Dinâmica de Grupo
As atividades mais comuns nas dinâmicas de grupo
Dinâmica de grupo é uma das inúmeras formas utilizadas pelos selecionadores para detectar
competências pessoais nos candidatos a emprego. É como um jogo: a partir de uma atividade proposta,
são estabelecidos objetivos e regras, cabendo a cada participante utilizar suas habilidades pessoais para
chegar ao objetivo. Nesse caso, a oportunidade de emprego.
A preocupação dos selecionadores em saber mais sobre as competências pessoais dos candidatos é
consequência das várias mudanças ocorridas nos últimos anos dentro das empresas. Antigamente, os
cargos seguiam uma hierarquia rígida e as pessoas eram contratadas de acordo com sua formação
profissional e cursos extracurriculares. Hoje, a necessidade de trabalhar em equipe e a horizontalização
das estruturas exige competências pessoais específicas.
A quantidade e os tipos de atividades aplicadas nas dinâmicas de grupo dependem do objetivo e do tipo
de cargo que está sendo preenchido. Entretanto, há algumas delas que costumam fazer parte de
qualquer processo seletivo. Para você saber um pouco mais sobre o que vai encontrar pela frente, o
Empregos.com.br, com a colaboração de John Cymbaum, consultor da Carrer Center, e de Luiz
Scistowski, psicólogo e consultor de treinamento, preparou uma lista das atividades mais comuns nas
dinâmicas de grupo:
Chegada
Se você pensa que a dinâmica começa quando você entra numa sala e recebe um crachá, está muito
enganado. Ela começa na sala de espera. Algumas empresas utilizam essa atividade para saber como é
o candidato antes mesmo dele iniciar essa etapa do processo seletivo. A secretária que lhe recepciona
pode ser na verdade uma psicóloga. O selecionador atrasa alguns minutos, enquanto ela se encarrega
de observar sua reação diante do imprevisto. Pessoas que olham constantemente no relógio ou que
reclamam em voz alta demonstram impaciência e falta de jogo do cintura.
O que é analisado: paciência, flexibilidade e capacidade de lidar com o imprevisto.
Dica: Por mais que você esteja nervoso com o atraso do selecionador, evite olhar demais no relógio ou
criticar a qualidade da empresa com o companheiro do lado. Dependendo do perfil do cargo, essa
atitude pode lhe desclassificar do processo.
Apresentação dos candidatos
Realizada logo no início da dinâmica para "quebrar o gelo" e descontrair os participantes, o selecionador
distribui os crachás para os participantes e os divide em duplas para que façam uma entrevista. Na base
do improviso ou com o auxílio de um questionário, os participantes se conhecem e depois apresentam o
entrevistado para os demais componentes do grupo. Outra maneira de se aplicar essa dinâmica é
formando um círculo com os participantes e oferecer uma bola para eles jogarem. O participante que
estiver com a bola deve fazer uma frase incompleta e jogar a bola para que alguém a complete. Por
exemplo: o candidato com a bola diz: "O que me entristece é..." e passa a bola para outro componente
responder.
O que é analisado: interação, expressão e perfil psicológico.
Dica: procure levar à sério a apresentação que você faz do seu parceiro e suas respostas na hora de
passar a bola. Independente de ser uma brincadeira, o selecionador está atento à todas as suas
atitudes.
Auto-apresentação
Cada participante deve produzir um painel e fazer uma apresentação de si mesmo ao selecionador e aos
demais componentes do grupo. É a chamada Técnica Projetiva, na qual o selecionador avalia a
habilidade que o participante tem de se projetar por meio de palavras e desenhos. A partir do que foi
montado no painel e do jeito como você se expressa, o selecionador consegue obter uma boa visão
sobre sua personalidade.
O que é analisado: auto-imagem e autoconhecimento
Dica: Muitos participantes tendem a apresentar apenas as qualidades ou, se colocam os pontos
negativos, fazem questão de encobri-los. Saiba que, independente do que é escrito no painel, o que será
avaliado é a sua apresentação, sua forma de promover sua imagem pessoal. Seus defeitos, escritos ou
não, certamente serão percebidos pelo selecionador.
Exercício de consenso
Nessa atividade, o selecionador realiza uma pergunta como "Se eu fosse viajar para uma ilha deserta ou
para a Lua, o que levaria?" e pede para que todos os participantes dêem suas opiniões sobre os objetos
que poderiam ser úteis nessa viagem. Cada candidato coloca seu ponto de vista abertamente enquanto
o selecionador se encarrega de analisar a performance de cada um. O objetivo é fazer com que, por
meio da discussão, todos os participantes cheguem a um senso comum.
O que é analisado: perfil de liderança, sensatez das idéias expostas para o grupo e abertura para ouvir
as opiniões dos demais participantes da discussão.
Dica: Para alcançar o objetivo da atividade, é preciso que algum componente do grupo tenha habilidade
para guiar e analisar as opiniões do grupo. Essa pessoa pode ser você.
Desenvolvimento de projetos em comum
Os candidatos são divididos em grupos de mais ou menos três componentes e recebem das mãos do
selecionador diversos objetos, que vão desde revistas até utensílios de plástico. O objetivo é fazer com
que o grupo, munido também de outros objetos como tesoura e cola, crie uma idéia e a venda para o
selecionador.
