Rodrigo Alves da Silva
Sidnei Junior Guadanhim
Ercilia Hitomi Hirota
p
aulo mendes da rocha:
relação entre processo de
projeto da fiesp e design
thinking
pós-
12
Re sumo
Este artigo apresenta uma análise das estratégias adotadas por Paulo
Mendes da Rocha e pela equipe MMBB Arquitetos durante o projeto de
remodelação das áreas de acolhimento do edifício da Fiesp, que ocorreu
entre os anos de 1996 e 1998. O mapeamento desse processo de
projeto foi desenvolvido com base na análise de documentos,
corroborada essencialmente por informações colhidas em entrevistas não
estruturadas, mediante um protocolo guiado por constructos, variáveis e
tipologias de evidências. Esse mapeamento tem como objetivo
apresentar as ações adotadas em função dos problemas decorrentes
desse projeto específico pelos arquitetos Paulo Mendes da Rocha,
Milton Braga, Marta Moreira e Ângelo Bucci e pelo engenheiro Jorge
Zaven Kurkdjian. O resultado do estudo aponta para um processo
caracterizado pela reflexão sobre os valores a serem construídos diante
da situação e da estruturação inicial do problema, inicialmente de forma
isolada, por Mendes da Rocha, que buscava potencialidades nessa
situação. Essas potencialidades, intrínsecas a sua prática de projeto,
valorizam a inteligência das técnicas de construção, o funcionamento
racional do projeto, a ligação do edifício ao contexto urbano e a
proporcionalidade dos elementos que compõem o edifício. A análise
desse processo de projeto busca associar as ações de projeto a preceitos
do Design Thinking propostos por Rowe (1987), Lawson (2004, 2011) e
Cross (2011).
Palavras-chave
Projeto de arquitetura - Processos. Design Thinking . Arquitetura
contemporânea brasileira. Paulo Mendes da Rocha.
doi: http://dx.doi.org/10.11606/issn.2317-2762.v25i47p12-33
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
PAULO MENDES DA ROCHA:
RELATIONSHIP BETWEEN THE
FIESP DESIGN PROCESS AND
DESIGN THINKING
Abstract
This article presents an analysis of the strategies adopted by Paulo
Mendes da Rocha and MMBB Architects team, during the
remodeling design process of the reception areas of FIESP
building, which occurred between 1996 and 1998. This design
process was mapped based on documental analysis supported by
information got from non-structured interviews guided by a
protocol which consisted of constructs, variables and type of likely
evidences. This mapping aimed to present the actions taken on
the problems arising from this specific project, in the view of the
architects Paulo Mendes da Rocha, Milton Braga, Marta Moreira,
Ângelo Bucci and engineer Jorge Zaven Kurkdjian. The result of
the study points to a process characterized by the reflection on the
values to be built to the situation and the initial structuring of the
problem in an isolated way, seeking potentialities of the situation.
These potentialities were intrinsic to the personality of the
architect Paulo Mendes da Rocha, who values the intelligence of
construction techniques, the rational functioning of the project,
the connection of the building to the urban context and the
proportionality of the elements that make up the building. The
analysis of this design process seeks to associate those design
actions to the design thinking principles proposed by Rowe
(1987), Lawson (2004, 2011) and Cross (2011).
Keywords
Design process. Design thinking. Contemporary Brazilian
architecture. Paulo Mendes da Rocha.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
13
pós-
Introdução e método
O termo Design Thinking designa essencialmente os estudos voltados para a
compreensão do desenvolvimento da atividade de projeto e envolve tanto os
aspectos cognitivos como os procedimentais ou metodológicos (CROSS; DORST;
ROOZENBURG, 1991; BUCHANAN, 1992; JOHANSSON; WOODILLA, 2009).
Ao longo do século XX observou-se uma forte disseminação do termo para
designar um novo paradigma que lidava com problemas complexos nas mais
diversas áreas de atuação profissional (DORST, 2011). No entanto, neste artigo
adota-se a concepção do termo adotado no livro de Peter G. Rowe (1987),
intitulado Design Thinking, no qual o autor buscava compreender a sequência
de movimentos e procedimentos lógicos empregados pelo projetista na
realização de um projeto. Para isso, sugere a reconstrução fiel do processo, que
representa um registro dos acontecimentos mais relevantes mediante entrevistas
e documentação em que o projetista descreve as atividades desenvolvidas com
apoio de croquis e desenhos.
pós-
14
Este artigo propõe a análise do processo de um projeto com base nos princípios
do Design Thinking propostos por Rowe (1987), Lawson (2004, 2011) e Cross
(2011). Rowe obtém respostas observando a ação de projetistas durante a
resolução de problemas, mas indica que é possível também compreender o
processo de um projeto por meio de autobiografias ou relatos feitos a posteriori –
mesmo que signifiquem uma racionalização seletiva –, pela análise de desenhos
ou, ainda, por meio da crítica e da interpretação de terceiros (ROWE, 1987).
É possível compreender, descobrir, desvendar fatos e informações da elaboração
de um projeto passados anos de sua execução? É possível identificar estratégias
de projeto? Na tentativa de obter tais respostas, estabeleceu-se como estudo de
caso o projeto para a remodelação das áreas de acolhimento do edifício da
Fiesp (1996-1998) de Paulo Mendes da Rocha e MMBB Arquitetos.
Para Lawson (2004), caracterizar a sequência de ações e procedimentos é
fundamental para compreender a estrutura do processo de projeto. Por isso,
buscou-se identificar características (Quadro 1) que permearam as principais
tomadas de decisões e os desdobramentos dessas decisões (ROWE, 1987), estas
influenciadas por restrições centrais e, também conforme Lawson (2011), por
critérios pessoais do projetista.
O projeto de arquitetura pode ser considerado uma atividade que envolve
resolução de problemas (LAWSON, 2004). Assim se torna imprescindível
classificá-los, pois há uma hierarquia de importância para sua resolução durante
o processo de projeto (ROWE, 1987; CROSS, 2011), e a estruturação desses
problemas depende da preconcepção que define o direcionamento de sua
solução. O projetista tem uma bagagem intelectual que é levada ao projeto, e
sua utilização geralmente é incorporada a seu pensamento (ROWE, 1987;
LAWSON, 2004, 2011), ou seja, um modo habitual de solucionar problemas
(ROWE, 1987; CROSS, 2011). Essa bagagem geralmente se vincula à utilização
de analogias, relações ambientais e tipologias (ROWE, 1987).
Briefings ligados ao programa e soluções, e não aos problemas e requisitos
(LAWSON, 1994), tornam o projetista intérprete das informações recolhidas, e
suas atitudes diante dessas informações variam de acordo com sua experiência
(LAWSON, 2011). Assim, é importante verificar se a produção dos briefings foi
realizada formalmente, e para isso se adota um método sugerido por Peña e
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
Parshall (2012), que preveem essa atividade por meio destas etapas:
estabelecimento de metas; coleta e análise de fatos; busca e teste de
conceitos; determinação das necessidades; e indicação do problema.
