UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
TESE
COMPOSIÇÃO QUÍMICA NUTRICIONAL DA CARNE “in natura” DE
VIEIRAS Nodipecten nodosus (Linnaeus 1758), CULTIVADAS EM
MANGARATIBA, RJ.
ADERBSON JORGE LOURENÇO
Sob a Orientação
Dr. Pedro Paulo de Oliveira Silva
Drª. Vanessa de Magalhães Ferreira
Seropédica, RJ.
19 de novembro de 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
TESE
COMPOSIÇÃO QUÍMICA NUTRICIONAL DA CARNE “in natura” DE
VIEIRAS Nodipecten nodosus (Linnaeus 1758), CULTIVADAS EM
MANGARATIBA, RJ.
ADERBSON JORGE LOURENÇO, M.Sc.
Sob a Orientação
Dr. Pedro Paulo de Oliveira Silva
e Co-orientação
Drª. Vanessa de Magalhães Ferreira
Tese submetida como requisito parcial a
obtenção do título de Doutor em Ciências, no
Programa de Pós-Graduação em Ciência e
Tecnologia
de
Alimentos.
Área
de
Concentração em Ciência de Alimentos.
Seropédica, RJ.
2010
II
UFRRJ / Biblioteca Central / Divisão de Processamentos Técnicos
594098153
L892a
T
Lourenço, Aderbson Jorge, 1958-.
Análise química nutricional da
carne
“in
natura”
de
vieiras
Nodipecten nodosus (Linnaeus 1758),
cultivadas
em
Mangaratiba,
RJ.
Seropédica: UFRRJ, 2008/ Aderbson
Jorge Lourenço – 2010.
136 f.: il.
Orientador:
Oliveira Silva.
Pedro
Paulo
de
Tese
(doutorado)
–
Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro,
Programa de Pós-Graduação em Ciência
e Tecnologia de Alimentos.
Bibliografia: f. 100-114.
1.
Bivalve
(Molusco)
–
Mangaratiba
(RJ)
Teses.
2.
Alimentos – Análise - Teses. 3.
Intoxicação alimentar – Teses. I.
Silva, Pedro Paulo de Oliveira. II.
Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro.
Programa de Pós-Graduação
em
Ciência
e
Tecnologia
de
Alimentos. III. Título.
III
IV
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos que
transformam suas inquietações em
buscas...
V
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela vida, oportunidades do encontro e convivência com amigos tão leais.
Aos meus pais (in memorian) Serafim e Clotilde (Cidelsa), pelo amor, atenção, dedicação,
carinho, proteção e presença sempre constante na minha vida. Eu sou porque vocês me fizeram!
À minha família, Helenita (esposa), Vinicius e Elisa (filhos) que mesmo sofrendo com a
minha ausência durante esta jornada, nunca faltaram com apoio e incentivo tão necessários à
conclusão desta pesquisa. Amo demais vocês.
Ao amigo, professor e orientador Pedro Paulo de Oliveira da Silva (Pedrão) que sempre
acreditou e possibilitou a realização deste trabalho.
A amiga Oceanógrafa MSc. Vanessa de Magalhães Ferreira por acreditar, pela dedicação,
disponibilidade e companheirismo predicativos tão necessários e presentes durante a sua atuação
como co-orientadora ao longo desta tese.
Ao IEDBIG, na pessoa do senhor José Luiz Zaganelli pela doação das sementes de vieiras
para realização desta pesquisa.
Ao Senhor Giovanni Cosme Kedde secretário de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca de
Mangaratiba, que não hesitou em colocar esta secretaria a disposição desta pesquisa.
À Associação de Maricultores de Mangaratiba (Marquinhos e Maria, Sr. Expedito e
Guacyra) pela disponibilizarão do ‘long-line’ e material para confecção das lanternas de cultivos.
A Ademilson (meu irmão); as alunas, Helena (graduação) e Thaís (pós-graduação); e à
equipe do Laboratório TOXMAR na ajuda à confecção das lanternas e semeadura.
Ao pescador Lúcio Gualaudi Silva pelo apoio, cedendo embarcação ao local de cultivo e
manejo das vieiras.
Ao motorista da UFRRJ Robertinho e Luizão que nunca deixaram a equipe do Toxmar “à
pé” na estrada.
A Dra Arlene Gaspar, por disponibilizar o LAAB para as análises.
Ao M.Sc. Juarez Vicente que mais que um técnico de laboratório, um amigo que nunca se
furtou a repassar seus conhecimentos e sempre se colocando a disposição no LAAB, orientando nas
análises químicas e cromatográficas das amostras.
A todos que direta e indiretamente contribuíram à minha formação profissional viabilizando
a realização deste estudo.
VI
BIOGRAFIA
“A ave sai do ovo. O ovo é o Mundo. Quem quiser nascer, tem que destruir o mundo...”
(Hermann Hesse)
Pensando nestas palavras, lidas ainda como adolescente no clássico livro Demian escrito por
Hermann Hesse em 1919, relembro a minha trajetória nas escolas públicas de Campo Grande,
subúrbio do Rio de Janeiro garimpando conhecimento. Como o sexto filho de um casal que teria
depois de mim mais três filhos em uma época que só não carecíamos do amor incondicional dos
pais, iniciei a minha vida escolar na Escola Municipal Dalila Tavares, RJ em 1964, ano marcado
pelo golpe militar. A conclusão do ensino fundamental aconteceu na Escola Municipal Von
Martius, em 1976. Após ser aprovado no processo seletivo, iniciei o ensino médio no Colégio
Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), onde passei a conhecer a vida
das plantas e dos animais e entender a intrínseca associação entre essas formas de vida. Conclui o
curso em 1982 recebendo o diploma de Técnico em Agropecuária, função que, aliás, nunca exerci.
