa procura
transformar as informações em números para
analisá-los
e
classificá-los
e,
simultaneamente,
esclarecer
e
atribuir
significados aos fenômenos analisados
(SILVA e MENEZES, 2005). É considerada
quantitativa uma vez que, objetiva quantificar
os investimentos e possíveis retornos
financeiros obtidos pela concessionária
pesquisada, através da implantação de ações
sustentáveis e ao mesmo tempo, se enquadra
como qualitativa porque busca identificar os
processos de Redução, Reutilização e
Reciclagem e a partir disso gerar
conhecimento para a sociedade.
É ainda considerada como exploratória,
porque, de acordo com Silva e Menezes
(2005) o estudo pretende desenvolver
familiaridade com o problema, objetivando a
sua
pormenorização.
A
investigação
proporciona
novos
conhecimentos
e,
avaliação das medidas sustentáveis adotadas
pela empresa em estudo, a partir da
identificação das técnicas de Redução,
Reutilização e Reciclagem utilizadas pela
organização, além de sugerir uma proposta
de conscientização ambiental aos seus
colaboradores.
A investigação também é denominada
pesquisa bibliográfica, pois é desenvolvida
através de materiais como livros e artigos
periódicos já publicados. Concomitantemente,
o estudo envolve a classificação de um
estudo de caso, já que, abrange a análise
minuciosa de um ou alguns objetos, de
maneira que se permita o seu vasto
conhecimento (SILVA e MENEZES, 2005). A
sua execução necessitou de uma prévia
análise em livros e artigos que tratam sobre os
temas de sustentabilidade empresarial e
ecoeficiência
e
pretende
explorar
detalhadamente os processos exercidos pela
indústria escolhida, a fim de permitir amplo
conhecimento e servir de modelo para outras
organizações, além de buscar alcançar os
objetivos geral e específicos da pesquisa.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
12
3.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Os instrumentos utilizados na obtenção dos
dados são: entrevista e o questionário.
Segundo Silva e Menezes (2005 p. 33), a
entrevista padronizada é o meio de obtenção
de informações relacionadas com o assunto
estabelecido no problema através de um
roteiro preestabelecido. De acordo com os
autores, o questionário é uma série de
perguntas que devem ser respondidas por um
informante, e que pode conter questões
abertas, fechadas e de múltipla escolha.
Conforme os objetivos da pesquisa, a
entrevista é necessária, pois, condiciona
respaldo para a abordagem qualitativa do
estudo, através da obtenção de informações
detalhadas acerca das práticas ecoeficientes
adotadas pela empresa, e o questionário
auxiliará o enfoque quantitativo, por meio da
identificação dos retornos e possíveis
investimentos, além das técnicas de reuso,
reutilização e reciclagem adotadas pela
empresa na área de sustentabilidade
empresarial.
4 RESULTADOS
A presente pesquisa foi realizada na
Santôrres Concessionária Mercedes Benz,
localizada na cidade de Patos – PB, a qual é
uma filial da Santôrres Comércio S/A do
município de Caicó – RN. A empresa atua no
ramo de comércio de peças, acessórios,
veículos e serviços de oficina. Possui,
atualmente 40 funcionários, e de acordo com
o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), empresas que
possuem essa quantidade de colaboradores
se enquadram como empresas de pequeno
porte. Atua no município de Patos-PB desde
novembro de 1977, ou seja, 39 anos.
A empresa foi escolhida para a realização do
estudo, pois possui o comprometimento com
o meio ambiente e a sociedade. Esta adota as
medidas
de
redução,
reciclagem
e
reutilização (3 R’s) no seu processo produtivo.
A Santôrres utiliza das práticas de redução do
consumo dos recursos hídricos, por meio da
utilização da água captada pela chuva. Esta
captação é feita por meio de uma cisterna,
que teve investimento de R$ 5.000,00 feito na
sua construção em 1977. Além da redução do
consumo da água, há também a dos recursos
energéticos, através de medidas como o
controle do uso de ar condicionado e
monitores de computador. Em conformidade
com Dias (2011), as práticas de redução no
processo produtivo podem gerar ganhos
financeiros para a organização que podem
ser convertidos em futuros investimentos.
Segundo o gerente geral da filial, atualmente,
os colaboradores são orientados quanto ao
processo produtivo sustentável através de
informativos e da instrução à coleta seletiva. É
uma espécie de conscientização, pois, a
partir do momento da determinação da
redução do consumo dos recursos como
água e energia, esses funcionários são
direcionados ao que devem fazer. Há
reuniões, com a proposição de metas com
todos os colaboradores, e estes são
orientados a desligar os equipamentos que
consomem energia, durante o tempo em que
não estão sendo usados, e no final do
expediente retirar da tomada todos os
aparelhos que podem ser desconectados.
Além da redução, a empresa trabalha
também com práticas de reutilização dos
recursos hídricos, pois, depois de serem
utilizados, são removidos para uma caixa
onde acontece a separação da água e do
óleo contaminado, gerado pelo processo
produtivo, para reaproveitá-la na lavagem de
outras peças. Assim, a água só é descartada
depois que não pode ser mais reaproveitada
devido à alta concentração de enxofre que é
acumulado nesse líquido.
A organização ainda encaminha os resíduos
contaminados como o óleo e a borracha,
gerados no processo produtivo, para
empresas que realizam os processos de
reciclagem ou reutilização e, ainda, doa o
plástico e o papelão para a Associação dos
Catadores de Patos-PB. Nessa fase, existe a
instrução para os colaboradores que seja feita
a coleta seletiva, ou seja, os trabalhadores
que possuem contato direto com os resíduos
gerados pela Santôrres são orientados a
separar esse material e fazer o descarte
correto dos mesmos. É importante ressaltar,
ainda, que o encaminhamento desse material
é feito após o acúmulo de uma determinada
quantidade do mesmo.
Acerca do lucro, de acordo com o gerente, os
retornos financeiros auferidos pela Santôrres
na adoção de práticas relativas aos 3 R’s
ficam em torno de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00
anualmente. Porém, além deste, segundo o
gerente, o maior retorno obtido é na aquisição
de uma melhor qualidade de vida e não em
recursos financeiros, pois os gastos feitos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
13
para a destinação correta dos resíduos
contaminados são maiores do que o lucro
auferido com a adoção dos 3 R’s. Conforme
Dias (2011), a qualidade de vida é um valor
indispensável ao ser humano e é uma cultura
que tem crescido na coletividade, de forma
geral, a qual gera um relacionamento de
consonância entre a natureza e o indivíduo.
Além disso, a adoção de práticas
ecoeficientes na Santôrres proporciona,
segundo o gestor abordado, um melhor
relacionamento com os fornecedores e com a
sociedade, e ainda, a obtenção de
certificados de qualidade ambiental.
Segundo Dias (2011), o impacto ambiental
pode ser ocasionado pela ação humana e
gerar transformações no meio ambiente.
Nesse contexto podem existir impactos
insignificantes, como também consequências
que afetam tanto a natureza quanto o ser
humano. Diante disso, sob a perspectiva
ambiental, para o entrevistado, a adoção de
práticas de redução, reciclagem e reutilização
feitas pela empresa tem por consequência a
redução dos impactos ambientais, visto que a
Santôrres trabalha com produtos altamente
poluentes que agridem a natureza e levam
muito tempo para se decompor, como o óleo
contaminado e a borracha. A destinação
correta desses resíduos impede a ocorrência
de danos ambientais com grande proporção à
natureza.
Do aspecto social, o gestor acredita que a
sociedade é atingida indiretamente pela
adoção dos 3 R’s pela empresa. A Santôrres
obedece a cláusulas que possuem a
preocupação com o meio ambiente e com a
sociedade. Logo, conforme o gerente, a
prestação do serviço de proteção ambiental,
tem por consequência, o impacto sobre a
comunidade pela prestação desse serviço. O
descarte inadequado dos resíduos atinge a
sociedade, de forma geral, pois essa atitude
poderia ocasionar a poluição de fontes de
água que abastecem parte do corpo social,
ou ainda, prejudicar as residências vizinhas à
organização, o que acarretaria prejuízos, em
ambos os casos, tanto para a empresa quanto
para coletividade.
Do ponto de vista econômico, a Santôrres ao
destinar
corretamente
seus
resíduos
contaminados, obtém um dispêndio que será
repassado para as organizações que
recebem esse material e, por conseguinte,
lucrarão para efetivarem os processos de
reciclagem ou de reutilização. No entanto, há
que se levar em consideração a redução dos
custos da empresa, provenientes da redução
do consumo dos recursos hídricos e
energéticos. Nesse caso, apesar da despesa
originária da destinação correta dos seus
resíduos, a organização consegue reduzir os
seus
custos
operacionais,
além
de
proporcionar a diminuição do consumo dos
recursos
naturais
renováveis
e
não
renováveis.
Portanto, pode-se inferir que, a adoção de
medidas de reciclagem, reutilização e
redução, na Santôrres, geram impactos sobre
as esferas ambiental, social e econômica. O
retorno financeiro auferido pela empresa é,
aproximadamente, 30% do investimento feito
na construção da cisterna para absorção e
armazenamento da água proveniente das
chuvas, por ano. Porém, apesar dos retornos
obtidos, ainda há despesas relativas à
destinação correta dos resíduos gerados pelo
processo produtivo. Percebe-se também que
todas
as
práticas
ambientais
operacionalizadas pela organização são,
antes de tudo, repassadas aos seus
colaboradores para que eles possam
desempenhar suas atividades de maneira
consciente e orientada para produção de
resultados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O propósito da pesquisa foi investigar os
impactos de acordo com a ferramenta 3’Rs
(redução, reutilização e reciclagem) em uma
empresa concessionária, além de identificar
os investimentos e possíveis retornos
financeiros que a implantação dessas práticas
ocasiona, como também, propor medidas de
conscientização
ambiental
para
os
colaboradores da referida organização.
A partir da investigação, pode-se deduzir que
as medidas sustentáveis instauradas na
empresa, através dos 3R’s, são de suma
importância, pois, a questão ambiental é uma
preocupação alarmante e deve ser tratada de
forma responsável, visto que, a sociedade
deve conviver em harmonia para que todos
usufruam de uma boa qualidade de vida no
planeta.
No
entanto,
identificou-se
que
a
concessionária não utiliza marketing verde, e
possui um programa estritamente informativo
sem nenhuma capacitação técnica para os
funcionários na área ambiental. É proposto
para organização que, além da orientação
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
14
aos colaboradores que já é feita para o
processo produtivo, haja também medidas de
sensibilização ambiental dos funcionários
voltadas para o ambiente externo à
organização, ou seja, à sociedade em si. É
importante que essa sensibilização seja
aplicada também aos clientes e fornecedores,
por meio da criação do marketing ambiental,
expondo as medidas de redução, reciclagem
e reutilização que são adotadas pela
organização desde a sua fundação no
município de Patos-PB. A empresa ainda
pode adotar o uso de redutores de vazão de
água nas torneiras e modelos de duplo
acionamento
nas
descargas,
o
que
ocasionaria uma maior economia do consumo
de água para a Santôrres.
Há que se levar em consideração as
limitações do presente estudo, já que foi
realizado em uma única corporação e apenas
um gestor foi entrevistado, além das
limitações de tempo e recursos dos
pesquisadores. Desse modo, não se pode
definir esta pesquisa como algo concluído,
mas como um conjunto de conhecimentos
acerca da sustentabilidade empresarial que
serve de referência para novos estudos.
Diante disso, para futuros trabalhos é
recomendado: um estudo sistematizado dos
índices de poluição ambiental causados pelas
empresas ou, qual seria o potencial de
indivíduos que estão dispostos a adquirir
produtos ecologicamente corretos.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
16
Capítulo 2
Paulo Roberto Vergopolan
Mônica Cristina Lunkes da Ros
João Eduardo Portilho Encide
Neusa Idick Scherpinski
Carlos Aparecido Fernandes
Resumo: A ergonomia é conhecida como a adaptação da máquina ao homem
podendo aplicá-la também no âmbito escolar. O artigo tem como objetivo entender
a relação aluno e sala de aula, levando em consideração a sua opinião aos
possíveis desconfortos provocados e se procuram algum método de mitigação,
relação dos alunos com o espaço físico, relação dos níveis de desconforto físico e
mental com a má postura e o possível agravamento das dores. A pesquisa foi
desenvolvida em base a um questionário aplicado entre os alunos da Universidade
Tecnológica Federal do. Foram analisadas variância entre as médias, além da
análise de correlação entre os dados quantitativos, a correlação dos dados foi feita
e constatado que nenhum obteve correlação acima dos 60%, portanto não
obtiveram correlação significante. O resultado obtido nos mostra que no geral o
desconforto com relação ao espaço físico se resume ao descontentamento dos
alunos com a incompatibilidade do perfil antropométrico às medidas das cadeiras
fornecidas pela faculdade, mas os mesmos também relacionaram esse desconforto
com a má postura, sendo que a minoria sente que o mesmo vem se agravando.
Palavras chave: Desconforto, Ergonomia, Estudantes, Sala de aula.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
17
1. INTRODUÇÃO
A ergonomia é conhecida como a adaptação
da máquina ao homem, onde se toma
medidas de alteração da máquina para que o
trabalhador possa trabalhar com condições
favoráveis a alta produtividade sem afetar sua
saúde, o mesmo conceito pode ser aplicado
no âmbito escolar relacionando as condições
das mobílias encontradas dentro das salas de
aula.
O artigo buscou entender a relação aluno e
sala de aula, levando em consideração a sua
opinião
com
relação
aos
possíveis
desconfortos provocados e se procuram
algum
método
de
diminuir
esses
desconfortos, tendo como base o questionário
aplicado com o objetivo de verificar o conforto
dos alunos com relação ao espaço físico, o
nível de desconforto físico e mental, se
relacionam com o desconforto com a má
postura, se notam o agravamento do mesmo,
fazer análise de variância entre as médias e
relacioná-las, além da análise de correlação
entre os dado quantitativos.
Minatto (2012) também cita Carvalho quando
o mesmo ainda afirma que cadeiras
inadequadas ao ambiente escolar induzem a
postura errada e que podem desencadear
problemas na coluna lombar e cervical, e em
membros superiores, além de causar
deficiências circulatórias nos membros
inferiores, cadeiras com melhores condições
ergonômicas permitem a adaptação da
cadeira ao aluno e não o contrário.
Moffat e Vickery (2002), explicam que a
postura determina a quantidade e a
distribuição do esforço sobre vários ossos,
músculos, tendões, ligamentos e discos,
sendo assim de grande importância no bem
estar corporal em geral.
Ginástica Laboral é um fator contributivo na
qualidade de vida das pessoas inseridas no
contexto do trabalho (Salve e Teodoro, 2004).
Pode-se considerar que a escola seria nosso
local de trabalho a ginastica viria a somar na
qualidade de vida do aluno.
3. MATERIAL E MÉTODOS
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O homem busca satisfação e bem-estar em
sua vida, tanto no trabalho, no lazer e no
ambiente doméstico. A ergonomia surgiu com
o objetivo de melhorar a qualidade de vida do
homem moderno, despertando assim a
atenção de todos. (OLIVEIRA, 2010).
O estudo da ergonomia é significativo e
possui
a
capacidade de
esclarecer
informações pouco exploradas até então e é
equivocada a informação de que esta é uma
ciência nova. (SILVA; PASCHOARELLI, 2010)
Carvalho citado por Reis et al (2005) nos diz
que o mobiliário escolar é de grande
importância no processo educacional, pois é
responsável pelo conforto físico e psicológico
do aluno, favorecendo o aprendizado e ser
adequado ao uso e ao conteúdo pedagógico.
A pesquisa foi realizada entre os alunos da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
tendo uma população de 1897 alunos do
primeiro semestre do ano de 2015 da
pesquisa feita com uma amostra de 101
alunos abrangendo todos os cursos do
campus medianeira.
As perguntas aplicadas no questionário
tiveram como assunto a carga horária
semanal, horas de sono, se os alunos
praticam exercícios físicos, alongamentos,
onde o aluno costuma sentar em sala de aula
(Frente, meio ou fundo), se sentem dores
regularmente, o nível de cansaço físico e
mental, qual parte do corpo possui maior
desconfortos. Dentre as perguntas uma em
particular pede que ao aluno indique qual dos
blocos da universidade ele considera a mais
desconfortável, de acordo com a Figura 1
podemos analisar os Blocos:
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
18
Figura 1 – Disposição dos Blocos da UTFPR - campus Medianeira.
Fonte: Google Earth (2015)
Os Blocos I1 contém salas de aulas adotadas
com conjunto escolar constituído de cadeiras
de madeira laminada e mesas de madeira
MDF, no Bloco I2 constitui em salas com
cadeiras e mesas iguais ao do Bloco I1 e
laboratórios de informática com cadeiras em
madeira laminada, Bloco I3 constitui em
laboratórios de química com bancada de
granito e banco banqueta e sala de
professores;
Bloco
I4
contém
salas
específicas para aulas a distância por isso
possui cadeiras estofadas e mesas no formato
de trapézio; Bloco I5 constitui em salas com
cadeiras universitárias com o banco de
plástico e mesa de madeira, Bloco J1
laboratório de química; Bloco J2 laboratório
de manutenção industrial; Bloco J3 e J4
constituem em um prédio de dois andares por
isso a separação, sendo que no Bloco J3
contém um mini auditório e sala de
professores, o Bloco J4 constitui em salas
com cadeiras universitárias como as do Bloco
I5 e salas de professores e salas de aulas
como as descritas no Bloco I1; Bloco H3
possui salas de aulas dotadas de cadeiras
universitárias e pequenos palcos para os
professores, Bloco L1 fica localizada
laboratórios de informática com cadeiras
estofadas; Bloco L2 salas de aulas com
cadeiras universitárias, um laboratório de
química e um para análise sensorial; Bloco L3
contém em salas de laboratório e de
professores; Bloco L4 constitui em salas de
aulas
mais
amplas
com
cadeiras
universitárias; todos os blocos contém
quadros brancos.
O questionário foi aplicado via online através
do aplicativo GoogleDocs e divulgado em
redes socais e grupos de aplicativos de
celular. Os gráficos de colunas apresentam a
distribuição das frequências para variáveis
qualitativas e os dados quantitativos foram
analisados por gráfico de dispersão,
histogramas e boxplot, além de analisar a
variância e comparar as médias segundo
Tukey e Fisher. Foi feito análise de correlação
e constatados que os dados não possuem
correlação acima de 60% entre as variáveis.
Os programas usados para plotar as tabelas e
gráficos foram as ferramentas estatísticas do
Microsoft Excel e um de seus suplementos, o
Action 2.8, além do programa Minitab17.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os dados coletados pode-se indicar
pelos gráficos de histogramas que a maioria
dos participantes tem altura em torno de 1,63
a 1,73 m, com idade entre 17 a 23 anos, com
uma carga horária semanal entre 27 a 33
horas, sendo 40 o máximo permitido por
semestre, com horas de sono variando entre 6
e 7 horas, a maioria dos participantes está no
3º período e no curso de Engenharia de
Produção.
Verificou-se que um pouco mais da metade
dos participantes, realizam algum tipo de
exercício físico e o alongamento, conforme os
Gráficos 1 e 2 respectivamente.
Gráfico 1 – Alunos que realizam alongamentos
Gráfico 2 – Alunos que realizam atividade física
Porém quase 90% dos mesmos, de acordo
com o Gráfico 3, disseram sentir algum tipo
de desconforto ou cansaço ao final do dia,
sendo que a dor nas costas é o mais
recorrente.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
20
Gráfico 3 – Desconforto físico ao final do dia
Gráfico 4 – Comparação entre cansaço físico e mental
No Gráfico 4 é perceptível que os
entrevistados se sentem mais cansados
mentalmente do que fisicamente. Em relação
a frequência de desconforto a maioria sente
frequentemente ou esporadicamente alguma
dor e dentre esses em torno de 85%, de
acordo com o Gráfico 5, reconhecem que seu
desconforto está relacionado a sua má
postura, mas também relacionam ao perfil
antropométrico ser incompatível com as
dimensões da cadeira. Dentre os que sentem
desconforto em média de 75%, de acordo
com o Gráfico 6, não notaram o agravamento.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
21
Gráfico 5 – Alunos que relacionam o desconforto a má postura
Gráfico 6 – Avaliação do agravamento do desconforto
Do Gráfico 7 nota-se que as regiões com
maiores frequências de desconforto são
costas, mental e ombro respectivamente.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
22
Gráfico 7 - Regiões mais afetadas pelo desconforto
A Tabela 1 nos diz, segundo os participantes,
qual a sala seria mais desconfortável para
cada curso, Ciência da Computação Bloco I1
e H3; Engenharia de Alimentos Bloco L4;
Engenharia de Produção Bloco I1, Engenharia
Elétrica Bloco I4; e para os demais cursos
ficou definido o Bloco I1, sendo no geral o
mais indicado.
Tabela 1 – Indicação do bloco mais desconfortável da UTFPR
Bloco
I1
I4
I5
H3
L1
L2
L4
J4
Ciência da
Computação
2
0
1
2
0
0
0
0
Engenharia
Ambiental
7
1
0
3
2
2
4
1
Engenharia de
Alimentos
4
1
1
1
6
1
7
0
Engenharia de
Produção
16
6
5
7
9
4
6
4
Engenharia Elétrica
3
4
2
4
3
1
2
0
Outros
5
1
1
1
0
0
1
1
Total
37
13
10
18
20
8
20
6
Os gráficos de Boxplot relaciona os dados
quantitativos aos cursos correspondentes,
sendo os pontos discrepantes valores que
não interfiram na interpretação dos dados ou
que
devam
ser
estudados
mais
detalhadamente.
Pelo Gráfico 8, notamos que o período dos
alunos que responderam o questionário varia
muito quando analisado em relação aos
cursos, Engenharia de Alimentos, Elétrica e
Produção tem a caixa concentrada no nível do
terceiro período, enquanto que Engenharia
Ambiental e os Outros tiveram uma
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
23
participação maior dos períodos acima do
terceiro e Ciência da Computação tiveram
participantes do segundo e terceiro período
somente. No Gráfico 9 o curso de Ciência da
Computação contém pontos discrepantes
indicando que a maioria opta por escolher
uma carga horária semanal de 25 horas. No
Gráfico 10 o curso de Engenharia Ambiental
possui dois pontos discrepantes que indicam
aluno que dormem acima da média. No
Gráfico 11 mostra que Ciência da
Computação possui os mais altos alunos entre
os participantes e Engenharia Ambiental
contém um ponto discrepante indicando uma
pessoa acima da média.
Gráfico 8 - Boxplot do período dos alunos da UTFPR 2015
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
24
Gráfico 9 - Boxplot da carga horária semanal dos alunos da UTFPR 2015
Gráfico 10 - Boxplot das horas de sono dos alunos da UTFPR 2015
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
25
Gráfico 11 - Boxplot da altura dos alunos da UTFPR 2015
De acordo com a Tabela 2 o coeficiente de
coletados, os negativos, altura, frequência de
variação é alto quando analisada a frequência
exercícios físicos e horas de sono, pouca
de exercícios físicos e o período em que os
variabilidade, a assimetria indica a tendência
alunos participantes se encontram, o desvio
positiva dos gráficos de período, altura, idade,
padrão indica as horas de sono e altura são
frequência de exercícios físicos e horas de
os dados que mais tendem próximo da média,
sono, sendo o único com tendência negativa
os valores de curtose acima de zero indicam
a carga horária semanal.
uma alta variabilidade com os dados
Tabela 2 – Análise estatística dos dados
Período
Carga
Horária
Semanal
Altura
Idade
Frequência de
ExercíciosFísicos
Horas de
Sono
1º Quartil
3
24
1,64
19
0
6
3º Quartil
5
32
1,79
22
4,25
7
Média
3,9
27,66
1,71
20,63
2,28
6,58
47,06%
18,79%
5,49%
14,17%
114,36%
16,85%
Mediana
3
28
1,7
20
1
6,5
Moda
3
32
1,7
19
0
7
Desvio-padrão
1,84
5,2
0,09
2,92
2,6
1,11
Curtose
0,7
1,34
-0,52
27,65
-0,97
-0,2
Assimetria
1,03
-0,58
0,36
4,05
0,72
0,26
Coeficiente de
Variação
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
26
Foram feitos gráficos de dispersão e os
mesmos apresentaram pontos dispersos de
forma aleatória no gráfico indicando que a
coleta de dados foi realizada de forma
adequada.
notou-se que os dados que mostraram
médias iguais foram: Tabela 3 a Tabela 7.
Tendo diferença significativa na Tabela 8 e 9.
Nas análises que possuem diferenças
significativas notou-se que o método de Fisher
é o mais confiável.
Relacionando a análise de variância das
médias de curso com os dados quantitativos
Tabela 3 – Análise de variância curso vs carga horária semanal
Fonte de
variação
GL
SQ
QM
F
P
Tratamento
4
92,06
23,02
0,85
0,499
Resíduo
96
2608,94
27,17
Total
100
2700,55
Tabela 4 – Análise de variância do curso vs frequência de alongamentos
Fonte de
variação
GL
SQ
QM
F
P
Tratamento
5
10,91
2,183
0,31
0,905
Resíduo
95
667,32
7,024
Total
100
678,24
Tabela 5 – Análise da variância frequência de desconforto vs idade
Fonte de
variação
GL
SQ
QM
F
P
Tratamento
3
0,03514
0,01171
1,34
0,267
Resíduo
97
0,85056
0,00877
Total
100
0,8857
Tabela 6 – Análise da variância desconforto vs altura
Fonte de
variação
GL
SQ
QM
F
P
Tratamento
3
0,03514
0,01171
1,34
0,267
Resíduo
97
0,85056
0,00877
Total
100
0,8857
Tabela 7 – Análise da variância horas de sono vs frequência de desconforto
Fonte de
variação
GL
SQ
QM
F
P
Tratamento
3
2,54
0,8462
0,68
0,565
Resíduo
97
120,33
1,24
Total
100
122,87
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
27
Na relação de médias de curso e período
notou-se que entre as Engenharias de
Alimentos, Produção, Elétrica e Ciência da
Computação possuem alunos que ficam em
média do 2º ao 4º período, sendo Engenharia
Ambiental com alunos em média acima do 5º
período, sendo o curso Outros o meio termo,
em sua maioria no 4º período. Conforme
Tabela 8.
Tabela 8 – Tabela de letras Tukey e Fisher
Curso
N
Média
Tukey
Fisher
Engenharia Ambiental
16
5,313
A
A
Outros
11
4,091
AB
AB
Engenharia de Alimentos
10
3,900
AB
B
Engenharia de Produção
44
3,659
B
B
Engenharia Elétrica
15
3,467
B
B
Ciência da Computação
5
2,400
B
B
Na relação de médias de cansaço mental e
carga horária semanal notou-se que entre as
pessoas que se sentem cansadas e muito
cansadas mentalmente possuem uma média
do 27 a 30 horas de carga horária semanal,
sendo as moderadamente cansada com
média abaixo de 25 horas de carga horária
semanal, sendo as pouco cansadas o meio
termo, em sua maioria com 28 horas de carga
horária semanal. Conforme Tabela 9.
Tabela 9 – Tabela de letras Tukey e Fisher
Tratamentos
N
Média
Tukey
Fisher
Muito Cansado
26
29,5
A
A
Cansado
45
27,778
AB
A
Moderadamente Cansado
21
24,86
B
B
Pouco Cansado
9
28,33
AB
AB
5. CONCLUSÃO
O tema discutido é de suma importância e
deve ser levado em consideração tanto pela
universidade quanto pelo aluno, a ergonomia
é a ciência que estuda a adaptação do
ambiente de trabalho, nesse caso as salas de
aulas, ao ser humano. Estudos mostram que a
aplicação da ergonomia vem a somar no
aumento da produtividade, além do bem estar
físico e mental.
Dentre os dados analisados obtiveram como
resultado que os alunos se mostraram
propensos a prática de exercícios físicos e
alongamento, mas a maioria ainda possui
algum tipo de desconforto sendo dor nas
costas o mais recorrente. Notou-se também
que cansaço mental se sobressai ao físico,
podendo ser relacionada ao alto grau de
exigência da universidade. O período dos
alunos que responderam o questionário varia
muito quanto aos cursos, Engenharia de
Alimentos, Elétrica e Produção a maioria
estavam no terceiro período, enquanto que na
Engenharia Ambiental estavam acima deste
período e Ciência da Computação tiveram
participantes do segundo e terceiro período
somente, as cargas horárias semanais
estavam dentro das médias, com exceção do
curso de Ciência da Computação e os Outros
cursos que possuem uma carga horária
menor que 25 horas, enquanto que os outros
cursos contém cargas horárias acima desse
valor, a média de sono dos alunos varia de
um curso ao outro, sendo Engenharia de
Produção o curso que possui aluno que
dorme de 4 a 9 horas, mostrando ter alta
variabilidade de dados, enquanto que os
Outros cursos apresentam uma média de
horas de sono acima de 6 sendo assim os
que mais conseguem horas de sono.
No geral o desconforto com relação ao
espaço físico se resume ao descontentamento
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
28
dos alunos com a incompatibilidade do perfil
antropométrico as medidas das cadeiras
fornecidas pela faculdade, mas os mesmos
também relacionam esse desconforto com a
má postura, sendo que a minoria sente que
esse desconforto vem se agravando.
REFERÊNCIAS
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Ergonômica De Uma Sala De Ensino Regular.
[1].
Disponível
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<http://pt.slideshare.net/Damiao131093ocara/
anlise-ergonmica-de-uma-sala-de-aula-deensino-regular>, acesso em 12 de junho de
2015.
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REIS, P.f.; REIS, D. C. D.; MORO, A. R.
P.
Mobiliário Escolar:
Ergonomia Da Postura
Antropometria
E
Sentada.
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eis5/publication/266877175_MOBILIRIO_ESC
OLAR_ANTROP
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Manutenção E Reeducação Postural. Porto
[2].
Alegre: Artmed, 2002.
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Ergonomia Física, Cognitiva E Organizacional
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<http://www.administradores.com.br/artigos/e
conomia-efinancas/beneficios-da-ergonomiafisica-cognitiva-e-organizacional-para-asempresas/48442>, Acesso em 15 de junho de
2015.
OMETRIA_E_ERGONOMIA_DA_POST
URA_SENTADA/links/545379e40cf26d5090a5
1ba9.pdf>. Acesso em 12 de junho e 2015.
SALVE, M. G. C.; THEODORO, P. F. R.
Saúde Do Trabalhador: A Relação Entre
Ergonomia, Atividade Física E Qualidade De
Vida. Salusvita, Bauru, v. 23, n. 1, p. 137-146,
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[8].
SILVA, J. C. P.; PASCHOARELLI, L. C.
A Evolução Histórica Da Ergonomia No Mundo
E Seus Pioneiros. São Paulo: Editora Unesp,
2010.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
29
Capítulo 3
Tiane Alves Rocha Gastardelo
Daniel Arruda Coronel
Reisoli Bender Filho
Pascoal José Marion Filho
Laércio Juarez Melz
Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar as influências das variações
cambiais e trocas de regimes no Brasil, no período de janeiro de 1989 a setembro
de 2014. A relação de longo prazo foi estimada a partir de Regime Switching
Markov e Mínimos Quadrados Ordinários. Vetor de Correção de Erros foi usado
para a relação de curto prazo. Os modelos concorrentes foram complementares na
explicação, mostrando que houve influência de longo prazo do câmbio na
exportação de carne suína, principalmente a partir da implementação do câmbio
flutuante, em 1999.
Palavras chave: Suinocultura; Regimes Cambiais; Vetor de Correção de Erros
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
30
1 INTRODUÇÃO
O agronegócio brasileiro participou com
41,28% do valor da Balança Comercial em
2013, evidenciando a importância do setor
para o país, conforme o Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA,
2014). Um dos setores que tem crescido nos
últimos anos e tem colaborado para à boa
atuação do agronegócio no cenário nacional
é a exportação de carne suína. Em 2013 o
país foi o quarto maior exportador mundial,
com um total de 600 mil toneladas, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos, União
Europeia e Canadá, de acordo com
Associação Brasileira da Indústria Produtora e
Exportadora de Carne Suína (ABIPECS, 2014).
A carne suína é a carne mais consumida no
mundo, embora tenha restrições em alguns
países devido aos hábitos, proibições
religiosas e dogmáticas (GERVASIO, 2013). A
despeito da crença de que carne suína é
prejudicial à saúde, ela é uma carne magra e
contém nutrientes semelhantes ao das demais
carnes. No Brasil, o seu consumo ainda é
menor que de outras carnes, como, bovinos e
aves (ABIPECS, 2014; VALLE, 2000).
A demanda é claramente um determinante
para a produção e exportação de qualquer
produto. Entretanto, a demanda não é
influenciada apenas pela necessidade, há
também os fatores macroeconômicos, como,
por exemplo, a taxa de câmbio, onde a
cotação deste em um país é quem define se a
compra e venda de produtos são atrativas ou
não para ele e para os outros países,
interferindo
diretamente
na
demanda
(TONETO JUNIOR, et al., 2013).
Considerando a importância do agronegócio
na economia brasileira, o crescimento da
representatividade da suinocultura no cenário
nacional e a influência da taxa de câmbio na
economia de um país, este trabalho tem por
objetivo responder: quais as influências das
variações cambiais nas exportações de carne
suína do Brasil? Buscando captar as
mudanças ocorridas nas exportações durante
as mais recentes trocas de regime cambial do
país, o período de análise escolhido foi de
janeiro de 1989 a setembro de 2014. Justificase o objetivo, pois, tendo a política cambial
influência direta na evolução do sistema
financeiro e da economia dos países, ela
provavelmente é a mais importante ferramenta
macroeconômica
(COOPER, 1999).
que
eles
possuem
Este trabalho está dividido em cinco seções,
sendo esta a primeira, a segunda parte conta
com a contextualização da política cambial
brasileira, a terceira conta com os métodos
utilizados para análise dos dados, a quarta
parte refere-se aos resultados e na quinta e
última parte estão as conclusões.
2.
CONJUNTURA
ATUAL
SUINOCULTURA NO MUNDO
DA
No cenário produtivo mundial da suinocultura
alguns países destacam-se pelo seu volume
produzido, consumido e exportado. A tabela 1
mostra os dados dos dez maiores produtores
de carne suína do mundo, além das
exportações, do consumo, das importações e
das exportações líquidas destes países. Em
ordem decrescente os maiores exportadores
líquidos de 2013 foram: União europeia,
Estados Unidos, Canadá, Brasil e Vietnã. Os
importadores líquidos foram: Japão, Rússia,
México, China e Coréia do Sul.
Como pode ser observado cerca de 50% da
carne suína mundial é consumida pela China,
um quarto pode ser dividido entre o consumo
da União Europeia e dos Estados Unidos e o
restante (aproximadamente um quarto)
dividem-se entre o consumo dos outros
países do mundo. A China é também o maior
produtor mundial dessa commodity, sendo
que sua produção é quase cinco vezes maior
que a dos Estados Unidos, terceiro maior
produtor, e quinze vezes maior que a do
quarto colocado, o Brasil, tudo isso sem
considerar que a União Europeia é formada
por 27 países e, entre eles, o país que possui
produção mais representativa é a Alemanha,
que produziu 5.474 t no ano de 2012.
Por outro lado, a exportação chinesa é
relativamente pequena se comparada à sua
produção, isso se justifica por sua grande
população e, consequentemente, seu grande
consumo do produto. Cerca de 63% das
carnes consumidas na China são de suínos,
sendo um país de grande área, a produção
de grãos, principalmente milho e soja, é
favorecida, fornecendo insumos abundantes
para produção de suínos e frangos (FAO,
2014).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
31
Produção
Consumo
Exportação
Importação
Exportações
Líq.
mil t
mil t
mil t
mil t
mil t
China
53,8
54,25
250
750
-500
U. Européia
22,45
20,268
2,2
-
2,2
Estados
Unidos
10,508
8,616
2,292
389
1,903
Brasil
3,37
2,771
600
-
600
Rússia
2,19
3,09
-
900
-900
Vietnã
2,22
2,205
15
-
15
Canadá
1,835
-
1,245
235
1,01
Filipinas
1,35
1,533
-
183
-183
Japão
1,305
2,553
-
1,24
-1,24
México
1,27
1,945
110
785
-675
Coreia do Sul
1,21
1,596
-
400
-400
Outros
6,006
8,413
336
2,111
-1,775
Total
107,514
107,514
7,058
6,81
248
País
Nota: União Europeia – 27 países.
A carne suína importada pela china é
originária principalmente dos Estados Unidos,
de onde o país importa principalmente miúdos
e músculos. O principal destino de suas
exportações é Hong Kong, para onde o país
vende a carne suína e o animal vivo (GALE;
MARTI; HU, 2012).
produção no período, sendo o principal
destino o mercado russo, para onde enviou
cerca de 35% de sua exportação no mês de
janeiro de 2014 . O Segundo principal
comprador da carne Brasileira é Hong Kong,
destino de aproximadamente 23% da carne
brasileira (ABIPECS, 2014).
O Canadá, terceiro maior exportador mundial
de carne suína tem como principal destino
para sua produção o mercado Estadunidense,
para onde no ano de 2012 exportou 320,407 t
(carne congelada, miúdos, gordura e
processados), seguido pelo Japão 212,633 t,
Rússia 207,046 t e China 139,403 t, de acordo
com o Canadá Pork International (2014).
De acordo com o Instituto de Pesquisa
Ambiental da Amazonia (IPAM, 2009), o Brasil
possui um potencial de terras agricultáveis de
1,6 a 1,9 pessoas por hectare e os Estados
Unidos possui um índice de 1,3ha/per capita
atualmente, evidenciando que o Brasil possui
potencial de produção ainda não aproveitado.
Entretanto, ainda que tenha um grande
potencial de produção, de acordo com o IMD
Word CompetitivenessYearbook (2014), o
Brasil não é um país competitivo, ficando com
o 54º lugar entre os 60 países analisados,
tendo descido três posições no ranking em
comparação com 2013.
Um dos países que mais importa carne suína
no mundo é o Japão, sua importação tem
origem principalmente na União Europeia,
Estados Unidos e Canadá, de acordo com a
United States Meat Export Federation
(USMEF, 2014).
O Brasil é o quarto maior exportador mundial
de carne suína, sua exportação de 600 mil t
em 2013 corresponde a 17,80% da sua
2. REGIMES CAMBIAIS UTILIZADOS NO
BRASIL
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
32
O regime cambial pode ser definido seguindo
duas orientações: a primeira delas, no sentido
jurídico, onde o regime cambial é o conjunto
de características resultante de normas, leis e
práticas que regulamentam as transações
com divisas estrangeiras na economia; a
segunda orientação está baseada no
econômico, onde ele é a forma como a taxa
de câmbio de um país é determinada, ou seja,
se é fixa, flutuante ou intermediária. Ao adotar
um regime cambial o país espera que este
seja uma ferramenta para auxiliar a
estabilidade
econômica,
estimular
investimentos estrangeiros, dando condições
para gestão de política fiscal e monetária, e
proteção à economia doméstica (ZINI JR.,
1996).
Para um país escolher um regime de taxa de
câmbio é preciso que ele atenda aos seus
interesses econômicos e isso depende de
uma variedade de fatores, como as
circunstâncias específicas de cada país, entre
elas a dimensão e a abertura do país ao
comércio e fluxos financeiros, a estrutura de
produção e exportações, desenvolvimento
financeiro, história inflacionária, condições e
objetivos políticos do país, etc. Portanto, não
há nenhum regime cambial único ideal que
seja apropriado para todos os países. A
escolha real entre uma variedade de regimes
depende do peso relativo atribuído a cada um
desses fatores. Além disso, um regime
adequado da taxa de câmbio para um país
tende a mudar ao longo do tempo com a
mudança de circunstâncias de cada país
(YAGCI, 2001).
A taxa de câmbio pode ser totalmente flexível/
flutuante ou totalmente fixa a uma moeda
estrangeira ou uma cesta das principais
moedas estrangeiras, porém é muito difícil
algum país utilizar regimes tão radicais. Entre
esses dois extremos está o regime cambial
intermediário,
onde
o
câmbio
sofre
intervenções dos agentes reguladores, mas
diferente do câmbio fixo, ele pode flutuar
dentro dos limites estabelecidos (IMF, 2011).
No Brasil, segundo Almeida; Bacha (1999),
entre 1961 e 1999 verificaram-se quatro
regimes cambiais: entre março de 1961 e
Se as séries forem não estacionárias utiliza-se
o VEC, caso contrário o VAR. Como pode ser
verificado na tabela 4, as séries são não
estacionárias, ou seja, são cointegradas de
ordem 1, portanto o próximo passo consiste
na estimação do VEC. Este modelo (VEC)
fundamenta-se no aprimoramento do modelo
julho de 1968 o país utilizou câmbio nominal
fixo com maxidesvalorizações cambiais
esporádicas; a partir de agosto de 1969 até
fevereiro de 1990 vigorou o regime de
minidesvalorizações cambiais; e entre março
de 1990 e junho de 1994 utilizou-se o regime
de taxas de câmbio com flutuação suja; a
partir de julho de 1994 o país utilizou o regime
de taxa de câmbio limitadamente flexível.
No entanto, após as crises asiática em 1997,
e Russa em 1998, no momento em que o país
esperava a entrada de investimentos
estrangeiros, o Banco Central do Brasil
precisou vender grande parte das suas
reservas de dólar, e em uma nova tentativa de
estabilizar a economia passou a utilizar, a
partir de janeiro de 1999, o regime de câmbio
flutuante (ALMEIDA; FONTES; ARBEX, 2000).
3. METODOLOGIA
3.1 MODELO ANALÍTICO
Com o intuito de cumprir o objetivo de analisar
e comparar as influências do câmbio sobre as
exportações de carne suína do Brasil, faz-se
inicialmente a descrição dos testes aplicados
às séries para verificar suas propriedades, e
em seguida a estimação dos modelos Vetor
de Correção de Erros (VEC), Regimes
Switching de Markov e com Mínimos
Quadrados Ordinários (MQO) com Dummies.
O primeiro teste realizado foi a verificação da
estacionariedade das séries, ele é importante
para a definição da ordem das séries. Neste
trabalho utilizou-se o teste Dickey-Fuller
Aumentado (ADF) proposto por Dickey e
Fuller (1981), que testa a hipótese nula de que
a série possui raiz unitária:
𝑝−1
∆𝑦𝑡 = 𝜇 + 𝛼𝑦𝑡−1 + ∑ 𝜆𝑖 Δ𝑦𝑡−1 + 𝜀𝑡 ,
(1)
𝑖−1
O segundo passo a se realizar, é o teste de
cointegração, para este procedimento adotouse o Teste de Cointegração de Johansen que
permite a análise em duas ou mais séries
(JOHANSEN 1988): 𝑛
𝜆𝑡𝑟 (𝑟) = −𝑇 ∑ ln(1 − 𝜆̂𝑖 )
𝑖=𝑟+1
(2)
Vetor Autorregressivo (VAR), no qual se inclui
uma variável que representa os desvios de
equilíbrio de longo prazo em uma regressão
por Mínimos Quadrados Ordinários (BUENO,
2011). Essa variável ajusta o curto prazo e
corrige as variações de longo prazo,
possibilitando uma melhor avaliação da
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
33
relação de cointegração. Portanto, a relação
entre as variáveis pode ser explicada pelas
variações ocorridas entre um período e outro,
conforme a equação (3).
∆log(𝑦𝑡 ) = 𝛼𝑡 + 𝛽1 ∆log(𝑦)𝑡−1
+ 𝛽1 ∆log(𝑦)𝑡−2
+ 𝛽1 ∆log(𝑥)𝑡−1
+ 𝛽1 log(𝑥)𝑡−2 + 𝑢𝑙𝑝𝑡
(3)
na qual 𝛼 : é o intercepto; 𝛽 : é o coeficiente
das variáveis independentes; 𝑦 : é a
exportação de carne suína em t; 𝑥1 : é o taxa
de câmbio; e, 𝑢𝑙𝑝 : é o termo de erro da
equação de longo prazo (Vetor de Correção
de Erro).
Utilizou-se transformação logarítmica, pois,
conforme Greene (2011) os modelos com
logaritmos permitem uma interpretação dos
coeficientes na forma percentual. Além do uso
do Vetor de Correção de Erros, foram também
estimados dois modelos concorrentes para
explicar as relações de longo prazo de forma
mais consistente. O primeiro inclui três
variáveis binárias (dummies) para os períodos
de troca de regime cambial, conforme
apresentado em (4). O segundo foi estimado
com o modelo não linear de Regimes
Switching de Markov, conforme equação em
Erro! Fonte de referência não encontrada..
Log(𝑦𝑡 ) = 𝛼𝑡 + 𝛽1 log(𝑥𝑡 ) + 𝛽2 𝑑1𝑡
+ 𝛽3 𝑑2𝑡 + 𝛽4 𝑑3𝑡 + 𝑢𝑡
(4)
na qual 𝛼 : é o intercepto; 𝛽 : é o coeficiente
das variáveis independentes;𝑦 : é a
exportação de carne suína em t;𝑥 : é o taxa
de câmbio;
𝑑1: dummy para o período de março de 1990
a junho de 1994, correspondente ao regime
de flutuação suja do câmbio;
𝑑2: dummy para o período de julho de 1994 a
dezembro de 1998, correspondente ao
regime de câmbio limitadamente flexível;
𝑑3: dummy para o período de janeiro de 1999
a setembro de 2014, correspondente ao
regime de câmbio flutuante;
𝑢 : é o termo de erro da equação; e
𝑡: tempo em meses.
O modelo de regimes Switching de Markov
utiliza probabilidade para localizar trocas de
regime em séries temporais não lineares. O
método foi operacionalizado por Hamilton
(1989),
considerando
um
modelo
autorregressivo com mudanças de regime
não periódicas. Em cada regime há diferentes
relações, representadas pelos sinais e pelos
valores dos coeficientes das variáveis
independentes. A mudança de regime pode
acontecer em diferentes momentos da série
temporal e repetir-se, existindo uma
alternância entre os regimes dentro do
intervalo da série. Assim, um regime pode
acontecer em um período, ser substituído em
outro e voltar a acontecer no próximo
momento. Isto é exatamente o que acontece
quando existem dois regimes em uma série.
Desta forma, o modelo empírico com três
regimes de Markov, de acordo com Tsay
(2010), pode ser expresso na equação Erro!
Fonte de referência não encontrada..
na qual 𝛼 : é o intercepto; 𝛽 : é o coeficiente
das variáveis independentes; 𝑦 : a quantidade
exportada de carne suína; 𝑥 : é o câmbio real;
𝑢 : é o termo de erro da equação; e, 𝑆𝑡 : referese a um regime que assume valores 1 ou 2,
dentro de certa probabilidade, sendo o 1 o
primeiro regime, 2 o segundo regime e 3 o
terceiro regime.
3.2 FONTE DE DADOS
Este trabalho utiliza séries mensais,
compreendendo o período de 01/1989 a
09/2014. A escolha por este período deve-se
às mais recentes trocas de regime cambial no
país, buscando captar as influências destes
na exportação de carne suína. As variáveis
são as exportações de carne suína total ( in
natura e industrializada) do Brasil (NCMs
02031100, 02031200, 02031900, 02032100,
02032200 e 02032900) e a taxa de câmbio
real em relação ao dólar. A taxa de câmbio foi
atualizada pelos índices de Preços por
Atacado (IPA) dos Estados Unidos e de
Preços por Atacado-Disponibilidade Interna
(IPA-DI) do Brasil. No Brasil o responsável por
esse índice é a Fundação Getúlio Vargas
(FGV), o IPA-DI é uma das versões do IPA e é
formado por 18 índices especiais, a fim de
medir a evolução dos preços no mercado
nacional (IPEADATA, 2014; BCB, 2014 ). O
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
34
cálculo para atualização do câmbio pode ser
realizado a partir da seguinte equação:
𝑇𝐶𝑅 = 𝐶â𝑚𝑏𝑖𝑜∗ 𝐼𝑃𝐴𝐸𝑈𝐴 /𝐼𝑃𝐴𝐵𝑅
4.
ANÁLISE
RESULTADOS
E
(6)
DISCUSSÃO
DOS
Os resultados estão estruturados em cinco
partes. Na primeira são utilizados os testes
das propriedades das mesmas. Na segunda é
apresentado o primeiro modelo de estimação,
onde se utiliza Vetor de Correção de Erro. Na
terceira é apresentado o modelo de Mínimos
Quadrados Ordinários (MQO) com dummies
para as mudanças nos regimes cambiais. Na
quarta é apresentado o modelo com regimes
de Markov. Na quinta são discutidos os
resultados de forma conjunta.
Nas séries apresentadas na figura 1 é
possível observar que no regime de
minidesvalorização e flutuação suja, o câmbio
real apresentou valores muito baixos, e em
1994, quando entrou em vigor o câmbio
limitadamente flexível houve uma valorização
significante e estável da moeda. A partir de
1999, quando houve passou a vigorar o
câmbio flutuante, observa-se um rápido pico
na valorização do câmbio, seguido por uma
valorização a partir do ano 2000, com
pequenos períodos de rápidas e
Figura 1 – Evolução da taxa de câmbio real e
regimes cambiais vigentes no Brasil entre
janeiro de 1989 e de governo causou, e em
2008 e 2009 os movimentos são decorrentes
da crise econômica mundial.setembro de
2014 constantes flutuações, observados
principalmente em 2002, explicado pela
instabilidade que a troca
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
A figura 2 apresenta a evolução das
exportações de carne suína no país. É
possível observar que desde 1990, mesmo
que com uma sutil participação, o Brasil está
inserido no comércio mundial de carne suína.
E a partir do ano 2000, o país aumentou
significativamente suas exportações.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
35
Figura 2 – Evolução da exportação de carnes suínas brasileiras e regimes cambiais vigentes no
Brasil entre janeiro de 1989 e setembro de 2014
Fonte: Dados da pesquisa (2014)
Para verificar a condição de estacionariedade
dos dados utilizadas no estudo, aplicou-se o
teste de raiz unitária Dickey-Fuller Aumentado,
Variáveis
de Dickey e Fuller (1981),
apresentado na tabela 2.
Em nível
conforme
Em Primeira Diferença
t-Statistic
Prob.
t-Statistic
Prob.
-1,951678
0.3084
-16,9082
0.0000**
-5,621323
0.0000**
-3,905537
0.0023**
Log_Exportações
Log_Câmbio
**indica que os valores são significativos a nível de 1%.
Os resultados do teste ADF mostraram que a
variável Log_Câmbio é estacionária em nível,
com 1% de significância. Entretanto, a
variável Log_exportações não é estacionária
em nível, logo, as duas variáveis foram
submetidas ao teste ADF em primeira
diferença, atingindo nível de 1% de
significância.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
36
Lag
LogL
LR
FPE
AIC
SC
HQ
0
-677,4809
NA
0.332829
4.575629
4.600503
4.585587
1
705.0417
2737.115
3.10e-05
-4,707351
-4,63273
-4,677478
2
729.9956
49.06774
2.69e-05
-4,848455
-4,724087
-4,798666
3
763.7108
65.84110
2.20e-05
-5,048558
-4.874442*
-4.978853*
4
766.2476
4.919826
2.22e-05
-5,038704
-4,814842
-4,949084
5
770.2199
7.650414
2.22e-05
-5,038518
-4,764908
-4,928982
6
778.8349
16.47570
2.15e-05
-5,069595
-4,746238
-4,940144
7
782.1652
6.324181
2.16e-05
-5,065085
-4,691981
-4,915718
8
782.6782
0.967275
2.22e-05
-5,041604
-4,618752
-4,872321
9
790.4636
14.57472
2.16e-05
-5,067095
-4,594496
-4,877897
10
794.9775
8.389460
2.15e-05
-5,070555
-4,548209
-4,861442
11
800.9297
10.98260
2.13e-05
-5,083702
-4,511609
-4,854673
12
811.9366
20.16080*
2.03e-05*
-5.130886*
-4,509046
-4,881942
* indica o comprimento de lags de acordo com os critérios de informação
A tabela 3 apresenta o número de Lags que
deve ser incluído no teste de cointegração
das séries. O número de Lags foi determinado
a partir do critério de informação de Schwarz
e Hannan-Quinn, que apresentaram 3 Lags,
essa escolha é justificada com base na
afirmação de Bueno (2011), onde o autor
reconhece os critérios de informação de
Schwarz, Hannan-Quinn e Akaike como os
principais, e afirma que o Akaike é mais
adequado para pequenas amostras.
Hipótese
Autovalor
nula
A verificação da cointegração das variáveis é
um passo importante para a definição do
modelo a ser utilizado, caso a hipótese de
cointegração não for rejeitada, deve-se inserir
um Vetor de Correção de Erros (VEC) ao
modelo Vetor Autoregressivo (VAR). Para essa
análise utilizou-se o teste de Cointegração de
Johansen (1988), apresentado na tabela 4. O
resultado mostrou que há pelo menos uma
cointegração entre as séries a um nível de 5%
de significância.
Teste Traço
Valor Crítico
Calculado
-5%
Prob.
r=0
0.115118
42.08568
15.49471
0.0000
r=1
0.015118
4.661454
3.841466
0.0308*
Teste Traço indica que 2 equações de cointegração 2 a um nível de significância de 5%
* indica que a hipótese nula é rejeitada a um nível de significância de 5%**modelo estimado
com intervalo de dois lags
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
37
Como os resultados do teste de Cointegração
de Johansen (1988) evidenciaram a presença
de ao menos uma cointegração entre as
variáveis, o próximo passo é a estimação do
modelo VEC.
Vetor de cointegração normalizado - longo prazo
LOG_EXPORTACOES(-1)
C
LOG_CAMBIO(-1)
Coeficiente
1
-6,644089
- 1.725584
Desvio P.
0,30896
0,30896
Teste t
5,58517
5,58517
Nota: desvio-padrão entre parênteses e estatística t entre colchetes
A estimativa de longo prazo, já com o valor
invertido é apresentada na tabela 5,
evidenciando que a cada 1% de aumento na
taxa de câmbio, as exportações reduzem em
1,7%. Esse resultado é contrário à teoria, pois,
de acordo com ela, o aumento da taxa de
câmbio (desvalorização da moeda frente à
outra), tornaria as exportações mais atrativas,
já que se trata de um produto negociado em
dólar, após a sua conversão em real teria um
preço mais lucrativo.
Para verificar com maior nitidez as influências
da taxa de câmbio nas exportações, foi dado
um choque na variável independente, o
câmbio, e em resposta verificou-se que há
uma elevação das exportações em dois
meses,
redução
no
terceiro
mês,
estabilizando-se as exportações após nove
meses, porém em um nível inferior ao anterior
ao choque. Logo, um choque no câmbio faz
com que o seu valor continue aumentando e
se estabilize em um valor mais alto.
Os
resultados
evidenciaram
que
aproximadamente 0,18% do desequilíbrio de
curto prazo é corrigido a cada mês,
demonstrando que a variável câmbio
influencia as exportações de maneira mais
significativa no longo prazo. Além de mostrar
também, que para cada 1% de alteração no
câmbio, a variável exportação irá sofrer um
ajuste de 0,53% a cada mês.
Com essa reação das exportações ao choque
no câmbio, pode-se justificar o resultado
contraditório do VEC de longo prazo em
relação à teoria, já que a exportação só
começa a sentir verdadeiramente as
influências das alterações na taxa de câmbio
a partir do terceiro mês.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
38
Figura 3 – Função de impulso e resposta
Fonte: dados da pesquisa (2014).
Dado que o período analisado engloba
mudanças de regime cambial no país nas
ultimas duas décadas e meia, faz-se
necessário também a verificação do efeito
dessas trocas de regimes cambiais, para isso,
foi estimado um modelo de regressão por
Mínimos Quadrados Ordinários (MQO)
utilizando variáveis binárias, dummies, para
diferenciar os regimes, sendo:
d1: dummy para o período de março de 1990
a junho de 1994, correspondente ao regime
de flutuação suja do câmbio;
d2: dummy para o período de julho de 1994 a
dezembro de 1998, correspondente ao
regime de câmbio limitadamente flexível; e
d3: dummy para o período de janeiro de 1999
a setembro de 2014, correspondente ao
regime de câmbio flutuante.
Os resultados podem ser vistos na tabela 6,
as dummies foram significativas para os
períodos nos quais houve trocas de regimes
cambiais. O período de referência foi anterior
à março de 1990, no qual acontecia o regime
de minidesvalorizações cambiais. Assim,
após março de 1990, o efeito da mudança de
regime cambial foi de 39,61 em relação ao
período de referência. Na troca para o regime
de câmbio limitadamente flexível, o efeito foi
um pouco menor em relação ao período de
referência, 38,77. No regime de câmbio
flutuante, adotado após janeiro de 1999, o
efeito em relação ao período de referência foi
de 124,59. Pode-se perceber que existe um
impacto das mudanças em regimes cambiais
sobre as exportações de longo prazo.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
39
Variável
Coeficiente
Erro Padrão
Estatística-t
Probabilidade
C
6,2132
0,1567
39,6389
0
LOG_CÂMBIO
0,04
0,0229
1,7503
0,0811
D1
0,3961
0,1089
3,6375
0,0003
D2
0,3877
0,1633
2,3748
0,0182
D3
1,2459
0,1761
7,0739
0
R²
0,8149
Média da variável dependente
7,0975
R² ajustado
0,8125
Desvio p. variável dependente
0,5562
Erro padrão da regressão
0,2408
Critério Akaike
0,0066
Soma do quadrado dos resíduos
17,6322
Critério Schwarz
0,067
Log likelihood
3,9761
Critério Hannan-Quinn
0,0308
F-statistic
334,6621
Estatística Durbin-Watson
0,3793
Prob(Estatística-F)
0
Estatística-F Wald
382,0486
Prob(Estatística-F Wald)
0
Teste de raiz unitária Residual
Nível 1%
Nível 5%
Nível 10%
Estatística
ADF
-3,4514
-2,8707
-2,5717
-4,3401
Prob. ADF
KPSS
0,0005
0,739
O modelo estimado com regimes pode ser
visto na tabela 7. Percebe-se que nos regimes
1 e 2, houve impacto significativo do câmbio
nas exportações. O impacto no regime 2 é
maior, 24,71%. No regime 1 o impacto é de
0,463
0,347
0,3771
5,10%. Assim, pode-se afirmar que, ao nível
de significância de 5%, houve um regime com
alta influência do câmbio nas exportações,
regime 2, um regime de baixa influência,
regime 1.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
40
Regime
Variável
Coeficiente
Erro Padrão
Estatística-z
Probabilidade
Regime 1
C
6,6668
0,0216
309,0947
0
LOG_CÂMBIO
0,051
0,0113
4,5268
0
LOG(SIGMA)
-1,5401
0,0641
-24,0335
0
C
7,41
0,0094
786,5687
0
LOG_CÂMBIO
0,2471
0,0059
42,2005
0
LOG(SIGMA)
-2,1217
0,0557
-38,0983
0
P11-C
4,8544
1,0179
4,7688
0
P21-C
-5,1366
1,016
-5,0558
0
Regime 2
Parâmetros
da Matriz
de Transição
Média da Variável dependente
7,0975
Desvio p. variável dependente
0,5562
Erro padrão de regressão
0,175
Soma residual dos quadrados
9,2775
Dados Durbin-Watson
0,6786
Log verossimilhança
127,871
Critério de informação de Akaike
-0,7759
Critério Schwarz
-0,6792
Critério Hannan-Quinn
-0,7372
Teste Residual
Nível 1%
Nível 5%
Nível 10%
Estatística
Probabilidade
ADF
-3,4514
-2,8707
-2,5717
-22,9583
0
KPSS
0,739
0,463
0,347
0,5004
Os
regimes
persistem
probabilidades apresentadas
Assim, quando o regime 1
probabilidade de permanência
dentro
das
na tabela 8.
é vigente, a
é de 99,23%.
O regime 2 o mais persistente, com
probabilidade de 99,42%. A persistência
média dos regimes é de 171 meses no regime
2 e 129 meses no regime 1.
Regime 1
Regime 2
Regime 1
0,9923
0,0077
Regime 2
0,0058
0,9942
Constant expected durations:
129
171
A permanência e troca dos regimes de
Markov sobreposto aos regimes cambiais
vigentes pode ser vista na figura 4.
Analisando em conjunto, o modelo com
dummies e o modelo de regimes de Markov
captam os efeitos das mudanças dos regimes
cambiais de forma semelhante. Percebe-se
que o mesmo efeito do câmbio nas
exportações ocorreu no início da série,
quando
havia
um
regime
de
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
41
minidesvalorizações cambiais, entre janeiro
de 1989 até dezembro de 1989, e no regime
de câmbio flutuante, após março de 2001. No
modelo Regimes Switching de Markov, o
período corresponde ao regime 2, no qual as
exportações sofreram maior influência do
câmbio.
O regime 1 de Markov, período com menor
influência do câmbio nas exportações,
estendeu-se após janeiro de 1990 até
fevereiro de 2002, quando os regimes
cambiais vigentes foram o câmbio com
flutuação suja e o limitadamente flexível.
Figura 4 - Permanência dos regimes de Markov e regimes cambiais vigentes entre janeiro de 1989 e
setembro de 2014
Fonte: Dados da pesquisa (2014).
Os resultados são consistentes quando se
observa que os coeficientes mostrados na
equação com dummies, que são muito
próximos, 0,3961 para D1 e 0,3877 para D2. A
persistência das influências, após a troca de
regime cambial que foram captadas pelo
modelo Regimes Switching de Markov, podem
ser explicadas a partir da observação do
gráfico de impulso-resposta obtido na
estimação do modelo VEC, no qual um
período de 12 meses é necessário para
ajustar a exportação após um choque no
câmbio.
Os resultados do modelo Regimes Switching
de Markov e equação MQO com dummies,
não apresentaram resultados significativos
para o curto prazo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo proposto foi verificar as influências
da variação cambial nas exportações de
carne suína do Brasil. Constata-se que a
influência do câmbio real nas exportações
brasileiras de carnes suínas no período de
janeiro de 1989 a setembro de 2014 pode ser
observada principalmente no longo prazo,
analisando-se o VEC longo prazo e o choque
dado na variável Independente (Câmbio),
tendo seus resultados confirmados pela
regressão com uso de dummies e pelo uso do
modelo Regimes Switching de Markov com 2
regimes, onde ambos os modelos mostram
que houve períodos com maior influência do
câmbio, principalmente no período mais
recente, que corresponde à adoção do
câmbio flutuante.
Verificou-se também que houve um aumento
significativo nas exportações no período
analisado, porém não é possível inferir que
esse aumento se deve simplesmente as
alterações cambiais no país, visto que outras
variáveis que influenciam a produção e
exportação não foram incluídas no modelo.
A inovação do trabalho foi a utilização de três
modelos econométricos para dar mais
robustez aos resultados. Quanto às limitações
considera-se o período, pois não há dados
mensais de exportação de carne suína
brasileira anteriores a 1989, a utilização de
apenas uma variável macroeconômica (taxa
de câmbio), pode ser considerada também
uma limitação, de modo que não se pode
fazer inferências a respeito do aumento das
exportações no período. Sugere-se para
trabalhos futuros a aplicação destes modelos
utilizando outras variáveis, como, taxa de
juros e financiamentos aos produtores.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
42
AGRADECIMENTOS
A pesquisa foi financiada pela Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Mato
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e a Economia Global (pp. 109-131). Rio de Janeiro:
Campus: SOBEET.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
44
Capítulo 4
Branca Scannapieco Della Coletta
Ivana Salvagni Rotta
Resumo: Este artigo irá apresentar o estudo de caso realizado em uma empresa
que produz móveis corporativos e escolares, como mesas, armários e gaveteiros, e
monta cadeiras a partir da parceria com um fornecedor. A área escolhida para
elaborar este trabalho foi a de metalurgia, que produz todas as peças de aço e
metal que farão parte dos móveis, onde há setores de corte, estamparia, dobra,
prensa e solda. Foram implantadas ferramentas Lean, tais como: 5s e Kaizen,
contribuindo para a redução de desperdícios e custos da empresa no cenário de
crise econômica vivido pelo setor de móveis. A metodologia utilizada foi uma
pesquisa quantitativa, através de coleta e análise de dados, e qualitativa, com
aplicação de questionários. Entre os resultados obtidos tem-se uma significativa
redução de desperdícios e 7% de redução de custos no período estudado, na área
de metalurgia. Também teve-se um feedback positivo por parte dos colaboradores,
percebeu-se a melhoria da qualidade de vida no trabalho, o melhor relacionamento
interpessoal e o bem-estar do setor.
Palavras chave: pequena empresa, Lean Manufacturing, setor de móveis.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
45
1 INTRODUÇÃO
A atual crise econômica brasileira é o
principal fator para o declínio financeiro das
empresas, mais especificamente no setor de
móveis. Isso ocasiona grandes oscilações de
vendas, já que os custos de produção se
alteram e também diminui o poder de compra
dos clientes, trazendo ritmos diferentes para o
processo.
“As pequenas organizações possuem
recursos
escassos
que
devem
ser
direcionados aos fatores chave de sucesso
da empresa” (ESCRIVÃO FILHO & TERENCE,
2001b, p. 593). Fazendo-se importante o uso
de ferramentas para que todos os recursos
sejam utilizados de maneira adequada, já que
esse é um dos grandes problemas
enfrentados por pequenas empresas.Nesse
contexto, o trabalho teve como objetivo
mostrar como a implantação de ferramentas
Lean, tais como: 5s e Kaizen, em uma
empresa de pequeno porte do setor de
móveis localizada no interior de São Paulo,
contribuindo para a redução de desperdícios
e custos da empresa no cenário de crise
econômica vivido pelo setor de móveis.