Desenhos contribuem na etapa inicial do processo de projeto (CROSS, 2011),
permitem ver novas possibilidades ou problemas (LAWSON, 2011), podem
registrar o conhecimento, testar hipóteses, conectar ideias e transformar
objetivos em componentes. Além disso, podem conter notas e legendas ligadas
àquilo que representam (LAWSON, 2004), são lembrados em termos de
significado e de valor simbólico, e precisam de informações auxiliares para sua
interpretação (BARTLETT, 1932 apud LAWSON, 2011).
1
2
SPBR é um escritorio de
arquitetura fundado em 2003
pelo arquiteto Ângelo Bucci
(SPBR, 2017).
3
A Kurkdjian & Fruchtengarten
Engenheiros Associados S/S
Ltda. foi criada em 2000 pelos
engenheiros Jorge Zaven
Kurkdjian e Julio
Fruchtengarten
(FRUCHTENGARTEN, s/d).
Assim, a partir dos preceitos abordados nos textos sobre Design Thinking de
Rowe (1987), Lawson (2004, 2011) e Cross (2011), apresentados acima, foi
elaborado um protocolo para coleta de dados (Quadro 1) que guiou a
formulação do roteiro de entrevista. A última coluna apresentada no Quadro 1
lista as evidências identificadas no estudo relatado a seguir, as quais foram
trianguladas com material iconográfico do projeto, em conformidade com as
recomendações de Yin (2005).
Foram realizadas três etapas de entrevistas (Quadro 2). A primeira, de caráter
exploratório, foi realizada com os arquitetos Milton Braga, Marta Moreira e
Ângelo Bucci, na qual se definiu qual obra seria analisada conforme o interesse
de disponibilização de dados pelos colaboradores, tendo sido selecionado o
edifício-sede da Fiesp. Na segunda etapa, realizada com os arquitetos Milton
Braga e Ângelo Bucci, buscou-se identificar a presença dos preceitos sobre
Design Thinking apresentados por Rowe (1987), Lawson (2004, 2011) e Cross
(2011) aplicados ao edifício escolhido. Por fim, a terceira etapa caracterizou-se
pela verificação e detalhamentos necessários das informações colhidas nas
etapas anteriores acerca dos preceitos do Design Thinking identificados no
processo de projeto da Fiesp. Desta etapa de entrevistas participaram os
arquitetos colaboradores das etapas anteriores, o líder da equipe, Mendes da
Rocha, e o engenheiro calculista Jorge Zaven, e foram entrevistados os
arquitetos do MMBB1 Marta Moreira, Milton Braga e Ângelo Bucci, o líder
Mendes da Rocha e o engenheiro Jorge Z. Kurkdjian, responsável pelo cálculo
da estrutura metálica dessa intervenção, haja vista sua importância pela tônica
conferida à estrutura nos projetos de Mendes da Rocha. O projeto estrutural foi
desenvolvido em parceria com o Escritório Técnico Arthur Luiz Pitta (Etalp),
responsável pelo cálculo da estrutura original do edifício, tendo auxiliado no
cálculo da nova estrutura em aço o engenheiro Jorge Z. Kurkdjian.
As entrevistas ocorreram nos escritórios dos envolvidos (MMBB, SPBR2 , Mendes
da Rocha, e Kurkdjian & Fruchtengarten Engenheiros Associados3 ), de forma
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
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Fundado em 1991, o MMBB é
formado por Fernando de Mello
Franco, Marta Moreira e Milton
Braga. Contou entre seus sócios
com Angelo Bucci, de 1996 a
2002. A partir de 2013,
Fernando de Mello Franco
licenciou-se das atividades do
escritório para assumir a função
de Secretário de
Desenvolvimento Urbano da
cidade de São Paulo (MMBB,
2017). Apesar de ter participado
do projeto, o arquiteto
Fernando de Mello Franco não
foi entrevistado nesta pesquisa
por estar afastado das
atividades do escritório.
Durante o processo de projeto, o projetista avalia os critérios qualitativos e
quantitativos e pode utilizar métodos e princípios para medir o êxito desses
critérios por meio de teorias (o que deveria ser), posições normativas
(interpretação entre prática dominante e oportunidade na identificação de
problemas) e doutrinárias (aproximação do que é primário), e sistemas
categóricos (menos prescritivos, que realizam a conexão entre normas e
categorias para distinguir o que conta e o que não conta). Portanto, as
avaliações validam a coerência lógica das posições na arquitetura (ROWE,
1987; LAWSON, 2011).
Quadro 1 – Protocolo para
coleta de dados
Fonte: elaborado pelos autores.
pós-
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Quadro 2 – Informações sobre
as entrevistas
Fonte: elaborado pelos autores.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
individual, e foram gravadas e transcritas. Neste artigo apresenta-se parte das
transcrições, que forneceram elementos para análise e reconstrução desse
processo de projeto. Atendendo às recomendações de Yin (2005), as
entrevistas tiveram caráter informal, guiadas pelo protocolo, para que os
entrevistados tivessem a liberdade de expor informações adicionais relativas ao
processo de projeto.
Edifício da fiesp e a colaboração entre
mendes da rocha e mmbb
O pavimento térreo superior buscava reforçar a conexão entre espaço público e
privado, assim como realizar a conexão projetual entre a Avenida Paulista e a
Alameda Santos. Os acessos à torre seriam feitos pelos pavimentos térreos
superior e inferior. O pavimento térreo inferior continha um teatro, acessado
por uma escada localizada na porção central do pavimento térreo superior,
além de elevadores, biblioteca, galeria e áreas de apoio (Figura 1).
Figura 1 – Desenhos técnicos da proposta original*
*Nota: À esquerda: corte transversal e longitudinal. À direita e acima: planta do pavimento térreo superior livre com paisagismo de
Burle Marx. À direita e abaixo: planta do pavimento térreo inferior com áreas de apoio, acessos verticais e auditório.
Fonte: Acervo Digital Rino Levi FAU PUC Campinas.
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O edifício da Fiesp foi projetado por Roberto Cerqueira César e Luiz Roberto
de Carvalho Franco em 1969. Conforme esses arquitetos, a forma piramidal
destacava o prédio na paisagem urbana, adaptava-se ao gabarito e aos recuos
solicitados, melhorava a distribuição lumínica sob os andares inferiores,
concentrava maior população nos andares inferiores, o que reduzia o percurso
médio provável por pessoa, e possibilitava aos andares mais altos maior
afastamento das construções vizinhas (Figura 1). A rua interna funciona como
espaço reservatório regulador, o que reduzia a formação de filas de veículos
nas vias de acesso, Avenida Paulista e Alameda Santos (ACRÓPOLE, 1970).