Todo meu ensino fundamental e médio foi norteado por mudanças impostas pelo governo golpista
dos generais, que determinava o tipo de conteúdo que deveria ser ensinado nestas escolas e a forma
como ele deveria ser administrado. Minha formação intelectual desenvolveu-se marginalmente
longe desse ensino oficial, que não admitia questionamento e onde os professores, com raríssimas
exceções, trabalhavam silenciosamente. No ano de 1983 terminei o curso de Licenciatura em
Ciência Habilitação Biologia na UFRRJ. Como professor de Biologia trabalhei em diferentes
Escolas particulares da Zona Oeste do Rio de Janeiro e prestei vários concursos para ingressar no
ensino público, onde atuo preferencialmente. Após muitos anos longe da Universidade, reiniciei
minha história acadêmica na UFRRJ no ano 2002, após aprovação para o Mestrado em
Microbiologia Veterinária orientado pelo professor Pedro Paulo de Oliveira Silva que iniciava uma
linha de pesquisa com toxinas marinhas. Durante este estudo, com outros orientados do professor
Pedro Paulo, publiquei trabalhos científicos e participei de inúmeros Congressos ligados a
maricultura e a toxinas marinhas produzidas por alguns gêneros de microalgas. No ano de 2004
conclui o curso de Mestrado com a defesa da Dissertação: ‘Detecção de ácido ocadaico em cultivo
de mexilhões, Perna perna (Linnaeus, 1758), no outono de 2004 na enseada de Maciéis, baía de
Ilha Grande, Angra dos Reis - Rio de Janeiro’. Em 2007 após aprovação, iniciei o curso de
Doutorado em Ciências e Tecnologia de Alimentos na UFRRJ, estudando a influência das estações
do ano na composição química nutricional da vieira Nodipecten nodosus.
“destruir no sentido de romper com o passado e as tradições já mortas, de desvincularse do meio excessivamente cômodo e seguro da infância para a consequente dolorosa
busca da própria razão do existir: ser é ousar ser” (Demian).
VII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
01
2. OBJETIVOS
02
2.1 Objetivo Geral
02
2.2 Objetivos Específicos
02
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Moluscos Bivalvos na Alimentação Humana
03
03
3.1.1 Aquicultura
05
3.1.2 Pectinicultura
08
3.1.3 Nodipecten nodosus (Linnaeus 1758)
11
3.2 Análise Centesimal de Alimentos
14
3.2.1 Proteínas: estrutura, função e importância na saúde humana
15
3.2.2 Ácidos graxos: estrutura, função e importância na saúde humana
16
3.3 Componentes Bioquímicos na Carne e o Metabolismo dos Bivalvos
21
3.3.1 Relação entre proteínas, taxa de crescimento e reprodução
21
4. MATERIAL E MÉTODOS
23
4.1 Área de Estudo
23
4.2 Instalação do Experimento
25
4.2.1 Cultivo intermediário
25
4.2.2 Coleta dos dados da etapa intermediária de cultivo
26
4.2.3 Engorda
27
4.3 Delineamento Amostral
4.3.1 Para análise da composição química nutricional
4.4 Análise Estatística dos Dados
5. RESULTADOS
27
27
30
31
5.1 Análise Centesimal
31
5.1.1 Umidade
32
5.1.2 Proteínas totais na carne “in natura”
35
5.1.2.1 Proteínas totais no músculo adutor e nas gônadas
5.1.3 Lipídeos totais na carne “in natura”
5.1.3.1 Lipídeos totais no músculo adutor e nas gônadas
38
42
45
5.1.4 Cinzas
47
5.1.5 Carboidratos
49
5.2 Percentual e Perfil dos Ácidos Graxos
51
5.2.1 Ácidos graxos saturados
66
5.2.2 Ácidos graxos poliinsaturados
76
VIII
5.3 Valor Calórico
91
5.4 Fatores Abióticos: Salinidade e Temperatura
97
6. CONCLUSÕES
98
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
100
IX
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 01. Disposição das sementes de Nodipecten nodosus nos pisos ímpares
das lanternas de cultivo intermediário utilizando três densidades diferentes: alta
(400 indivíduos), intermediária (250 indivíduos) e baixa (180 indivíduos).
Tabela 02. Composição química nutricional média e desvio padrão (n=5) para a
carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (g%).
Tabela 03. Comparação entre a composição química nutricional média da carne
“in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus (presente trabalho) e outros
produtos de origem animal, frescos, encontrados na tabela Nacional de
Composição de Alimentos (LIMA et al., 2006). Valores em percentuais (%).
Tabela 04. Percentual de Umidade, por estação do ano, calculado para a carne
“in natura” da vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores médios em
percentuais (n = 10). Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 05. Percentual de Umidade calculado para os principais moluscos
bivalvos de interesse comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais,
utilizados como alimento no Brasil.