O que é analisado: colaboração, poder de persuasão, discussão das idéias e as diversas formas de
colocá-las em prática.
Dica: Muitas vezes, os participantes não gostam de realizar essa prova, achando que ela serve apenas
para testar a habilidade dos profissionais de vendas. Mas a verdade não é bem essa. "No mercado de
trabalho estamos sempre vendendo alguma coisa. Sejam idéias, produtos ou até mesmo nossa própria
imagem", explica Cymbaum. Se você ainda não tem, é bom começar a desenvolver essa habilidade.
Júri simulado
Os participantes são divididos em dois grupos. Um tem o objetivo de defender uma idéia e o outro de
acusá-la. Um tema atual é proposto pelo selecionador e a partir dela as duas turmas defenderá suas
idéias, independente de real opinião que cada um possui sobre o tema abordado. Em determinado
momento, os papéis são invertidos e quem acusou, passa a defender.
O que é analisado: capacidade de argumentação, defesa de idéias, improviso, convencimento das
pessoas e flexibilidade. É possível também avaliar perfil de liderança nesta atividade, desde que o
candidato tenha habilidade para acalmar os demais componentes da equipe e controlar as situações de
conflito.
Dica: Alguns candidatos acreditam que conquista a vaga de emprego aquele que fala mais alto ou que
fala por todo o grupo. Isso não é verdade. O objetivo dessa atividade é saber quem tem habilidade para
organizar as idéias, lidar com o imprevisto e convencer o grupo adversário da veracidade de suas
opiniões.
Atividades irreverentes
São utilizadas dependendo da empresa e do cargo pretendido. Por meio de artifícios, são surtidos efeitos
variados nos participantes. Esses artifícios vão desde opinar sobre algum tema segurando um palito de
fósforo aceso, até brincadeiras de mímica.
O que é analisado: na atividade do fósforo é avaliado o controle, como o participante lida com pressão e
como administra seu tempo. Nas mímicas são avaliados o improviso, criatividade e as formas utilizadas
pelo participante para lidar com problemas.
Dica: concentração é a palavra-chave nessa hora. Não tenha medo de parecer bobo. O objetivo é que
você utilize seu corpo para expressar idéias. Lembre-se de que ele também é capaz de falar.
As atividades que compõem as dinâmicas de grupo não são imutáveis. Todas elas podem ser moldadas
de acordo com o número de participantes e com o objetivo a ser alcançado. Independente disso, procure
dar sempre o seu melhor e seja íntegro em suas atitudes. Caso você seja selecionado para a vaga,
lembre-se de que todas elas serão cobradas. Não se esqueça de quebrar seus esteriótipos durante a
dinâmica. Achar que quem fala mais está propenso a conquistar a vaga ou aquele que se reserva está
definitivamente desclassificado não é o caminho. "Cada dinâmica tem o objetivo de detectar
determinadas competências num candidato de acordo com o cargo e o perfil da empresa. Uma pessoa
que fala alto demais, por exemplo, pode passar a impressão de um profissional que não sabe ouvir o
outro. Os mais tímidos, ao contrário do que se pensa, também possuem boas chances", explica John
Cymbaum.
Outra dica importante é nunca dissimular comportamentos durante uma dinâmica de grupo. O que é
interessante para uma empresa nem sempre é para a outra. "O importante é não tentar se adaptar ao
cargo que a empresa oferece, mas sim buscar as oportunidades e as empresas compatíveis com o seu
perfil".
Como se preparar para uma dinâmica de grupo
Uma das etapas mais importantes dos processos seletivos, a dinâmica de grupo é uma atividade que
exige bastante preparo. Todas as suas atitudes serão avaliadas, além do seu comportamento diante dos
outros participantes. Saiba aqui como se preparar para encarar esse que muitas vezes é o primeiro
passo para sua aprovação - ou eliminação - em um processo de contratação.
- Dormir cedo
- Relaxar, tentar esquecer as preocupações.
- Não tomar nenhum medicamento forte antes da dinâmica
- Ler bastante. A leitura ativa o cérebro
- Usar uma roupa discreta e coerente com o ambiente
Veja as respostas para as principais dúvidas sobre dinâmicas de grupo:
- Quando a dinâmica de grupo deve ser utilizada?
Ela pode ser utilizada como técnica em processo seletivo, assim como em cursos de treinamento
destinados aos colaboradores de uma companhia.
- Como a dinâmica pode avaliar se os candidatos estão aptos ou não para o cargo em aberto?
Ao iniciar o processo seletivo, o selecionador já sabe quais são as características profissionais e
pessoais (perfil profissiográfico) que a empresa está buscando no mercado de trabalho. Portanto, a
dinâmica de grupo auxilia a revelação das características dos profissionais que estão participando do
processo.
- Já no treinamento, como ela pode ser usada?
No treinamento, a dinâmica de grupo pode ser utilizada como recurso didático. O jogo dramático gera um
campo relaxado no treinamento, favorecendo um maior aprendizado através do lúdico.
- Em um processo seletivo, a dinâmica é eliminatória?
Como técnica, a dinâmica de grupo compõe o conjunto de instrumentos utilizados para avaliar o
candidato; portanto não deve ser eliminatória quando utilizada isoladamente.
- Quais as atividades mais utilizadas?
