Pitiose equina...
BECEGATTO et al.
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PITIOSE EQUINA: REVISÃO DE LITERATURA
Daniela Bortoli Becegatto1
Marcelo de Souza Zanutto2
Mauro José Lahm Cardoso3
Augusto José Savioli de Almeida Sampaio4
BECEGATTO, D. B.; ZANUTTO, M. de S.; CARDOSO, M. J. L.; SAMPAIO, A. J. S. de A. Pitiose equina: revisão de literatura. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 20, n. 2, p. 87-92, abr./jun. 2017.
RESUMO: A pitiose é uma enfermidade que afeta diversas espécies animais, sendo a espécie equina geralmente a mais
acometida. É causada por um oomiceto que se desenvolve principalmente em regiões subtropicais e tropicais em áreas alagadiças. As lesões frequentemente são únicas, bastante exsudativas, com prurido moderado a intenso e tendem a se localizar
nas regiões do corpo que mais entram em contato com as áreas alagadas. Os meios de diagnostico e tratamento vêm sendo
estudados surgindo assim cada vez mais técnicas e alternativas. Por ser uma doença que pode causar diversos impactos econômicos, seja por gastos com o tratamento ou até perda da função ou morte do animal, é uma doença que merece atenção no
mercado de equinos no Brasil e no mundo. Este trabalho tem por objetivo abordar as principais características da pitiose, seu
diagnóstico, tratamento e possíveis impactos.
PALAVRAS-CHAVE: Cavalo. Pitiose. Pythium insidiosum.
EQUINE PHITYOSIS: LITERATURE REVIEW
ABSTRACT: Pythiosis is a disorder affecting several animal species; equines are usually the most widely affected species.
The disease is caused by oomycete mainly developed in swampy areas in tropical and subtropical regions. The lesions are
frequently single, exudative wounds, with moderate to intense itching, with a tendency to be located in parts that are in
contact with wetlands. Diagnostic and treatment procedures have been studied, resulting in increasingly techniques and
alternatives. This condition causes several economic impacts, either by expenditure with treatment, loss of function or even
death of the animal. Therefore, greater care in the equine market must be provided, both in Brazil and worldwide. This study
aims to describe the main features of pythiosis, its diagnosis, treatment and possible impacts.
KEYWORDS: Horse. Pythiosis. Pythium insidiosum.
PITIOSIS EQUINA: REVISIÓN DE LITERATURA
RESUMEN: Pitiosis es una enfermedad que afecta a varias especies animales, siendo la espécie equina generalmente la más
afectada. Es causada por un oomiceto que se desarrolla principalmente en las regiones tropicales y subtropicales en las zonas
pantanosas. Las lesiones, con frecuencia son únicas, exudativas, con prurito moderado a intenso, y tienden a ubicarse en
regiones del cuerpo que más entran en contacto com zonas húmedas. Los procedimientos de diagnóstico y tratamento vienen
siendo estudiados, lo que resulta cada vez más en técnicas y alternativas. Por ser una enfermedad que puede causar varios
impactos económicos, sea por gastos con el tratamiento, la pérdida de la función o la muerte del animal, es una enfermedad
que merece atención en el mercado de equinos en Brasil y en el mundo. Este estudio há tenido como objetivo abordar las
principales características de pitiosis, su diagnóstico, tratamiento y los posibles impactos.
PALAVRAS CLAVE: Caballo. Pitiosis. Pythium insidiosum.
Introdução
A pitiose, em conjunto com outras doenças piogranulomatosas, formam um complexo de doenças que são
anatomopatologicamente semelhantes entre si, são afecções
micóticas que acometem a pele, tecido subcutâneo, trato digestório e respiratório (BIAVA et al., 2007). Estas doenças
podem afetar diversas espécies animais, incluindo caninos,
bovinos e humanos, porém a espécie mais frequentemente
afetada é a equina (SANTURIO et al., 2006a). O agente,
Pythium insidiosum, um oomiceto característico de áreas
tropicais, subtropicais e temperadas, possui como forma in-
fectante o zoósporo que se desenvolve em temperaturas entre
30 - 40ºC em áreas alagadiças (FREY JÚNIOR et al., 2007).
Quando o animal que apresenta uma ferida entra em contato
com água que contém o zoósporo ele pode ser infectado, esta
infecção pode ocorrer não só na pele, mas também em outros
sistemas. Não há predisposição para sexo, raça ou idade, e
não existem relatos de transmissão animal-animal ou animal-humano (GAASTRA et al., 2010).