A empresa estudada fabrica móveis
corporativos e escolares, como mesas,
armários e gaveteiros, e monta cadeiras a
partir da parceria com um fornecedor. A área
escolhida para elaborar este trabalho foi a de
metalurgia, que produz todas as peças de
aço e metal que farão parte dos móveis, onde
há setores de corte, estamparia, dobra,
prensa e solda. É importante se observar as
dificuldades encontradas nesse processo,
como a cultura familiar da empresa e a
resistência dos colaboradores.
1.1 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi reduzir
desperdícios e custos, utilizando as
ferramentas da Lean Manufacturing, tais
como: 5S e Kaizen e dentro de uma pequena
empresa fabricante de móveis. Para isso foi
realizado um estudo de caso visando propor
melhorias na produtividade e nos resultados
da empresa.
1.2 MATERIAL E MÉTODO
Para a realização do trabalho foi elaborada
uma pesquisa bibliográfica, que segundo
Lakatos e Marconi (1991) refere-se a um
estudo geral sobre os principais livros,
artigos, revistas e trabalhos em geral já
realizados, por terem capacidade de fornecer
dados relevantes para o tema estudado.
Também foi realizada uma pesquisa
qualitativa, com aplicação de questionários e
quantitativa, com coleta e análise de dados. A
coleta de dados é uma tarefa muito
importante na pesquisa, havendo diversas
formas de ser feita, porém deve-se levar em
conta a que oferecer menos desvantagens
para cumprimento da mesma (CERVO,
BERVIAN
DA SILVA, 2007). A análise de dados
comprovará ou não as hipóteses estudadas
(CERVO, BERVIAN & DA SILVA, 2007).
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 PEQUENA EMPRESA
“Durante muito tempo pensou-se que as
pequenas e médias empresas deveriam
utilizar, em menor escala, os mesmos
princípios de administração usados pelas
grandes empresas” (LEONE, 1999, p.93).
Porém, a dimensão dessas empresas não
permite que a gestão de todas as
organizações seja a mesma.
Segundo Leone (1999) tais empresas podem
ser estudadas por suas características
inerentes e que as distinguem das empresas
de grande porte, as quais Leone chama de
especificidades. Essas podem ser divididas
em três vias: organizacionais (que se atém a
estrutura organizacional), decisionais (tomada
de decisão) e individuais ( que se baseia no
comportamento do proprietário/dirigente)
(LEONE, 1999).
O proprietário de pequena empresa deve
tratar cada característica como ponto chave
para seu sucesso estratégico. “Ressalte-se
que, para as pequenas empresas, mais
relevante que a ordem de realização das
atividades é a existência das etapas de
conscientização
e
engajamento
do
empresário
no
processo,
além
do
envolvimento
dos
funcionários
que
implementarão
o
plano
estratégico”
(ESCRIVÃO FILHO & TERENCE, 2007, p.3637). Não se pode estudar uma empresa ou
uma estratégia sem que se analise o ambiente
em que se está inserido. Desta maneira,
considera-se que o estudo das pequenas
empresas deve partir do entendimento da
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
46
dinâmica do sistema político-econômico
vigente (CÊRA & ESCRIVÃO FILHO, 2003).
Será apresentada a cultura familiar, que
representa a cultura encontrada na empresa
em questão.
2.2 CULTURA FAMILIAR
Muitas das pequenas organizações são de
cunho familiar, ou seja, tem “envolvimento dos
membros da família em uma empresa em
funcionamento” (LONGENECKER, MOORE &
PETTY, 1997). O envolvimento da família pode
ocorrer de várias formas e pode ser passado
de geração a geração. Mas o que acontece é
que os interesses pessoais acabam inibindo
os empresariais, o que torna a tomada de
decisão bem diferente de grandes empresas.
Tais interesses podem entrar em conflito, já
que nem sempre o familiar traz benefícios ao
empresarial e vice-versa.
Através dos valores que a família traz consigo
para a empresa é que é criada a cultura da
mesma, como por exemplo, o conceito de
qualidade de produtos, o modo de atender
clientes, a estratégia de produção, dentre
outros. Porém, não é possível impor tal
cultura, desde que todos vejam que a mesma
realmente funciona e concordem em segui-la.
Há quem pense que não existam vantagens
em se ter ou trabalhar em uma organização
que tenha cultura familiar, exatamente por
pensar
que
preocupações
pessoais
ultrapassem as empresariais. Porém há
muitos benefícios quando se trata do
envolvimento de membros da família no
controle organizacional, bem como:
Laços familiares fazem com que a pessoa
queira manter-se no negócio a qualquer
circunstância, sem então procurar outras
empresas na ocorrência de uma crise;
A família por muitas vezes sacrifica bens
próprios ou renda para investimento nos
interesses
empresariais,
sanando
as
necessidades diárias, deixando então de
realizar demissões e diminuir a produção, por
exemplo;
Usa-se o tema da família nas propagandas
para se distinguir de seus concorrentes, a fim
de valorizar seu compromisso pessoal com o
atendimento ao cliente e com o próprio
negócio (LONGENECKER, MOORE & PETTY,
1997).
Por insistirem na implantação de seus valores,
muitos proprietários-dirigentes e membros da
família não entendem a contribuição que
ferramentas gerenciais podem trazer ao seu
negócio, acreditando que tais abordagens
possam interferir na cultura inserida na
empresa. Muitos também imaginam que
ferramentas só tem importância se realizadas
em grandes empresas ou subestimam os
métodos, vangloriando seu próprio modo de
trabalhar. A Produção Enxuta pode ser
aplicada a qualquer organização, seja ela
pequena, média ou grande, e só depende da
colaboração de todos para que funcione,
desde o proprietário ou presidente, até os
mais baixos cargos. Será apresentado um
esclarecimento do funcionamento da Lean
Manufacturing, método esse que foi aplicado
no estudo de caso.
2.3
PRODUÇÃO
ENXUTA
-
LEAN
MANUFACTURING
O Sistema Toyota de produção foi elaborado
no Japão por Taiichi Ohno no período pós
Segunda Guerra Mundial. Ohno era
engenheiro da Toyota, onde aplicou a Lean, o
que fez com que o nome da criação se
tornasse Sistema Toyota de Produção.
Segundo Ohno (1997), a base para este
sistema é a absoluta eliminação do
desperdício, e para se sustentar tal ideia são
necessários dois pilares: Just-in-time e
Autonomação (automação com um toque
humano). Just-in-time significa ‘no momento
certo’, ou seja, os itens necessários, na
quantidade
necessária,
no
momento
necessário, sem geração de estoques
(SHINGO, 1996). Portanto a Produção Enxuta
tem como objetivo a eliminação total de
perdas e conta com ferramentas que auxiliam
e fazem com que a implementação do
processo realmente aconteça. A seguir serão
apresentas as ferramentas da Lean que foram
utilizadas na pequena empresa, como: 5S e
Kaizen.
2.4 KAIZEN
Kaizen é uma metodologia para alcance de
melhorias rápidas” (WERKEMA, 2006, p. 53),
e trata-se de um termo em japonês que é
traduzido como melhoria contínua. Tal filosofia
é utilizada como um evento dentro da
empresa, a chamada ‘Semana Kaizen’. Neste
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
47
período a linha de produção é interrompida e
os colaboradores são postos para propor e
realizar melhorias em seu setor, sempre na
presença de um Líder Kaizen que coordenará
e auxiliará as ações. Este Líder pode dividir as
pessoas em equipe e determinar que cada
uma melhore uma respectiva área. O Kaizen
pode ser utilizado quando forem identificadas
fontes de desperdício ou problemas
facilmente compreensíveis, e também quando
são necessários resultados imediatos. Assim,
esta filosofia visa à eliminação de
desperdícios
e,
a
colaboração
e
conscientização dos funcionários, para que a
qualidade seja sempre elevada e haja cada
vez mais a procura pela melhoria, podendo
ser utilizado para auxiliar a implantação da
ferramenta 5s.
2.5 A FERRAMENTA 5S
Assim como a produção enxuta, o 5S foi
criado no período pós Segunda Guerra
Mundial, no Japão. O país estava
desestruturado e utilizou da ferramenta para
reerguer suas fábricas e sua economia. “O
programa objetiva a educação, treinamento e
busca a qualidade através de constante
aperfeiçoamento dos detalhes que compõem
a rotina diária de trabalho” (Matos et al., 2014,
p.03), como estabelecimento de padrões de
limpeza e organização, para assim combater
o desperdício, visando a saúda e bem estar
das pessoas. É necessária a colaboração de
todos, ou a ferramenta não funcionará como
esperado. E como diz Campos (2004, p. 197),
“o 5S não é somente um evento episódico de
limpeza, mas uma nova maneira de conduzir
a empresa com ganhos efetivos de
produtividade”.
O 5S consiste em cinco sensos (Figura 1)
que, originalmente escritos em japonês,
formam os cinco ‘Ss’ que, se seguidos em
ordem, compõe então a ferramenta. São eles:
Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke.
FIGURA 1: 5 sensos
Fonte: Elaborado a partir de WERKEMA, 2006
Seiri – Senso de Utilização (1° senso): Separar
o útil do desnecessário, eliminando o último,
ou seja, faz-se uma limpeza no setor com
intuito de separar tudo que é utilizado ou não,
para que o inútil possa receber um destino
melhor.
Seiton – Senso de Ordenação (2° senso):
Arrumar, organizar e identificar, cada coisa
em seu lugar, para que assim qualquer
pessoa que necessite possa encontrar. É
necessário que critérios de organização
sejam definidos e então criado um sistema de
identificação visual, etiquetas por exemplo,
para facilitar que tudo seja
Seiso – Senso de Limpeza (3° senso): Manter
materiais de limpeza necessários por perto,
eliminar as sujeiras e aprender a não sujar,
são ações fundamentais para a realização
desta etapa.
Seiketsu – Senso da Saúde (4° senso): Este
senso consiste em manter a limpeza realizada
e em cuidar para que a prática dos sensos
anteriores permaneça. A criação de um
padrão é uma das formas de se manter o
desempenho
Shitsuke – Senso da Autodisciplina (5° senso):
Deve-se respeitar todas as normas e
procedimentos, tornando a prática dos ‘Ss’
anteriores uma rotina, sempre com educação,
paciência e responsabilidade.
o ambiente limpo e organizado. Ter sempre os
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
48
Com a aplicação desta ferramenta a empresa
ganha inúmeros benefícios,
como a
otimização do espaço, a facilidade de troca
de informações, eliminação de excessos,
desenvolvimento do trabalho em grupo,
melhoria da qualidade de vida, etc., que
refletem diretamente na redução de custos e
desperdícios. A seguir serão apresentados os
resultados do estudo de caso que foi
elaborado em uma pequena empresa.
3 ESTUDO DE CASO
3.1 O SETOR
A indústria de móveis está incluída nos
chamados setores tradicionais da economia e
pode ser dividida em: residencial, escritório e
institucionais (utilizados em hospitais, escolas,
lazer, restaurantes, hotéis e similares) (ROSA
et al. 2007). Neste caso, a empresa só não se
inclui na categoria residencial. Segundo
SEBRAE (2014) a matéria prima que
predomina no mercado mobiliário é a
madeira, seguido do metal e depois de outros
materiais.
O Estado de São Paulo concentra o maior
número de empresas moveleiras, enquanto na
Região Sul estão o maiores polos produtores
e exportadores (Movergs apud SEBRAE,
2014).
Com crescimento da produção em média de
5,6% ao ano, de 2007 a 2012 as vendas totais
cresceram 10,1% ao ano, o que significa que
a demanda sobe em ritmo maior que a
produção (SEBRAE, 2014).
O crescimento da demanda entre os anos de
2011 e 2012 tem como um dos principais
pontos a redução do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), que chegou a uma
alíquota de 0% (zero por cento), aquecendo a
economia do setor (UOL, 2012). No ano
seguinte (2013) o desconto continuou, porém
com taxas maiores. Já o ano de 2014 foi
iniciado com o IPI já normalizado (UOL, 2013).
No ano corrente, tal imposto não apresenta
mais descontos e juntamente com o cenário
nacional em crise, o que acarretou o aumento
da inflação, atingem de maneira intensa o
poder
aquisitivo
de
clientes
e
consequentemente o setor mobiliário. O
design dos produtos exerce um papel
considerável para a competição entre os
fabricantes de móveis. Vale ressaltar que a
finalidade do mesmo não é apenas estética,
mas também – e principalmente – refere-se à
funcionalidade dos produtos. Porém, devido à
facilidade de imitação, o design não implica
barreiras de entrada no mercado (ROSA et al.
2007).
Segundo ROSA et al (2007) o segmento de
móveis de escritório participa com 25% do
faturamento total do setor moveleiro no país e
atende um mercado muito exigente, o que
destaca o serviço de pós-venda. Ainda
declara que há empresas que tem projetos de
instalação dos móveis, dificultando a entrada
das pequenas empresas e que em geral, são
todas grandes e internacionalizadas. A
empresa em questão se enquadra nas
poucas organizações pequenas que além da
produção, também realiza a instalação dos
produtos.
3.2 A EMPRESA
A empresa escolhida para a realização do
estudo de caso localiza-se no interior de São
Paulo e trata-se de um fabricante de móveis
corporativos e escolares. Atuante no mercado
há 45 anos, a empresa vende seus móveis
para todo o Brasil. Com certificação de
Qualidade ISO 9000, a empresa conta com
móveis fabricados em madeira juntamente
com sua estrutura de metal, como mesas,
armários e gaveteiros em geral, além de
realizar a montagem de cadeiras através do
recebimento de peças por fornecedores
diretos.
Há mais de 100 colaboradores no quadro de
funcionários, trabalhando somente em um
turno de 9 horas por dia, além de 1 hora de
almoço, de segunda a sexta-feira e folgando
aos sábados. O operacional da empresa é
dividido em 11 setores, sendo eles:
Marcenaria, Metalurgia, Pintura Líquida,
Pintura a Pó, Montagem, Embalagem,
Expedição,
Manutenção,
Acessórios,
Almoxarifado e Fábrica Piloto. De cunho
familiar, a pequena empresa sempre realizou
sua produção de forma tradicional.
3.3 RESULTADOS E MÉTODOS
Em uma empresa de pequeno porte e ainda
familiar, há muitas barreiras quando se trata
de realizar mudanças no modo de produzir.
Ao iniciar o estágio na empresa, o autor tinha
como supervisor o gerente de produção e
contava com imenso apoio para a realização
de seus projetos, mas logo foi passado para o
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
49
setor de Qualidade. A Figura 2 abaixo
representa a hierarquia da empresa.
Figura 2: Hierarquia inicial da empresa
Fonte: Próprio autor
Pode se observar que a hierarquia inicial é
comum, onde o gerente de produção tem o
controle de toda a fábrica. Em poucos meses,
porém, o gerente de produção se desligou da
organização, ocasionando uma falha na
hierarquia. Posterior à saída do mesmo, não
aconteceu sua substituição, deixando o
cargo, ao menos no papel, à gerente de RH,
como mostra a Figura 3.
Figura 3: Hierarquia da empresa.
Fonte: Próprio autor.
Percebe-se então uma hierarquia familiar,
onde uma pessoa sem as qualificações e
competências necessárias é designada para
controlar a fabricação ocupando o cargo do
gestor de produção. No entanto, pode-se
notar que a gerente de RH é responsável
direta pelos horários dos turnos, horas extras,
para então cumprir prazos e metas. O que
acontece é que na prática não existe uma
pessoa que gerencie a produção, deixando a
fábrica e muitas determinações nas mãos dos
encarregados dos setores, sendo que as
decisões mais extraordinárias ficam nas mãos
principalmente dos gerentes de Qualidade,
Engenharia, Comercial e RH.
A área de metalurgia foi escolhida para se
realizar o estudo de caso. O setor fabrica
todas as peças de metal que compõe os
móveis e conta com 25 colaboradores,
incluindo o encarregado do setor. A escolha
desta área aconteceu em conjunto com o
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
50
então gerente de produção, que analisando
cada setor percebeu que, na metalurgia,
poderiam e precisariam ser feitas muitas
melhorias, aprimorando não só a qualidade
de vida dos funcionários como também a
produtividade da empresa.
Com a falta de hierarquia e a administração
familiar, não houve apoio dos níveis
hierárquicos mais altos para a realização do
processo de implantação das ferramentas
Lean, deixando a responsabilidade do
encarregado aceitar ou não que o estudo de
caso acontecesse ali. Não houve então uma
aceitação imediata do setor, o que dificultou
que trabalhos e mudanças fossem feitas na
fábrica. Todo o histórico acabou gerando
acomodações por parte dos funcionários, de
forma que no momento em que são propostas
melhorias a aceitação não ocorre, ou é
contrariada. Aos poucos foi possível obter o
consentimento do encarregado para o início
do estudo. Na etapa inicial, foi elaborado e
aplicado um questionário com o intuito de
obter dados relativos à rotatividade dentro da
empresa, e idade e nível escolar de seus
colaboradores. A faixa etária dos funcionários
é em maioria de 21 a 40 anos, e foi possível
perceber que a rotatividade é bem alta, quase
1/3 de seus funcionários trabalham na
empresa há menos de 1 ano.
Devido à convivência nessa área, pode-se
observar que os funcionários de maior idade
são os mais antigos na organização,
dificilmente ocorrerá rotatividade nesses
casos. O episódio ocorre por que a venda de
móveis é algo sazonal e dependente de
demanda, fazendo com que aconteçam
muitas contratações na alta do mercado e
consequentemente, demissões quando o
comércio está em baixa. O cenário econômico
do país também é um dos principais fatores
que alteram a demanda, já que interfere no
poder aquisitivo do cliente, afetando
diretamente na rotatividade. A maioria dos
funcionários tem uma boa formação, até o
ensino médio, o que é de muita contribuição
para o setor.
Após a aplicação do questionário foi
agendada uma data juntamente com o
encarregado para a realização do ‘Dia
Kaizen’,
onde
foram
reunidos
os
colaboradores para a realização de um
treinamento. O mesmo foi feito no período da
manhã, com oferecimento de café, sucos e
biscoitos aos participantes, incentivando a
inserção dos mesmos. Dividindo o setor em
duas turmas para que a produção não fosse
interrompida, foram apresentados slides em
uma sala reservada abordando os seguintes
tópicos: O que é o 5S; Como e para qual fim
foi criado;
Importância do 5S; Benefícios trazidos pela
ferramenta; Como implementar. Com o intuito
de conscientizar os colaboradores, foi falado
repetidas vezes sobre a qualidade de vida no
trabalho e como isso poderia ser melhorado.
Foi proposta a criação de um quadro de
ferramentas, ideia que imediatamente foi
barrada pelos colaboradores, alegando que
as ferramentas são muito pesadas para serem
penduradas e que dificultaria a realização de
suas tarefas devido o distanciamento do
quadro às máquinas. Porém a colaboração
por parte dos funcionários foi muito grande, já
que prestaram atenção, tiraram dúvidas e
deram sugestões lógicas e úteis para seu
trabalho, bem como os locais em que mais
precisavam de atenção, e que, na semana
seguinte, puderam ser integradas na
realização da implantação da ferramenta.
O 5s visa melhorar o ambiente de trabalho, e
a qualidade de vida para os funcionários. A
ferramenta faz parte do processo que certifica
a empresa pela ISO 9000, porém só é
praticado na empresa em datas próximas a
auditoria de certificação. Porém é necessário
que as mesmas sejam utilizadas como hábito
para que possa fazer sentido e obter os
melhores resultados. O treinamento então teve
como foco a criação do costume, que é
tratado em um dos Sensos do 5S. Na fase
seguinte foi agendada a ‘Semana Kaizen’
para a então aplicação das ferramentas Lean
onde
foi
possível
a
Manufacturing,
colaboração do setor, mas sempre com
algumas restrições. Um dos problemas
iniciais encontrados está relacionado ao
aumento da demanda, e devido a isso os
responsáveis
pela
produção
não
disponibilizaram
um
dia
para
a
implementação das mesmas. Isto fez com que
o 5s fosse então aplicado aos poucos, com a
participação de poucos funcionários se
revezando, sempre com auxilio de seu
encarregado e por partes, conforme
disponibilidade de tempo.
A coleta de dados foi feita no período de
Junho a Agosto, devido à resistência do setor
para o princípio da utilização das ferramentas
e ao prazo de entrega do trabalho. A seguir
serão mostrados a análise de dados e os
resultados encontrados com a implantação da
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
51
Lean
e também todas as dificuldades
encontradas no comportamento da empresa
para o andamento do projeto. O 5S iniciou-se
então com uma organização do setor, as fotos
a seguir demonstram o antes e depois da
ferramenta (Figuras 4 e 5).
Figura 4: Material em local inadequado
Figura 5: Área limpa
Fonte: Próprio autor
de consumo e descarte de resíduos de
Posterior às fases de utilização, ordenação e
matéria-prima para que fosse possível mostrar
limpeza ainda restam dois sensos, o da saúde
numericamente os benefícios trazidos pela
e o da autodisciplina, porém estes últimos
aplicação das ferramentas Lean bem como a
correspondem
à
conscientização
das
pessoas, que foram então acompanhadas e
redução de custos e desperdícios. Para
cobradas durante todo o período de
analisar os dados foi criada uma relação entre
realização do estudo de caso, para que
consumo e descarte, encontrando o
resultados
maiores
pudessem
ser
desperdício relativo ao consumo de cada mês
alcançados. O acompanhamento aconteceu
e sendo possível observar ou não sua
com visitas diárias ao setor, onde além de
redução de acordo com a produção. Os
vistoriar o ambiente também houve conversas
resultados encontrados a partir do mês de
e orientações aos funcionários todo tempo.
início do projeto é mostrado no Gráfico 1.
Mensalmente foram então coletados os dados
Gráfico 1: Porcentagem de resíduos em relação ao consumos por mês, ano: 2015.
Fonte: Próprio autor.
O ‘Dia Kaizen’ foi realizado na primeira de
Junho e a partir daí já é possível ver a
redução do desperdício que aconteceu no
setor após o treinamento dos funcionários.
Nota-se uma baixa significativa na mudança
do mês de Maio para Junho e então, com a
contínua colaboração de todos, a taxa de
desperdício vem caindo pouco a pouco. Para
demonstrar tal redução em valores foi feita
uma simulação utilizando o consumo em
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
52
Reais (R$) mensal de 2015 multiplicado pela
porcentagem de resíduos em relação ao
consumo por mês, tanto de 2014, quanto do
ano corrente e então foi tirada a diferença
entre os anos, para que fosse possível
enxergar a economia feita através do uso das
ferramentas Lean. A análise foi feita em dois
períodos. O Gráfico 2 a seguir mostra período
do primeiro semestre dos anos em questão.
Gráfico 2: Descarte de resíduos no 1° semestre em Reais (R$).
Fonte: Próprio autor.
Observa-se que houve uma economia de
mais de R$ 3.500,00 no semestre, se
comparado entre os anos. O Gráfico 3
representa o segundo período, que trata-se
somente dos meses em que o estudo de caso
foi aplicado.
Gráfico 3: Descarte de resíduos no período de Maio a Agosto em Reais (R$).
Fonte: Próprio autor.
Percebe-se que apesar do pouco tempo e
restrições para aplicação do projeto, houve
uma boa economia no setor estudado e
consequentemente redução de custos para
empresa. Se dada continuidade no projeto,
certamente os custos cairão gradativamente.
Chegando ao fim do período de estudo de
caso, houve a aplicação de um novo
questionário sobre a opinião dos funcionários
a
respeito
da
aplicação
da
Lean
Manufacturing, além de listarem pontos
positivos e negativos da ferramenta.
“O projeto 5S trouxe muitas coisas boas para
nós, o relacionamento dentro do setor e a
comunicação com outros setores ficou muito
mais fácil, o que melhorou nosso trabalho”
(Cesar, operador de máquina). Outros
funcionários tiveram opiniões semelhantes e
positivas. “A empresa já tinha nos falado
sobre 5S anos atrás, mas não tinha ninguém
que nos ajudasse a dar continuidade. Este
projeto foi muito útil, pois estávamos
precisando de ajuda para nos organizar, e
com a cobrança diária ficou mais fácil manter”
(Emerson, soldador).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
53
Na listagem de pontos positivos os mais
citados
foram:
organização,
melhor
comunicação, informação facilitada, limpeza,
relação interpessoal, fácil aplicação. Já de
pontos negativos, os mais falados foram:
interrupção da produção para aplicação,
necessidade de tempo para manter,
necessidade de apoio de outros setores para
manter
a
organização
do
espaço.
Perguntados se gostariam de manter a
utilização das ferramentas, os funcionários do
setor responderam que sim e que já estava se
tornando hábito. Após um feedback bom nos
números e gratificante com as pessoas,
segue a conclusão do estudo de caso.
4 CONCLUSÃO
Durante a implementação das ferramentas e
posterior coleta de dados revelou-se a
importância que cada ferramenta tem para a
redução de custos e aumento da
produtividade da empresa. Através desses
dados foi possível analisar a redução de
desperdícios e de custos que as ferramentas
Lean Manufacturing trouxeram para a
empresa.
Percebeu-se então que tais ferramentas
geraram uma economia significativa para a
empresa, com 8% de redução de custos no
primeiro semestre e 7% no período, além de
ter contribuído para a melhoria da qualidade
de
vida,
bem-estar
e
saúde
dos
colaboradores. Cada funcionário também
entendeu o valor que tem para a organização
e se sentiu valorizado, o que é mais
importante. Foi impulsionada a criação de um
hábito, que até o momento está sendo
cumprido
e
espera-se
que
tenha
continuidade, colaborando sempre para o
bem da empresa.
importante ressaltar que o sistema tradicional
será mantido, apenas utilizando das
ferramentas do Sistema Toyota para auxiliar e
melhorar o processo, criando então um
sistema híbrido, podendo ser chamado de
Sistema ‘X’ de Produção. Como a empresa é
familiar e utiliza o sistema tradicional de
produção, o intuito desse trabalho foi mostrar
que mesmo com as dificuldades inerentes a
essa realidade, algumas ferramentas Lean
podem sim auxiliar em melhorias na
organização. Esse é um cenário que tem sido
alvo de vários estudos, e demonstra que as
pequenas empresas familiares muitas vezes
ainda crescem com essa cultura e possuem
processos desorganizados, mas mesmo
assim crescem, sobrevivem e se mantêm no
mercado.
REFERÊNCIAS
[1].
CAMPOS, V. F. TQC – Controle da
Qualidade Total (no estilo japonês). 8ª Ed. Nova
Lima/MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda., 2004.
256p.
[2].
CÊRA, K.; ESCRIVÃO FILHO, E.(2003).
Particularidades de Gestão da Pequena Empresa:
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
55
Capítulo 5
Ernane Rosa Martins
João Ricardo de Freitas Bastos
Solange da Silva
Resumo: A cooperação entre as empresas pode ser estimulada pela necessidade
de agregar valor aos produtos, desenvolver novos atributos para esses produtos e
melhorar os processos de produção, com obtenção de escala e redução de custo.
Assim, torna-se possível conquistar novos mercados e ampliar a capacidade de
negociação com fornecedores, seja no que se refere a preços ou a produtos,
especificamente. Este trabalho tem como objetivo geral pesquisar os resultados
obtidos com a formação e manutenção da União dos Confeccionistas de Taquaral
e região (ÚNICA), por meio das estratégias cooperativas em Rede. A relevância
deste projeto é a oportunidade de descrever uma prática de Redes de Colaboração
Empresarial (RCE) no Estado de Goiás, mapeando a história da associação, desde
a sua concepção até os dias atuais. A metodologia usada foi a busca na literatura
sobre o tema, a aplicação de questionário com uso da escala Likert e a análise dos
dados por meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS),
versão 20.0. Os resultados desta pesquisa constataram que a ÚNICA obteve os
seguintes ganhos trabalhando em cooperação: soluções coletivas na escala e
poder de mercado; redução de custos e riscos; aprendizagem coletiva e ações
inovadoras desenvolvidas em conjunto por empresas. Com relação ao apoio dos
parceiros, constatou-se que o SEBRAE de Anápolis é o órgão que mais apoia esta
associação.
Palavras chave: Redes de Cooperação Empresarial, Relações Interorganizacionais,
Ganhos Competitivos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
56
1. INTRODUÇÃO
Este artigo teve como proposta mapear o
processo de formação, desenvolvimento e
consolidação da União dos Confeccionistas
de Taquaral e região (ÚNICA), localizado no
interior de Goiás, a qual enquadra no modelo
produtivo como uma Rede de Colaboração
Empresarial (RCE) de Pequenas e Médias
Empresas (PME); verificar a importância que
os parceiros locais tiveram na formação da
associação e verificar os ganhos adquiridos
na sua totalidade.
A necessidade de as empresas lidarem com a
força dos concorrentes e o poder de
negociação dos compradores exercem uma
pressão
que
tende
a
aumentar
a
competitividade, exigindo novas estratégias.
As RCE’s surgem como uma estratégia viável
de consolidação e sobrevivência das
empresas a elas associadas.
A cooperação entre as empresas pode ser
estimulada pela necessidade de agregar valor
ao produto, desenvolver novos atributos para
o mesmo, melhorar os processos de
produção, com obtenção de escala e redução
de custo, conquistar novos mercados, ampliar
a
capacidade
de
negociação
com
fornecedores, seja referente a preços ou a
produtos especificamente. Enfim, as parcerias
podem ser estabelecidas de diversas formas,
com o objetivo básico de manter as empresas
no mercado de forma competitiva.
A principal causa para a proliferação de
estudos de redes está associada à expressiva
dimensão econômica e social que a formação
das mesmas vem apresentando no país. As
redes se apresentam como uma opção
exequível
capaz
de
aumentar
a
competitividade das empresas e melhorar o
posicionamento no mercado em que operam
(BALESTRIN; VERSCHOORE; REYES, 2008).
Conforme pesquisa feita pelo SEBRAE DF
(2011), foi encontrado no País, no período de
maio a outubro de 2011, um total de 778
centrais/redes de negócios ativas.
No Estado de Goiás, existem alguns casos de
organizações que formaram alianças para o
cumprimento
dos
objetivos
citados
anteriormente. Um desses casos foi a criação
dos Arranjos Produtivos Locais (APLs). Eles
tiveram início em 2000, no âmbito de um
programa de Plataformas Tecnológicas em
Arranjos Produtivos Locais conduzido pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e
suas agências – Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP) e Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPQ) – o Ministério da Integração Nacional
(MI) e o Fórum Nacional de Secretários
Estaduais de Ciência e Tecnologia. O governo
de Goiás, naquele momento, selecionou e
apoiou dois arranjos como projetos pilotos do
programa no Estado: o APL farmacêutico de
Goiânia-Anápolis e o APL de Grãos, Aves e
Suínos da região de Rio Verde (CASTRO;
ESTEVAM, 2010).
Esta pesquisa justifica-se pela compreensão
do comportamento dos MPEs no contexto
socioeconômico do centro-oeste brasileiro,
região sem tradição de cooperação em rede,
pode proporcionar resultados comparativos
que favoreçam políticas de desenvolvimento
local, com consolidação de abordagens
teóricas sobre o tema de redes de
cooperação, desde sua concepção até sua
consolidação
Também se justifica pelo compartilhamento
de informações entre várias empresas;
desenvolvimento de uma visão estratégica por
parte das organizações envolvidas; análise de
problemas em busca de soluções em
comuns; desenvolvimento local (CASARROTO
e PIRES, 1999); melhora das condições
sociais, como geração de emprego e renda;
geração de economia coletiva para tornar
uma cadeia produtiva mais eficiente e
competitiva (AMATO NETO, 2005).
Este artigo está estruturado em quatro
seções, sendo elas: a seção 2 traz uma
sucinta revisão bibliográfica sobre estudos
relacionados sobre RCE. A seção 3 descreve
a metodologia utilizada na pesquisa. Na
seção 4 é apresentado o estudo de caso
propriamente dito, objetivo deste trabalho e
por fim, a seção 5 traz as considerações
finais.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção, serão apresentadas algumas
bases teóricas sobre redes de cooperação,
abordando
o
conhecimento
científico
pertinente ao estudo sobre a formação e
manutenção de estruturas de cooperação
interorganizacional.
2.1.
REDES
EMPRESARIAL
DE
COOPERAÇÃO
O conceito de rede há muito tempo vem
sendo estudado por teóricos das mais
diversas áreas do conhecimento. Apesar dos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
57
esforços, não há ainda uma definição clara de
rede.
Em tempos mais remotos, o conceito de rede
não passava de uma armadilha para capturar
pássaros. Já no século XX, esse termo
adquiriu um sentido mais abstrato: um
conjunto de pontos com mútua comunicação,
os quais fazem fluir a troca de informação
entre os seus participantes (BALESTRIN;
VERSCHOORE, 2008).
Através de uma compreensão sociológica do
conceito de rede, a terminologia passou a ser
empregada e aprimorada nas ciências
sociais, consolidando-se como arranjos
relacionais estruturados de transações entre
membros de um sistema social. Assim, a ideia
de rede se espalhou pelas demais áreas do
conhecimento.
A contínua expansão das redes de
informação com abrangência global ampliou
significativamente a capacidade conectiva
dos relacionamentos econômicos, sociais e
culturais. O fluxo intenso, contínuo e
expansivo do intercâmbio de informações
imediatas entre os mais diversos agentes
transformou o planeta de uma maneira jamais
vista.
O mundo assistiu ao surgimento da sociedade
em rede, que caracteriza a estrutura social
como um sistema aberto, altamente dinâmico,
suscetível a inovar sem afetar seu equilíbrio
(CASTELLS, 1999). A popularização do
conceito de rede inviabiliza sua clara e
precisa definição, porém, tem possibilitado o
surgimento de iniciativas exitosas de
cooperação entre pequenas, médias e
grandes organizações ao redor do mundo.
Estudos mostram tendências de cooperação
para desenvolvimento conjunto de produtos,
mesmo sendo de empresas rivais. O objetivo
desse cooperativismo é as empresas obterem
meios de distribuição, prevenção contra
concorrentes, acesso a novas tecnologias,
diversificação em novos negócios, economias
de escala, integração vertical e superação de
barreiras alfandegárias (LORANGE, 1996).
Essas relações trazem variedades de
aprendizagem e oportunidades, encorajando
os inovadores a melhorar de forma mais
radical. Além disso, fomentam a cooperação
entre os agentes, dado que inovações
acontecem tardiamente em setores mais
fragmentados. A ideia de empresas
competindo de forma atomizada vem
perdendo espaço para a visão de empresas
ambientadas em redes, sejam sociais,
profissionais ou de relações de troca,
formando as redes estratégicas, em torno de
relações tanto horizontais como verticais.
As
redes
verticais,
a
característica
predominante é a hierarquia. Geralmente,
essas redes apresentam forte estrutura
hierárquica. Na rede horizontal, possui como
característica marcante a cooperação. Essas
são formadas por empresas independentes
do mesmo segmento que interagem no
ambiente de cooperação, desenvolvendo
ações em conjunto.
2.2. BENEFICIOS DAS RCE’S
O trabalho em cooperação traz diversos
benefícios para as MPE’s e conforme
Verschoore (2006) apresenta o resumo do
framework analítico da sua pesquisa Figura 1,
elencando os atributos e benefícios das
redes, bem como sua definição, os elementos
que as compõem e os autores que as
referenciam.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
58
Figura 1- Framework analítico – benefícios
Fonte: Verschoore (2006)
2.3. ESTABELECENDO AS RCE’S
Para a consolidação das redes, os quatros
pilares do seu estabelecimento têm que estar
bem alinhados Verschoore e Balestrin (2008)
como mostra a Figura 2.
Figura 2 – Condições para o estabelecimento de redes de cooperação
Fonte: Verschoore e Balestrin (2008, p.152)
Os objetivos comuns devem ser claros para
todos os integrantes com as seguintes
características, ilustradas na Figura 3.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
59
Figura 3 - Objetivos comuns da formação das redes
Fonte: Verschoore e Balestrin (2008, p.156)
Na interação é que ocorre a força motriz para
alcançar os objetivos comuns, que está
intimamente ligada à capacidade de seus
integrantes estabelecerem conexões entre si.
Para Nohria e Eccles (1992), a justificativa
para fortalecer a interação pessoal face a face
em uma rede está nos seguintes fatores:
Identidade – refere-se às imagens mentais
que são criadas em relação aos outros
participantes. Essas imagens baseiam-se em
critérios e categorias utilizados para entender
as pessoas como fortes ou fracas, passivas
ou agressivas, conservadoras ou liberais, e
assim por diante;
Complexidade – grande parte da interação
depende não só do que é dito, mas também
da maneira como se dá essa interação.
Assim, várias formas de linguagem ocorrem
simultaneamente, como as expressões
corporais e faciais;
Autenticidade – vale destacar que a mentira, a
fraude, a sabotagem e outras ações
oportunistas tornam-se mais fáceis de
perceber quando as interações ocorrem face
a face, e não à distância.
3. METODOLOGIA
Quanto à natureza da pesquisa, o presente
trabalho foi dividido em duas fases. Na
primeira, denominada fase qualitativa, teve
objetivo de mapear e registrar a formação da
rede ÚNICA, a importância dos parceiros
locais e principalmente os ganhos gerados
pela adesão a rede. Na segunda fase,
quantitativa, buscou-se verificar a percepção
da importância e a correlação
indicadores com o ganho das redes.
dos
Malhotra (2001) expõe que uma pesquisa
qualitativa proporciona melhor visão e
compreensão do contexto do problema, e é
uma metodologia de pesquisa baseada em
pequenas amostras. Este tipo de estudo, para
este autor proporciona insights valiosos, que
permitem
alcançar
uma
compreensão
qualitativa das razões e motivações
subjacentes ao problema proposto.
A etapa quantitativa possibilitou levantar a
importância do apoio entre os parceiros locais
para o desenvolvimento da rede de
cooperação estabelecida e identificar os
ganhos
obtidos
com
a
associação,
mensurando esses itens matematicamente.
Conforme Miguel, P. A. C, (2012), o
pesquisador deve capturar evidências da
pesquisa por meio da mensuração das
variáveis. Assim, nenhum subjetivismo estará
influenciando a apreensão dos fatos no uso
da indução para a geração de conhecimento,
pois o pesquisador não interfere ou pouco
interfere nas variáveis de pesquisa. Elas são
oferecidas pela natureza ou derivadas de uma
teoria consolidada ou provisória.
Dando sequência às estratégias orientadoras
da pesquisa realizada, este estudo pauta de
uma etapa exploratória, e de outra, descritiva,
uma vez que se buscou mapear o processo
de formação, desenvolvimento e consolidação
da associação.
A etapa exploratória foi pautada na proposta
de Malhotra (2001), que tem como objetivo
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
60
principal o fornecimento de critérios sobre
situação-problema
enfrentada
pelo
pesquisador e sobre sua compreensão. Este
tipo de pesquisa serve para aumentar o grau
de familiaridade com o problema proposto,
proporcionando uma maior compreensão
sobre alguns dos seus aspectos, ainda não
explorados por outros pesquisadores.
Os estudos exploratórios proporcionam maior
flexibilidade na busca de informações sobre
determinado problema, visando torná-lo mais
claro, e possibilitando a construção de novas
ideias sobre o tema abordado (GIL,1999).
Este estudo também caracteriza por ser de
natureza descritiva, pois têm como foco
descrever com exatidão os fatos e fenômenos
de determinada realidade (TRIVIÑOS,1987).
Ele postula que os trabalhos descritivos não
são simplesmente restritos à coleta,
ordenação e classificação dos dados, uma
vez que este tipo de estudo também
proporciona que se estabeleçam relações
entre variáveis.
O método de se realizar um estudo de caso
único se deu ao fato de se fazer uma análise
aprofundada do fenômeno das RCES,
focando um exemplo de sucesso no estado
Sendo:
r = coeficiente de correlação
xi = variável observada, em que i = 1, ..., n
yi = variável observada, em que i = 1, ..., n
𝑥̅ = valor médio da variável xi
𝑦̅ = valor médio da variável yi
Essa Equação 1 permite quantificar o grau de
relação linear entre duas variáveis, podendo
assumir valores entre -1 a +1. Quanto mais
próximo de 1, maior é a existência de relação
entre as duas variáveis observadas. O sinal
positivo ou negativo indica relação direta ou
indireta das variáveis observadas (DE
ANDRADE, 2002).
Devido à amostra pesquisada ser pequena,
foi utilizada a técnica de reamostragem
bootstrap, que é um procedimento introduzido
por Bradley Efron, em 1979 (Efron,1979). É,
portanto, um método de computação intensiva
de Goiás, com mais detalhes, inclusive
registrando sua história (GIL, 1996; BERTO;
NAKANO, 2000). No caso, a rede escolhida
foi
a
ÚNICA,
a
qual
estabelece
relacionamentos horizontais, constituídas de
pequenas empresas, atuando no ramo de
confecções de roupa íntima.
3.1 ANÁLISE E VALIDAÇÃO DOS DADOS
Na análise dos dados coletados foi utilizado o
software estatístico Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Sua
escolha se justifica, pois executa análises
estatísticas,
desde
as
mais
simples
estatísticas descritivas (média, desvio-padrão
e tabelas de frequências) a métodos
avançados (análise de variância, correlações,
modelos de regressão multivaríavel e outros).
O programa pode gerar tabelas e gráficos
que resumem os dados, além de apresentar
uma interface amigável, facilitando sua
operação.
Para análise das relações dos dados
coletados, foi utilizado o Coeficiente de
Correlação de Pearson ( r ), com a seguinte
fórmula (Equação 1):
que pode ser utilizado para avaliar a acurácia
de estimativas estatísticas.
A reamostragem é feita com reposição do
conjunto de dados original, como se estivesse
amostrando toda a população. Repete-se
esse procedimento um número T de vezes,
exaustivamente. T é o número de
reamostragens bootstrap e, para cada
reamostra, calculam-se as quantidades de
interesse. Os T valores calculados são
utilizados para estimar a distribuição
desconhecida dessa quantidade.
A validação dos dados se deu por meio de
análise entre as informações contidas nos
documentos, tais como: atas e estatutos da
UNICA; jornais; vídeos e nas anotações do
diário de campo dos pesquisadores,
proveniente da observação nas entrevistas in
loco.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
61
4. ESTUDO DE CASO DA ÚNICA
Este capítulo traz o histórico, evolução e
situação atual da União dos Confeccionistas
de Taquaral e região (ÚNICA), objeto de
estudo e está baseado nas atas de reuniões
no estatuto desta associação e em
reportagens de época.
4.1 HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DA REDE
Visando consolidar e ampliar sua participação
no mercado de comercialização de roupas, os
proprietários das MPEs da cidade de
Taquaral de Goiás criaram, em 2008, após
dois anos de debate, a associação ÚNICA.
Começou com 33 MPEs em 2008 e,
atualmente, considerando o ano de 2014,
compõe-se de 21 empresas, cada qual com 5
a 40 empregados.
O processo de implantação da associação
teve o apoio de consultores do SEBRAE, da
unidade de Anápolis, com apoio de linhas de
crédito do Banco do Brasil e da Caixa
Econômica Federal
A ideia de constituir uma associação
começou a partir da realização de reuniões,
no ano de 2006, de um grupo de empresários
de moda íntima residentes na cidade de
Taquaral de Goiás, tendo como objetivos
comuns a necessidade de apresentar os
produtos produzidos para compradores de
outras cidades e estados, e reduzir os custos
de matéria prima, além de tentar eliminar a
figura dos atravessadores.
Outro problema enfrentado era o alto nível de
inadimplência, pois o volume de cheques sem
fundos era muito grande e a maioria dos
empresários tiveram um prejuízo enorme.
Além disso, os funcionários dessas empresas,
na grande maioria, moravam na cidade de
Itaguari, distante 17 km de Taquaral, com
deslocamento dependente da colaboração do
prefeito dessa cidade. Devido à carência de
mão de obra nas confecções, os funcionários
exigiam altos salários.
No ano de 2006, após vários problemas
pontuais de confecções, os empresários
procuraram o SEBRAE GO para ministrar uma
palestra
sobre
Associativismo
e
Cooperativismo. Assim feito, o palestrante
discorreu sobre os temas, apresentando as
diferenças entre eles. O primeiro permite a
participação de pessoas físicas e jurídicas,
enquanto o segundo, só as pessoas jurídicas.
O palestrante relatou também sobre a
experiência positiva realizada na cidade de
Jaraguá, apoiada pelo SEBRAE E SENAI,
incentivando a criação de marcas próprias
para evitar falsificar marcas conhecidas.
Ressaltou que o compromisso e a parceria
fortalecem o nome da cooperativa ou
associação, e que os atores não podem ser
egoístas, mas parceiros.
Nesta mesma oportunidade, foi abordado que
os participantes da união deveriam valorizar
mais a qualidade do que a quantidade para
obter um bom funcionamento e sucesso. Além
disso, deveriam seguir o mesmo padrão de
qualidade identificado por um selo, bem como
a valorização de uma identidade local.
4.2 CONSOLIDAÇÃO DA ÚNICA
Com a consolidação da ÚNICA, ficou
acordado que as empresas associadas não
funcionariam fora do horário comercial e não
atenderiam sábados e domingos. Além disso,
a primeira compra seria com o pagamento à
vista, e todos os associados deveriam utilizar
máquinas de cartões de créditos, visando
diminuir os riscos de calotes, que realmente
diminuíram consideravelmente.
Estas decisões visaram fortalecer os
associados, pois “a economia de Taquaral é
basicamente movida pelas fábricas de
lingerie, que respondem por 95% das portas
abertas na cidade”, afirma Renato Vilas Boas,
dono da De Villas Lingerie e presidente da
União dos Confeccionistas de Taquaral e
Região (ÚNICA). Juntas, as indústrias de
lingerie do município produzem cerca de 100
mil conjuntos de peças íntimas por mês. Para
isso,
as
empresas
contrataram
530
trabalhadores, responsáveis pelo processo de
fabricação, desde o corte até a finalização
das roupas. Aliás, Renato lembra que
emprego na área é o que não falta em
Taquaral. “Falta mesmo é mão-de-obra
qualificada”, assegura o empresário (Diário
comércio, indústria e serviços, 2008).
Foi realizada uma palestra dos consultores do
Projeto Extensão Industrial Exportadora
(PEIEX), ligado à Agência Brasileira de
Promoção de Exportações e Investimentos
(APEX), na qual foram solucionadas as
dúvidas dos empresários em relação à
exportação. Neste mesmo ano, a central de
negócios, já contando com 35 participantes,
obteve bons resultados.
Os
associados
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
fizeram
visitas
técnicas,
62
viabilizadas pelo SEBRAE de Goiás, nas
cidades de Juruaia, em Minas Gerais, e em
Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro,
na feira Brasileira de moda íntima. Essas
viagens resultaram em alguns benefícios, tais
como a troca de conhecimentos e de práticas.
Após essas visitas técnicas, esses associados
buscaram profissionalizar os lançamentos das
coleções,
contratando
designers
para
confecção dos modelos e catálogos. Além
disso, investiram no visual da cidade,
construindo novas lojas ou reformando-as.
Isso modernizou a cidade, que teve como
resultado tanto o aumento das vendas locais
como para outros estados.
A evolução da ÚNICA se deve principalmente
pelo apoio do SEBRAE GO, pois desde sua a
concepção até os dias de hoje, ele vem
colaborando e apoiando em todos os projetos
pertinentes à associação.
5 ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS
Este capítulo traz a análise dos dados
coletados na ÚNICA, no período de julho de
2014 a fevereiro de 2015, quando foram
realizadas pesquisas de campo junto a 16
empresários por meio de aplicação dos
questionários, representando 76,2% dos
associados, e observações in loco visando
atingir os objetivos específicos deste trabalho.
A verificação do apoio dos parceiros locais
para a formação e consolidação da
associação ÚNICA foi considerada importante
para os associados, pois 82% responderam
entre alto a extremamente alto (Figura 4).
Figura 4 - Apoio dos parceiros locais
De acordo com o Gráfico 1, o grau de concordância “extremamente baixo” e “muito baixo” não
apresentou respostas, e “Alto” e “Muito alto” obtiveram os maiores grau de concordância. Isso indica
que a ÚNICA teve um elevado apoio dos parceiros locais, SESC, SIC, prefeitura e, principalmente,
do SEBRAE.
No indicativo sobre os ganhos competitivos, 64% dos empresários pontuaram os itens entre “Alto” e
“Extremamente Alto”, indicando que houve ganhos para os associados neste quesito. Na Figura 5, é
apresentado o grau de concordância para os itens pesquisados.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
63
Figura 5 – Grau de concordância dos Ganhos Competitivos
Nas respostas dos empresários sobre os
ganhos competitivos, a geração de soluções
coletivas foi a que teve maior frequência no
grau de concordância “Alto” (62,50%),
seguido da redução de custos e riscos
(50,00%), maior escala e poder de mercado
(43,75%), aprendizagem coletiva (43,75%) e,
ainda, ações de cunho inovador e o acúmulo
de capital social (31,25%). Diante das
respostas dos empresários, é possível
perceber que a geração de soluções coletivas
é o item em que os empresários estão mais
unidos nos ganhos competitivos. Diante dos
demais itens, constata-se que houve ganhos
competitivos para a associação.
Na questão da inovação colaborativa, foram
observados os resultados sobre o grau de
concordância ilustrado na Figura 6.
Figura 6 – Grau de concordância da Inovação Colaborativa
Ficou destacado que na introdução de um
novo bem ou qualidade, de um novo método
de produção e uma nova fonte de matéria
prima, os empresários tiveram um maior
índice de resposta no grau de concordância
“Alto” (50%) dos pesquisados. Pode-se
deduzir que o ganho da inovação colaborativa
teve uma representatividade considerável.
Nos resultados alcançados pelos empresários
ao aderirem à ÚNICA, o único item que não
teve nenhuma correlação significativa foi a
participação na rede, que estreitou os laços
relacionais entre os associados, conforme
Figura 7.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
64
Figura 7 – Correlação dos Resultados Alcançados proporcionados pela participação na associação
O item 1 (aprendizagem para as empresas)
teve maior correlação com a contratação de
infraestrutura e serviços especializados para
aumento da competitividade, com (r =
0,838).No item 2, a participação proporcionou
ampliação das relações comerciais. A maior
correlação foi com a redução de custos e
riscos (r = 0,800). No item 3 (melhores
condições
de
negociação),
a
maior
correlação foi com a inovação de mercado (r
= 0,960). O item 4 (inovação de mercado)
teve maior correlação com redução de custos
e riscos (r = 0,895).
O item 5 (redução de custos e riscos) obteve
maior correlação com a contratação de
infraestrutura e serviços especializados para o
aumento da competitividade (r = 0,943). Feita
essa análise, pode-se observar que, na
verificação dos resultados alcançados, os
empresários estiveram unidos, exceto no
estreitamento dos laços relacionais entre eles.
Na associação ÚNICA, observou-se que a
inovação colaborativa foi a que apresentou
menor
número
de
correlações
estatisticamente significativas e os laços
relacionais entre os associados também não
evidenciaram correlação significativa na
verificação dos resultados alcançados.
Na análise dos resultados absorvidos pela
empresa, foram obtidos os seguintes
resultados, conforme Figura 8.
Figura 8 – Resultados absorvidos pela empresa
Complementado a análise desses itens, os
empresários consideraram ter uma “melhoria
na qualidade de vida”, pois foi a que obteve
maior porcentagem no grau de concordância
“Muito Alto”. Os itens aumento da
autoconfiança, confiança no próprio negócio
e melhoria na credibilidade das empresas não
teve influencia para os empresários, pois
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
65
nesses casos, “nem um nem outro” obteve
maior valor. A maioria considerou-se neutra
em relação à adesão na ÚNICA.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No estado de Goiás, os estudos sobre redes
de cooperação aumentaram nesta última
década, mas a metodologia de formação de
redes ainda não se encontra comprovada. No
Rio Grande do Sul, por exemplo, há vários
estudos sobre o tema, incluindo premiação
nacional pelo incentivo às organizações
associativas.
A proposta deste estudo foi mapear o
processo de formação, desenvolvimento e
consolidação
da
ÚNICA;
verificar
a
importância que os parceiros locais tiveram
na formação da associação e verificar os
ganhos adquiridos na sua totalidade.
Com relação ao apoio dos parceiros,
constatou-se que o SEBRAE de Anápolis foi a
instituição que mais apoiou e vem apoiando a
associação em diversas ações, como cursos,
palestras, visitas técnicas, dentre outros.
Nos ganhos dos empresários, ficaram
constatados os benefícios nas soluções
coletivas, na escala e poder de mercado, na
redução de custos e riscos, na aprendizagem
coletiva e nas ações de cunho inovador
desenvolvidas em conjunto pelas empresas.
Entretanto, nas relações sociais, têm ocorrido
divergências entre os associados.
Observou-se, também, que os objetivos
individuais
estão
prevalecendo,
em
detrimento dos objetivos coletivos. Sendo
assim, tem ocorrido uma descentralização do
grupo, obstruindo ações comuns para o
desenvolvimento da associação, tais como
compras e vendas em conjunto. Esse fato
ocasiona perda de vendas de grandes
volumes e dificulta o crescimento da ÚNICA.
Putnam (2000) ressalta a importância do
capital social e da cultura de colaboração dos
empresários locais como elemento primordial
para o sucesso das redes. Este estudo
permitiu constatar que esse aspecto precisa
ser intensificado na ÚNICA.
Esta pesquisa se caracterizou como
exploratória, tendo como objetivo obter maior
conhecimento a respeito do fenômeno
estudado sem a pretensão de ser um
resultado conclusivo. Para continuidade desta
pesquisa sugere-se:
Aprofundar investigações as dimensões das
redes de cooperação, uma vez que ficou
evidenciado que o estabelecimento da
associação ÚNICA tem lacunas nos quatros
pilares de sustentação para a consolidação,
crescimento e estabelecimento da mesma.
REFERÊNCIAS
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AMATO NETO, J. Redes de Cooperação
Produtiva e Clusters regionais: Oportunidade para
as pequenas e médias empresas. 1 ed. São Paulo:
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Cooperação Interorganizacional no Brasil. In: V
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Competitividade Global com Base na Experíência
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para Arranjos Produtivos Locais no Sul, Sudeste e
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
66
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pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. Como
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Bookman, 2001.
[16]. VERSCHOORE, Jorge Renato S. Redes de
Cooperação Interorganizacionais: A Identificação
de Atributos e Benefícios para um Modelo de
Gestão. Tese de Doutorado – Escola de
Administração, Programa de Pós Graduação em
Administração, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Porto Alegre, 2006.
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em Engenharia de Produção e Gestão de
Operações. 2 ed. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier,
2012. v. 1. 260p.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
67
Capítulo 6
Juliane Andressa Camatti
Murilo Gattás Arthus
Alessandro Lucas da Silva
Francisco I. Gioncondo César
Paulo Sergio de Arruda Ignacio
Resumo:
Objetivo – O objetivo deste artigo foi avaliar a produção científica disponível que
relaciona a Produção Enxuta com os efeitos que ela exerce sobre o desempenho
de trabalhadores.
Foi realizada uma revisão bibliométrica sobre o tema de
impactos que a Produção Enxuta (PE) causa no desempenho dos trabalhadores,
considerando as publicações de escopo científico divulgadas entre o período de
2000 e 2016. Os principais conceitos envolvidos nesta pesquisa foram: Produção
Enxuta, pensamento enxuto, desempenho dos trabalhadores, impacto na força de
trabalho. Foram avaliados, com base na bibliografia pesquisada, o número de
trabalhos publicados, os principais autores, países de origem e periódicos.
Palavras
chave:
Produção
Enxuta,
Pensamento
trabalhador, Bibliometria
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
Enxuto,
Desempenho
do
68
1. INTRODUÇÃO
A fabricação automobilística artesanal passou
a ser considerada produção em massa logo
após a 1ª Guerra Mundial, a partir de
mudanças nos processos de fabricação na
produção da General Motors e da Ford. Após
a 2ª Guerra Mundial, a fabricante japonesa
Toyota também começou a fazer sua história
no ramo automobilístico, com o conceito de
Produção Enxuta (PE). Este conceito se
apresentou como uma alternativa para o
sistema de produção em massa, tendo em
foco o valor na ótica do cliente e a eliminação
de desperdícios (WOMACK et al. 2004).
A globalização e a concorrência acirrada no
meio industrial têm levado muitos gestores a
procurarem formas mais econômicas de
produzir. As organizações de sucesso, na
nova economia global, devem possuir
competências e habilidades para ordenar e
aprimorar suas condições e seus postos de
trabalho, considerando melhores técnicas de
produção, que maximizem a produtividade,
ao mesmo tempo que preservem a saúde e a
qualidade do ambiente do trabalhador
(GENAIDY, KARWOWSKI, 2003).
O principal foco da PE é seu empenho na
eliminação dos desperdícios. Por ser um
conceito muito amplo e ser tratada até como
uma filosofia, a Produção Enxuta tem sido
amplamente empregada nos mais diferentes
segmentos econômicos, em busca de melhor
desempenho e melhoria contínua dos
processos (SHAH, WARD, 2007).
De acordo com Lewis (2000), a forma como
os conceitos da PE são empregados
determina o seu sucesso no desenvolvimento
de operações mais enxutas. Moayed e Shell
(2009) descrevem em sua pesquisa as
diferenças entre os resultados bem-sucedidos
obtidos pelos japoneses e o desempenho
abaixo do esperado encontrado em diversos
outros países, relacionando estes resultados
com as diferenças na implantação da
Produção Enxuta.
Neste contexto, o artigo tem como objetivo
avaliar a produção científica relacionada ao
impacto gerado no desempenho dos
trabalhadores em um cenário de implantação
e pós-implantação da Produção Enxuta no
setor industrial.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PRODUÇÃO ENXUTA
O pensamento enxuto está relacionado tanto
com a filosofia de operação da empresa,
quanto a suas estratégias (STONE, 2012).
Hines et al. (2004) apontaram que a
separação do pensamento enxuto no setor
estratégico e produção enxuta no setor
operacional
são
primordiais
para
a
compreensão do processo enxuto no geral.
A produção enxuta tem se apresentado como
uma estratégia de competitividade e melhoria
continua nos processos e produtos (RAHMAN
et al.2010). Apresenta-se como uma solução
para as necessidades atuais das empresas,
que, devido aos avanços tecnológicos, à
competição global e às exigências dos
clientes, tem buscando alternativas para
otimização dos seus processo de fabricação
e operações dentro da qualidade exigida
pelos clientes (GAMME, ASCHEHOUG, 2014;
KARIM, ARIF-UZ-ZAMAN 2013).
Segundo Shah e Ward (2007), a produção
enxuta não é um conceito único, e, portanto,
não pode ser equiparado somente com
melhoria
contínua
ou
eliminação
de
desperdício. Segundo os autores, é um
conjunto de princípios e de ferramentas, tais
como JIT, Kanban, TQM, e envolvimento dos
trabalhadores. Portanto, é um conceito
multivariado,
que
caracteriza
uma
abrangência filosófica frequentemente difícil
de ser mensurada. A Tabela 1 demonstra
algumas definições sobre Produção Enxuta
desenvolvidas por alguns autores.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
69
Tabela 1: Definições de alguns autores sobre Produção enxuta
Autores
Womack et al. (1990)
Atkinson
(2004)
Shah e Ward (2007)
Pettersen
(2009)
TAJ E MOROSSAN
(2011)
BHAMU E
SANGWAN
(2013)
Sisson e
ELSHENNAWY
(2014)
Definições
Produção enxuta é um sistema de manufatura cujo objetivo é facilitar o setor
de produção, buscando minimizar recursos como material, equipamento,
tempo e espaço.
Produção enxuta é um conceito, um processo e um conjunto de ferramentas,
técnicas e metodologias empregadas em empresas de sucesso. Pode ser a
maior iniciativa estratégica determinada em gestão eficiente de custos.
Produção enxuta é a integração de um sistema cujo objetivo fundamental é
eliminar desperdícios recorrentes relacionados a fornecedores, variabilidade
interna e clientes.
Consiste em práticas “Just In Time”, redução de estoques, controle de
defeitos, estratégias de melhoria, técnicas de padronização.
Produção enxuta é uma abordagem multidimensional de produção, que
busca minimizar os desperdícios, de forma a gerar impactos positivos na
competividade e no exercício de operação da empresa.
Produção enxuta é um processo dinâmico para transformar um conjunto de
sistemas de operações de produção e melhorar a prática destinada a
produção contínua.
Produção enxuta é uma filosofia direcionada a redução de tempos de
produção através da eliminação dos desperdícios, focando-se em processos
que agregam valor de acordo com a visão do cliente. Contribui para que a
cultura de aprendizagem de melhoria contínua seja empregada em todos os
aspectos da organização.
2.3 IMPACTO DA PRODUÇÃO ENXUTA
Os autores Genaidy e Karwowski (2003)
concluíram que a Produção Enxuta é o
modelo mais buscado para alcançar
produtividade em escala, aliada a altos níveis
de qualidade e a diversidade de produtos
necessárias para atender os variados clientes.
Porém, os impactos de sua implantação
relacionados à saúde dos trabalhadores ainda
são desconhecidos. Os colaboradores são o
centro da aplicação do modelo de PE, uma
vez que o capital humano é a chave para o
sucesso do desempenho do sistema
(GENAIDY, KARWOWSKI, 2003).
A cultura dos trabalhadores tem se
apresentado como a maior dificuldade na
implantação da PE. A cultura organizacional é
classificada como fator chave para o sucesso
da implementação, contribuindo de forma
positiva para a eficácia de práticas enxutas
(PAKDIL, LEONARD, 2015; WIENGARTEN,
2015; BHASIN, 2013).
Porém, alguns estudiosos na Europa
argumentam que o modelo é desumano e
explorador. Críticas foram direcionadas à
Produção Enxuta, relacionando esta prática
de produção com situações de exploração e
desgaste
físico
e
emocional
dos
trabalhadores do chão de fábrica (HINES et
al., 2004), sendo o trabalho em equipe e o
suporte para realização de tarefas podem ser
uma forma de reverter esta situação
(LOSONCI,
et.
al.
2011;
SISSON,
ELSHENNAWY, 2014).
No entanto, a PE deve ser considerada além
de suas ferramentas e técnicas: atividades
que visem a motivação do colaborador e sua
capacitação são de extrema importância para
a sustentabilidade de resultados a longo
prazo (HINES et al., 2004).
As falhas na aplicação de uma PE são
constantes. Originada de uma visão
sistemática e estratégicamente deficiente
sobre o comportamento da cultura da
empresa, a implementação das ferramentas
ao longo da cadeia se revela inútil sem o
domínio sobre o desenvolvimento da cultura
da produção enxuta em todos os
trabalhadores de uma mesma empresa
(BHASIN, 2013).
O autor Bhasin (2012) comenta que os
benefícios
da
PE
não podem
ser
quantificados e, portanto, devem ser
cultivados a longo prazo, de forma a cumprir
com o objetivo de torná-la uma filosofia. As
técnicas e ferramentas correlacionadas com o
PE necessitam ser vistas como uma aplicação
do pensamento natural da organização. A
interpretação incompleta deste conceito nas
organizações implica em resultados aquém
dos esperados.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
70
3. METODOLOGIA
Na Figura 1, estão retratadas as etapas de
desenvolvimento da pesquisa, bem como
suas respectivas seções.
Figura 5 - Demonstração do processo de pesquisa
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
3.2 MÉTODO: BIBLIOMETRIA
A pesquisa se classifica de natureza
aplicada, pois objetiva solucionar situações
específicas, e de abordagem qualitativa,
caracterizada por um vínculo entre a
subjetividade e o mundo objetivo que não
pode ser mensurado em números (KAUARK
et al. 2010). O objetivo da pesquisa é
exploratório,
pois
propicia
melhor
aproximação com o tema, a ponto de tentar
formular uma hipótese (LEÃO, 2016).
A bibliometria se denomina como estudo do
aproveitamento da informação registrada, a
partir de técnicas quantitativas e estatísticas,
para medição de índices da produção. Sua
prática é derivada de uma conexão com a
estruturação e manutenção do conhecimento
do sistema. (MACIAS- CHAPULA, 1998;
TAGUE-SUTCLIFFE, 1992; SCHNEIDER et. al.
2004).
Do ponto de vista dos procedimentos
técnicos, a pesquisa é descrita como
bibliográfica, uma vez que é desenvolvida a
partir de material já publicado em livros,
artigos e meios digitais; é também uma
pesquisa documental em base de dados
científicos, por estar relacionada a elementos
que até então não tiveram tratamento analítico
(GIL, 2002).
A análise bibliométrica se iniciou em 1969
com Pritchard, e abrange padrões e modelos
matemáticos para contabilizar os processos
de pesquisa (MACIAS- CHAPULA, 1998). De
acordo com Spinak (1996), este método está
associado à organização das áreas científicas
e tecnológicas, provenientes de fontes
bibliográficas, com o propósito de reconhecer
os autores e suas correlações.
A bibliometria se divide em três leis clássicas,
disponíveis na Tabela 2.
Tabela 2 - Três leis clássicas da bibliometria
Ano
Lei de Lotka
Lei de bradford
Lei de Zipf
Descrição
Relacionada com a produtividade dos autores e
1926
citações.
Conjunto de periódicos, a extensão dos artigos
1934
publicados nos diversos assuntos.
Relação entre palavras, a frequência do seu
1949
uso, utilizado para tratar tema cientifico.