Jogos dramáticos, jogos de aquecimento. Não existe uma atividade especialmente utilizada nas
dinâmicas de grupo, existe a definição do objetivo do trabalho e a melhor técnica que o atende, bem
como ao estilo do profissional.
- Como o candidato deve se preparar?
O candidato deve ser espontâneo e coerente com seus objetivos pessoais e profissionais.
- Mas não há um comportamento pré-definido?
Em primeiro lugar, o candidato deve perceber quais são seus limites e suas potencialidades para que
possa respeitar a si mesmo e aos outros, independentemente da participação no processo seletivo. Para
isso, o ideal é ser espontâneo, coerente e objetivo, flexível porém sem deixar de colocar suas idéias e
opiniões, ser disponível para participar das atividades propostas, enfim, utilizar este processo para o
crescimento pessoal e profissional.
Aprenda a "não fazer feio" nas dinâmicas de grupo
Você tem um currículo de dar inveja, mas toda vez que vai participar de uma dinâmica de grupo sente
aquele calafrio, como se estivesse perdendo a vaga. Já chegou a desistir de concorrer em processos
seletivos com medo das dinâmicas? Mas que terror é esse? As dinâmicas não passam de atividades
psicológicas que vão avaliar se o seu perfil, tanto profissional quanto emocional, corresponde com a
vaga em aberto.
"A dinâmica faz o casamento entre o currículo e o perfil do profissional", explica Gisela Kelly Ferreira,
consultora de Recursos Humanos, responsável por Dinâmicas de Grupos da Dow Right. "Por meio de
atividades psicológicas, o selecionador irá avaliar seu comportamento mediante o grupo. Ele irá analisar
como você senta-se, refere-se aos colegas, fala, comporta-se nos jogos em equipe, até mesmo como
está vestido e qual é a sua postura frente a determinado assunto."
Segundo Gisela, "não adianta querer disfarçar, o tímido sempre será timído e o falante, sempre falante.
Eles podem se adaptar ao comportamento exigido em determinada atividade, mas jamais mudar".
Por isso é que não existe certo ou errado nas dinâmica de grupo, muito menos situações engraçadas. O
que ocorre são momentos inusitados, já que os candidatos estão, na maioria dos casos, tensos e
ansiosos. E o selecionador sabe diferenciar este nervosismo ocasional. "Ninguém será desclassificado
só porque estava nervoso. O que avaliamos é o perfil psicológico."
As dinâmicas não avaliam sua capacidade profissional. Muitas vezes, excelentes trabalhadores acabam
perdendo a vaga para outros menos capacitados, mas que têm um perfil psicológico que se encaixa
naquilo que a empresa precisa no momento e que o auxiliará a agir de acordo com os objetivos da
organização.
"O importante mesmo é a espontaneidade. Seja você mesmo, não tente imitar ninguém, mostre seu
potencial, saiba se vender. Com certeza, os resultados serão os melhores possíveis", garante a
consultora da Dow Right.
As etapas da dinâmica de grupo
“Qualquer situação em que você reúne pessoas para uma atividade conjunta, com um objetivo
específico, caracteriza uma dinâmica”, define Tatiana Wernikoff, sócia-diretora do IPO (Instituto de
Psicologia Organizacional). “A situação mais comum é a dos processos seletivos”, completa ela.
A dinâmica é a atividade que leva o grupo a uma movimentação, a um trabalho em que se perceba, por
exemplo, como cada pessoa se comporta em grupo, como é a comunicação, o nível de iniciativa, a
liderança, o processo de pensamento, o nível de frustração, se aceita bem o fato de não ter sua idéia
levada em conta.
Além disso, os selecionadores usam essa técnica para descobrir e avaliar como o grupo se comporta em
relação a cada componente. Segundo Tatiana, a dinâmica de grupo em seleção sempre tem como
objetivo observar o comportamento na situação de grupo e na maneira de ser do indivíduo.
Dinâmica de grupo é um instrumento de aproximação de interesses. Para as organizações, não adianta
só buscar o melhor profissional do mercado, mas também aquele que se adapta às suas necessidades.
Para os profissionais, funciona do mesmo jeito. É preciso haver sintonia.
Profundidade
De acordo com Tatiana Wernikoff, a dinâmica não é uma técnica que permite conhecer profundamente a
personalidade da pessoa. Para isso existem outras atividades, como avaliação psicológica e entrevistas
em diferentes níveis de profundidade.
Atualmente, as dinâmicas estão leves e divertidas, os selecionadores sempre explicam os motivos de
cada atividade e o candidato tem o direito de saber a utilidade de cada uma delas.
Os processos de dinâmica invasivos já caíram em desuso, pois hoje se sabe que não é necessário
submeter os profissionais a situações desagradáveis, humilhantes, para diagnosticar suas
características. Um tipo bastante comum de dinâmica que constrange é aquela em que o condutor
questiona e coloca em conflito as opiniões e os valores dos candidatos, até que eles percam a cabeça
ou se sintam inseguros.