A visualização do edifício era valorizada pela grande largura
do passeio público na época de sua construção, o qual foi
posteriormente reduzido, o que prejudicou a visualização da
torre pelos pedestres (Figura 2).
Figura 2 – Imagem do volume
Fonte: Acervo Digital Rino Levi
pós-
18
4
Colaboração, processo
informal, mútuo, em que dois ou
mais indivíduos trabalham em
conjunto, têm entendimento e
visão comuns, compartilham
recursos, conhecimentos e
tarefas para atingir um objetivo
comum por meio de relações
interpessoais não estruturadas
(KAHN, 1996; CHIU, 2002).
A construção não se assemelha à proposta original, pois,
devido à solicitação estrutural, houve a inserção de uma
linha central de pilares e alteração do desenho das vigas e
pilotis que compõem a estrutura do pavimento térreo. Antes
da intervenção, o edifício foi cercado por um gradil
metálico, que prejudicou sua composição plástica e,
principalmente, anulou o partido arquitetônico da conexão
entre edifício e cidade (Figuras 1 e 2). A proposta original
desvalorizou-se à medida que o projeto se materializou e o
edifício perdeu algumas qualidades projetuais em virtude
das alterações executadas. Isso, somado ao problema de
fluxo e controle de acesso à torre devido à presença de dois
piramidal e estrutura
pavimentos de acesso e descarga, fez com que a presidência
FAU PUC Campinas.
da Fiesp convidasse Mendes da Rocha, em 1996, a realizar
o projeto de remodelação das áreas de acolhimento
(pavimentos térreos inferior e superior e subsolos), que
deveria reorganizar os acessos e fluxos, e renovar a biblioteca, o auditório e a
galeria de exposições existentes.
Mendes da Rocha e os arquitetos do MMBB iniciaram trabalhos em
colaboração4 quando aquele foi convidado por Milton Braga, em 1995, para
participar da execução do projeto do Corredor de Ônibus Francisco Morato.
Essa colaboração entre os arquitetos permanece até hoje, 2018, tendo sido
produzidos 27 projetos, entre eles o objeto deste estudo. O projeto de
remodelação das áreas de acolhimento da Fiesp, em 1996, ocorreu por meio
de convite de Mendes da Rocha aos arquitetos do MMBB, que ficaram
encarregados do levantamento das bases para o projeto, visto que o programa
arquitetônico já existia e estava em funcionamento.
[...] os programas, já existiam lá [...] fomos atrás das bases [...] tem uma
demanda muito grande ali, são serviços de entrega, carros, motoboy, tudo
que chega para trazer, levar documento, encomenda. (BUCCI, 2016a, p.
154).
[...] precisava [...] melhorar o foyer, havia o teatro, e a gente sabia que
não era muito agradável o foyer daquele auditório, porque era muito
fechado. (BRAGA, 2016a, p. 165).
[...] um projeto com um desenho nítido como o caso da Fiesp [...].
Controle, isso tem que ter, torna independente a circulação para o
teatro, a circulação para a biblioteca, a circulação para a galeria de
artes cujo programa esse: teatro, galeria, não é meu, era da Fiesp.
(ROCHA, 2016, p. 192).
Conforme os relatos dos projetistas, o presidente da Fiesp, cliente desse
projeto, não apresentou um programa formulado, mas as necessidades
relacionadas à melhoria das áreas de acolhimento e do fluxo vertical dos
usuários. Coube, portanto, a Mendes da Rocha a proposição de melhoria do
programa existente, assim como a hierarquia de resolução dos problemas.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
Não se pode afirmar que o programa arquitetônico foi desenvolvido juntamente
com a equipe. Dados quantitativos relacionados ao pré-dimensionamento de
alguns ambientes estão registrados na lousa por Mendes da Rocha (Figura 3),
advindos de seu conhecimento técnico e experiência aplicados àquele projeto.
Problemas de projeto
O projeto de arquitetura pode ser considerado uma atividade que envolve
resolução de problemas e na qual o projetista reconhece o estado de um
problema e o que deve ser alcançado (LAWSON, 2004). Segundo Rowe
(1987), Lawson (2004, 2011) e Cross (2011), no processo de projeto há uma
hierarquia de importância que considera a relação entre a complexidade dos
problemas e o conhecimento técnico-científico, a experiência profissional e os
valores individuais, por isso ser fundamental classificar os problemas.
[...] tinham um teatro [...] uma biblioteca, [...] um espaço expositivo que
compõe um centro cultural, mas isso não funcionava muito bem, [...]
tinha muito conflito de circulação com o edifício [...] toda obra teve que
ser feita sem que a Fiesp parasse as suas atividades [...] acho que
orientou o projeto e as próprias escolhas técnicas [...] os elevadores que
eram um pouco congestionados e não tinha jeito de aumentar. (BUCCI,
2016a, p. 153).
[...] tornar o edifício mais atraente, mais acolhedor para quem estava
chegando nele, melhorar sua relação com a cidade, até eu poderia dizer
urbanizar em algum sentido, torná-lo mais convidativo, mais aberto à
cidade [...]. Segundo desafio técnico, como melhorar os espaços,
construindo, em uma coisa já construída. (BRAGA, 2016a, p. 161).
[...] a primeira grande questão, como reestabelecer uma relação com a
Avenida Paulista. (MOREIRA, 2016, p. 180).
Há uma questão no caso da Fiesp, mas de empresas de um modo geral, do
ponto de vista de circulação e trafego de serviço. (ROCHA, 2016, p. 184).
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Problemas de projeto podem ser classificados em três tipos: bem definidos,
definidos e mal definidos ou “wicked problems” (NEWELL; SHAW; SIMON,
1958; ROWE, 1987), termo criado pelo filosofo Karl Popper e utilizado por
Rittel na década de 1960 em sua abordagem dos processos de raciocínio
lógico em situações concretas (BUCHANAN, 1992). Problemas bem definidos
têm fins ou objetivos prescritos e aparentes, para os quais soluções são
conhecidas, bastando analisar os meios mais apropriados para alcançá-las. Os
problemas definidos possuem fins definidos, porém os meios para sua solução
são indefinidos (NEWELL; SHAW; SIMON, 1958; ROWE, 1987), e parte da
atividade para solucioná-los consiste na definição e redefinição do próprio
problema. Nos problemas mal definidos, tanto os fins como os meios para a
obtenção das soluções são desconhecidos a priori (ROWE, 1987), possuem
informações e ramificações confusas (CHURCHMAN, 1967), não possuem
bases explícitas para determinar a atividade capaz de solucioná-los e não
apresentam uma regra de parada na busca por sua solução (RITTEL, 1972).
Rowe (1987) e Buchanan (1992) destacam a dificuldade em atingir uma
solução: diferentes formas de se definir e formular o problema implicam
diferentes soluções, e vice-versa.