Fonte: Adaptado de Araújo (2006)
Estas leis estão presentes nos resultados da
pesquisa. A lei de Lotka está ligada ao
número de publicações de um mesmo autor.
A lei de Bradford está associada aos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
71
periódicos que tiveram maior relevância em
artigos publicados sobre o tema. A lei de Zipf
avalia as palavras-chave dos artigos.
mesmo do artigo todo para compor a seleção
correta (CHUEKE, AMATUCCI, 2015).
Em vista dos vários sinônimos utilizados para
descrever um mesmo assunto, é necessária
atenção nas palavras-chave na análise
bibliométrica. No entanto, recomenda-se a
leitura extensiva do resumo, do título, e até
3.3 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA
A Figura 2 expressa o fluxograma do
processo realizado para determinação da
população de publicações a ser avaliada no
estudo.
Figura 6: Fluxograma da definição de amostra
Palavras em pesquisa:
"lean" e "impact at the
worker"
Seleção da faixa
temporal:
2000 a 2016
Classificação:
Base de dados
artigos
acadêmicos
Adequados ao
tema
Após exclusão
dos artigos
repetidos
Emerald
Emerald
Emerald
Emerald
118 artigos
118 artigos
27 artigos
27 artigos
Web of Science
Web of Science
Web of Science
Web of Science
28 artigos
19 artigos
8 artigos
8 artigos
Proquest
Proquest
Proquest
Proquest
90 artigos
31 artigos
13 artigos
8 artigos
Scopus
Scopus
Scopus
Scopus
12 artigos
12 artigos
10 artigos
2 artigos
A escolha dos artigos se deu a partir de
pesquisa em base de dados, contendo as
palavras lean e impact at worker na seleção
“Resumo”. Em função das variações de
nomenclaturas e expressões para um mesmo
assunto, foi realizada uma pesquisa analítica
sobre os resultados obtidos para verificar a
adequação
das
respostas
ao
tema
pesquisado neste artigo.
Optou-se por utilizar quatro bases de dados,
considerando o período dos últimos 16 anos
(2000 a 2016). As pesquisas foram realizadas
a partir Portal de Periódicos da CAPES, que
permitiu
acesso
às
publicações
disponibilizadas pelas revistas indexadas
disponíveis. Os resultados obtidos na base
Emerald Insight foram priorizados.
Os artigos selecionados na pesquisa foram
avaliados pelo seu resumo, considerando a
adequação da discussão frente ao assunto de
interesse da pesquisa. Na situação de
duplicidade, manteve-se os artigos da base
principal (Emerald Insight) e descartou-se os
mesmos das demais bases. Esse processo
de seleção resultou em uma população final
de 45 artigos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
72
3.4 ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA SOBRE OS
ARTIGOS SELECIONADOS.
Identificação de artigos por autor da
seleção.
A organização e o tratamento bibliométrico
sobre os artigos selecionados foram
realizados no software Microsoft Excel, no
qual foram feitas as análises estatísticas e as
ilustrações
gráficas
das
seguintes
abordagens:
Identificação das citações.
Identificação
publicações.
Identificação a
palavras chave.
Identificação da evolução dos artigos
ao longo do período analisado.
Identificação das base de dados com
maior relevância.
Identificação de periódico com maior
relevância.
dos
países
e
suas
ocorrência
das
4. RESULTADOS
A evolução das publicações ao longo do
período avaliado está disponível da Figura 3.
Figura 3- Evolução do tema no período de estudo
12
10
10
NUMERO DE PIBLICAÇÕES
10
8
6
5
4
4
3
3
3
3
2
2
1
1
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
ANO
Observou-se um forte crescimento no número
de publicações referentes ao assunto
pesquisado entre os anos de 2007 e 2012,
sendo que o período de maior ascensão anual
ocorreu entre 2011 e 2012. Além disso, o
número de artigos publicados em 2016
compreende o período de Janeiro/16 a
Agosto/16, configurando resultados para um
período menor que 12 meses. Os picos de
publicações aconteceram nos anos de 2012 e
2015.
Em relação às bases de dados (Figura 4), foi
observado que a Emerald Insight teve o maior
número de publicações. Dentre a população
de 58 publicações, 27 vieram desta base, o
que corresponde a 47% do total.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
73
Figura 4 – Estratificação da população de artigos de acordo com as bases de dados
14%
17%
47%
22%
EMERALD
PROQUEST
SCOPUS
A bases Proquest aparece com participação
correspondente a 22%, com 13 artigos, a Web
of Science tem participação de 8 artigos
(14%) e Scopus teve 10 (17%) publicações.
WEB OF SCIENCE
periódico. Para a apresentação do resultado,
foram considerados apenas os periódicos
com dois ou mais estudos sobre o tema lean e
os impactos na força de trabalho. O periódico
International Journal of Lean Six Sigma
A Figura 5 apresenta o resultado referente à
lei de Bradford (1934), que discursa sobre a
segmentação dos artigos selecionados por
publicou cinco artigos sobre o tema,
figurando como o mais relevante da busca.
Figura 5 - Periódicos com maior número de publicações
International Journal of Lean Six Sigma
PERIÓDICOS
International Journal of Operations & Production…
Journal of Manufacturing Technology Management
The Learning Organization
Employee Relations
International Journal of Manpower
The TQM Journal
Competition & Change
0
1
2
3
4
5
6
NÚMERO DE ARTIGOS
Os 45 estudos selecionados para análise
foram publicados em 29 periódicos diferentes.
Destes, oito apresentaram mais de uma
publicação (vide Figura 5), sendo que sete
deles estão indexados na base de dados
Emerald, que foi priorizada, e um (Competition
& Chance) está indexado na base de dados
Web of Science.
publicações, cujo resultado está representado
na Figura 6. A análise revelou que há nove
autores com mais de dois estudos
publicados. O autor Paul Stewart, do Reino
Unido (UK), se destaca com participação em
cinco publicações referentes ao tema. A
comparação foi feita considerando todos os
autores das publicações, e não somente os
autores principais de cada estudo.
Considerando a lei de Lotka (1926), foi feita a
distribuição dos autores dentro da amostra de
Figura 6 - Autores com maior número de publicação
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
74
Paul Stewart
Andy Danford
AUTORES
Valeria Pulignano
Laura Hughes Ikuma
Ken Murphy
Juan A. Marin-Garcia
Isabelina Nahmens
Anabela Carvalho Alves
Amit Kumar Arya
0
1
2
3
4
5
NÚMERO DE ARTIGOS
A lei de Lotka ainda relaciona o número de
vezes que cada artigo foi citado desde sua
publicação. A Figura 7 apresenta um pareto
do número de citações de cada estudo da
população. Nota-se que 80% das publicações
avaliadas possuem no máximo 40 citações,
sendo que a maioria das publicações
possuem no máximo 10 citações cada.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
% DE ARTIGOS
NÚMERO DE ARTIGOS
Figura 7 - Contabilização dos artigos de acordo com o número de citações
NÚMERO DE CITAÇÕES
Pareto
Número de artigos
As citações são menções de outros autores
feitas a trabalhos anteriores, com a proposta
de apontar esses primeiros estudos como
referência de conceitos para a discussão do
seu próprio. O artigo que foi mais citado
desde sua publicação foi utilizado em 144
trabalhos diferentes e discorre sobre o
impacto da produção enxuta considerando o
custo humano. Este trabalho foi desenvolvido
por Mehri, D., no ano de 2006.
A Figura 8 apresenta a estratificação dos
países de origem dos autores. Para esta
análise, foram considerados todos os autores
de todos os artigos, sendo que o país de
referência foi determinado a partir da
localidade da filiação do pesquisador.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
75
Figura 8 - Relação de países com maior número de autores
31
NÚMERO DE ARTIGOS
25
15
1
1
1
1
1
2
2
2
3
Pôde-se observar que o Reino Unido, os EUA
(Estados Unidos da América) e a Índia
ocupam as posições de destaque quanto ao
número de autores. Os três primeiros
colocados,
juntos,
apoiam
56%
(71
pesquisadores de 126 totais) dos autores da
população. Do total catalogado na pesquisa,
apenas três autores estão vinculados a
centros de pesquisa no Brasil, número
comparável a Itália e Quênia.
A lei de Zipf (1949) discorre sobre a
correlação entre as palavras chaves, de
3
3
4
4
5
6
7
9
acordo com a frequência de uso de cada
termo. Para ilustrar os dados dessa Lei, foi
utilizado um recurso conhecido como “Nuvem
de Palavras”, disposto na Figura 9. Este
recurso tem a finalidade de, visualmente,
mostrar a relação entre um conjunto de
palavras, com destaque para as mais
relevantes: quanto mais destacada está a
palavra ou expressão, maior a frequência em
que essa palavra/expressão está presente
dentro do conjunto total de palavras-chave.
Figura 9 - Nuvem de palavras-chave dos artigos: apenas palavras-chave que apareceram duas ou
mais vezes.
Na Figura 9, foram expostas apenas as
expressões-chave que apareceram mais de
uma vez. Considerando os artigos avaliados,
foram coletadas 146 expressões-chave
diferentes, sendo que estão mostradas
apenas as 23 (16%) que apareceram mais de
uma vez. Ficaram de fora da ilustração 123
(84%) expressões-chave, mostrando a
pulverização do assunto em pesquisas com
temas e vieses diferentes. As palavras de
busca foram retiradas da análise.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
76
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa contribuiu para o entendimento do
panorama mundial sobre as publicações
feitas referente ao impacto que a produção
enxuta causa nos trabalhadores. O aumento
no número de pesquisas indica uma
tendência de aumento de interesse no tema,
tanto por parte dos pesquisadores, quanto de
gestores. Uma vez que o cenário econômico
está cada vez mais desafiador e as empresas
estão buscando soluções que tragam o
resultado projetado, estudar o impacto dessas
estratégias não somente na economia da
empresa, como também seus impactos
sociais, se torna relevante.
Devido ao baixo número de publicações por
um mesmo autor e a dispersão observada nas
palavras chave, foi possível notar que o tema
ainda não tem um núcleo sólido que conecte
a produção enxuta com os impactos sociais
gerados a partir da implantação de uma nova
cultura de produção. Dos três países que
mais pesquisam sobre o assunto (Figura 8),
dois deles (Índia e Reino Unido) figuram entre
os que mais pesquisam sobre o tema Lean
Manufatcuring, mostrando uma abordagem
multidisciplinar desses países em relação ao
tema da Produção Enxuta.
Para dar continuidade à pesquisa, sugere-se
uma revisão bibliográfica que aborde o
conteúdo das publicações selecionadas para
compor a população de estudos deste artigo.
Uma vez esclarecido o cenário em que o tema
se insere, é importante elucidar quais os tipos
de pesquisas que já foram desenvolvidos,
avaliar os estudos de caso e resultados, e
extrair as estratégias, tendências e boas
práticas que visam avaliar e melhorar os
impactos sobre a força de trabalho em
cenários
de
implementação
e
pósimplementação de ferramentas e cultura de
produção enxuta.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
78
Capítulo 7
Mario Fernando Mello
Ronie Scheidemantel de Lima
Luiza dos Santos Guasso
Eudes Vinicius dos Santos
Resumo: A alta competitividade no mercado de máquinas agrícolas exige que as
empresas inseridas nesta área trabalhem com a constante gestão de seus
resultados e sua melhoria continua, para que assim possam conquistar um bom
desempenho organizacional, mantendo e até aumentando sua participação de
mercado. A gestão de resultados contribui para que essa melhoria ocorra, trazendo
informações pertinentes para as tomadas de decisões em níveis estratégicos e
operacionais. O presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo analítico na
gestão de um setor de solda em uma indústria de maquinas agrícolas na região
norte do Rio grande do Sul, conhecendo a situação atual deste setor e propondo
itens de controle para melhorar a sua gestão e desempenho. Baseando-se nos
conceitos da gestão da qualidade foi identificada uma situação atual do setor em
estudo e em seguida elaborada uma proposta de indicadores que possam
melhorar o desempenho desse setor. Foram analisados os registros de não
conformidade antes e depois da intervenção no setor de solda. O trabalho foi
realizado nos meses de junho a novembro de 2015.
Palavras chave: Itens de controle, Qualidade, Ferramentas da qualidade.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
79
1. INTRODUÇÃO
A indústria de maquinas agrícolas nacional é
grande responsável pela produção de
diversas soluções para utilização no setor
agropecuário,
com
uma
importante
participação na economia nacional, uma vez
que o setor do agronegócio tem se
desenvolvido a cada ano que passa.Com o
atrativo de estar inserido em um nicho de
mercado com alto grau de colaboração nos
resultados econômicos nacionais, a indústria
de
maquinas
agrícolas
eleva
a
competitividade a patamares acirrados, onde
a busca pela excelência se torna um item
indispensável nesta corrida pela vantagem
competitiva.
Para a Fundação Dom Cabral (2015), gerir e
aperfeiçoar seus processos e suas pessoas é
o esforço empreendido por grande parte das
organizações que buscam manterem-se
competitivas perante o mercado. A cadeia
agroalimentar está subordinada às leis da era
da informação. Portanto a eficácia dos
negócios estará cada vez mais ligada a esta
cadeia sistêmica cujas imposições de
qualidade, processos customizados e sempre
buscando a melhoria contínua, se fazem
necessários. Neste contexto, indicadores de
desempenho para processos produtivos são
ótimos aliados das organizações. Os
indicadores
fornecem
informações
necessárias para conhecer e gerenciar
melhor os processos na busca da melhoria
contínua e consequentemente de uma
competitividade e lucratividade melhores.
Através de registros de não conformidades,
denominados Q3 que são realizados para
informar ao setor de que um problema
referente a seu processo foi detectado, é
possível, utilizando as ferramentas da gestão
da qualidade, buscar um desempenho melhor
para àquele setor. Esse registro também é
utilizado para mensurar os produtos e os
setores que apresentam a maior quantidade
de notas Q3.
O presente trabalho tem por objetivo através
de um estudo analítico na gestão de um setor
de solda em uma indústria de maquinas
agrícolas na região norte do Rio grande do sul
propor a criação e utilização de itens de
controle para monitoramento e avaliação da
qualidade em seus processos. Utilizando a
metodologia MSP (método de solução de
problemas) e os conceitos e ferramentas da
gestão da qualidade,
visando obter
informações para conhecer a situação atual
da qualidade deste setor e melhorar sua
gestão.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo serão descritos os principais
conceitos e métodos que embasaram
teoricamente o presente estudo.
2.1 CICLO PDCA
Dentre as ferramentas utilizadas na gestão da
qualidade o ciclo PDCA, amplamente
difundido
nas
organizações,
segundo
Campos (2004) é constituída de quatro fases
(plan, do, check e action). Sua utilização
busca eliminar o empirismo e a falta de
método aplicado nas melhorias das
organizações, criando uma sequência lógica
a ser seguida e evitando que no final da
melhoria as ações que foram realizadas
permaneçam por certo período e após um
tempo sejam esquecidas.
O ciclo PDCA está demonstrado na figura 1 e
segundo Campos (2004) é composto das
quatro fases:
- Planejamento (P) – Primeiro ciclo tem ênfase
no
planejamento.
Nesta
fase
são
estabelecidos os itens de controle, as metas e
os métodos para atingi-la, criando assim as
orientações de controle.
- Execução (D) – Execução das tarefas
seguindo
os
métodos.
Nesta
etapa
treinamentos são realizados para que a fase
de
planejamento
que
foi
definida
anteriormente seja entendida e seguida,
coletas e registros, são realizados nessa
etapa para a verificação do panorama da
situação.
- Verificação (C) – A verificação propõe a
análise dos dados coletados na execução,
balizando o sucesso da solução na meta
planejada, nesta etapa tanto a aplicação,
quanto a solução são verificadas, gerando
conclusões para a tomada de decisão no
quarto ciclo do processo.
- Atuação corretiva (A) – Para que exista a
manutenção dos resultados considerados
satisfatórios
perante
as
metas
do
planejamento, ocorre a padronização dos
métodos que geraram estes resultados. Logo
os
resultados
que
apresentaram
discrepâncias em relação ao planejado são
tratados corretivamente, e se necessário,
novamente planejados.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
80
Figura 1 – Ciclo PDCA
F
onte: Campos, 2004.
2.2 MSP-MÉTODO
PROBLEMAS
DE
SOLUÇÃO
DE
ciclo PDCA em uma sequência de ações,
observações e análises.
O método MSP visa a empregabilidade da
ferramenta PDCA para a resolução de
problemas, através do desmembramento do
Figura 2 - Método de solução de problemas
Fonte: Campos, 2004.
Apenas conhecer a ferramenta de qualidade não significa que a aplicação obterá êxito. Segundo
Campos (2004) a resolução das situações adversas vem através da aplicação do método, já as
ferramentas são recursos utilizados no método. O mesmo autor sugere um desdobramento do ciclo
PDCA em fases distintas dentro de cada etapa. A figura 2 demonstra o ciclo PDCA com esse
desdobramento de fases.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
81
2.3 ITENS DE CONTROLE
Toda
organização
deve
possuir
um
planejamento para guiar seus passos no
futuro, visão e objetivos fazem com que ela se
mova em direção a este estado. Uma
empresa não existe sem pessoas, máquinas,
matéria prima e todos os fatores que fazem
com que um processo seja realizado.
Sabendo que cada processo possui um
resultado, para gerenciá-los é necessário
medir.
Itens de controle são indicadores que
mensuram a qualidade de produtos e serviços
na organização, está verificação é realizada
sob características controladas, nas quais
pode-se agir em caso de resultados não
satisfatórios.
Segundo Souza (2012), indicadores são
definidos como dados e informações
preferencialmente
numéricos
que
representam fenômenos e são utilizados para
medir processos e seus resultados, a função
de um indicador é de relatar a situação
desses, mostrando discrepâncias em relação
a uma meta, ou constatando sua normalidade,
já Campos (2004) reforça que os itens de
controle são índices numéricos determinados
sobre o efeito de cada processo, visando
medir sua qualidade total.
Os indicadores devem mensurar a questão
mais crítica, o recurso mais restrito, o fator
limitador que pode interferir no alcance dos
objetivos da empresa, a medição de
características inerentes a organização por
mais que tudo esteja atrelado aos objetivos da
organização pode provocar a perda de tempo
e dinheiro.
2.4 TQC-CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL
Para Campos (2004), o controle da qualidade
total pode ser considerado como um conjunto
de conhecimentos ocidentais que foram
difundidos, implementados e aperfeiçoados
no oriente se tornando referência mundial
tratando de metodologia administrativa. Sua
atuação
é
conhecida
por
trabalhar
diretamente com dimensões que interferem na
satisfação das necessidades das pessoas e
na sobrevivência empresarial, as dimensões
são relatadas abaixo:
- Qualidade - Está diretamente ligada a
satisfação do cliente seja ele interno ou
externo, pode ser medido através de suas
características, mensura a ausência de
defeitos e características atraentes aos
consumidores.
- Custos - Mensura não só os custos finais do
produto ou serviço, mas os custos
intermediários do processo.
- Entrega - Sob essa dimensão são medidas
condições de entrega do produto ou serviço.
- Moral - Busca mensurar a satisfação das
pessoas que compõe a organização ou
departamento através de indicadores que
reflitam a situação encontrada, relacionadas,
por exemplo, com absenteísmo, turnover e
reclamações trabalhistas.
- Segurança - Esta dimensão avalia a
segurança dos colaboradores e clientes,
medindo através de índices o número de
acidentes de trabalho, acidentes usuais do
produto, tendo em vista que a segurança
oferecida pelo produto também é uma
obrigação da empresa, tanto no âmbito
interno, quanto externo.
Segundo Campos (2004) fica evidente o
quanto as dimensões da qualidade total estão
presentes dentro de uma organização e o
quanto acabam interferindo no papel das
pessoas envolvidas. Na figura 3 estão
demonstradas as dimensões da qualidade e
as pessoas atingidas por essas dimensões.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
82
Figura 3 – Dimensões da qualidade total
Fonte: Campos, 2004.
2.5 PLANO DE AÇÃO - 5W2H
Segundo Campos (2004) o plano de ação 5W2H- é utilizado por empresas com o
objetivo de planejar organizadamente ações
que deverão ser efetuadas para atingir um
estado futuro. Sua simplicidade diversifica sua
utilização em diversos tipos de empresas dos
mais variados tamanhos. Outra característica
da ferramenta é agilidade que as ações
podem ser tomadas e ainda com um controle
simultâneo,
fazendo
com
que
o
desenvolvimento
das
atividades
seja
controlado de forma dinâmica e eficaz.
Sua nomenclatura deriva do inglês, criando
uma sigla com as iniciais dos processos nesta
mesma língua: what (o que?), who (quem?),
when (quando?), where (onde?), why (por
que?), how (como?), how much (quanto
custará?).
2.6 SOLDA MIG
Segundo o centro de conhecimento ESAB
(2015), o processo de soldagem MIG,
consiste na alimentação constante de um
arame consumível com polaridade positiva
direcionado a uma peça metálica com
polaridade negativa, sob uma atmosfera de
proteção gasosa.
Quando o arame MIG entra em contato com a
peça metálica ocorre o fechamento do circuito
possibilitando a passagem da corrente
elétrica entre os polos, fazendo com que
aconteça o aquecimento dos materiais,
resultando em uma poça de fusão, parte pelo
derretimento do arame e outra parte pela
fusão da peça com o arame, após seu
resfriamento obtemos a união entre esses
materiais.
O processo de soldagem MIG garante melhor
produtividade se comparado a soldagem de
eletrodo segundo o site profissional do aço,
em razão da alimentação continua do arame
necessitando a parada do processo com
frequência inferior aos demais tipos de
soldagem.
3. METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado no setor de
solda plantio de uma empresa de
implementos agrícolas, durante o período de
junho a novembro de 2015. Este setor é
responsável pela soldagem dos componentes
que compõe a linha de máquinas voltadas
para o plantio de culturas. Com o intuito de
analisar os atuais e propor novos itens de
controle para a qualidade e demonstrar o
desdobramento da aplicação do método de
solução de problemas (MSP) visando
melhorar os resultados de um item de controle
implementado.
Uma abordagem com a intenção de conhecer
as principais características do setor foi
adotada, explicando o processo de solda
utilizado, as características do arranjo físico e
o fluxograma de manufatura.
Gráficos foram utilizados para tratar os dados
obtidos através de relatórios extraídos do
software ERP (planejamento de recursos
corporativos) e através deste pode-se
comparar os resultados e facilitar a análise e
interpretação, bem como a tomada de
decisão visando o alcance dos objetivos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
83
A metodologia MSP foi aplicada visando a
melhoria de um item de controle que
apresentava histórico de resultados julgados
ruins e projetava uma situação a piorar em um
curto prazo de tempo.
4. RESULTADOS
Atualmente este setor de solda produz
componentes para a linha de produtos do
plantio leve e pesado que atende culturas de
inverno e verão visando solucionar a
necessidade do pequeno produtor, com
implementos adequados para o tamanho da
sua propriedade até o grande produtor que
necessita cultivar grande quantidade de terra
e assim busca precisão e eficiência durante o
plantio.
Com o efetivo de trinta e um soldadores e um
coordenador o setor tem a política de
desenvolvimento profissional e salarial dos
funcionários de acordo com a experiência e
qualificação dos soldadores nas diversas
posições de soldagem, formando assim os
níveis da função dentro da área.
O setor de solda estudado adota o arranjo
físico por processo. A manufatura é dividida
em células, onde cada local é responsável
pela produção dos componentes, não tendo
exatamente definido o soldador que irá
produzir nem a célula que será responsável
por esta produção.
Existem vários tamanhos de células de solda,
com medidas que partem de 3m² até 12m².
Esse tamanho muda devido ao tamanho dos
componentes soldados em cada local. Os
componentes de maior porte como chassis,
cabeçalhos são os únicos que possuem um
local próprio para a soldagem, já que a
locomoção constante de seus grandes
dispositivos não é viável.
A qualidade atua neste setor através de
inspeções volantes, inspecionando lotes de
produtos
concluídos,
buscando
a
conformidade deste com características
dimensionais, características de cordões de
solda e acabamentos.
O documento mais importante durante esse
processo é a ordem de produção onde está
descrito o roteiro de processo, a quantidade
de produtos a ser fabricada, o número do lote
e no verso está o desenho técnico do produto
a ser produzido.
4.1 REGISTRO DE PRODUTOS
CONFORMES – REGISTROS Q3
NÃO
Registros de não conformidades são
realizados para informar o setor de que um
problema referente a seu processo foi
detectado, esse registro também é utilizado
para mensurar os produtos e os setores que
apresentam a maior quantidade de notas Q3.
Classificar as avarias existentes também é
uma informação pertinente obtida através
deste registro, já que as tratativas de
respostas desse registro devem visar a
resolução dos problemas ali apresentados,
demonstrando fundamentação na resolução
de problemas analisando a profundidade que
esse alcança no setor.
Os registros Q3 são emitidos a partir do
momento em que produtos com fabricação
interna
são
identificados
em
não
conformidade, esses problemas podem
prover de natureza a alterar o funcionamento
ou acabar prejudicando a estética do produto
entregue ao cliente. O registro pode ser
originado através de uma avaliação/auditoria
da qualidade ou um problema encontrado na
peça, componente ou produto, podendo ser
emitida por qualquer setor através do ERP da
empresa.
As reincidências de problemas com as
mesmas
características
em
setores
ocasionam uma não conformidade de grau
maior, que demanda um plano de ação para
resolução dessa situação, também gerando
necessidade
de
acompanhamento
de
auditores da qualidade para a avaliação da
eficácia da ação empregada na resolução do
problema.
Através da análise dos itens de controles que
são realizados atualmente no setor pode-se
perceber que não existe a aplicação de
conceitos de indicadores, a informação é
extraída de acordo com a necessidade,
sofrendo variações ao longo do tempo sem
que exista uma ação comparativa.
Também
foi
notória
a
falta
de
compartilhamento de informações referentes a
qualidade dos produtos que ali estão sendo
produzidos, informações referentes a rejeição
de produtos na inspeção, rejeição de
produtos na linha de montagem, reclamações
externas, uma série de dados que deixam de
ser exposto e que poderia ajudar as pessoas
a conhecer como está a saúde do seu
processo.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
84
Com base na coleta de dados de um item de
MSP. O histórico de notas Q3 do setor
controle implementado no setor, foi possível
apresentava-se com número elevados de
observar o problema que poderia ser
registros ao longo das semanas, como pode
melhorado com a aplicação da ferramenta
ser observado no gráfico 1.
Gráfico 1 - Histórico de registros Q3
Fonte: O autor
Como o número de comercialização de
máquinas não era o ápice anual, a previsão
de comercialização de produtos projetava
crescimento nas vendas e a carteira de
pedidos
estava
demonstrando
isso,
configurando uma possível tendência no
crescimento do número de notas Q3.
atrito entre áreas e atraso de entregas.Com
um trabalho visando reduzir o número de
notas Q3 seria possível diminuir todas estás
perdas, anteriormente citadas.
De posse dos registros de notas Q3, foi
aplicado a técnica de Pareto representado no
gráfico 2, buscando entender quais eram os
principais problemas que contribuíam para
que os números de notas Q3 fossem elevados
ao longo das semanas avaliadas.
Com o elevado número de registros de notas
Q3, se pode citar várias perdas para
organização, o retrabalho, o aumento do
tempo de máquina na linha de produção,
Gráfico 2 - Gráfico de Pareto dos problemas
Fonte: O autor.
Com a observação dos problemas na linha de
produção foram encontrados vários fatores
contribuintes para o aumento dos registros
Q3. Utilizando-se da estratégia de Pareto para
identificar os problemas vitais para o
processo evitando assim atuar em causa
triviais, corroborando com Paladini (2011) que
diz: “algumas causas geram a maior parte
dos defeitos”.
Pela análise do Gráfico de Pareto foi
constatado que: “peça fora do dimensional” e
“falta de cordão de solda” foram os
problemas com mais de 80% do total de
problemas
encontrados,
gerando
a
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
85
reprovação de componentes, o retrabalho e
até mesmo sua inutilização.
Figura 4 – Plano de ação proposto
Plano de Ação 5W2H
Quando?
O que?
Como?
Quem?
Identificação dos
componentes com
histórico de
problemas
Analisando os
relatórios de
componentes com
problemas.
Fazer o pareto dos
Análisando os
principais defeitos de relatórios identificando
rejeição dos
os principais defeitos e
componentes
montando o pareto.
Onde?
Por que?
Quanto?
Trabalho
contínuo
SGQ
Identificar os
principais
componentes que
causam problemas
N/A
AGOSTO
Trabalho
contínuo
SGQ
Identificar os
defeitoss que mais
causam relatórios de
componentes com
problemas.
N/A
Início
Fim
Ronie (SGQ)
AGOSTO
Ronie (SGQ)
Acompanhamento de
produção dos
componentes
Acompanhando sua
manufatura
Fernando (MP); Antônio (CQ); Daniel
(CQ)
AGOSTO
Trabalho
contínuo
SETOR SOLDA
Identificar o motivo
que causa o
problema.
N/A
Revisão de projetos e
processos
Analisando os
desenhos, projetos e
processos
desenvolvidos para o
componente
Fernando (MP)
AGOSTO
Trabalho
contínuo
MÉTODOS E
PROCESSOS
Encontrar problemas
em projetos e
processos que
possam interferir na
produção.
N/A
Inspeção direcionada
a produtos com
histórico de
problemas
Direcionar a inspeção
volante para os
componentes que já
possuem histórico de
problemas.
Antônio (CQ); Daniel (CQ)
AGOSTO
Trabalho
contínuo
SETOR SOLDA
Evitar de inspecionar
componentes que
nunca nos causam
problemas, focando
assim onde estão
concentrado os
problemas.
N/A
Revisão e
manutenção de
dispositivos
Revisando
periodicamente os
dispositivos e
mantendo-os em boas
condições de uso.
Ferramentaria
AGOSTO
Trabalho
contínuo
Manter em boas
FERRAMENTAR condições de uso os
dispositivos que são
IA
usados na produção.
N/A
AGOSTO
Trabalho
contínuo
SGQ
Verificar a eficácia do
trabalho
N/A
AGOSTO
Trabalho
contínuo
SGQ
Explanar resultados;
planejar estratégias;
traçar objetivos;
N/A
Mensurar os resultados
atraves do número de
relatórios de
Ronie (SGQ)
componentes com
problemas.
Reunir os envolvidos
Ronie (SGQ); Antônio (CQ); Daniel (CQ);
para uma conversa
Fernando (MP); Nilmar (Manufatura)
Reunião estratégica
referente os
Rodiego (CQ)
andamentos dos
trabalhos.
Follow up
Com intuito de prover redução nos resultados
semanais de notas Q3 foi desenvolvido um
plano de ação 5w2h contemplando as
pessoas e setores de apoio envolvidos nos
processos
do
setor
manufatureiro,
desenvolvendo atividades ligadas aos
problemas anteriormente citados, os quais
eram a maior parte das incidências nos
registros, conforme a figura 4.
com maior ênfase, para que tudo ocorre-se
conforme o esperado.
Após o início da execução do plano de ação,
reuniões foram realizadas com o objetivo de
verificar a execução das tarefas propostas e
os resultados que estavam retornando para o
projeto, com acompanhamentos semanais foi
possível o controle da execução das tarefas
Para a verificação dos resultados dos
esforços aplicados novamente foi analisado
um período de 10 semanas, verificando o
número de registros Q3 emitidos e a razão
entre o número de registros e o número de
produtos.
Com o acompanhamento da produção e a
inspeção voltada para componentes que vem
apresentando
problemas
historicamente,
esperava-se que o trabalho retornaria como
resultado a redução de registros Q3.
4.1.1 VERIFICAÇÃO E ANÁLISE
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
86
Gráfico 3 - Histórico de registros Q3(1)
Fonte: O autor.
Com a execução das tarefas ao longo das
semanas conforme o planejado, houve uma
redução dos registros Q3 como apresentado
no gráfico 3.
4.2
PROPOSTA
INDICADORES
DE
CRIAÇÃO
4.2.3 HRQ – HISTÓRICO DE REGISTROS Q3
O HNQ demonstra em um período de tempo a
quantidade de registros Q3 que foram
emitidas para um setor em um determinado
período de tempo.
DOS
Visando melhorar a gestão da qualidade do
setor uma série de indicadores de qualidade
foi
desenvolvida,
visando
trazer
as
informações necessárias para melhoria da
gestão de qualidade deste setor.
4.2.1 IRP – ÍNDICE DE REJEIÇÃO DE PEÇAS
O indicador de rejeição de peças visa
demonstrar o percentual de rejeição dos
produtos que foram inspecionados. Este
indicador é construído através da inspeção
aleatória realizada no setor, tendo como
resultado a razão entre a quantidade de
peças reprovadas e a quantidade de peças
inspecionadas multiplicadas por 100 para
retornar o valor em percentual.
4.2.2 IRC – ÍNDICE DE REJEIÇÃO DE
CÓDIGOS
O indicador de rejeição de códigos visa
demonstrar o percentual de rejeição dos
códigos (lotes) que foram inspecionados. Este
indicador é construído através da inspeção
aleatória realizada no setor, tendo como
resultado a razão entre a quantidade de
códigos reprovados e a quantidade de
códigos inspecionados multiplicadas por 100
para retornar o valor em percentual.
4.2.4 ISG – INDICADOR DE SOLICITAÇÃO
DE GARANTIA
O indicador ISG tem por objetivo demonstrar
as solicitações de garantias referentes a
problemas
causados
pelo
setor
em
determinado período de tempo analisado.
4.2.5 IPIM – INDICADOR DE PROBLEMAS
INTERNOS POR MÁQUINA
O indicador IPIM demonstra o índice de
reclamações de problemas internos tendo
como causador o setor por máquina liberada
para a entrega, seu cálculo é a razão da
quantidade de reclamações internas no
período pela quantidade de máquinas
liberadas para a entrega.
4.3 CRIAÇÃO DOS ITENS DE CONTROLE
Os itens de controle propostos buscam
atender a necessidade de melhorar a gestão
da qualidade empregada no setor trazendo
informações pertinentes à situação da
conformidade dos seus processos. Foi
disposto estrategicamente um quadro de
gestão na entrada do setor próximo ao
corredor principal para dar visibilidade a esse
quadro de gestão, uma vez que há um
grande fluxo de pessoas que ali passam
durante o dia de trabalho.
A construção de uma matriz de indicadores
visa facilitar a compreensão dos indicadores
utilizados no processo, demonstrando a
responsabilidade por eles, sua forma de
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
87
cálculo e frequência de medição. A matriz
vista na figura 5 demonstra os indicadores
implementados no setor.
Figura 5 – Matriz de indicadores propostos
O monitoramento dos indicadores e o
levantamento de dados possibilitou a
aplicação do método de solução de
problemas (MSP) visando a redução de
registros Q3. Através da execução das tarefas
do plano de ação e definições tomadas
através de reuniões a aplicação do que foi
chamada de primeira rodada do método
obteve-se a redução de notas Q3 em relação
às semanas analisadas como pode-se
observar no gráfico 4.
Gráfico 4 – Comparativo de registros Q3
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
88
O gráfico 5 registra o comparativo de
registros Q3 com a quantidade de máquinas
produzidas percebe-se uma redução dos
registros Q3, mesmo com um aumento
significativo de máquinas produzidas.
Gráfico 5 – Comparativo Q3 e máquinas produzidas
Gráfico 6 – Defeitos por máquina produzida
O resultado da razão entre a quantidade de
registros Q3 e o número de máquinas
liberadas para a comercialização, (média no
período de notas Q3 por máquina) também foi
reduzido, como pode ser ilustrado no gráfico
6. Percebe-se uma redução de 0,73 defeitos
por máquina produzida após a nova
metodologia implantada.
5. CONCLUSÃO
Com o presente trabalho foi possível a
aplicação prática de conceitos de sistemas
de qualidade e suas ferramentas com sua
importância na busca da melhoria contínua.
Através destas ferramentas pode-se mensurar
e priorizar o quanto um problema é
significativo para a organização e através
destes dados executar ações para que ele
possa ser sanado ou melhorado.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
89
Os itens de controle foram elaborados com
referência nas informações coletadas no
setor, e revelaram informações que até então
não eram conhecidas na empresa. Os
resultados expostos ajudaram a entender a
necessidade
de
buscar
melhorias
corroborando com Campos (2004), que diz:
“os itens de controle visam medir a qualidade
total dos resultados do processo de cada um,
permitindo que este processo seja gerenciado
(atuando na causa dos desvios) por meio
destes índices”.
A empresa forneceu toda a estrutura
necessária para o desenvolvimento do
estudo, mostrando o interesse em aplicar
itens de controle para demais áreas que
apresentam
resultados
negativos,
reconhecendo a necessidade de conhecer a
informação referente à qualidade dos seus
processos.
Quanto ao objetivo geral do trabalho, concluise que ele foi atingido juntamente com a
execução da proposta de melhoria através da
aplicação do método de solução de
problemas (MSP). Como o método MSP é
baseado no ciclo PDCA a aplicação é
continua, com mensuração de resultados
comparativos entre o real e a meta de um
estado futuro, o que pode após novas
rodadas, demonstrar melhores resultados.
Mesmo considerando que o presente trabalho
traga contribuições importantes, fica como
sugestão para trabalhos futuros a análise do
comportamento do gráfico comparativo de
notas Q3 demonstrado pelo gráfico 4 e estudo
das possíveis causas que contribuem para o
comportamento similar em dois períodos
distintos.
REFERÊNCIAS
[1].
CAMPOS, V.T. TQC: Controle da
Qualidade Total (no estilo japonês). Belo Horizonte
- MG: Editora de desenvolvimento Gerencial, 2004.
[2].
ESAB. Processo de soldagem mig-mag.
Disponível em:<
http://www.esab.com.br/br/pt/education/blog/proce
sso_soldagem_mig_mag_gmaw.cfm>. Acessado
em: 08 de outubro 2015.
[3].
FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Ranking de
competitividade 2014. Disponível
em:<http://www.fdc.org.br/blogespacodialogo/Doc
uments/indice_competitividade_mundial2014.pdf>.
Acessado em: 16 de setembro 2015.
[4].
PALADINI, E.P. Gestão da Qualidade:
teoria e prática. 2.ed.- 11.reipr. – São Paulo : Atlas,
2011.
[5].
PLANEJAWEB. 5W2H: Planejamento
estratégico. Disponível em:
</https://sites.google.com/site/planejaweb/5w2h>.
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[6].
SOUSA, P. T. Indicadores de
desempenho. Disponível em:
<http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tre-df-srpaulo-de-tarso-sousa-indicadores-dedesempenho>. Acessado em: 29 de setembro
2015.
[7].
STARA S/A, Indústria de Implementos
Agrícolas. Planta Stara 2014. Disponível em:
<http://www.stara.com.br/web/files/company/2014.j
pg>. Acessado em: 18 de setembro 2015.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
90
Capítulo 8
Plinio de Castro Grande
Ivana Salvagni Rotta
Resumo: No Brasil, o setor de linha branca vinha aquecido com os incentivos do
governo e era dominado por três grandes empresas, a americana Whirlpool, a
sueca Electrolux e a mexicana Mabe. O país entrou em uma crise política e
econômica que impactou no setor sofrendo queda de demanda, resultando no
processo de falência da Mabe. A estratégia das duas líderes do setor para
enfrentar a crise consiste no enfoque dos consumidores da classe A e na
ampliação do mix de produtos, oferecendo eletrodomésticos e eletroportáteis no
segmento premium. Este trabalho está dividido entre o estudo das empresas do
setor de linha branca e a mudança de estratégia dessas empresas para o setor de
eletroportáteis.
Palavras chave: estratégia competitiva, setor de linha branca, posicionamento
estratégico
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
91
1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVO
Com a globalização, a concorrência ficou
cada vez mais acirrada e as estratégias
competitivas tornaram-se fundamentais para a
sobrevivência das empresas no mercado
atual.
Este trabalho tem como objetivo estudar as
estratégias utilizadas pelas empresas no setor
de linha branca no Brasil para se manterem
competitivas no mercado atual.
As empresas de todos os setores buscam
competir através de inovações, redução dos
custos, analise de seus concorrentes,
diversidade de produtos oferecidos, atingindo
seu
público alvo entre outros. Entre esses setores
tem-se o de linha branca, um dos segmentos
industriais que têm enfrentado muitas
mudanças nos últimos anos. Seus produtos
são eletrodomésticos não portáteis como
refrigeradores, fogões, micro-ondas, lavalouças, secadoras de louças, lavadoras de
roupas, fornos elétricos, climatizadores e
freezers.
Os produtos oferecidos por esse setor são de
grande importância para os lares, mas muitos
brasileiros estão encontrando dificuldades
para trocar seus eletrodomésticos e também
para comprá-los, fazendo com que o mercado
não se movimente de modo desejado. O
Brasil vive atualmente problemas políticos e
econômicos
que
estão
interferindo
diretamente no setor de linha branca, a
demanda está baixa devido à insegurança da
população.
As empresas enfrentam dificuldades em
trabalhar com eletrodomésticos a preço baixo.
Como
estratégia
para
se
manterem
competitivas no mercado, as empresas do
setor estão investindo em um novo público, os
consumidores de alto poder aquisitivo, os
chamados de classe social A e que procuram
por produtos diferenciados.
Para abranger o novo público alvo, as
tradicionais empresas do setor de linha
branca como Whirlpool e Electrolux,
juntamente com empresas estrangeiras estão
entrando no setor dos eletroportáteis no país,
enfocando
diretamente
no
segmento
premium.
Com isso, essas empresas ampliam sua
variedade
de
produtos
oferecidos,
abrangendo toda a cozinha. Os eletroportáteis
mais
utilizados
na
cozinha
são
liquidificadores, mixers, batedeiras, grills,
multiprocessadores,
sanduicheiras
e
cafeteiras.
1.3 METODOLOGIA
Este trabalho consiste em uma revisão
bibliográfica das estratégias adotadas pelas
empresas do setor de linha branca no Brasil.
Para sua elaboração, foram realizadas
pesquisas em periódicos, sites, jornais,
artigos de congressos, trabalhos de
conclusão de curso e tese.
Segundo Marconi e Lakatos (2010), a
pesquisa bibliográfica tem a intenção de
colocar o pesquisador em contato com todo o
material que já foi publicado sobre
determinado assunto.
2 REVISÃO TEÓRICA
2.1. ESTRATÉGIA
Para Oliveira (2011), a estratégia é muito
importante para as empresas e ela deve
saber o momento exato de utilizá-la.
Ainda com Oliveira (2011, p. 181), “o conceito
de estratégia está correlacionado à ligação da
empresa com o seu ambiente. E, nesta
situação, a empresa procura definir e
operacionalizar estratégias que maximizam os
resultados da interação estabelecida”.
Para Porter (2004), uma empresa pode ter
muitos pontos fortes e também muitos pontos
fracos quando comparados aos seus
concorrentes. Com isso, existem três tipos de
vantagem competitiva:
Liderança no custo total: A liderança no custo
é uma estratégia que existe um rígido controle
sobre os custos e as despesas gerais. O
Custo baixo em relação aos concorrentes é o
principal objetivo, mas não se pode ignorar a
qualidade do produto, a assistência e as
outras áreas (PORTER, 2004).
Diferenciação: A estratégia de diferenciação
consiste em criar algo que seja considerado
novo para o mercado. Essa diferenciação
pode ser, por exemplo, por meio da imagem
da marca e da tecnologia utilizada no produto
(PORTER, 2004).
Enfoque: A estratégia de enfoque consiste em
focar certo grupo de consumidor, um público
alvo estreito, visando atende-lo melhor do que
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
92
seus concorrentes que competem de forma
ampla (PORTER, 2004).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O cenário econômico do setor de linha branca
no Brasil anterior a esse estudo apresentava
um mercado aquecido, onde as empresas
recebiam incentivos do governo para produzir
e a população em adquirir os produtos. A
empresa mexicana Mabe estava forte no
mercado nacional e disputava para se tornar
a maior do país até que em fevereiro de 2016
a justiça brasileira decretou falência da
empresa. A empresa era dona das marcas
Bosch, GE, Continental e Dako.
Atualmente no Brasil, o setor de linha branca
é dominado por duas multinacionais, a
Whirlpool e a Electrolux. Entretanto, grandes
empresas de tecnologia, atraídas pela alta
demanda e pelas políticas governamentais de
incentivo ao consumo, entraram no mercado
brasileiro de eletrodomésticos, como é o caso
da Samsung, LG e Panasonic.
O Quadro 1 reúne as empresas que possuem
produção no país, com suas respectivas
marcas, as classes sociais abrangidas por
seus produtos e as estratégias genéricas
utilizadas.
As marcas como a Brastemp, Electrolux,
Midea, Panasonic, LG e Samsung possuem a
estratégia genérica de diferenciação, e seus
produtos são voltados aos consumidores com
maior poder aquisitivo, entre a classe A e B.
A Consul e a Esmaltec possuem a estratégia
genérica de custo e seus produtos estão
voltados aos consumidores com menos poder
de compra, entre a classe C e D.
Quadro1: Empresas com produção nacional
Empresas
Marcas
Unidades produtivas
Estratégia Genérica
Classe
Diferenciação
A/B
Brastemp
Manaus (AM) Joinvile (RS)
Rio Claro (SP)
Whirlpool
Consul
Custo
B/C
Diferenciação
A/B
Electrolux
Electrolux
Manaus (AM) Curitiba (PR)
São Carlos (SP)
Midea Carrier
Midea
Manaus (AM) Canoas (RS)
Diferenciação
A/B
Panasonic
Panasonic
Extrema (MG)
Diferenciação
A/B
LG
LG
Manaus (AM)
Diferenciação
A/B
Samsung
Samsung
Campinas (SP)
Diferenciação
A/B
Diferenciação
A/B
Electrolux
Electrolux
Manaus (AM) Curitiba (PR)
São Carlos (SP)
Fonte: Elaboração própria
No setor de linha branca no Brasil a
competitividade entre as empresas está
aumentando e desse modo, elas utilizam a
estratégia de expandir seus portfólios para
atrair mais consumidores, consequentemente
ganhar mercado e vender mais.
No setor, a competitividade no país está
desde o desenvolvimento de eletrodomésticos
com alta tecnologia até os eletrodomésticos
mais simples. Desse modo, as empresas
organizam suas estratégias de modo a buscar
uma maior fatia de mercado.
De acordo com a Figura 1, que apresenta as
fatias de mercado das empresas que atuam
no Brasil no setor de linha branca. A Whirlpool
é a líder do setor possuindo mais da metade
do mercado com 51%, bem a frente de suas
concorrentes Electrolux e Midea, com 28% e
8% respectivamente. E a nacional Esmaltec
tem apenas 4% do mercado brasileiro.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
93
Figura 1: Participação de mercado
Fonte: Elaboração própria baseada no faturamento de 2015
A produção no setor de linha branca no Brasil,
apresentado pela Figura 2, vem sofrendo
queda desde 2013. Esse ano, até abril de
2016, obteve-se queda de 18%. A crise
econômica e política no país afeta o setor de
modo que as empresas estão diminuindo o
ritmo de produção para se adequar a nova
demanda de mercado.
No segundo trimestre de 2015, a Whirlpool
informou queda de 12% na demanda devido a
problemas políticos e econômicos do país
(EXAME, 2015).
Figura 2: Produção da linha branca
Fonte: Adaptado de DEPEC BRADESCO (2016)
O setor de linha branca no Brasil apresentou
queda de vendas em 2015. Entre janeiro e
novembro, as vendas recuaram 14% em
comparação como mesmo período em 2014.
O motivo da queda acontece pela situação
atual do país, juros, inflação e desemprego,
deixando os consumidores sem confiança
para comprar (ESTADÃO ECONOMIA, 2016).
A
importação
e
exportação
dos
eletrodomésticos apresentaram queda de 6%
e 17% respectivamente em 2015, conforme
apresentado na Tabela 1.
Tabela 1: Importação e exportação do setor
Importação e Exportação do setor (US$ milhões)
Comércio
2014
2015
Relação 2015 com 2014
Importação
1.884
1.570
-17%
Exportação
290
272
-6%
Fonte: Adaptado de ABNEE (2016)
Os grandes varejos possuem poder de
barganha perante as empresas do setor de
linha branca, pois grande parte da produção
é destinada a esses grandes grupos.
Atualmente existem três grandes grupos de
eletrodomésticos, a Via Varejo (com as Casas
Bahia e Ponto Frio), a Máquina de Vendas
(com a Insinuante e a Ricardo Eletro) e a
Magazine Luiza.
No período entre janeiro e setembro de 2014,
foram vendidos ao varejo mais de 12,5
milhões de eletrodomésticos enquanto que no
mesmo período em 2015foram vendidos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
94
cerca de 10,8 milhões (EBC AGÊNCIA
BRASIL, 2015).
Em 2015, as três maiores varejistas do país
venderam 6 bilhões de reais a menos do que
em 2014. Foi o pior ano do varejo na década,
voltando aos volumes de quatro anos atrás
(EXAME, 2016).
No primeiro semestre de 2016, a venda de
fogões, geladeiras e lavadoras de roupa no
Brasil tiveram queda de 9,8% (VALOR
ECONÔMICO, 2016).
A expectativa do setor é de fechar o ano com
uma queda de vendas menor ao comparado
com 2015 e de voltar a elevar as vendas a
partir de 2017 (G1 ECONOMIA, 2016).
O faturamento no setor de linha branca no
Brasil fechou o ano de 2015 em declínio,
conforme a Figura 3, e foi de R$ 18,36
bilhões. Após apresentar alta em 2014, o setor
caiu em 11% e a perspectiva das empresas é
que esse cenário melhore apenas em 2017,
quando voltar a demanda.
Figura 3: Faturamento do setor em (R$ milhões)
Fonte: Elaboração própria baseado em ABINEE (2016)
Enquanto grande parte de brasileiros estão
com
problemas
para
adquirir
seus
eletrodomésticos, existem consumidores que
não estão com essa dificuldade e estão
dispostos a pagar altos valores por produtos
de alta qualidade e principalmente luxo, são
os consumidores chamados de classe social
A.
Na crise, não dá para só pensar em preço. No
segmento premium não tem crise (GAZETA
DO POVO ECONOMIA, 2015).
De acordo com o Quadro 2, as duas maiores
empresas do setor de linha branca no Brasil,
Whirlpool e Electrolux, estão investindo no
segmento premium dos eletrodomésticos e
também mudando o enfoque para outro setor,
o premium dos eletroportáteis. As empresas
desse segmento possuem a mesma
estratégia genérica, a de diferenciação de
seus produtos e enfoque nos consumidores
com o maior poder de compra, a chamada
classe social A.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
95
Quadro 2: Empresas no segmento premium
Empresas
Marcas
Estratégia Genérica
Classe
Whirlpool
KitchenAid
Diferenciação/Enfoque
A
Electrolux
Electrolux
Diferenciação/Enfoque
A
Sunbeam
Oster
Diferenciação/Enfoque
A
Gorenje
Gorenje
Diferenciação/Enfoque
A
Smeg
Smeg
Diferenciação/Enfoque
A
Middleby
Viking
Diferenciação/Enfoque
A
Conair
Cuisinart
Diferenciação/Enfoque
A
Tramontina
Tramontina
Diferenciação/Enfoque
A
Ford
Ford
Diferenciação/Enfoque
A
Fonte: Elaboração própria
As gigantes do setor de linha branca no país
encontram concorrentes estrangeiros, que
também estão investindo no mercado dos
produtos premium de cozinha no Brasil, como
a Oster, Gorenje, Smeg, Viking e Cuisinart.
Ainda nesse segmento, duas grandes
empresas e renomadas em outros setores no
país, se destacam, pois estão ampliando suas
áreas de atuação. A Tramontina e a Ford são
as novas entrantes desse mercado.
A Ford é mundialmente reconhecida no setor
automotivo e também explora o segmento
premium dos produtos de cozinha. A empresa
tem uma parceria com a NKS, empresa
nacional que fabrica os produtos.
A marca Tramontina é consolidada no
mercado brasileiro e está explorando o setor
premium dos eletrodoméstico e eletroportáteis
em parceria com a Breville.
As marcas premium dos produtos de cozinha
no Brasil estão investindo na estratégia de
marketing e o principal alvo são os programas
culinários, que estão fazendo sucesso no
país.
O programa de televisão Mastercheff está
conquistando o país e atingindo recordes de
audiência. Trata-se de uma competição entre
pessoas para preparar o melhor prato
culinário, desse modo, as empresas do setor
de linha branca no Brasil podem divulgar suas
marcas e produtos.
A Oster saiu na frente das concorrentes e
patrocinou duas edições do programa em
2015 exibindo seus produtos para todo o
país.Outra empresa que esteve presente no
programa foi a Panasonic. Com tradição nas
edições realizadas na China, a empresa
começou a investir na edição brasileira.
Em outra emissora de televisão é transmitido o
programa Batalha dos Confeiteiros, onde a
Whirlpool está presente com a marca
KitchenAid.
Na primeira temporada do programa, em
2015, a empresa mostra muitos produtos de
sua marca e utiliza o chef renomado
mundialmente
Buddy
Valastro
como
estratégia de marketing. Na segunda
temporada, em 2016, a Whirlpool continua
como a única empresa presente do setor de
linha branca.
Por meio do programa culinário no Brasil, o
chef pretende abrir uma loja com seus
produtos utilizados na cozinha, com isso,
surge a oportunidade para as empresas do
setor de exporem suas marcas. A loja seria
aberta em 2016, mas devido à crise no país,
ela está prevista para somente 2017.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
96
A luxuosa marca Viking está, desde 2015,
presente no programa culinário mais popular
do Brasil, o Mais Você, da apresentadora Ana
Maria Braga. Toda a cozinha do programa
possui os eletrodomésticos da marca.
Outra estratégia das empresas nesse
segmento é a elaboração de produtos retrôs.
As empresas perceberam uma tendência nas
pessoas em aderirem alguns estilos que as
lembram de décadas passada, de 50, 60 e
70, e nada melhor do que ter um produto novo
com aparência clássica. Esses produtos,
chamados de linha retrô, tem foco no público
premium,
possuindo materiais nobres,
chegando a custar mais de R$ 15 mil.
A Whirlpool está nesse seguimento de linha
retrô com a marca Brastemp oferecendo
diversos produtos, feitos no Brasil, como
geladeira, fogão e frigobar nas cores preto,
vermelho e amarelo.
O primeiro produto lançado foi o mini
refrigerador Brastemp retrô em 2007 que foi
um sucesso e impulsionou para que a
empresa expandisse a linha.
Nessa linha de eletrodomésticos retrô, as
concorrentes da Whirlpool são as empresas
estrangeiras Gorenje e Smeg. A concorrência
está no produto geladeira, pois é o único
produto retrô dessas marcas.
Com a geladeira retrô, a Gorenje oferece ao
público além dos modelos prontos, a opção
de customização, dando liberdade ao modelo
e cor por meio de sua página na internet
(site).
A customização realizada pela Gorenje é
semelhante ao Brastemp You, entretanto, a
Whirlpool se destaca, pois disponibiliza esse
serviço para todos seus produtos da marca,
incluindo os da linha retrô.
No Brasil está em alta o chamado de “cozinha
americana”, onde as pessoas estão
atendendo seus convidados na cozinha e
desse modo os eletrodomésticos e os
eletroportáteis são elementos importantes
para a decoração da casa, fazendo com que
o ambiente se torne mais agradável.
Por conta dessa tendência, as empresas do
setor de linha branca no país estão investindo
em cozinhas de luxo. São cozinhas
planejadas e montadas de acordo com a
necessidade e gosto de cada cliente, ou seja,
são
personalizadas
e
além
dos
eletrodomésticos, a empresa também oferece
os móveis, de modo que todo o ambiente
combine.
A Electrolux está presente no seguimento de
cozinhas de luxo desde 2012, quando a
empresa lançou o primeiro sistema de
cozimento
profissional
especificamente
desenvolvido para uso doméstico, fazendo
com que o cliente tenha a experiência de um
restaurante em sua própria casa.
Em 2016 a Electrolux começou uma parceria
com a empresa varejista de móveis e
eletrodomésticos, a Tok & Stok. Os
eletrodomésticos oferecidos pela empresa
são das linhas Expressionist Collection, Home
Pro,
Icon,
I-Kitchen
e
Infinity
e
disponibilizados em seu website.
A Whirlpool também está atuando nesse
segmento e inovou no mercado de luxo com a
Brastemp. Em 2015 a marca lançou uma
cozinha com acabamento em vidro branco, a
linha Vitreous. Para montar a cozinha
premium,
a
marca
ainda
oferece
eletrodomésticos da linha Gourmand, que são
disponibilizados em seu website.
4 CONCLUSÕES
As incertezas políticas no Brasil estão
impactando diretamente no setor de linha
branca. Por um lado as indústrias reclamam
da baixa demanda e com isso estão
adequando suas linhas de produção para
evitar prejuízos com a queda das vendas ano
após ano. Do outro lado estão os
consumidores inseguros com a situação
econômica
e
não
estão
comprando
eletrodomésticos.
Uma alternativa percebida para as líderes de
mercado Whirlpool e Electrolux foi de entrar
no segmento premium, tendo que oferecer
mais produtos aos consumidores, os
eletroportáteis.
Existem produtos ainda a serem explorados
nesse segmento, como é o caso dos
frigobares,
freezers e lavadoras, sendo esse último não
oferecidos por nenhuma empresa premium.
Diante das estratégias utilizadas pelas
empresas, que consistiram na mudança de
setor e público alvo, a perspectiva de melhora
para o setor de linha branca no Brasil
depende da estabilidade política no país,
enquanto que para o setor dos eletroportáteis
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
97
premium, o mercado está rentável e ainda tem
muito o que explorar.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
98
Capítulo 9
André Grecco Carvalho
Alessandro Aguilera Silva
Juander Antônio de Oliveira Souza
Sabrina Félix Custódio
Resumo: Atualmente a manutenção tem assumido uma dimensão estratégica nas
empresas que buscam se manter competitivas no mercado, ela permite a
realização de práticas que possam garantir que uma máquina ou equipamento
possam desempenhar as funções projetadas. Este trabalho tem como objetivo
analisar a gestão da manutenção nas empresas cerâmicas do município de
Cacoal/RO, e verificar qual sua influencia na produtividade dessas organizações,
através de um estudo de multicasos aplicado em quatro empresas de produtos
cerâmicos. Quanto à metodologia utilizada no estudo, caracteriza-se por ser uma
pesquisa básica, o método utilizado classifica-se como o indutivo, com abordagem
combinada por apresentar maior vantagem e adequação aos objetivos esperados
com o estudo. O trabalho foi dividido em três etapas, sendo a primeira etapa o
levantamento bibliográfico e elaboração do questionário, a segunda a aplicação do
questionário e a terceira realização das análises dos resultados. Com os resultados
obtidos pode-se observar que a manutenção realizada pelas empresas é uma
manutenção regular, porém, passível de melhoras. Alguns dos motivos para ainda
realizar a manutenção corretiva é a falta de planejamento no intuito de otimizar a
manutenção, falta de um plano de manutenção estruturado e a conscientização da
importância de executar uma manutenção eficiente. É visível o quanto a gestão da
manutenção é importante dentro do contexto da produção, por ser um instrumento
de gestão que maximiza a utilização dos recursos organizacionais, mantendo-se a
disponibilidade
dos equipamentos,
conseguindo-se
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
com
isso
melhorar
a
99
produtividade e o desempenho organizacional e melhorar a competitividade das
organizações.
Palavras-chaves: Gestão da manutenção, Manutenção corretiva e preventiva,
Cerâmica Vermelha.
1 INTRODUÇÃO
Nas indústrias, existem três tipos de
recursos que são primordiais para que a
produção possa se desenvolver, que são: a
mão de obra, matéria prima e as máquinas,
as quais devem ter a quantidade, qualidade
e estar disponível em todo o tempo que for
necessário para que os produtos elaborados
atendam os requisitos do mercado que
aumentam a cada dia (SLACK, 2002).
Diante disso, é preciso que a atividade de
manutenção se integre de maneira eficaz ao
processo produtivo, contribuindo para que a
empresa caminhe rumo a excelência
empresarial (KARDEC, 2015). A grande
interseção do setor de manutenção com o
de produção influência diretamente a
qualidade e produtividade, isso faz com que
o mesmo desempenhe um papel estratégico
fundamental na melhoria dos resultados
operacionais e financeiros dos negócios
(XENOS, 1998). Devido a isso, a
manutenção configura-se como agente
proativo dentro da organização.
Antes vista como um gasto, “um mal
necessário”, hoje na visão atual, a
manutenção “existe para que não haja
manutenção”, se tornando indispensável
para
as
empresas
que
buscam
competitividade e disponibilidade de seus
produtos (KARDEC, 2015).
Com o aumento das demandas de produção
e com o tempo cada vez mais reduzido para
as manutenções, a manutenção preventiva
passa a ser prioridade para as organizações
que não querem perder mercado para seus
concorrentes, pois os clientes estão cada
vez mais exigentes (CARVALHO, 2011). Para
o mesmo autor equipamentos parados, em
momentos de produção programada, podem
significar perdas de clientes para a
concorrência, ou até mesmo afetar a
qualidade do que se produz.
Diante da importância do setor de
manutenção
para
o
desenvolvimento
competitivo das organizações, verifica-se
que a manutenção torna-se essencial, pois
ela trabalha para garantir a disponibilidade
de equipamentos, instalações e serviços,
visando atingir objetivos e metas estipuladas
para a empresa (KARDEC, 2015). Fazendose uso dela, as empresas têm como
diferencial a garantia da produtividade,
operacionalidade e qualidade das plantas
industriais.
Sendo assim, este estudo tem por objetivo
retratar a importância da gestão da
manutenção na produtividade em indústrias
de cerâmicas vermelhas do município de
Cacoal-RO.
2 OBJETIVOS
Analisar a gestão da manutenção nas
empresas cerâmicas do município de
Cacoal, e verificar qual sua influencia na
produtividade dessas organizações.
Os objetivos específicos são, identificar
quais os tipos de manutenção que as
empresas
trabalham;
e
fazer
um
comparativo entre as empresas estudadas.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A presente revisão de literatura busca uma
abordagem dos conceitos mais
pertinentes acerca do assunto objeto da
pesquisa, afim de uma sustentação teórica
ao tema no intuito de tornar claro o
entendimento do estudo.
3.1 CONCEITO DE MANUTENÇÃO
Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT) define manutenção pela norma
5462/1994, como “a combinação de ações
técnicas e administrativas, incluindo as de
supervisão, destinadas a manter ou
recolocar um item em um estado no qual
possa desempenhar uma função requerida”.
Segundo Nepomuceno (1989), a finalidade
da
manutenção
é
conservar
os
equipamentos e máquinas em condições
satisfatórias de operações. As atividades de
manutenção
existem
para
evitar
a
degradação
dos
equipamentos
e
instalações, causada pelo seu desgaste
natural e pelo uso (XENOS, 1998).
Para Slack et al (2009), o termo manutenção
é considerado a forma pela qual as
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
100
organizações desenvolvem atividades para
evitar falhas, cuidando de suas instalações
físicas. O mesmo autor ainda ressalta alguns
benefícios
proporcionados
pela
manutenção: a segurança é melhorada,
confiabilidade aumentada, a qualidade se
torna maior, os custos de operação ficam
mais baixos, o tempo de vida dos
equipamentos e instalações torna-se mais
longo e o valor final das próprias instalações
e equipamentos aumentam, dado que
equipamentos bem mantidos são mais fáceis
de vender no mercado de segunda mão.
Nesse sentido, é visível o quanto a gestão
da manutenção é importante dentro do
contexto da produção, por ser um
instrumento de gestão que maximiza a
utilização dos recursos organizacionais,
diminui os custos e contribui para a melhoria
do desempenho organizacional.
3.2 TIPOS DE MANUTENÇÃO
Os tipos de manutenção, segundo Viana
(2002), são as formas como as intervenções
são encaminhadas nos instrumentos de
produção.
Os
principais
tipos
de
manutenção, segundo a classificação de
Kardec (2015), são: Manutenção corretiva
não planejada e corretiva planejada;
manutenção
preventiva;
manutenção
preditiva; manutenção detectiva; engenharia
de manutenção.
Nesta pesquisa, serão descritas três práticas
básicas de manutenção, consideradas como
principais por diversos autores e que são as
mais utilizadas pelas empresas. Sendo elas:
manutenção corretiva planejada e nãoplanejada,
manutenção
preventiva
e
manutenção preditiva.
3.2.1 MANUTENÇÃO CORRETIVA
Segundo Kardec (2015), a ação principal da
manutenção corretiva é corrigir ou restaurar
as condições de funcionamento do
equipamento ou sistema. Para o mesmo
autor a manutenção corretiva pode ser
dividida em duas classes: Manutenção
corretiva não planejada e a manutenção
corretiva planejada.
De acordo com a ABNT, manutenção
corretiva é a “manutenção efetuada após a
ocorrência de uma pane, destinada a
colocar um item em condições de executar
uma função requerida”. Segundo Xenos
(1998), a manutenção corretiva é a
intervenção necessária imediata para evitar
graves consequencias aos instrumentos de
produção, a segurança do trabalhador ou ao
meio ambiente.
3.2.1.1 MANUTENÇÃO
PLANEJADA
CORRETIVA
NÃO
A manutenção corretiva não planejada,
segundo Kardec (2015), é conhecida
também como emergencial, caracteriza-se
pela atuação da manutenção em fato já
ocorrido, seja este uma falha ou um
desempenho menor do que o esperado.