Tabela 06. Percentual de Proteínas totais, por estação do ano, calculados para a
carne “in natura” da vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores médios em
percentuais (n = 10). Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 07. Percentual de Proteínas totais calculado para os principais moluscos
bivalvos de interesse comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais,
utilizados como alimento no Brasil.
Tabela 08. Percentual de Proteínas totais calculado para os constituintes da
carne da vieira N. nodosus em duas das formas de comercialização. Valores em
percentuais. Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 09. Percentual de Lipídeos totais, por estação do ano, calculado para a
carne “in natura” da vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores em
percentuais. Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 10. Percentual de Lipídeos totais dos principais moluscos bivalvos de
interesse comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como
alimento no Brasil.
Tabela 11. Percentual de lipídeos totais calculado para os constituintes da carne
da vieira N. nodosus em duas das formas de comercialização. Valores em
percentuais (%). Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 12. Percentual de Cinzas totais, por estação do ano, calculado para a
carne “in natura” da vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores em
percentuais. Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 13. Percentual de Cinzas dos principais moluscos bivalvos de interesse
comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento
no Brasil.
26
32
32
33
34
35
36
39
43
43
45
47
49
X
Tabela 14. Percentual de Carboidratos totais, por estação do ano, calculado
para a carne “in natura” da vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores em
percentuais. Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Tabela 15. Percentual de Carboidratos dos principais moluscos bivalvos de
interesse comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como
alimento no Brasil.
Tabela 16. Percentual de ácidos graxos saturados, insaturados e não
identificados para os constituintes da carne da vieira N. nodosus em duas das
formas de comercialização. Valores em percentuais. Animais cultivados na
fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
49
51
61
Tabela 17. Valores percentuais médios do ácido palmítico por coleta na carne
“in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
68
Tabela 18. Valores percentuais médios do ácido esteárico por coleta na carne
“in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
68
Tabela 19. Valores percentuais médios do ácido mirístico por coleta na carne
“in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Tabela 20. Percentual de ácidos graxos saturados Palmítico, esteárico e
Mirístico em pescado, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados
como alimento humano.
Tabela 21. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante o
verão no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
68
72
74
Tabela 22. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante o
outono no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
74
Tabela 23. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante o
inverno no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
75
Tabela 24. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante a
primavera no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
75
Tabela 25. Valores percentuais médios do ácido DHA por coleta na carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
78
XI
Tabela 26. Valores percentuais médios do ácido EPA por coleta na carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
79
Tabela 27. Valores percentuais médios do ácido oléico por coleta na carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
79
Tabela 28. Valores percentuais médios do ácido palmitoléico por coleta na
carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
80
Tabela 29. Valores percentuais médios do ácido linolênico por coleta na carne
“in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Tabela 30. Percentual de ácidos graxos Monoinsaturados Oléico e palmitoléico
em pescado, cultivado ou extraído de bancos naturais, utilizado como alimento
humano.
Tabela 31. Percentual de ácidos graxos Poliinsaturados Ômega-3 (Linolênico,
DHA e EPA) em pescado, cultivado ou extraído de bancos naturais, utilizado
como alimento humano.
Tabela 32. Percentual de ácidos graxos Poliinsaturados Ômega-6 (Linoléico,
Araquidônico e Docosadienóico) em pescado, cultivado ou extraído de bancos
naturais, utilizado como alimento humano.
Tabela 33. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o
verão no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
80
84
85
86
88
Tabela 34. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o
outono no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
88
Tabela 35. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o
inverno no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
89
Tabela 36. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o
primavera no músculo e gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período
de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
Tabela 37. Valor calórico (Kcal/100g) das vieiras (Nodipecten nodosus) in
natura, cultivadas em Mangaratiba, calculado à partir da composição química
nutricional média em cada estação do ano.
Tabela 38. Valor calórico dos principais moluscos bivalvos de interesse
comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento
no Brasil.
89
93
95
XII
Tabela 39. Valor calórico (Kcal/100g) para o músculo das vieiras (Nodipecten
nodosus) in natura, cultivadas em Mangaratiba, calculado à partir da
composição química nutricional média em cada estação do ano.
Tabela 40. Valor calórico (Kcal/100g) para a gônada das vieiras (Nodipecten
nodosus) in natura, cultivadas em Mangaratiba, calculado à partir da
composição química nutricional média em cada estação do ano.
Tabela 41. Valores mensurados para Salinidade e Temperatura na água do mar,
na profundidade de 6 metros, na área da fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ) no período entre dezembro de 2008 à
novembro de 2009.
96
96
97
XIII
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 01. Percentual dos grandes grupos da produção aqüícola mundial.
A) Por quantidade dos 60 milhões de toneladas produzidos; B) Por valor
dos U$$ 70 bilhões gerados. Modificado de FAO, 2006a.
Figura 02. Fazenda Marinha da Associação de Maricultores de
Mangaratiba, RJ. (A) Sistema de cultivo suspenso, denominado espinhel,
em vista panorâmica. Bombonas brancas e azuis constituem o sistema de
flutuação do espinhel. (B) Estado do Rio de Janeiro em destaque o litoral
sul. Ao longo do cabo mestre submerso ficam dispostas as cordas de
mexilhões, as lanternas com vieiras e ostras (C). Foto (A) arquivo do
autor. Foto (C) FIPERJ.
Figura 03. A Vieira Nodipecten nodosus, aspecto externo das valvas.