Nos equinos as lesões se localizam geralmente na
porção distal dos membros, região ventral do abdômen ou
ventral do tórax, devido ao maior contato destas partes com
as áreas alagadiças. Essas lesões são geralmente únicas, no-
DOI: 10.25110/arqvet.v20i2.2017.5974
1
Discente Mestrado Profissional em Clínicas Veterinárias. Departamento de Clinicas Veterinárias, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina,
Paraná, Brasil. E-mail:
[email protected]. *Autor para correspondência. Avenida José Gabriel de Oliveira, nº 685 apto 1606, CEP:86047-360.
2
Docente Departamento de Clínicas Veterinárias, UEL, Londrina, Paraná, Brasil.
[email protected]. Cx postal: 10.011.
3
Docente Departamento de Clínicas Veterinárias, UEL, Londrina, Paraná, Brasil.
[email protected]. Cx postal: 10.011.
4
Docente Departamento de Clínicas Veterinárias, UEL, Londrina, Paraná, Brasil.
[email protected]. Cx postal: 10.011.
ISSN 1982-1131
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dulares a ulceradas, com prurido moderado a intenso e exsudativas (COSTA, 2012). Uma característica da afecção é a
formação de ‘kunkers’ que macroscopicamente se apresentam como granulomas subcutâneos ulcerados preenchidos
por material necrótico, amarelado, seco e friável (MENDOZA; AJELLO; MCGINNIS, 1996).
O diagnóstico precoce é importante assim como o
diferencial de algumas doenças como a habronemose. É baseado no histórico, sinais clínicos e a partir de amostras de
“kunkers” para a detecção do agente, detecção de anticorpos
anti-P. insidiosum ou detecção do DNA do agente pela PCR,
sendo que o diagnóstico histopatológico ou citológico também podem ajudar (SANTURIO et al., 2006b ; GAASTRA
et al., 2010).
Várias formas de tratamento são descritas na literatura, como por exemplo, a imunoterapia utilizando a vacina
Pitium-Vac, vacina desenvolvida pelo Laboratório de Pesquisa Micológicas (LAPEMI-UFSM) e Embrapa Pantanal, o
uso de antibióticos como macrolídeos e tetraciclinas e antifúngicos como a anfotericina B associados ou não à excisão
cirúrgica (DOS SANTOS et al, 2011).
A pitiose é uma doença de importante estudo, pois
além dos gastos com o tratamento, a enfermidade pode levar
à retirada do animal da atividade atlética temporária ou definitivamente. Além das possíveis complicações que podem
ocorrer em decorrência da doença, que pode inclusive levar à
morte do animal (MORAES et al, 2013).
O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão bibliográfica abordando a pitiose, sua etiologia, epidemiologia,
fisiopatogenia entre outros aspectos importantes para a compreensão da doença.
Além da forma cutânea, a pitiose pode apresentar-se também
na forma subcutânea, vascular, ocular, e existem relatos de
acometimento visceral nas espécies equina e canina (FERNANDEZ et al., 2012; LUIZ LEON; PERES, 2012; AMARAL et al, 2013).
Figura 1: Lesão causada por Pythium insidiosum em porção
distal de membro de equino (A) e em região abdominal (B).
Desenvolvimento
Aspectos Epidemiológicos
O agente da doença, Pythium insidiosum, tem distribuição mundial, sendo relatado em países com clima tropical, subtropical e temperado, como Colômbia, Costa Rica,
Venezuela e Brasil. No Brasil existem relatos nas regiões sul
e centro-oeste, ocorrendo geralmente em áreas alagadiças, na
época das chuvas ou em períodos úmidos (FREY JÚNIOR
et al., 2007; ALEXOPOULOS; MIMS, 1996; LUIZ LEON;
PERES, 2012).
A infecção é mais frequente em cães e animais de
produção, sendo os equinos os mais acometidos e em humanos e felinos a doença é rara (MENDOZA; HERNANDEZ;
AJELLO, 1993; PRASERTWITAYAKIJ et al., 2003; RAKICH; GROOTERS; TANG, 2005; SANTOS; SANTURIO;
MARQUES, 2011; FERNANDES et al., 2012). Em estudos
realizados em equinos infectados não se observou predisposição para raça, sexo ou idade dos animais (MENDOZA;
ALFARO, 1986). Apesar da ocorrência de casos em humanos e animais o agente não possui potencial zoonótico ou
transmissão por contato direto (COSTA et al, 2012).