Esse tipo de manutenção implica altos
custos, pois a quebra pode acarretar perdas
de produção, perda da qualidade do
produto e elevados custos indiretos de
manutenção, além de poder afetar a
segurança e o meio ambiente (KARDEC,
2015). Esse tipo de manutenção pode ser
aplicado para equipamentos que não
comprometam o sistema produtivo ou a
integridade física dos funcionários (XENOS,
1998).
3.2.1.2
MANUTENÇÃO
PLANEJADA
CORRETIVA
Segundo Viana (2002), neste tipo de
manutenção é efetuado os reparos com
intervalos predeterminados, para garantir a
confiabilidade das peças e dos seus
componentes.Para
Kardec
(2015),
a
manutenção corretiva planejada é a ação de
correção do desempenho menor do que o
esperado ou da falha, por decisão gerencial,
baseado
no
acompanhamento
dos
parâmetros de condições e diagnostico
levados a efeito pela preditiva e detectiva.
A manutenção corretiva planejada é
realizada após a averiguação da falha no
equipamento ou componentes, sendo a
mesma identificada por meio de inspeções
de rotina pelos responsáveis da manutenção
ou, até mesmo, pelo operador do
equipamento (BEILKE, 2014). Depois de
identificada a falha é possível decidir a
melhor data para substituir o componente
sem alterar o fluxo de produção.
3.2.2 MANUTENÇÃO PREVENTIVA
É a manutenção voltada para evitar que a
falha ocorra, através de manutenções em
intervalos de tempo pré-definidos. Segundo
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
101
SLACK (2002), a manutenção preventiva
“visa eliminar ou reduzir as probabilidades
de falhas e manutenções corretivas através
de limpezas, lubrificações, substituições e
verificações das instalações em intervalos
pré-planejados”.
Para Kardec (2015), a manutenção
preventiva é realizada de forma a reduzir ou
evitar a falha ou queda no desempenho,
obedecendo a um plano previamente
elaborado, baseado em intervalos definidos
de tempo.
Segundo Viana (2002), é definida como a
manutenção
efetuada
em
intervalos
predeterminados, ou de acordo com critérios
prescritos,
destinados
a
reduzir
a
probabilidade de falhas ou a degradação,
desta
forma
proporcionando
uma
tranquilidade operacional necessária para o
bom andamento das atividades produtivas.
3.2.3 MANUTENÇÃO PREDITIVA
A manutenção preditiva, também conhecida
por
manutenção
sob
condição
ou
manutenção com base no estado do
equipamento, é realizada por base na
modificação de parâmetros de condições ou
desempenho,
cujo
acompanhamento
obedece a uma sistemática (KARDEC,
2015).
A NBR 5462 define manutenção preditiva
como, a manutenção que permite garantir
uma qualidade de serviço desejada, com
base na aplicação sistemática de técnicas
de analise, utilizando-se de meios de
supervisão centralizados ou de amostragem,
para reduzir ao mínimo a manutenção
preventiva e diminuir a manutenção
corretiva.
Segundo Nepomuceno (1989), manutenção
preditiva é a execução da manutenção no
momento
adequado,
antes
que
o
equipamento quebre. Ela tem a finalidade de
estabelecer “quais são os parâmetros que
devem ser escolhidos em cada tipo de
máquina ou equipamento, em função das
informações que as alterações de tais
parâmetros sobre o estado mecânico de um
determinado componente” (NEPOMUCENO,
1989, pág. 41).
Para que a manutenção preditiva seja bem
executada, é fundamental que a mão-deobra da manutenção responsável pela
análise e diagnóstico seja bem treinada. Não
basta medir, é preciso analisar os resultados
e formular diagnósticos (KARDEC, 2015).
3.3
MANUTENÇÃO
CERÂMICAS
NAS
EMPRESAS
A cerâmica vermelha é caracterizada por
produtos oriundos da argila ou misturas
contendo argila, através de processos de
moldagem, secagem e queima, de onde
vem a cor avermelhada que dá o seu nome
(NUNES, 2012). As argilas de queima
vermelha ou argilas comuns são as que mais
se destacam entre as substâncias minerais,
em função do volume de produção e do
maior consumo, sendo especialmente
utilizadas na produção de cerâmica
vermelha e de revestimento (MEDEIROS,
2006).
O setor de cerâmica vermelha gera como
produtos principais tijolos, blocos, telhas,
elementos vazados, lajes, lajotas, ladrinhos
vermelhos, tubos e agregados leves de
argila expandida e outros (SEBRAE, 2012).
Na indústria da cerâmica vermelha os
processos são tão variados quanto os
produtos,
havendo
desde
os
mais
rudimentares até os mais automatizados
(NUNES, 2012). Quanto mais automatizado é
o processo, maior será a atenção voltada à
gestão da manutenção.
Mesmo a indústria cerâmica que tem seu
processo automatizado utiliza a interferência
humana nas atividades de controle do
processo, inspeção da qualidade do produto
acabado, armazenagem e expedição
(MEDEIROS, 2006).
Etapas onde há processos contínuos, como
nos fornos, onde o processo de densificação
é
realizado
ininterruptamente
para
carregamento ou descarga das peças, o tipo
de manutenção que deve ser realizada é a
preventiva,
onde
são
planejadas
periodicamente as paradas (MEDEIROS,
2006). Nos outros processos, a empresa
deverá escolher o tipo de manutenção que
mais se adeque as suas necessidades.
3.4 A FUNÇÃO MANUTENÇÃO EM UM
PROCESSO DE PRODUÇÃO
A função produção é um órgão vital de um
sistema produtivo, pois ela é responsável
por gerar bens e serviços a serem
comercializados pela empresa (PIRES 2005).
Para
Tubino
(2007)
consiste-se
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
102
essencialmente em adicionar valor aos bens
ou serviços durante o processo de
transformação.
Para se ter um bom funcionamento de seu
processo produtivo é necessário a
realização de manutenções periódicas, para
garantir que os equipamentos e máquinas
operem adequadamente como foi projetada,
num nível de desempenho exigido (XENOS,
1998). Esta garantida não diz respeito
apenas aos equipamentos, mais também a
segurança dos colaborados, pois a não
manutenção coloca em risco a integridade
física das pessoas envolvidas.
Para Kardec (2015), as empresas devem
pensar e agir estrategicamente para que a
atividade de manutenção se integre de
maneira eficaz ao processo produtivo,
contribuindo, efetivamente para que a
empresa caminhe rumo a Excelência
Empresarial. Para isso ela deve sempre
buscar melhorar seus processos e suas
operações.
4 METODOLOGIA
A presente pesquisa caracteriza-se como
básica, por não tem propósito de
aplicabilidade
imediata.
Devido
às
características do estudo, o método utilizado
classifica-se como o indutivo, sendo um
estudo de multicasos, adotando tanto a
abordagem qualitativa quanto a quantitativa,
caracterizando-se
deste
modo
como
abordagem combinada, por apresentar
maior vantagem e adequação aos objetivos
esperados com o estudo, visando utilizar os
aspectos positivos das duas abordagens,
para a obtenção de melhores resultados
finais.
A pesquisa foi dividida em três etapas,
sendo
a
primeira
composta
pelo
levantamento bibliográfico, feitas em livros,
artigos, dissertações e teses. Na segunda
etapa foi elaborado um questionário com
perguntas semi-abertas, com base na
pesquisa bibliográfica, que foi utilizado
como instrumentos de coleta de dados do
público alvo do estudo, também foram
realizados entrevistas e observações. Na
terceira etapa foi realizada a tabulação dos
dados e posteriormente à análise e
discussão com base nas premissas dos
objetivos da pesquisa.
Os sujeitos da pesquisa foram quatro
empresas de cerâmicas vermelhas do
município de Cacoal, participando da
pesquisa os gerentes de produção e os
encarregados do setor, o responsável pela
manutenção, e os operários da linha de
produção.
A pesquisa foi elaborada por meio de
pesquisa científica, onde foram seguidos os
aspectos éticos pertinentes às fontes
bibliográficas utilizadas no estudo e a
integridade das informações, assegurando a
preservação da identidade das pessoas
participantes e da organização, como
também, ao sigilo das informações obtidas
da coleta de dados.
5 DESCRIÇÃO DAS EMPRESAS
A pesquisa foi realizada em quatro
empresas que atua no ramo de cerâmicas
vermelhas, localizadas no município de
Cacoal-RO, as mesmas denominadas como
empresa A, B, C e D.
As quatro organizações estudadas são
caracterizadas
por
serem
empresas
familiares, privada, com sociedade limitada.
Sendo a empresa A de pequeno porte,
atuando no mercado a 3 anos, onde atende
apenas o município de Cacoal. A empresa B
considerada de médio porte atua no
mercado há 22 anos, atendendo os estados
de Rondônia, Acre e Mato Grosso. A
organização C é uma empresa de médio
porte, que atua no mercado há 28 anos,
distribuindo seus produtos nos estados de
Rondônia, Amazonas e Mato Grosso. A
organização D é considerada de médio
porte, atua no mercado há 33 anos, sendo
uma das maiores do setor de cerâmica
vermelha do estado, e líder no segmento em
Cacoal. A empresa atende os estados de
Rondônia, Acre e Mato Grosso.
6
ANALISE
DISCUSSÕES
DOS
RESULTADOS
E
Aspectos importantes a respeito da
manutenção foram identificados, desde a
forma de manutenção predominante no setor
à forma como os funcionários se
comprometem com a conservação dos
equipamentos.
Em relação ao tipo de manutenção realizada
pelas
empresas
estudadas,
sua
caracterização consiste em manutenção
preventiva e corretiva. As quatro empresas,
afirmam realizar a manutenção preventiva,
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
103
porém duas delas (A e C) afirmam que
também realiza a manutenção corretiva
frequentemente. É realizada a manutenção
preventiva em equipamentos como a
extrusora (maromba), devido sua alta
importância no processo produtivo, que na
ocorrência de uma parada não programada
pode levar até três dias ou mais para voltar
ao funcionamento, causando um alto
prejuízo para as empresas.
segmento e estarem localizadas no mesmo
município,
as
mesmas
apresentam
diferenças entre si, possuem tempo de
atuação de mercado distinto e portes
diferentes, a organização A é de pequeno
porte e as B, C e D médio porte.
Nesse trabalho será comparado como é
realizado a manutenção nas empresas
pesquisadas. Como comparativo foram
escolhidos quarto equipamentos, que são a
laminadora, a extrusora, secador e os fornos.
No quadro abaixo esntão descritos como é
realizados a manutenção nos equipamentos
escolhidos.
6.1 PANORAMA COMPARATIVO ENTRE AS
EMPRESAS
Apesar das empresas atuarem no mesmo
Quadro 1 - Comparativo entre as Empresas
Indicadores
Comparativos
Empresa A
Empresa B
Empresa C
Empresa D
Pequena
Média
Média
Média
36
61
85
85
Turno de trabalho
1, porém os
responsáveis
pelos fornos
trabalham em 4
turnos de 6
horas
1, porém os
fornos trabalham
de forma
contínua
1, porém os
responsáveis
pelos fornos
trabalham em 4
turnos de 6
horas
1, porém os fornos
trabalham de
forma contínua
Tempo de atuação
3 anos
22 anos
28 anos
33 anos
Baixo
Alto
Médio
Alto
Responsável pela
manutenção
1 Responsável
Técnico
1 Responsável
Técnico
1 Responsável
Técnico
2 Responsáveis
Técnicos
Tipo de Manutenção
utilizada
Preventiva e
Corretiva
Preventiva e
Preditiva
Preventiva e
Corretiva
Preventiva
Utilizam Manuais
para facilitar a
manutenção
Não possui
Possuem, mais
não são
seguidos
Possuem, mais
não são
seguidos
Possui são e
seguidos
Possuem,
porém não são
utilizados
Possuem,
porém não são
utilizados
Possuem,
porém não são
utilizados
Sim, e são
seguidos
Porte da empresa
Quantidade de
funcionários
Grau de
Tecnologia
Utilizam
procedimentos
padrões
Fonte: Dados da pesquisa
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
104
Quadro 1 - Comparativo entre as Empresas (Equipamentos)
Indicadores
Comparativos
Empresa A
Empresa B
Empresa C
Empresa D
Laminador
Realiza
manutençã
o Corretiva
Realiza
manutençã
o
preventiva
Realiza
manutençã
o Corretiva
Realiza
manutençã
o
preventiva
Extrusora
Realiza
manutençã
o
preventiva
Realiza
manutençã
o
preventiva
Realiza
manutençã
o
preventiva
Realiza
manutençã
o
preventiva
Secador
Contínuo –
Secador
Contínuo –
Secador
Contínuo -
Secador
Contínuo -
Secadores
Fornos
Manutenção
realizada de
forma
preventiva/
corretiva
Manutenção
realizada de
forma preventiva
Manutenção
realizada de
forma
preventiva/
corretiva
Manutenção
realizada de forma
preventiva
Intermitente
Contínuo tipo
Intermitente
Contínuo tipo
tipo abóboda
Manutenção
realizada de
forma corretiva
Túnel
Manutenção
realizada de
forma preventiva
tipo abóboda
Manutenção
realizada de
forma corretiva
Túnel Manutenção
realizada de forma
preventiva
Fonte: Dados da pesquisa
Como pode ser visto no quadro a cima, as
empresas realizam a manutenção preventiva
em
seus
equipamentos,
porém
as
organizações A e C também fazem uso da
manutenção corretiva, e a C da preditiva. É
notório que quanto maior o grau de
tecnologia utilizada pelas empresas, maior é
a preocupação com a gestão da
manutenção. É sabido que a correta e
planejada manutenção dos equipamentos e
sistemas reduz custos com reparos, troca de
peças, perda de horas de produção e,
principalmente,
permite
que
os
equipamentos operem em plena carga e
com qualidade.
Todas as empresas estudadas possuem
manuais que deveriam ser utilizados para
auxiliarem na manutenção, porém apenas a
empresa D faz seu correto uso. Outro
instrumento importante que todas as
empresas pesquisadas possuem, e apenas
a
organização
D
utiliza,
são
os
procedimentos operacionais padrões, onde
se tem a descrição detalhada e padronizada
de todas as operações necessárias para a
realização das atividades.
6.2 INDICADOR OCIOSIDADE
De acordo com os dados da
pesquisa foi possível identificar nas
empresas estudadas o indicador de
ociosidade
devido
a
paradas
não
planejadas. Esse indicador foi analisado em
cima do equipamento de extrusão. A
escolha do equipamento para realização da
analise foi feita por o equipamento ser o
mais importante do processo produtivo das
cerâmicas, sendo considerado o coração do
processo. Devido a isso, a ocorrência de
paradas não programadas durante o
processo
produtivo
provoca
vários
transtornos para as empresas, além de gerar
custos e diminuição da produtividade das
organizações. Com o quadro abaixo é
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
105
possível identificar a diferença entre a
sendo considerada para a realização dos
disponibilidade dos equipamentos em dias
cálculos uma parada não programada de
que não ocorrem às paradas não planejadas
um dia e meio.
com os dias que ocorrem essas paradas,
Quadro 1 – Comparativo de disponibilidade dos equipamentos em horas nos dias que não ocorrem
paradas não planejadas com os dias que ocorrem as paradas
Disponibilidade do equipamento
sem ocorrência de paradas não
planejadas
Turno de trabalho
Disponibilidade do equipamento quando
ocorrem as paradas não planejadas
12 horas sem produzir e 4 horas
disponível
8 horas
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com o quadro pode perceber que
quando não ocorre quebras, falhas ou
diminuição da eficiência nos equipamentos,
os mesmos têm uma disponibilidade de 8
horas no dia, isso quando não ocorre
nenhuma interrupção da produção, porém
quando
acontece
às
paradas
não
planejadas o equipamento fica indisponível
um dia e meio, considerando que as peças
do equipamento estão disponíveis nos
estoques e a manutenção corretiva é
realizada de forma rápida.
Quando não se tem peças disponíveis no
estoque, o equipamento em todas as
empresas ficam parados por um período
maior de até três dias ou mais, considerando
que essas peças vem de outros estados,
como São Paulo e Santa Catarina, não sendo
vendidas no estado de Rondônia, com isso
ocasiona prejuízos para as empresas
devidas essas paradas não programadas.
O quadro abaixo ilustra os custos
decorrentes de paradas não planejadas em
duas das empresas estudadas, que
ocorreram durante a realização do estudo
nas empresas A e D, nas outras duas
organizações não ocorreram paradas ao
longo desse período.
No quadro abaixo é descrito a produção
diária das empresas, porém a organização D
produz diariamente de 41.590 peças, por a
empresa trabalhar com duas linhas de
produção uma para tijolos e outra para as
telhas foi colocado o valor da produção
diária apenas dos tijolos em decorrência da
quebra do eixo da extrusora ocorrido nessa
linha.
Quadro 2 – Custos ocasionados com as paradas não planejadas
Produção diária
Qtd. de dias sem
produzir
Custos decorrentes das paradas não
planejadas
Empresa A
28.000 peças
Três dias
R$ 33.516,00
Empresa B
30.000 peças
Não houve paradas
-
Empresa C
35.085 peças
Não houve paradas
-
Empresa D
9.772 peças
Um dia e meio
R$ 5.848,54
Fonte: Dados da pesquisa
A empresa D mesmo trabalhando de forma
preventiva e seguindo os procedimentos de
manutenção
corretamente
ainda
a
ocorrência de paradas não programadas,
provocando um prejuízo de R$ 3.899,03 em
um dia no mês de maio devido uma única
parada no seu processo produtivo da
produção de tijolos. Porém por essa parada
ter durado um dia e meio o prejuízo foi de
R$ 5.848,54 considerando o
milheiro dos tijolos de R$ 399,00.
valor
do
A empresa A trabalha com a manutenção de
forma preventiva no equipamento de
extrusão,
porém
não
segue
os
procedimentos de manutenção corretamente
e não segui os procedimentos operacionais
padrões para operar com o equipamento,
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
106
devido a isso a ocorrência com frequência
de paradas não programadas da produção,
gerando
custos
decorrentes
dessas
paradas. No mês que foi coletado os dados
para o presente trabalho ocorreu uma
parada de três dias na produção, deixando
de produzir 84.000 peças gerando um
prejuízo R$ 33.516,00, considerando o valor
do milheiro dos tijolos de R$ 399,00. Valor
este que deixou de ganhar devido a não
realização de uma manutenção preventiva
corretamente. Devido a isso é de extrema
importância que as empresas realizem a
gestão de paradas e tenham um plano de
manutenção bem estruturado para diminuir
esse indicador.
6.3 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DA
MANUTENÇÃO E SUA APLICAÇÃO NAS
EMPRESAS
A gestão da manutenção é uma das grandes
áreas da Engenharia de Produção, e a
mesma é utilizada em todos os tipos de
empresas para evitar possíveis falhas e
quebras de seus equipamentos e máquinas
e instalações, prolongando com ela a vida
útil dos bens.
Nas empresas cerâmicas a manutenção
deve ser aplicadas para manter os
equipamentos disponíveis, visando sempre
um
melhoramento
contínuo
dos
equipamentos e dos serviços, com intuito de
reduzir o índice de indisponibilidade,
melhorar qualidade, melhorar o desempenho
organizacional, diminuir os custos, aumentar
o ciclo de vida, a segurança e até mesmo
diminuir desperdícios, através da aplicação
de novos dispositivos, bem como a adoção
de novas técnicas de trabalho.
A gestão da manutenção é de extrema
importância para aumentar a produtividade e
confiabilidade dos equipamentos, pois são
requisitos indispensáveis na realidade
empresarial competitiva atual. A manutenção
tornou-se peça-chave para o sucesso
empresarial, por ser um importante
diferencial competitivo.
7 CONCLUSÃO
Por meio do estudo realizado, pode-se
observar que, no atual cenário, as empresas
do setor de cerâmica vermelha do município
de Cacoal/RO realizam uma manutenção
regular, porém, passível de melhorias. Tal
fato é resultante de fatores diversos, dentre
os quais se destacam: utilização superficial
da manutenção preventiva, tendo que
realizar ainda a manutenção corretiva por
algumas empresas, falta de planejamento no
intuito de otimizar a manutenção, falta de um
plano de manutenção bem estruturado e
conscientização da importância de executar
uma manutenção eficiente.
A utilização da manutenção corretiva
frequentemente se mostra inadequada para
a realidade do setor, já que o reparo e troca
de peças de máquinas defeituosas geram
altos custos para a empresa,
e,
principalmente,
causam
perda
de
produtividade
e
competitividade
da
organização pelas paradas de produção,
que ocasiona perda de clientes e diminuição
das vendas e consequentemente da receita
da empresa.
Devido o município ter cinco empresas que
trabalham no mesmo segmento, o índice de
concorrência é alto, com isso as
organizações devem sempre pensar na
disponibilidade de seus produtos no tempo
desejado pelos clientes, para conseguir
atender esse indicador, é de fundamenta
importante a realizações de manutenções
preventivas em seus equipamentos.
As empresas do setor que se utiliza de
manutenção preventiva por mais que seja
realizada, não se tem um planejamento
adequado da mesma, a fim de realizar com
eficiência a manutenção, este fato pode por
vezes gerar vários tipos de custos
desnecessários, como os gastos com uma
manutenção desnecessária ou a falta de
manutenção no momento que esta se fazia
necessária. Estudos a fim de viabilizar esse
tipo de planejamento podem ser de grande
relevância para aumentar o desempenho e
obtenção de vantagens com a manutenção,
conseguindo-se com isso manter os
equipamentos em estado satisfatórios de
funcionamento, mantendo-se com isso as
empresas mais competitivas.
Medidas simples, também se mostraram
como possíveis saídas para melhorar o
desempenho da indústria e melhorar sua
produtividade. A simples conscientização
dos funcionários da importância de observar
o equipamento, manter sempre limpos, pode
acarretar em uma grande diminuição dos
custos com manutenção e minimização das
paradas de produção por indisponibilidade
de máquinas, já que os mesmos lidam
diretamente com os equipamentos, e
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
107
podem, constantemente, acompanhar e
avaliar seu desempenho, tomando medidas
no intuito de manter sua conservação e o
correto funcionamento. Outro ponto simples
que deve ser seguido para melhorar a
eficiência produtiva e conseguir manter os
equipamentos em boas condições é seguir
os procedimentos operacionais padrões e os
manuais que as empresas já possuem, são
procedimentos simples que pode trazer
vários benefícios para as organizações.
Neste contexto, fica clara a importância de
se realizar a manutenção corretamente em
períodos pré-definidos, onde a mesma traz
vários benefícios para as organizações,
como o aumento da confiabilidade tanto dos
seus equipamentos quanto das empresas
que terão seus produtos disponíveis na hora
e com a qualidade desejada pelos clientes,
os custos de operação ficam mais baixos, e
o tempo de vida dos equipamentos e de
suas instalações tornam-se mais longos.
Nesse sentido, é visível o quanto a gestão
da manutenção é importante dentro do
contexto da produção, por ser um
instrumento de gestão que maximiza a
utilização dos recursos organizacionais,
diminui os custos e contribui para melhoria
do desempenho organizacional.
Para a realização de trabalhos futuros
sugere-se, a implantação de um plano de
manutenção bem estruturado para as
empresas, e a implantação de métodos de
controle de processo como o ciclo PDCA, e
um estudo profundo sobre os custos de
manutenção, com o objetivo de reduzir os
gastos em relação ao faturamento bruto da
organização.
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TÉCNICAS,
NBR
5462:
Confiabilidade
e
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XENOS, Harilaus Georgius d’ Philippos:
Gerenciado a Manutenção Produtiva. Belo
Horizonte – MG, 1998.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
108
Capítulo 10
Mara Paz Mauricio Nowazick
Gisela Aparecida Sartor
Adriana Kroenke
Luciano Castro de Carvalho
Resumo: Este estudo visou identificar os fatores organizacionais determinantes que
contribuem para a geração de capacidade de inovação. A pesquisa é descritiva,
quanto aos procedimentos é classificada como survey e abordagem quantitativa. O
questionário foi aplicado a 203 empregados de duas empresas de desenvolvimento
de software, localizada no Vale do Itajaí, Santa Catarina. A análise de dados
ocorreu por meio de Análise Fatorial Exploratória e Regressão Linear. Os resultados
apresentados nas duas empresas pesquisadas apresentam diferenças. Na
empresa
1,
os
fatores
organizacionais
determinantes
foram:
integração
multifuncional, atenção para ideias inovadoras, cultura da empresa, equipes
multifuncionais responsáveis pela inovação, liberdade de expressão de ideias,
incentivo aos empregados para inovação e participação da gestão. Na empresa 2,
os fatores organizacionais determinantes foram incentivos aos empregados para
inovação, participação da gestão, cultura organizacional, recursos para ideias
inovadoras, atenção para ideias inovadoras, treinamento contínuo, liberdade de
expressão de ideias e equipes multifuncionais responsáveis pela inovação. Concluise que apesar das empresas manterem atividades semelhantes os fatores
organizacionais que contribuem para a capacidade de inovação são em sua
maioria, distintos.
Palavras-chave: Inovação. Capacidade de Inovação. Fatores Organizacionais.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
109
1 INTRODUÇÃO
Considerando a importância da inovação para
o
crescimento
econômico
e
a
representatividade das organizações na
economia nacional estudos tem se dedicado
ao tema. De acordo com Grupp e Schubert
(2010) é comum combinar indicadores de
ciência, tecnologia e inovação. Entende-se
que para haver inovação necessita-se de
tecnologias avançadas e conhecimento
científico. Mahroum e Al-Saleh (2013) alertam
que a adoção da inovação não ocorre de
igual maneira, ou seja, a aceitação depende
da localidade, da cultura e até da
necessidade manifestada para a inovação.
Mahroum e Al-Saleh (2013) evidenciam em
seu estudo índices de inovação como o The
Global Competitiveness Report, Innovation
Index Global, Bloomberg Innovation, The
International Innovaition Report e The
Observa-se
a
Manufacturing
Institute.
importância e a representatividade da
inovação que necessita de estratégias para
ser implantada e formas de ser mensurada.
Faz-se necessário monitorar como a inovação
ocorre.
Alguns
estudos
tentaram
identificar
determinantes da inovação como Pavitt
(1984), Cohen e Levinthal (1990), Damanpour,
(1991) e Prajogo e Ahmed (2006) e
apresentaram diferentes fatores.
Nesse
sentido, Koc (2007), estudou a relação entre
fatores organizacionais que influenciam de
maneira significativa a capacidade de
inovação em empresas de desenvolvimento
de software. Adotou três pilares e o terceiro
mostrou que a integração multifuncional não
apresentou
relação
positiva
com
a
capacidade de inovação.
Considerando
que
as
empresas
de
desenvolvimento de software necessitam de
inovação constante, dado as suas atividades,
e isso em qualquer localidade do mundo, a
presente pesquisa busca uma replicação da
pesquisa de Koc (2007) cujo objetivo é
identificar os fatores determinantes da
capacidade de inovação em empresas de
desenvolvimento de software no Vale do Itajaí.
Define-se, portanto, a questão de pesquisa:
Quais
os
fatores
organizacionais
determinantes da capacidade de inovação
em empresas de desenvolvimento de software
no Vale do Itajaí?
Esta
pesquisa
justifica-se
devido
a
importância da inovação no contexto atual e
ainda mais no período de crise onde
necessita-se
repensar
conceitos
administrativos, inovar para manter-se no
mercado nacional e/ou internacional. Com os
resultados espera-se identificar se os fatores
relacionados por Koc (2007) são idênticos aos
fatores que serão determinados por este
estudo em ambiente distinto.
2 INOVAÇÃO
A área de pesquisa em inovação apresenta
diversos
conceitos
para
fundamentar
inovação. “Uma inovação pode ser um novo
produto ou serviço, uma nova tecnologia de
processo de produção, uma nova estrutura ou
sistema administrativo, ou um novo plano ou
programa pertencente a membros da
organização”. (DAMANPOUR, 1991, p. 555).
Afuah (2014) interpreta que inovação é sobre
fazer coisas diferentes do compreendido
como normal. (AFUAH, 2014).
A inovação na visão de Szeto (2000) é
abordada a partir da perspectiva das áreas
de marketing, gestão e tecnologia: (i) No
marketing, descreve-a como a necessidade
de mudança de expectativa dos mercados,
que são então incorporadas no processo de
desenvolvimento de produtos, emergindo
assim como novos produtos comercializáveis;
(ii) Para gestão, a inovação é a gestão de
todos os recursos, dos ambientes interno e
externo, de uma empresa para promover
novas ideias para novo desenvolvimento; e
(iii) Do ponto de vista tecnológico, inovação
tende a ser uma mudança tecnológica ou de
ruptura aplicada ao desenvolvimento de
novos produtos.
Portanto, para Szeto (2000), a inovação pode
ser sintetizada como novas ideias adaptáveis
para
produtos
ou
serviços
em
desenvolvimento
com
características
melhoradas, qualidade de fabricação e
estética para atender às necessidades reais
ou potenciais de mercados em um
incremental ou radical movimento, podendo
criar lucros com custo mínimo. Reichert,
Camboim e Zawislak (2015, p. 163)
descrevem inovação como uma novidade,
“cuja aplicação proporciona resultados
positivos financeiros” em todo âmbito da
empresa.
No ambiente empresarial, a adoção de
inovações é concebida para abranger a
geração, desenvolvimento e implementação
de novas ideias ou comportamentos, e
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
110
geralmente é destinada a contribuir para o
desempenho ou a eficácia da organização. A
inovação é um meio de mudar uma
organização, seja como resposta a mudanças
no seu ambiente interno ou externo ou como
uma ação preventiva tomada para influenciar
um ambiente. (DAMANPOUR, 1991).
A
inovação tem sido destacada como um meio
das
organizações
manterem
sua
competitividade a longo prazo. (MENEZES;
GUIMARAES; BIDO; 2011).
Schumpeter (1934) descreveu a inovação
como uma "mudança histórica e irreversível na
forma das coisas" e "destruição criativa”. A
característica definidora é simplesmente o de
fazer novas coisas ou o de fazer as coisas
que já estão sendo feitas de uma maneira
nova (inovação) (SCHUMPETER; 1947). O
autor destaca que deve-se observar de uma
só vez que a "coisa nova" não precisa ser
espetacular ou de importância histórica nos
casos de empreendedorismo. Visualizar o
fenômeno, mesmo nos níveis mais humildes
do mundo dos negócios, é absolutamente
essencial, embora para Schumpeter (1947),
possa ser difícil encontrar empresários
humildes historicamente.
3 CAPACIDADE DE INOVAÇÃO
A palavra capacidade pode se referir ao
volume de inovação em uma linha do tempo,
no entanto, isso não significa que quanto mais
curto for o tempo, maior a lucratividade de
saída, ou a inovação é melhor, de alto valor.
Assim, a capacidade de inovação refere-se a
uma melhoria contínua geral da capacidade
das empresas de gerar inovação para
desenvolvimento de novos produtos para
atender necessidades do mercado. (SZETO,
2000).
Capacidades
inovadoras
são
importantes enquanto estímulo à concepção
de produtos e serviços superiores (BOEHE et
al, 2009). Com a capacidade de inovação há
a
promoção
da
modificação
dos
conhecimentos e aprendizagens para novos
processos, produtos e serviços, introduzindoos ao mercado de inovações. (FROEHLICH;
BITENCOURT, 2015).
A capacidade pode ser incremental ou
aumentar
radicalmente
através
da
participação de atividades que provoquem o
fornecimento de recursos de inovação e
transformação dos recursos como a base de
conhecimento da empresa num ambiente
interativo. A interação é um processo que
fornece estímulo para a empresa a partir de
fontes externas que podem ser convertidas
em recursos de inovação. Internamente, a
empresa pode continuar a desenvolver o
impulso de inovação como recurso e aplicá-lo
para desenvolvimento de novos produtos que
será transformado com base no conhecimento
de uma empresa, se a codificação apropriada
for sistematicamente implementada. A rede
inter-organização é um ambiente para a
interação e atividades conjunta com projetos,
colaborações ou alianças para um item
específico de pesquisa e desenvolvimento e
podem beneficiar os participantes em vários
graus. (SZETO, 2000).
Dodgson, Gann e Salter (2008) definem a
capacidade de inovação como a aptidão da
empresa para formulação e idealização de
estratégias de inovação, uma vez que envolve
a habilidade de criação, ampliação e
alteração de recursos utilizados para
inovação. Sendo assim, a capacidade de
inovação promove a transformação dos
conhecimentos e das aprendizagens em
produtos, processos e serviços inserindo no
mercado inovações radicais e incrementais
auxiliando no melhoramento econômicos,
ambientais e sociais.
A capacidade de inovação, portanto, também
pode
ser
compreendida
como
uma
“capacidade organizacional de natureza
estratégica” pois versa sobre o alinhamento
das técnicas de inovação com as estratégias
organizacionais. “Geralmente, acontece de
forma deliberada, sistematizada e utiliza um
ou mais modelos para desenvolver a
inovação”. (FROEHLICH; BITENCOURT, 2015,
p. 563).
2.3 FATORES ORGANIZACIONAIS
Dougherty e Hardy (1996) defendem que para
desenvolver a capacidade de inovação
sustentada, deve-se fazer com sucesso
conexão em três áreas principais: (1)
disponibilizar recursos para novos produtos,
(2) fornecer estruturas e processos de
colaboração para resolver problemas de
forma criativa e ligar inovações com empresas
existentes, e (3) incorporar a inovação como
componente significativo da estratégia
organizacional. Ainda complementa que cada
projeto de inovação também precisa de
estruturas administrativas e processos
adequados
ao
seu
estágio
de
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
111
desenvolvimento e acesso à tomada de
decisão em toda a organização.
McDermott e Stock (1999) em seu estudo
comprovou a ligação entre os fatores
organizacionais e a capacidade de inovação.
Gallivan (2003) demonstra a existência de um
padrão de relacionamento entre estilo criativo
dos funcionários, a atitude para a inovação, a
satisfação no trabalho e desempenho como
fatores importante para os gestores
responsáveis pela execução de outras
inovações tecnológicas. Os empregados
altamente
inovadores
têm
habilidades
analíticas, técnicas melhores, talvez devido à
sua maior vontade de experimentar a
inovação.
A cultura de uma organização pode ser
modificada para incentivar comportamentos
inovadores por meio de práticas de gestão
específicas como orientação estratégica,
seleção de funcionários, recompensa e
reconhecimento,
desenvolvimento
de
funcionários, mecanismo de apoio à geração
de ideias e formação de equipes multifuncionais
(MC
GOURTY,
TARSHIS;
DOMINICK, 1996).
Com uma visão diferenciada, Popper e
Lipshitz (2000) afirmam que para desenvolver
capacidade de aprendizagem organizacional
têm de existir além do clima de aprendizagem
estruturas
apropriadas,
sistemas
e
procedimentos.
valor das informações novas, externas são
fundamentais
para
sua
capacidade
inovadora.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Com intuito de atingir o objetivo proposto no
presente artigo a pesquisa é classificada
como descritiva, quanto aos procedimentos é
classificada como survey e apresenta
abordagem quantitativa O instrumento de
coleta de dados utilizado foi um questionário
decorrente de uma pesquisa de campo
realizada por Koc (2007) em empresas de
desenvolvimento de software na Turquia. O
questionário foi adaptado ao contexto
brasileiro, com 27 questões e aplicado em
duas empresas de desenvolvimento de
software selecionadas pela proximidade dos
pesquisadores com essas empresas.
Foram selecionados fatores organizacionais
como variáveis independentes e capacidade
de inovação como variável dependente.
Todas as 26 variáveis independentes foram
formadas em escala Likert de 5 pontos, com
pontos variando de 1 a 5, sendo o 1
correspondente a “Discordo Totalmente” e o 5
correspondendo a “Concordo Totalmente”. Os
entrevistados foram solicitados para identificar
as práticas organizacionais que contribuem
para a geração de capacidade de inovação.
As
variáveis
independentes
estão
apresentadas no quadro 1.
Cohen e Levinthal (1990) defende que a
capacidade de uma empresa reconhecer o
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
112
Quadro 1 – Fatores organizacionais
Fatores Organizacionais
Autores selecionados
Habilidades diferentes
Tsai et al. (2003)
Conhecimento técnico
Kaufmann and Todtling (2002)
Treinamento contínuo
Hoffman et al. (1998)
Desenvolvimento tecnológico por meio de revistas,
congressos, da
feiras
etc.
Participação
gestão
Calantone et al. (2002)
Incentivo aos empregados para a inovação
Amabile et al. (1996)
Hult et al. (2004)
Atenção para ideias inovadoras
McGourty et al. (1996)
Recursos para ideias inovadoras
Bharadwaj and Menon (2000), Crowston (1997)
Grau de burocracia
McDermott and Stock (1999), Slappendel (1996)
Grau de hierarquia
McDermott and Stock (1999)
Grau de centralização
Damanpour and Gopalakrishnan (1998)
Recrutamento de colaboradores com habilidade para a
inovação
Tarefas específicas para
cada equipe de trabalho
Tsai et al. (2003)
Barczak and Wilemon (2003)
Integração interfuncional
Slappendel (1996)
Equipes multifuncionais responsáveis pela inovação
Crowston (1997), Schrader (1991)
Cultura da empresa
Lemon and Sahota (2004)
Percepção da tecnologia como fator crítico do sucesso
Randale and Rainnie (1996), Zahra and Covin (1993)
Características de aprendizagem organizacional
Calantone et al. (2002)
Percepção dos colaboradores para mudanças e
melhorias para compartilhar
Disposição dos colaboradores
Cohen and Levinthal (1990)
Monge et al. (1992), Nijssen and Frambach (2000)
informações
Avaliação instantânea
das ideias inovadoras
Lemon and Sahota (2004)
Tolerância para erros
Anand and Khanna (2000)
Sistema de recompensa para ideias inovadoras
Galbraith (1982), Tang (1999)
Liberdade de expressão de ideias
Monge et al. (1992), Anand and Khanna (2000)
Disponibilidade de canais de comunicação para a
Macdonald and Williams (1994), Cohen and Levinthal
(1990)
Tang (1999), Lemon
and Sahota (2004)
de informação
Sistema paradisseminação
banco de dados,
transferência de dados
e documentação
Fonte: Koc (2007)
Para medir a variável dependente capacidade
de inovação, primeiramente os entrevistados
foram informados do conceito de Szeto (2000,
p. 150): “Capacidade de inovação está
relacionada às melhorias contínuas das
atividades e recursos que a empresa possui
para explorar oportunidades de desenvolver
novos produtos para atender às necessidades
dos clientes”. Posteriormente responderam
uma escala tipo Likert com cinco pontos
variando de “Muito Pouco” a “Muitíssimo”.
A pesquisa foi realizada em 2016 e
participaram 203 colaboradores. Após a
coleta de dados, estes foram tabulados em
planilha eletrônica do software Excel® e
exportados para o software SPSS® para que
fossem tratados.
Os dados foram analisados por meio de
técnica estatística Análise Fatorial (AF),
método este que busca a identificação de
dimensões
de
variabilidade
comuns
existentes em um conjunto de fenômenos por
meio da ponderação de um conjunto de
variáveis. A finalidade é desvendar estruturas
existentes, mas que não são observáveis
diretamente.
“Essas
dimensões
de
variabilidade comum recebem o nome de
FATOR”. (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO,
2007, p. 74). O valor absoluto de corte
utilizado seguindo as orientações de Hair et al
(2005, p. 107) para amostras de 100
respondentes foi de 0,55.
3.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Inicialmente apresenta-se a descrição dos
respondentes. O questionário apresentou os
dados sobre faixa etária dos colaboradores
das duas empresas listados abaixo, no
quadro 2.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
113
Quadro 2. Faixa etária
Faixa etária
Idade
Empresa 1
Empresa 2
Até 20 anos
04
11
De 21 a 25 anos
28
23
De 26 a 30 anos
27
35
De 31 a 35 anos
24
17
De 36 a 40 anos
08
12
Acima de 40 anos
12
02
Total
103
100
Fonte: Dados da pesquisa.
Pode-se observar que na Empresa 1, 27,2%
dos respondentes e colaboradores estão na
faixa etária entre 21 a 25 anos, enquanto na
Empresa 2, 35,6% tem entre 26 a 30 anos.
percentual na Empresa 1 é de 70,9%
masculino e 29,1% feminino. Na Empresa 2
são 81,2% de gênero masculino e 18,8%
feminino, conforme dados expressos abaixo:
O gênero predominante em ambas as
empresas é o masculino, cuja representação
Quadro 3. Gênero
Gênero
Empresa 1
Empresa 2
Feminino
30
19
Masculino
73
81
103
100
Total
Fonte: Dados da pesquisa.
A escolaridade com maior percentual em
53,9% dos funcionários na Empresa 1 e
ambas as empresas foi ensino superior, com
64,4% na Empresa 2, conforme Quadro 4:
Quadro 4. Escolaridade
Escolaridade
Empresa 1
Empresa 2
Ensino médio
10
09
Ensino superior
55
64
Especialização
36
24
Mestrado
01
03
Não informado
01
00
103
100
Total
Fonte: Dados da pesquisa.
No Quadro 5 estão listados os principais
cargos ocupados pelos respondentes, com o
maior percentual na Empresa 1 para Outros
(27,5%) e Programador (20,6%) e na Empresa
2 Programador (39,6%), Analista de Sistemas
(23,8%) e Outros (23,8%).
principais da empresa 1 apresentou um KMO
de 0,835, considerado bom segundo Pereira
(2009, p. 99). A matriz de componentes
apresentou quatro fatores para Empresa 1,
conforme resultado apresentado no quadro 6.
Na sequência foi aplicada a análise fatorial
exploratória e a análise das componentes
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
114
Quadro 5. Cargos
Cargos
Empresa 1
Empresa 2
Administrativo
02
01
Analista de Sistemas
20
24
Gerente
05
04
Outros
28
24
Programador
21
39
Supervisor/Coordenador
09
02
Suporte
17
06
Não informado
01
-
Total
103
100
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 6. Fatores para a Empresa 1
Matriz de componente rotativaa
Componente
1
Integração multifuncional
,730
Atenção para ideias inovadoras
,678
Cultura da empresa
,673
Equipes multifuncionais responsáveis pela inovação
,664
Liberdade de expressão de ideias
,565
Incentivo aos empregados para a inovação
,560
Participação da gestão
,559
2
3
4
5
6
Avaliação instantânea das ideias inovadoras
Grau de centralização
Conhecimento técnico
,674
Percepção dos colaboradores para mudanças e melhorias
,671
Percepção da tecnologia como fator crítico do sucesso
,644
Recursos para ideias inovadoras
,597
Desenvolvimento tecnológico por meio de revistas, congressos,
feiraspara
etc. compartilhar informações
Disposição dos colaboradores
,554
,552
Treinamento contínuo
Sistema de recompensa para ideias inovadoras
,846
Sistema para banco de dados, transferência de dados e
documentação
Recrutamento de colaboradores
com habilidade para a inovação
,791
,562
Disponibilidade de canais de comunicação para a disseminação de
Características de informação
aprendizagem organizacional
,771
Tarefas específicas para cada equipe de trabalho
,577
,754
Habilidades diferentes
Tolerância para erros
Grau de hierarquia
Grau de burocracia
Método de extração: Análise do Componente principal.
Método de
rotação: convergida
Varimax com
normalização
a. Rotação
em
18 iterações.de Kaiser.
Fonte: Análise Fatorial no software SPSS com os dados da pesquisa.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
-,717
,782
115
Os fatores foram denominados e contem as
dimensões abaixo relacionadas:
Fator 1. Integração e Inovação: Integração
multifuncional,
Atenção
para
ideias
inovadoras, Cultura da empresa, Equipes
multifuncionais responsáveis pela inovação,
Liberdade de expressão de ideias, Incentivo
aos empregados para a inovação e
Participação da gestão.
Fator 2. Conhecimento Organizacional:
Conhecimento técnico, Percepção dos
colaboradores para mudanças e melhorias,
Percepção da tecnologia como fator critico do
sucesso, Recursos para ideias inovadoras,
Desenvolvimento tecnológico por meio de
revistas, congressos, feiras etc. e Disposição
dos
colaboradores
para
compartilhar
informações.
Fator 3. Sistemas de Informação: Sistema de
recompensa para ideias inovadoras, Sistema
para banco de dados, transferência de dados
e documentação e Recrutamento de
colaboradores com habilidade para a
inovação.
Fator 4. Aprendizagem Organizacional:
Disponibilidade de canais de comunicação
para a disseminação de informação,
Características
de
aprendizagem
organizacional e Tarefas específicas para
cada equipe de trabalho.
Para a análise dos componentes principais da
empresa 2, obteve-se o KMO de 0,888,
considerado também bom (Pereira, 2009, p.
99). A análise fatorial da Empresa 2 gerou
uma matriz de componentes apresentando 6
fatores, conforme quadro 7.
Quadro 7 - Fatores para a Empresa 2
Matriz de componente rotativaa
Componente
1
Incentivo aos empregados para a inovação
,833
Participação da gestão
,790
Cultura da empresa
,741
Recursos para ideias inovadoras
,729
Atenção para ideias inovadoras
,710
Treinamento contínuo
,693
Liberdade de expressão de ideias
,651
Equipes multifuncionais responsáveis pela inovação
,595
2
3
4
5
6
7
Desenvolvimento tecnológico por meio de revistas,
congressos, para
feirasmudanças
etc.
Percepção dos colaboradores
e melhorias
Percepção da tecnologia como fator crítico do sucesso
,817
Disponibilidade de canais de comunicação para a
disseminação
de informação
Características
de aprendizagem
organizacional
,606
Tolerância para erros
Sistema de recompensa para ideias inovadoras
,704
Sistema para banco de dados, transferência de dados e
documentação
Recrutamento de colaboradores
com habilidade para a
,583
,561
inovação
Tarefas específicas para
cada equipe de trabalho
,771
Disposição dos colaboradores para compartilhar informações
,655
Avaliação instantânea das ideias inovadoras
Conhecimento técnico
,756
Habilidades diferentes
,741
Integração interfuncional
,722
Grau de centralização
,611
Grau de burocracia
Grau de hierarquia
Método de extração: Análise do Componente principal.
Método de
comem
normalização
a. rotação:
Rotação Varimax
convergida
16 iterações.de Kaiser.
Fonte: Análise Fatorial no software SPSS com os dados da pesquisa.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
,862
116
Os fatores foram denominados e contem as
dimensões abaixo relacionadas:
Fator 1. Cultura e Inovação: Incentivo aos
empregados para a inovação, Participação da
gestão, Cultura da empresa, Recursos para
ideias inovadoras, Atenção para ideias
inovadoras, Treinamento contínuo, Liberdade
de expressão de ideias e Equipes
multifuncionais responsáveis pela inovação.
Fator 2. Comunicação e Informação:
Percepção da tecnologia como fator crítico do
sucesso e Disponibilidade de canais de
comunicação para a disseminação de
informação.
Fator 3. Sistemas de Informação: Sistema de
recompensa para ideias inovadoras, Sistema
para banco de dados, transferência de dados
e documentação e Recrutamento de
colaboradores com habilidade para a
inovação
Fator 4. Integração Multifuncional: Tarefas
específicas para cada equipe de trabalho e
Disposição
dos
colaboradores
para
compartilhar informações.
Fator 5. Conhecimento e
Conhecimento
técnico
e
diferentes.
habilidades:
Habilidades
Fator
6.
Integração
e
centralização:
Integração
interfuncional
e
Grau
de
centralização.
Após a obtenção dos fatores aplicou-se a
análise de regressão com o intuito de verificar
o efeito relativo das variáveis independentes
na capacidade de inovação. Utilizou-se a
carga fatorial das variáveis multiplicadas
pelos resultados em escala Likert de cada
respondente e somados as próximas
variáveis, conforme equação abaixo para o
primeiro fator da Empresa 1:
Fator
1
=
0,73*Integração
Multifuncional+0,678*Atenção para ideias
inovadoras+0,673*Cultura
da
empresa+0,664*Equipes
multifuncionais
responsáveis pela inovação+0,565*Liberdade
de expressão de ideias+0,56*Incentivos aos
empregados
para
inovação+0,559*Participação da gestão
Fonte: Fávero et al, 2009, p. 258 e 259.
Aplicou-se a mesma equação para todos os
fatores. Os valores resultantes foram incluídos
na planilha e após inseridos no SPSS. No
quadro 8 apresenta-se os coeficientes para a
regressão referente aos dados da empresa 1.
Tabela 1. Coeficientes referentes a Empresa 1.
Coeficientesa
1
Modelo
Coeficientes não
padronizados
B
Modelo
(Constante)
-,034
padrão
,453
Fator 1
,086
,025
Fator 2
,059
,035
Fator 3
,062
Fator 4
,097
Coeficientes
padronizados
Beta
t
Sig.
-,075
,940
,373
3,408
,001
,168
1,664
,099
,037
,151
1,680
,096
,055
,151
1,749
,083
a. Variável dependente: Investimento em Capacidade de Inovação
Fonte: Dados da pesquisa.
Apenas o Fator 1 mostrou-se significativo,
sendo que todos os outros foram
desconsiderados. No quadro 9 apresenta-se
os coeficientes da regressão para a empresa
2.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
117
Tabela 2. Coeficientes referentes a Empresa 2.
Coeficientesa
Modelo
(Constante)
1
Coeficientes não
B padronizados
Modelo
padrão
-0,078
0,534
Coeficientes
padronizados
Beta
t
Sig.
-0,146
0,884
Fator 1
0,099
0,022
0,544
40,418
0,000
Fator 2
0,174
0,070
0,202
20,464
0,016
Fator 3
0,066
0,056
0,111
10,182
0,240
Fator 4
0,022
0,070
0,028
0,315
0,753
Fator 5
0,067
0,089
0,063
0,753
0,453
Fator 6
-0,070
0,075
-0,086
-0,941
0,349
a. Variável dependente: Investimento em Capacidade de Inovação
Fonte: Dados da pesquisa.
No caso da empresa 2 apenas os fatores 1 e
2 foram significativos. Os outros fatores foram
desconsiderados por não apresentarem
significância e utilizou-se apenas o Fator 1 no
para a presente pesquisa devido sua
significância.
Os resultados da empresa 1 sugere que os
colaboradores da amostra encontram na
integração multifuncional incentivo para
geração de capacidade de inovação. Boland
e Tenkasi (1995) afirmam a importância da
integração resultante de departamentos
diferentes e que a integração de informações
de departamentos diferentes ajuda a superar
a incerteza e reduzir as disparidades de
conhecimento e torna visível o que o outro
individuo pensa em fazer.
A integração com visões diferentes contribui
para a inovação. Slappendel (1996) considera
que nem todas as ideias, práticas ou objetos
são reconhecidos como inovações, e que é
amplamente aceito que a novidade é uma
característica chave. Pesquisadores afirmam
que é a percepção de novidade que conta,
em vez de se a ideia ou objeto é novo para o
mundo ou algum outro ambiente.
Segundo Koc (2004) inovação em empresas
de desenvolvimento de software incluem:
novos módulos de software, add-ons,
gerenciamento de projetos, especificações de
sistema,
integração
des
sistemas,
modificações, implementação, consultoria,
treinamento e suporte.
Toda a inovação começa com ideias criativas.
Implementação bem-sucedida de novos
programas, lançamentos de novos produtos
ou novos serviços depende de uma pessoa
ou uma equipe ter uma boa ideia - e
desenvolver essa ideia para além da sua
pessoa ou uma equipe ter uma boa ideia - e
desenvolver essa ideia para além do seu
estado inicial. (AMABILE et al., 1996).
Os resultados da empresa 2 apontam que as
variáveis: Incentivos aos empregados para
Inovação, Participação da Gestão, Cultura
Organizacional,
Recursos
para
Ideias
Inovadoras, Atenção para ideias inovadoras,
Treinamento
contínuo,
Liberdade
de
expressão de ideias e Equipes Multifuncionais
responsáveis pela inovação. Todos esses
fatores foram pesquisados por Amabile et al
(1996) que confirmou a relevância de duas
dimensões:
incentivo
organizacional
e
encorajamento de supervisão. Amabile et al.
(1996)
considera
que
a
motivação
organizacional para inovar é uma orientação
básica da organização para a inovação, bem
como suporte para a criatividade e inovação
em toda a organização.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os fatores organizacionais representam o
ambiente interno da empresa e determinam a
capacidade que uma empresa tem de gerar
inovação. Empresas de desenvolvimento de
software
dependem
dos
fatores
organizacionais para promover a inovação.
Na empresa 1, os fatores organizacionais
determinantes para geração da capacidade
de inovação foram: Integração Multifuncional,
Atenção para ideias inovadoras, Cultura da
empresa,
Equipes
multifuncionais
responsáveis pela inovação, Liberdade de
expressão
de
ideias,
Incentivo
aos
empregados para inovação e Participação da
gestão.
Já na empresa 2, os fatores organizacionais
determinantes
foram:
Incentivos
aos
empregados para inovação, Participação da
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
118
gestão, Cultura da Empresa, Recursos para
ideias inovadoras, Atenção para ideias
inovadoras, Treinamento contínuo, Liberdade
de expressão de ideias e Equipes
Multifuncionais responsáveis pela inovação.
Comparando as duas empresas pode-se
perceber que a maioria das variáveis são
compartilhadas entre elas. Podendo sugerir
que são características em comum apontadas
pelos
colaboradores
das
empresas
estudadas. No entanto, embora as empresas
mantenham atividades semelhantes os fatores
organizacionais que cooperam para a
capacidade de inovação são, a maior parte,
distintos.
Neste estudo há evidências que os
colaboradores percebem a importância dos
fatores organizacionais no seu dia a dia.
Porém no Brasil há poucos estudos que
envolvam os colaboradores de empresas de
desenvolvimento de software. As implicações
teóricas deste artigo permitem que novos
estudos possam ser realizados com base
nessa pesquisa. Bem como aplicação dessa
pesquisa em diferentes setores.
Este estudo oferece uma implicação gerencial
para que gestores de empresas de
desenvolvimento
de
software
possam
reconhecer em seus ambientes a existência
dos fatores organizacionais para geração de
inovação, bem como avaliar a necessidade
de atenção em alguns dos fatores com baixa
capacidade.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
121
Capítulo 11
Aline de Brittos Valdati
Waldoir Valentim Gomes Júnior
Ranieri Roberth Silva de Aguiar
Roberto Fabiano Fernandes
João Artur de Souza
Resumo: Os Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo (SSDG) viabilizam o proveito
de novos recursos na tomada de decisões a partir de uma pluralização do papel de
tomadores de decisão. Assim, o conhecimento interno e o conhecimento externo
são combinados para decisões mais adequadas ao contexto organizacional. Tal
facilidade oferece uma oportunidade à atividade de gestão de ideias para a
inovação. Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa consiste em identificar na
literatura a relação entre os temas “Sistemas de Suporte a Decisão em Grupo” e
“Gestão de Ideias”. Para isso, o artigo apresenta uma busca sistemática a partir de
documentos da base de dados SCOPUS e Web of Science, ao qual são explorados
dados bibliométricos, identificando os principais documentos da área, os temas em
destaque e as tendências de pesquisas nos últimos anos. As relações revelam um
foco maior na geração de ideias e técnicas de brainstorm. Portanto, como
recomendações futuras sugere-se explorar mais a relação de SSDG no âmbito de
ideias, principalmente nas etapas de avaliação e seleção.
Palavras chave: Sistemas de suporte a decisão em grupo; Inovação, Ideias,
Bibliometria
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
122
1. INTRODUÇÃO
A Inovação como um processo, estrutura uma
coordenação de fases até um resultado. Nessa
coordenação, a fase inicial é crítica para o
encadeamento para o alcance de um sucesso
ou de um fracasso (TEZA et al. 2015).
Identificada na literatura como o Front End da
Inovação, é durante esse momento que ideias
e oportunidades são coletadas, analisadas e
julgadas
para
avançar
no
processo,
presumindo um resultado (KIM; WILEMON,
2002).
Kempe et al. (2012) qualifica como “ideia crua”
(do inglês, “raw idea”) as ideias expressas em
seu estado bruto num primeiro momento,
normalmente um título e uma curta
caracterização. Tal condição exige um ciclo de
evolução ainda mais complexo definido como
gestão de deias, equivalentes às atividades de
“geração e enriquecimento de ideias” e
“seleção de ideias” no modelo de Koen et al.
(2001).
Portanto, a importância desse momento, o
sucesso e desafios contrastam-se com os
riscos inerentes da fase. Para isso, os
“Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo”
representam uma importante ferramenta dos
sistemas de informação (ALYOUBI, 2015).
Estes sistemas permitem a comunicação,
formulação e solução de problemas por grupos
com auxílio de ferramentas computacionais. O
auxílio
dessas
ferramentas
permite
a
agregação
de
diferentes
fontes
de
conhecimento e ainda a interação dos
indivíduos.
A relação dos sistemas de suporte à decisão e
a gestão de ideias representa uma relevante
forma de discussão para grupos. Logo, o
objetivo desta pesquisa é identificar a
abordagem entre os temas na literatura. Para
tanto, a presente pesquisa constitui-se em uma
análise bibliométrica abordando técnicas da
cientometria a fim de identificar autores, redes
de cooperação e as tendências de tópicos nos
últimos anos.
Assim, no capítulo dois é apresentada uma
descrição dos Sistemas de Suporte a Decisão
em Grupo e da gestão de ideias como uma
fase do Front End da Inovação. O capítulo três
apresenta o processo metodológico e, em
seguida, o capítulo quatro discute os
resultados bibliométricos da busca, apontando
os destaques e relacionamentos da literatura.
Por fim, o capitulo cinco traz as considerações
finais.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 SISTEMAS DE SUPORTE A DECISÃO
A combinação de grupos auxilia a tomada de
decisão,
porém
torna
dificultoso
o
gerenciamento dos múltiplos conhecimentos
envolvidos, sejam internos ou externos. Assim,
os Sistemas de Suporte à Decisão em Grupo
(SSDG) são soluções que combinam a
comunicação por computador e tecnologias de
apoio à decisão a fim de facilitar a formulação e
a solução de problemas não estruturados por
um grupo de pessoas (DESANCTIS &
GALLUPE, 1987).
Segundo Husain (2012), os SSDG auxiliam as
organizações durante a tomada de decisão em
conjunto. Para isso, são integradas soluções
que facilitam o planejamento, a organização de
brainstorming, como também a decisão.
Essa integração possibilita que indivíduos
possam contribuir com as suas ideias, ficando
estas sob judice enquanto são tratadas,
avaliadas,
selecionadas
até
serem
consideradas para o desenvolvimento sem a
necessidade de reuniões formais. Assim, o
processo de perda de bloqueio na produção
pode ser minimizado (REINIGet al. 1996). Este
e outros benefícios também são notados
quando o foco é a avaliação, neste caso, sem a
apreensão da identificação do avaliador ou do
proponente da ideia (RAY; ROMANO, 2013).
Assim, a complexidade da tomada de decisão
é otimizada pela participação de grupos em
termos de vários critérios de avaliação e a
diversificação de conhecimento. Afinal, o
grande volume de dados (informações) fornece
suportes para uma decisão adequada, mas é o
conhecimento dos tomadores de decisão que
são capazes de avaliar os impactos e prever
riscos.
2.2. GESTÃO DE IDEIAS
Em um processo estruturado, a gestão de
ideias é essencial, afinal uma ideia pode prover
uma oportunidade, como também uma
oportunidade pode gerar um momento para
uma ideia, como define Koen et al. (2001).
Durante o FEI, a fase inicial da inovação, uma
oportunidade é considerada pela primeira vez
e uma ideia é julgada pronta para o
desenvolvimento (KIM; WILEMON, 2002).
Björk, Boccardelli e Magnusson (2010)
defendem o incentivo à produção de ideias e
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
123
uma gestão voltada à inovação para fomentar o
potencial de criação e o destaque da
organização. Mas para o avanço posterior ao
FEI, as atividades de identificação, criação,
enriquecimento,
compartilhamento,
armazenamento, avaliação e seleção de ideias
estruturam um subprocesso de Gestão de
Ideias (TEZA et al., 2015).
Para Sandström e Björk (2010) esse
subprocesso
é
definido
como
um
encadeamento pelos quais indivíduos e
organizações geram ideias criativas e as
desenvolvem. Assim, o propósito de haver um
processo para conduzir as ideias até um
resultado,
especifica
um
fluxo
do
conhecimento, desde a ideia embrionária até
uma solução.
Portanto, a integração de muitos interessados
no processo contribui para o sucesso na
aquisição de conhecimento (RIEL; NEUMANN;
TICHKIEWITCH, 2013). Logo, a definição e
formulação de uma estratégia para a Gestão de
Ideias é significativa para que as organizações
alinhem explicitamente seus processos de
geração e seleção de ideias com suas
estratégias de inovação (KOCK; HEISING;
GEMÜNDEN, 2015).
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A partir do objetivo proposto, os procedimentos
da pesquisa baseiam-se na coleta de dados
secundários de bases científicas como scopus
e web of science. Como instrumentos técnicos
tem-se uma bibliometria que é definida por
Pritchard (1969) como sendo a aplicação de
métodos estatísticos e matemáticos na análise
de obras literárias.
refinamento; e (3) resultados prévios, conforme
descrição:
1.Campos de busca: A pesquisa foi realizada
na base SCOPUS, a maior base de dados
de resumo e citações de artigos científicos
(FALAGAS, 2008) e complementada com a
base Web of Science (WoS). Foram
considerados os campos de busca de título,
resumo e palavras-chave do artigo. Os termos
estabelecidos para os campos são conceitos
chaves para “Sistemas de Suporte a Decisão
em Grupo”, estabelecendo a estratégia de
busca: “Group Decision Support System”, ou
“Group Support System”, obtendo 1535
registros na base SCOPUS e 490 registros na
base WoS.
Refinamento: A fim de reduzir a quantidade de
registros considerando a qualidade das fontes,
foi limitado o portfólio a apenas documentos
publicados em revistas e journal, obtendo,
então: 855 registros na base SCOPUS e 305 na
base WoS. Foram ainda refinados os registros
por idioma, limitando apenas às linguas inglês
e português, resultando em 819 registros na
base SCOPUS e 298 na base WoS. O portfólio
de 1117 registros foi então inserido no
gerenciador de bibliografias, que encontrou 14
registros duplicados na base SCOPUS. Entre
as bases também foram encontrados 167
registros duplicados, sendo então privilegiados
os registros da base SCOPUS, o que resultou
em: 805 registros da base SCOPUS e 131
registros da base WoS (Gráfico 1).
Resultados prévios: A pesquisa resultou em
936 registros publicados entre 1988 e 2015,
sendo, a média superior a 2001. Ao qual: 69
publicações foram realizadas entre 1988 e
2001; e 79 registros de 2001 a 2016 (Gráfico 1).
Para a realização desta bibliometria realizou-se
uma busca sistemática, ou seja, com passos
bem definidos os quais estão descritos a seguir
na estratégia de busca.
3.2 ESTRATÉGIA DE BUSCA
A partir dos objetivos e pergunta chave, foram
definidos como palavras de busca os termos
em inglês “Group Decision Support System”, ou
“Group Support System”, a sequência do
processo se dá por um refinamento que atenda
a a abordagem do tema e os objetivos
estabelecidos.
As definições das estratégias de busca foram
estabelecidas em (1) campos de busca; (2)
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
124
Gráfico 1 - Portfólio de busca e refinamento por base
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Os documentos do portfólio de busca foram
exportados para o software gerenciador de
bibliografias
EndNote®.
Em
seguida,
extraídos os dados para a análise
bibliométrica com uso dos softwares Science
of Science (Sci²), Gephi e Google Fusion
Tables.
4. RESULTADOS DA BIBLIOMETRIA
Os dados seguintes apresentam uma visão
geral da pesquisa relacionada aos “Sistemas
de Suporte à Decisão em Grupo”, a partir do
portfólio resultante com 936 registros. A
análise bibliométrica indica uma visão sobre o
tema, destaques e tendências das pesquisas.
Para isso, são analisados dados dos autores,
publicações e áreas relacionadas.
A
primeira
verificação
indica
a
multidisciplinaridade do tema por se
relacionar com mais de 20 áreas diferentes,
sendo as principais: Ciência da Computação
(460 registros);
Negócios, Gestão e
Contabilidade (431 registros); Ciências da
decisão (343 registros); Ciências Sociais
(260 registros) e Engenharia (116 registros).
Essas áreas representam mais de 85% do
total de publicações.
Além da multidisciplinaridade, a análise
mostra a propagação do tema pelos países
(Figura 1). O país com maior número de
publicações é os Estados Unidos com 454
registros dentro do portfólio. Em seguida
estão Reino Unido (46 registros), Hong Kong
(43 registros), Países Baixos (37 registros),
Canadá (36 registros), Austrália (35 registros),
Singapura (26 registros), China (23 registros)
e Finlândia (22 registros). O Brasil aparece em
29º com 3 registros, juntamente com Argélia,
Israel, Noruega, Polônia, Arábia Saudita,
Jordânia, Malásia e Tanzânia
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
125
Figura 1 - Mapa de publicações por país
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
A diversidade de mais de 50 países está
também refletida pelo número de afiliações.
São cerca de 160 diferentes instituições,
sendo as principais a University of Arizona,
The University of Georgia e Indiana University.
No portfólio, três instituições brasileiras são
identificadas: Universidade Federal do Rio de
Janeiro por (CARVALHO et al. 2011);
Universidade Federal de Pernambuco por
(SILVA; MORAIS; ALMEIDA, 2010).