Conforme a visão de Bucci, Braga, Moreira e Rocha, os problemas centrais
identificados pelos arquitetos poderiam ser discriminados pelo conflito de
fluxo de pedestres e serviços nos pavimentos térreos e no acesso à torre,
remodelação da galeria, continuidade de operação do edifício e reconexão do
edifício à cidade. O conflito de fluxo de usuários pode ser caracterizado como
um problema definido, pois, mesmo havendo diversos tipos de usuários que
se direcionam a diferentes setores do edifício com diferentes intensidades e
necessidades de controle, não havia muitas pessoas envolvidas na decisão, e
a base explícita para solução estava relacionada à ordenação.
pós-
20
A remodelação da galeria e a reconexão do edifício à cidade poderiam ser
considerados problemas mal definidos porque sua formulação não era
conhecida a priori, conforme se observa nos excertos das entrevistas abaixo.
Problemas de projeto são definidos pela relação entre ideias e soluções,
havendo tentativas de estabelecer um processo que conduza o projetista de
forma eficiente a uma boa solução (CROSS, 2011), e sua estruturação
depende da preconcepção que define o direcionamento para se alcançar a
solução (ROWE, 1987; CROSS, 2011), dependendo também de fatores
ligados aos valores que o projetista possui em relação à arquitetura
(LAWSON, 2011).
[...] o trabalho feito fica sem se confundir com aquilo, e você pensa:
“ah, o luxo que é uma galeria de exposição ali na Paulista [...] um
belíssimo exemplo de como você pode transformar a cidade modificando
totalmente esse plano público [...]. Imagina que você pegasse a Fiesp e
replicasse aquilo na avenida inteira e que todos os térreos fossem
permeáveis [...] como se fosse um modelo [...] transformando a cidade
sem derrubar coisa nenhuma [...] outra coisa é impressionante, que é
como [...] remodelar três andares daquele prédio sem que o prédio deixe
de funcionar um só dia. (BUCCI, 2016b, p. 173).
[...] acho muito bonito o contraste entre o aço delicado da nova
construção como um parasita se contrapondo com a brutalidade
daquelas vigas de transição. (BRAGA, 2016a, p. 164).
Sempre que você encontra uma clara configuração é um prazer que se
realizem aqueles episódios que se espera: vamos à biblioteca [...]. Você
tem que se seduzir... tem que ver a biblioteca [...]. Você passando na
Avenida Paulista, você vê o salão de artes, vê a biblioteca e pressente a
existência do teatro, o teatro precisa ser anunciado pra você comprar
entradas [...] nós fizemos uma série de pequenos arranjos que fizeram
aquilo tudo ser melhor desfrutado até do ponto de vista puramente
estético [...] deixar as coisas mais claras, é pôr em harmonia o que já
estava lá [...]. Foi um projeto muito interessante talvez do ponto de vista
exercício [...] dessas transformações da mesma coisa que já estava lá
[...] já era virtuoso antes. (ROCHA, 2016, p. 193).
O discurso dos arquitetos demonstra a conexão entre seus valores associados
a uma arquitetura adequada e a preconcepção dos problemas que deveriam
ser solucionados no projeto da Fiesp.
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croquis do projeto do edifício da fiesp
Há dois registros de desenhos relacionados à fase de concepção do projeto,
entretanto sem definição de data. Um deles insinua a preocupação do
arquiteto com a movimentação vertical no edifício (Figura 3, à esquerda). Para
Herbert (1988), croquis fornecem meios gráficos para adicionar informações do
repertório cognitivo do projetista à solução de problemas projetuais, e a
construção de sua estrutura começa antes de sua execução, a partir da
abstração, seleção e organização dos dados que compõem a descrição inicial
do programa e contexto físico e cultural para o projeto.
A análise do croqui (Figura 3, à esquerda) indica a intenção do arquiteto em
destacar o volume da intervenção em relação ao passeio da Avenida Paulista e
ao auditório/teatro.
O croqui realizado por Mendes da Rocha representa o corte longitudinal dos
pavimentos térreos do edifício sobre a lousa do escritório MMBB e funcionou
como suporte para o desenvolvimento do projeto e
para comunicação à equipe (Figura 3, à direita).
[...] palimpsesto [...] era o mesmo desenho
que ele desenhava em cima [...] às vezes
apagava as coisas, às vezes ficava em cima
mesmo. (BUCCI, 2016a, p. 156).
[...] o Paulo desenhou ele mesmo o projeto
todo, a partir de um corte longitudinal [...] do
prédio na lousa [...] à medida que a conversa
ia seguindo, ele ia desenhando sobre esse
esboço inicial e ia fazendo com que o esboço
acompanhasse a conversa, os entendimentos,
as premissas que ele propunha para o projeto.
(MOREIRA, 2016, p. 168).
Figura 3 – Croquis de Mendes da Rocha
Fonte: Acervo pessoal de Paulo Mendes da Rocha.
Schön (1984) argumenta que o projetista usa o
desenho como um processo de reflexão, para ver
novas possibilidades ou problemas; e para Davies e
Talbot (1987), o desenho é uma etapa do processo
de pensamento, pois auxilia a estruturação do
pensamento, direcionando, segundo Akin (1986),
as decisões posteriores e permitindo que novas
informações da memória e referências sejam
trazidas ao processo. De acordo com informações
coletadas nas entrevistas, Mendes da Rocha utilizou
a lousa para desenvolver e refinar as estratégias de
projeto, entretanto é possível que o arquiteto tenha
analisado outras possibilidades sem tê-las
apresentado à equipe. Os dois desenhos parecem
ter auxiliado na estruturação das estratégias que
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
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A ideia, no caso da Fiesp, da independência para gozo, inclusive não se
sentir incomodando o outro, da circulação das pessoas que vão ao teatro,
que é uma categoria [...] completamente outra de comportamento,
trezentas, quatrocentas pessoas com intervalo pro café [...] não tem nada
a ver com o grupo que vai para reunião. (ROCHA, 2016, p. 187).
envolvem essa desconexão: observa-se uma aparente evolução entre o croqui
em branco e o croqui realizado na lousa. Os desenhos também permitiram que
Mendes da Rocha registrasse e comunicasse seu conhecimento e estratégias
aos colaboradores.