A forma mais encontrada da pitiose em equinos é a
cutânea, geralmente encontrada nas regiões distais dos membros, abdômen, tórax e região da mama, que são as regiões
mais expostas ao ambiente onde se encontra o fungo e os
animais podem apresentar mais de uma lesão, ou lesões em
diferentes locais (Figura 1) (MENDOZA; ALFARO, 1986).
Fonte: Arquivo pessoal.
Etiologia e forma de trasmissão
O agente causador da pitiose é um micro-organismo
que pertence ao Reino Stramenopila, Classe Oomycetes, Ordem Pythiales, Família Pythiaceae, Gênero Pythium, espécie
P. insidiosum (SANTURIO et al., 2006a). Não é considerado um verdadeiro fungo, pois sua parede não é composta de
quitina e sim de celulose e β-glucanas, e sua membrana não
contém ergosterol como a maioria dos fungos (ALEXOPOULOS; MIMS, 1996). O P. insidiosum tem sua taxa máxima de
crescimento aos 37ºC e este é inibido aos 40ºC (DAVIS et
al, 2006). Reproduz-se de forma assexuada produzindo zoósporos biflagelados, que ficam livres na água até encontrarem uma planta ou animal (possuem forte atração por pele
e pelo de equinos, cabelo humano e gramíneas), onde irão
se encistar através de um tubo germinativo e posteriormente
formar grande quantidade de filamentos de hifas, que podem
colonizar os tecidos cutâneo e subcutâneo, produzir lesões
intestinais, acometer vasos sanguíneos e ossos do hospedeiro. O P. insidiosum pode se desenvolver em mais de um tipo
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de planta aquática e até em restos de plantas em meios aquáticos ou úmidos (MENDOZA; HERNANDEZ; AJELLO,
1993; LUIZ LEON; PERES, 2012; ZANETTE et al, 2013a;
ZARO, 2013).
O animal adquire a infecção através de pequenas
feridas, do contato com a água que contém os zoósporos e
ainda, estudos sugerem a possibilidade de transmissão por
mosquitos infectados (GAASTRA et al., 2010).
Sinais clínicos
O principal sinal clínico da pitiose são lesões circulares, irregulares com um processo inflamatório e prurido
intenso, desenvolvem-se lesões ulcerativas granulomatosas,
com exsudato sanguinolento a sero-sanguinolento que ao
corte apresenta tecido conjuntivo fibroso com trajetos fistulosos e um tecido necrótico chamados ‘kunkers’ que ao exame radiográfico (Figura 2) podem demonstrar áreas de radio-opacidade com calcificação (MENDOZA; HERNANDEZ;
AJELLO, 1993; SALLIS; PEREIRA; RAFFI, 2003; SANTURIO et al., 2006a). Os kunkers são formações branco-amareladas formadas pela degranulação de eosinófilos sobre
as hifas de P. insidiosum, podendo essas massas ter diferentes tamanhos (GAASTRA et al., 2010). As lesões possuem
caráter progressivo podendo haver complicações como desenvolvimento de tecido de granulação exuberante, caquexia
e até morte (SANTOS; SANTURIO; MARQUES, 2011).
As extremidades distais dos membros, a região abdominal e
peitoral dos equinos são os locais onde mais frequentemente
se encontram as lesões causadas pelo agente (ALVAREZ;
GARCIA; GARAY, 2010; SANTOS; SANTURIO; MARQUES, 2011; LUIZ LEON; PERES, 2012).
Figura 2: Radiografia de membro de equino com pitiose evidenciando a presença de ‘kunkers’ (setas brancas).
Fonte: Arquivo pessoal.
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Os animais ainda podem apresentar emagrecimento
progressivo, hipoproteinemia, linfadenomegalia e anemia,
esta, possui correlação com o tamanho da lesão, pois já foi
comprovado em estudo em coelhos que a patogenia da pitiose interfere no metabolismo do ferro no organismo (ZANETTE et al, 2013b). Em casos mais graves as lesões podem
levar a danos no tecido ósseo e claudicação (MENDOZA;
AJELLO; MCGINNIS, 1996).