Figura 04. Valvas da vieira (Patinopecten yessoensis). A) Valva
esquerda, em visão externa, exibindo costelas radiais e umbo em
destaque; B) Valva direita em visão interna, exibindo cicatriz única do
músculo adutor, umbo em destaque.
Figura 05. Anatomia interna de um molusco bivalvo pertencente à
família Pectinidae, após a remoção da valva esquerda.
Figura 06. Formação de um dipeptídeo mostrando a ligação peptídica.
Adaptado de Alberts et al., 1999.
Figura 07. Estrutura do ácido carboxílico. Porção hidrofóbica, Quanto
maior o n, menos solúvel sendo que acima de 8 carbonos, o ácido graxo é
totalmente insolúvel. Porção hidrofílica, solúvel em água. Em pH
intracelular (7,0) dissocia-se formando um ânion COO-. Fonte:
www.geocities.com
Figura 08. Diferenças estruturais entre ácidos graxos das séries w-3 e w6 (MURRAY et al., 1994).
Figura 09. Área de estudos. Baía de Sepetiba, localizada no litoral
sudeste do estado do Rio de Janeiro. Ilha Guaíba, município de
Mangaratiba. Detalhe da carta náutica 1621 ER1, 2ª edição, 22 de março
de 2004. Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil.
Escala 1:5000. Assinalada com circulo o local onde foi instalado o
experimento.
Figura 10. Fazenda marinha da Associação de Maricultores de
Mangaratiba (AMAR) na ilha Guaíba. Foto: PEREIRA (2008).
Figura 11. A) Lanterna utilizada para cultivo intermediário da vieira
Nodipecten nodosus. B) Integrantes do Laboratório ToxMar
confeccionando as lanternas usadas no experimento.
Figura 12. Percentuais médios para os componentes centesimais da carne
“in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 13. Distribuição temporal do componente centesimal Umidade na
carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o
período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em
percentuais (g%).
07
10
10
12
13
15
16
18
23
24
25
31
34
XIV
Figura 14. Distribuição temporal do componente centesimal Proteína
total na carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009.
Valores em percentuais (g%).
Figura 15. Relação entre crescimento da vieira N. nodosus, expresso pelo
peso individual dos animais amostrados, e o percentual de Proteínas totais
para os animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 16. Distribuição da massa da vieira N. nodosus nos diferentes
constituintes corpóreos. Animais cultivados na fazenda marinha da
Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 17. Variação sazonal no peso (em gramas) do músculo adutor da
vieira N. nodosus, cultivadas na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 18. Distribuição sazonal das concentrações de proteínas totais no
músculo da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da
Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 19. Variação sazonal no peso (em gramas) das gônadas da vieira
N. nodosus, cultivadas na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 20. Distribuição sazonal das concentrações de proteínas totais nas
gônadas da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da
Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 21. Distribuição temporal do componente centesimal Lipídeos
totais na carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009.
Valores em percentuais (%).
Figura 22. Distribuição sazonal das concentrações de lipídeos totais no
músculo da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da
Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 23. Distribuição sazonal das concentrações de lipídeos totais nas
gônadas da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da
Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Figura 24. Distribuição temporal do componente centesimal Cinzas na
carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o
período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em
percentuais (%).
Figura 25. Distribuição temporal do componente centesimal
Carboidratos na carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009.
Valores em percentuais (%).
Figura 26. Padrão FAME (Ésteres metílicos de ácidos graxos) analisado
por Cromatografia gasosa.
Figura 27. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no
músculo da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada
na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o verão. A) Início do verão. B)
Final do verão.
37
37
38
39
40
41
42
44
45
46
48
50
52
53
XV
Figura 28. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na
gônada da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na
ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o verão. A) Início do verão. B)
Final do verão
Figura 29. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no
músculo da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada
na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o outono. A) Início do outono.
B) Final do outono.
Figura 30. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na
gônada da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na
ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o outono. A) Início do outono. B)
Final do outono.
Figura 31. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no
músculo da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada
na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o inverno. A) Início do inverno.
B) Final do inverno
Figura 32. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na
gônada da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na
ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o inverno. A) Início do inverno. B)
Final do inverno.
Figura 33. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no
músculo da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada
na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante a primavera. A) Início da
primavera. B) Final da primavera.
Figura 34. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na
gônada da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na
ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante a primavera. A) Início da
primavera. B) Final da primavera.
Figura 35. Valores médios dos percentuais de ácidos graxos saturados,
insaturados e não identificados no músculo e gônadas na carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 36. Concentrações totais de ácidos graxos saturados e insaturados
no músculo e gônada da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha
da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). Valores em
miligrama de ácido graxo. 100g-1 de carne “in natura”.
Figura 37. Proporção da ocorrência de ácidos graxos saturados,
monoinsaturados (MUFA), ômega-3 (Ômega-3) e ômega-6 (Ômega-6) na
carne “in natura” da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da
Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). A) no músculo; B) na
gônada.Valores em percentuais.
Figura 38. Razão entre a concentração de ácidos graxos saturados,
monoinsaturados (MUFA), família ômega-6 (Ômega-6) e ômega-3
(Ômega-3) presentes na gônada e no músculo da vieira N. nodosus
cultivadas na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de
Mangaratiba (RJ).
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XVI
Figura 39. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante o
verão presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in natura”
de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 40. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante o
outono presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 41. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante o
inverno presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 42. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante a
primavera presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 43. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes nos
componentes da carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus,
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009.