Fases da dinâmica
Tatiana Wernikoff, do IPO, ajudou-nos a definir para você as etapas das dinâmicas de grupo aplicadas
nos processos seletivos. Confira:
Apresentação
Pode ser feita só oralmente, quando cada participante fará uma pequena descrição de sua vida pessoal
e profissional. Pode ser também uma apresentação mais dinâmica, na qual os candidatos recebem
cartolina, jornais, revistas, tesoura, cola, canetas. O objetivo é fazer com que cada um se defina usando
esses recursos. É permitido escrever, desenhar, colocar recortes de revistas, colar ilustrações. Serve
para "quebrar o gelo" e fazer com que todos se conheçam.
Aquecimento
Essa fase pode ser a primeira ou a segunda, explica Tatiana. O aquecimento serve para quebrar o gelo
ou desacelerar a equipe. Isso quer dizer que o facilitador da dinâmica precisará fazer uma leitura
corporal do grupo para saber se há introsamento. A partir daí define-se o tipo de aquecimento, que pode
ser físico, para relaxar e diminuir a empolgação, ou algum tipo de jogo que proporcione oportunidades de
integração do grupo. Um exemplo é o jogo da batata quente. Cada pessoa, ao receber a bola, precisa
terminar a frase dita pelo condutor da dinâmica. "Eu gosto de...", "Me tira o sono...", "O que me entristece
é...", "Às vezes eu me sinto como...".
Atividade Principal
Pode ser subdividida em três tipos:
Execução ou Realização - construção de um produto ou um projeto, como uma campanha de marketing,
por exemplo. Nesse caso, propõe-se aos candidatos que criem um produto inovador, apresentando
viabilidade de custo, estratégia de marketing, tempo de retorno e público-alvo. Com isso, verifica-se
criatividade, jogo de cintura, dinamismo, clareza de idéias, conhecimento do mercado, visão,
comportamento em relação ao grupo, sintonia, e o principal, de que forma cada integrante contribui para
isso.
Comunicação - é sempre baseado em debates ou histórias O grupo é dividido em duas partes. Depois é
apresentado um tema da atualidade (geralmente polêmico) sobre o qual os participantes discutirão para
desenvolver argumentação pertinente. Avalia-se capacidade de argumentação, conhecimento do
assunto, poder de negociação, relacionamento interpessoal, facilidade de expor idéias, maturidade e
nível cultural.
Situacional - pode ser feito verbalmente ou através da aplicação de questionários. Diante da
apresentação de uma situação relacionada a problemas cotidianos das empresas, cada participante
deve apontar possíveis soluções. O grupo pode ser dividido em duas equipes e, então, cada uma
apresenta suas soluções. O objetivo é checar capacidade de compreensão, de síntese, liderança,
habilidade analítica, aceitação do que foi exposto pelo grupo oponente, poder de negociação, coesão do
grupo e maturidade. Outro exemplo: diante de uma situação em que um barco está afundando, lança-se
a pergunta: quem você salvaria? O facilitador demonstra o perfil de cada um dos ocupantes do barco e
cada um faz sua escolha. Esse tipo de dinâmica vai identificar os valores (econômico, religioso, humano)
e se você é uma pessoa mais sonhadora, prática, organizada ou desregrada.
Resgate
Alguns profissionais de Recursos Humanos têm utilizado essa técnica para saber o que os candidatos
acharam das atividades. Ouvem suas opiniões e argumentam dentro daquilo que é possível revelar.
A dinâmica e suas milhares de técnicas
A dinâmica de grupo continua sendo o "calo" de muitos candidatos a um novo emprego. Longe de ser
um bicho de sete cabeças, essa etapa da seleção tem como principal objetivo reconhecer as
potencialidades dos candidatos de uma forma espontânea e criativa.
Entrevistas e testes têm suas modalidades mas geralmente já têm também seus scripts. A dinâmica
sempre traz uma surpresinha na manga. Esse é o grande problema da dinâmica a ser encarado: gerar
muita ansiedade nos candidatos, pois ela sempre pode ser diferente de tudo pelo que ele sabe ou
passou.
Segundo a psicóloga Gisela Kelly Ferreira, gerente executiva do grupo Alphalaser-Dow Right, 99% da
escolha do tipo de dinâmica a ser usado depende do que a empresa quer saber sobre o candidato.
"Existem milhares de técnicas e centenas de combinações, por isso é impossível enumerar e nomear
tipos de dinâmicas", explica ela.
Como o próprio nome já diz, a dinâmica é uma experiência em grupo que tem como objetivo reconhecer
a capacidade e o potencial dos candidatos de uma forma inusitada. Ela dá aos examinadores a
possibilidade de observar as pessoas exercendo diversos papéis onde são encontrados os requisitos
básicos exigidos para o cargo a ser preenchido.
Daise Kreibich, psicóloga da Selcon Recursos Humanos diz que para cada caso é feita uma dinâmica
diferente e com objetivos específicos a serem observados. "Para um cargo de vendedor, por exemplo, o
ponto crucial é a capacidade de vender. Na dinâmica será observado o poder de persuasão, negociação,
improviso, criatividade e reação frente à situações inesperadas - do outro lado poderá estar o
coordenador da dinâmica fazendo o papel de cliente. É mais ou menos assim que funciona!", explica
Daise.