O Paulo começa os seus projetos quando ele está com a equipe, [...] e
não saindo assim: “desenha isso, desenha aquilo” [...] talvez, ele até faça
quando ele está sozinho, tranquilo, acho que por isso que ele tem o
escritório dele, para, em alguns momentos, poder sentar tranquilamente e
testar algumas ideias no papel [...] mas ele não trouxe nenhum desenho
pronto [...] começamos a desenhar naquela lousa azul onde ele logo fez
um corte longitudinal do que existia, a forma principalmente da estrutura
e [...]. Apagando, riscando, apagando [...]. Sempre no mesmo desenho, a
formular o estudo preliminar, o partido, que acabou sendo organizado lá
no primeiro estudo. (BRAGA, 2016a, p. 162).
pós-
22
O conteúdo dos desenhos pode superar sua representação e transmitir
significados distintos aos colaboradores. Entretanto, no caso dos membros da
equipe em análise, devido ao fato de possuírem reconhecida afinidade
intelectual e de valores, os significados poderiam ser, embora convergentes,
distintos. Conforme Cross (2011), o desenho, em âmbito organizacional,
permite o desenvolvimento de níveis paralelos e simultaneidade da interação,
além de feedback entre os profissionais. O desenho registrava as estratégias de
Mendes da Rocha e ia se refinando conforme a interação entre ele e a equipe,
que transcreviam esses desenhos feitos à mão em programa CAD.
[...] à medida que ele ia falando do projeto e descrevendo [...] e
olhando os desenhos mais precisos no computador, ele ia reformulando
algumas medidas iniciais e [...] atualizando o corte na lousa. (BUCCI,
2016a, p. 155).
Estratégias de projeto
Projetar exige formação de juízos e tomada de decisões, em que cada projetista
tem uma bagagem intelectual de crenças, valores e atitudes que transmite ao
projeto, buscando prever o desdobramento de suas escolhas (LAWSON, 2011).
Essa bagagem tem grande peso na fase inicial de projeto. O arquiteto pode
utilizar, na tomada de decisões, ideias precedentes, analogias entre objetos e/
ou conceitos, pertencentes ou não à arquitetura, que podem transcender as
propostas de projeto e ser incorporadas ao pensamento do projetista (ROWE,
1987) e ser somadas à argumentação de ideias e conceitos, oferecendo
respostas aos problemas (LAWSON, 2004).
Para estruturar os problemas durante o projeto, alguns projetistas buscam
imprimir ordem por meio de princípios de organização, interpretados e
reinterpretados no contexto dos problemas, guiando e oferecendo pontos de
partida, podendo criar um estilo de “output”, o que pode ser entendido como
um modo habitual, de cada projetista, de solucionar problemas (ROWE, 1987;
CROSS, 2011; LAWSON, 2011). Além dos princípios de organização,
projetistas usam princípios orientadores: conjuntos de ideias e crenças capazes
de abranger muitos projetos. Isso geralmente caracteriza um caminho coerente
sobre a carreira do projetista, não em estilo, mas em programa intelectual
(LAWSON, 2011). Esses princípios auxiliam o início do trabalho (DARKE,
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1979) e instigam um conceito, já que este não deriva diretamente da afirmação
do problema. O projetista introduz uma informação externa ao problema
(CROSS, 2011), pois sua resolução depende significativamente do
conhecimento inserido pelo projetista (LAWSON, 2004) e por clientes, usuários
e legisladores. O projetista é, portanto, o coordenador das fontes de
informações (LAWSON, 2011).
Dessa forma, a produção de um arquiteto é identificada pelas estratégias e
elementos que traduzem seu conhecimento e valores que permeiam seus
projetos. Mesmo que o conjunto de sua obra passe por uma transformação, esta
ocorre de modo uniforme e deixa vestígios remanescentes dos valores de cada
arquiteto.
A principal estratégia de Mendes da Rocha nesse projeto foi o recorte da laje do
piso do pavimento térreo superior, o que possibilitou reconectar o edifício ao
contexto urbano, valorizar a galeria de arte a partir da Avenida Paulista e, ainda,
criar um foyer com pé-direito elevado para o auditório (Figura 4). Essa estratégia
reflete a proposição de Norberg-Schulz (1998) sobre as tarefas iniciais de
Figura 4 – Recorte na laje*
*Nota: À esquerda e acima: átrio junto à Avenida Paulista. À direita e acima: átrio contíguo ao auditório. Abaixo: planta do pavimento
térreo superior. A área com hachura azul representa a área do piso do pavimento térreo superior que foi demolida.
Fonte: Acervo Nelson Kon (à esquerda e acima e à direita e acima). Elaborado pelo autor com base no acervo pessoal de Paulo Mendes
da Rocha.
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projeto, em que as decisões tomadas são baseadas em informações mais
qualitativas do que quantitativas, pois aquelas se relacionam aos valores que
Mendes da Rocha julgava relevantes.
[...] demoliu 500 m² de laje, que não é uma operação óbvia [...] porque é
trabalhoso, na Avenida Paulista [...] tinha umas serras que cortava o
concreto [...] em pedaços que eram fáceis de serem deslocados e
transportados. (BRAGA, 2016a, p. 164).
[...] ele passava serra em um trecho de laje ali em frente à entrada do
teatro, fazia um foyer para o teatro com pé direito duplo, falava muito do
Matta Clark. (BUCCI, 2016a, p. 155).
A escolha da técnica construtiva em aço, antes de se denominar estrutura
parasita, decorreu da facilidade de sua execução em relação a uma estrutura
de concreto, que demandaria preparo da estrutura original para recepção da
nova carga, requereria mais tempo de execução devido ao tempo de cura do
concreto e não possibilitaria a diferenciação entre projeto original e
intervenção.
pós-
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Outro problema identificado pelos arquitetos estava relacionado ao acesso,
circulação e controle aos programas do projeto: biblioteca, torre, auditório e
galeria. Havia acessos e saídas simultâneos a esses espaços nos pavimentos
térreos da Alameda Santos e térreos superior e inferior da Avenida Paulista. Sua
resolução ocorreu pela orientação do sentido do fluxo de acesso e descarga.
Mendes da Rocha propôs que o acesso de serviço e a entrega de documentos
fossem realizados pela Alameda Santos, no andar da garagem, retirando
algumas vagas de veículos no primeiro subsolo. A saída da torre ocorre pelo
pavimento térreo inferior, assim como o acesso à biblioteca, ao café, à
bilheteria e ao auditório. Já o acesso à torre e à galeria de arte ocorre pela
Avenida Paulista e é realizado pelo pavimento térreo superior (Figura 5).
[...] uma premissa inicial do Paulo era fazer o embarque [...] pelo térreo
superior e desembarcava pelo térreo inferior, isso já melhora muito a
performance ali dos elevadores [...]. Pode chamar térreo Alameda Santos,
então é um prédio que pode-se dizer que tem três níveis térreos, um que
Figura 5 – Acesso e saída do edifício*
*Nota: À esquerda: acesso pela Alameda Santos. À direita: acesso pelo pavimento térreo superior.
Fonte: Acervo Nelson Kon.
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está na Santos, um que está na Paulista superior e Paulista inferior.
(BUCCI, 2016a, p. 154).
Mendes da Rocha propôs a variação de pé-direito da galeria mediante a criação
de dois volumes piramidais que ocupam parte do espaçamento entre vigas da
torre (Figura 6).