Valores em mg de ácido graxo.100g carne -1. A) No músculo, B) Na
gônada.
Figura 44. Distribuição de frequência dos ácidos graxos insaturados
presentes nas amostras da carne “in natura” de vieiras adultas N.
nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de
2009. Valores em percentuais.
Figura 45. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante o
verão presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in natura”
de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 46. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante o
outono presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 47. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante o
inverno presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Figura 48. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante a
primavera presentes nos componentes músculo e gônada da carne “in
natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda
marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
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XVII
Figura 49. Valor calórico calculado para as diferentes formas de
comercialização e consumo da vieira N. nodosus no mercado brasileiro.
Animais cultivados na Fazenda da AMAR, Mangaratiba, RJ. Unidade:
Kcal.100g-1 de molusco.
Figura 50. Comparação do valor calórico da vieira N. nodosus cultivada
em Mangaratiba (RJ) em suas três formas de comercialização e outros
produtos de origem animal (NEPA-UNICAMP, 2006) para porções de
100g. Onde: 1 animal inteiro, 2 apenas músculo, 3 músculo + gônada, 4
peito sem pele, 5 acém, 6 bisteca, 7 contra-filé, 8 asa.
Figura 51. Correlação entre o valor calórico e diferentes componentes
centesimais (valores médios para cada coleta) para a carne “in natura” da
vieira N. nodosus: A) Proteínas totais, B) Lipídeos totais, C) Carboidratos
totais. Animais cultivados na Fazenda da AMAR, Mangaratiba, RJ.
Unidade: Kcal.100g-1 de carne “in natura” de vieira.
Figura 52. Comparação do valor calórico da vieira N. nodosus cultivada
em Mangaratiba (RJ) em suas três formas de comercialização e outros
produtos de origem animal (NEPA-UNICAMP, 2006) para porções de
100g. Onde: 1 animal inteiro, 2 apenas músculo, 3 músculo + gônada, 4
peito sem pele, 5 acém, 6 bisteca, 7 contra-filé, 8 asa.
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XVIII
LISTA DE QUADROS
Página
Quadro 01. Concentração dos PUFA’s (LA, ALA, ARA, EPA, DHA) em
alguns alimentos de origem animal (BROUGHTON, et al., 1997).
Quadro 02. Ácidos graxos saturados.
Quadro 03. Ácidos graxos insaturados.
Quadro 04. Percentuais de ácidos graxos PUFA’s em microalgas marinhas,
segundo Watanabe (1987).
Quadro 05. Posições geográficas da área de maricultura da AMAR,
Mangaratiba, RJ. Adaptado de Pereira (2008).
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24
XIX
RESUMO
LOURENÇO, Aderbson Jorge. Análise química nutricional da carne “in natura” de vieiras
Nodipecten nodosus (Linnaeus 1758), cultivadas em Mangaratiba, RJ. Seropédica: UFRRJ, 2008.
136 p. (Tese de Doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos).
A malacocultura expande-se no litoral brasileiro, assumindo posição de destaque na produção
aquícola, adquirindo relevância socioeconômica (geração de renda e trabalho) para a comunidade
caiçara, anteriormente envolvida na pesca. Dentre os moluscos bivalvos cultivados, a vieira nativa
Nodipecten nodosus apresenta maior valor comercial; sua carne é apreciada devido sua versatilidade
culinária e sabor. Porém não existem informações nutricionais dessa espécie, o que dificulta para
profissionais da área de nutrição e tecnologia de alimentos sua inclusão em dietas e o
desenvolvimento de novos produtos. A composição química nutricional de bivalvos varia segundo
fatores inerentes à espécie e ao ambiente. Esta pesquisa objetivou analisar sazonalmente a
composição química nutricional da carne in natura da vieira, o percentual de ácidos graxos e
proteínas para os componentes músculo e gônada e o valor calórico nas diferentes formas de
comercialização da sua carne como alimento (animal inteiro, músculo e músculo mais gônada). As
vieras foram cultivadas na fazenda marinha da Associação de Maricultores de Mangaratiba AMAR (Mangaratiba, RJ). Foram realizadas duas coletas por estação do ano (n=50 animais /coleta)
para análise dos componentes centesimais: umidade, cinzas, proteínas, lipídeos e carboidratos
(animal inteiro); proteína e percentual de ácidos graxos no músculo e gônada, segundo as Normas
Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. As análises foram realizadas no LAAB/ UFRRJ. O valor
calórico foi obtido utilizando-se o fator de Atwater. Foi realizada análise de variância (p>0,001)
para verificar se houve influência da sazonalidade. A umidade variou significativamente entre as
estações de verão e primavera. A proteína apresentou média de 11,42% (mínimo 10,38% no verão;
máximo 12,52% na primavera), correlacionando-se positivamente com o crescimento do animal e
sendo significativa sua variação ao longo das estações do ano. O carboidrato e o lipídeo
apresentaram variação sazonal significativa, apresentando valores médios de 3,69% e 1,55%
respectivamente. Com valores máximos de 1,8% (lipídeos) e 4,55% (carboidratos) no verão. O
percentual de cinzas também variou significativamente com o tempo, apresentando seu máximo no
inverno 2,41% e mínimo no verão 1,63%. Para os diferentes componentes nutricionais músculo e
gônada, a média anual do percentual de lipídeos totais foi de 0,78% e na gônada 2,37%,
respectivamente. O outono foi a estação do ano que apresentou as maiores médias para os lipídeos
totais: 0,92% para o músculo e 2,87% para a gônada. As médias mínimas foram encontradas no
verão 0,69% (músculo) e 2,04% (gônada). Foram identificados e quantificados 18 ácidos graxos,
sendo 8 saturados (14:0, 15:0, 16:0, 17:0, 18:0, 20:0, 22:0, 24:0), 4 monoinsaturados (16:1, 18:1,
20:1, 22:1) e 6 polinsaturados (18:2, 18:3, 20:4, 20:5, 22:2, 22:6). Entre os ácidos graxos
encontrados em maiores percentuais durante esta pesquisa, destacaram-se: os saturados Palmítico,
Esteárico e Mirístico; os monoinsaturados Palmitoléico e Oléico e os polinsaturados DHA e EPA. O
valor calórico médio para a carne fresca da vieira N. nodosus encontrados nesta pesquisa foi 73,88
Kcal. 100g-1de carne; sendo o verão e o inverno as estações com o maior e o menor valor calórico,
respectivamente. As vieiras apresentam alto valor nutricional; é fontes de proteína, de ácidos graxos
polinsaturados, principalmente das famílias Ômega-3 e reduzido valor calórico.