Na opinião de Gisela, uma boa dinâmica é dividida em três etapas, que ela descreve da seguinte
maneira:
Relaxamento
"Uso jogos para quebrar o gelo e promover a interação da equipe. Se o candidato não estiver relaxado é
mais difícil analisar seu perfil - nessa hora o nervosismo atrapalha muito"
Atividades
"Gosto de usar atividades onde as pessoas tenham que se movimentar e falar em público, com isso dá
para perceber como cada um administra suas dificuldades, os erros e a concorrência"
Situação Problema
"Muitos conhecem por case. É uma discussão sobre algum assunto atual ou proposto pela empresa e
que tenha a ver com a vaga em questão. Aqui, analisamos a capacidade de argumentação e negociação
diante de situações polêmicas e constrangedoras"
"Existem muitas modas na dinâmicas mas, essencialmente ela é sempre montada acordo com o que a
empresa quer e também do que queremos saber sobre o candidato. Por isso, antes de qualquer
nervosismo, comporte-se com naturalidade e procure conhecer o perfil da empresa para tentar entender
o que ela está querendo de você", finaliza Gisela.
Algumas dicas que valem a pena ser lembradas
• Muitas dinâmicas exigem movimentos como sentar, ajoelhar, subir em algum lugar. Evite roupas
complicadas ou muito apertadas - minissaias e decotes nem pensar!
• Use roupas sóbrias, mas confortáveis - evite extremos como tênis e moletom. A imagem também conta
nessa hora.
• Procure ser o mais natural possível e controle a ansiedade - nervosismo não ajuda em nada!
• Execute as tarefas da melhor maneira possível e preste muita atenção ao que está sendo pedido e
perguntado
• Controle a agressividade, mesmo num momento de discussão procure não se exaltar
• Mantenha-se atualizado, o case pode ser realizado com base em notícias e fatos que estão
acontecendo no momento
• Evite meias velhas e furadas - nunca se sabe se você vai ter que tirar os sapatos ou não!
Tudo o que você queria saber sobre dinâmicas...mas não tinha a quem perguntar
As dinâmicas de grupo costumam fazer parte dos processos de seleção de candidatos. Geralmente elas
não são eliminatórias - servem para que a empresa conheça características do indivíduo e o seu
comportamento em equipe. Tire agora todas as suas dúvidas a respeito desse instrumento de seleção:
Em que fase da seleção ocorre a dinâmica de grupo?
Depois da triagem inicial dos currículos e dos testes. Pode ser aplicada antes ou depois das entrevistas,
e sempre antes da última entrevista individual.
Como é realizada?
São chamados grupos de cerca de 10 participantes. A duração varia, mas costuma ser de duas horas.
São propostas diversas atividades em que o grupo precisa expor aspectos pessoais e profissionais.
Como devo agir?
Com sinceridade, espontaneidade e ética. Mas vale lembrar que a sinceridade, nessa situação, tem
limite (use o bom senso ao dar as respostas para não perder a oportunidade).
Extrovertidos têm mais chances?
Depende do perfil da vaga, mas, em geral, acabam se dando melhor durante as dinâmicas porque têm
facilidade de expor suas opiniões. Os tímidos podem se dar bem procurando informações sobre a
empresa e treinando formas de se expor em uma situação em grupo. Não adianta fingir que você não é
extrovertido. O ideal é achar saídas para minimizar o obstáculo.
Os candidatos deixam de ser naturais?
Como é uma situação de competição e de avaliação explícita, é realmente difícil manter a naturalidade.
Mas os exageros são facilmente percebidos pelos selecionadores.
Na dinâmica, um candidato "puxa o tapete" do outro? Como evitar isso?
Mesmo sem essa intenção "escancarada", é isso o que muitos tentam fazer. O candidato que se sentiu
atingido deve expressar, com educação, que isso o incomodou. Não se deixe intimidar por atitudes
exageradas dos "colegas".
O selecionador percebe quem está fingindo? Como?
O candidato que mascara situações ou comportamentos geralmente cai em contradição, e é fácil de ser
notado.
O que responder quando perguntam meus pontos negativos?
Pergunte, por exemplo, quais são os pontos negativos que a empresa é contra e então aponte quais
deles fazem parte de sua personalidade. Outra forma é apresentar as características pessoais que você
precisa desenvolver a curto prazo. Ou ainda, citar características suas que sejam negativas mas
aproveitáveis, como o perfeccionismo. Lembre-se: sinceridade também tem limite na auto-avaliação.
O que dizer no momento da apresentação individual?
Fale como você é, como reage frente às situações, como se vê em grupo, quais são suas expectativas e
seus planos para o futuro.
Devo mudar de acordo com o cargo ou a empresa pretendida?
O comportamento e os valores, não. A estratégia para alcançar o objetivo é que pode ser mudada.
DESTACA-SE NA DINÂMICA QUEM...
- sabe ouvir a equipe
- divide papéis
- organiza e planeja antes de executar a tarefa
- coloca suas idéias e valores de maneira clara e objetiva
- expõe suas opiniões com segurança, baseadas em dados fundamentados.
PERDE PONTOS NA DINÂMICA QUEM...
- não participa das atividades
- mostra arrogância
- "atropela" o grupo
- finge comportamento
Uma atitude pode ser decisiva nas dinâmicas de grupo?
"Durante uma dinâmica de grupo, perguntei sobre o salário do cargo, que não estava claro para mim. Fui
preterido no processo. Será que foi pela minha pergunta?"