5
Para visualizar outras
fotografias do painel de Burle
Marx e do projeto de
intervenção de Mendes da
Rocha, sugerem-se os ensaios
produzidos por Kon e Finotti
(2017).
[...] uma claraboia [...] que se abre e mostra o forro da laje de concreto
[...] dando um pé direito duplo [...] onde o artista pode colocar uma peça
maior [...] essa solução [...] é uma espécie de topografia e paisagem
construídas daquelas estruturas todas que foram aproveitadas. [...] Paulo,
como experiente, sabia que qualquer espaço expositivo, se não tiver, em
alguns lugares pelo menos, um pé-direito alto [...] não é tão bom. (BRAGA,
2016a, p. 163).
Se havia aquele vazio lá em cima nos espaços estruturais, por que não
fazer aqueles lanternis [...] ali é lugar de uma coisa maior para você exibir
[...] de senso comum[...] é bom essa variação de pé direito para expor
obras de arte. (ROCHA, 2016, p. 189).
pós-
Organizava ali a área de acesso aos elevadores com o pé
direito mais recolhido e ainda fazia um mezanino lá para cima
que permitia que as pessoas, em cerimônias e em eventos
especiais [...] olhar hoje da Paulista de uma altura privilegiada.
(BRAGA, 2016a, p. 162).
Figura 6 – Capela da galeria de exposições
Fonte: Acervo Nelson Kon.
[...] aquela ponte [...] ficou um salão, porque resolvia o
problema de como fechar o hall dos elevadores, porque faltava
um teto, era uma coisa difícil. (BUCCI, 2016a, p. 157).
Figura 7 – Ponte metálica
*Nota: À esquerda: recepção e ponte metálica. Ao centro: ponte metálica vista a partir da Avenida Paulista. À direita: vista do painel de Burle Marx a
partir da ponte metálica.
Fonte: Finotti (2017) (à esquerda e ao centro). Acervo Nelson Kon (à direita).
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Um dos problemas que não foram citados pelos arquitetos como centrais,
entretanto percebido durante o processo de projeto, foi a proteção da recepção
da torre localizada no pavimento térreo superior. Ele foi solucionado por meio
de uma ponte metálica de aproximadamente 80 metros, que, além da função
de recolher e proteger a área, possibilita a visualização do painel de
Burle Marx, que reveste a cobertura do auditório e a elevação junto
à Alameda Santos5 . A ponte também permite que usuários dos
eventos restritos à Fiesp possam visualizar a Avenida Paulista a
partir de uma cota privilegiada (Figura 7).
[...] aquele volume que vai desde o jardim de trás, que é na cobertura do
teatro, que é do Burle Marx. Então, vai resgatar também esse lugar que
era [...] pouco frequentado do ponto de vista visual [...]. Mas até chegar
na Avenida Paulista, debruçar em varanda, então você sai e faz essa
ligação do jardim com a Avenida Paulista. (MOREIRA, 2016, p. 181).
Aquilo é [...] uma invenção que pareceu interessante, ali é um salãozinho
para reuniões extraordinárias de comissões, é uma coisa alegre e divertida
que eu fiz os elevadores pararem ali [...] para alimentar a circulação de
pessoas [...] e, com isso, você pode dar um pulo e olhar a Paulista [...]
nessa situação de uma reunião, algum movimento [...] e você não pode ir
lá ver, teria que sair daquele andar. É uma maneira de você ir lá [...].
Pareceu interessante, inclusive exibir a liberdade daquelas estruturas
metálicas. (ROCHA, 2016, p. 190).
pós-
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Mendes da Rocha conectou as diretrizes do projeto (princípios orientadores), a
que ele atribuía de “senso comum”, aos elementos que materializavam essas
diretrizes por meio de sua experiência profissional, seus valores relacionados à
conexão entre edifício e cidade, e à relação de escala entre objetos de arte e
dimensões do edifício e escala humana. Isso pode ser percebido na
preocupação do arquiteto com as dimensões de elementos e ambientes, na
visualização do programa pelo pedestre, nos fluxos do edifício, etc.
Mendes da Rocha propôs o recorte da laje no piso do pavimento térreo
superior, o volume da intervenção em vidro e aço, e a melhoria do fluxo dos
elevadores por meio da inserção de sentidos de fluxo e distribuição dos acessos
entre os três pavimentos. Ainda que Mendes da Rocha antevisse os problemas
relacionados ao dimensionamento dos ambientes e dos elementos estruturais,
texturas, mobiliário e detalhamentos, estes foram incorporados ao processo de
projeto à medida que a ideia inicial ia se afirmando e se desenvolvendo.
As estratégias inicialmente apresentadas à equipe por Mendes da Rocha
permaneceram inalteradas e guiaram-no até o fim do projeto, cabendo aos
colaboradores o refinamento da proposta. Isso se deve ao processo de reflexão
do arquiteto em torno dos principais problemas de projeto antes de apresentálos aos colaboradores. Sugere-se que Mendes da Rocha formulou as diretrizes
projetuais de forma isolada em seu escritório, entretanto não se exclui a
possibilidade da existência de investigação de estratégias ou propostas
paralelas em um primeiro momento, antes de sua apresentação à equipe.
[...] o Paulo é o autor, [...] tinha muito mais experiência como
notoriamente tem um tremendo talento, né, então a gente ouvia muito o
Paulo e obviamente emitia opiniões, dialogava. (BRAGA, 2016a, p. 162).
[...] a condução, o Paulo fazia como o autor do projeto, e a gente estava
encarregado da produção do projeto. (BUCCI, 2016b, p. 171).
A bagagem intelectual que Mendes da Rocha levou para o projeto da Fiesp
está relacionada ao modo de refletir, pensar e estruturar os problemas.
Entretanto, a proposição de Lawson (2011) e Cross (2011) em relação a um
estilo de output parece ser verdadeira, pois prevalece a utilização da técnica,
da racionalidade e da conexão do edifício com o contexto urbano.
É um cara de informação técnica [...] conhece o concreto armado, conhece
a estrutura metálica, faz as coisas tendo cara, e faz assim no desenho de
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arquitetura, lógico, a viga dele tem cinquenta em vez de sessenta, mas não
perde o cerne da coisa, ele já vem com uma coisa pensada, isso é muito
agradável, é enriquecedor. (KURKDJIAN, 2016, p. 198).
[...] Arquitetura é arte, ciência e técnica de uma vez só, não um pouco de
cada um, mas tudo de uma vez só, é uma forma peculiar de conhecimento
a Arquitetura, não a junção de partes, é um modo peculiar de raciocinar
[...]. No nosso caso, a turma da Avenida Paulista, a turma da cidade de
São Paulo, a turma do Brasil em relação à posição da indústria brasileira
em contraponto com o mundo [...]. A rigor, os projetos que configuram a
cidade contemporânea são projetos coletivos, são projetos de caráter
republicano, discutidos em assembleia, etc., etc. em comissões,
ministérios, secretarias, não é você que vai resolver a cidade sozinho, vai
opinar é claro, é a política. Pode colaborar para estabelecimento de uma
justa política da direção para que tudo isso tenha sucesso. (ROCHA,
2016, p. 192).