Diagnóstico
O diagnóstico é baseado no histórico do animal,
sinais clínicos, exame histopatológico, isolamento e identificação do agente e ainda técnicas sorológicas, por exemplo,
imunodifusão, ELISA e imunohistoquímica e técnicas moleculares como a PCR (SANTURIO et al., 2006b).
Na anamnese, informações como o ambiente onde
o animal vive, alimentação, rotina e evolução da ferida são
importantes dados para conduzir o diagnóstico (VAZ, 2009).
É realizado o exame macroscópico da lesão observando a forma irregular, tecido de granulação ulcerado com
uma cor branco amarelada e eventualmente áreas necróticas
com a presença dos ‘kunkers’, e em seguida a colheita de
amostra (Figura 3). Para a colheita é necessário ser realizada
a limpeza e antissepsia da lesão, com possibilidade de sedação do animal e anestesia local, podem ser realizadas incisões para a retirada de amostras de tecidos e dos ‘kunkers’
(MÁRQUEZ et al, 2010).
Figura 3: Colheita de amostra da região da lesão para histopatológico com o uso de punch(A). Amostras colhidas para
o exame (B).
Fonte: Arquivo pessoal.
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As amostras podem ser fixadas em formalina a 10%
tamponada por 24 horas, conservadas em álcool 70% e coradas pela coloração hematoxilina-eosina e Grocott para o
exame histológico, o qual vai apresentar grave dermatite com
infiltração de neutrófilos e eosinófilos, macrófagos e tecido
fibroso na coloração hematoxilina-eosina, e na coloração de
Grocott observam-se estruturas ramificadas ocasionalmente septadas de cor café, paredes lisas e paralelas no interior
das áreas de necrose (PEDROSO et al., 2009; CARDONA;
VARGAS; PERDOMO, 2012).
Outro método de identificação é a imunohistoquimica, um método que marca especificamente as hifas de P.
insidiosum e possui como vantagem a possibilidade de ser
utilizada em tecidos previamente fixados além de apresentar
maior especificidade que o método de Grocott metanamina
(REIS JR; NOGUEIRA, 2002; PEDROSO et al., 2009). A
probabilidade de falsos negativos é baixa, pois as hifas P.
insidiosum apresentam moléculas antigênicas específicas
do reino Chromista, e estes não são encontrados nas hifas
dos fungos zigomicetos (MENDOZA et al., 1997; REIS JR;
NOGUEIRA, 2002).
O diagnóstico clinico das lesões associado à histopatologia com resultados sugestíveis de pitiose são métodos
de diagnóstico confiáveis, e em conjunto com a imunohistoquimica pode ser confirmada a doença (DÓRIA, 2014).
A técnica de identificação por meio da técnica de
ELISA foi descrito primeiramente por Mendoza et al., (1997),
e em 2006, Santurio et al. descreveram a técnica de ELISA
indireto para o diagnóstico da pitiose em equinos e coelhos,
utilizando 72 soros de equinos sadios e 44 de equinos com
pitiose confirmada e 48 amostras de coelhos saudáveis e 24
com pitiose. O estudo concluiu que o teste ELISA indireto para a pitiose possui alta especificidade e sensibilidade
além da diminuição do tempo necessário para o diagnóstico
(SANTURIO et al., 2006b).
Além da importância do diagnóstico precoce é importante também a diferenciação da pitiose de outras doenças
como a habronemose, infecções fúngicas, tecido de granulação exuberante, carcinoma invasivo de células escamosas
(GAASTRA et al., 2010).
o edema dos membros e inflamações no local da administração (DORIA, 2012).
Outra forma de tratamento utilizada é a imunoterapia. A vacina, Pitium-Vac, desenvolvida pelo Laboratório de
Pesquisa Micológica (LAPEMI-UFSM) em conjunto com a
Embrapa Pantanal, foi desenvolvida a partir de extratos de
proteína de P. insidiosum e tem como objetivo a modificação da resposta imune do hospedeiro para desenvolver uma
resposta adequada contra a doença. Estudos demonstraram
que a imunoterapia não protege contra reinfecções, uma vez
que animais previamente vacinados para pitiose voltaram a
apresentar a infecção em outras partes do corpo, porém também responsivas à imunoterapia (SANTOS, 2009; LORETO
et al., 2014).