Em um tema tão amplo e diversificado, alguns
autores se destacam pela quantidade de
registros publicados como Nunamaker, J.F.
(34 registros), Aiken, M. (28 registros), Dennis,
A.R. (24 registros), Vogel, D.R. (20 registros),
Wei, K.K. (15 registros) e Briggs, R.O. (13
registros). O Gráfico 2 demonstra os 10
principais autores, esses autores são
responsáveis por 23,9% do volume de
publicação.
Gráfico 2 - Autores em destaque por quantidade de artigos
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Considerando a quantidade de citações em
cada base, os registros com maior relevância
em quantidade de citações são apresentados
no Gráfico 3. A partir dessa análise é possível
identificar a literatura clássica, onde os
principais artigos foram publicados entre 1991
e 2010 (DESANCTIS; POOLE, 1994); (ALAVI,
1994);
(DENNIS;
KINNEY,
1998);
(CHIDAMBARAM, 1996); (SOSIK et al. 1997);
(MA, et al. 2010); (WALTHER, 1996); (ELLIS et
al.1991); (DESANCTIS et al. 1987); (ALAVI,
1994) e (ZIGURS; BUCKLAND, 1998).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
126
Gráfico 3 - Artigos mais citados por base
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Dentre os brasileiros, se destaca o artigo de
(SILVA et al., 2010) com cerca de 30 citações.
(CARVALHO et al., 2011) e (LEITE; REZENDE,
2010) possuem duas citações cada, segundo
dados da SCOPUS.
Além da literatura clássica, a fim de identificar
a atualidade do tema, foram selecionados os
artigos publicados a partir de 2011. Dentre
estes, a primeira análise apresenta os mais
citados por base de dados.
O Gráfico 4 destaca os seis artigos mais
citados na base WoS, sendo: (ACKERMANN;
EDEN, 2011); (ACKERMANN et al. 2011);
(SUN; TENG, 2012); (LUO et al. 2011); (KAR,
2015) E (TAVANA et al. 2013).
Gráfico 4 - Principais artigos da Web of Science por quantidade de citações
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Já na base SCOPUS (Gráfico 5), os artigos
mais citados são (TURBAN et al. 2011);
(ARNOTT; PERVAN, 2012); (FRENCH, 2011);
(SANTOS et al. 2011); (ZARGHAMI, 2011) E
(ACKERMANN et al. 2011).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
127
Gráfico 5 - Principais artigos da Scopus por quantidade de citações
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Na base WoS, são destacados os trabalhos
de Ackermann F., sendo que (Ackermann et
al., 2011) é encontrado também na base
SCOPUS entre os mais citados.
4.1 IDEIAS
A partir do portfólio completo, no software
gerenciador de bibliografia foram filtrados os
artigos que apresentam o termo “idea*”,
prefixo para temas relacionados a ideias.
Provenientes da base SCOPUS estão 111
artigos relacionados ao tema, enquanto a
WoS apresenta 37 documentos.
A fim de identificar a relação entre os temas
GDSS e ideias, a análise das tendências
considerou os artigos dos últimos 10 anos
(2006-2016). Assim, são identificados os
principais termos e tendências mais atuais. O
resultado é apresentado no Gráfico 6 que
destaca cada termo como uma cor e a
quantidade de vezes que foi citado em cada
ano em um gráfico empilhado. Desse modo, é
possível identificar a evolução nos últimos
anos sobre a relevância do tema e das
discussões.
Gráfico 6 - Principais tópicos por ano
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
128
Dentre esses anos, a discussão dos artigos
destaca o “conhecimento”, a “geração de
ideias”, “criatividade”, processos “cognitivos”
e as técnicas de “brainstorming” como
também
a
versão
“eletrônica
de
brainstorming”. Nos últimos anos há uma
preocupação com as “equipes” e em especial
as que seguem a tendência em relação as
tecnologias. Nessa área são identificados os
termos
“design”,
“comunicação”,
“informação”, “sistemas” e “comunicação
mediada por computador”.
Outros termos são “perda de produtividade” e
“performance”, o que se pode considerar
como foco das pesquisas sobre ideias nos
GDSS.
Um termo
em
particular
é
“anonimidade”,
sendo
abordado
frequentemente.
Identificados os principais tópicos, é possível
relacioná-los com outros temas periféricos
tratados. Para isso, a Figura 2 mostra uma
rede de temas destacados nos últimos cinco
anos. Essa análise omite o termo chave da
pesquisa “GDSS” e também o termo “Geração
de Ideias” pela grande quantidade de
ocorrências.
Figura 2 - Relações entre os tópicos
Fonte: elaborado pelos autores com base nos dados da pesquisa
A rede permite identificar os temas
periféricos, porém ligados a temas chaves
nos últimos anos. Nessas correlações, a
“criatividade” está associada a “equipes
virtuais”, “brainstorming”, “colaboração” e
diversas tecnologias que habilitam a
produção e criação de ideias.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca pelo entendimento do cenário atual
através da bibliometria permitiu constatações
como, através da análise do índice SJR
(Scientific Journal Rankings), que as
publicações selecionadas, advinham de
revistas consideradas relevantes. Constatouse também a multidisciplinaridade do tema
por relacionar-se com mais de 20 áreas
diferentes, sendo as principais: Ciência da
Computação,
Negócios,
Gestão
e
Contabilidade e Ciências da decisão.
Além da multidisciplinaridade a bibliometria
mostrou a propagação do tema pelos países,
no qual se destacou os Estados Unidos com o
maior número de publicações. A diversidade
dos países reflete também na diversidade de
instituições apresentadas, destacando-se a
University of Arizona com maior número de
publicações.
Constatou-se
também
o
destaque de alguns autores pela quantidade
de publicações, como Nunamaker, J.F. e
Aiken, M. Esses autores também possuem
documentos com maior número de citações.
Verificaram-se também quais autores que
discutem o tema “ideias” dentro dos GDSS,
Dennis, A. R. e Nunamaker, J. F. se destacam
por quantidade de publicações e ainda por
manter uma relação de cooperação. Outra
constatação importante foi a identificação dos
principais tópicos tratados pelos artigos, os
quais,
destacaram-se
tópicos
como
“conhecimento”,
“geração
de
ideias”,
“criatividade”,
processos
“cognitivos” ,“brainstorming” e nos últimos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
129
anos notou-se a tendência com o tópico
“equipes virtuais”.
outros autores
assunto.
No entanto, conclui-se que o assunto ainda é
pouco explorado no tema de ideias, apesar
de apresentar possibilidades. As discussões
permeiam em especial a criação de ideias e
técnicas como brainstorm são poucos os que
tratam das atividades de avaliação e seleção.
Por fim, como trabalhos futuros, sugerem-se a
exploração maior sobre o tema ideias dentro
de
Por isso, estre trabalho contribui com a teoria
de SSDG e a sua relação com “ideias”, dessa
maneira, torna-se fonte de consulta para
que
se
interessem
pelo
SSDG e principalmente como os SSDG
contribuem para as atividades de avaliação e
seleção.
Sugerem-se também estudos de caso e
estudos empíricos em organizações.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
132
Capítulo 12
Ionara Houry Heizer
Sven Schafers Delgado Thiago
Anastácio Madeira Patricia Carla de
Brito Neves Maria Auxiliadora Lage
Gilberto Braga Pereira
Resumo: Este estudo buscou identificar a implantação da metodologia Lean
Manufacturing na oficina de manutenção de equipamentos de transportes de uma
mineradora de grande porte, em Itabira/MG. A abordagem de pesquisa foi
qualitativa do tipo descritiva e quanto ao método realizou-se um estudo de caso. A
amostra foi a oficina de manutenção de equipamentos de transportes e os sujeitos
da pesquisa foram oito funcionários do setor. Os instrumentos de coleta de dados
foram baseados na entrevista semiestruturada, observação participante e pesquisa
documental. Tratou-se os dados via técnica de análise de conteúdo. Em resposta
ao objetivo geral, constatou-se que o Lean proporcionou a oficina pesquisada
maior desempenho, indicando resultados positivos na redução dos desperdícios e
retrabalho; melhoria do clima de trabalho; redução de falhas operacionais; maior
segurança e menor esforço para execução das atividades; padronização das
tarefas com ganhos em qualidade e confiabilidade; aplicação de métodos e as
ferramentas da qualidade na identificação de problemas e melhoria dos processos
de trabalho; organização e limpeza da área. Identificou-se uma redução de 23%
das atividades que não agregavam valor ao processo de trabalho e no transporte
desnecessário dos mantenedores levando a um aumento de 30% na produtividade
do setor em estudo.
Palavras chave: Ferramentas da Qualidade, Manutenção, Lean Manufacturing,
Metodologia Enxuta, Mineração.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
133
Segundo Liker (2005), para obtenção do fluxo
1. INTRODUÇÃO
Nas
organizações
contemporâneas,
a
flexibilidade no mix de produção e a rapidez
de resposta ao cliente tornaram-se fatoreschave para a sobrevivência da própria
organização, pois o mercado exige respostas
rápidas e eficiência no mix de produção.
Diante da concorrência acirrada, de
consumidores cada vez mais exigentes,
avanço tecnológico constante, recursos
naturais escassos e da busca por métodos e
modelos de gestão que se antecipem e/ou se
adaptem a essa dinâmica é que se justifica
este relevante trabalho, por apresentar um
sistema de produção enxuto em relação à
gestão tradicional. Este se propõe apresentar
os benefícios da implantação do Lean
Manufacturing para o processo de trabalho
em uma oficina de manutenção de
equipamentos de transportes (caminhões) de
uma mineradora de grande porte situada em
Itabira/MG.
No âmbito organizacional, este estudo é
relevante por apresentar um modelo eficiente
de produção enxuta na perspectiva de gestão
e sua aplicação em uma mineradora, sendo
que a abrangência não se restringe apenas a
esse segmento organizacional de mineração.
Já para a Engenharia de Produção este tema
é importante, pois aborda um sistema de
gestão da produção, baseado num sistema
de produção enxuta, que visa à eficiência por
meio da eliminação contínua de desperdícios.
2 O LEAN MANUFACTURING
Werkema (2011) define Lean Manufacturing
como uma iniciativa que elimina o
desperdício, excluindo o que não tem valor
para o cliente e aumentando a velocidade da
empresa, de forma a produzir cada vez mais
com menos recursos e aumentando a
qualidade dos processos produtivos.
Krajewski e Ritzman (2004), afirmam que o
sistema de produção enxuta conduz a
melhorias em qualidade e produtividade, o
que elimina os problemas de excesso de
retrabalho por meio da melhoria dos métodos
de trabalho, treinamento dos funcionários na
abordagem da qualidade, manutenção dos
estoques baixos, testes periódicos do sistema
para identificar problemas e busca na
qualidade dos fornecedores.
Lean é necessário à operação enxuta que é
um conjunto de atividades, livres de perdas e
que asseguram a qualidade de todo o
processo de atendimento aos clientes internos
ou externos.
Ou seja, é necessário eliminar
desperdícios, criando um conjunto
atividades livres de perdas, que pode
definida como qualquer atividade que
agrega valor ao fluxo produtivo.
os
de
ser
não
relevante conhecer as principais perdas
citadas por Liker (2005, p.47) dentro de um
processo
produtivo,
como:
(1)
superprodução; (2) espera; (3) transporte ou
transferência; (4) excesso de estoque; (5)
deslocamentos
desnecessários;
(6)
superprocessamento
ou
processamento
incorreto; e (7) defeitos.
Para Werkema (2011), o sistema Lean esta
relacionado à redução dos sete tipos de
desperdícios identificados por defeitos nos
produtos,
excesso
de
produção
de
mercadorias desnecessárias, estoques á
espera de processamento ou consumo,
processamento desnecessário, movimento
desnecessário (de pessoas), transporte
desnecessário (de mercadorias) e espera
(dos funcionários pelo equipamento de
processamento para finalizar o trabalho ou
por uma atividade anterior).
3. IMPLANTAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO
LEAN
MANUFACTURING
NAS
ORGANIZAÇÕES
Para Womack e Jones (2004) a implantação
da produção enxuta nas organizações elevou
a um novo padrão de desempenho, com
novas exigências de gestão, volume de
produção com uma qualidade adequada aos
produtos. A produção enxuta proporciona
processos mais eficientes nas organizações,
pois a partir de sua inserção há um foco maior
no capital intelectual humano e atendimento
eficaz em relação às exigências dos
consumidores com uma maior variedade de
produtos. Além disso, o Lean Manufacturing
promove o desenvolvimento de novas
oportunidades por parte da organização pela
adoção de novas tecnologias dentro de um
cenário crescente na internacionalização da
economia.
Segundo Carvalho (2010), a implantação do
Manufacturing
evolve
toda
a
Lean
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
134
organização, sendo necessário realizar um
estudo estratégico, uma preparação da alta
administração para realização do plano,
incluindo a equipe do projeto e o cronograma
de implantação. Já o acompanhamento e a
fiscalização devem ser feitos para que a
implantação do sistema seja eficaz.
para a implantação do Lean
Manufacturing faz-se necessário mudar a
Assim,
cultura da organização, de modo a alcançar a
solução de problemas, proporcionando mais
eficiência no processo produtivo com maior
qualidade aos produtos, além de incentivar o
desenvolvimento intelectual humano e criar
novas oportunidades.
Martins e Laugeni (2007) relatam que o Lean
Manufacturing é eficiente e necessário dentro
das empresas, podendo ser implantado e
segmentado em partes específicas da
organização pelo fato de desenvolver vários
sistemas de planejamento para sua produção
almejando uma melhoria contínua da gestão
da qualidade.
a
implantação
do
Lean
Manufacturing pode trazer melhorias no layout
Portanto,
eliminando perdas nos processos de
produção, e contribuindo com o aumento da
eficiência e da qualidade dos processos e
produtos organizacionais. Sua implantação
pode ser realizada em vários estilos de
organizações, agregando maior valor aos
clientes internos e externos.
Barreiro (2010), apresenta seis passos para
implementação do Lean Manufacturing, sendo
eles: (1) nomear um agente de mudança,
responsável pelo projeto; (2) apreender sobre
os métodos e ferramentas Lean; (3) constatar
uma alavanca para a mudança; (4) mapear
fluxo de valor; (5) escolher um fluxo
importante e visível, de modo a aumentar a
expectativa de todos em relação ao Lean
Manufacturing; (6) ampliar as ações de
melhoria alcançadas em outros problemas
inclusive.
O Lean Manufacturing é um conjunto de
atividade livres de desperdícios, para iniciar
as atividades enxutas é necessário, identificar
as atividades que agregam valor, das que não
agregam e, daquelas que apesar de não
agregar valor faz-se necessária. Com estas
técnicas é possível, aumentar a qualidade e
reduzir custos e perdas do processo. O Lean
Manufacturing consiste ainda na entrega do
produto ou serviço solicitado dentro do prazo
adequado e na quantidade solicitada.
Para Liker (2005), os métodos e ferramentas
do sistema são essenciais ao funcionamento
do Lean, mas são as pessoas, que
continuamente melhoram os seus processos
de trabalho, através da identificação de
problemas ocultos. E as ferramentas auxiliam
os funcionários a perfeiçoarem o processo de
trabalho.
As ferramentas e métodos utilizados no Lean
Manufacturing padronizam o trabalho, o fluxo
de material e o mapeamento de fluxo de valor.
Possibilitando a redução de tempo entre os
intervalos
de
cada
processo,
que
consequentemente, melhora o balanceamento
na linha de produção, reduzindo o lead time
das tarefas. Além de proporcionar um ganho
na qualidade, pois possibilita, identificar os
problemas que geram um aumento de tempo
no processo.
Outro método gerencial é o PDCA, que é
composto por quatro fases: planejamento,
execução, verificação e padronização. Tem
como objetivo gerenciar os processos de
forma rápida e transparente, trazendo
melhoria contínua e padronização das boas
práticas.
O 5S é uma sigla procedente de cinco
palavras de origem japonesa. E tem por
filosofia o aperfeiçoamento de todos os
fatores relacionados à melhoria contínua nas
organizações, além de manter o ambiente
agradável auxiliando na eliminação dos
defeitos e na redução dos acidentes do
trabalho.
Segundo Liker (2005), o Lean Manufacturing é
eficaz em sua execução, mas se não for bem
implementado gerará transtornos, pois é
estruturado por uma filosofia de eliminação de
perdas e mudanças de cultura organizacional,
se essas premissas básicas não forem
absorvidas
corretamente
pelos
colaboradores, a filosofia e o objetivo do
sistema não agregaram valor à organização
tornando assim um método ineficiente.
É possível afirmar, que o Lean Manufacturing
pode
ser
implantado
em
qualquer
organização, trazendo assim, contribuições
como flexibilidade e entrega de produtos no
prazo, balanceamento da linha de produção e
eliminação de perdas oriundas do processo
produtivo. Entretanto, é necessário atentar-se
para sua utilização, devido à complexidade e
a limitação ligada à flexibilidade da faixa de
produção, onde a oscilação de demanda
pode restringir a operacionalidade, além da
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
135
obrigatoriedade da mudança de cultura. As
partes envolvidas da organização devem
absorver a filosofia da eliminação de perdas e
da extinção do que não agregar valor, sendo
assim como consequência as organizações
terão maior eficiência no seu processo
produtivo.
4. METODOLOGIA
A estratégia de pesquisa utilizada nesse
estudo foi a qualitativa, e a pesquisa foi do
tipo descritiva. Como método utilizou-se o
estudo de caso.
O universo desta pesquisa foi a gerência de
manutenção de equipamentos de transportes
de uma mineradora de grande porte em
Itabira/MG, a amostra foi a oficina de
manutenção de equipamentos de transportes,
de caráter não probabilístico e definida pelo
critério de tipicidade.
Como instrumento para a coleta de dados
utilizou-se a entrevista semiestruturada, a
observação participante e a pesquisa
documental. Tendo utilizada a técnica de
observação participante.
Os dados desta pesquisa foram tratados de
forma qualitativa, utilizando a técnica de
análise de conteúdo. A unidade de análise foi
a oficina de manutenção de equipamentos
móveis de mina de uma gerência de
manutenção de transporte.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nas entrevistas foram aplicados o mesmo
roteiro à oito funcionários envolvidos na
implantação do Lean Manufacturing. Destes,
sete são do sexo masculino e um do sexo
feminino; dois ocupam o cargo de gerentes,
dois o cargo de Supervisor de Manutenção,
dois o cargo de técnicos, sendo técnico em
manutenção
e
em
planejamento
respectivamente e, dois ocupam o cargo de
mecânico. Quanto à escolaridade cinco
possuem superior completo e, seis dos
entrevistados possuem mais de sete anos na
empresa. Na apresentação dos dados foram
adotadas
as
siglas
referentes
aos
entrevistados: G1 e G2 para os gerentes; S1 e
S2, para os supervisores T1 e T2 para
designar os técnicos; M1 e M2 e para os
mecânicos.
5.1
FATORES
QUE
LEVARAM
À
IMPLANTAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING
De acordo com os entrevistados, os motivos
da oficina de manutenção de equipamentos
de transporte para implantar o Lean
Manufacturing, foram a necessidade de
produzir mais com menos recursos devido ao
orçamento cada vez mais enxuto; melhoria do
gerenciamento da rotina através do controle
visual, possibilitando que todos identificasse
as
etapas
das
atividades
e
as
responsabilidades de cada integrante da
equipe, propiciou a melhoria do ambiente
organizacional, eliminação das perdas
existentes no processo, simplificação do
processo operacional, o aperfeiçoamento do
desempenho por meio do Kaizen e a solução
de problemas.
A Figura 1 apresenta as atividades do setor
em dois grupos: atividades que agregam
valor e as que não agregam valor, fatores que
contribuem para implantação do Lean
Manufacturing na oficina pesquisada.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
136
Figura 1 – Estratificação das atividades que agregam valor das que não agregam valor
Fonte: elaborado pelos autores
De acordo com a Figura 1, verificou-se que
em 53% do tempo os colaboradores
executam atividades que não agregam valor,
como: espera, processamento excessivo e
movimentação desnecessária. Em 24% do
tempo realizam-se atividades que não
agregam valor, mas necessárias como:
organização, limpeza e reabastecimento dos
materiais. Já 22% do tempo destina-se a
atividades livres de perdas.
Pela análise documental e a observação
participante, verificou-se que os motivos que
levaram a oficina a implantar o Lean
Manufacturing, foram: o aumento da
produtividade,
melhoria
do
clima
organizacional, além de proporcionar um
controle totalmente visual, onde os fluxos
permitem a identificação dos desperdícios e
sua eliminação, motivando assim os
colaboradores a buscarem as melhorias para
os processos. Já para os entrevistados o Lean
Manufacturing traz melhoria de processos,
isto corrobora com a teoria apresentada por
Werkema (2011), que relata o Lean
Manufacturing é um método que busca
eliminar
desperdício
administrativos
e
produtivos.
Manufacturing na oficina propiciou o aumento
de índices operacionais, redução dos custos,
maior qualidade, menor tempo de entrega e
segurança das atividades, além de um
ambiente que proporciona aos colaboradores
a busca das soluções para eliminar as perdas
visualizando-as com facilidade. Por meio da
padronização foi possível manter os
resultados alcançados; e corrobora-los com o
conceito de de metodologia enxuta propostos
por Krajewski e Ritzman (2004).
Através das entrevistas aplicadas, da análise
dos
documentos
e
da
observação
participante, percebe-se que o Lean
Manufacturing foi um diferencial para a
oficina, pois agregou ao processo de
trabalho: maior produtividade, melhoria do
clima organizacional, controle totalmente
visual, bons índices operacionais, redução de
custos,
qualidade
e
segurança
das
atividades, além de criar um ambiente
propício aos colaboradores na busca de
soluções dos desperdícios, bem como manter
os resultados alcançados. Portanto, o Lean
Manufacturing se tornou um diferencial no
processo de trabalho do setor estudado.
Conforme os entrevistados e com análise
documental, a implantação do Lean
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
137
5.2
CARACTERÍSTICAS
DO
IMPLANTADO
EMPRESA
MANUFACTURING
LEAN
NA
Nas entrevistas, as características da
metodologia apontadas foram os treinamentos
dos líderes e envolvidos; estabilização do
Processo, estabelecimento das condições
normais da área, implementação da gestão
visual, da rota do líder e treinamento em
solução de problemas; trabalho padronizado,
reuniões com equipe de projeto e a busca do
aprendizado coletivo.
Os envolvidos na implantação têm suas
funções e papéis, que são fundamentais para
o processo de implantação, sendo o sponsor
responsável pela validação das entregas e
pela disponibilidade dos envolvidos; o
gerente de planejamento tem a função de
disponibilizar os recursos metodológicos para
o projeto, bem como a responsabilidade pelos
treinamentos e preparação da equipe para
absorver a filosofia Lean Manufacturing. Os
supervisores têm a função de executar as
atividades do cronograma de implantação e
de assegurar viabilidade do projeto. Já o
técnico de manutenção faz a interface entre a
equipe de projeto e de base, e o técnico em
planejamento nomeado como agente de
mudança do setor fomenta a equipe com
metodologia e executar as atividades
previstas no cronograma.
De acordo com os entrevistados, percebe-se
que a característica da implantação do Lean
Manufacturing na oficina de manutenção de
equipamentos de transporte foi treinar a
equipe na metodologia enxuta, estabelecendo
as condições de normalidade dos processos
e criação do mapa de fluxo de valor,
identificar as perdas e atividades que
agregam valor, levantar pontos de melhorias
através de medições e observações na área,
buscar sugestões para tratar os pontos de
melhorias com envolvimento de toda a
equipe, padronização após a estabilização do
processo e a implementação da gestão visual
com divulgação dos Kaizens (melhorias) e
percebe-se
os
líderes,
como peças
importantes
para
implantação
da
metodologia, através de incentivos e apoio
aos envolvidos. Percebe-se que o passo a
passo proposto foi diferente dos seis passos
sugeridos por Barreiro (2010).
Para a implantação do Lean Manufacturing no
setor foi necessário seguir as seguintes
etapas:
Implementar controles visuais para que a
equipe consiga visualizar a condição normal
versus anormal. Criação do trabalho
padronizado,
implementar
rotina
de
orientação operacional, além de implementar
sistemática de abastecimento de peças e
matérias e levantar os resultados obtidos
através do projeto.
Para os entrevistados, o controle em relação
às atividades de implantação do Lean
Manufacturing
ocorre
por
meio
de
cronograma
de
atividades
e
ações
compartilhadas entre a coordenação e as
pessoas do processo de trabalho, o
acompanhamento das ações é feito pela
coordenação, as ações são definidas e
realizadas em consenso entre os envolvidos,
sendo possível executar uma ação várias
vezes até o consenso de todos os envolvidos,
para acompanhamento do cronograma a
equipe de projeto reunia-se semanalmente
com o intuito de nivelar todos os envolvidos
no processo de implantação, na área de
trabalho o controle é feito por intermédio de
painéis de fácil entendimento, e assim,
estabelecendo a regra dos três segundos,
tendo o colaborador três segundos para
visualizar as anomalias no processo e
consequentemente eliminá-la.
Foi constatado via observação, que as
reuniões ocorrem semanalmente e os quadros
fixados na oficina tiveram a finalidade de
nivelar os envolvidos em qual passo está o
processo
de
implantação
do
Lean
Manufacturing. A sistemática de controle
relacionada ao Lean Manufacturing na oficina
indica que o controle da implantação é
realizado por intermédio de reuniões
semanais com equipe de trabalho, quinzenais
com o sponsor e via informes mensais, para
todos os envolvidos. Isto é semelhante ao que
Carvalho (2010 ) relata a importância do
acompanhamento e da fiscalização para a
metodologia enxuta.
5.3 FERRAMENTAS E MÉTODOS DA
QUALIDADE
UTILIZADOS
NO
LEAN
MANUFACTURING NA EMPRESA
Conforme entrevistados, as ferramentas e
métodos da qualidade utilizados no Lean
Manufacturing da oficina em estudo são:
brainstorming, mapa de fluxo de valor, 5
Porquês, Kaizen, diagrama de causa e efeito,
matriz de priorização, gráficos de Pareto,
5W2H e 5S. Os entrevistados relatam que as
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
138
ferramentas da qualidade são essenciais para
atingir os resultados na implantação da
metodologia enxuta.
Para Liker (2005), os métodos e ferramentas
do sistema são essenciais para o
funcionamento do enxuta, mas são as
pessoas que continuamente melhoram os
processos
de
trabalho,
através
da
identificação de problemas ocultos. E essas
ferramentas auxiliam os funcionários a
aperfeiçoarem seus processos de trabalho.
O Gráfico 1 apresenta as ferramentas da
qualidade mais utilizadas no setor. Os
entrevistados G1, T2 e M2, relataram que as
ferramentas da qualidade permitem maior
direcionamento e segurança quanto à
implantação do Lean Manufacturing.
Gráfico 1 – Ferramentas utilizadas na implantação do Lean Manufacturing
Fonte: elaborado pelos autores
Percebe-se ainda, conforme o Gráfico 1, que
a utilização das ferramentas da qualidade na
implantação do Lean Manufacturing no setor
pesquisado, que todos os entrevistados
apontaram o 5S como a ferramenta mais
utilizada, em segundo lugar sete funcionários
citaram o Kaizen e o Brainstorming, as
ferramentas 5 “Porquês”, mapa de fluxo de
valor encontram-se em terceiro lugar citadas
por seis entrevistados. Já o Diagrama de
Ishikawa, gráfico de Pareto e 5W2H foram
citadas por cinco entrevistados e a Matriz de
Priorização foi citada por quatro entrevistados.
Por meio da observação do pesquisador e da
análise documental confirma-se a utilização
das ferramentas da qualidade para suportar a
metodologia enxuta. A Figura 2 mostra o
diagrama de Ishikawa, utilizado no Lean
Manufacturing pela equipe de projeto do setor
pesquisado durante as reuniões semanais
para tratar de uma melhoria referente ao
excesso de movimentação dos mantenedores
na revisão de lubrificação dos equipamentos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
139
Figura 2 – Diagrama de Ishikawa utilizado no Lean Manufacturing
Fonte: elaborado pelos autores
Por meio da análise dos documentos e a
observação participante, afirma-se que a
metodologia Lean Manufacturing foi aplicada
na oficina em consonância à aplicação das
ferramentas da qualidade, sendo evidenciado
nos procedimentos operacionais do setor.
Também por meio dos procedimentos
operacionais do setor pode-se evidenciar a
utilização estruturada da metodologia PDCA.
5.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA
IMPLANTAÇÃO DO LEAN MANUFACTURING
NO PROCESSO DE TRABALHO
Na
percepção
dos
entrevistados,
a
implantação do Lean Manufacturing no setor
analisado
trouxe
algumas
vantagens
agregadas ao processo de trabalho.
Percebeu-se a evolução no serviço prestado,
principalmente na qualidade, redução dos
retrabalhos, ganhando maior assertividade
nas atividades, aumento da produtividade dos
executantes com maior segurança para
execução das tarefas, menos esforço para
realizar as atividades, melhoria do clima
organizacional e a estabilização do processo
de trabalho com um ganho significativo na
organização e na limpeza do setor estudado.
Corroborando com as entrevistas Martins e
Laugeni (2007), relatam que o Lean
Manufacturing é eficiente e necessário dentro
das empresas pois permite desenvolver vários
sistemas de planejamento para a produção
com um foco na melhoria contínua.
O Gráfico 2 apresenta o grau de satisfação
em relação ao ambiente de trabalho antes e
no
desenvolvimento
do
projeto
de
implantação do Lean Manufacturing.
Gráfico 2 – Pesquisa de satisfação dos colaboradores antes e durante o projeto
Fonte: elaborado pelos autores
Nas entrevistadas, as desvantagens foram
identificadas como: processo de implantação
lento e com dependência da alta
administração, devido à mudança de cultura e
aceitação dos envolvidos diretamente ligados
ao projeto. Corroborando com as entrevistas,
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
140
(2005), defende que o Lean
Manufacturing é eficaz em sua execução, mas
Liker
se não for bem implementado dentro da
organização gerará transtornos, pois o mesmo
é basicamente estruturado por uma filosofia
de eliminação de perdas e mudanças de
cultura organizacional, se essas premissas
básicas não forem absorvidas corretamente
pelos colaboradores a filosofia e o objetivo do
sistema não agregaram valor para a
organização tornando assim um método
ineficiente.
Na visão dos entrevistados, houve ganhos
com a implantação do Lean Manufacturing,
sendo que os ganhos com implantação estão
relacionados ao aumento da produtividade
em aproximadamente 30%, devido a redução
das atividades que não agregavam valores ao
processo,
consequentemente
os
equipamentos são liberados para a produção
no tempo programado, além de ganho na
qualidade do serviço, maior satisfação dos
executantes, área ordenada e maior
envolvimento dos envolvidos com o processo
de trabalho.
Corroborando
com
os
relatos
dos
entrevistados, a Figura 3 apresenta a
estratificação das atividades que agregam
valor das que não agregam valor, que foi
elaborado a partir de documentos pertinentes
ao setor pesquisado, visando detalhar a
atividades da aplicação no setor de
manutenção em caminhões fora de estrada.
Na Figura 3 verifica-se que houve uma
redução de 23% das atividades que não
agregavam valor para o processo de trabalho,
redução de 4% nas movimentações dos
mantenedores, de 17% nas atividades onde
os executantes ficavam esperando e 2% no
transporte desnecessário dos mantenedores.
Ainda sintetizando os dados apresentados
neste item, é possível reconhecer que a
aplicação do Lean Manufacturing trouxe maior
desempenho ao setor em estudo, indicando
resultados positivos com relação à redução
de desperdícios e melhoria do clima, que há
alguns
anos
apresentava
resultados
insatisfatórios.
Figura 3 – Comparativo de atividades pré e pós implantação
Fonte: elaborado pelos autores
Enfim verificou-se uma evolução na prestação
dos serviços oferecidos pela oficina
pesquisada, com a implantação do Lean
Manufacturing em seu processo de trabalho
percebe que o índice de retrabalho diminuiu
significativamente, além de aumentar a
produtividade e proporcionar um ambiente
mais
seguro.
Em
contrapartida,
as
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
141
desvantagens da implantação ocorreram
devido ao processo lento de implantação e
com
grande
dependência
da
alta
administração, as vantagens da implantação
do Lean no setor estudado podem ser
definidas pelas etapas de: condição normal
(5S), trabalho padronizado, rotina operacional,
implantação sistemática de abastecimento,
verificação dos resultados. Através das
etapas foi possível verificar que a aplicação
do Lean Manufacturing trouxe maior
desempenho e redução dos desperdícios,
além de obtenção de vantagens agregadas
ao processo de implantação como: melhora
do clima e redução de acidentes.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação do Lean Manufacturing destacase devido a necessidade das organizações
de eliminar as perdas do processo, retirando
os
tempos
improdutivos.
Com
essa
metodologia é possível que o cliente obtenha
o produto em menor tempo, sem custos
adicionais pelos tempos de ineficiência do
processo de forma a aumentar a qualidade
dos produtos e serviços, disponibilizando a
quantidade certa no tempo certo.
Em resposta ao objetivo geral e ao problema
de pesquisa desse estudo, identificou-se os
ganhos com a implantação do Lean
Manufacturing para o processo de trabalho
em uma oficina de manutenção de
equipamentos transportes de uma mineradora
de grande porte em Itabira/MG, constatou-se
que o sistema Lean proporcionou maior
desempenho do setor estudado, indicando
resultados positivos em relação à redução
dos desperdícios e retrabalho; melhoria do
clima de trabalho, redução de falhas
operacionais; maior segurança e menor
esforço para execução das atividades;
padronização das tarefas com ganhos em
qualidade e confiabilidade no processo;
aplicação de métodos e ferramentas da
qualidade na identificação de problemas e
melhoria dos processos de trabalho;
organização e limpeza da área. Tendo em sua
característica os treinamentos da equipe do
Lean, onde foram absorvidos conhecimentos
em relação a estabilização do processo, por
meio da condição normal x anormal e sobre a
importância da criação do mapa de fluxo de
valor. O controle das ações de implantação
da metodologia Lean no setor ficou sobre a
responsabilidade da coordenação da equipe.
Foi identificado uma redução de 23% das
atividades que não agregavam valor para o
processo de trabalho, relacionadas às
movimentações dos mantenedores, nas
atividades onde os executantes ficavam
esperando e no transporte desnecessário dos
mantenedores levando a um aumento de 30%
na produtividade do setor em estudo.
Como sugestão para futuras pesquisas sobre
o tema abordado, sugere-se a verificação de
como o Lean Manufacturing pode ser
empregada em outros setores da empresa,
especialmente em grandes projetos como as
obras de adequação das usinas de
beneficiamento de minério, bem como o papel
da liderança na condução desta metodologia.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
142
Capítulo 13
Ernane Rosa Martins
Solange da Silva
Resumo: Nas últimas décadas, na nova economia, com a ascensão da nova
competição, a cooperação entre organizações assume grande importância devido
à dificuldade das empresas em atender às exigências competitivas isoladamente.
Este trabalho apresenta o mapeamento de uma Rede de Cooperação Empresarial
de imobiliárias existente no Estado de Goiás, visando identificar os ganhos
competitivos obtidos. A metodologia usada foi a de estudo de caso com ênfase
qualitativa. Os resultados revelaram que os ganhos existentes na rede estudada
foram: maior poder de mercado, geração de soluções coletivas, redução de custos
e riscos, acúmulo de capital social, aprendizagem coletiva e inovação
colaborativa. Além disso, a pesquisa constatou que essa rede requer melhorias nos
instrumentos organizacionais internos e não utiliza ainda todas as vantagens
competitivas e interações disponíveis para uma Rede de Cooperação.
Palavras
chave:
Rede
de
cooperação
empresarial,
interorganizacionais, Ganhos competitivos.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
Gestão,
Relações
143
1. INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, na nova economia, com
a ascensão da nova competição, a
cooperação entre organizações assume
grande importância devido à dificuldade das
empresas em atender às exigências
competitivas isoladamente. É uma tendência
irreversível do século XXI.
Balestrin e Verschoore (2008) apresentam
relatos de criação e desenvolvimento de
várias redes no Brasil, no RS e no mundo. Seu
livro é baseado em décadas de experiências
e pesquisas neste tema.
A cooperação emerge visando ganhos
competitivos. As empresas, quando operam
em conjunto, visam obter algo por meio dessa
união. O interesse comum dos membros de
um grupo pela obtenção de um benefício
coletivo nem sempre é suficiente para levar
cada um deles a contribuir para a obtenção
desse benefício (OLSON, 1999). Sendo assim,
o objetivo deste trabalho é identificar e
analisar quais são os ganhos competitivos
obtidos em uma RCE de Imobiliárias do
Estado de Goiás.
A contribuição desta pesquisa se dá em
realizar um diagnóstico de uma RCE existente
em Goiás, apresentando para a mesma os
resultados e os indicadores avaliados,
juntamente com as análises e mensurações
sobre os desempenhos e alternativas de
suporte
sugeridas,
podendo
trazer
qualificação para a coletividade empresarial.
Além disso, tais análises poderão ter impacto
para o Estado de Goiás, visto que as
avaliações constantes e sistemáticas podem
melhorar o desempenho de uma RCE, pois
são sugeridas melhorias para a rede
pesquisada. Espera-se estimular a formação
de novas redes no Estado de Goiás ao
constatarem o sucesso das existentes.
Assim, com base no exposto, este artigo está
estruturado em cinco seções. Nesta presente
seção apresenta-se além da introdução, a
definição da problemática de pesquisa, o
objetivo, a justificativa e importância do
estudo e a estrutura da presente pesquisa. A
seção 2 traz o referencial teórico, com a
formação de uma base conceitual e teórica,
que
fornecem
subsídios
para
o
desenvolvimento da pesquisa. Na seção 3
são apresentados o método empregado e as
técnicas e procedimentos metodológicos
utilizados para a realização do estudo. A
seção 4 traz as analises e discussões dos
resultados obtidos na pesquisa. Por fim, na
seção 5 são apresentadas as considerações
finais e sugestões de melhorias para a RCE
estudada.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
As ações coletivas promovem a colaboração
entre clientes, fornecedores e concorrentes
para uma posição superior no mercado, além
de promover mecanismos de aprendizado
mútuo, coespecialidade, escala e aumento
dos ganhos individuais das empresas
(BALESTRIN, VERSCHOORE E PERUCIA,
2014).
De acordo com Balestrin e Verschoore (2014,
p.529),
“A ideia de rede como uma nova organização
está
assentada
em
uma
identidade
organizacional coletiva compartilhada pelos
seus membros, que emerge de uma relação
contínua focada na geração de vantagens
competitivas frente a outras organizações
externas à rede”.
O artigo de Mello e Jesus (2009) aborda as
redes
interorganizacionais
sob
uma
abordagem de estratégia organizacional.
Descreve a parte teórica bem embasada para
estudo e conclui que, sob a ótica de diversas
perspectivas, a relação entre estratégia e a
formação de redes interorganizacionais é
estreita e pode ser considerada uma
vantagem competitiva. Tal assertiva vale
perante aquelas organizações que ainda têm
uma visão mais individual do que cooperativa.
O autor Zaccarelli (1995) discute sobre a
vantagem
competitiva
nas
empresas,
esclarecendo como tirar proveito junto a
consumidores e clientes. O trabalho trata da
vantagem competitiva apresentada por
Michael Porter em seu livro Estratégias
Competitivas (1986). Na conclusão de seu
estudo, Zaccarelli afirma: “O impacto das
novas ideias sobre competitividade mexe com
quase tudo porque obriga a visões
radicalmente novas dos problemas existentes
nas empresas”.
Balestrin et al. (2005) estuda a Associação
Gaúcha de Indústrias do Vestuário (AGIVEST),
localizada na Região Sul do Brasil. Seu
trabalho de pesquisa parte da sistematização
entre os elementos conceituais, os autores, os
objetivos e as variáveis correspondentes.
Espaços de interação são apresentados para
a análise da eficiência coletiva pela ação em
rede. O objetivo do trabalho é compreender
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
144
como ocorre a dinâmica de criação de
conhecimento interorganizacional em uma
rede cooperação entre pequenas e médias
empresas (PME). O resultado revelou uma
interação
social
proporcionada
pela
configuração da rede que teve uma influência
positiva. Surgiram espaços de conhecimento
de criação que antes não existiam nos
contextos individualizados.
Sato (2002) discute a tomada de decisão
relevante em relação à localização geográfica
da empresa. Ele apresenta variáveis que
determinam a decisão sobre onde instalar o
aglomerado, descrevendo as barreiras
impostas como transporte, logística, custos de
mão de obra, custos de distribuição, custos
de instalação e taxas de câmbio. O trabalho
concluiu que as empresas estão escolhendo
os locais de instalação usando teorias
tradicionais de decisão e deixando de lado
teorias mais inovadoras com informações
especializadas.
Balestrin e Arbage (2007) analisam dois
casos: a Tecnópole do Futuroscope,
localizada na Região de Poitiers, na França, e
a rede AGIVEST, localizada na Região Sul do
Brasil. O trabalho utiliza a metodologia de
entrevistas para estudo dos casos e
demonstra que há uma facilidade no
compartilhamento de conhecimentos entre as
empresas, uma vez que a estrutura física
criada
favorece
esse
aprendizado
organizacional. A atuação do poder público
na governança institucional levou a um
cenário de complementaridade. Concluiu que
mesmo em contextos institucionais diferentes
existe a contribuição na dinâmica de
interação entre as empresas participantes.
Barbosa, Sacomano e Porto (2007) tratam da
Metodologia de Análise Competitiva e
Tecnológica (MACT), com objetivo de
proporcionar condições de estudo para a
competitividade
nos
investimentos
tecnológicos. As pressuposições abordadas
são 4: a) a compreensão dos mecanismos
que
regulam
a
competitividade
organizacional; b) a consideração de que a
competitividade é um estado dinâmico,
exigindo entendimento e monitoramento de
variáveis
e
atributos
ligados
ao
comportamento
mercadológico,
à
organização dos sistemas empresariais
isolados e interfirmas, às práticas de
excelências (bestpractices) e às tecnologias
associadas; c) o desenvolvimento de uma
metodologia para tratamento das principais
variáveis
ligadas
à
competitividade
empresarial e interfirmas; d) a aplicação da
referida metodologia em uma rede interfirmas
do setor citrícola como forma de validação e
ilustração prática. Concluíram que a gestão
competitiva e tecnológica tende a equilibrar a
distribuição de poder nas redes, diminuindo a
tensão nos relacionamentos e prevenindo,
conseqüentemente, a ocorrência de eventos
conflituosos entre os atores. As relações de
colaboração interfirmas em prol de vantagens
e
benefícios
se
estabelecem
no
compartilhamento de informações.
Souza e Teixeira (2007), em seu artigo “O
papel da capacitação e da inovação na
consolidação de redes de cooperação
interempresariais”, estudam a capacitação e a
inovação na consolidação de uma rede
cooperação
interempresarial.
Eles
entrevistaram 8 redes de cooperação, sendo
duas lojas de materiais de construção, 3
produtoras de flores e 3 indústrias de
vestuário. Verificaram que a maioria das redes
já
havia
realizado
treinamentos
de
capacitação gerencial, algumas incentivadas
pela Secretaria do Desenvolvimento e dos
Assuntos Internacionais (SEDAI) do Governo
Estadual do Rio Grande do Sul. Concluíram
que os aspectos de maior relação com a
consolidação das redes foram a existência de
inovações gerenciais e a presença de
práticas de aprendizagem coletiva. Por outro
lado, o nível de capacitação, tanto de
empregados quanto de empresários, não
pareceu
estar
relacionado
com
a
consolidação das redes estudadas.
Paim (2007) estuda um caso de formação de
uma Rede Metrológica no Rio Grande do Sul,
com objetivo de verificar o processo de
conhecimento no contexto das redes de
cooperação. Aspectos levados em conta para
disseminação do conhecimento da Rede
informados pelos funcionários foram, dentre
outros,
ambiente
aberto,
não
haver
concorrência entre eles, existência de comitês
dos quais os membros participam. Os
aspectos que dificultaram o processo de
conhecimento nessa Rede foram os
seguintes: o conhecimento pode ser
predominantemente tácito, pouco tempo e
número reduzido de pessoas para realização
de treinamentos.
Adami e Verschoore (2014) abordam a
confiança
em
relacionamentos
interorganizacionais e introduzem um modelo
conceitual tríade, a partir de uma profunda
revisão da literatura. Concluem que, pelo
modelo proposto integrativo, a confiança
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
145
interorganizacional em díades tem um papel
importante na construção e manutenção de
parcerias. Partindo para tríades, a confiança
pode ser ampliada, podendo potencializar ou
reduzir os benefícios das propriedades de
equilíbrio/desequilíbrio e das propriedades
estruturais.
Cândido e Abreu (2000) apresentam um
estudo sobre Teoria das Organizações,
chegando até a Teoria das Redes. Diversas
formas de interação são regularizadas entre
os diversos atores envolvidos. Com isso, cada
rede terá um tipo, baseado nessa fluidez,
complementariedade e interdependência.
Ambiente externo e ambiente interno,
diversidade, entidades individuais - tudo
influenciará na formação e determinação do
tipo de rede a ser formada. Os autores
mostram
várias
funções
e
práticas
administrativas para empresas atuarem em
redes: Marketing, Treinamento, Recurso,
Pesquisa e Desenvolvimento. A questão da
competitividade também é tratada no estudo.
Magalhães et al. (2009) fazem uma
investigação sobre o tema união de empresas
em redes de cooperação, como estratégia
para enfrentar o aumento da competição.
Realizaram entrevistas com duas empresas
de joint venture capital. Como resultado,
apontam que a adesão de uma empresa a
este tipo de rede se dá em função do custo
de capital e, posteriormente, de melhorias em
processos produtivos, gestão e formação de
pessoas e financeiros. Também constataram
a aquisição de expertise e uma maior
aprendizagem sobre o processo de
governança.
Pacagnan
(2006)
analisa
alianças
estratégicas e redes colaborativas varejistas
com
dois
estudos
de
casos:
um
supermercado da cidade de Londrina, no
Paraná, diante da entrada de três grandes
supermercadistas na cidade e o outro na
cidade de Maringá, também no Paraná, diante
da chegada de home centers.
Seriam
grandes lojas departamentais que reúnem
todos os produtos de determinado segmento
localizadas em grandes centros. Concluíram
que quando as empresas se unem adquirem
maior competitividade e incorporam novas
competências. Há obstáculos difíceis, tais
como a perda da identidade e o nivelamento
de parte da concorrência setorial.
As
empresas necessitam estabelecer regras
claras para que uma empresa se filie com
distância mínima de forma que uma não
venha a competir entre si. Outro fator mais
importante para o sucesso desse tipo
disposição organizacional é a integração
metas e objetivos. Como dificuldade,
pesquisadores detectaram o desafio
dualidade entre a competição e
cooperação.
de
de
os
da
a
Cleps e Oliveira (2006) realizaram uma
pesquisa em redes de associativismo que
atuam no Triângulo Mineiro. Estudaram o setor
supermercadista em Uberlândia (MG),
fazendo um mapeamento geográfico com
redes de supermercado, tanto para algumas
cidades mineiras como para outras no Brasil.
Estudaram e compararam os casos Rede
Smart (Grupo Martins) e Rede Valor de
Supermercados (Grupo Peixoto). No trabalho,
foi demonstrada de forma minuciosa a
evolução de faturamento e participação
financeira das redes e associações de
supermercados no país. Após análise
estatística,
concluíram
que
frente
à
internacionalização econômica e aos novos
padrões de consumo, o setor de auto-serviço
tem passado por importantes transformações.
O associativismo, por proporcionar uma
redução nos custos das empresas e permitir
prática de preços menores para os clientes,
tem aumentado a sua importância no varejo
alimentar. A utilização de novas estratégias
comerciais e empresariais adotadas para
conquistar o mercado consumidor e fidelizálos tem contribuído para a estruturação das
empresas menores e despertado o interesse
dos grupos maiores, tornando-se uma
importante ferramenta de competitividade e
de sobrevivência de muitas empresas do
setor de distribuição.
Wegner et al. (2006) estudou 4 (quatro) redes
existentes no Estado do Rio Grande do Sul:
Núcleo Moveleiro de Santa Maria (NUMOVSM), Associação dos Fabricantes de
Estofados
e
Móveis
Complementares
(AFECOM), Rede CONSTRUIR e Rede AUTO
LEGAL. Como resultado mais significativo,
encontrou o objetivo de ganho de escala e
menores preços de compra aos seus
participantes. Em primeiro lugar como
resultado competitivo, foi o reconhecimento
da empresa no mercado. Os empresários
afirmaram que a visibilidade aumentou com a
participação na rede.
Não obstante, o
segundo lugar foi a melhoria na gestão
proporcionada pela entrada na rede.
Ferreira Jr e Teixeira (2007) estudaram a
tipologia
de
uma
rede
do
setor
supermercadista chamada Rede Econômica,
com sede em Limeira, SP, de acordo com a
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
146
tipologia de redes proposta por Hoffmann et
al. (2004). Essa tipologia tem quatro
indicadores: direcionalidade, localização,
formalização e poder.
Como conclusão,
observaram que a principal vantagem dessa
rede estava ligada à questão do marketing.
As ações em conjunto, como negociação
direta, produtos de marca própria, criação de
cartão da Rede, ações de marketing
promocional como tabloides, também foram
destacadas.
Algumas
dificuldades
percebidas foram a conciliação dos
interesses coletivos com os interesses
individuais.
Gerolamo et al. (2008) analisa as redes de
cooperação de pequenas e médias empresas
na Alemanha e verifica a possiblidade de
adaptação para a realidade brasileira no que
se refere à APL. A análise da região de
Berlim-Brandembugo
sugeriu
lições
interessantes para clusters serem utilizadas
na base tecnológica do Brasil. Concluíram
que há necessidade de haver integração
entre agências regionais, centros de
pesquisa, universidades, escolas técnicas,
pequenas, médias e grandes empresas,
instituições de crédito e outros tipos de
stakeholders locais. Este último termo diz
respeito a um interveniente que legitima as
ações de uma organização e que tem um
papel direto ou indireto na gestão e resultados
dessa mesma organização.
Evidências encontradas na literatura sugerem
que, para se consolidarem, as redes
necessitam reter os seus associados e,
preferencialmente, captar novos para atingir
maior porte e permitir novos ganhos para seus
participantes, o que pode ser facilitado se a
rede for capaz de criar recursos únicos, isto é,
recursos que as empresas não consigam
acessar fora da rede (ALBERS; SCHWEIGER;
GIBB, 2013).
Para Balestrin e Verschoore (2008), existem
seis ganhos competitivos que facilitam o
entendimento sobre os resultados das redes
de cooperação, advindos da relação que os
associados podem ter, tais como: maior
escala e poder de mercado; geração de
soluções coletivas; redução de custos e
riscos;
acúmulo
de
aprendizagem
coletiva
colaborativa por meio
cooperação.
capital
social;
e
inovação
de redes de
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia adotada no presente trabalho é
a de estudo de caso, pois, segundo Miguel et
al. (2012), esta técnica permite conhecer de
maneira aprofundada um fenômeno. Ela
também possibilita testar e fundamentar
novas teorias.
Esta pesquisa teve uma ênfase qualitativa,
pois esse tipo de abordagem tem recebido
interesse crescente no campo das ciências
sociais pela capacidade de tornar possível a
compreensão da complexidade das ações e
interações sociais a partir dos significados
que os próprios protagonistas lhes atribuem
(MARSHALL; ROSSMAN, 1999).
A rede estudada neste trabalho foi escolhida
por estar atuando no Estado de Goiás há mais
de cinco anos e por estar registrada e
formalizada na Junta Comercial do Estado de
Goiás. Adotou-se a aplicação da técnica de
entrevista estruturada, na qual foi elaborado
um roteiro de perguntas por um entrevistador
a um entrevistado (MARTINS; MELLO;
TURRIONI, 2014). Os dados foram obtidos
por meio de entrevistas, aplicadas a 5
associados da rede, sendo uma o presidente
em exercício na data da entrevista e as outras
4 com associados.
Para iniciar a coleta de dados, foram
solicitadas reuniões através de contatos
telefônicos com administradores/gestores,
para explicar a natureza da pesquisa e,
especificamente, identificar a natureza da
rede. Após estes contatos, foram agendados
encontros
para
as
entrevistas,
que
efetivamente
ocorreram
com
os
administradores/gestores
e
quatro
associados.
Os
entrevistados
das
RCEs
estão
apresentados na Tabela 1, e são identificados
com a letra E.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
147
Tabela 1 – Entrevistados
Código
Função
E1
Presidente
E2
Associado
E3
Associado
E4
Associado
E5
Associado
Fonte: Elaborado pelos Autores
A entrevista teve o formato individual e não
coletivo. Foi observado o aspecto descrição,
e cada entrevistado ouvia do pesquisador a
respeito do sigilo a ser preservado. Algumas
entrevistas ocorreram no mesmo dia e outras
em momentos diferentes. Elas foram
registradas
com
gravador
mediante
autorização prévia e verbal dos entrevistados.
Posteriormente, elas foram transcritas.
O questionário das entrevistas utilizado
contou com quarenta e sete perguntas. Este
instrumento foi elaborado pela UNISINOS, de
Porto Alegre, pelo Programa de Mestrado
Profissional em Gestão e Negócio, e conforme
as pesquisas desta Universidade, em parceria
com a PUCGO, foi autorizada sua utilização.
Conforme este questionário, as respostas
foram tratadas minuciosamente em relação a
quatro aspectos: Estratégia,
Estrutura,
Processo e Resultado.
Os tópicos que compõem as partes do
Questionário podem ser descritos da seguinte
forma:
a) A Estratégia na rede de cooperação
permite a identificação e sua caracterização
como forma de organização. Analisa se a
rede possui um planejamento estratégico
criado em um processo do qual todos os
associados tenham participado.
Esse
planejamento tem metas conhecidas por
todos (indicadores de desempenho), e mostra
se os associados estão alinhados;
b) A Estrutura da rede tem instrumentos
contratuais, os quais são disseminados entre
os associados, permitindo que estes
promovam alterações através de equipes,
reuniões e conselhos. A composição dos
conselhos e líderes busca novos mecanismos
de gestão, compartilhando e articulando-se
na dimensão de todos os associados ou de
forma individual. Os líderes assumem uma
postura de buscar a participação de todos;
c) O Processo diz respeito às rotinas internas
e externas é de conhecimento de todos os
associados. São questionados: se as rotinas
de marketing são utilizadas visando uma
melhoria na cadeia de valor; se há
relacionamentos externos em busca de
práticas para divulgação da marca; se a
marca da rede é perceptível para cada
associado,
tendo
esse
associado
o
conhecimento das ações em andamento e por
quais canais de comunicação interna; se
existem veículos de comunicação informal ou
formal; se o processo administrativo-financeiro
da rede está sendo utilizado com ferramentas
de gestão;
d)
Resultado
trata-se
dos
ganhos
proporcionados aos associados, no aspecto
do seu estabelecimento como também no
aspecto qualidade de vida. É questionado se:
houve melhores negociações; conseguiram
melhores fornecedores (pois nesse caso o
associado poderia ter redução de custos);
tiveram acesso a novas linhas de crédito;
aumentaram seu poder de barganha nas
instituições financeiras e creditícias; o
associado melhorou sua qualidade de vida.
A análise de conteúdo foi utilizada como
estratégia de analise dos dados da pesquisa.
Segundo Trivinos (1987), a análise de
conteúdo é considerada um “conjunto de
técnicas” que envolve a classificação dos
conceitos, a codificação dos mesmos e a
categorização.
A análise de conteúdo contemplou três fases:
pré-análise, exploração do material e
tratamento dos resultados. Na pré-análise, o
material coletado foi organizado, e se
estabelece um esquema de trabalho preciso,
com procedimentos bem definidos. A fase de
exploração
do
material
envolveu
procedimentos
como
codificação,
classificação e categorização do material
coletado. A fase de tratamento dos resultados
envolveu a reflexão e a intuição, com
embasamentos empíricos, estabelecendo
relações e aprofundando as conexões entre
as ideias constatadas (TRIVINOS, 1987).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
148
4. RESULTADOS
A RCE é uma rede Imobiliária voltada para o
segmento de compra e venda de imóveis no
Estado de Goiás e está situada na cidade de
Goiânia.
4.2. RESPOSTAS DOS ENTREVISTADOS
4.1.
APRESENTAÇÃO,
CONTEXTO
E
Quanto aos objetivos da rede, foram relatados
pelos associados entrevistados:
A RCE foi criada em 2007, a partir de
conhecimento de algumas redes imobiliárias
existentes nos Estados Unidos e após visitas
técnicas a São Paulo, Campinas-SP e Belo
Horizonte com intuito de descobrir como
funciona esse tipo de parceria. Em seguida,
foi realizado um estudo de mercado para
avaliar os possíveis ganhos desta parceria,
levando um ano até a composição dessa
parceria com os associados interessados.
“Objetivo ter o maior numero de negócios
possíveis e maiores benefícios para empresas
associadas. Os objetivos são de longo prazo”
(E1).
HISTÓRICO
Em principio o objetivo principal da rede era
integrar o banco de dados dos imóveis e
viabilizar a expansão do mercado do CentroOeste. Atualmente a RCE possui os seguintes
objetivos segundo o próprio site da rede:
Compartilhar um vasto e atualizado banco de
imóveis para aluguel e revenda, prestando um
serviço qualificado e gerando excelentes
oportunidades
de
negócios
para
compradores e locatários; Cadastrar somente
imóveis de procedência confiável, com prévia
e rigorosa análise da documentação; Criar
estratégias para uma ampla exposição dos
imóveis ofertados; Ser referência no mercado
imobiliário como o mais completo banco de
imóveis de Goiás, firmando mais parcerias
para ampliar sua atuação em outras regiões
do país e exterior.
A rede conta com 12 imobiliárias associadas.
Possuindo site ativo, com seções de
informações sobre a rede, com o modelo de
comunicação “fale conosco” e todas as
informações que o cliente necessita para
fazer a busca do imóvel desejado.
O Estado de Goiás está em desenvolvimento
constante, segundo estudos do Instituto
Mauro Borges (IMB), órgão ligado à
Secretaria de Planejamento do Estado de
Goiás. A capital goiana apresenta demanda
para ofertas na construção civil, segundo a
Associação das Empresas do Mercado
Imobiliário de Goiás (ADEMIGO). A cidade de
Goiânia apresenta um crescimento, pois
existe uma concentração de população jovem
que interfere no aumento da demanda pela
aquisição de imóveis.
Dentre as respostas dos cinco entrevistados,
foram escolhidas as mais indicativas
conforme os objetivos desta pesquisa,
evitando repetições.
“Não tem em longo prazo. À medida que vai
surgindo vai resolvendo. Prazo de dois ou 3
anos, desejamos que esteja bem fortalecida e
grande” (E2).
“Hoje para mim isso não está claro. Cada um
tem seu interesse individual” (E3).
Observa-se
discordância
quanto
aos
objetivos, o presidente afirma que existem
objetivos a logo prazo definidos, que são: ter
o maior número de negócios possíveis e
maiores
benefícios
para
empresas
associadas.
Já
os
associados
não
concordam. Um destaca que na medida em
que surgem novos objetivos são resolvidos e
outro ainda afirma que os objetivos são
individuais, e não da RCE como um todo.
Quanto ao envolvimento dos associados no
planejamento,
foram
relatados
pelos
associados entrevistados:
“Sim, há envolvimento
associados” (E1).
de
todos
os
“Temos cem por cento de participação nas
reuniões” (E4).
“Na minha ótica, participam cinquenta por
cento e os outros assistem” (E3).
Notou-se que todos relatam boa participação
dos associados nas reuniões, discordando
somente da quantidade dos participantes.
Quanto à estrutura da rede, foram relatados
pelos associados entrevistados:
“As decisões são tomadas de forma que
envolva todos os associados, e isso ocorre
nas reuniões” (E1).
“A decisão é tomada pelos encarregados e
depois levada a conhecimento dos restantes
e trabalhada” (E3).
“As
decisões
são
totalmente
descentralizadas. O presidente não pode
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
149
fazer nada sem o consenso dos associados
da rede” (E5).
Observando as respostas, as decisões
mostram ser descentralizadas, envolvendo
todos os associados.
Quanto à estrutura interna da rede, sendo que
o estatuto e outros instrumentos estão
disponíveis para os associados, existem
códigos (ética e manuais), foram relatados
pelos associados entrevistados:
“Sim, todos os associados tem acesso ao
estatuto” (E1).
“Sim, todos tem acesso ao estatuto. Existe um
código de ética” (E2).
“Montamos o código de ética, mas nunca
chegamos a aplicar. É muito importante
principalmente
para
regular
situações
conflitantes” (E4).
As entrevistas revelam que existem estatuto e
código de ética, e que todos tem acesso a
estes, porém nem sempre são aplicados.
Sobre as estruturas internas da Rede, quanto
à alternância para a formação de lideranças
da Rede, foram relatados pelos associados
entrevistados:
proporcionado pela rede para as empresas
associadas, se houve um ganho com
aprendizagem, se as relações comerciais
aumentaram as negociações, foram relatados
pelos associados entrevistados:
“Ficou muito bom para as empresas o sistema
tecnológico. Ganharam muito, a relação entre
diretores e gerentes não tem concorrência. Os
empreendimentos fazem juntos, integrados.
Novos imóveis, quando são captados, podem
ser comercializados por todas.” (E1).
“Houve ganho, mais clientes. Melhorou a
parte dos sistemas. O sistema de banco de
dados entre as empresas melhorou em alguns
aspectos. Os sistemas são iguais para todas
as imobiliárias. Tudo on line para auxiliar o
corretor, que quando capta o imóvel, cadastra
e todos terão acesso” (E4).
“Sim, muito. Melhorou no que se refere à
ferramenta de captação, mas em relação a
preços e prazos não” (E5).
As respostas evidenciaram que o sistema
informatizado integrado resultou em uma
melhoria
significativa
para
a
RCE,
possibilitando maior controle e acesso dos
associados aos imóveis captados.
“Sim, é feita eleição para a substituição dos
líderes” (E1).
Sobre a redução de custos e riscos para as
empresas, foram relatados pelos associados
entrevistados:
“Não temos essa preocupação. Acabam
jogando um para o outro. É permitida a
reeleição.” (E3).
“Isso é muito pessoal, eles não passam essa
informação, não posso dar certeza” (E1).
“Não temos preocupação com isso. Todos
têm condições, há simples troca de cadeiras.”
(E4).
As entrevistas mostraram que em relação à
alternância na formação de lideranças na
RCE, todos afirmam que ela acontece.
Quanto aos processos internos e as rotinas
utilizadas pela rede, foram relatados pelos
associados entrevistados:
“Sim, vamos criando de acordo com a
demanda. Não temos prática.” (E1).
“Não tem” (E3).
“Não tem essas rotinas definidas” (E4).
Evidenciou-se discordância em relação aos
processos internos e as rotinas utilizadas,
para o presidente estas não existem, mas vão
sendo criadas conforme a necessidade. Já
para os associados, simplesmente estas não
existem.
Questionados
sobre
o
resultado
“Sim, sistema interno, prestador de serviço
fotográfico. Agora fazemos cotizado” (E2).
“Sim, porque houve troca de experiências”
(E4).
Quanto às relações entre os associados da
rede, foram relatados pelos entrevistados:
“Sim, passaram a ter conversas particulares”
(E1).
“Sim, a concorrência existe, mas o respeito
aumentou bastante. Antigamente passava por
cima. Hoje penso: é meu concorrente, mas é
meu amigo. Podemos conversar” (E2).
“Muito, somos amigos” (E4).
Conforme as respostas percebe-se que há
boas relações entre os associados.
Quanto aos ganhos resultados (ganhos ou
benefícios) absorvidos pela empresa, foram
questionados
sobre
ampliação
do
faturamento, aumento da lucratividade,
ampliação do número de funcionários,
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
150
melhoria das instalações, credibilidade das
empresas associadas, foram relatados pelos
associados entrevistados:
“Não significativo, pouquíssima coisa. Em
função da rede, aumentou um funcionário.”
(E4).
“A rede teve um ganho institucional. Houve
ampliação do quadro de funcionários na
minha imobiliária, porém a rede não teve
influência.
Sim,
houve
melhoria
da
credibilidade das empresas, a rede fez a
diferença” (E1).
Um fator importante encontrado nas
entrevistas é que reconhecem o aumento da
credibilidade junto à comunidade em função
da rede.
“Houve aumento da lucratividade, ampliação
do número de funcionários, mas não pela
rede, e sim pelas estratégias do mercado.
Houve também aumento de credibilidade
junto à comunidade. O cliente chega e sabe
que coloca o imóvel em toda uma rede.” (E3).
4.3. RESULTADOS OBTIDOS
Segundo os ganhos competitivos citados
pelos autores Balestrin e Verschoore (2008),
foram identificados no estudo de caso os
seguintes resultados, apresentados na Tabela
2.
Tabela 2 – Resultados obtidos no estudo de caso
Maior poder de
mercado
Geração de soluções
coletivas
Redução de custos e
riscos
Acúmulo de capital
social
Aprendizagem coletiva
Inovação colaborativa
Os ganhos de escala e poder de mercado ocorreram quando os
associados participaram de um estudo de mercado para ter mais
sucesso, juntando suas forças para terem mais ofertas de compra
e venda de imóveis. Os clientes puderam ter maior poder de
negociação e melhoraram seus acordos. Apresentando potencial
para continuar crescendo no mercado e se fortalecendo.