Palavras chave: moluscos bivalvos, composição química nutricional, frutos do mar, PUFA,
maricultura.
XX
ABSTRACT
LOURENÇO, Aderbson Jorge. Chemical and nutritional analysis of meat “in natura” in
scallop’s Nodipecten nodosus (Linnaeus, 1758), cultivated in Mangaratiba, RJ. Seropédica:
UFRRJ, 2008. 136 p.
Shellfish marine aquaculture has expanded on the Brazilian coast, assuming a prominent position in
aquaculture production, hence acquiring socioeconomic relevance (income generation,
employment) for traditional communities previously engaged in fishing. Among the cultivated
bivalve mollusks, native scallops Nodipecten nodosus have a higher commercial value. Their meat
is appreciated due to its culinary versatility and taste. However, their nutritional information is
unknown, making it difficult for professionals in nutrition and food technology to include these
scallops in diets and develop new products. The composition of bivalves varies according to factors
inherent to the species and environment. This study aimed to analyze the chemical composition of
seasonally fresh meat from the scallop, the content of fatty acids and protein for muscle and gonad
components and caloric value in different forms of marketing of their meat as food (whole animal,
muscle and gonad and muscle). The scallops were grown on the marine farm-AMAR (Mangaratiba,
RJ). There were two collections per season (n=50 animals/collection) for proximate analysis of the
components: moisture, ash, protein, lipid and carbohydrates (whole animal); protein and fatty acids
in muscle and gonad, according to the Analytical Standards of the Adolfo Lutz Institute. The
analyses were performed in the LAAB/UFRRJ. The calorific value was obtained using the Atwater
factor. Analysis of variance were done (p>0,001) to determine whether there was influence of
seasonality. There were significant variations of humidity between summer and spring. The protein
average was 11.42% (10.38% minimum in summer, maximum 12.52% in spring) and this was
positively connected with the growth of the animal and its variation is significant throughout the
seasons. Carbohydrates and lipids showed significant seasonal variation, with the average of 3.69%
and 1.55% respectively, with a peak of 1.8% (lipids) and 4.55% (carbohydrates) in the summer. The
ash percentage also varied significantly along the time, peaking in winter and with minimum of
2.41% 1.63% in summer. For the different nutritional components muscle and gonad, the annual
average of the percentage of total lipids was 0.78% and 2.37% respectively. Autumn was the season
that had the highest average for the total lipid: 0.92% for muscle and 2.87% for the gonads. The
minimum was found in summer 0.69% (muscle) and 2.04% (gonads). It was identified and
quantified 18 fatty acids: 8 saturated (14:0, 15:0, 16:0, 17:0, 18:0, 20:0, 22:0, 24:0), 4
monounsaturated (16: 1, 18:1, 20:1, 22:1) and 6 polyunsaturated (18:2, 18:3, 20:4, 20:5, 22:2, 22:6).
Among the fatty acids found in higher percentages during this research, it is included: the saturated
palmitic and stearic Myristic, the monounsaturated palmitoleic and oleic acids and the
polyunsaturated DHA and EPA. The average caloric value for fresh meat of the scallop N. nodosus
found in this study was 73.88 Kcal.100g-1 meat, with summer and winter seasons with higher and
lower calorific value, respectively. The scallops have exceptional nutritional value as sources of
protein, polyunsaturated fatty acid families ω 3 and ω 6 and reduced caloric value.
KEYWORDS: bivalve mollusks, centesimal composition, seafood, PUFA, mariculture.
XXI
LISTA DE ABREVIAÇÕES
FAO - Food and Agriculture Organization. Organização para Agricultura e Alimentação. Órgão
ligado à UNESCO.
WHO - World Health Organization. Organização Mundial da Saúde.
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
UE - União Européia.
EPA - Eicosapentaenoic acid. Ácido eicosapentaenóico (20:5n-3).
DHA - Docosahexaenoic acid. Ácido docosahexaenóíco (22: 6n-3).
ARA - Arachidonic acid. Ácido araquidônico (20:4n-6).
AGPICL – Ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa.
LDL - Lipoproteína de baixa densidade.