A imunoterapia tem sido utilizada com sucesso em
muitos casos no tratamento da pitiose (Figura 4), em equinos
e pode ser utilizada associada ou não à excisão cirúrgica com
resultados favoráveis, com boa aplicabilidade a campo, além
do baixo custo (BACH et al., 2010; DOS SANTOS et al.,
2011; SANTOS; SANTURIO; MARQUES, 2011).
Figura 4: Membro posterior de animal acometido de pitiose
(A). Aspecto da mesma ferida 30 dias após início do tratamento imunoterápico (B).
Tratamento e Prognóstico
Por diferir da maioria dos fungos em suas características, como conter celulose e β-glucanas em sua parede e
não conter o ergosterol em sua membrana plasmática, que é
o componente atacado pelos antifúngicos, o tratamento para
pitiose torna-se muitas vezes complicado (FOIL et al., 1996).
O sucesso do tratamento vai depender de inúmeros
fatores como o tipo de tratamento, o tamanho e localização das lesões, tempo de evolução e estado geral do animal
(KNOTTENBELT; PASCOE, 2003). Mosbah et al. (2012),
realizaram o tratamento da pitiose em equinos no Egito com
excisão cirúrgica nos animais com lesões recentes e de pequena extensão, que resultou em cura total sem complicações. A excisão cirúrgica pode ser associada ao tratamento
local com perfusão regional intravenosa de anfotericina B,
um antimicótico macrolídeo, que utilizado na dose e diluição adequada pode ser uma alternativa de tratamento eficaz
para a pitiose em equinos, gerando poucas reações adversas e
completa cicatrização, como possíveis complicações citadas
Fonte: Arquivo pessoal.
Foram realizados estudos in vitro utilizando macrolídeos e tetraciclina e sua ação sobre o P. insidiosum, e
os resultados demonstraram que esses antibióticos possuem
ação inibidora contra o agente, possivelmente pela inibição
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da síntese de proteínas e do transporte de aminoácidos, tornando esses antibióticos possíveis alternativas terapêuticas
(LORETO et al, 2011). Recentemente, técnicas utillizando a
terapia fotodinâmica tem sido introduzidas, tendo resultados
favoráveis contra o P. insidiosum (PIRES, 2014).
Impactos econômicos
A pitiose pode causar grandes prejuízos para a
agropecuária, pois seu tratamento pode se tornar complicado, economicamente dispendioso, além da possibilidade de
ocorrer recidivas, complicações ou levar à morte do animal
pela gravidade do caso ou pelo tratamento de forma errônea.
Uma das formas de tratamento, que vem sendo amplamente
utilizada é a vacina Pitium-vac, um imunoterápico desenvolvido no Brasil, adotada na maioria do país. Um estudo
avaliou o impacto econômico causado pela sua adoção no
tratamento da pitiose, revelando que o uso da vacina gerou
uma renda adicional que variou de R$461,01 a R$733,24 por
animal tratado em três anos com impacto positivo no agronegócio brasileiro. Além dos impactos ligados diretamente aos
animais afetados é importante ressaltar também a importância dos estudos relacionados aos tratamentos e epidemiologia da doença (MACIEL et al., 2008; TOMICH et al., 2010;
MORAES et al, 2014).
Considerações Finais
A pitiose é uma doença causada por um fungo oomiceto (Pythium insidiosum), distribuída mundialmente, que
acomete diferentes espécies, inclusive o homem. A espécie
equina é uma das mais acometidas, o que torna o estudo sobre a doença nessa espécie ainda mais importante uma vez
que a doença pode causar prejuízos não só pelo custo com
tratamentos, mas também pelas lesões causadas nos animais,
que podem levar o animal a óbito. O diagnóstico é baseado
nas informações da anamnese, sinais clínicos, histopatologia,
e exames para isolamento e identificação do agente, como
ELISA e PCR. O tratamento se difere de outras doenças fúngicas devido a diferenças das características do agente para
outros fungos, como tratamento podemos citar a excisão cirúrgica e utilização de imunoterápicos. Por ser uma doença
presente na clínica equina, pela dificuldade no tratamento e
o risco que apresenta para os animais, merece atenção para
que sejam realizados estudos futuros buscando opções mais
avançadas de formas de diagnóstico e tratamento.
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Recebido em: 20.12.2016
Aceito em: 18.09.2017
ISSN 1982-1131