A geração de soluções coletivas surgiu com a adoção de um banco
de dados único por todas as imobiliárias, criando um cadastro
único que permite um melhor atendimento aos clientes e favorece
os serviços de corretagem.
A redução de custos e riscos foi verificada com o aproveitamento em
conjunto da publicidade. Lançamento de um folder e utilização de
um mesmo fotógrafo para os imóveis. A publicidade e o marketing
empresarial são realizados em cada imobiliária pelo seu setor
responsável. Cada associado administra suas atividades de
publicidade e custos individualmente.
O acúmulo de capital social foi adquirido com o tempo, com a
potencialização da confiança, o respeito, a amizade, e das
relações sociais que extrapolaram o ambiente puramente
comercial.
Não foi identificado.
A inovação colaborativa surgiu com a criação de um site oficial.
Fonte: Elaborado pelos Autores
A Imobiliária tem uma estrutura horizontal,
estando dentro do conceito de Balestrin e
Verschoore (2008). Verificou-se que todas as
empresas associadas têm um status
renomado e reconhecido em Goiânia, muito
maior que o da organização de que
participam.
5. CONCLUSÕES
Este estudo teve como objetivo identificar e
analisar quais são os ganhos competitivos
obtidos de uma RCE de Imobiliária do Estado
de Goiás. O estudo limitou-se a analisar quais
são os ganhos obtidos nas empresas que
fazem parte da RCE estudada, o que implica
impossibilidade
de
generalização
dos
resultados.
As abordagens teóricas que serviram como
fundamentos para o desenvolvimento da
presente pesquisa, juntamente com as
constatações
empíricas
encontradas
trouxeram contribuições tanto para o contexto
acadêmico
quanto
para
o
contexto
empresarial. Do ponto de vista pragmático,
esta pesquisa pode trazer uma contribuição
útil para pessoas e organizações, que podem
contar com este estudo para tomar decisões e
empreender novas ações.
Observou-se que a participação dos
associados é muito grande nas assembleias.
A renovação dos sistemas informatizados foi
grande e significativa. As relações pessoais
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
151
mostram que, apesar de serem concorrentes,
não são consideradas rivais. O fato de terem
um gestor contratado para gerir todo o
sistema
da
rede,
inclusive
ações
administrativas, é positivo. Os cursos só
ocorrem dentro de cada imobiliária associada,
e não em conjunto, como em uma RCE.
Baseado no estudo bibliográfico utilizado
como referência e nas observações e
análises, sugerem-se melhorias na rede de
imobiliárias, tais como: Modelar uma forma de
comunicação entre os associados com
formato institucional e não informal; Realizar
mais ações em conjunto de marketing com
aproveitamento de mão de obra terceirizada
para serviços básicos; Adequar os pontos de
venda ao padrão de um leiaute próprio para a
rede poderia trazer bons resultados; Elaborar
instrumentos de tomada de decisão com
rotinas específicas que contribuiriam para
melhor gestão; Promover a integração entre
os empregados das empresas associadas;
Utilizar um modelo de busca de parceiros nos
municípios limítrofes da capital, visto que a
Imobiliária demonstra ter interesse em
aumentar o número de associados; Realizar
assembleias em locais apropriados e
estruturados para discussões entre os
associados, visando, futuramente, ampliar o
número
de
associados;
Instituir
contratualmente a forma de composição dos
membros do conselho.
Para continuidade desta pesquisa sugere-se:
A realização de novos estudos em outras
RCEs, abrangendo outros segmentos do
Estado de Goiás, visando complementar este
estudo apresentado.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
153
Capítulo 14
Kelly Carvalho Vieira
Cintia Loos Pinto
Jose Willer do Prado
Tamara Santiago Esmin
Daniel Carvalho de Rezende
Resumo: Com o aumento da adoção de práticas de consumo e formas de
produção mais sustentáveis, torna-se relevante analisar se os produtos sustentáveis
afetam as preferências dos consumidores. Com isso, o objetivo deste estudo foi
identificar se os consumidores de bebidas lácteas fermentadas adeririam ao apelo
de
sustentabilidade
proposto por embalagens pautadas pelo
Ecodesign,
mostrando-se dispostos a comprar este produto. Esta pesquisa se caracteriza
como sendo exploratória, quantitativa e com método survey. Os dados foram
coletados com 190 respondentes mediante escala Likert de 5 pontos e avaliados
com auxilio da análise de cluster, análise discriminante e teste t. Os resultados
obtidos evidenciaram a presença de dois grupos de consumidores distintos (1 não acreditam ser um agente de apoio e atuação no consumo sustentável; 2 acreditam ser um agente de apoio e atuação no consumo sustentável), no que
tange à percepção em relação a justiça percebida de preço, valor percebido pelo
ato da compra, intenção de compra e benefício percebido. Os resultados
mostraram-se positivos em relação às embalagens visto que a percepção do grupo
‘agente de apoio e atuação no consumo sustentável’ revela expectativa futura de
ação pró-ambiental.
Palavras-chave: Ecodesign, bebidas lácteas, sustentabilidade
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
154
1 INTRODUÇÃO
Percebe-se que as indústrias e os
consumidores estão despertando para a
adoção de práticas de consumo e formas de
produção mais sustentáveis (BARTH et al.,
2014). E, o papel das empresas vem sendo
o de introduzir novos processos produtivos e
consequentemente novos produtos que
possam agir positivamente na diminuição
dos impactos negativos gerados pela
economia (PINTO; VIEIRA; VAZ, 2014).
Na direção de uma produção mais
sustentável, as indústrias vêm adotando o
Ecodesign, definido por Karlsson e Luttropp
(2006) como um conceito que integra
aspectos multifacetados do design em
delineamento com as questões ambientais.
Esses produtos são concebidos com a
finalidade de suprir as necessidades dos
consumidores levando em consideração
uma diminuição dos impactos ambientais
decorrentes da produção e consumo
(PINTO; VIEIRA; VAZ, 2014).
Um produto que vai ao encontro desta
necessidade urgente de diminuição da
degradação ambiental e que pela sua
própria natureza de fabricação já atua
positivamente para a conservação da
natureza, são as bebidas lácteas. Produzida
a partir do soro de leite, um subproduto da
produção de queijos que, se despejado
diretamente no meio ambiente apresenta alto
potencial de contaminação. As bebidas
lácteas, em especial as bebidas lácteas
fermentadas, vem cada vez mais ganhando
mercado nas mesas dos brasileiros, devido
a semelhança das embalagens e sensorial
(textura, cor e sabor) ao produto
concorrente, o iogurte.
Porém, pouco se sabe sobre como os
produtos
sustentáveis
afetam
as
preferências dos consumidores (LUCHS et
al., 2010), trazendo como problema de
pesquisa a seguinte questão: o consumidor
tenderia
a
aderir
ao
apelo
de
sustentabilidade comunicado pelo produto
bebida láctea fermentada caso sua
embalagem fosse orientada por critérios
ecológicos? Ciente do fato de que analisar a
sociedade a partir de uma abordagem
orientada pelo consumo traz inúmeras
implicações para as ciências sociais e para
as políticas ambientais (PORTILHO, 2005).
O objetivo deste estudo é identificar se os
consumidores
de
bebidas
lácteas
fermentadas adeririam ao apelo de
sustentabilidade proposto por embalagens
pautadas pelo Ecodesign, mostrando-se
assim dispostos à compra deste produto.
Deste modo, a realização desse estudo se
justifica quanto à possibilidade de propiciar
informações não somente no que tange à
uma possível aceitação de embalagens que
objetivem minimizar o impacto ambiental
desta durante todo o seu ciclo de vida,
justificando- se também pela geração de
conhecimento de uma forma mais ampla ao
traçar nuances acerca do comportamento
sustentável do consumidor brasileiro.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 AS EMPRESAS, O CONSUMIDOR E O
ECODESIGN
COMO
ALTERNATIVA
SUSTENTÁVEL
Os padrões de consumo atuais são os
grandes causadores da crise ambiental que
se instalou nos últimos tempos. Concepções
negativas acerca de um futuro ambiental
harmonioso destacam a emergência de
medidas protetivas à natureza, objetivando
desta forma que graves consequências
futuras não impactem desastrosamente
sobre o bem estar (AKENJI, 2014).
Porém, apesar desta urgência de mudança
nas práticas de produção e consumo vários
indivíduos
expressam
uma
forte
preocupação com o meio ambiente, mas
admitem que esta preocupação não se
reverte
sempre
em
mudanças
comportamentais (CHO et al., 2013; PINTO;
VIEIRA; VAZ, 2014; AKENJI, 2014). Nesse
sentido, persuadir os consumidores a agir
de forma ambientalmente responsável é uma
tarefa desafiadora, já que o beneficiário do
comportamento socialmente responsável
não é sempre diretamente o próprio
consumidor, mas muitas vezes a sociedade
como um todo (KRONROD; GRISTEIN;
WATHIEU, 2012).
No
entanto,
é
inegável
que
a
conscientização ampliou-se e, um dos temas
discutidos nesse aspecto é o Ecodesign,
definido como resultado das ações que
objetivam desenvolver um produto que tenha
minorado o seu impacto ambiental por todo
o seu ciclo de vida (BRIZGA; MISHCHUK;
GOLUBOVSKA-ONISIMOVA, 2014).
Destaca também Bocks (2006) que o
mercado brasileiro, embora ainda incipiente,
é um campo bastante promissor para o
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
155
Ecodesign, gerando uma economia de
custos de produção atrativa e também uma
redução do impacto ambiental pela
diminuição na geração de resíduos.
Refletem deste modo Pinto, Vieira e Vaz
(2014) que aliar o EcoDesign ao
desenvolvimento de embalagens que sejam
ecoeficientes
torna-se
interessante
alternativa
para
se
contribuir
sustentavelmente para o meio ambiente.
2.2 O MERCADO DAS BEBIDAS LÁCTEAS
FERMENTADAS
A produção de leite no Brasil destaca-se
como uma das principais atividades
agropecuárias, sendo essa importância
exemplificada pela posição ocupada no
agronegócio, estando entre os principais
setores em geração de renda nacional e
arrecadação
tributária
(FERREIRA;
ABRANTES; PEREZ, 2008). E nesse contexto
as bebidas lácteas fermentadas tem
ganhado grande importância devido ao fato
de que permitem ao fabricante reduzir o
custo total dos ingredientes, uma vez que
utiliza soro de leite e ainda mantém uma
linha de produção semelhante ao iogurte.
O soro de leite é um subproduto líquido
resultante da produção de queijo, com
grande volume que não recebe tratamento
adequado, sendo ainda desperdiçado sob a
forma líquida em efluentes, gerando
prejuízos sociais, econômicos e ambientais.
Porém como pontua Oliveira (2006), pode
ser facilmente aproveitado, tendo em vista o
alto teor de nutrientes, além de ser uma
matéria prima com baixo custo, utilizando na
produção de ricota e de bebidas lácteas
fermentadas.
A bebida láctea fermentada é, de acordo
com a legislação, o produto lácteo resultante
da mistura do leite e soro de leite fermentado
mediante
ação
de
microrganismos
específicos (AGÊNCIA NACIONAL DE
VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Como
pontuam Abreu e
Gajo (2012), bebida láctea fermentada e
iogurte são produtos que possuem além de
características
sensoriais
semelhantes,
aspectos nutricionais também parecidos.
Assim, o desenvolvimento de uma bebida
láctea fermentada é uma alternativa bastante
inovadora para o aproveitamento do soro
pelas indústrias lácteas, sem a necessidade
de grandes investimentos ou de grandes
mudanças na rotina de fabricação. E ainda,
as indústrias diminuem o desperdício, a
poluição ambiental, gerando novos recursos
(THAMER; PENNA, 2006).
3 METODOLOGIA
Esta pesquisa se caracteriza como sendo
um estudo exploratório, enquadrando-se
quanto à forma em uma abordagem do tipo
quantitativa,
com
objetivo
descritivo,
utilizando o survey como forma de
delineamento. Para a etapa da coleta de
dados foi elaborado um questionário
estruturado baseado nas escalas adotadas e
propostas por Serpa (2006) e também por
Pinto,
Vieira e Vaz (2014), contextualizando cada
questão com a temática foco deste estudo
que é o produto bebida láctea.
Convém destacar que Serpa (2006) em sua
pesquisa
denominada
“Efeitos
da
responsabilidade social corporativa na
percepção do consumidor sobre preço e
valor: um estudo experimental”, realizou
adaptações/traduções
de
escalas
já
desenvolvidas anteriormente para medir os
construtos de justiça percebida de preço,
valor percebido pelo ato da compra,
intenção de compra e benefício percebido.
A escala utilizada em todo o conjunto de
questões foi a Likert de 5 pontos.
A coleta de dados deste estudo foi feita
entre os meses de novembro e dezembro do
ano de 2014, sendo que os questionários
foram aplicados presencialmente para 190
respondentes na cidade de Lavras, estado
de Minas Gerais. Cada indivíduo abordado
era questionado previamente se consumia
ou não bebida láctea fermentada pelo
menos duas vezes por mês e caso a
resposta fosse uma negativa este era
excluído da amostra.
Em relação a amostragem, Hair et al. (2009)
destaca
que
o
tamanho
mínimo
recomendado é de cinco observações por
cada variável independente. Como neste
estudo foram utilizadas 21 variáveis foi
gerada assim uma relação de 9,05
respondentes por variável, proporção esta
superior à recomendada por Hair et al.
(2009).
Entre os respondentes, 59,9% são do sexo
feminino e 40,1% do sexo masculino, 23,0%
tem idade entre 15 e 19 anos, 53,3% 20 a 24
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
156
anos. Quanto à escolaridade 81,3% está
cursando o ensino superior. Destes 257
respondentes 91,1% são solteiros, 35,8%
tem renda familiar mensal de R$ 2896,00 a
R$7240,00 e 29,6% de R$1448,00 a
R$2896,00.
Após a tabulação dos dados no software
SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences) versão 17.0, foram realizadas
duas técnicas de análise de dados
multivariada: a análise de cluster e a análise
discriminante.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 ANÁLISE DE CLUSTER
O procedimento utilizado para análise de
clusters foi o hierárquico, pelo método
aglomerativo de Ward e a distância Euclidiana
ao quadrado (HAIR et al., 2009). Foram
encontradas soluções com dois e três
clusters, porém optou-se pela solução com
dois clusters pois após analise das diferenças
entre os grupos ficou evidenciado ser esta a
solução que melhor definia as diferenças
entre as variáveis de agrupamento estudadas.
O principal perfil dos grupos é demonstrado
na
Tabela 1.
Tabela 1 – Perfil dos clusters
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
157
4.2 ANÁLISE DISCRIMINANTE
Com esta análise pode-se identificar quais
variáveis causam maior divergência ou
distinguem mais os grupos de indivíduos.
Nesta pesquisa foi considerada como variável
dependente os dois grupos extraídos pela
análise de cluster, identificando assim as
variáveis que mais discriminaram os
indivíduos pesquisados. O método utilizado
foi o stepwise.
Para a confirmação de que a análise
discriminante foi corretamente utilizada foram
utilizados o teste de igualdade de médias dos
grupos feito pelo ANOVA One Way, estatística
lambda de Wilks e estatística Box’s M. As
Tabelas 2 e 3 apresentam os resultados
desses testes.
Tabela 2 – Resultado do teste Box’s M
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 3 – Lambda de Wilks e Qui-quadrado
Fonte: Dados da pesquisa
A análise dos resultados da classificação das
observações em cada cluster mostrou que
89,5% dos casos foram classificados
corretamente, onde 85,3% dos respondentes
pertencentes ao cluster 1 foram corretamente
classificados como sendo do seu grupo
original.
Quanto
aos
respondentes
pertencentes ao cluster 2, verificou-se que
94,3% foram classificados corretamente.
A Tabela 4 apresenta os valores individuais
do Alpha de Cronbach para cada uma das
sete variáveis que mais discriminaram os
dois grupos de consumidores assim como
os valores de Lambda de Wilks e a
transformação para a estatística F após a
realização do sétimo passo.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
158
Tabela 4 – Resultados da análise discriminante
Fonte: Dados da pesquisa
Em seguida, a Tabela 5, se refere aos
resultados da variável 20, relacionada ao
fato do consumidor acreditar ser um
agente de apoio e atuação no consumo
sustentável, indica que os membros do
cluster 2 tendem a concordar totalmente
com esta afirmação. O baixo desvio
padrão, 0,69, mostra uma coesão de
opinião
entre
estes
respondentes,
resultado este que vai ao encontro de
Kronrod, Gristein e Wathieu (2012) que
evidenciam o fato da proteção ao meio
ambiente ser uma preocupação que vem
aumentando entre os consumidores. Já o
outro agrupamento, denominado cluster
1, mostra-se indiferente a este papel, visto
que a média apresentada foi de 3,28,
dentro portanto do valor 3 que significa
“não concordo nem discordo” desta
afirmação.
Tabela 5 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 20
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados da Tabela 6, referente à
variável 16, que avalia se é alta a
probabilidade do consumidor comprar uma
garrafa de bebida láctea produzida com um
conceito de Ecodesign, revela que o cluster 1
mostra-se relativamente resistente à essa
possibilidade já que a média destes
indivíduos para esta afirmativa foi 2,13,
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
159
indicando uma discordância parcial com a
afirmativa. O cluster 2, com média igual a 4,24
e pequeno desvio padrão (0,46), mostra
consumidores com considerável interesse em
comprar o produto proposto, ainda que este
tenha um valor superior às embalagens
comuns.Estes indivíduos enquadram-se na
caracterização de Serpa (2006), o consumidor
tende a perceber um valor maior na oferta da
empresa
socialmente
responsável,
mostrando-se disposto a pagar a mais por
essa diferença. Porém, apesar deste cenário
positivo em relação a esse segundo grupo de
indivíduos, vale destacar as considerações de
Luchs et al. (2010) sobre o fato de existir uma
diferença importante entre uma pessoa
manifestar o interesse de compra e a sua
prática propriamente dita. Isso pode ser
explicado com as considerações de White e
Simpson (2013) já que os consumidores
tendem a resistir a engajar-se em atividades
que envolvem algum custo para si mesmo,
neste caso um custo financeiro em primeiro
lugar.
Tabela 6 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 16
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados da Tabela 7 indicam que a
média de 3,90 do cluster 1 representa ainda
uma posição de imparcialidade deste grupo,
porém como o valor está bem próximo a 4,00
sinaliza uma certa tendência à uma
concordância parcial destes integrantes
quanto ao fato de se sentirem bem consigo
mesmo
diante
da
possibilidade
de
comprarem uma garrafa de bebida láctea
produzida de forma ecologicamente correta.
O cluster 2, com média de 4,72, demonstra
uma propensão maior destes consumidores a
desfrutarem de um bem-estar caso adquiram
um produto com essas características.
Tabela 7 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 10
Fonte: Dados da pesquisa
Na Tabela 8, em relação à variável 17
denominada “eu optaria em consumir
produtos fabricados sem químicos nem
agrotóxicos se eu tivesse à disposição esses
produtos para comprar”, revela mais uma vez
que o cluster 1 vem apresentando uma
ausência de perfil de consumidor propenso a
atuar em prol de um consumo mais
sustentável. Esta ponderação é feita devido
ao fato de que sua média para a afirmativa
proposta foi de 3,13, um escore relativo a uma
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
160
indiferença do tema proposto. Analisando o
cluster 2 verifica-se que a média de 4,83
mostra respondentes dispostos a escolher
produtos mais saudáveis se a oferta destes
lhes estivessem à disposição. Este valor
muito próximo aos 5 (concordância total) e
pequeno desvio padrão (0,32) reforça o
delineamento deste grupo como possuidor de
um perfil mais aliado ao meio ambiente.
Tabela 8 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 17
Fonte: Dados da pesquisa
Verificando na Tabela 9 a média de valor 3,07
para o cluster 1 em relação à afirmativa “se eu
comprar uma garrafa de bebida láctea que foi
produzida com a finalidade de proteger o
meio ambiente, estarei me beneficiando”
percebe-se uma reincidência da neutralidade
destes indivíduos nas questões que sinalizam
uma postura ambiental do consumidor. Este
grupo não consegue opinar se sentiria estar
se beneficiando caso optassem por produtos
ecologicamente corretos, em especial a
bebida láctea, uma posição oposta aos
membros do cluster 2, já com opinião de forte
concordância total em relação a esta
afirmativa. Este segundo grupo, com média
de 4,85 e pequeno desvio padrão (0,36)
expõe consumidores que expressam a
possibilidade de sentir um benefício na
aquisição do produto proposto.
Tabela 9 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 12
Fonte: Dados da pesquisa
Quanto à Tabela 10, que se refere à variável
13, a qual traz a afirmativa de que a compra
de uma garrafa de bebida láctea produzida
com os critérios ambientais traria uma
satisfação pessoal para aquele indivíduo,
mostra que o cluster 1 também tem
neutralidade de opinião nesse aspecto já que
a média apresentada foi 3,16. O segundo
cluster, no qual a média foi 4,73, mais uma
vez traz indícios relevantes de que seriam
consumidores que tenderiam a aderir tal
produto, já que a média muito próxima ao
valor 5 (concordo totalmente) e pequeno
desvio padrão (0,29) revela que estes
indivíduos concordariam que sentiriam uma
satisfação pessoal ao adquirir a bebida láctea
na embalagem com Ecodesign.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
161
Tabela 10 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 13
Fonte: Dados da pesquisa
A última variável que discriminou os dois
clusters foi a variável 14, descrita na Tabela
11, onde pôde-se perceber que os resultados
desta variável foram bem distintos para os
dois grupos. O cluster 1 apresenta uma baixa
média de 2,14 e alto desvio padrão, 0,81,
manifestando assim uma opinião não concisa
sobre uma discordância parcial acerca de
considerar que a aquisição de uma garrafa de
bebida láctea que tem a finalidade de
proteger o meio ambiente significaria uma
compra na qual este consumidor consideraria
receber o que o seu dinheiro vale ainda que
essa embalagem seja mais cara que as
embalagens comuns. O cluster 2, com média
4,20 e desvio padrão 0,62 expõe uma
concordância parcial com esta afirmação.
Conveniente ressaltar que essa média foi a
menor média apresentada por este cluster, no
qual a grande maioria dos resultados foi
superior ao valor 4,72. Deste modo, diante da
rejeição apresentada pelo cluster 1 e uma
diminuição do valor médio do cluster 2
verifica- se um papel relevante do preço do
produto na propensão à compra dos produtos
pautados pelo Ecodesign.
Tabela 11 – Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 14
Fonte: Dados da pesquisa
Após a análise das tabelas nota-se que o
cluster 2, em todas as variáveis analisadas,
apresenta níveis de concordância e
aceitação do produto proposto mais
elevados
que
o
primeiro
cluster
pesquisado. As maiores médias para este
cluster foram em relação às variáveis de
número 20 e 12, onde a primeira trata-se da
afirmativa:
“acredito
que
eu
tenho
importante papel no apoio e na atuação do
consumo sustentável” e a segunda “se eu
comprar uma garrafa de bebida láctea que
foi produzida com a finalidade de proteger o
meio ambiente, estarei me beneficiando”.
Os resultados mostraram-se bastante
positivos visto que esta alta percepção
deste grupo de que crêem ser agentes no
apoio e na atuação em prol do consumo
sustentável revela uma expectativa futura
relevante de ação pró- ambiental por parte
destes indivíduos. Vale considerar que o
cluster 2 detém 46,3% da amostra
pesquisada.
No que tange ao cluster 1, pode-se
perceber um perfil antagônico quando este
é comparado com o segundo grupo
anteriormente citado. Os escores das
médias deste grupo foram sempre os
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
162
menores da totalidade de variáveis
estudadas, nunca ultrapassando o valor 3,
indicando uma imparcialidade e tendência
à discordância das respostas. Deste modo
vale ressaltar as menores médias deste
cluster, que foram nas variáveis 16 e 14, a
primeira denominada “a probabilidade é
alta de eu comprar uma garrafa de bebida
láctea que tem a finalidade de proteger o
meio ambiente, ainda que ela seja mais cara
que as embalagens comuns” e a segunda
“se eu comprar uma garrafa de bebida
láctea que tem a finalidade de proteger o
meio ambiente, estarei recebendo o que o
meu dinheiro vale, ainda que ela seja mais
cara que as embalagens comuns”. Assim,
nítido é a importância do fator preço como
critério de compra para este grupo de
respondentes. A relação custo x benefício
para estes tem um peso considerável, o
que os faz rejeitar uma possível aquisição
do produto já que a proposta é a de que as
embalagens de bebidas lácteas pautadas
pelo Ecodesign teria um valor superior ao
das embalagens comuns.
4.3 ANÁLISE DE DIFERENÇAS ENTRE DUAS
CONDIÇÕES: O TESTE T
Objetivando verificar se as diferenças
entre as médias encontradas são
estatisticamente significativas, o que
validaria
com
maior
eficiência
as
considerações
feitas
anteriormente,
aplicou-se então o teste paramétrico
denominado teste-t nas variáveis que
discriminaram
os
dois
clusters.
Conveniente
ressaltar
que
este
procedimento foi aplicado visto que o
pressuposto da normalidade dos dados foi
aceito quando aplicado o teste de
Kolmogorov-Smirnov.
A Tabela 12 a seguir menciona os
resultados do teste de Levene e do teste-t
para cada uma das variáveis. Através do
teste de Levene pode-se perceber que as
variâncias
foram
significativamente
diferentes ( p < 0,05), deste modo para a
análise da igualdade das médias foram
considerados
apenas
os
resultados
concernentes aos das variâncias nãohomogêneas, resultados estes em negrito.
Tabela 12 – Teste de Levene e Teste-t
Fonte: Dados da pesquisa
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
163
É possível verificar que para cada variável
que discriminou os grupos o teste-t foi
significativo, o que leva à rejeição da
hipótese nula de que as médias são
iguais, permitindo assim concluir que as
médias
amostrais
encontradas
são
diferentes entre os dois grupos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo geral
identificar se os consumidores de bebidas
lácteas
adeririam
ao
apelo
de
sustentabilidade proposto por embalagens
pautadas pelo Ecodesign, mostrando-se
assim dispostos à compra deste produto. Os
resultados obtidos evidenciam, dentre a
amostra pesquisada, a presença de dois
grupos de consumidores distintos, que agem
de diferentes formas no que tange à
percepção de benefício percebido pela
compra do produto assim como do valor
percebido, justiça pelo diferencial de preço
cobrado e intenção de compra.
consumidores que acreditam ser um agente
de apoio e atuação no consumo
sustentável, fortalecendo as pontuações de
Kronrod, Gristein e Wathieu (2012), no que
diz respeito ao fato dos consumidores
estarem mais preocupados em proteger o
meio ambiente. Revelando ainda interesse
em comprar o produto, ainda que este
tenha um valor superior às embalagens
comuns, pois desfrutam de um bem-estar
quando adquirem um produto com essas
características. Fatores que corroboram
com Serpa (2006), onde o consumidor
tende a perceber um valor maior na oferta
da empresa socialmente responsável,
mostrando-se disposto a pagar a mais por
essa diferença. Os resultados mostraram-se
bastante positivos visto que esta alta
percepção deste grupo de que creem ser
agentes no apoio e na atuação em prol do
consumo
sustentável
revela
uma
expectativa futura relevante de
ação próambiental. Vale destacar que este cluster
representa quase a metade da amostra
pesquisada.
Percebe-se que o Cluster 1 é formado por
um grupo de indivíduos que não acreditam
ser um agente de apoio e atuação no
consumo
sustentável,
mostrando-se
relativamente resistente ao ato de comprar
uma garrafa de bebida láctea fermentada
produzida com um conceito de Ecodesign.
Por outro lado, o Cluster 2, é composto por
No entanto, é importante ressaltar que
este trabalho possui limitações como o
fato da amostra ser limitada a apenas uma
cidade, mesmo tendo seguido as
recomendações de Hair et al. (2009) no
que diz respeito a quantidade de
entrevistados.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
165
Capítulo 15
Emilene Mendonça da Silva
Filipe César Azambuja Rodrigues
Mariana Antonov Benvegnú
Lilyany Bezerra de Andrade
Priscila Hasse Palharim
Rômulo Barbosa Ribeiro
Estevãn Martins de Oliveira
Resumo: Uma diretriz organizacional auxilia na elaboração das metas desejadas
por uma corporação, promovendo uma perspectiva do perfil desejado da
organização no futuro. Com isso, o presente trabalho tem como objetivo a
realização de uma diretriz estratégica, a missão, a visão e os valores do Grupo PETEngenharias. O Programa de Educação Tutorial (PET) é desenvolvido por membros
de instituições de ensino superior, onde trabalham para a indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão, buscando atender as necessidades do grupo, da
comunidade acadêmica e da sociedade em geral. Em vista disto, elementos
importantes na estruturação deste trabalho como a revisão bibliográfica acerca dos
conceitos de um planejamento estratégico resultaram na estruturação de uma
diretriz estratégica, em que a elaboração da missão, visão e valores permitem um
melhor direcionamento para as ações futuras da organização.
Palavras chave: diretriz estratégica, PET-Engenharias, UNIPAMPA.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
166
1. INTRODUÇÃO
Com a globalização houve um aumento veloz
das mudanças tecnológicas e também das
complexidades e incertezas que estão
presentes no dia a dia das organizações
lucrativas ou não, sendo necessária a
incorporação de ações estratégicas aos seus
processos de gestão. Em organizações sem
fins lucrativos, a utilização do planejamento
estratégico vem sendo utilizada com mais
frequência, apesar de ainda ser incipiente,
contudo, bastante promissora. A adoção
dessas práticas assegura a essas instituições,
de forma equilibrada, sintonia com o ambiente
externo, qualidade, eficácia e um melhor uso
dos seus recursos. Esta, é a essência da auto
sustentação estratégica das organizações
não lucrativas na atualidade.
A elaboração de uma diretriz organizacional
auxilia na realização das metas que se
desejam atingir em um certo período,
proporcionando uma perspectiva do perfil
desejado
da
organização
no
futuro
(OLIVEIRA, 2010). Souza (2010) define que os
objetivos principais da diretriz organizacional
são a identificação das responsabilidades, o
estabelecimento do direcionamento comum a
ser seguido pela corporação, a garantia do
posicionamento e o estabelecimento de
alternativas para a mensuração do sucesso,
buscando a potencialização dos resultados.
Essa diretriz é responsável pela definição da
missão, visão e valores da corporação. A
missão é definida como o propósito da
organização, ou seja, é o que, para quem e
como a corporação faz, quais são seus
diferenciais e por que ela faz (SERTEK et al.,
2011). A visão é a imagem que a organização
pretende ter de si mesma no futuro, ou seja,
uma perspectiva do cenário ou do sonho da
corporação, tendo relação direta com a
importância das oportunidades que a
organização pode ter no futuro. Já os valores
são os princípios nos quais a organização se
sustenta, e descrevem o que a corporação
acredita e pratica (REZENDE, 2008).
A organização a ser analisada será o grupo
PET-Engenharias da Universidade Federal do
Pampa, campus Bagé. O programa de
educação tutorial (PET) é um projeto
constituído por grupos organizados a partir de
cursos de graduação das instituições de
ensino superior do país, onde realizam
projetos de ensino, pesquisa, extensão e
gestão. O grupo PET-Engenharias se
caracteriza por ser um grupo multidisciplinar
que abrange as cinco engenharias presentes
no campus (alimentos, computação, energia,
produção e química).
Assim, o presente trabalho tem como objetivo
estabelecer uma diretriz organizacional para o
grupo PET-Engenharias e definir a missão,
visão e valores do mesmo.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este tópico apresenta conceitos pertinentes
ao trabalho, que permitem o desenvolvimento
do mesmo e alcance dos objetivos propostos.
Portanto, são apresentados os conceitos de
planejamento estratégico, bem como missão,
visão e valores.
2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico envolve inúmeras
definições, bem como abordagens distintas
para sua aplicação. Muitas das descrições
possuem o foco em relacionar os objetivos da
organização com seu ambiente previsto para
o futuro (BAILE, 1998). Conforme Olsen e
Eadie (1982), planejamento estratégico pode
ser elucidado como ações e decisões
fundamentais que servem para guiar o que é
uma organização ou entidade, o que esta faz
e porque o faz, produzidos a partir de um
esforço disciplinado.
Conforme
Mintzberg
(1973),
qualquer
organização possui uma estratégia, mesmo
que esta não é estabelecida de acordo com o
planejamento estratégico. Este, por sua vez, é
de acordo com o autor, apenas uma maneira
com que as organizações podem eleborar
suas estratégias (planning mode), cujo
propósito principal é a previsibilidade do
ambiente.
Já Ansoff (1990) defende que somente um
número pequeno de empresas utiliza o
verdadeiro Planejamento Estratégico. A
grande maioria das organizações continua
aplicando as antiquadas técnicas do
Planejamento a Longo Prazo, que se baseiam
em extrapolação das situações passadas.
Esta via de processo, quando orientada para
o mercado, se dá por uma gestão de
negócios a fim de desenvolver e manter um
ajuste executável entre objetivos, habilidades
e recursos de uma corporação e as
oportunidades de um negócio que se mantém
em contínua mudança. Com o planejamento
estratégico objetiva-se estruturar os negócios
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
167
e
produtos
de
uma
companhia,
proporcionando o crescimento e lucros
desejados (KOTLER, 2000).
A Figura 1 representa o ABC de um
planejamento estratégico. O conteúdo de A e
B representam onde você está e para onde
deseja ir, respectivamente, sendo ambos, o
motivo da existência da organização, sua
estrutura
e
sistemas,
comunicação,
programas e serviços, pessoas e habilidades,
entre outros. Já o conteúdo de C é o plano
estratégico em si, recursos humanos,
comunicação, além de outros, os quais
significam a forma para chegar ao objetivo
almejado (BRYSON, 2004).
Figura 1 – O ABC do planejamento estratégico
Fonte: Adaptado de Bryson, 2004
2.2 MISSÃO
A missão pode ser explicada como a razão
pela qual a organização existe. Segundo
Sertek et al. (2011), missão pode ser definida
como o propósito de uma organização. Allison
e
Kaye
(2015)
apontam
que
o
estabelecimento de uma missão auxilia ainda
a organização em decidir o que não fazer.
Ademais, “uma missão é um propósito que
integra a variedade de papéis que um sistema
desempenha” (ACKOFF, 1981).
“A missão representa a razão da existência de
uma organização, ou seja, o que a
organização faz, por que faz, para quem ela
atua e visando a produzir qual impacto na sua
clientela. A declaração de missão deve
responder à seguinte questão: “por quê ou
para quê existimos?”. A missão está ligada
diretamente aos objetivos institucionais e aos
motivos pelos quais a organização foi criada,
na medida em que representa a sua razão de
ser. Não deve ser confundida com os
produtos ou serviços ofertados pela
instituição” (TRIBUNAL DE CONTAS, 2016).
O Quadro 1 apresenta algumas orientações
para a concepção da missão em uma
organização.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
168
Quadro 1 - Orientações para a concepção da missão
Ação
Identificação dos clientes
externos
Compreensão das
necessidades dos
clientes (empresas,
sociedade, Universidade)
Definição do propósito
básico da organização
Identificação de outros
elementos do “sistema”
Definição de outros
valores a serem
agregados
Comunicar a missão
Orientação
Os clientes externos são aqueles que compõem os segmentos de mercado que
interessam à organização.
As três ações anteriores servem apenas de base para que a organização
conceba sua missão. Não basta que uma organização responda positivamente
às necessidades articuladas de seus clientes (HAMEL & PRAHALAD, 1995). Ela
deve compreender por que elas existem. A organização deve analisar por que
um cliente adquire seu produto ou contrata seu serviço.
O propósito básico de uma organização é como uma estrela guia no horizonte.
Ele não muda, mas inspira mudança. Collins e Porras (1996), dizem que o
propósito de uma organização deve ser o mesmo durante no mínimo 100 anos.
Não se deve confundir o propósito básico com objetivos específicos ou
estratégias adotadas (que mudam inúmeras vezes nesses 100 anos). O
propósito básico de qualquer organização é atender a uma ou mais das
necessidades básicas de seus clientes (típicas da natureza do ser humano)
que motivam o surgimento de suas expectativas (usualmente tratadas como
necessidades ou demandas) em relação a produtos e serviços.
Os “outros” elementos mais comuns são: acionistas, empregados, fornecedores
e comunidade. Em se tratando de comunidade, a organização pode pensar
desde a sua relação com o vizinho ao lado até o mundo com seus bilhões de
habitantes. Governos municipal, estadual e federal também podem ser
considerados.
São os valores que a organização pretende agregar aos outros elementos do
sistema. Assim como a definição do propósito básico da organização, estes
valores não devem ser limitantes, ou seja, devem ser abrangentes. Somados ao
que se busca satisfazer em termos de clientes externos, representam a
contribuição da organização para a sociedade.
É recomendável, porém prescindível, que a missão seja enunciada de forma
documentada. Isto favorece sua consolidação, disseminação e eventuais
revisões.
Fonte: Adaptado de Porto, 1997
Os propósitos da organização precisam
responder aos itens acima expostos para o
estabelecimento
da
missão. Conforme
Candemir e Zalluhoglu (2013), a missão é
crucial para o desenvolvimento de um plano
estratégico e representa sua existência
organizacional. Os referidos autores abordam
também que a missão pode mudar em função
da evolução das condições ambientais da
organização.
2.3 VISÃO
Para definir a visão de uma organização não
há normas a serem seguidas (SENGE, 1990).
No mundo existem diversos tipos de
organizações e cada uma se idealiza no
futuro de diferentes maneiras, portanto, se
houvesse um modelo a ser seguido, ele não
se enquadraria adequadamente para todos os
perfis de organizações.
De acordo com Sertek et al.(2011), existe
certa
confusão
na
aplicação
das
nomenclaturas missão e visão, inclusive com
uso indiscriminado por algumas pessoas,
todavia, são diferentes. Enquanto a missão
descreve a razão de ser da organização, a
visão expressa o desejo do que a empresa
pretende ser.
Para Bryson (2004), a missão representa o
propósito organizacional, enquanto que a
visão vai além e procura expressar como a
organização deve estar quando o trabalho é
muito bem feito em relação ao seu ambiente e
aos principais interessados.
Segundo Hitt et al. (2008), “a visão é um
retrato do que a empresa pretende ser e, em
termos mais amplos, do que pretende
realizar”. Dentro desta concepção, a visão
engloba em parte, as ações que a
organização vai realizar para atingir a visão
desejada.
“A visão da Empresa descreve como
queremos a organização no futuro” (SERTEK
et al., 2011). Por este ponto de vista, a visão
advém dos resultados, os quais são
desejados e os aspectos que precisam ser
abordados para alcançá-los.
Para Bennis e Nanus (1985) a visão associa
uma imagem realística, realizável e atrativa
para o futuro da organização, uma condição
em algum sentido melhor do que está agora.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
169
2.4 VALORES
Os valores são os preceitos essenciais e
permanentes
de
uma
organização,
considerados como os princípios de
orientação permanente, valores essenciais
que não mudam, devem resistir ao tempo e
têm importância intrínseca para o pessoal
interno da organização (ESTRADA E
ALMEIDA, 2007).
Os valores comumente concentram-se em
diretrizes de trabalho, qualidade e pessoas
(CANDEMIR e ZALLUHOGLU, 2013). Estes
autores exemplificam como valores de uma
organização a integridade, qualidade e
excelência em prestação de serviços.
Conforme Casagrande (2001), os valores
legitimam a existência da organização, seu
modo de ordenação e funcionamento,
incluindo o modo de conduzir os negócios e
práticas, num contexto social mais amplo.
A determinação e o conhecimento dos valores
de uma organização ajudam a alinhar o
pensamento e ações dos seus colaboradores
aos objetivos que a organização deseja atingir
(ALLISON e KAYE, 2015). Da mesma forma,
os princípios auxiliam na escolha das
estratégias de uma organização, pois ações
consonantes com seus princípios contribuem
positivamente
para
a
construção
e
reconhecimento da sua imagem pública.
Entretanto, ações dissonantes com seus
princípios podem danificar irreversivelmente
sua integridade e imagem pública (BRYSON,
2004).
3. METODOLOGIA
No presente trabalho a definição da visão,
missão e valores foi realizada através de um
estudo de caso, com caráter exploratório. As
análises foram efetivadas pelos responsáveis
da elaboração da diretriz estratégica e
expostas a todos os integrantes do grupo
PET-Engenharias, os quais fizeram suas
contribuições.
A visão e os valores foram determinados por
meio de análise do conceito dos mesmos e
por meio de uma pesquisa da visão e valores
adotados
em
diversas
organizações
renomadas.
Para complementação da
definição da visão, foi realizada uma
discussão baseada no questionamento
abaixo, proposto por Oliveira (2013).
O que queremos ser?
Qual a força que nos impulsiona para
esta nova situação?
Quais são nossos valores básicos?
Para a determinação da missão foi utilizada
como guia a metodologia de Porto (1997), a
qual se baseia em uma série de ações com
suas respectivas orientações. Com base
nesta, as ações foram analisadas, adaptadas
e as que não se adequavam ao propósito da
organização foram suprimidas. Em seguida,
foram identificadas as orientações para cada
ação, conforme os ideais do grupo PETEngenharias.
Ademais, as orientações
previamente definidas foram sintetizadas com
o auxílio das questões abaixo transcritas, a
fim de se obter a missão da organização.
Por que o grupo existe?
O que o grupo faz?
Para quem?
4. CONTEXTO DO TRABALHO
O trabalho tem como foco a análise do PETEngenharias da UNIPAMPA, campus Bagé no
Rio Grande do Sul. O PET foi criado em 1979
com o nome Programa Especial de
Treinamento, sendo coordenado pela CAPES,
no entanto em 1999 o programa passou a ser
supervisionado pela Secretaria de Educação
Superior do Ministério da Educação, sendo
seu nome alterado para Programa de
Educação Tutorial. Este é constituído por
grupos tutoriais de aprendizado, que buscam
propiciar aos discentes envolvidos uma
formação ampla e através da realização de
atividades e projetos, os quais possam
complementar sua formação acadêmica dos
alunos (MEC, 2016).
A organização em questão, o PETEngenharias, fora fundada em 2012. Esta é
constituída de discentes que cursam as cinco
engenharias
(alimentos,
computação,
energias, produção e química) existentes no
campus. As características multidisciplinares
do PET-Engenharias permitem aos petianos
uma formação ampla, com conhecimento nas
áreas de todas as engenharias que
constituem o programa. O grupo desenvolve
atividades nos pilares de ensino, pesquisa,
extensão e atividades no campo de gestão,
cultura e política, visando a indissociabilidade
destes, além de atender as necessidades do
grupo, da comunidade acadêmica e da
sociedade.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
170
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao analisar a estrutura gerencial e os
processos de funcionamento do Grupo PETEngenharias, foi possível identificar que
faltava ao mesmo, uma visão estratégica de
gestão, bem como a missão, visão e valores
organizacionais estabelecidos. No entanto,
dispunha de uma gestão orientada para as
atividades desenvolvidas, ou seja, planos de
operações.
estratégicas do grupo. Desta forma,
percebeu-se que os integrantes do mesmo
desconheciam os benefícios que esta
ferramenta
poderia
proporcionar
à
organização.
Por
conseguinte,
foram
realizados estudos teóricos acerca do
conteúdo e deu-se início ao processo de
elaboração do Planejamento Estratégico Diretrizes Estratégicas.
Desta maneira, obtiveram-se as orientações
para a concepção da missão do Grupo PETPara dar início à implementação do
Engenharias de acordo com suas respectivas
Planejamento Estratégico, deu-se especial
ações, baseadas em Porto (1997), as quais
atenção
à
definição
das
diretrizes
são apresentadas pelo Quadro 2.
Quadro 2 - Concepção da missão para o Grupo PET-Engenharias
Ação
Orientação
Comunidade acadêmica, arredores da Universidade e o meio
empresarial.
Identificação dos clientes externos
Compreensão das necessidades dos
clientes (empresas, sociedade,
Universidade)
Definição do propósito básico da
organização
Identificação de outros elementos do
“sistema”
Definição de outros valores a serem
agregados
Áreas atendidas
Profissionais qualificados, cidadãos críticos, informação e
conhecimento.
Promover a difusão do conhecimento e informações que tragam
impacto positivo, gerando discussões que estimulem a
diversidade de pensamento.
Professores, servidores, terceirizados, discentes, comunidade,
Universidade e MEC.
Pensamento crítico.
Pluralidade (de ideias, cultura, pensamento, pessoas).
Ensino, pesquisa, extensão, gestão, cultura e política.
Fonte: Autores, 2016
As respostas para as questões que serviram de auxílio para a definição da missão são apresentadas
pela Tabela 1.
Tabela 1 – Questionário-auxílio para a definição da missão
Perguntas
Respostas
Por que o grupo existe?
Para proporcionar uma formação acadêmica de
qualidade, estimular a cidadania e consciência
social.
O que o grupo faz?
O grupo trabalha com os três pilares da educação:
ensino, pesquisa e extensão, exercendo ainda
atividades em gestão, cultura e política.
Para quem?
Para atender os alunos do grupo, da comunidade
acadêmica, bem como a sociedade.
Fonte: Autores, 2016
Aliando as informações contidas no Quadro 2
e na Tabela 1, foi possível definir a missão do
Grupo PET-Engenharias. Já a visão, segundo
Porto (1997), deve simbolizar um estado
futuro desejado do grupo, ser de longo prazo,
possuir uma descrição de fácil compreensão,
ser inspiradora e impulsionadora, além de
estar em conformidade com os valores
centrais da organização. Assim, a visão da
organização do grupo em questão foi
baseada nas análises e discussões
previamente mencionadas.
Depois de estabelecidas a missão e a visão,
foram definidos os princípios norteadores
para os comportamentos, atitudes e decisões
dos envolvidos de forma que a organização
execute sua missão e ambicione sua visão.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
171
Deste modo, a Figura 2 apresenta a missão,
visão e valores do Grupo PET-Engenharias.
Figura 2 – Missão, visão e valores do Grupo PET-Engenharias
Fonte: Autores, 2016
Adiante são elucidados os valores e seus
respectivos embasamentos.
Liderança Interativa: buscamos transformar a
interação entre os integrantes do grupo a
mais positiva possível, encorajando a
participação de todos na disseminação das
informações e tomada de decisões.
Trabalho em equipe: agimos de forma
conjunta na realização de tarefas, buscando
valorizar cada indivíduo, permitindo que todos
façam parte das tomadas de decisões.
Qualidade: buscamos grau máximo de
qualidade na execução de todas as
atividades e projetos desenvolvidos pelo
grupo.
Interdisciplinaridade:
desenvolvemos
atividades que busquem integrar as cinco
engenharias do campus Bagé, de forma que
haja maior conectividade entre as áreas do
saber.
Pró-atividade: agimos de forma a tomar a
iniciativa em dadas atividades e ações com
agilidade e inteligência.
Simplicidade: estimulamos o potencial criativo
buscando empregar soluções efetivas de
forma mais simples.
Ética: valores morais e princípios que
norteiam a conduta do grupo.
Excelência: buscamos o aprendizado,
conhecimento e trabalhos de alta qualidade.
Respeito: respeitamos as diferenças e a
liberdade de opinião.
5. CONCLUSÃO
O trabalho exposto teve por objetivo elaborar
uma diretriz organizacional do grupo PET
Engenharias, o qual se utilizou de ferramentas
contidas na literatura para conceituar e definir
a missão, visão e valores que caracterizam o
grupo. Cabe ressaltar que o PET estrutura-se
de maneira séria, aspectos pedagógicos e
sociais para a formação de cidadãos com
conhecimentos acadêmicos, além de sua
melhor qualificação como pessoa humana e
um membro da sociedade. Todavia, os
integrantes do PET-Engenharias, sentindo que
aliados a uma estrutura gerencial para os
processos de funcionamento do mesmo,
poderiam com esta ferramenta, proporcionar
benefícios à organização do grupo.
A diretriz estratégica consiste na elaboração
da missão, visão e valores da organização e
aplicá-los no cotidiano de suas ações. Em
vista dos argumentos apresentados pode-se
concluir que toda organização, de qualquer
área, seja institucional, pública ou privada,
demanda uma diretriz estratégica como
norteadora de seu planejamento estratégico
ao longo prazo, pois esta auxilia no
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
172
alinhamento de sua estratégia com o seu
propósito, suas aspirações e seus princípios.
AGRADECIMENTOS
Nossos sinceros agradecimentos ao prof. Dr.
Cláudio Sonáglio Albano, por todo suporte
técnico, bem como suas sugestões e
considerações
contribuídas
para
a
elaboração do presente trabalho.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
173
Capítulo 16
Lilyany Bezerra de Andrade
Priscila Hasse Palharim
Rômulo Barbosa Ribeiro
Emilene Mendonça da Silva
Filipe César Azambuja Rodrigues
Mariana Antonov Benvegnú
Estevãn Martins de Oliveira
Resumo: O planejamento estratégico tem por seu fundamento o delineamento dos
caminhos, ações e pensamentos que uma organização deve seguir para atingir
seus objetivos a longo prazo, para tanto, se faz necessário a utilização de
ferramentas para a formulação do mesmo. Atualmente os instrumentos mais
utilizados baseiam-se na utilização da matriz SWOT, que é uma forma de descobrir
os pontos fortes e fracos, as oportunidades e ameaças que uma instituição possui e
enfrenta. Em conjunto com esta metodologia é necessária a utilização de outros
métodos para especificar as prioridades das ações a serem tomadas. A análise
GUT propõe a priorização destes itens quanto a sua gravidade, urgência e
tendência. O presente trabalho aplicou estas metodologias no grupo PETEngenharias da Universidade Federal do Pampa, Campus Bagé para a formulação
de seu planejamento estratégico.
Palavras chave: planejamento estratégico, matriz SWOT, análise GUT, Programa de
Educação Tutorial.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
174
1. INTRODUÇÃO
O homem tem-se apoiado no planejamento de
suas atividades desde o início dos tempos,
isto é possível ser verificado tanto no ramo
das construções egípcias, manejo na
agricultura, como também na elaboração de
planos estratégicos para o sucesso em
batalhas. Ao analisar relatos mais recentes,
tem-se a construção cada vez mais profunda
de métodos organizacionais para o progresso
de sociedades, estabelecimentos e demais
entidades.
A globalização do mundo, em paralelo a
incessantes transformações e inovações
tecnológicas requer organizações planejadas,
com visão a longo prazo de seus objetivos
para manter-se competitiva. Assim, faz-se
necessário um planejamento estratégico para
conduzir os objetivos da organização.
Conforme Souza (2010), o planejamento tem
como meta o desenvolvimento de processos,
técnicas e atitudes administrativas que
possibilitem avaliar as implicações futuras de
decisões presentes de modo a reduzir a
incerteza envolvida no processo decisório e,
consequentemente, aumentar a probabilidade
de alcance dos objetivos e desafios
estabelecidos
para
a
organização,
maximizando resultados e minimizando
deficiências.
Kich (2015) apud Ackoff (1982), argumenta
que a participação dos gestores no processo
de elaboração do Planejamento Estratégico
estimula o desenvolvimento de uma
compreensão mais profunda da empresa e de
seu ambiente, força a formulação e avaliação
sistemática de alternativas, as quais, de outra
maneira, não seriam examinadas; além de dar
vazão a muita criatividade que, geralmente, é
reprimida pela rotina e pela necessidade de
solucionar crises. A partir desta ideia, a
elaboração do Planejamento Estratégico do
PET-Engenharias, foi realizado por meio da
participação de todos os integrantes do
grupo.
Dentre inúmeras metodologias plausíveis
utilizadas no planejamento estratégico, neste
estudo aplicou-se o processo de análise do
ambiente tendo em vista a importância do
conhecimento do meio para a tomada de
decisões, por meio da matriz SWOT acrônimo
de
forças
(strengths),
fraquezas
(weaknesses), oportunidades (opportunities) e
ameaças (threats). Construída a análise do
ambiente, aplicou-se a matriz GUT para
priorizar as problemáticas encontradas na
organização.
A matriz SWOT tem objetivo de identificar os
pontos fortes, fraquezas, oportunidades e
ameaças da organização. De acordo com
Dyson (2004), identificado os fatores,
estratégias são desenvolvidas, as quais
podem construir sobre os pontos fortes,
eliminando as fraquezas, além de explorar as
oportunidades ou conter as ameaças.
A técnica de análise GUT foi desenvolvida
com intuito de direcionar as decisões mais
difíceis, com uma sequência que prioriza os
problemas detectados para solucioná-los ao
analisar a sua Gravidade, Urgência e
Tendência.
O estudo foi realizado no grupo do Programa
de Educação Tutorial (PET) Engenharias da
Universidade Federal do Pampa, campus
Bagé, o respectivo é composto por discentes
de todas as engenharias contidas no campus,
sendo elas: alimentos, computação, energia,
produção e química e orientado por um
docente tutor.
O presente trabalho teve como objetivo
analisar a organização PET-Engenharias e
implementar as ferramentas de análise na
seguinte ordem, SWOT e GUT. Os itens
encontrados em cada ponto da análise SWOT
foram priorizados pela avaliação da
ferramenta GUT, cada item foi justificado
pelos integrantes do grupo, de maneira direta
e simplificada, para que este tópico possa ser
interpretado a qualquer momento. O mesmo
justifica-se em razão da necessidade de uma
melhor estruturação nas atividades e um
planejamento estratégico para amplificar os
trabalhos do grupo. A tomada de decisões
após a verificação das necessidades, a longo
prazo tem como meta; solucionar as
problemáticas expostas e fortalecer os
potenciais do grupo PET-Engenharias.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este tópico apresenta conceitos de:
planejamento estratégico, bem como as
ferramentas utilizadas, ou seja: matriz SWOT e
análise GUT.
2.1 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O planejamento estratégico busca dar sentido
as atividades da organização, é um método
gerencial que possibilita a instauração de
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
175
uma direção a ser seguida pela instituição,
permitindo uma maior interação com o
ambiente (SERTEK et al., 2012). O propósito
do planejamento estratégico é produzir
decisões e ações fundamentais que definem
o que uma organização é, o que faz, e por
que ele faz. Este pode facilitar a
comunicação, a participação e conciliar
interesses e valores divergentes de maneira
sábia (BRYSON, 2004).
A Figura 1 apresenta a estrutura do
planejamento estratégico, onde este é
projetado para cobrir exaustivamente cada
uma dessas dimensões e desenvolver um
plano que reconhece as interconexões entre
todos esses.
Figura 1 – Estrutura do Planejamento estratégico
Fonte: Adaptado de ALLISON; KAYE, 2015
Com base na Figura 1 a estruturação do
planejamento
estratégico
em
uma
organização proposta por Allison e Kaye
(2015), consiste nas seguintes etapas:
Inicialmente é realizada uma análise do
ambiente da organização, esta consiste na
identificação das forças ambientais (forças
políticas, econômicas, sociais, tecnológicas,
demográficas e outras), que podem
desempenhar
um
papel
enorme
na
identificação de quão boa a organização
estará no cumprimento da sua missão.
O próximo passo consiste na averiguação de
como se pretende ter o sucesso desejado. A
teoria da mudança e plano de carreira
questiona “Qual a estratégia global do
programa?” , “Em que negócio você está?” e
finalmente, “Quais planos de carreira atuam
na estrutura do planejamento estratégico?”.
Esta etapa pode ser realizada por intermédio
da análise SWOT, ou envolver uma análise
sobre a evolução da organização, onde é feita
uma análise competitiva e financeira.
O
resultado desse processo é uma formulação
inicial do coração do plano estratégico.
A análise do modelo de negócios de
organizações sem fins lucrativos é uma
descrição geral de como ele atrai
financiamento, e está relacionado com o
plano de carreira. Diferentes programas terão
acesso a diferentes fontes de receita e
diferentes níveis de suporte ao longo do
tempo .
Na avaliação da capacidade da organização
são incluídas muitas dimensões, como os
setores de marketing e comunicação, gestão
financeira, estrutura, e também dimensões
menos tangíveis, como cultura organizacional.
A análise nesta etapa pode ser feita de uma
maneira muito limitada ou muito abrangente, e
estas dimensões podem ser avaliadas de
maneira singular ou em conjunto com demais
dimensões.
A etapa denominada “Liderança” consiste na
avaliação da eficácia da equipe sênior e do
conselho (líderes) da organização, onde
através da avaliação da relação de trabalho
destes, é possível identificar oportunidades
para o fortalecimento e foco de liderança em
toda organização. Estes líderes administram o
trabalho da organização, e são responsáveis
pelo sucesso da organização, e podem
aumentar a eficácia de uma organização, no
entanto se agirem de forma errada podem
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
176
servir como um dreno de seus recursos e
energia.
2.2 MATRIZ SWOT
A matriz SWOT é uma técnica que auxilia na
construção do Planejamento Estratégico das
Organizações.
Essa
ferramenta
foi
desenvolvida em 1971 pelos professores
Kenneth Andrews e Roland Christensen e tem
fundamental importância na verificação dos
ambientes a qual está inserida a organização
e é voltada para a avaliação de quatro
dimensões (WRIGHT et al., 2000).
- Forças (Strengths) – pontos fortes da
empresa que a diferencia das demais, lhe
atribuindo vantagens competitivas.
- Fraquezas (Weakenesses) – pontos fracos
da organização que a colocam em posição de
desvantagem no mercado.
- Oportunidades (Opportunities) – situações
externas e não controláveis pela organização
que se visualizadas adequadamente podem
influenciar a empresa de maneira positiva.
- Ameaças (Threats) – situações externas e
não controláveis pela empresa que quando
não identificadas e controladas a tempo
podem influenciar de maneira negativa em
seus resultados.
A matriz SWOT tem como objetivo focalizar a
combinação das forças e fraquezas da
organização com as oportunidades do
mercado. Além disso, busca obter estratégias
para manter os pontos fortes, reduzir ou
eliminar os pontos fracos, podendo assim
aproveitar-se
das
oportunidades
e
protegendo-se das ameaças que o ambiente
externo pode expor. A Figura 2 expõe a
relação de cada ponto da matriz SWOT.
Figura 2 – Esquema da análise SWOT
Fonte: Adaptado Andrews, 1987
A matriz SWOT é uma ferramenta essencial
para uma organização, pois é através dela
que a empresa consegue ter uma visão clara
e objetiva sobre quais são suas forças e
fraquezas no ambiente interno e suas
oportunidades e ameaças no ambiente
externo e, dessa forma, com essa análise, os
gerentes conseguem elaborar estratégias
para melhorar o desempenho organizacional
(DAYCHOUW, 2007).
2.3 ANÁLISE GUT
A análise GUT é uma ferramenta que tem o
propósito de priorizar as ações e decisões
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
177
que serão realizadas. Ou seja, é a
representação dos problemas ou possíveis
riscos, por meio de quantificações a fim de se
determinar quais são as prioridades a serem
abordadas, com o intuído de reduzir impactos
(TRISTÃO, 2011).
Grimaldi e Mancuso (1994) complementam
que a técnica GUT foi elaborada objetivandose a orientação de decisões que abrangem
distintos pontos, as decisões mais complexas.
Desta forma, é possível destacar o nível de
prioridade de cada problema, os quais são
analisados sob os aspectos gravidade (G),
urgência (U) e tendência (T), esclarecidos a
seguir, com base em Matos et al. (2007).
- G (gravidade): refere-se ao que afeta
profundamente a essência, o objetivo ou o
resultado da empresa, organização ou
pessoa. Avalia-se este ponto de acordo com o
nível de dano ou prejuízo que a situação pode
acarretar.
- U (urgência): é o resultado da influência do
tempo que a organização sofre ou sente.
Pode ser avaliada em relação ao tempo que
se dispõe ou é necessário para resolver a
situação em questão.
- T (tendência): entende-se como propensão
de desenvolvimento do problema caso não for
tomada nenhuma ação a fim de remediá-lo.
Com a finalidade de se quantificar os
problemas, são atribuídos a estes, notas de 1
a 5, para os três aspectos mencionados
(GUT) e então é obtido o grau crítico através
da multiplicação G×U×T. O Quadro 1
apresenta as perguntas-base para se
determinar a notas de cada parâmetro.
Quadro 1 – Matriz GUT
Valor
Gravidade (G)
Urgência (U)
Tendência (T)
G×U×T
5
Os prejuízos e as
dificuldades são
extremamente
graves
É necessária
ação imediata
Se nada for feito
a situação irá
piorar
rapidamente
125
4
Muito graves
Com alguma
urgência
Vai piorar em
pouco tempo
64
3
Grave
O mais cedo
possível
Vai piorar em
médio prazo
27
2
Pouco grave
Pode esperar um
pouco
Vai piorar em
longo prazo
8
1
Sem gravidade
Não tem pressa
Não vai piorar e
pode até
melhorar
1
Fonte: Aguiar, 2004
Desta forma, nota-se através do Quadro 1 que
a matriz GUT considera não só a gravidade
do problema, a urgência em agir e a
tendência deste, como também relaciona
estes três fatores de análise. Pesos são
estabelecidos
conforme
o
nível
de
importância de cada aspecto, de forma a
permitir a adoção de ações para mitigar os
aspectos mais negativos, que serão aqueles
com uma pontuação maior (SELEME;
STADLER, 2010).
3. METODOLOGIA
O presente trabalho consistiu em analisar o
grupo PET-Engenharias pelos próprios
integrantes, com objetivo de desenvolver a
matriz SWOT, com os pontos estabelecidos
na mesma, usou-se da ferramenta de análise
GUT para priorizar as atividades e trabalhar
para conter ou solucionar as problemáticas
que estivessem ao alcance da organização.
Inicialmente foi realizada a matriz SWOT
baseada na metodologia proposta por
Montana e Charnov (2005). Os passos para a
utilização da técnica SWOT seguem abaixo.
- Criar uma lista de executivos e funcionárioschave – A abordagem do SWOT utiliza a
opinião dos executivos e funcionários para
inventariar questões importantes para a
organização. (Será que mantemos isto?)
Baseia-se na suposição de que as metas e
objetivos de uma empresa são encontrados
na mente de seus executivos. Por isso
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
178
também é considerada uma técnica de
brainstorming.
- Desenvolver entrevistas individuais – As
entrevistas são o formato viável para proceder
ao levantamento das informações junto aos
executivos-chave. Nessa ocasião, costuma-se
usar uma sequência de itens para serem
avaliados sob o ponto de vista da empresa
como oportunidades, ameaças, pontos fortes
e pontos fracos. Esse procedimento facilita a
posterior classificação das respostas.
- Organizar as informações – A premissa
básica para a organização das informações é
a própria estrutura SWOT, por meio de uma
matriz. O que os entrevistados analisam como
bom em suas operações atuais são os pontos
fortes da empresa; o que eles observam de
ruim são os pontos fracos. O que eles veem
como bom no ambiente externo em termos de
futuras operações são as oportunidades; o
que eles destacam como ruim são as
ameaças.
- Priorização das questões – A decisão de
quais questões devem ter prioridade requer
novamente o envolvimento dos entrevistados.
Desse modo, realiza-se o feedback entre
entrevistado e entrevistador e se obtêm o
envolvimento de todo o grupo.
- Definição das questões-chave – De posse
da matriz e das questões priorizadas é
possível se estabelecer o que deve ser feito.
Nessa fase emerge a estratégia da
organização, portanto tem-se a condição de
definir os objetivos da empresa para um
determinado período.
Esta metodologia está demonstrada através
da Figura 3.
Figura 3 – Passos para elaboração da matriz SWOT
Os pontos obtidos na análise SWOT foram
priorizados pela ferramenta GUT, sendo que
em cada ponto avaliou-se a Gravidade,
Urgência e Tendência. Após esta etapa,
respondeu-se a seguinte questão: Por Quê? A
fim de justificar a importância de tal item, para
que este tópico possa ser interpretado a
qualquer momento, mesmo por um novo
integrante do grupo, em vista que o grupo
realiza
suas
atividades
por
tempo
indeterminado, enquanto que os seus
membros participam por um período de
tempo máximo.
4. SOBRE A ORGANIZAÇÃO ALVO DO
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
O presente trabalho foi realizado no grupo
PET-Engenharias,
institucionalizado
pela
Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA),
campus Bagé, no Rio Grande do Sul. O
programa de educação tutorial (PET) foi
criado em 1979 pela CAPES com intuito de
melhorar a produção e a qualidade
acadêmica das instituições de ensino superior
no Brasil.
“O PET é desenvolvido por grupos de
estudantes, com tutoria de um docente,
organizados a partir de formações em nível de
graduação nas Instituições de Ensino Superior
do País orientados pelo princípio da
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão e da educação tutorial.”
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2016).
Segundo dados do Ministério da Educação
existem atualmente 841 grupos PET, os quais,
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
179
em sua grande maioria, estão estruturados de
forma que os estudantes cursam a mesma
graduação. Ao contrário deste padrão, o
grupo PET-Engenharias pode ser formado por
estudantes das cinco engenharias existentes
na UNIPAMPA campus Bagé. Atualmente o
grupo é formado por estudantes dos cursos
de Engenharia de Produção e Engenharia
Química.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultado da metodologia aplicada para
desenvolver a matriz SWOT, combinada com
a análise GUT, obteve-se os pontos
elencados pelos integrantes do Grupo. Os
quais são apresentados pelo Quadro 2, em
ordem de importância.