HDL - Lipoproteína de alta densidade.
PUFA - Poly unsaturated fatty acid. Ácidos graxos poliinsaturados.
AAL - Ácido alfa-linolênico.
AL - Ácido linoléico.
DCV - Doenças cardiovasculares.
AMAR - Associação de Maricultores de Mangaratiba.
IEDBIG - Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande.
LAAB – Laboratório de Análise de Alimentos e Bebidas.
UFRRJ - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis
AMAR – Associação de Maricultores de Mangaratiba.
XXII
1. INTRODUÇÃO
Os oceanos, desde antiguidade, representam uma importante fonte de alimentos para a
humanidade, principalmente em regiões costeiras. Atualmente, a demanda de consumo por alimentos
ricos em proteína tem incentivado uma exploração indiscriminada do estoque natural de pescado e,
como consequência, ocasionando a diminuição na quantidade desse recurso alimentar adquirido através
de atividades extrativistas. Neste cenário, a aquicultura (cultivo de organismos aquáticos) tem surgido
como alternativa mais viável à produção de alimento de alto valor nutricional. Em 2006 a produção
total de pescado destinado ao consumo humano foi calculada em 110 milhões de toneladas das quais
51,7 milhões de toneladas foram produzidas pela aquicultura (47%) (FAO, 2009).
Atualmente o pescado contribui com 15% do total de proteína animal usada na alimentação
humana, constituindo a quinta maior fonte desse nutriente. Ainda segundo a FAO (ibid.) o potencial da
aquicultura para produção mundial de alimentos de qualidade, para gerar riqueza e empregos, tem sido
demonstrado pela rápida expansão do setor, que desde 1984 tem crescido a uma taxa anual média de
8,7%. Se considerarmos o aumento da produção aquícola por países veremos que este setor cresceu
15,5% no cenário nacional, superando culturas tradicionais como a bovinocultura (5,2%), suinocultura
(3%) e a criação de aves (5%), segundo a FAO (2008).
Dessa forma o cultivo de organismos aquáticos pode ser uma atividade econômica rentável,
geradora de empregos e fornecedora de alimentos altamente nutritivos, superando em qualidade a carne
bovina, suína e de aves. A carne de pescado é de fácil digestão e apresenta níveis elevados de proteínas
e ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 e ômega-3. A Organização Mundial da Saúde preconiza que
em uma dieta os lipídeos estejam presentes de 15% a 30%, deste percentual aproximadamente 10%
corresponda aos poliinsaturados (WHO, 1995). Tais substâncias, quando em proporções equilíbradas
nos alimentos, atuam no organismo humano ajudando a controlar os níveis de colesterol sanguíneo e
consequentemente auxiliando na redução da incidência de doenças cardiovasculares (WHO, 2003).
Dentre os organismos aquáticos cultivados o grupo dos moluscos ocupa a segunda colocação no
ranking de volume produzido e a terceira em valores gerados (FAO, 2009, passim). Tal cultura,
também denominada malacocultura, produz principalmente mexilhões (mitilicultura), ostras
(ostreicultura) e vieiras (pectinicultura). O Brasil se destaca como o segundo maior produtor de
moluscos bivalvos da América do Sul. A China é o principal produtor mundial tanto de vieiras, quanto
de ostras e mexilhões (FAO, 2006).
No cenário nacional o Estado de Santa Catarina é o primeiro produtor, principalmente devido ao
cultivo de mexilhões. Porém, a espécie nativa Nodipecten nodosus (Linnaeus 1758), vulgarmente
chamada vieira ou coquiles, é o produto que atinge maior preço de mercado e representa o maior
potencial para exportação. O Estado do Rio de Janeiro é o primeiro produtor nacional de vieiras,
principalmente a região sul do estado que compreende os municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis e
Paraty (IBAMA, 2008).
Essa região apresenta condições fisiográficas e ambientais favoráveis ao desenvolvimento da
pectinicultura. Os animais são cultivados em lanternas, suspensas na coluna d’água fixadas em uma
estrutura flutuante (espinhel ou “long-line”). A região da ilha Guaíba, localizada em Mangaratiba,
apresenta qualidade de água e disponibilidade de alimento ideais ao desenvolvimento das vieiras. O
cultivo de moluscos bivalvos assume para estes municípios sul-fluminenses, grande importância
socioeconômica e ambiental, pois absorveu a mão-de-obra anteriormente envolvida em atividades
extracionistas em declínio (pesca e catação de moluscos) e contribui para proteger os bancos naturais
de vieiras (BASTOS, 2001).
A carne das vieiras pode ser encontrada em diversas formas de apresentação para o consumo:
apenas o músculo adutor, músculo e gônadas ou o animal inteiro, dependendo da exigência do mercado
consumidor. Embora haja no mercado vieiras importadas congeladas, principalmente do Chile, a
vantagem do produto nacional é o seu frescor conferindo-lhe melhor textura e paladar. A carne de
1
moluscos bivalvos contém proteínas de alto valor nutricional, pois nela são encontrados aminoácidos
essenciais, necessários ao desenvolvimento humano, além de fácil digestibilidade; também é rica em
ácidos graxos mono e poliinsaturados e é fonte de minerais como zinco, ferro e magnésio, entre outros
(DONG, 2001).