"Cheguei atrasado pois me perdi no trajeto até a empresa que havia me chamado para uma entrevista.
Fui rejeitado. É possível que um atraso involuntário possa ter me retirado da seleção?"
"Discuti fortemente com outro candidato que participava comigo de uma dinâmica de grupo. Percebi, na
hora, que estava fora."
Se você já teve dúvidas sobre os motivos pelos quais foi excluído de um processo seletivo, este texto é
para você.
A mídia, principalmente impressa, freqüentemente publica dicas sobre como se comportar em processos
seletivos, seja durante a entrevista, a dinâmica de grupo ou - pasme !!! - dizendo o que desenhar em
determinado teste psicológico.
E por que será que as empresas estão utilizando mais e mais instrumentos durante a Seleção? Será que
é para ver a resistência do candidato ou há outro motivo?
Qualquer contratação traz enorme investimento para as empresas. Se o profissional deixar a
organização pouco tempo depois de contratado, certamente o investimento passa a ser custo.
O ser humano é extremamente complexo. Dê uma olhadinha para dentro de você e verá o que quero
dizer... O uso de diferentes instrumentos nos processos seletivos traz maior segurança às empresas
quando precisam contratar profissionais. Devido à complexidade já citada do ser humano, quanto melhor
observado for o candidato, maior segurança na seleção a empresa terá e conseqüente certeza do seu
investimento ao contratá-lo. Os candidatos também deveriam aproveitar este tempo para avaliar se
aquela empresa merece seu trabalho.
Um processo seletivo é composto por diversos instrumentos: entrevistas, dinâmicas de grupo, testes
psicológicos, testes práticos. As informações colhidas são complementares, ou seja, cada atividade
revela um tipo de característica.
Por exemplo: a entrevista individual permite que o candidato detalhe projetos, conquistas, interesses
pessoais e profissionais. Isto não ocorre em uma dinâmica de grupo. Nesta, os itens "relacionamento
interpessoal", "liderança", "cooperação x competição" são melhor observados.
Os testes de personalidade, por sua vez, mostram traços como ambição, energia, equilíbrio emocional,
nem sempre observados na entrevista ou nas dinâmicas de grupo. Por último o teste prático, que verifica
se o profissional reúne as competências e conhecimentos técnicos necessários para o desempenho da
função em questão, itens que os outros instrumentos podem demonstrar parcialmente.
Os resultados de um processo seletivo, portanto, são decorrentes de um conjunto de informações e
observações e não apenas de uma ou outra característica. Para melhor entendimento didático, podemos
resumir o processo seletivo na "equação": candidato certo + cargo certo + chefia certa + empresa certa.
Se apenas uma destas partes não existir, toda seleção está comprometida.
Mesmo assim, é possível que apenas um comportamento do candidato possa excluí-lo do processo? A
resposta é SIM, é possível. Você contrataria para sua empresa:
• Profissionais que se atacassem pessoalmente durante uma dinâmica de grupo, desrespeitando-se
mutuamente?
• Uma candidata que seduzisse claramente o entrevistador?
• Um candidato que "colasse" na aplicação coletiva de um teste de personalidade?
Tenha em mente que, o melhor que você tem a mostrar é VOCÊ MESMO. Busque o autoconhecimento,
o autodesenvolvimento. A segurança e a assertividade virão e tudo ficará mais fácil.
Agora, se você comprou na banca de jornais aquele "livrinho" ensinando as respostas dos testes de
personalidade, esqueça: é uma furada!!!
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E DINÂMICA DE GRUPO
A preocupação quando vamos participar de um processo seletivo, vem de um sentimento muito natural:
as pessoas não gostam de se expor, sentem-se inseguras. Uma parte do receio está relacionada ao fato
de desconhecermos o que vai acontecer.
Vamos procurar desvendar alguns "mistérios" em seleção.
Avaliação Psicológica
A Avaliação Psicológica é um instrumento a mais dentro do processo de seleção. Sabemos que uma
seleção criteriosa e bem feita, é uma garantia maior tanto para o candidato como para a empresa. Hoje
em dia a relação de trabalho é muito mais que um emprego: é uma relação estreita de parceria, onde os
dois lados precisam se sentir contemplados. O candidato quer saber se suas aspirações, competências
e conhecimentos terão espaço para aparecer e se desenvolver. A empresa quer saber se o candidato
tem recursos para se integrar, contribuir, partilhar e conseguir sintonia com suas necessidades e
expectativas.
Através de testes, de inteligência, de aptidões e de personalidade, associados a uma entrevista pessoal,
o psicólogo terá condições para conhecer melhor o perfil do candidato e compará-lo com o perfil do
cargo, fazendo um prognóstico de desempenho.
Ir para uma avaliação é diferente de ir para uma prova. Não serão medidos conhecimentos específicos.
A tranqüilidade, o descanso e a vontade são os requisitos básicos. O candidato só vai ser "desafiado"
em coisas que fazem parte dele: sua atenção, sua disposição para conversar, seu raciocínio, sua
naturalidade, sua forma habitual de agir no relacionamento e nas diferentes situações.
Sabemos que cada Ser Humano é único, que não há duas pessoas iguais. O que a avaliação psicológica
visa é identificar o modo de ser de cada um, para ajudar a empresa a escolher aquela pessoa que tem
melhores condições de se adaptar ao seu ambiente. Não há aprovação ou reprovação no processo, as
conclusões reforçam apenas o grau de sintonia das características individuais em relação ao que a
empresa está buscando.