Quadro 2 – Matriz GUT do Grupo PET-Engenharias, baseada na análise SWOT
Prioridades
G U T G×U×T
Autonomia dos integrantes na tomada de decisão
5 5 5
125
Parcerias com professores
5 4 4
80
Possibilidade de atuação em diversas áreas
4 4 4
64
Liderança
3 3 4
36
Boas condições de trabalho (espaço físico, relações interpessoais e
psicológica)
3 3 4
36
Pró-atividade
5 2 3
30
Equipe Qualificada
5 1 3
15
Autonomia para elaboração de novas atividades/projetos
4 1 3
12
Interdisciplinaridade (competências complementares entre os integrantes)
3 2 1
6
Falta de direção estratégica
5 3 4
60
Não participação de todos os cursos no grupo (EC, EA, EE...)
4 3 5
60
Alta Rotatividade
4 3 4
48
Pouca divulgação das atividades/projetos do Grupo PET (O que é o Grupo,
o que se faz no PET)
5 3 3
45
5 3 3
45
Escassez de recursos (campus); materiais, equipamentos e reagentes
5 4 1
20
Atraso das verbas do Programa PET
5 2 1
10
Distribuição insatisfatória de tempo.
Falta de espaço físico para armazenamento de materiais de petianos e
pesquisa
Parceria com empresas
4 2 1
8
2 2 1
4
3 3 4
36
Região pouco explorada
4 3 3
36
Incentivo à publicação científica e participação de eventos
4 3 3
Oportunidades Valorização de profissionais que já tiveram contato com áreas diversificadas
4 2 3
(petianos)
Laboratórios bem equipados
5 1 3
36
Pontos Fortes
Pontos Fracos Pouca publicação dos projetos concluídos
Ameaças
24
15
Único grupo PET da área no campus
4 1 3
12
Difícil acesso para realização de trabalhos com determinadas empresas
5 5 2
25
Falta de recursos
5 4 2
20
Alto índice de reprovação
5 3 3
15
Crise econômica e política
5 2 1
10
Evasão de discentes
5 2 3
10
Trâmites legais
2 2 1
4
Aumento de grupos de pesquisa no Campus
Fonte: Autores, 2016
2 1 1
2
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
180
De acordo com os resultados apresentados
pelo Quadro 2, realizou-se um cruzamento
entre os fatores que apresentaram maior
pontuação, a fim de buscar soluções aos
problemas apresentados e aprimorar os
pontos positivos detectados.
Deste modo, a autonomia dos integrantes na
tomada de decisão pode ser aplicada à
direção estratégica, de forma a desenvolver
um planejamento de base sólida para
melhorar a gestão atual.
Notou-se ainda, que a parceria com os
professores pode ser aliada à situação de
região pouco explorada de forma a valer-se
das deficiências e oportunidades da região a
fim de desenvolver novos projetos. Da mesma
forma, esta parceria com os docentes
também pode ser útil com o intuito de
aumentar a participação de todos os cursos
de engenharias do campus ao Grupo PETEngenharias.
Ademais, contornando o ponto fraco relativo à
pouca divulgação das atividades/projetos do
Grupo PET será possível facilitar o acesso
para
realização
de
trabalhos
com
determinadas
empresas,
considerado
anteriormente uma ameaça. Isto se deve ao
fato de que as empresas terão conhecimento
sobre as possibilidades e resultados
alcançados pelo grupo para então motivaremse a trabalhar em projetos em parceria com o
mesmo.
Outro ponto analisado foi a falta de recursos,
uma ameaça presente no Grupo PET devido à
crise econômica que o Brasil está enfrentando
no momento. Assim, é possível através de
incentivos, como troca de serviços e
conhecimentos, promover parcerias com
empresas a fim de mitigar o problema de falta
de recursos.
Portanto, com base nas análises SWOT e GUT
realizadas na organização em questão,
verificou-se que nos pontos analisados, a
maioria dos problemas podem ser sanados
com uma utilização mais eficiente dos
recursos disponíveis. Além do mais, estes
também podem ser amenizados com a
aplicação dos pontos fortes e aproveitamento
das oportunidades existentes, de mesmo
modo como a resolução de um ponto fraco
pode acarretar em novas oportunidades ou
contenção
das
ameaças.
Como
complementação deste trabalho, faz-se
necessário realizar um plano de ação para
descrever de maneira completa um problema
e encontrar uma solução para resolvê-lo.
6. CONCLUSÃO
Este estudo objetivou a implementação das
ferramentas de análise SWOT e GUT, com o
intuito de uma melhor estruturação nas
atividades e um planejamento estratégico
para amplificar os trabalhos do grupo PETEngenharias. Mediante a construção das
análises citadas, foi possível estabelecer a
atual situação do grupo, através da
perspectiva dos seus próprios integrantes. Em
razão da importância de uma elaboração
conjunta do planejamento estratégico, visto
que se estimula o desenvolvimento de uma
compreensão mais profunda a respeito da
organização e seu ambiente. Por meio destas
observações, verificou-se que nos pontos
explorados, a maior parte das problemáticas
poderão ser reparadas através de uma
utilização mais eficiente dos recursos que a
organização dispõe.
A implementação de um planejamento
estratégico no PET-Engenharias foi de notória
relevância, em virtude de que os pontos fortes
da organização podem ser ainda mais
explorados, os pontos que não cabem ao
grupo deliberar serão postos à parte, muito
embora se continue a requerer melhorias aos
superiores sempre que oportuno. Referindose às fraquezas e ameaças que o grupo é
capaz de solucionar, a análise trouxe de
modo esquematizado e para estas, propostas
já foram postas a fim de resolvê-las.
Nota-se ainda, que o trabalho em colaboração
com professores do campus em virtude da
região ser pouco explorada será uma maneira
de suprir as deficiências do local e crescer as
oportunidades da região, a fim de
desenvolver novos projetos, além de ser uma
possibilidade de oxigenar o grupo, com a
participação de todos os cursos de
engenharias do campus ao Grupo PETEngenharias. Como complementação deste
estudo, observou-se que se faz necessário o
implemento de um plano de ação para
descrever de maneira completa os problemas
e encontrar soluções para solucioná-los.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
181
AGRADECIMENTOS
Nossos sinceros agradecimentos ao prof. Dr. Cláudio Sonáglio Albano, por todo suporte técnico,
bem como suas sugestões e considerações contribuídas para a elaboração do presente trabalho.
Referências
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Metodologia, de Análise e Solução de Problemas
na Célula Lateral de uma Linha de Produção
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Contabilidade e Administração, Universidade de
Taubaté, Taubaté, Brasil, 2004.
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Qualidade: As Ferramentas Essenciais. 3 ed.
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3ed. São Paulo: Ibpex, 2011, 8ª Reimpressão.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
182
Capítulo 17
Rudinei A. Welter
Marcos R. Fröhlich
Jaisson Potrich dos Reis
Resumo: A evolução do consumo energético aliado às oportunidades de redução
dos desperdícios vêm despertando à atenção para a Gestão Energética como um
grande potencializador dentro das indústrias. O racionamento de energia advindo
em 2001 foi o marco para a promulgação da Lei de Eficiência Energética, a Lei n°
10295 que dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de
Energia. A partir deste período, tem-se desenvolvido várias metodologias e
tecnologias associadas à redução do consumo energético dentro da gestão de
energia. Propõe-se aqui, instigar, através da metodologia da gestão energética,
uma prática motivadora como vantagem competitiva no atual cenário em que,
reduzir custos é uma medida imprescindível ao desenvolvimento das empresas e à
expectativa e exigências de um novo mercado consumidor.
Palavras chave: Gestão de Energia, Eficiência Energética, ISO 50001.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
183
1. INTRODUÇÃO
energia nuclear e importação.
O desenvolvimento humano está fortemente
associado ao uso da energia. Durante
décadas, as fontes de energia eram
abundantemente
disponíveis
para
as
necessidades humanas, e o meio ambiente
era considerado um grande reservatório
(PUCRS, 2010).
No setor de energia elétrica, apesar do
aumento de 1.835 MW na potência instalada
do parque hidrelétrico, a oferta de energia
hidráulica reduziu-se em 1,9% devido às
condições hidrológicas observadas em 2012,
especialmente na segunda metade do ano.
Neste mesmo ano, também se teve um
aumento do consumo final de eletricidade, de
3,8% (BEN, 2013). Isto mostra que medidas
de eficiência energética são necessárias para
amenizar esta demanda energética que
cresce a cada ano, e nos mais diversos
setores.
No ano de 2001, o Brasil enfrentou um grave
problema de falta de energia que teve como
fatores causadores: a escassez de chuvas
que acarretou a falta de funcionamento
completo das hidroelétricas, e a carência de
outras fontes de geração de energias
alternativas às hidroelétricas. BEN (2011)
destacou que em 2011 aproximadamente
78% da energia, no Brasil, era procedente de
hidroelétricas, nos quais 22% restantes são
originários dos derivados de petróleo, carvão
mineral, gás natural, biomassa, energia eólica,
O consumo final distribuído por setor figura o
ramo industrial como maior consumidor
energético,
seguido
pelo
residencial,
comercial e por final o público. Na Figura 1,
apresenta-se o mapeamento dos setores
consumidores no Brasil.
Figura 1. Consumo final energético por setor.
Fonte: BEN, 2011
Uma parte considerável dos custos de
produção em uma indústria são provenientes
do consumo de energia elétrica. Batista
(2011) descreve que para o setor industrial, a
energia elétrica tornou-se um insumo
fundamental
para
assegurar
o
desenvolvimento econômico e social do país.
A gestão energética, nos mais diversos
programas
específicos
de
eficiência
energética tem sido criados ao longo dos
últimos anos, porém, ainda não chegaram
com eficácia nas empresas que pouco sabem
como viabilizar as técnicas e reduzir os custos
melhorando assim, a produtividade. Essa
gestão de recursos energéticos precisa se
fazer presente já no início na etapa de
planejamento.
O programa de gestão energética, além de
contribuir para a minimização dos custos
industriais,
condiciona
uma
atitude
sustentável que figura como uma ação
consciente na tomada do crescimento
econômico e industrial do país. Os segmentos
de produção dentro da indústria são diversos,
mas através dos programas de eficiência
energética, é possível reduzir esse cenário de
desperdícios no uso da energia. Assim, o
objetivo do presente artigo é, através da
revisão literária nas mais diversas fontes,
assim como, experiências comuns dentro do
segmento industrial, retratar a gestão
energética como fator de contribuição no
crescimento das indústrias.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
184
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1 EFICIÊNCIA
LEGISLAÇÃO
ENERGÉTICA
E
SUA
A Conservação de Energia é um conceito
abrangente adotado para caracterizar as
ações que tenham como objetivo a melhoria
na eficiência da utilização da energia. A
diversidade de formas de energia utilizadas
numa
instalação
consumidora,
a
complexidade das diferentes transformações
que podem intervir na sua utilização e os altos
custos associados ao ciclo de sua produção e
utilização, justificam a necessidade da
implantação de programas de gerenciamento
do uso da energia para se obter a pretendida
economia (SILVA, et al. 2008).
Em 1985, o Governo Federal criou o Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(PROCEL), coordenado pelo Ministério de
Minas e Energia e implementado pela
Eletrobrás, com o objetivo principal de
contribuir para a redução do consumo e da
demanda de energia elétrica no país,
mediante o combate ao desperdício desse
valioso insumo.
Já em 1990, foi criado o Conpet – Programa
de Racionalização do Uso de Derivados de
Petróleo e Gás Natural e em 1991, a CICE –
Comissão Interna de Conservação de
Energia. Estas iniciativas governamentais não
foram suficientes para sensibilizar os diversos
setores consumidores para o uso racional da
energia. Entretanto, tendo em vista o aumento
do consumo energético, a crise de
abastecimento
e
a
necessidade
de
programas e políticas de conservação do uso
racional de energia, foi publicado pelo
Ministério de Minas e Energia – MME em 17
de outubro de 2001, a Lei de Eficiência
Energética N˚10.295 que visa ações de
redução do consumo tanto pela introdução de
novas tecnologias como também, mudanças
do padrão de consumo.
Esta Lei figura como importante instrumento
para a inferência da eficiência energética. Foi
concebida ao qual a conservação de energia
deve ser finalidade da Política Energética
Nacional estimulando o desenvolvimento
tecnológico, a preservação ambiental e a
introdução de produtos mais eficientes no
mercado nacional. É considerado um
importante instrumento pois determina a
existência de níveis mínimos de eficiência
energética em máquinas e aparelhos
consumidores de energia (elétrica, derivados
de petróleo ou outros insumos energéticos)
fabricados ou comercializados
(PROCEL, ELETROBRÁS, 2005).
no
país
É
importante
salientar
que
a
sua
implementação implica, por parte dos órgãos
governamentais, em especial, do poder
executivo, um esforço para a elaboração das
regulamentações específicas e também dos
programas e metas, assim como, de diretrizes
para a fiscalização e estudos de impacto para
o acompanhamento de todo o processo.
2.2 USO DA ENERGIA
Segundo a Confederação Nacional da
Indústria (CNI), a indústria é responsável por
cerca de 41% do consumo de energia elétrica
do país, com 573 mil unidades consumidoras
industriais. Estes índices demonstram a
importância do setor industrial para a energia
elétrica do Brasil. O consumo industrial está
crescendo, necessitando assim, do aumento
do suprimento de energia elétrica, além de
investimentos em geração, transmissão e
distribuição para atender com confiabilidade
a demanda industrial.
Os maiores consumidores segundo a CNI
são: motores elétricos, refrigeração, ar
comprimido e iluminação. Juntos, estes quatro
itens representam mais de 50% dos custos
em energia elétrica de uma indústria.
2.2.1 MOTORES ELÉTRICOS
Os motores elétricos estão presentes em
quase todas as indústrias sendo um
equipamento de grande potencial na
economia
de
recursos
energéticos.
Atualmente, só podem ser comercializados no
Brasil motores de alto rendimento, com
perdas menores e com mais tecnologia.
Segundo a WEG, uma das maiores
fabricantes de equipamentos elétricos do
mundo, a substituição de Motores Elétricos é
a ação mais abrangente a se aplicar em uma
planta industrial, contemplando o maior
número de equipamentos. Desta forma,
proporciona uma maior redução de demanda
além de promover a atualização do parque
fabril.
A idade média dos equipamentos nos
parques fabris é de 16 anos, segundo
informações da Abraman (Associação das
empresas brasileiras de manutenção). Neste
período, a eficiência dos motores elétricos
teve uma evolução em 5 níveis conforme
Figura
2.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
185
Figura 2. Evolução dos níveis de eficiência em motores elétricos
Fonte: WEG, 2015.
A representatividade do consumo de
eletricidade dos motores elétricos na indústria
representa 2/3 segundo informações da
PROCEL. Isso condiciona um potencial de 7%
em economia no parque nacional com a
substituição por níveis mais eficientes (WEG,
2015).
2.2.2 AR COMPRIMIDO
Levando em consideração a importância do
ar comprimido nos diversos campos da
indústria, muito tem-se pensado no quesito,
utilização eficiente. Sabe-se que em torno de
20% (SMC, 2015) da energia atribuída aos
insumos energéticos é desperdiçada tanto na
distribuição, quanto no uso final do recurso.
Um dos conceitos responsáveis por esse
desperdício, principalmente na questão do ar
comprimido é a falsa ideia que esse insumo é
gratuito, visto sua vasta abundância na
natureza. Entretanto, para que seja de valia
para os equipamentos industriais, uma grande
quantidade de energia precisa ser aplicada
em sua geração e distribuição. Para que seja
possível obter resultados satisfatórios em
programas vinculados à redução de gastos
inerentes à geração de ar comprimido,
normalmente ações que envolvam pequenos
investimentos, como é o caso do controle de
vazamentos e programas de uso consciente
deste importante insumo, encontrado nas
mais variadas espécies de complexos fabris.
2.2.3 ILUMINAÇÃO
O sistema de iluminação das industrias de
uma forma geral é também um fator
responsável pelo alto consumo de energia
elétrica. Um eficiente sistema de iluminação é
baseado em vários critérios, sendo o principal
deles, o projeto elétrico do empreendimento.
É através deste que é selecionada a melhor
forma de iluminação, considerando as mais
variadas tecnologias disponíveis no mercado
e a real necessidade de cada segmento. É de
suma importância que o sistema de
iluminação seja adequado, pois, ela possui
um importante papel psicológico nas
pessoas, visto que pode estimular positiva ou
negativamente
o
comportamento
dos
colaboradores, o que por sua vez, irá
impactar diretamente na produtividade.
2.2.4 SISTEMAS DE REFRIGERAÇÃO
O uso racional dos sistemas de refrigeração
industrial é de grande importância, conhecido
o impacto gerado pelos gases de efeito
estufa, inerentes ao processo de refrigeração
e a significativa participação nos custos com
a energia elétrica. A utilização do frio é
normalmente aliada à conservação de
alimentos e afins. Dessa forma, o pleno
conhecimento desde a sua geração,
distribuição e utilização final são de suma
importância, visando o uso consciente e
consequentemente a economia de energia
elétrica.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
186
Já em relação a climatização de ambientes
industriais, levando em consideração a
grande concentração de operários em locais
fechados, sistemas de climatização com o
objetivo de controlar a temperatura, sujidade
do ar e umidade relativa, do são cada vez
mais aplicados, sendo estes também,
grandes consumidores de energia elétrica,
constituindo dessa forma, possíveis potencias
para programas de medidas de eficiência
energética e gestão de recursos energéticos.
3. GESTÃO ENERGÉTICA
Um sistema de gestão energética (SGE)
objetiva conhecer todo fluxo de energia em
uma empresa, assim como, verificar
influências, possíveis pontos a serem
aperfeiçoados e acima de tudo, ter controle
sobre o sistema aplicando ações corretivas
(FROZZA et al., 2012). Em muitos casos, um
sistema de gestão de energia é mais eficaz
do que um programa de eficiência energética
devido a sua atuação ser mais ampla e
duradoura. Ela demanda um custo inicial
relativamente menor em vista dos retornos
vindos de forma de eficiência energética nos
diferentes processos.
Segundo Tonim (2009), para as indústrias dos
segmentos de alumínio, siderurgia, celulose e
petroquímica, a gestão energética assim
como a implementação de ações voltadas à
eficiência energética tornaram-se realidade há
alguns anos em função do encarecimento do
custo de energia no processo produtivo. Isso
se deve principalmente porque o insumo de
energia elétrica é o fator que mais impacta no
custo final do produto nestes segmentos. Já
para as outras indústrias, a gestão energética
ganhou força a partir de 2001, quando houve
o racionamento no fornecimento e há uma
preocupação ainda iminente de uma possível
indisponibilidade de energia pelo aumento
crescente do consumo. Por isso, a gestão
energética está ganhando força na indústria
com
ações
que
trazem
economias
energéticas através de seus programas e
sistemas.
Descrevem-se na sequência,
fatores e características relacionados ao
Programa de Gestão Energética (PGE) e à
Gestão de Energia pela ISO 50001.
3.1 PROGRAMA DE GESTÃO ENERGÉTICA
(PGE)
O programa de Gestão Energética, visando
sua implantação para a redução de custos de
energia, deve ser considerada como a
primeira iniciativa de uma empresa, assim
como, o comprometimento da direção para o
seu sucesso. Segundo Procel, Eletrobrás
(2005), ações isoladas não tem a mesma
eficácia que um PGE, pois tendem a perder o
efeito ao longo do tempo. Um PGE deve ser
estruturado de forma que os resultados de
sua implementação se mantenham e as ações
adotadas não percam seu efeito ao longo do
tempo. Esta opinião também foi ressaltada por
Frozza et al. (2012), ao qual descreve que as
ações aplicadas somente em alguns sistemas
isolados da empresa, perdem a confiabilidade
ao longo do tempo por falta de monitoração.
Os objetivos de um PGE visam a otimização
da energia em sua utilização por intermédio
de orientações, propostas de ações e
controles sobre os recursos humanos,
materiais e econômicos, não se tratando de
racionamento ou redução na qualidade dos
produtos ou serviços oferecidos. Desta forma,
conjetura-se a redução dos índices globais e
específicos da energia necessária à obtenção
do mesmo resultado ou produto (PROCEL,
ELETROBRÁS 2005).
Outro fator a ser considerado no PGE é a
questão da empresa estar, mediante sua
implantação, comprometida com valores que
mostram uma imagem sustentável que é perfil
de um novo mercado consumidor com
exigências cada vez mais vinculadas ao
compromisso com a preservação do meio
ambiente e com o não desperdício. Para
Batista (2011), o mercado está cada vez mais
orientado a dar preferência a produtos de
empresas comprometidas com ações de
proteção ao meio ambiente que também a
torna competitiva por este fator. O programa
de conservação também é exigido para
reivindicar a certificação da ISO 14000.
Para a implementação do PGE, a empresa
deve incumbir responsabilidade ao grupo de
funcionários encarregados de criá-lo e de
implementá-lo. Além disso, a direção deve
manter-se comprometida com o seu sucesso,
devendo acompanhar suas ações e
resultados, e demonstrar seu apoio. Da
mesma importância, a implantação de um
Programa de Gestão Energética demanda
modificações de procedimentos, de hábitos e
de rotinas de trabalho, o que, em muitas
vezes, é um entrave a ser superado, em
virtude da resistência natural que as
coletividades oferecem a propostas desse
tipo. Também é importante destacar, que o
início de um PGE deve ser antecedido de uma
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
187
preparação de todos os envolvidos
A PROCEL apresenta uma sugestão
metodológica para a implementação do PGE
nas empresas conforme passos sequenciais:
Primeiro passo: ações de treinamento e
informação: Inicialmente, deve ser constituída
uma Comissão Interna de Conservação de
Energia (CICE), que deverá constituir os
principais usos da energia nas instalações da
empresa, para definir o programa de
treinamento mais adequado;
Segundo passo: estruturação do programa;
1. Identificação dos vetores primários e
secundários;
2. Identificação
controle;
dos
parâmetros
3. Estabelecimento das
redução de consumo;
metas
de
de
Terceiro passo: Procedimentos operacionais e
de engenharia;
4. Estabelecimento
medição;
dos
sistemas
de
5. Ferramentas de engenharia;
Quarto passo: Avaliação dos resultados;
Os resultados, segundo a PROCEL, devem
ser avaliados em termos de: verificação do
cumprimento dos prazos e custos inicialmente
previstos, economia efetivamente obtida em
unidades de energia por unidade de produto
ou de serviço e redução dos custos
incorridos.
O PGE é constituído de três pilares ou
estratégias:
Diagnóstico
Energético
(levantamento da situação); Controles dos
Índices (análise e acompanhamento dos
dados); e Comunicação do Programa e seus
resultados (divulgação). A gestão destes
pilares é de responsabilidade da CICE
(PROCEL, ELETROBRÁS 2005).
Figura 3 – Pilares do PGE
Fonte: (PROCEL, ELETROBRÁS 2005).
Todas as ações desenvolvidas no PGE estão
enquadradas em um desses pilares, e muitas
delas
devem
ser
desenvolvidas
simultaneamente. Logo, não existe um pilar
mais importante que o outro (PROCEL,
ELETROBRÁS 2005).
3.1 GESTÃO DE ENERGIA ISO 50001
Em junho de 2011 foi publicada no Brasil a
norma ABNT NBR ISO 50001 que trata dos
Sistemas de Gestão de Energia. A Norma ISO
50001 é baseada na metodologia conhecida
como
“Plan-Do-Check-Act”
(PDCA)
e
incorpora a gestão de energia nas práticas
diárias das organizações. Para Frozza et al.
(2012), seu objetivo é propiciar às instituições
um melhor desempenho energético com
eficiência energética.
Para Batista (2011), a gestão energética é
referenciada como uma método gerencial
com caráter decisivo para as diretrizes de um
planejamento estratégico que é reforçado
pela criação da ISO 50001 e também por
outros programas governamentais como
PROCEL e PROESCO. O sistema de gestão
de energia, ISO 50001, contribui para reduzir
os custos, o consumo de energia e as
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
188
emissões de CO2 além de melhorar a
eficiência
energética
de
processos,
equipamentos e dispositivos.
O modelo de gestão energética segundo a
norma ABNT NBR ISO 50001, pode ser
verificado na Figura 4
Figura 4 – Modelo de Sistema de Gestão de Energia
Fonte: Frozza et al. (2012), Adaptado da ABNT-NBR ISO 50001.
A estruturação deste modelo de gestão segue
algumas diretrizes focadas: na política
energética, em um planejamento energético,
na implementação e operação, na verificação
e análise crítica por parte da direção. A este
último, cabe o apoio para o funcionamento
eficiente, assim como, a equipe do sistema de
gestão, que juntos determinam os objetivos e
metas a serem alcançadas. A Procel
recomenda que a CICE seja diretamente
ligado à direção.
A implantação do SGE de acordo com a
norma ISO 50001 tenderá ao conhecimento
de todo o fluxo de energia na empresa e
requer uma abordagem sistemática das
questões pertinentes com a eficiência e a
gestão energética. A esse fator relaciona-se
onde e como a energia esta sendo
consumida, os diversos pontos falhos que
requerem melhorias, os impactos ambientais
que podem ser minimizados e as diversas
oportunidades no escopo da redução de
custos no produto final (FROZZA et al. 2012).
O método requer duas etapas, onde na
primeira é imprescindível constituir diretrizes
para o início do programa como diagnóstico
energético, criação da CICE, elaboração de
indicadores, entre outros. Já a segunda
etapa, abrange o ciclo do SGE conforme visto
na Figura 4.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na maioria das empresas, a preocupação
com a gestão de energia, geralmente, é de
caráter pontual. Porém, através do impacto no
atual cenário energético, com possibilidades
de racionamento e aumento dos custos de
produção, estão levando as empresas à
adotarem medidas de gestão dos gastos com
a energia e insumos energéticos. A isso,
vincula-se que, para almejar uma estrutura de
custos racionalizada e tornarem-se mais
competitivas, as mesmas não podem admitir o
desperdício usando a energia de forma
ineficiente.
As diversas ações em eficiência energética
são válidas, pois também auxiliam na redução
dos custos dos recursos energéticos, porém,
a
Gestão
Energética
permitirá
um
acompanhamento contínuo do fluxo de
energia e dos produtos produzidos. Os
indicadores
de
eficiência
energética
possibilitarão com que se tenha um sistema
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
189
atualizado com o controle das metas
energéticas propostas pela CICE junto à
direção.
O
objetivo deste artigo foi fomentar a
importância de um sistema de gestão focado
na eliminação dos desperdícios energéticos e
assim, contribuir no desenvolvimento e
sustentabilidade das indústrias.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
190
Capítulo 18
Luciene Galdino Ricardo
Tanatiana Ferreira Guelbert
Ana Paula da Silva
Marcelo Guelbert
Resumo: Falar de gestão por processos nada mais é do que dissertar sobre a
importância da disseminação de uma visão sistêmica para uma organização. Uma
empresa que ainda não despertou para a importância de sistematizar as atividades,
de forma que os profissionais que nela atuam compreendam a importância e
impacto que a sua atividade causa nas demais, possivelmente estão fadadas ao
insucesso. Esta aplicação no ramo logístico, principalmente, na etapa denominada
transporte sofre resistência por parte dos profissionais da área. Diante deste
cenário, o estudo visa analisar as situações e as formas de viabilizar a aplicação da
gestão por processos em empresas que atuam neste segmento de mercado.
Palavras chave: Gestão, Processos, Logística.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
191
1. INTRODUÇÃO
Segundo Gonçalves (2000a), as empresas
passaram a abandonar a abordagem
funcional predominante no século XX para
organizar seus recursos e fluxos ao longo de
seus processos básicos de operação. Para
esse autor, por muito tempo, as empresas
foram geridas por meio de metas dirigidas às
áreas funcionais, ao contrário da atualidade,
em que as metas são definidas para os
processos essenciais, constituindo um nível
fundamental de avaliação de desempenho de
uma organização.
Davenport (1994), afirma que a visão de
administração de processos realizada pelas
empresas japonesas, muito antes das
empresas do ocidente, colaborou para
ascensão econômica do Japão, por meio do
desenvolvimento de processos rápidos e
eficientes em áreas-chave como vendas,
marketing, logística e desenvolvimento de
produtos.
Para produzir bens, serviços ou ambos é
necessário um processo de transformação.
Processo este que utiliza recursos para mudar
o estado ou condição de algo para produzir
saídas que atendam às necessidades dos
clientes, entregando aos mesmos, produtos
ou serviços. São necessários recursos
transformados e recursos de transformação
para produzir saídas aos clientes (SLACK,
CHAMBERS e JOHNSTON, 2002, p. 36-38).
Novaes (2001) entende que o prestador de
serviços logísticos é o responsável pelas
atividades logísticas que englobam todo o
processo logístico de uma empresa-cliente ou
parte dela. O operador logístico fornece
serviços logísticos, gerenciando e executando
toda ou parte das atividades logísticas nas
várias fases da cadeia de abastecimento de
seus clientes, possuindo competência para
executar três atividades básicas: controle de
estoques, armazenagem e gestão de
transportes (FLEURY; RIBEIRO, 2001).
O Ramo da Logística, mais principalmente na
área de transportes, realiza as suas atividades
na maioria das vezes no método “apaga
incêndio”, ou seja, resolvem os problemas
conforme eles vão aparecendo e não
trabalham em métodos preventivos para
antecipação ou até mesmo evitar as possíveis
falhas inerentes a atividade. Diante disto, este
artigo tem como objetivo analisar as situações
e as formas de viabilização da aplicação da
gestão por processos neste ramo de atuação,
visto que se identificou a necessidade de
tratar este assunto, o qual é relevante para
melhorar a atuação das empresas de
Logística no mercado, bem como, melhorar o
atendimento aos clientes.
2. METODOLOGIA
De acordo com Gil (2008), pode-se definir
pesquisa como o processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método
científico. O objetivo fundamental da pesquisa
é descobrir respostas para problemas
mediante o emprego de procedimentos
científicos, ou seja, o processo que, utilizando
a metodologia científica, permite a obtenção
de novos conhecimentos no campo da
realidade social.
A Metodologia utilizada no desenvolvimento
do estudo foi a pesquisa exploratória por meio
de revisão bibliográfica e estudo de caso em
empresa do segmento logístico.
Gil (2008) afirma ainda, que as pesquisas
exploratórias têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos
e, tendo em vista a formulação de problemas
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para
estudos posteriores. De todos os tipos de
pesquisa, estas são as que apresentam
menor
rigidez
no
planejamento.
Habitualmente
envolvem
levantamento
bibliográfico e documental, entrevistas não
padronizadas
e
estudos
de
caso.
Procedimentos de amostragem e técnicas
quantitativas de coleta de dados não são
costumeiramente aplicados nestas pesquisas.
Pesquisas exploratórias são desenvolvidas
com o objetivo de proporcionar visão geral,
de tipo aproximativo, acerca de determinado
fato. Este tipo de pesquisa é realizado
especialmente quando o tema escolhido é
pouco explorado e torna-se difícil sobre ele
formular
hipóteses
precisas
e
operacionalizáveis.
3. GESTÃO POR PROCESSOS: AMPLIANDO
O CONHECIMENTO
De Toro e McCabe (apud DE SORDI,
2008, p. 21) definem gestão por processos
como uma estrutura gerencial orientada a
processos, onde todos na organização são
executores e pensadores, enquanto projetam
seu trabalho, inspecionam seus resultados e
redesenham os sistemas de trabalho para
alcançar melhores desempenhos. A gestão
por processos também conhecida como visão
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
192
de sistemas ou gestão horizontal representa
uma perspectiva diferente do tradicional que
permite visualizar: o cliente, o produto, o fluxo
de
atividades
empresariais
e
o
relacionamento interno (SCAICO, 1997, p. 36).
Diante destes aspectos, vislumbra-se
a necessidade de ampliar e consolidar à
compreensão relacionada aos conceitos de
processo, neste sentido pode-se afirmar que
processo é qualquer sistema operacional ou
administrativo que transforma insumos
(entradas) em produtos (saídas) (SILVA, 2001,
p. 501). Para definir a forma básica de
organização das pessoas de acordo com
Dreyfuss (1996 apud Gonçalves, 2000), é
importante identificar o processo como sendo
a maneira de realizar o trabalho.
Não há como afirmar que uma empresa tenha
as suas atividades 100% com base em
processos ou com base em setores, pois
qualquer atividade que use os recursos
(entradas) para transformar em produto
(saída) é considerada um processo
(BALLESTERO-ALVAREZ, 2001).
Conforme a Figura 1, apresentada por
Maranhão e Maciera (2004), os processos
podem ser desdobrados em macroprocessos
básicos, que são aqueles que agregam valor
ao negócio, macroprocessos de suporte que
são processos de atividade de meio, e estes
por sua vez são subdivididos em processos
(principais ou de apoio) e subprocessos.
Figura 1 – Desdobramento de Processos
Fonte: Maranhão e Macieira, Maria Elisa Bastos (2004, p. 21)
A forma de organização destes processos
de inconveniências possível” (DENTON, 1991,
varia nas empresas, pois deve ser adaptado a
p. 121).
realidade de cada uma. “Os serviços
Para complementar este pensamento e a ideia
precisam ser bem organizados, de modo que
da gestão por processos em serviços a figura
o pretendido seja fornecido, é preciso
2, apresentado por Macieira e Maranhão
planejar empregados, equipamentos e
(2004, p. 13), traz referências de algumas
fornecimento de materiais, de modo que o
fontes sobre processo.
fluxo seja suave e o cliente enfrente o mínimo
Figura 2 – Definições sobre Processo
Fonte Bibliográfica
Norma NBR ISO 9000:2000
Definição de Processo
Conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que
transforma insumos (entradas) em produtos (saídas).
Integration Definition for Modeling of Conjunto de atividades funções ou tarefas identificadas que ocorrem
Process – IDEFO
em um período de tempo e que produzem algum resultado
Michael Hammer (em Reengenharía 1 – Reunião de tarefas ou atividades isoladas;
revolucionando a empresa e a
2 – Grupo organizado de atividades relacionadas que, juntas criam
agenda)
um resultado de valor para o cliente.
Fonte: Maranhão e Macieira (2004, p. 13).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
193
Empresas “orientadas a processos”, esta é a
rotulação que recebe as empresas que
estruturam a sua gestão e operação por meio
de processos do negócio. As empresas do
futuro não enxergarão somente os processos
industriais e sim unirão seus esforços em
processos não fabris com foco no
atendimento ao cliente, buscando a eficiência
de hoje e do futuro (DE SORDI, 2008);
A Figura 3 apresentada por Ballestero-Alvarez
(2001), apresenta o modelo de gestão por
processo com foco em qualidade, de forma
que as partes interessadas desempenham o
seu papel no fornecimento de entradas para a
organização e há um acompanhamento da
satisfação das partes envolvidas através de
uma avaliação constantes.
Figura 3 – Gerenciamento de Processos com foco na qualidade
Fonte: Ballestero-Alvarez (2001, p. 20)
Paladini, (2004, p. 39), afirma que para
viabilizar a gestão da qualidade por processo
deve-se criar práticas para a estruturação dos
processos de forma a eliminar perdas; a
eliminar as causas das perdas e otimização
do processo.
Ao definir uma estruturação por processos em
uma organização, é imprescindível que se
defina também a figura de um responsável
para poder exercer o papel de “dono do
processo”, que deverá usar todos os esforços
para atingir os objetivos do processo
previamente definidos, conforme esquema
evidenciado na Figura 04 (BALLESTEROALVAREZ, 2001).
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
194
Figura 4 – Estruturação por processos
Fonte: Ballestero-Alvarez (2001, p. 20)
4.
APLICAÇÃO
DA
GESTÃO
PROCESSOS NO SETOR LOGÍSTICO
POR
Para aplicação da gestão por processos em
uma
organização,
primeiramente,
é
importante mapear todos os processos da
empresa, definindo quais são as entradas, as
saídas, quais deles correspondem aos
processos principais, aos de gestão e aos de
apoio.
Tal mapeamento foi realizado em uma
empresa de logística, situada na região Sul do
Brasil e, posteriormente, desenvolve-se o
esquema de mapa de interação de processos
(Figura 5), cujos conceitos, para cada uma
das etapas do mapeamento, são descritos,
conforme segue.
4.2.1 PROCESSOS DE GESTÃO
Na Empresa Logística, neste artigo estudada,
o Processo de Gestão é monitorado pela área
da Qualidade e pela Controladoria que visa
assessorar os demais processos da
organização, de forma a criar padrões de
trabalho, auxiliar na análise de dados e
resultados além de monitorar os requisitos
legais do negócio como leis, regulamentos,
licenças de funcionamento dentre outros.
Para apoiar a gestão do negócio na empresa,
há os seguintes subprocessos considerados
como importantes:
4.2 TIPOS DE PROCESSOS
Os tipos de Processos são definidos de
acordo com o porte e tipos de serviços
oferecidos pela empresa. Este estudo, aborda
os tipos de processos aplicados em uma
empresa de logística, os quais constam na
Figura 5.
Subprocesso Gestão por Processos;
Subprocesso Controle de
Documentos e Registros;
Subprocesso Melhoria Contínua,
Medição e Análise;
Subprocesso Programa 5S;
Subprocesso Auditoria interna: Ação
Corretiva e Ação-Preventiva;
Subprocesso Controladoria.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
195
Figura 5 – Interação de Processos no setor Logístico
Fonte: Adaptada pelos Autores de Ballestero-Alvarez (2001, p. 20)
4.2.2 PROCESSOS PRINCIPAIS
Para a organização estudada, os Processos
Principais são aqueles que estão diretamente
ligados aos clientes, legislação e ao negócio
principal da empresa, dentre os processos
principais destaca-se:
a) Processo Comercial
A equipe de vendas organizada e
coordenada
pelo
Gerente
Comercial
Corporativo e ou Gerente de Unidade da
Empresa, realiza pesquisa e análise para
determinar as expectativas e necessidades
dos clientes. O resultado desta análise é
utilizado para:
Abertura de novos clientes;
Identificação
de
melhorias
necessárias
com
vistas
ao
atendimento das necessidades dos
Clientes.
O processo Comercial é subdividido nos
seguintes subprocessos:
Atendimento ao Cliente;
Vendas;
Pós–Vendas;
Pesquisa de Satisfação.
Cada vendedor atende a um número de
clientes,
sendo
responsável
pelo
entendimento
de
seus
requisitos,
direcionamento e atendimento as suas
reclamações ou oportunidades de melhoria.
Os requisitos do cliente são registrados pelos
vendedores e analisados pelo Gerente
Comercial
ou
de
unidade
sendo
encaminhados para cadastramento destas
informações no sistema.
b) Processo Frota
O processo de fornecimento do serviço desta
Organização
é
atendido
pela
área
Operacional e Frota, através de seus recursos
físicos e humanos, atendendo critérios
estabelecidos no Sistema de Gestão da
Qualidade e requisitos regulamentares e
estatutários, buscando o atendimento às
necessidades e expectativas dos clientes.
As informações e solicitações de clientes
pertinentes são passadas ao Operacional e a
Frota através da Central de Atendimento, bem
como a retroalimentação para o cliente.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
196
O processo Frota é subdividido nos seguintes
subprocessos:
Controle de Frota;
Distribuição de Frota;
Contratação/Subcontratação.
c) Processo Manutenção
Atende toda a parte de manutenção corretiva
e preventiva, tanto no controle quanto na
abertura de cotações e aquisição de peças e
serviços, fazendo com que as ferramentas de
suporte
ao
carregamento,
os
caminhões/veículos funcionem de forma
sistemática ao processo operacional.
O processo Manutenção é subdividido nos
seguintes subprocessos:
Manutenção corretiva e Preventiva;
Higienização de Veículos.
d) Processo Operacional
É o processo diretamente ligado ao processo
de Frota e Comercial está diretamente ligado
ao fornecimento do serviço da organização. É
atendido pela área operacional que é
responsável pelo carregamento e distribuição
das cargas de acordo com os respectivos
destinos.
a) Processo Gestão de Pessoas - Recursos
Humanos
Atende às necessidades das demais áreas
quanto a recursos humanos, incluindo a
contratação de mão-de-obra necessária.
Desenvolve e cria alternativas para a
satisfação das competências e habilidades
requeridas pelos processos do SGQ (Sistema
de Gestão da Qualidade).
O processo Gestão de Pessoas é composto
pelos seguintes subprocessos:
b) Processo
Financeira
Entrega;
Coleta;
Transferência de Carga;
Recebimento de Carga;
Conferência de Carga.
Gestão
e
Administrativa
Processo Gestão Administrativa Financeira
está intimamente relacionada à administração
dos recursos financeiros da empresa. Suas
ações estão direcionadas à otimização
desses recursos, tanto sob o aspecto
operacional quanto econômico, financeiro,
social e ambiental.
O Processo Gestão Administrativo Financeiro
é subdividido nos seguintes subprocessos:
O processo Operacional da empresa, é
subdividido nos seguintes subprocessos:
Recrutamento e Seleção;
Treinamento,
desenvolvimento
capacitação;
Pesquisa de Clima.
Contas a Pagar;
Contas a Receber;
Faturamento;
Fiscal.
c) Processo Monitoramento
Processo que permite a análise do real
cumprimento das etapas do processo
Operacional e Frota no que diz respeito a:
4.2.3 PROCESSOS DE APOIO
Os Processos de Apoio, desta empresa são
aqueles que dão suporte aos processos
principais e a si mesmo, fornecendo insumos
adquiridos, tecnologia, recursos humanos e
informações. Os processos de apoio são
definidos a partir da identificação das
demandas decorrentes dos processos
principais, tendo como referência as diretrizes
estabelecidas pela Alta Direção. Os
processos considerados como de apoio para
a organização são:
Controle de Velocidade, cumprimento de
horário, cumprimento de Rota, tipos e
locais de parada.
O Processo Monitoramento é subdividido em
2 sub-processos:
Gerenciamento de Riscos;
Monitoramento de Veículos.
d) Processo Gestão
Aquisição
de
Suprimentos
-
Atende às necessidades das demais áreas
quanto a recursos físicos e serviços
necessários para operacionalização dos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
197
processos, através de parcerias sólidas com
seus fornecedores.
A área de compras seleciona e avalia as
melhores fontes de fornecimento disponíveis
através da avaliação da capacitação técnica
dos mesmos. Isto inclui fornecedores de
produto
ou
serviços
que
impactam
diretamente no negócio fim da empresa e
influenciam a qualidade do serviço prestado.
A avaliação e seleção de fornecedores de
serviço de transporte como carreteiros e
agregados é executada pelo Gerente da
Unidade ou Responsável da Frota. Os demais
fornecedores são avaliados quanto ao
cumprimento dos requisitos de fornecimento
que contempla:
Conformidade do valor da compra;
Conformidade do prazo de pagamento;
Cumprimento do prazo de entrega.
Caso os requisitos não sejam cumpridos, o
setor de compras tem a autoridade para a
desclassificação do fornecedor.
O Processo Suprimentos é subdividido em
dois subprocessos:
Compras/Aquisição;
Estoque de Materiais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo da pesquisa que orientou a
realização desse artigo é a gestão por
processos e sua aplicação em uma empresa
que atua no segmento Logístico, setor que
sofre frequentemente com as excessivas
mudanças provenientes da conjuntura
econômica, política e do próprio mercado,
portanto
seu
sucesso
ou
insucesso
dependem muito da interação dos diversos
processos da organização.
Com base em todas as etapas do estudo é
possível dizer que as mudanças necessárias
para a empresa estudada e outras que
seguem o mesmo modelo sejam realmente
orientadas por processos. Neste sentido, é
importante deixar de ver a empresa e os
setores como atividades isoladas, bem como
começar a avaliar os resultados dos
processos e não cobrar resultados de
atividades de forma individual.
Nas diversas áreas da empresa é possível
perceber a necessidade de melhoria, neste
sentido, o mapeando os processos da
organização a fim de alinhar todo o contexto
organizacional de forma sistêmica, teve como
resultado o aperfeiçoamento do modelo de
gestão da organização, objeto do estudo.
Percebe-se um anseio da organização na
implementação da proposta do referido
estudo por meio da participação dos
envolvidos e da aprovação e validação
realizada pela Diretoria da empresa. Isto
certamente contribuirá para o sucesso desta
proposta, uma vez que os fatores interesse e
participação são fundamentais para a
implementação da visão por processos.
Com a implantação do estudo será possível
realizar a integração dos setores, unidades e
processos da organização, possibilitando
uma visão sistêmica à todos os envolvidos,
trazendo diversos ganhos para a organização
como, por exemplo: melhoria de processo,
otimização de recursos, melhoria na
satisfação de clientes, e manutenção do
capital intelectual que certamente contribuirá
para a melhoria contínua da Empresa, além
de servir com benchmarking, para aplicação
em negócios similares que possa aplicar a
mesma metodologia.
Por fim, é possível concluir que a gestão por
processos também pode ser implantada em
setores de mercado como empresas
logísticas e que esta aplicação possivelmente
será uma forma de melhorar a eficácia do
negócio.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
199
Capítulo 19
Leopoldo Euler Marialva de Albuquerque
Raimundo Kennedy Vieira
Resumo: As exigências dos consumidores e o aumento da concorrência obrigam
as empresas a procurarem novas práticas de produção. Nos tempos atuais as
empresas devem produzir bens ou serviços com qualidade, entregar exatamente
no momento que o cliente deseja com baixo custo. Qualidade, tempo e custo são,
portanto, objetivos que devem ser alcançados de forma contígua. Para atingir esses
objetivos, as organizações têm despendido esforços e consideráveis recursos, com
intuito de implantar a melhoria contínua no processo produtivo e assim garantir uma
sólida posição no mercado. O presente trabalho relatará um estudo de caso de
uma indústria da área de injeção plástica, atuando no mercado de duas rodas
integrada no Polo Industrial de Manaus. Os conjuntos tomada de ar e os para-lamas
dianteiro e traseiros, para serem fabricados passam por duas etapas, a primeira
etapa é a moldagem por injeção plástica realizadas em máquinas injetoras, após
esse processo essas peças são estocadas e após 48 horas, são enviadas a uma
linha de montagem para aplicação dos adesivos coloridos que destacam os
modelos dos produtos, sendo posteriormente embaladas e enviadas ao cliente.
Com a utilização de ferramentas da manufatura enxuta, como o Mapeamento do
fluxo de valor, foi estudado o citado processo com intuito de identificar as
atividades que realmente geram valor para o cliente e aquelas que não geram valor
e que são consideradas como desperdícios.
Palavras Chave: Manufatura enxuta, Mapeamento do fluxo de valor, Desperdício.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
200
1 INTRODUÇÃO.
2 OBJETIVOS.
A busca por uma maior eficiência operacional
é uma condição vital nas empresas, para
manterem-se
competitivas
no
cenário
econômico,
contudo
a
melhoria
no
desempenho do processo produtivo, tem sido
uma das formas mais empregadas pelas
organizações
visando
enfrentar
a
concorrência em uma economia em crescente
globalização.
2.1 OBJETIVO GERAL.
Para Silva, Santos e Castro (2012) uma
estratégia de manufatura torna a empresa
mais competitiva e proporciona uma
diferenciação percebida por seus clientes no
mercado em que atua.
Costa R.S. e Jardim E.G.M. (2010) afirmam
que nesses novos tempos, de globalização e
mercados ultra-competitivos, a definição de
preços, prazos e qualidade fogem ao controle
do fabricante e vem a ser um fato externo ao
chão de fábrica, uma vez que essas
especificações passam a ser feitas pelos
clientes no mercado. Perante ao exposto, a
gestão do chão de fábrica passa
necessariamente a conjugar inquietações
tradicionais ligadas à eficiência do processo
produtivo e à redução de custos.
Considerando que estes aspectos serão
avaliados a partir de medidas relacionadas à
eficácia e a satisfação dos clientes, a partir da
qualidade do produto e do cumprimento de
prazos acordados. Portanto a Manufatura é
reintegrada paulatinamente à definição das
estratégias corporativas. Este processo,
encontra-se disseminado nas grandes
corporações industriais do mundo todo.
Slack (2002) cita que uma manufatura de alto
desempenho
pode
ser
obtida
fundamentalmente por: produtos de alta
qualidade, velocidade de processamento,
custo, flexibilidade e confiabilidade, de modo
a possibilitar que a empresa se ajuste a um
mercado cada vez mais dinâmico.
Uma das formas de conseguir uma
manufatura com estas características é
através da adoção de uma estratégia focada
no sistema produtivo da empresa. Neste caso,
a manufatura enxuta, visa obter ganhos de
produtividade por meio do combate aos
desperdícios gerados no ambiente produtivo,
tem sido uma alternativa largamente adotada
pela indústria dos mais diversos segmentos
para esta finalidade.
Diante do exposto este estudo tem como
objetivo geral:
Reduzir o lead time de fabricação dos
conjuntos tomada de ar e para-lamas
dianteiro/traseiro.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
Para se atingir os objetivos gerais foram
estabelecidos os objetivos específicos a
seguir:
a) Elaborar e analisar o mapa de fluxo de
valor atual do processo de fabricação dos
conjuntos tomada de ar e para-lamas
dianteiro/traseiro, identificando os pontos
críticos do processo;
b) Desenvolver projetos de melhorias
utilizando as técnicas de lean manufacturing;
c) Elaborar pesquisa bibliográfica sobre a
aplicação de ferramentas lean manufacturing
e a geração de valor para o cliente.
3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.
As exigências dos consumidores e o
crescimento da concorrência obrigam as
empresas a procurarem novas práticas na
produção. No cenário econômico atual as
empresas devem produzir bens ou serviços
com qualidade, entregar exatamente no
momento que o cliente deseja a baixo custo.
Qualidade, tempo e custo são, portanto,
objetivos que devem ser alcançados de forma
contígua. Para atingir esses objetivos, as
organizações têm despendido consideráveis
esforços e recursos, no sentido de promover a
melhoria contínua do processo de produção e
assim garantir uma sólida posição no
mercado.
Nesse sentido, entendemos que o problema
que deverá ser estudado será: Por que há um
elevado lead time na fabricação dos
conjuntos tomada de ar e para-lamas
dianteiro/traseiro?
4 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES.
Com objetivo de entender melhor o problema
formulado, foram consolidadas as seguintes
hipóteses:
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
201
O processo atual prevê a estocagem destas
peças por 48 horas antes de passar para o
processo seguinte de aplicação de gráficos;
Matéria-prima usada no processo de injeção
plástica gera gases que irão causar bolhas na
aplicação dos gráficos da etapa seguinte do
processo;
Ciclo de produção na injeção plástica não
contempla a colocação dos gráficos;
Layout da injeção plástica não contempla a
inserção de linhas paralelas ao processo.
5 JUSTIFICATIVAS.
Para Costa R.S. e Jardim E.G.M. (2010), a
manufatura tem que ser pensada de maneira
estratégica, buscando-se entender como o
chão de fábrica pode contribuir para o
sucesso desta no mercado.
É preciso verificar o funcionamento e as
características do ambiente em que a
empresa está inserida, para com base neste
aspecto, decidir de maneira coordenada,
quais os processos e métodos de gestão são
adequados
para
promover
vantagens
competitivas, fazendo com que o cliente
decida pelo nosso negócio e não o da
concorrência.
Conforme preconiza, Costa R.S. e Jardim
E.G.M. (2010), depois de identificadas as
prioridades competitivas do chão de fábrica
para a competitividade, a definição de uma
Estratégia
de
Manufatura,
deve
ser
interpretada
como
um
roteiro
bem
estruturado, onde as decisões são tomadas
com o propósito de nortear as atividades do
cotidiano no chão de fábrica na direção do
desempenho que se deseja alcançar.
Portanto, existe uma série de decisões de
longo, médio e curto prazo, relativas à
manufatura que afetam de maneira direta a
posição competitiva da empresa no mercado.
São decisões que vão desde a sua
localização, a tecnologia que deve ser
aplicada, o arranjo físico mais adequado,
passando pela filosofia de organização até
alcançar as políticas de estoque e
planejamento.
6 METODOLOGIA.
Do ponto de vista do método científico que
será adotado neste estudo de caso, foi
utilizado o método científico Hipotético-
dedutivo, pois de acordo com Gil, este
método proposto por Popper, é aplicado
quando os conhecimentos disponíveis sobre o
assunto são insuficientes para explicá-lo,
sendo necessário se formular conjecturas e
hipóteses
que
serão
posteriormente
testadas... (GIL, 2010)
Do ponto de vista de sua natureza faremos
uma pesquisa aplicada, uma vez que será
orientada no sentido de buscar soluções ao
problema
identificado,
gerando
novos
processos.
Quanto aos objetivos este estudo faz parte de
uma pesquisa exploratória, pois, busca maior
familiaridade com o problema com objetivo de
torná-lo explicito e construir hipóteses.
Envolvendo levantamentos bibliográficos a
respeito da utilização das ferramentas, como
o mapa do fluxo de valor, as ferramentas lean
manufacturing, etc.
Em relação aos procedimentos, além do
próprio estudo de caso que será a base desta
pesquisa, serão feitas incursões nos
documentos relativos aos procedimentos de
trabalho dos postos, como ficha técnica de
injeção, instruções de trabalho, instruções de
inspeção e etc.
6.1 ESTUDO DE CASO.
Este método pode ser enquadrado como uma
abordagem qualitativa, sendo frequentemente
utilizado para coleta de dados em estudos na
área de estudos organizacionais.
Existem algumas barreiras no uso do estudo
de caso em pesquisa, pois alguns o
consideram pouco estruturado e de pouco
rigor acadêmico, considerando que isto vai ao
encontro de que só é verdadeiro o que se
pode medir, Bonoma (1985), considera-se
que
ambas
as
abordagem
estão
equivocadas, uma vez que o método do
estudo de caso, por não ser fácil sua
aplicação na Metodologia de pesquisa, sendo
necessária uma maior dedicação.
Quanto aos que consideram verdadeiro
apenas o que se pode medir Bonoma (1985),
lembra que as verdades expressas de forma
quantitativas precisam ser exatas e quando se
usa estatística, é preciso considerar que essa
exatidão se faz necessário em todos os
aspectos, desde a coleta até ao tratamento
dos dados.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
202
Três aspectos devem ser considerados na
abordagem do estudo de caso: a
profundidade ou natureza da experiência, o
conhecimento que se pretende chegar e a
generalização do estudo a partir do método.
componentes de montagem. Agilização de
processos, sistema de entrega rápida,
eficiente e segura, de acordo com a melhor
sistemática de just in time, kanban e milk run.
7 REVISÃO DA LITERATURA.
6.2 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA.
Estabelecida no Polo Industrial de Manaus,
desde 1975, a Springer Plásticos da
Amazônia dedicava-se a injeção de gabinetes
para TV e áudio, posteriormente, a empresa
incorporou também a linha de duas rodas
com a injeção de poliuretano, acabamento e
montagem de conjuntos e subconjuntos
otimizando assim a operação de seus
clientes.
A Springer Plásticos acompanhou as
tendências do mercado e adaptou sua
estrutura ao que mais avançado existe na
produção de plástico injetado, sendo
reconhecida pela qualidade dos seus
produtos e pelos resultados que proporciona
aos seus clientes. Dispondo de sistema de
injeção com unidades assistidas por gás e
convencional como o maior diferencial domina
o processo de injeção de poliuretano.
O parque de máquinas é composto por
diferenciadas máquinas injetoras, com
capacidade que variam de 90 a 1.300t. Sua
capacidade de transformação está em torno
de 700 toneladas/mês.
Algumas destas possuem sistema de injeção
a gás, que garante redução de matéria-prima
na fabricação do produto. Na injeção plástica
são produzidas peças como: paralama,
carenagem, filtro de ar, tampa de motos,
gabinetes frontais e traseiros para TV,
computador e ar-condicionado. Além de
caixas plásticas, sendo este um produto
próprio.
Contando com 5 linhas independentes de
montagem e acabamento proporciona
facilidade no recebimento da peça, pintura,
secagem,
serigrafia,
adesivagem,
acabamento gráfico, montagens e fixações,
testes e até embalagem e distribuição. Tudo
isso em consonância com a necessidade do
cliente final.
A Springer disponibiliza aos seus clientes
suporte
em
desenvolvimento,
acompanhamento e manutenção de moldes e
ferramentaria, identificação e desenvolvimento
dos melhores fornecedores de matéria-prima,
desde resina plástica, tintas e embalagens até
7.1 MANUFATURA ENXUTA.
O sistema de manufatura enxuta, oriundo da
filosofia de produção Just-in-Time iniciada na
década de 50 no Japão, foi desenvolvido pela
Toyota Motor Company no período em que
enfrentava-se condições empresariais muito
diversa das gigantes ocidentais da época, a
Ford e General Motors.
Enquanto estas se utilizavam de produção em
massa, economias de escala e grandes
equipamentos para produzir o máximo
possível de peças com o menor custo
possível, a Toyota no Japão pós-guerra tinha
um mercado reduzido e também tinha que
produzir uma variedade de veículos na
mesma linha de montagem para satisfazer
seus clientes, assim, a chave para suas
operações era a flexibilidade (LIKER, 2005).
A manufatura enxuta é um revolucionário
conjunto
de
técnicas
conceitualmente
diferente do sistema de produção tradicional.
Seus princípios são simples e lógicos,
focados na identificação e eliminação de
perdas.
Todavia, baseiam-se muito na forma de
pensar e executar o trabalho diário dentro da
empresa, pois requer uma mudança radical
na maneira como as pessoas olham para o
processo de fabricação.
Por isso exige uma mudança cultural para
conseguir a disciplina necessária na
aplicação dos novos conceitos e princípios,
almejando as chances de êxito na
implementação da manufatura enxuta (ALVES,
2010).
7.2 MAPA DE FLUXO DE VALOR.
Para Rother e Shook (2008) o mapeamento do
fluxo de valor é uma ferramenta da Produção
Enxuta, utilizada para melhor visualizar e
entender todo o processo de manufatura de
um produto, desde a matéria-prima até a
venda do produto acabado e do fluxo de
informações.
Mediante o mapeamento do fluxo de valor, é
possível identificar os desperdícios no
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
203
processo produtivo e traçar uma visão futura
desse processo, considerando que todos os
problemas detectados serão atacados e
corrigidos
de
forma
a
garantir
a
implementação de um fluxo que realmente
agregue valor ao produto final.
O fluxo de valor pode ser também entendido
como a trilha da produção de um produto,
desde o consumidor até o fornecedor
(ROTHER e SHOOK, 2008).
De acordo com Andrade (2002) as vantagens
dessa ferramenta são:
a) Permitir uma visão ampla de todo o fluxo, e
não dos processos isoladamente;
b) Auxiliar a identificação dos desperdícios
considerados pela Produção Enxuta;
c) Mostrar simultaneamente a relação entre os
fluxos de materiais e informações;
d) Fornecer uma linguagem simples e comum
para tratar os processos de manufatura;
e) Tornar as decisões mais visíveis,
permitindo uma discussão prévia das
possíveis alternativas de melhoria, e;
f) Formar a base de um plano de ações.
De acordo com Jones & Womack (2004), O
MFV é um processo de observação do fluxo,
tanto de materiais como de informações no
qual são resumidos em forma de visualização
gráfica, com objetivo de estabelecer seu
estado atual e vislumbrar um estado futuro
com um melhor desempenho por meio da
aplicação de ferramentas de melhoria.
Doravante, observa-se que o principal
objetivo é obter ter uma visualização objetiva
dos
processos
de
manufatura
e
consequentemente
identificar
seus
desperdícios, como também propor medidas
eficazes de análise que proporcionem a
otimização do fluxo de valor por meio da
redução ou eliminação de desperdícios.
São utilizados no processo de modelagem do
fluxo de valor, diversos símbolos prédefinidos, o que, no entanto, não impede a
criatividade, por meio da inclusão de novos
símbolos, com objetivo de representar os
detalhes o processo. A figura1 evidencia os
símbolos mais usados na confecção dos
Mapas de Fluxo de Valor.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
204
Figura 1 – Símbolos utilizados pelo MFV
Fonte: adaptado de Jones & Womack (2004)
A meta que se almejada pela Análise do Fluxo
de Valor é a obtenção de um fluxo contínuo,
orientado pelas necessidades dos clientes,
desde a matéria-prima até ao produto final.
No Mapa de Fluxo de Valor do estado atual,
deste estudo, conforme evidencia a figura 2,
onde é compreendido um vasto campo de
oportunidades de melhorias, que só foi
possível visualizar, por intermédio da
aplicação desta ferramenta.
As setas maiores representam o fluxo do
material; a matéria-prima vem do almoxarifado
5, para área de injeção plástica, através de
uma ordem de produção gerada pelo PCP,
este fluxo de informações é representado
pelas setas menores.
Após processadas no setor de Injeção
Plástica, os produtos semiacabados são
estocados no almoxarifado 20 ( almoxarifado
de produtos intermediários ), onde ficam
estocadas por um período mínimo 48 horas,
após isso, são requisitadas pela área de
agregados, que é o processo de acabamento,
onde serão aplicados os gráficos, conforme
mostra a figura 2, nos postos 1, 2, 3 e 4,
sendo em seguida enviados à expedição para
serem transportadas até o cliente, este
processo tem um lead time de 48,3 horas,
sendo que apenas 81 segundos de tempo
realmente houve agregação de valor, ou seja,
tempo que o cliente vai pagar. O restante do
tempo são de atividades que não agregam
valor, ou seja, desperdício, com estocagem,
movimentação desnecessária.
Após os estudos realizados no processo,
precisávamos saber o motivo de espera das
48 horas em estoque, sendo explicado pela
engenharia do produto, que tal procedimento
se dava em função da necessidade de um
período de resfriamento das peças, para que
na etapa seguinte – aplicação dos adesivos
plásticos (gráficos), não ocorresse a formação
de bolhas, caso em que o material não era
aceito pelo Cliente.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
205
Figura 2 – Mapa do Fluxo de Valor do Estado Atual
Fonte: Próprio Autor(2015)
A figura2 representa o Mapa do Fluxo de
Valor do Estado Atual, esta etapa é a
transcrição do processo, buscando identificar
o caminho que o material e as informações
seguem, sendo muito importante medir os
tempos em que as atividades são realizadas,
os possíveis tempos de espera, as atividades
como um todo até o que o produto esteja
disponível para o ser entregue ao cliente final.
Na Figura 3, é evidenciado o Mapa do Fluxo
de Valor do Estado Futuro, após análise do
fluxo anterior, algumas medidas são
sugeridas no sentido de eliminar ou reduzir os
desperdícios identificados.
Esses são tratados como projetos menores,
chamados de kaizen blitz, que são melhorias
rápidas no processo, que se utilizando das
ferramentas da qualidade, são feitas
intervenções no processo no sentido de
reduzir e ou eliminar processos repetitivos ou
aqueles que não estão agregando valor ao
produto final.
No caso foi desafiado o processo de
resfriamento, sendo sugerida a instalação de
uma esteira com exaustores que irão fazer o
resfriamento da peça, permitindo assim que
seja realizada a operação seguinte de fixação
do gráfico, sem que haja a formação de
bolhas.
Como podemos ver na Figura 3, a proposta
elimina várias etapas, a peça não vai mais
para o estoque intermediário, sendo
processada após a passagem pela esteira de
resfriamento. Este processo se mostrou
bastante produtivo, foram enviadas várias
amostras ao cliente para verificação da
qualidade do produto e não houve rejeição.
Portanto
a
implantação
deste
piloto
apresentou
ganhos
significativos
de
produtividades que serão apresentados na
figura 4. O total do lead time passou das 48
horas para 975 segundos, ou seja, 16,25
minutos ou ainda 0,29 da hora.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
206
Figura 3 – Mapa do Fluxo de Valor do Estado Futuro
Fonte: Próprio Autor (2015)
A figura3 representa o Mapa do Fluxo de
Valor do Estado Futuro, após as mudanças
sugeridas no Mapa do Fluxo de Valor do
Estado Atual, representado na figura 2,
podemos verificar que o processo ficou
bastante enxuto, foram eliminadas etapas
desnecessárias como a estocagem das
peças semiacabadas, a linha de montagem
na área de agregados. Agora essas
atividades são realizadas de forma contínua,
sendo enviadas ao cliente em menor tempo.
7.3 OS 7 (SETE) TIPOS DE DESPERDÍCIOS.
Taiichi Ohno trabalhou na Toyota e foi o
grande responsável por desenvolver as
teorias relativas aos desperdícios do processo
produtivo, através de suas observações pode
constatar que havia 7(sete) grandes formas
de desperdícios que foram classificados em:
1- Excesso de produção - produzir além do
pedido do cliente, considerou ser este o
grande responsável pela maioria dos outros
desperdícios, pois, com excesso de
produção,
surge
a
necessidade
de
movimentação, estoque, transporte e se corre
o risco de obsolescência e de se estocar
defeitos;
2- Espera - qualquer obstrução do fluxo
normal de trabalho, fazendo com que
máquinas e operadores fiquem parados
aguardando outra atividade ser realizada;
3Movimentaçãorealizar
qualquer
movimentação desnecessária de informações
ou materiais de um posto de trabalho para
outro ou de um departamento para outro;
4- Processamento excessivo - qualquer
atividade repetitiva ou tempo gasto que não
agregam Valor ao cliente. Testes em
duplicidade;
5- Movimentação de Pessoas- layout que
proporcionem deslocamentos excessivos
durante a jornada de trabalho e não agregam
valor ao produto ou serviço. Estações de
trabalho mal projetadas, etc.;
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
207
6- Produção de defeitos- a produção de
produtos com defeitos ou que requerem
retrabalho,
componentes
invertidos,
soldagens deficientes, etc;
7- Estoque - materiais armazenados
aguardando processamento. Compras além
do necessário, produção superior à demanda,
etc.. OHNO (1997).