Há evidências que convergem à explicação de Lawson (2011) sobre a
importância da utilização do raciocínio (inclui lógica, solução de problemas e
formação de conceitos) e da imaginação (combina o material da experiência)
para o projetista. É inquestionável a utilização da imaginação de Mendes da
Rocha para combinar estratégias e elementos existentes a partir da memória de
seu repertório técnico e de terceiros em uma disposição que pudesse satisfazer
os requisitos e condicionantes do projeto conjuntamente aos valores a serem
atingidos, que, por sua vez, refletem seus valores pessoais. Na visão dos
arquitetos colaboradores, a combinação entre seus valores aliados à técnica, à
inserção urbana do edifício e à valorização das potencialidades dos requisitos e
condicionantes do projeto tornam as áreas de acolhimento do edifício da Fiesp
uma proposta inventiva e inovadora.
[...] está no partido do Paulo, digamos assim, na visão de projetos que ele
tem [...] aproveitar múltiplas entradas na cidade. (BRAGA, 2016a, p. 162).
[...] é incrível essa capacidade de ver um problema, muitas vezes até as
demandas vêm de uma certa maneira, e ele dá uma resposta que
reinventa a demanda. (MOREIRA, 2016, p. 184).
[...] são as mesmas questões colocadas de novo em situações um tanto
novas [...]. Você tem que usar a experiência do outro, coisas que você já
viu [...] você pode copiar, imitar, afinal de contas, nós falamos em cantar,
dançar, escrever, não falamos em inventar a dança, inventar o canto e
inventar a escrita, está inventado já, copia. Descobre os arquitetos que
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Sugere-se que Mendes da Rocha tenha utilizado estratégias projetuais
consagradas de sua produção como meio para estruturar o início do projeto de
remodelagem das áreas de acolhimento do edifício da Fiesp. Nesse sentido, há
relação entre as estratégias adotadas no projeto aqui analisado e a elevação e
horizontalidade do volume da vitrine da loja Forma e do volume da nova galeria
da Fiesp, assim como contraste entre os materiais concreto e aço. Já a
utilização do forro em grelha na loja Forma, no Mube e também nas áreas da
Fiesp possibilita a visualização parcial das instalações. Todavia, essas relações
são possíveis como estratégias projetuais, entretanto se originam de
condicionantes distintas e possuem objetivos distintos enquanto soluções dos
problemas enfrentados em cada projeto.
você gosta, então [...] procura fazer parecido [...] é começar a andar
naquela linha que te agrada. Escolhe um caminho, não se diz assim,
escolhe uma escola literária, se fosse o caso, uma escola poética, uma
escola técnica. (ROCHA, 2016, p. 191).
[...] você vai lá, e ele está [...] fazendo “maquetinha” de navio para
colocar na frente do cais das artes [...] querendo imaginar a proporção
[...] primeiro você pensa, depois você faz, a verdade é essa [...].
Amadurece, deixa tomar um pouco de pó no teu cérebro, tem um tempo
para nascer. (KURKDJIAN, 2016, p. 201).
pós-
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Por sua vez, a utilização do raciocínio, especialmente o raciocínio heurístico,
pode ser verificada na previsão e na inter-relação do desdobramento entre as
estratégias iniciais e os condicionantes do projeto. A relação entre a altura útil
da galeria e os objetos que podem ser expostos por meio das “capelas”, o
recolhimento do pé-direito do foyer de acesso à torre, o pé-direito elevado do
foyer de acesso ao edifício e do auditório, a proporcionalidade entre a fachada
em vidro da galeria e o “vazio” criado pelo recorte da laje do piso do pavimento
térreo superior são exemplos do uso das relações ambientais (relações entre
homem, espaço e componentes) para a estruturação dos problemas de projeto
mencionado por Rowe (1987).
[...] um dos talentos do Paulo é saber desenvolver muito bem um projeto,
né, então, quando ele defende uma opção, ele já está mostrando quais os
desdobramentos possíveis. (BRAGA, 2016a, p. 166).
Quando ele faz aquele croqui na lousa [...] já está tudo ali, os dois vazios,
o volume da galeria de arte [...] no plano ainda do croqui [...] a ideia já
está bastante evoluída na sua essência e, depois, com o desenho,
obviamente, vai se refinando. A gente vai entrando nas particularidades
das necessidades estruturais, isso também era uma coisa interessante [...]
o calculista, que é o Zaven [...] participava ativamente desde o princípio,
então, logo no início, a gente já estabelecia conversas com a estrutura,
então isso ia se refinando dessa maneira nessas interlocuções com
estrutura, com as instalações, com o desenvolvimento de pensar como
seriam esses detalhes. (MOREIRA, 2016, p. 182).
[...] é um processo por aproximação sucessiva. Normalmente, eles trazem
a coisa meio que mastigada, meio que “croquizada”, “bem croquizada”
[...]. Porque tem uma ideia de tamanho, dimensão, não te propõe alturas
impossíveis. (KURKDJIAN, 2016, p. 200).
Mendes da Rocha utilizou-se do conhecimento técnico, das relações
ambientais e da previsão dos desdobramentos das estratégias adotadas no
projeto, compondo o raciocínio heurístico, e também de sua experiência e
valores, que, combinados à especificidade da Fiesp, compuseram a parte
imaginativa do projeto.
Avaliação e análise dos resultados
De acordo com Rowe (1987) e Lawson (2011), avaliações interpretam a
validação das posições na arquitetura, analisando sua coerência lógica. Neste
estudo, observou-se que as avaliações do projeto ocorreram conforme seu
desenvolvimento por meio de um processo de refinamento dos elementos, de
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suas inter-relações e dimensões, baseando-se na experiência de Mendes da
Rocha, principalmente aquela ligada à proporcionalidade entre os diversos
elementos que compõem o edifício.
[...] os projetos desenhados pelo próprio Paulo ganham uma riqueza, um
acerto de proporções que não é qualquer um que é capaz de conferir ao
desenho e ao projeto, né, é bom, quando ele desenha, mais do que
simplesmente dirige ou conceitua e, mas o Paulo sempre foi um
arquiteto que sentou do nosso lado quando o desenho já estava no
computador e ia falando: “olha, aumenta isso, diminui aquilo, puxa para
cá, puxa para lá”. (BRAGA, 2016a, p. 159).
[...] o Paulo tem uma questão interessante que o projeto também não
vem por partes, óbvio que ele vai se refinando, sem dúvida, o trabalho,
mas a ideia inicial já traz em si a essência do problema. (MOREIRA,
2016, p. 182).