Durante o processo, principalmente no momento da entrevista, o candidato tem direito de tirar suas
dúvidas, de perguntar o que não entende, de querer saber a razão das coisas. A entrevista pode ser um
espaço agradável para que haja uma troca de informações, principalmente para que o candidato peça os
esclarecimentos que julgar necessários para tirar o "ar de mistério" da situação.
Dinâmica de Grupo
A Dinâmica de Grupo é também um instrumento a mais, na busca de maior garantia de acerto no
processo seletivo. Enquanto a avaliação psicológica é um momento mais individual, a dinâmica é o
momento de reunir as pessoas candidatas em um mesmo grupo, para poder facilitar, ao selecionador, a
comparação entre os participantes.
Na Dinâmica se busca reproduzir um pouco da situação do dia a dia, com exercícios e discussões de
casos, permitindo a observação de comportamentos e da participação individual em um grupo.
Há alguns critérios de avaliação, sempre baseados no perfil desejado para o cargo. Nos processos
modernos de dinâmica, procura-se criar um ambiente agradável, não pressionador pois sabemos que
quanto mais receptivo for o ambiente, mais as pessoas ficam à vontade e tem espaço para serem
autênticas.
É importante que os participantes saibam que as empresas valorizam muito a autenticidade e a
transparência, pois sabem que pessoas tolhidas e pressionadas são menos criativas e menos
espontâneas. Neste sentido, os exercícios estruturados não vão submeter as pessoas a situações
limites, mas visam mais compor uma situação que permita a cada um, mostrar o melhor de si.
É interessante a constatação de que estamos sempre sendo observados nas empresas, no ambiente
social, na vida. A única diferença é que, durante uma dinâmica de grupo, isto é explícito.
Podemos considerar que o maior presente que alguém pode receber, ao participar de uma dinâmica, é a
oportunidade do autoconhecimento. Cada um tem a chance de se perceber, identificar como se conduz
em grupo, no que está bem e no que pode aprimorar.
Esperamos ter contribuído para desmistificar um pouco esses processos, deixando uma mensagem de
valorização do Ser Humano, que tem direito a todas as informações que possam contribuir para um
melhor bem estar, mesmo perante um processo seletivo.
CULTURA E MOTIVAÇÃO
O que mais se busca nas empresas hoje em dia é o envolvimento dos funcionários nas tarefas e
objetivos organizacionais. Todos esperam que os homens de recursos humanos, treinamento e
desenvolvimento encontrem a motivação que falta. Nesta busca, muitas horas de treinamento são
jogadas na lata de lixo porque os resultados não aparecem ou aparecem tenuemente para depois se
dissiparem ao longo do tempo. Realmente, motivação é uma mercadoria em falta dentro do mercado
organizacional.
A cultura das organizações gera desmotivação
Poucas organizações estão em condições de criarem um ambiente propício para o afloramento da
motivação em seus funcionários. A maioria ainda mantém uma forma de gestão e uma cultura que só
contribuem para desestimular qualquer profissional, independente da energia interior que este possa ter.
Uma rápida análise deixa transparente uma realidade de relacionamentos interpessoais totalmente
insípidos e impregnados pelo desgastante jogo do poder hierárquico e burocrático.
Ao longo dos anos, as administrações das empresas foram cultivando conceitos e preconceitos que só
contribuíram para aprisionar o profissional num mundo tedioso, metódico, mecânico e de submissão.
O primeiro deles surgiu quando se incorporou a máxima taylorista que os trabalhadores não devem
pensar apenas executar tarefas que não exijam atividades mentais. Foi uma tentativa de se extrair dos
profissionais (pessoas executando tarefas dentro de uma empresa) algo que é inerente ao ser humano e
que o distingue dos animais: a capacidade de pensar. Ao longo da história da "administração científica",
esse processo foi gradativamente se afirmando e generalizando. Dele surgiram algumas pérolas, como:
"Você não é pago para pensar, só para trabalhar"; "Faça a sua parte sem se importar com os outros".
O segundo ocorrido simultaneamente foi à aceitação do princípio que o trabalhador não é confiável e que
precisa ser vigiado. Foi quando surgiu o primeiro escalão de comando, chamado inicialmente de
capataz: aquele que é pago para vigiar e fazer com que os outros trabalhem. Chegou-se ao requinte de
definir qual a melhor quantidade de trabalhadores que um capataz pode vigiar. A administração
incorporou a estrutura organizacional das forças armadas e estabeleceu-se uma rígida hierarquia de
comando. Junto se desenvolveram os símbolos do poder: secretárias, tamanho das salas, decoração
das salas, tamanho das mesas de trabalho, altura do encosto das cadeiras. É interessante observarmos
a diferença entre uma cadeira de secretária e uma de diretor, por exemplo.
Com a hierarquia e a burocracia veio o controle das informações e o poder decorrente desse controle.
Criou-se um jogo onde as informações são controladas e disseminadas em função dos objetivos
específicos de quem as detém. Neste ambiente, os profissionais aprenderam a atuar apenas olhando
para sua atividade isolada, sem informações e sem uma visão integrada da empresa. É uma verdadeira
idade das trevas, onde ter informação se tornou um privilégio de poucos. É um ambiente propício para as
fofocas, contra-informações, meias verdades e a rádio peão, sempre muito atualizada.