8 RESULTADOS.
Na Figura 4, são apresentados os resultados
que foram obtidos a partir das melhorias feitas
no
processo.
São
ganhos
bastante
expressivos, o que demonstra que a melhoria
contínua deve ser buscada todos os dias.
Com a proposta de instalação da montagem
ao lado da injetora onde são produzidas as
peças deste estudo de caso, será possível
eliminar esta linha que funciona hoje em área
nobre ocupando espaço que poderá ser
aproveitado para a produção de outros
produtos;
A eliminação da estocagem no almoxarifado
de produtos intermediários, além de eliminar a
movimentação e o espaço utilizado neste
ambiente, também irá proporcionar ganhos
financeiros, pois não teremos mais estoque
parado, matéria-prima que foi retirada do
estoque e não foi transformada em produto
final para venda e faturamento;
A atividade de colocação dos gráficos em si,
já apresenta algumas atividades que
consideramos desperdício, pois ao enviar as
peças ao estoque intermediário, essas peças
são embaladas com filme de PVC para evitar
que sofram qualquer dano, como riscos,
batidos etc. a primeira atividade que é feita
nesta linha é justamente a desembalagem
deste produto, portanto atividade que será
eliminada, pois as peças não serão mais
estocadas em seu estado de semiacabadas;
A eliminação de postos de trabalho não
significa necessariamente demissões, as
pessoas serão remanejadas
atividades da empresa;
a
outras
É apresentado ainda um mapa onde
demonstra o caminho que a peça percorria
desde a saída da matéria-prima, passando
pelo processo de fabricação até sua
expedição ao cliente, onde se pode ver que a
mudança proposta reduz drasticamente esta
movimentação, mostrando o tamanho do
desperdício por movimentação que muitas
vezes não conseguimos enxergar nos
processos do chão de fábrica.
9 CONCLUSÃO.
A utilização do Mapeamento do Fluxo de Valor
permitiu melhor conhecimento do processo,
identificando os possíveis gargalos e as
etapas do processo que são repetitivas, que
são consideradas desperdícios, por não
mudarem as características do produto,
sendo, portanto etapas que podem ser
reduzidas ou eliminadas.
Neste estudo específico, foi possível desafiar
que a etapa de parada no estoque por 48
horas era uma atividade desnecessária, uma
vez que era possível sem colocar em risco a
qualidade do produto, acelerar o processo de
resfriamento e consequentemente da retirada
dos gases que iriam posteriormente causar as
bolhas que causavam perdas no processo.
Foi possível ainda desafiar o processo de
colocação dos gráficos que eram realizados
em área própria, ocupando-se espaço nobre
que poderá ser utilizado para fabricação de
outros produtos.
Embora os resultados demonstrem que foi
possível se reduzir os custos através da
redução da mão de obra utilizada no
processo anterior, as pessoas que foram
retiradas
desse
processo
foram
reaproveitadas em outros processos da
empresa, não havendo a necessidade de
demissão.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
208
Figura 4 – Apresentação dos Resultados Obtidos
Fonte: Próprio Autor (2015)
A figura 4, trás um resumo dos resultados
obtidos com a implantação das mudanças no
processo, onde são apresentados além dos
ganhos na redução do lead Time, objetivo
deste artigo, são apresentados o caminho
percorrido pelos materiais antes e depois das
mudanças e também um esboço do novo
posto de trabalho, agora próximo do processo
de injeção plástica. As peças são produzidas
e seguem até a esteira para resfriamento,
após a passagem pela cabine de
resfriamento, são aplicados os gráficos e em
seguida são embaladas para serem
entregues ao cliente final.
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Gestão da Produção em Foco - Volume 8
210
Capítulo 20
Bruno Aparecido Oliveira
Selma Regina Aranha Ribeiro
Patrícia Teixeira dos Santos
Jovani Taveira de Souza
Resumo: O objetivo do presente trabalho é abordar os principais aspectos
referentes a produção de biogás, sua definição e importância, além de tratar sobre
as tecnologias e infraestruturas adequadas para a produção de biogás
em
condomínios. O artigo também descreve a importância do geoprocessamento
como ferramenta tecnológica responsável de encontrar soluções adequadas. No
estudo há a exemplificação da utilização do geoprocessamento, como ferramenta
de apoio na produção de biogás.
Palavras chave: Biogás, Biogasoduto, Geoprocessamento
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
211
1. INTRODUÇÃO
As alterações climáticas tem sido objeto de
pesquisa nos últimos anos e estudos apontam
que a principal razão para esse fenômeno
seja a emissão de gases do efeito estufa
(GEE), como CO2, CH4 e N2O e desde a
assinatura do Protocolo de Quioto, os países
signatários se comprometeram na redução da
emissão do GEE em todas as áreas, inclusive
a agricultura (OSADA, TAKADA, SHINZATO,
2011).
A intensificação das atividades humanas
gerou nas últimas décadas um aumento na
produção de dejetos na agricultura, com base
nisso, soluções foram criadas para dar um
tratamento adequado aos mesmo e ainda
possibilitaram que novas oportunidades de
negócios surgissem. Nesse sentido um dos
destaques é o trabalho envolvendo a
biomassa e seus derivados, que servem de
insumos para diversas atividade econômicas.
Nesse cenário o Brasil não está alheio no que
diz respeito a geração de energia elétrica
envolvendo o biogás, embora sua exploração
está muito aquém de suas possibilidades,
ainda mais levando-se em conta que a
participação do biogás na matriz energética
brasileira representa apenas 0,06% do total
(ANEEL, 2014).
Dentro do contexto agrícola brasileiro houve
um grande crescimento na produção de
alimentos, o que trouxe um aumento na
produção de dejetos, que comumente são
lançados sem tratamento no meio ambiente,
sendo muito comum ocorrer esse descarte
nos rios. Nesse âmbito, algumas atividades
são
consideradas
como
sendo
potencialmente causadoras de degradação
ambiental, por exemplo, a suinocultura
(PANZARINI, RODRIGUES e FRANCISCO,
2015). Dentre as diversas atividades
agrícolas, a produção animal é que mais gera
grande impacto ambiental, pois os dejetos
geram poluição atmosférica, poluição das
águas e solo, além de potencializar
patogêneses aos seres humanos e outros
animais (GOMES, PIACENTI, 2016).
Deve ser dado um manejo adequado aos
dejetos que são despejados na natureza, que
acabam impactando os mananciais e que por
consequência afetam a qualidade de vida das
populações rurais e urbanas, além de
impactarem na fauna e flora locais
(PANZARINI, RODRIGUES e FRANCISCO,
2015).
Com o desenvolvimento tecnológico é natural
que surgissem técnicas para um melhor
manejo nas atividades relacionadas, dentro
desse contexto o geoprocessamento pode ser
utilizado na implantação, manutenção e
gestão de condomínios de bioenergia e
biogasodutos. O geoprocessamento também
é uma ferramenta essencial na definição da
metodologia de produção do biogás, geração
de energia e de melhores praticas na
instalação de redes de transmissão e
distribuição. A partir dos dados também é
possível determinar qual é o melhor traçado
para
o
biogasoduto,
contando
com
informações geradas por softwares.
O presente artigo está subdividido da
seguinte
maneira:
a
primeira
seção
apresentada é a introdução, que exibe uma
visão geral sobre o conteúdo do artigo. Na
sequência há a seção 2, que aborda o
conteúdo teórico que segue, essa seção é
dividida em subseções, a primeira delas a
2.1, descreve uma visão geral sobre o biogás
e sua importância, a subseção seguinte, 2.2,
descreve o que são os biodigestores
anaeróbicos, a terceira, 2.3, retrata sobre os
condomínios de biogás, a próxima subseção,
2.4, descreve os biogasodutos e a última
subseção, 2.5, aborda o geoprocessamento e
a produção do biogás. A seção seguinte, 3,
relaciona a metodologia utilizada. Por fim, a
última seção,
4,
são
descritas as
considerações finais.
2. PRODUÇÃO DE BIOGÁS
Os conceitos teóricos relacionados so biogás,
biodigestores anaeróbicos, condomínios de
biogás, biogasodutos e o geoprocessamento
na produção do biogás, são abordados na
sequência.
2.1. BIOGÁS
O biogás é um composto de gases que são
produzidos
através
da
fermentação
anaeróbica, que em condições adequadas
produz grandes quantidade de gás metano,
ao qual possui poder calorífico. A biodigestão
produz biogás e o biofertilizante, como
consequência
da
capacidade
dos
micoorganismos de transformar os compostos
orgânicos nesses subprodutos. Quando
ocorre a fermentação na presença do
oxigênio, ocorre a produção principalmente
de dióxido de carbono, quando ocorre a
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
212
fermentação anaeróbica, então é produzido o
metano. Para que ocorra o sucesso na
produção de metano deve-se haver um
equilíbrio em relação a proporção entre água,
pH, temperatura e material orgânico (MOTTA,
2012).
O biogás é considerado uma fonte de energia
renovável e seu uso energético apresenta
vantagens ambientais, sociais, estratégicas e
tecnológicas significativas, podendo ser
utilizado como energia elétrica, térmica e
veicular. O uso do metano proveniente da
degradação biológica dos resíduos pode
mitigar o efeito estufa e ajudar a tornar
sustentável a matriz energética (LUCIO,
2015).
O potencial calorífico do biogás varia de
5.000 a 7.000 kcal por metro cúbico, e,
submetido a um alto índice de purificação,
pode gerar até 12.000 kcal/m³. Esse alto
poder calorífico é capaz de substituir a lenha,
a gasolina e o GLP (GOMES, PIACENTI,
2016). Por conta de seu potencial de queima,
o biogás possui potencial para ser utilizado
como combustível em caldeiras e fornos,
gerando energia térmica, como também pode
ser utilizado para geração de energia elétrica,
com a vantagem de possibilitar a geração de
energia descentralizada, o que causa uma
economia em relação a instalação de linhas
de transmissão, que chegam a custar
R$ 480.000,00 por quilômetro de conexão
(BRAGA, 2015; ZILOTTI, 2012).
A geração de biogás depende da
característica do resíduo, que é o insumo para
o desenvolvimento dos micro-organismos no
biodigestor, essa característica varia de
acordo com a espécie animal que produz os
excrementos. Nesse sentido observa-se que o
biogás é o produto mais importante da
digestão anaeróbia e a quantidade de metano
presente no biogás determinará a pureza do
gás, ou seja, quanto mais metano, mais puro
é o biogás (GOMES, PIACENTI, 2016).
Como resultado da digestão anaeróbica são
gerados os gases que compõem o biogás,
que é composto essencialmente de metano e
gás carbônico, mas também gás sulfídrico e
outros
componentes
em
quantidades
menores, tais como hidrogênio, gás sulfídrico,
oxigênio, amônia e nitrogênio. Além do mais,
a matéria orgânica residual, o biofertilizante é
rico em nitrogênio. Entretanto, é difícil definir
com precisão a composição dos subprodutos,
pois essa depende das características da
biomassa residual, temperatura, umidade,
acidez, ausência de oxigênio, critérios de
fermentação e do tipo de biodigestor e sua
operação (BALMANT, 2009; LUCIO, 2015).
Dentro deste âmbito, uma das possibilidades
na mitigação da poluição das atividades
agrícolas é a utilização de biodigestores de
digestão anaeróbica que ao mesmo tempo,
agrega valor às propriedades rurais, além
tratar de aspectos ligados ao saneamento e
energia, também pode se tornar uma
atividade econômica, pois, com a produção e
uso do biogás há a economia de outros
combustíveis, produção de biofertilizantes,
possibilidade de geração de energia
alternativa (MARTINEZ, et al., 2003; MOTTA,
2012).
2.2 BIODIGESTORES ANAERÓBICOS
Um biodigestor anaeróbico pode ser definido
como sendo uma câmara hermética, onde é
inserido um efluente que passa por um
processo de metabolização por meio de
bactérias anaeróbicas. Na operação de um
biodigestor se faz necessário que haja uma
quantidade contínua de matéria organica,
tempo de retenção hidráulico curto,
praticidade de mistura e movimento da
biomassa, manutenção do pH na faixa ideal
para a disgestão anaeróbica que varia entre
6,8 a 7,2 (SAKUMA, 2013).
As estruturas principais dos biodigestores são
a câmara de digestão e gasômetro. Na
câmara de digestão é onde ocorre a
degradação da matéria orgânica. O
gasômetro encontra-se sobre a câmara de
digestão, nele o biogás fica retido para seu
uso posterior (HACHMANN, et al., 2014).
Cabe salientar que o biodigestor não produz o
biogás, mas a forma como foi construido
propicia um ambiente adequado para o grupo
de bactérias metanogênicas degrade a
biomassa, e gere o gás metano e seus
compostos (ZAMMAR, et, al., 2014). Nessas
condições a biodigestão para a formação do
biogás pode ser dividida em quatro etapas,
as quais são: hidrólise, acidogênese,
acetogênese e metanogênese. Esse processo
é descrito por Balmant (2009, p.10) da
seguinte forma:
Na hidrólise, as enzimas produzidas pelas
bactérias transformam polímeros, como amido
e proteínas, em monômeros, como açúcares e
aminoácidos.
Na
acidogênese,
esses
monômeros são transformados em ácidos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
213
graxos voláteis (AGV), como ácido butírico e
ácido propiônico. Na acetogênese, esses
ácidos graxos voláteis são transformados em
ácido acético, gás carbônico e hidrogênio
gasoso. Na metanogênese, o ácido acético é
transformado em metano e gás carbônico
pelas bactérias metanogênicas acetoclásticas
e o gás carbônico e o hidrogênio são
combinados,
formando
metano,
pelas
bactérias metanogênicas hidrogenotróficas.
Embora o processo de transformação da
biomassa em biogás e biofertilizantes seja o
mesmo, ou seja, através de digestão
anaeróbica, o biodigestor não se limita a
apenas a um modelo, mas em vários e ocorre
uma variação em relação aos materiais e a
complexidade de construção, isso é realizado
com o objetivo de proporcionar um aumento
de eficiência no sistema de acordo com a
realidade que surgiram (LUCIO, 2015).
Os
modelos
de
biodigestores
mais
conhecidos de fluxo contínuo são: indiano,
chinês, reator anaeróbio de fluxo ascendente
(UASB) e canadense. O modelo indiano é
considerado de fácil construção, mas seu
gasômetro de metal pode inviabilizar o
modelo. O modelo chinês é mais barato que o
modelo indiano, mas pode apresentar
problemas de vedação. O modelo UASB,
sigla em inglês para Upflow Anaerobic Sludge
Blanket, que pode ser traduzido como Reator
Anaeróbio de Fluxo Ascendente, é mais
indicado para o tratamento de uma variedade
de residuais da indústria, doméstica,
agroindústria, entre outras. O modelo
canadense é horizontal e retangular, mas a
variação da temperatura pode prejudicar a
produção de biogás (RICARDO, 2012).
2.3 CONDOMÍNIOS DE BIOGÁS
Um condomínio de geração de bioenergia
consiste em organizar agricultores para
aproveitarem o potencial energético do
biogás produzido em conjunto, sendo que
esse gás é produzido individualmente, mas
conduzido para uma unidade central através
de uma tubulação e segundo Schuch (2012,
p. 38) para “purificação, e comercialização na
forma de energias, térmica e elétrica”.
A produção de biogás pode transformar o
problema de falta de saneamento rural, em
uma nova oportunidade de renda para a
exploração agropecuária, com oportunidades
de negócio e renda para as propriedades
rurais, independente disso ser realizado de
forma individualizada no caso dos grandes
produtores, ou de forma coletiva com a
associação de diversos imóveis rurais
vizinhos entre si, em condomínios de geração
e comercialização de agroenergias, pois, o
aproveitamento energético para a produção
em menor escala se mostra como maior
inibidor da atividade (SCHUCH, 2012; LUCIO,
2015).
Para a construção do condomínio também
deverão ser levados em conta o potencial de
energia gerado pelos dejetos e pela distância
que os produtores estão entre si (RATHUNDE,
2009).
A importância da purificação do biogás em
uma
unidade
central
é
importante
dependendo da utilização para a qual se
pretende destinar, por exemplo, o biometano
para
uso
automobilistico
para
ser
comercializado, deve ter o percentual mínimo
exigido pela Agência Nacional de Petróleo
(ANP) de 87% de CH4, atingindo percentuais
do Gás Natural Veicular (GNV) (GOMES,
PIACENTI, 2016).
Uma substância que é produzida no biogás
que é importante ser removida é o gás
sulfídrico (H2S), pois provoca a corrosão,
danificando equipamentos e instalações de
sistemas de geração de energia. A
purificação do biogás pode reduzir seu
potencial poluidor, bem como favorecer o
aumento
dos
teores
de
metano,
consequentemente elevando seu poder
calorífico (OKAMURA, 2013).
2.4 BIOGASODUTOS
O transporte do biogás proveniente de
diversos produtores para um estação central
ocorre por meio de um gasoduto, que no caso
do biogás também é denominado de
biogasoduto (LUCIO, 2015; BRAGA, 2015).
Quanto ao transporte de biogás, não existem
normativas específicas para os equipamentos
que compõem esse sistema, pois ainda são
recentes os empreendimentos de biogás, e
por conta disso inexistem recomendações
específicas, mas diretrizes para o gás natural
servem de embasamento. Projetos em outros
países injetam o biogás purificado, na
condição de biometano, em gasodutos de
gás natural (LUCIO, 2015).
Na construção de um biogasoduto pode-se
utilizar tubos de aço carbono, com ou sem
costura, conforme ABNT NBR 5580, tubos de
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
214
cobre rígidos, sem costura com espessura
mínima de 0,8 mm conforme ABNT NBR
13206, tubos de cobre flexível, sem costura
conforme ABNT NBR 14754, tubos de
polietileno (PE80 ou PE100), conforme ABNT
14462, para redes enterradas. Outra
alternativa é a construção de um biogasoduto
de PVC, com a vantagem do baixo custo de
instalação e fácil manutenção (JOHANN,
2012).
2.5 GEOPROCESSAMENTO NA PRODUÇÃO
DO BIOGÁS
O geoprocessamento consiste na utilização
de técnicas computacionais e matemáticas
para obter e analisar informações espaciais
(CRAVEIRO, et
al., 2012). Define-se
geoprocessamento como uma ferramenta de
grande importância como meio de apoio para
o desenvolvimento de aplicações voltadas ao
meio ambiente, pois permite a realização de
análises complexas (SENA, SANTIAGO NETO,
LEITE, 2012).
No campo da engenharia, as geotecnologias
são essenciais, segundo Craveiro, et al.
(2012, p.2) “pois permitem a visualização da
distribuição espacial de características físicas
da superfície terrestre, que acabam
condicionando
os
projetos”.
As
geotecnologias podem ser descritas como as
técnicas de aplicação de sensores remotos,
uso de software e hardware especializados na
área de geoprocessamento, além da
utilização de Sistemas de Informação
Geográfica (SIG) (SILVA, SANTOS, 2011).
Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
por sua vez são caracterizados como
instrumentos, baseados em computador,
utilizados para compreensão e análise
espacial, além de suas capacidades de
armazenamento, gestão, análise, modelação
e visualização de dados espaciais (SILVA,
2014).
Um exemplo de utilização de um software
como ferramenta de apoio em projetos de
biogás é o BiogasMap, que é um mapa
interativo, online, em que é possível visualizar
todas as plantas de biogás existentes no
Brasil. Esse serviço foi desenvolvido pelo
Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás), em parceria com o Centro
Internacional de Hidroinformática (CIH), com
apoio do Projeto Brasil-Alemanha de Fomento
ao Aproveitamento Energético de Biogás no
Brasil (PROBIOGÁS) (CIBIOGAS, 2015; FIEP,
2016). Na imagem 1, é visualiza-se um mapa
da região Oeste do Estado do Paraná,
próximo a fronteira com o Paraguai, em que
são mostrados planta de biogás.
Imagem 1:Demonstração do BiogasMap na região Oeste do Paraná, demonstrando plantas de
biogás
Fonte: CIBiogás (2015)
Com a utilização dessas técnicas pode ser
caracterizado o traçado do biogasoduto por
meio de imagens, visando a utilização do
melhor terreno para passagem dos tubos de
modo a gerar menor impacto nos moradores
envolvidos e ao meio ambiente. Outro enfoque
é a demonstração a partir de mapas
temáticos, que foram os resultados dos
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
215
estudos, a quantidade de biogás produzido
em cada propriedade, a fim de fornecer um
maior poder de gestão aos interessados no
projeto (GONZÁLEZ et al., 2013). Um exemplo
de visualização de uma geoinformação é a
Imagem 2, que mostra a vista aérea da região
do Condomínio de Agroenergia Ajuricaba,
localizado no município de Marechal Candido
Rondon, no oeste do Estado do Paraná.
Imagem 2: Localização da região do condomínio Ajuricaba
Fonte: González et al., (2013, p. 3)
O geoprocessamento pode ser utilizado na
implantação, manutenção e gestão de
condomínios de bioenergia e biogasodutos. O
geoprocessamento também é uma ferramenta
essencial na definição da metodologia de
produção do biogás, geração de energia e de
melhores praticas na instalação de redes de
transmissão e distribuição. A partir dos dados
também é possível determinar qual é o melhor
traçado para o biogasoduto, contando com
informações geradas por softwares para
observar áreas de mata ciliar, que dificultam
na instalação e manutenção do mesmo, essas
áreas, por conseguinte, não são uma área de
interesse para o traçado do biogasoduto. A
análise de dados altimétricos, mostram qual o
melhor terreno, no caso, o mais plano, para a
instalação do biogasoduto (GONZÁLEZ et al.,
2013).
Assim,
para
melhor
aproveitar
as
necessidades produtivas em que se deseja
uma maior quantidade de produção e que a
mesma possua uma melhor qualidade, além
de outros aspectos como mais higiene, bemestar animal e segurança alimentar, com o
respeito
pelo
meio
ambiente,
são
indispensáveis que a gestão dos efluentes
agropecuários seja parte integrante de
qualquer sistema de produção. Nesse
sentido, localizar infraestruturas desejáveis ou
indesejáveis é uma tarefa complexa pela
quantidade de variáveis envolvidas, como,
por exemplo, a proximidade a rios, estradas e
populações, e características espaciais da
região, incluindo a geologia, declive, tipo de
solos, entre outros. (SILVA, 2014).
Para promover o desenvolvimento e
instalação
de
sistemas
de
digestão
anaeróbica é essencial proceder a uma
avaliação da aptidão do solo para definir a
sua localização. Determinar o tipo dos solos
para usos específicos é um processo
complexo que envolve várias preocupações
biofísicas, ambientais, socioeconômicas e
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
216
técnicas. A avaliação da aptidão dos solos é
uma ferramenta utilizada para identificar os
locais mais adequados para a localização,
por exemplo, de uma infraestrutura, de acordo
com exigências específicas. A tarefa de se
localizar o local mais adequado para se
instalar
uma
infraestrutura
é
fundamentalmente um processo de decisão
em que se pretende identificar e,
posteriormente,
comparar
diferentes
alternativas espaciais para a sua utilização
(SILVA, 2014).
Um exemplo da análise e tratamento das
imagens foi realizado por González et al.,
(2013), que com base nas informações
levantadas, trabalhadas e estilizadas, nas
quais foram gerados os produtos em forma de
mapas, demonstrando com clareza os dados,
e orientando os interessados sobre as
melhores formas de instalação do gasoduto, e
detalhando a produção de biogás de cada
propriedade. Foi criado um mapa temático,
Imagem 3, com a intenção de evidenciar a
quantidade de biogás que é produzida em
cada propriedade, sendo contabilizada em
metros cúbicos por dia. É importante ressaltar
que existe uma grande diferença entre
propriedades, e a produção do biogás é
variável de acordo com a quantidade de
animais existentes na área (GONZÁLEZ et al.,
2013).
A imagens denominadas Imagem 2 e Imagem
3, apresentadas no presente estudo foram
geradas no software gvSIG (GONZÁLEZ et al.,
2013). O gvSIG é um software livre, foi
lançado em 2004 pelo Conselho de
Infraestruturas e Transporte (Conselleria de
Infraestructuras y Transporte – CIT) de
Valência, Espanha, com o apoio da
Comunidade Européia. E de acordo com as
demandas de mercado e baseado nos
padrões do Open Geospatial Consortium
(OGC). O gvSIG pode ser considerado um
SIG completo possuindo uma ferramenta,
denominada
sextante,
que
possibilita
processar tanto dados vetorial ou matricial
disponibilizando ferramentas para a análise
de dados hidrológica, de proximidade, de
custos,
lógica
fuzzy,
geoestatística,
processamento de imagens, além de
possibilitar a análise estatística, análise de
paisagem, interpolação (SÁTIRO, SIMÕES,
2013).
Imagem 3: Produção de biogás no Condomínio Ajuricaba
Fonte: González et al., (2013, p. 3)
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
217
A análise por mapas se faz importantes no
que diz respeito a instalação de centrais de
biogás, que devem estar longe de cursos e
corpos d’água e áreas de valor ecológico,
mas por questões economicas essas
estruturas devem ser instaladas próximos a
redes elétrica e de estradas, além de estar
situadas em regiões com baixa declividade.
Também recomenda-se que as estações de
biogás não sejam próximas a áreas urbanas,
residenciais, comerciais e industriais (SILVA,
2014).
3. METODOLOGIA
A metodologia para a produção e
desenvolvimento de pesquisa se faz
necessária para a obtenção de resultados
satisfatórios, independente da natureza
acadêmica do trabalho. De forma geral, a
adoção de uma metodologia resulta na
escolha de quais regras serão utilizadas para
a elaboração do estudo (PRODANOV,
FREITAS, 2013).
O presente artigo pode ser classificado como
pesquisa qualitativa, no qual é desenvolvido
um conteúdo em que o autor analisa e
interpreta o seu objeto de estudo, com base
na coleta de dados (CRESWELL, 2014).
Em relação aos objetivos de pesquisa para a
produção desse artigo, foi realizado um
levantamento exploratório e descritivo, no que
tange a pesquisa exploratória, explica-se que
a mesma possui como objetivo proporcionar
uma maior familiaridade com o problema, no
qual o pesquisador procurará tornar seu
objeto de estudo como algo explícito ou irá
construir hipóteses (GERHARDT, SILVEIRA,
2009).
Segundo Gil (2012), “nem sempre fica clara a
distinção entre a pesquisa bibliográfica e a
documental”, pois para o autor é possível
tratar a pesquisa bibliográfica como um tipo
de pesquisa documental. Enquanto que para
Oliveira (2007 apud Sá-Silva; Almeida;
Guindani, 2009, p. 5-6) a pesquisa
bibliográfica “é uma modalidade de estudo e
análise de documentos de domínio científico
tais como livros, periódicos, enciclopédias,
ensaios críticos, dicionários e artigos
científicos”. Enquanto que a pesquisa
documental é, segundo o mesmo autor, é
aquela que “caracteriza-se pela busca de
informações em documentos que não
receberam nenhum tratamento científico,
como relatórios, reportagens de jornais,
revistas, cartas, filmes, gravações, fotografias,
entre outras matérias de divulgação”.
Logo, segundo Oliveira (2007), pode-se
interpretar que a presente pesquisa pode ser
considerada
documental,
pois
utilizou
informações
do
site
CBIogás
para
exemplificar a utilização de um mapa com a
localização de plantas de biogás, sendo que
esses não foram tratados cientificamente e
essa pesquisa também possui cunho
bibliográfico pela sua utilização de artigos,
dissertações livros, revistas e teses.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A utilização de energias renovaveis possui
cada vez mais importância em um mundo
comprometido com a preservação dos
recursos naturais, dentro desse contexto a
biomassa e consequêntemente a geração de
biogás possuem um papel de relevância.
Existem inúmeras utilidades para o biogás,
por conta de seu poder calorífico e para a
formação desse composto gasoso em
biodigestores também são gerados os
biofertilizantes.
Os interesses por parte dos subprodutos
gerados nos biodigestores vão além do
interesse financeiro, pois para a produção dos
mesmos é levado a cabo um processo de
saneamento rural. Por conta disso, foram
desenvolvidos diversas tecnologia com o
objetivo de gerar biogás de forma conjunta e
transportada através de biogasodutos, que
necessitam de um planejamento antecipado e
nesse contexto o geoprocessamento aparece
como poderosa ferramenta nas tomadas de
decisões.
Além da instalação de biogasodutos, o
geoprocessamento se faz útil em vários
aspectos na produção de biogás, levando-se
em conta a importância devem ser tomados
alguns cuidados nas instalações relativas a
produção de biogás, pois recomenda-se que
essas instalações estejam longe de cursos e
corpos d’água, perto de estradas, longe de
áreas urbanas, instalados em solos com baixa
declividade, entre outros critérios. Os SIG são
projetados para armazenar, gerir, analisar e
visualizar dados geoespaciais necessários
para os processos de apoio à decisão, sendo
assim bastante úteis neste tipo de problemas.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
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Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel. 2012.
[25].
SENA, F. T. N. S.; SANTIAGO NETO, B. J.;
LEITE, A. C. S. Uso do geoprocessamento como
sunsídio à análise ambiental: imagem SRMT na
geração dos mapas hipsómétrico e de declividade
das bacias difusas da barragem boa esperança no
Estado do Piauí. In: IV Simpósio Brasileiro de
Ciências
Geodésicas
e
Tecnologias
da
Geoinformação. 2012.
[26].
SILVA, C. N.; SANTOS J. C. A
Representação
Espacial
e
a
Linguagem
Cartográfica. GEOMAE - Geografia, Meio Ambiente
e Ensino. Vol. 02, Nº 02, p. 85 – 106. 2º SEM/2011.
[27].
SILVA, S. C .G. Sistema de Apoio à
Decisão Espacial Multicritério na Localização de
Centrais de Biogás. 2014. 252f. Tese (Doutorado
em Gestão - Ciência Aplicada a Decisão).
Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra, Portugal. 2014.
[28].
ZAMMAR, L.; VAN DEN BOOGAARD. T.
A.; ZAMMAR, G.; KOVALESKI, F. Sistema de
purificação de biogás. In: IV Congresso Brasiliero
de Engenharia de Produção. 2014.
[29].
ZILOTTI, H. A. R. Potencial de produção
de biogás em uma estação de tratamento de
esgoto de cascavel para a geração de energia
elétrica. Dissertação (Mestrado em Energia na
Agricultura). Universidade Estadual do Oeste do
Paraná, Cascavel. 2012.
Gestão da Produção em Foco - Volume 8
AUTORES
Autores
Adriana Kroenke
Possui graduação em Matemática (2007), mestrado em Ciências Contábeis (2009) pela
Universidade Regional de Blumenau e doutorado pelo Programa de Métodos Numéricos e
Engenharia da Universidade Federal do Paraná (2014). Professora do Departamento de
Matemática da Universidade Regional de Blumenau desde 2010. Atualmente é professora
permanente do Programa de Pós-Graduação em Administração e do Programa de PósGraduação em Ciências Contábeis da Universidade Regional de Blumenau. Suas pesquisas
concentram-se na área de Análise Multivariada de Dados, Análise Decisória Multicritério e
Avaliação de Desempenho. Integrante do grupo de estudos MULTIVAR.
Adriele Mercia Souza de Assis
Graduanda em Administração de Empresas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),
campus VII, Patos-PB. É bolsista do Programa de Iniciação Científica UEPB/CNPq 2017/2018.
AUTORES
Alessandro Aguilera Silva
Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade do Estado de Mato Grosso (2012).
Pós - Graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela Universidade de Cuiabá (2014).
Atualmente é Professor e Coordenador do Curso de Engenharia de Produção - Campus de
Cacoal da Fundação Universidade Federal de Rondônia. Tem experiência na área de
Engenharia de Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: Engenharia de
Operações e Processos da Produção, Engenharia da Sustentabilidade e Engenharia do
Trabalho.
Alessandro Lucas da Silva
Formado em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado e
doutorado em Engenharia de Produção na área de Produção Enxuta na Universidade de São
Paulo (USP). Atuou durante seis anos como consultor em Produção Enxuta pela empresa
Hominiss. Atuou durante dois anos na Embraer como especialista na implantação de
Produção Enxuta. Foi coordenador dos cursos de Engenharia de Produção e Manufatura na
Faculdade de Ciências Aplicadas, Unicamp. Atualmente, é professor do curso de Engenharia
de Produção da Unicamp, sendo responsável pelas disciplinas de Planejamento e Controle da
Produção e Projeto de Fábrica.
Aline de Brittos Valdati
Doutoranda e Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC), integrando o Núcleo
de Estudos em Inteligência, Gestão e Tecnologias para Inovação (IGTI) e o Nucleo de
engenharia de integração e governança do conhecimento (ENGIN). Graduada em Tecnologias
da Informação e Comunicação (UFSC). Atuou com Gestão de Projetos na área de
desenvolvimento de sistemas e como professora na área de Informática no Instituto Federal
Catarinense - Campus Avançado Sombrio.
Ana Paula da Silva
Engenharia Química pela Universidade de Caxias do Sul (2007), Especialista em Auditoria,
Perícia e Gestão Ambiental pelo Instituto de Pós-Graduação de Goiania - IPOG (2011), Mestre
em Engenharia de Minas, Metalurgia e Materiais pelo Programa de Pós-graduação em
Engenharia de Minas, Metalurgia e Materiais - PPGEM/UFRGS (2013), Especialista em Gestão
de Pessoas pela Universidade Anhanguera - Uniderp (2015) e é Auditora Líder de Sistemas de
Gestão Integrada ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18000 pela ATSG (2010). Ainda, está cursando
Especialização em Engenharia de Produção pela UNINTER. Tem experiência na área de
projetos/desenvolvimento de novos materiais e produtos para indústria metal mecânica e
polimérica, em implantação dos SGI e ISO/TS16949:2004 e em Gestão Ambiental por mais de
11 anos. É Coordenadora dos cursos de Engenharia e Professora dos cursos de graduação e
pós-graduação na Faculdade Anhanguera de Caxias do Sul. É diretora da empresa Equilibrar
Serviços Ltda, atuando com consultoria nos seguintes temas: auditorias, gestão da qualidade e
ambiental e perícias de engenharia química e ambiental.
AUTORES
André Grecco Carvalho
Graduado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM-2006),
Mestre em Biologia Experimental pela Universidade Federal de Rondônia (2015). Trabalhou
como Coordenador de Produção em empresas Sucroalcooleiras, Montagens e de Gases
Industriais. Atualmente é Docente no curso de Engenharia de Produção na Universidade
Federal de Rondônia.
Branca Scannapieco Della Coletta
Engenheira de Produção (FHO - Uniararas) Participou do Grupo de Estudos em Organizações
do Núcleo de Pesquisa em Engenharia (2014-2015) do Centro Universitário Hermínio Ometto FHO (Uniararas).
Bruno Aparecido Oliveira
Possui graduação em Sistemas Para Internet pela Faculdade Educacional de Ponta Grossa
(2014). Concluiu a especialização em Engenharia de Produção pela Uninter (2017). Foi aluno
especial do programa de mestrado em Computação Aplicada oferecido pela UEPG (2016) na
matéria de Geoprocessamento. Atualmente cursando Licenciatura em Computação na UEPG.
Carlos Aparecido Fernandes
Possui graduação em Desenho Industrial com habilitação em projeto de produto pela
Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, (1992), Especialização em Licenciatura plana pela
Universidade do Oeste Paulista UNOESTE (1994), Especialização em Didática e Metodologia do
Ensino pela Universidade do Norte do Paraná UNOPAR (1996), Especialização em Engenharia
de Segurança do Trabalho pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR (2005) e
Mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná UNIOESTE
(2005) e Doutorado em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
UFSC (2014).
AUTORES
Daniel Arruda Coronel
Professor Adjunto do Departamento de Economia e Relações Internacionais e dos Programas
de Pós-Graduação em Gestão de Organizações Públicas e de Agronegócios da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM). Atualmente é bolsista de produtividade do Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), diretor da Editora UFSM; editor
associado da Revista Ciência Rural (Qualis B1 em Administração) e da Revista Práticas em
Administração Pública (ISSN:2526-6292); acadêmico da Academia Santa-Mariense de Letras
(ASL); membro do Comitê Assessor da área de Economia e Administração da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS); membro do Conselho
Científico Permanente da Editora CRV; membro do Conselho Fiscal da Câmara do Livro de
Santa Maria; parecerista de periódicos internacionais e nacionais. Foi coordenador substituto
do Curso de Administração da UFSM (2011-2012); diretor da Sociedade Brasileira de
Economia, Administração e Sociologia Rural (2013-2015) e secretário do Conselho Municipal
de Cultura de Santa Maria (2016). É doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal
de Viçosa (UFV); mestre em Agronegócios pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS); bacharel em Administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)
(CRA-RS, Registro: 047444) e em Ciências Econômicas pela UFSM (CORECON-RS, Registro:
7811). Suas pesquisas e orientações são na área de Economia Internacional e Administração
Pública, atuando principalmente nos seguintes temas: Análise Econômica Brasileira; Política
Industrial e de Comércio Internacional e Métodos Quantitativos
Emilene Mendonça da Silva
Engenheira Química pela Universidade Federal do Pampa (2012 – 2016), foi bolsista do
Programa de Educação Tutorial (PET) Engenharias, onde atuou em projetos de Pesquisa,
Ensino e Extensão (2014 – 2016). Atualmente, estudante de mestrado em Química pela
Universidade Federal de Mato Grosso com pesquisa na área de química analítica e ambiental.
Ernane Rosa Martins
Doutorado em andamento em Ciência da Informação com ênfase em Sistemas, Tecnologias e
Gestão da Informação, na Universidade Fernando Pessoa, em Porto/Portugal. Mestre em
Engenharia de Produção e Sistemas pela PUC-Goiás, possui Pós-Graduação em Tecnologia em
Gestão da Informação pela Anhanguera (2009), Graduação em Ciência da Computação pela
Anhanguera (2006) e Graduação em Sistemas de Informação pela Uni Evangélica (2009) ,
Atualmente é Professor de Informatica II no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás - IFG (campus Luziânia) ministrando disciplinas nas áreas de Engenharia
de Software, Desenvolvimento de Sistemas, Linguagens de Programação, Banco de Dados e
Gestão em Tecnologia da Informação.
Estevãn Martins de Oliveira
Prof. Dr. em Engenharia de Alimentos pela UNICAMP, 1997; Tutor do Grupo PET
ENGENHARIAS (multidisciplinar envolve Engra. Química, Engra. de Energias, Engra de
Computação e Engra. de Produção). Desenvolve atividades de pesquisa, ensino e extensão nas
áreas de Processamento de Alimentos de Origem Animal, cadeias produtivas, gestão e
organização da produção. Desenvolve equipamentos de processamento para indústria
alimentícia em escala de planta piloto. Prof. da Universidade Federal do Pampa- campus BagéRS desde 2006, no Curso de Engenharia de Alimentos e Engenharia Química.
Eudes Vinicius dos Santos
AUTORES
Professor adjunto da faculdade de arquitetura e urbanismo da universidade luterana do Brasil
– Campus Santa Maria/RS. graduado em arquitetura e urbanismo (ULBRA/2013), mestre em
engenharia civil (UFSM/2015) e consultor em eficiência energética RTQ-C (LINSE/UFPEL,
2015).
Filipe César Azambuja Rodrigues
Bacharel em Engenharia Química pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), fez
graduação sanduíche na Universität Paderborn na Alemanha (2014). Participou do Programa
de Educação Tutorial no grupo PET-Engenharias (2016), onde colaborou na criação das
diretrizes estratégicas do grupo. Atuou como Vice-Presidente na CPEn Jr na gestão de 2017.
Francisco I. Gioncondo César
Academic Formation - Mechanical Engineer (UNESP) with M.Sc. and Ph.D. in Production
Engineering at the Methodist University of Piracicaba – UNIMEP. Currently doing my postdoctorate in Production Engineering at FCA - UNICAMP. I have certified qualifications in
Project Management (PMI) and Green Belt. Current Activities – I have been a Professor at the
Industrial Department of Federal Institute of Education, Science and Tecnology of São Paulo
(IFSP - Campus Piracicaba) since 2011. I’m also a Professor Researcher Collaborator in the
Production Engineering Graduate Program at the Campinas State University (FCA – UNICAMP
– Campus Limeira) since 2016. Coordinated SB-Lab (Sustainable Business Lab http://sblaboratory.wixsite.com/sblabteste). I have a 23 years professional experience as an
International Project Manager on TRW and Caterpillar Brazil.
Gilberto Braga Pereira
Doutor em Psicologia Social do Trabalho (UFMG, 2012); Mestre em Administração (FEAD,
2005); Psicólogo graduado pela PUC-MG (1981). Professor/Pesquisador designado de
Educação Superior da Faculdade de Políticas Públicas Tancredo Neves/UEMG e Professor
Titular/Pesquisador na FUNCESI (Cursos: Administração; Engenharia de Produção: Tecnólogo
em Logística e Fisioterapia). Atua como professor/pesquisador em cursos de pós-graduação
stricto e lato sensu (desde 2003). Consultor de Organizações (Coach/a partir de 2001),
Comportamento Humano nas Organizações e Gestão de Pessoas (desde 1987). Coordenador
do grupo de pesquisa: Nucleo de Estudos sobre Pessoas, Organizações e Trabalho. Temas de
interesse: Comportamento Humano e Organizacional; Processos de Administração de
Recursos Humanos; Gestão Estratégica de Pessoas; Identidade e subjetividade; Saúde Mental
e Trabalho; Modelos de Acumulação e Produção.
Gisela Aparecida Sartor
Bacharel em Administração de Empresas (2008), pela Universidade do Sul de Santa Catarina Unisul. Mestranda na mesma área pela Universidade Regional de Blumenau - Furb, linha de
pesquisa em Gestão da Inovação em Organizações. Funcionária pública federal ativa e
permanente do Instituto Federal Catarinense (2010).
Ionara Houry Heizer
Mestre em Administração de Empresas pela Faculdade Novos Horizontes. Especialista em
Tecnologia e Gerência da Qualidade pela Fundação CEFET-MINAS. Bacharel em Administração
de Empresas pela PUC MINAS. Atuação como Gerente Administrativo em unidade hospitalar
do serviço público. Atuação como docente do ensino superior nos cursos de Administração,
Engenharia de Produção e Ambiental, Sistemas de Informação, Fisioterapia e Graduação
Tecnológica em Logística. Orientadora de TCC do ensino superior nos cursos de Administração
e Engenharia de Produção. Pesquisadora da FUNCESI nas áreas de Ciências Sociais Aplicadas e
Engenharias. Colaboradora do livro Gestão de Pessoas e Competência. Autora de artigos na
área da Qualidade Total e Gestão de Pessoas.
AUTORES
Ivana Salvagni Rotta
Engenheira de Produção Materiais (UFSCar). Mestre em Engenharia Mecânica (EESC-USP).
Gisela
Sartor
DoutoraAparecida
em Engenharia
de Produção (UFSCar). Atualmente docente dos Cursos de:
Engenharia de Produção, Mecânica, Química e Civil, do Centro Universitário Herminio Ometto
Bacharel
em Administração de Empresas (2008), pela Universidade do Sul de Santa Catarina (FHO-Uniararas).
Unisul. Mestranda na mesma área pela Universidade Regional de Blumenau - Furb, linha de
pesquisa em Gestão da Inovação em Organizações. Funcionária pública federal ativa e
permanente
do Instituto
Jaisson Potrich
DosFederal
Reis Catarinense (2010).
Jaisson Potrich dos Reis graduou-se em Engenharia Química, em 2005, pela Universidade
Federal de Santa Catarina e concluiu seu mestrado em Ciência e Engenharia dos Materiais, em
2007, pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Na Católica de Santa Catarina, atua
desde 2007 como professor ministrando aulas de Química, Engenharia da Sustentabilidade,,
gestão ambiental, Ciência e tecnologia dos Materiais nos cursos de Engenharia Mecânica,
Engenharia de Produção e Engenharia Elétrica.
João Artur de Souza
Doutorado e Pós-doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa
Catarina UFSC- (1999 e 2000). Graduação em Matemática (Licenciatura) (1989)e Mestrado em
Matemática e Computação Científica pela também pela UFSC (1993), Graduação em Direito
pelo Universidade do Sul Catarinense (UNISUL).Trabalhou na Universidade Federal de Pelotas
de 1993 a 2007 como professor na área de Matemática, atuando também em Educação a
Distância. Atualmente é Professor da Universidade Federal de Santa Catarina do
Departamento de Engenharia do Conhecimento líder do Grupo de Pesquisa IGTI e membro do
Grupo ENGIN - Engenharia da Integração e Governança do Conhecimento
João Eduardo Portilho Encide
Técnico em Mecatrônica pela Escola Técnica Estadual Lauro Gomes - São Bernardo do Campo
(2012). Atualmente, graduando em Engenharia de Produção na Universidade Tecnológica
Federal do Paraná - Medianeira/PR
João Ricardo de Freitas Bastos
Possui mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas pela PUC-GO, graduação em Ciência
da Computação pelo Centro Universitário do Triângulo (1999). Tem experiência na área de
Ciência da Computação, com ênfase em Software Básico, atuando principalmente nos
seguintes temas: sistema, decisão, tecnologia e controle, estatística, administração de
sistemas de informação, matemática financeira e pesquisa operacional.
Jovani Taveira de Souza
Doutorando em Engenharia de Produção pela UTFPR - PG. Mestre em Engenharia de
Produção (2017) e especialista em Engenharia de Produção (2014), também pela UTFPR Campus Ponta Grossa. Possui graduação em Licenciatura em Matemática pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa (2013). Cursando graduação em Automação Industrial pela UTFPR. É
pesquisador no Laboratório de Sistemas Produtivos Sustentáveis (LESP) do PPGEP/UTFPR-PG.
AUTORES
Juander Antônio de Oliveira Souza
Possui graduação em Engenharia de Produção Agroindustrial pela Universidade do Estado de
Mato Grosso (2008). Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Mestrado em
Geografia pela Universidade Federal de Rondônia (2013). Docente do Departamento de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de Rondônia, Campus de Cacoal. Tem
experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em "agroindústria".
Juliane Andressa Camatti
Formada em Engenheira de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Medianeira (2016). Mestranda em Engenharia de Produção e Manufatura na
Unicamp/FCA . Na área acadêmica: tem experiência como professora e pesquisadora em:
Lean Manufacturing, gestão da cadeia de suprimentos, PCP (Planejamento e controle de
produção). Na área profissional: experiência com gestão da produção, gestão da cadeia de
suprimentos. Atualmente atua como Analista de gestão de processos em uma empresa no
ramo alimentício.
Laércio Juarez Melz
Doutor em Administração - Linha de Economia, Finanças e Controle - pela Universidade
Federal de Santa Maria - UFSM (2016), Mestre em Engenharia de Produção - Linha de Gestão
Agroindustrial - pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar (2010). Graduado em
Ciências Contábeis pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (2003). Professor
assistente, com Dedicação Exclusiva (40h), da Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), atuando principalmente nos seguintes temas: Contabilidade e Gestão de Custos,
Contabilidade Gerencial, Análise de Cadeias Agroindustriais, Finanças Comportamentais e
Ensino de Contabilidade. Editor Gerente da Revista UNEMAT de Contabilidade (ISSN 23168072).
Leopoldo Euler Marialva De Albuquerque
Possui Mestrado em Engenharia de Produção pela UFAM - Universidade Federal do Amazonas
(2014 - 2017); Especialização em Lean Manufacturing pela Fundação Centro de Análise,
Pesquisa e inovação Tecnológica - FUCAPI (2014 - 2015); Graduação em Administração de
empresas pela Universidade Nilton Lins (1994 - 1998).
Lilyany Bezerra de Andrade
Bacharela em Engenharia química pela Universidade Federal do Pampa, atuou como bolsista
do Programa de Educação Tutorial (PET-Engenharias) onde participou ativamente em projetos
nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e gestão, tendo destaque na área de planejamento
estratégico. Atualmente é voluntária no grupo Jovens Profissionais do Saneamento- JPS onde
desenvolve atividades como suporte à publicação de artigos técnicos sobre o setor de
saneamento.
AUTORES
Luciano Castro de Carvalho
Possui graduação em Administração de Empresas pela Faculdade Estácio de Sá de Vila Velha
(2004). Especialista em Controladoria e Finanças pela FUCAPE/ES, Mestre em Administração
pela Universidade Regional de Blumenau - FURB e Doutor em Administração pela FGV/SP
(com Bolsa FAPESP), com estagio em Indiana University-Pardue Indianapolis University (IUPUI)
com Bolsa CAPES, Estados Unidos, com foco em Gestão de Operações e Competitividade.
Membro do Fórum de Inovação da EAESP/FGV, realiza pesquisas na área de Gestão de
Operações, Qualidade em Serviços e Inovação.
Luciene Galdino Ricardo
Mestranda no Programa de Pós Graduação em Inovações Tecnológicas da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Pós Graduada em Engenharia da Qualidade Integrada
- Pela Anhanguera, Graduada em Administração de Empresas - Pela UCS - Universidade de
Caxias do Sul, possuiu ampla experiência em: Administração de Empresas/ Gestão de Pessoas
/ Gestão pela Qualidade/ Certificação e Manutenção da ISO 9001, PGQP - Programa Gaúcho
da Qualidade e Produtividade e SASSMAQ - Sistema de Avaliação de saúde Segurança Meio
Ambiente e Qualidade, além de ter sido RD - Representante da Direção durante os anos de
atuação no mundo Corporativo/ Gestão de Transportes/ Análise e Avaliação de Fornecedores
Qualificados, Mapeamento de processos, Desdobramento de Indicadores, Análise de
Performance/ Desenvolvimento de Procedimentos e Instruções da qualidade, Descrição de
Cargos e Avaliação de desempenho/ Elaboração de Planos de Ação, Aplicação as Matriz
SWOT/BSC dentre outras atividades importantes para a Gestão Empresarial e de Equipes de
Alta Performance. Atualmente é professor na UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do
Paraná e Responsável pela condução e Gestão do Curso/Projeto: Formação
Empresarial/Jovem Empreendedor em uma instituição de Informática idiomas e Profissões em
Campo Mourão
Lucyanno Moreira Cardoso de Holanda
Possui graduação em Administração pela Universidade Federal de Campina Grande (2006) e
mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(2010). Professor atuando no curso de Administração e engenharia da produção do Centro
Universitário Vale do Ipojuca – UNIFAVIP/DEVRY. Professor Substituto alocado no
Departamento de Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Campina Grande
– UFCG. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração da
produção, atuando principalmente nos seguintes temas: Logística e logística reversa, cadeia
de suprimento, produção limpa. Também atua nas disciplinas de gestão do conhecimento e
empreendedorismo.
Luiza dos Santos Guasso
AUTORES
Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Luterana do Brasil-ULBRA,
membro do grupo de pesquisa em eficiência energética da mesma instituição.
Mara Paz Mauricio Nowazick
Especialista em Marketing Digital e Redes Sociais pela Fundação Universidade Regional de
Blumenau - FURB em 2015. Graduada em Administração pela Faculdade do Grupo UNIASSELVI
em 2009. Mestranda em Administração de Empresas pela Universidade Regional de Blumenau
- FURB. Professora nas áreas de Administração e Marketing.
Marcelo Guelbert
Possui Doutorado em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2008). Mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em Engenharia (2004).
Graduação em Administração de Empresas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2000)
e curso Técnico em Mecânica pelo CEFET-PR (1990). Atualmente é professor efetivo da UTFPR
- Universidade Tecnológica Federal do Paraná, unidade Campo Mourão, ministrando
disciplinas para Bacharelados, Tecnologias e Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Inovações Tecnológicas e Gestão Pública. Coordenador o Programa de Dupla Diplomação
entre a UTFPR e Instituições de Ensino Superior de Portugal. Tem experiência na área de
Engenharia de Produção e Manutenção, com ênfase em Gerência de Produção e Qualidade,
atuando principalmente nos seguintes temas: sistemas e gestão da produção, manutenção
Industrial e gestão da qualidade.
Marcos Roberto Fröhlich
Formação Técnica: Engenheiro Mecânico CREA-SC 119327-3 e Especialista em Eficiência
Energética. Área de atuação especifica: Engenheiro projetista/consultor mecânico em
Eficiência energética. Perfil Descritivo: Profissional com experiência no segmento industrial
mecânico. Experiência em motores elétricos com ênfase na área de projetos. Pesquisador na
área de eficiência energética renováveis.
Maria Auxiliadora Lage
Mestre em Ensino de Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Graduada em Licenciatura em Matemática pela Faculdade de Ciências Humanas de Itabira.
Especialista em Educação Matemática pela FAFI-BH. Professora de GAAL, Estatística e Cálculo
na Fundação Comunitária de Ensino Superior de Itabira. Professora de Matemática no Colégio
Nossa Senhora das Dores na Rede Estadual. Pesquisadora da FUNCESI em Aprendizagem
Matemática, Atividades Investigativas, Lixo Eletrônico, Logística Reversa e Inclusão Digital.
Maria do Socorro dos Santos Cirilo
Graduanda em Administração de Empresas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),
campus VII, Patos-PB.
AUTORES
Mariana Antonov Benvegnú
Discente do curso de Engenharia de Produção na Universidade Federal do Pampa
(UNIPAMPA), fez graduação sanduíche na Dalian University of Technology (2013-2015).
Participou do Programa de Educação Tutorial no grupo PET-Engenharias (2015-2017), onde
colaborou na criação das diretrizes estratégicas do grupo.
Mario Fernando Mello
Mario Fernando de Mello, professor universitário de graduação e pós-graduação, graduado
em engenheira mecânica e ciências contábeis, especialista em formação de gerentes e
diretores pela FGV Rio de Janeiro, pós-graduado em gestão de negócios internacionais pela
Universidade da Califórnia-EUA, mestre em engenharia de produção e doutorando em
engenharia agrícola pela UFSM. É professor na Universidade Federal de Santa Maria-UFSM, na
Universidade Luterana do Brasil-ULBRA, Na Faculdade Antônio Meneghetti-AMF e na
Fundação Getúlio Vargas.
Mayara Santiago Monteiro
Graduanda em Administração de Empresas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),
campus VII, Patos-PB. É Técnica auxiliar de regulação médica (TARM) no Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Mônica Cristina Lunkes da Ros
Formada em Técnico em Saúde e Segurança no trabalho (2011), pela Universidade tecnológica
Federal do Paraná, campus Medianeira - PR, graduanda em Bacharel em Engenharia de
Produção na UTFPR campus Medianeira, desde 2014.
Murilo Gattás Arthus
Graduado em Engenharia de Manufatura (2014) pela FCA/Unicamp. Mestrando em
Engenharia de Produção e Manufatura pela FCA/Unicamp. Experiência profissional na área de
melhoria continua. Atualmente consultor de gerenciamento estratégico .
Neusa Idick Scherpinski
Possui graduação em Matemática, com Habilitação em Física e Desenho Geométrico pela
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Cascavel/PR (1994). Especialização Lato Sensu em
Metodologia do Ensino Aprendizagem pela FESL- SP (1998). Mestrado em Engenharia de
Sistemas Agroindustriais pela Unioeste Cascavel/PR (2004). Autora do Livro Didático Público
do Paraná. É Professora Titular da Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR,
Medianeira PR onde atua nas disciplinas de Estatística e Cálculo.
AUTORES
Pascoal José Marion Filho
Doutorado em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da
Universidade de São Paulo - USP (1997), Mestre em Economia Rural pela Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (1987) e Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal
de Santa Maria (1982). Professor Titular - Nível Único (Classe E) da Universidade Federal de
Santa Maria - UFSM. Professor dos programas de Pós-Graduação em Administração e PósGraduação em Economia e Desenvolvimento da Universidade Federal de Santa Maria.
Patricia Carla de Brito Neves
Mestre em Modelagem Matemática e Computacional pelo CEFET-MG. Especialista em MBA
Gestão Empresarial com ênfase em Gestão de Projetos. Especialista em Banco de Dados e
Business Intelligence pelo Centro Universitário Newton Paiva. Bacharel em Sistemas de
Informação pela FACCI/FUNCESI. Docente na FUNCESI, com atuação nos cursos de graduação
em Administração, Engenharia de Produção, Engenharia Civil, Fisioterapia, Biomedicina,
Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Sistemas de Informação e Tecnólogo em Logística.
Orientação de TCC nos cursos de graduação em Administração, Engenharia de Produção e
Sistemas de Informação. Publicações na área de simulação de sistemas e otimização
computacional. Atuação em gestão acadêmica do ensino superior em áreas como Secretária
Acadêmica, Ouvidoria, Coordenação de Ensino a Distancia, Coordenação de Projetos
Interdisciplinares e Presidente da CPA-Comissão Própria de Avaliação.
Patrícia Teixeira dos Santos
Possui graduação em Licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Pinhais (2012),
atualmente cursando especialização em Libras, possui também experiência na área da
educação.
Paulo Roberto Vergopolan
Técnico em Administração (Formação integrada ao Ensino Médio, 2013) pelo Colégio Estadual
João Manoel Mondrone, Medianeira-PR. Atualmente, graduando em Bacharel de Engenharia
de Produção na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) campus Medianeira,
desde 2014.
Paulo Sergio de Arruda Ignacio
AUTORES
Doutor em Engenharia Civil pelo LALT/DGT/ FEC/UNICAMP (2010), na área de Engenharia de
Transportes. Possui graduação em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade
Metodista de Piracicaba (1985) e Mestrado em Gestão da Qualidade pelo IMECC (2001). É
Professor Doutor da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP). E referee Adhoc em periódicos. Possui artigos publicados em revistas e
congressos. Tem experiência acadêmica e consultoria em gestão de operações e serviços, com
enfâse em gestão de operações, logística, gestão da cadeia de suprimentos, produtividade,
armazenagem, qualidade e medição do desempenho, com modelagem de sistemas.
Plinio de Castro Grande
Engenheiro de Produção formado pelo Centro Universitário Hermínio Ometto (FHOUniararas). Foi membro da Empresa Júnior e Equipe Baja da FHO.
Priscila Hasse Palharim
Bacharela em Engenharia Química pela Universidade Federal do Pampa. Durante a graduação,
participou de diferentes projetos de pesquisa, e foi bolsista do Programa de Educação Tutorial
(PET-Engenharias), em que atuou no projeto na área de planejamento estratégico.
Atualmente, é aluna de mestrado na Universidade de São Paulo, com bolsa CNPq. Atua na
área de meio ambiente, desenvolvendo projeto voltado para o tratamento de efluentes
contendo contaminantes presentes em produtos de higiene pessoal, por meio de processos
oxidativos avançados.
Raimundo Kennedy Vieira
Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(1994), mestrado em Engenharia Química - Departamento de Engenharia Química (1996) e
doutorado em Química pela Universidade Estadual de Campinas (2004). Atualmente é
professor da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência nas áreas de Engenharia
Civil e de Produção , com ênfase em desenvolvimento de materiais verdes , gestão ambiental
e gestão da produção, atuando principalmente nos seguintes temas: substituição de
agregados na convencionais no concreto, argila calcinada, resíduos de construção civil, troca
rápida de ferramentas, setup e resíduos de madeira.
Ranieri Roberth Silva de Aguiar
Licenciado em Filosofia pelo Uniceub de Brasília e Bacharel em direito pela Universidade do
Sul de Santa Catarina. É mestre em Educação Comunitária para Infância e Juventude,
doutorando em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina, onde
desenvolve pesquisa sobre Cultura e Inovação Social.
Reisoli Bender Filho
Doutor em Economia Aplicada pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2011), Mestre em
Economia do Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUC/RS (2006), Graduado em Ciências Econômicas pela Universidade de Santa Cruz do Sul
(2003), Professor adjunto da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.
AUTORES
Roberto Fabiano Fernandes
Doutor e Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de
Santa Catarina. Professor na Universidade do Sul de Santa Catarina, Funiber (Fundação
Universitária Iberoamericana) e Faculdade Cesusc.
Rômulo Barbosa Ribeiro
Bacharel em Engenharia Química pela Universidade Federal do Pampa, onde atuou como
bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-Engenharias) de 2014 a 2017, no qual
participou desenvolvendo atividades e projetos nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e
gestão em caráter multidisciplinar sob os conceitos de metodologia ativa de
ensino/aprendizado, gestão distribuída de responsabilidades e horizontalidade, tendo
destaque na área de planejamento estratégico.
Ronie Scheidemantel de Lima
Ronie Scheidemantel de Lima é graduado em engenharia de produção pela Universidade
Luterana do Brasil, atuou por 5 anos na área de qualidade de uma indústria de implementos
agrícolas no norte do Rio grande do Sul, atualmente é técnico de qualidade em uma indústria
metalúrgica situada no noroeste do Rio Grande do Sul, fornecedora de componentes para
indústrias de implementos agrícolas multinacionais.
Rudinei André Welter
Engenheiro com especialização em Eficiência Energética com forte experiência na indústria e
na condução de projetos de eficiência de energia na cadeia industrial. Também atua no setor
de pesquisa nas áreas de energias renováveis e inovação tecnológica industrial em conjunto
com pesquisadores nacionais e internacionais.
Sabrina Félix Custódio
Graduada em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Rondônia (2016), Pós
Graduada em Segurança do Trabalho pela Faculdade Santo André (2017). Possui experiência
no setor de serviço, com varejo, onde atuou como supervisora da Lojas Americanas, e
atualmente atua como analista de processos na Empresa Eucatur que presta serviços de
transporte e turismo. Interessa-se por processos, gerenciamento de projetos e inovação.
Selma Regina Aranha Ribeiro
AUTORES
Possui graduação em Engenharia Cartográfica pela Universidade Federal do Paraná (1982),
mestrado em Ciências do Solo pela Universidade Federal do Paraná (1997) e doutorado em
Ciências Geodésicas pela Universidade Federal do Paraná e Karlsruhe Institute of Technology
(KIT) Germany (2003) e pós doutoramento na Universidad Autónoma de Madrid (2014).
Atualmente é professora adjunto D da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Tem
experiência na área de Geociências, com ênfase em Geociências, atuando principalmente nos
seguintes temas: classificação , análise da paisagem, sensoriamento remoto e
geoprocessamento
Solange da Silva
Graduada em Ciências - Habilitação em Matemática pela Universidade Católica de Goiás
(1988), Especialista em Ciência da Computação pela Universidade Católica de Goiás (1995),
Mestra em Engenharia Elétrica e de Computação pela Universidade Federal de Goiás (2000) e
Doutora em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Uberlândia (2005). Atualmente
é professora adjunto da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, na Escola de Ciências Exatas
e de Computação. Além da graduação, também orienta dissertações no Programa de
Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas da PUCGO e atualmente, pesquisa as
relações interorganizacionais, especificamente as Redes de Cooperação Empresarial (RCEs) e
Arranjos Produtivos Locais (APLs), em parceria com as universidades UNISINOS/RS e UNIP/SP.
Tem experiência na área de Redes de Computadores, tecnologia da informação (TI),
telecomunicações e tecnologia RFID.
Stephanye Késsia Oliveira Silva
Graduanda em Administração de Empresas pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB),
campus VII, Patos-PB. Auxiliar administrativa no Banco Estrela de fomento ao microcrédito.
Sven Schafers Delgado
Graduado em Tecnologia em Informática pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Especialista em Gestão Empresarial com ênfase em Gestão de Projetos pela Fundação
Comunitária de Ensino Superior (FUNCESI). Tem experiência na área de Análise de Sistemas,
Sistemas de Informação, Administração e Engenharias (Produção, Ambiental) atuando
principalmente nos seguintes temas: Tecnologias de Informação; Educação digital; inclusão
digital; processos de ensino-aprendizagem; sistemas de informação, dinâmica de sistemas,
séries temporais, análise de regressão, e gestão da cadeia de suprimentos. Coordenador do
projeto Inclusão Digital, projeto de extensão do CEPPE/FUNCESI.
AUTORES
Tanatiana Ferreira Guelbert
Possui Doutorado em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina
(2013). Mestrado em Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (2008).
Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas e em Gestão Financeira. Graduação em
Administração pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2000). Tem especial interesse em
projetos relacionados a Gestão de Empresas e Talentos, Desenvolvimento de Novos Produtos,
Marketing, Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social. Chefe do Departamento
de Gestão e Economia e Docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, ministrando
disciplinas na área de Gestão para cursos de Engenharia, Tecnologia e Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Inovações Tecnológicas.
Thiago Anastácio Madeira
Graduado em Engenharia de produção pela Fundação Comunitária de Ensino Superior
(FUNCESI). Responsável pela implantação e Operacionalização de Lean Manufacturing na
Gerência de Manutenção de Equipamentos Móveis de Itabira e Água limpa.
Tiane Alves Rocha Gastardelo
Mestra em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (2016).
Contadora formada pela Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (2012).
Professora da área de Contabilidade Rural do Curso de Ciências Contábeis da Universidade do
Estado de Mato Grosso - UNEMAT - Campus de Nova Mutum. Avaliadora da Revista UNEMAT
de Contabilidade (ISSN 2316-8072).
Waldoir Valentim Gomes Júnior
Doutorando e mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento, especialista em
Desenvolvimento Gerencial e Graduado em Engenharia de Produção Elétrica, todos na
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Desempenha atividades técnico
administrativas na Secretaria de Educação a Distância - SEAD/UFSC e de Educador do Ensino
Superior nas Faculdades de Tecnologia do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de
Santa Catarina - SENAI/SC. Pesquisador na área de Inovação, Tecnologias Sociais, Gestão do
Conhecimento, Empreendedorismo. Atua como membro do Grupo de Pesquisa Inovação em
Ciência e Tecnologia - UFSC/CNPq.