[...] já tinha sido pensada alguma coisa e, daí para frente, a gente
aprimorava o que estava sendo proposto, é assim que funciona.
(KURKDJIAN, 2016, p. 200).
Nota-se que a avaliação das estratégias propostas por Mendes da Rocha é
convergente aos valores dos colaboradores. Essa convergência também é
válida entre o engenheiro Zaven e Mendes da Rocha, o que demonstra a
confiança no juízo do líder da equipe. Nesse projeto, o juízo final das
propostas e das estratégias complementares deve ser creditado a Mendes da
Rocha.
[...] o colaborador encarregado de produzir os desenhos tem que elaborar
soluções sem tomar as decisões que cabem ao arquiteto principal, mas
você precisa oferecer as possibilidades desenvolvidas para que o juízo
seja bem informado. (BUCCI, 2016b, p. 169).
[...] quando a gente achava que não era algo muito promissor, a gente
manifestava isso [...]. E aí [...] ele repensava. Então, às vezes, o diálogo
era [...] menos textual e mais pela dinâmica da relação [...] ao final,
acho que as soluções eram sempre convincentes, e todos convencidos de
que aquelas eram as melhores soluções [...]. O que quero dizer é que não
tem um que dá uma ideia e outro que aceita, a ideia é construída.
(BRAGA, 2016b, p. 177).
[...] desde o início, a ideia já se configurou muito fortemente, ou seja,
[...] inaugurar essa nova relação com a Avenida Paulista, era a grande
questão que se colocava no projeto [...] o projeto se manteve muito
íntegro desde o começo. (MOREIRA, 2016, p. 182).
Olha, Paulo, pré-dimensionei e está dando um probleminha, ele faz dois
croquis em escala, se você colocar a escala ali está certinho, está legal,
está bom, vamos tocar então. (KURKDJIAN, 2016, p. 197).
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A gente sabe o que é trabalho junto, propõe, o outro direciona, te
recomenda: “essa geometria não é boa para fazer uma estrutura, eu
posso até calcular, não vai cair, mas é meio idiota, está gastando muito
concreto”, pode ser, existe uma geometria ideal paras estruturas.
(ROCHA, 2016, p. 189).
Considerações finais
O objetivo deste trabalho foi identificar e analisar as estratégias adotadas por
Mendes da Rocha e pela equipe MMBB para a execução do projeto de
remodelagem das áreas de acolhimento do edifício da Fiesp em concordância
com elementos norteadores do Design Thinking. Essa abordagem fragmenta o
pensamento do projetista pela análise dos caminhos que o fazem perceber e
agir diante dos problemas, levando em consideração aspectos do indivíduo,
percepção, técnica e ferramentas, experiência, ambiente, métodos e
conceitos próprios e externos, teorias e outros (ROWE, 1987; LAWSON, 2004,
2011; CROSS, 2011).
Assim, foram mapeadas questões ligadas ao processo de projeto de Mendes
da Rocha considerando a inter-relação entre as estratégias adotadas, a visão
dos envolvidos sobre o processo, o conhecimento técnico aplicado ao projeto e
as atividades desenvolvidas.
pós-
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O processo pode ser descrito da seguinte forma: reflexão sobre os valores a
serem construídos diante da situação e estruturação inicial do problema de
forma isolada por Mendes da Rocha, buscando potencialidades da situação,
estas intrínsecas a seu estilo, que valoriza a inteligência das técnicas de
construção, o funcionamento racional do projeto, a conexão do edifício ao
contexto urbano e a proporcionalidade entre os elementos que compõem o
edifício. Para Mendes da Rocha, seus valores, aliados ao conhecimento
técnico e a sua experiência profissional, asseguram a exequibilidade e a
beleza de suas propostas, visto que, para ele, o sucesso de um projeto de
arquitetura varia de acordo com a capacidade do edifício em ser percebido e
admirado.
O que nós chamamos de sucesso? A capacidade de sedução. (ROCHA,
2016, p. 191).
O arquiteto traçou estratégias que o direcionaram no processo, algumas delas
já consagradas na arquitetura, como a elevação de volumes em relação ao
solo, como visto na loja Forma, a apresentação da estrutura independente, a
valorização plástica dos elementos estruturais, a conexão com o contexto
urbano por meio do pavimento térreo livre de bloqueios, a utilização de
plantas e composições verticais com determinada simetria, o contraste entre
materiais como vidro, aço e concreto, as aberturas em fita ou “panos em
vidro”, e a exibição de grandes esforços estruturais. Essas estratégias podem
ser notadas em projetos anteriores, mesmo assim se ressalta a apropriada
adaptação às especificidades da Fiesp.
O projeto parece defender-se porquanto os desejos do arquiteto relativos à
construção materializam-se por meio dessas estratégias, reforçadas a cada
nova estratégia que se agrega à proposição inicial. Na etapa seguinte à
estruturação inicial do projeto, entraram no processo os arquitetos
colaboradores e o engenheiro calculista, que exerce um papel relevante
devido à valorização de Mendes da Rocha à “inteligência estrutural” do
edifício. Não se pode afirmar que surgiram estratégias divergentes à espinha
dorsal proposta por Mendes da Rocha, e isso se deve à consonância de
valores dos envolvidos.
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
Este artigo buscou contribuir para uma discussão acerca do processo de
projeto de arquitetos reconhecidamente competentes, a partir da
oportunidade encontrada em dialogar e discutir sobre o projeto de
remodelagem do edifício da Fiesp com os principais projetistas envolvidos,
visando compreender o processo de trabalho de Mendes da Rocha e dos
arquitetos do MMBB. Afinal, compreender o processo de projeto de arquitetos
como Mendes da Rocha é de suma importância não apenas para auxiliar
educadores e profissionais na compreensão e na evolução da prática
projetual, como também para valorizar a arquitetura como parte da ciência do
artificial, preconizado por Simon (1996).
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Nota do Editor
Data de submissão: 24/06/2017
Aprovação: 11/05/2018
Revisão: Giovanni Secco
Rodrigo Alves da Silva
Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Centro de Tecnologia e Urbanismo.
Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR.
[email protected]
Sidnei Junior Guadanhim
Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Centro de Tecnologia e Urbanismo.
Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR.
[email protected]
Ercilia Hitomi Hirota
Departamento de Construção Civil. Centro de Tecnologia e Urbanismo.
Universidade Estadual de Londrina. Londrina, PR.
[email protected]
Pós, Rev. Programa Pós-Grad. Arquit. Urban. FAUUSP. São Paulo, v. 25, n. 47, p. 12-33, set-dez 2018
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Nota do Autor
Trata-se de parte da dissertação intitulada: “O edifício da Fiesp: processo
colaborativo entre Paulo Mendes da Rocha e MMBB Arquitetos”, sob
orientação do Prof. Dr. Sidnei Junior Guadanhim e coorientação da Prof.ª Dr.ª
Ercilia Hitomi Hirota.