Desse modo se desenvolveu uma forma de relacionamento, entre os profissionais, somente por contato
e utilitarista. Nas organizações não há relacionamento entre pessoas, só há relacionamento com aquilo
que os profissionais oferecem ou podem oferecer. As relações só acontecem mediadas pelas
necessidades que existem e que poderão ser supridas pelo produto do trabalho de alguém. O supervisor
de produção se relaciona com o supervisor da manutenção apenas para buscar uma solução para o
problema de algum equipamento. São também relações entre pares, de supervisor para supervisor, de
gerente para gerente e assim por diante. Esta é a fórmula para a auto-preservação da burocracia.
São "relações de mercado", onde o que se procura são mercadorias: habilidades ou conhecimento
técnico e não pessoas. Assim, profissionais procuram profissionais ou necessidades procuram
satisfação. Não importa mais quem é a pessoa que está por trás do produto entregue ou da necessidade
satisfeita. É um verdadeiro mercado de troca, onde a moeda corrente é o salário no final do mês,
aguardado com indiferença.
Animal adaptado
O homem é um ser capaz de relacionar-se, sair de si e projetar-se nos outros. Estas relações não se dão
apenas com os outros, mas se dão no mundo, com o mundo e pelo mundo. O animal não é um ser de
relações, mas de contatos. Está no mundo e não com o mundo"(Paulo Freire - educador brasileiro). Ao
se relacionar com outros homens e com o mundo, construindo este, o homem é capaz de refletir, captar
a realidade e conhecê-la.
As organizações atuais conseguiram um fato histórico típico do nosso século. Privaram o ser humano de
pensar, relacionar-se, informar-se sobre o seu local privilegiado de atuação. Um novo "ser" foi criado:
entediado, desinformado, impedido de relacionar-se e de refletir. Durante mais de meio século a área de
recursos humanos ministrou treinamento-adestramento, para preparar este "novo homem-adaptado": um
ser que só faz contatos, não um ser de relações. O profissional contemporâneo foi adestrado para se
adaptar à vida nas empresas. Tal qual os animais, não é mais um ser de relações, mas de contatos. Tal
qual os animais, se adapta ao que encontra. Tal qual os animais, não faz mais história, perdeu o controle
sobre o tempo e agora "está sob uma eternidade esmagadora" (Paulo Freire). Tal qual os animais, não
se motiva, apenas reage aos impulsos.
Este é o profissional contemporâneo produzido pelas organizações: um ser adaptado, acomodado e
desmotivado. Incapaz de se envolver com o que faz, proibido de sentir prazer com o resultado de seu
trabalho e, portanto, refratário à motivação.
Recriando o ser humano
Buscar a motivação de modo conseqüente é começar a retirar todo o entulho cultural responsável pelos
profissionais contemporâneos, adaptados. A primeira carga de entulho que sair deverá deixar lugar para
o princípio que o ser humano é confiável. É necessário resgatar o ser humano sufocado pela máscara do
profissionalismo frio e calculista. Vamos dizer em voz alta e para todos os cantos: as organizações são
feitas por pessoas. Depois de nos convencermos disto, vamos nos tratar como gente.
Gente exige: respeito, atenção e informação sobre sua realidade.
Gente quer: relacionar-se com outras pessoas, com sua realidade imediata e refletir sobre seu trabalho.
Gente anseia: por participação, por valorização e por responsabilidade.
O segundo carregamento de entulho deverá deixar espaço para uma área de treinamento e
desenvolvimento pessoal e profissional, que trabalhe com o conceito que treinamento é educação. Nesta
visão, treinamento quer dizer: desenvolver as pessoas que atuam dentro da empresa para que possam
desempenhar suas funções, que não se restringem mais a apenas executar mecanicamente um
trabalho, mas, e principalmente, que reflitam. Que contribuam para melhorar as condições de trabalho,
as relações que desenvolvem durante o trabalho e também a qualidade do que fazem.
O terceiro carregamento de entulho deve limpar a organização para o desenvolvimento de uma
administração que abra espaços para a participação dos novos profissionais que começarão a surgir.
Quando falamos em motivação, estamos falando em pessoas, funcionários, envolvidos com a empresa,
com seus problemas, com suas metas e empenhados na busca de soluções. Isto é, estamos falando do
homem em sua total plenitude. Este ser não aceita se adaptar. Reflete sobre o que faz e transforma a
realidade à sua volta sempre que esta lhe tolher, recriando-a para melhor atender às suas necessidades
organizacionais. Este ser precisa de espaço para pensar, opinar e participar.
A organização que não conseguir promover estas transformações jamais criará um ambiente
organizacional capaz de acolher seres humanos motivados. Trata-se de uma "revolução cultural" dentro
das organizações, que será alimentada pelos novos profissionais, recriados com as remoções dos
entulhos culturais contemporâneos. A notícia ruim disso tudo é que o caminho para esta reconstrução é
duro, árduo e com barreiras aparentemente intransponíveis. A boa notícia é que esse caminho é
extremamente gratificante para aqueles que começarem a trilhá-lo.