Portanto, o conhecimento da composição química nutricional da carne dos moluscos possibilita
gerar informações fidedignas para a rotulagem destes alimentos e para determinar o tipo de
processamento mais adequado para a indústria de beneficiamento, e, principalmente, para subsidiar a
inserção da composição química nutricional dos moluscos nativos na tabela Nacional de Valor
Nutricional, servindo de orientação no momento de se estabelecer um determinado tipo de dieta. Nesta
tabela nacional, na classe de pescado e frutos do mar, dentre os invertebrados aquáticos, encontramos a
composição química nutricional apenas de crustáceos (camarões e carangueijos). A composição
química nutricional de nenhum molusco bivalvo é relatada (LIMA et al., 2006).
Estudos indicam que a composição química nutricional pode variar segundo a espécie, região de
cultivo, temperatura da água do mar, grau de maturação sexual e época do ano. No cenário nacional as
informações nutricionais disponíveis baseiam-se na análise centesimal de espécies exóticas, como a
ostra do pacífico Crassostrea gigas (Thunberg 1793). Das espécies nativas apenas o mexilhão Perna
perna (Linnaeus 1758), a ostra de mangue Crassostrea rizhophorae (Guilding 1828) e o sururu Mytella
falcata (D’Orbgny 1846) apresentam informação nutricional, no entanto restrita a determinadas épocas
do ano carecendo de uma maior abrangência temporal.
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
A presente pesquisa objetivou avaliar a composição química nutricional da carne “in natura” da
espécie nativa de viera N. nodosus, cultivada na ilha Guaíba (RJ). Buscou-se gerar conhecimento na
área de tecnologia de alimentos acerca de um molusco bivalvo ainda não estudado em seus aspectos
nutricionais, durante as quatro estações do ano. Constituindo dessa forma o produto da presente
pesquisa insumo aplicável ao desenvolvimento de tecnologias de beneficiamento para a vieira N.
nodosus. Possibilitando assim contribuir ao fomento da cadeia produtiva da maricultura nacional.
2.2 Objetivos Específicos
- Determinar o percentual de umidade, proteínas, lipídeos, cinzas, carboidratos totais na carne “in
natura” de N. nodosus.
- Verificar a distribuição temporal dos componentes centesimais (umidade, proteínas, lipídeos, cinzas e
carboidratos) na carne “in natura” de N. nodosus;
- Verificar o percentual e a distribuição temporal de lipídeos e proteinas totais na carne “in natura” de
N. nodosus para os componentes músculo e gônada.
- Identificar e quantificar os ácidos graxos saturados e insaturados presentes em N. nodosus nos
componentes músculo e gônada.
- Determinar o valor calórico de N. nodosus nas três formas empregadas no consumo (animal inteiro,
músculo e músculo + gônada).
2
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Moluscos Bivalvos na Alimentação Humana
Moluscos marinhos são amplamente consumidos em regiões costeiras em diversas partes do
mundo (FAO, 2006) e no Brasil (MMA, 1997 apud BASTOS, 2001). A carne desses invertebrados
constitui-se em alimento de importância nutricional, pois é fonte de proteínas de alto valor biológico,
ácidos graxos essenciais, baixo valor calórico e de minerais como selênio, iodo, flúor, cobre, ferro e
zinco (PARISENTI, 2006; CAVALCANTI, 2003; MEDEIROS, 2001; SOUTHGATE, 1992;
GORDON, 1988).
O cultivo de moluscos bivalvos pode ser uma atividade econômica muito rentável e o valor
nutritivo desses organismos, supera o da carne bovina, suína e de aves. Deve ser ressaltado que a carne
de pescado apresenta a mesma proporção de protídios que a carne bovina, suína e de aves, porém de
qualidade superior devido ao fato de conter menor percentual de tecido conjuntivo (BADOLATO,
1994).
A qualidade da carne destes produtos depende muito da composição química nutricional. Esta
composição varia intensamente de uma espécie a outra ou mesmo dentro da mesma espécie. Tais
variações estão relacionadas a fatores como: época do ano e local em que o pescado foi capturado ou
produzido, idade, sexo, tamanho, hábito alimentar e disponibilidade de alimento, manuseio na colheita
e pós-colheita, tipo de processamento e estocagem do produto (PIGGOT; TUCKER, 1990; MORAIS et
al., 1978). Diante destas variações, o conhecimento da composição química do pescado é de real
importância sob os aspectos nutricional e tecnológico (MORAIS, op cit.). Para Ogawa e Maia (1999), o
lipídeo é o componente que mais varia entre as espécies de pescado e dentro da mesma espécie. Difere
em função do tipo de músculo corporal, sexo e estágio de maturação gonadal, idade, época do ano,
habitat e dieta, entre outros fatores. Particularmente, antes e após o período reprodutivo, observa-se
notável diferença nos percentuais de lipídeo. Alto percentuais de lipídeos, antes da desova e baixo
percentuais, após a desova.
Moluscos tendem a ter um baixo percentual de lipídeo, comparados a outros grupos de pescado.
O percentual de lipídeo varia de menos de 1% até 5% em algumas espécies de bivalvos. Estas variações
estão associadas ao desenvolvimento das gônadas e à desova, quando parte do lipídeo acumulado é
consumido na produção de gametas (MORAIS, op cit.).
A carne dos bivalvos apresenta uma maior digestibilidade e menor percentual de ácidos graxos
não saturados, controlando os níveis de colesterol sanguíneo e reduzindo a incidência de doenças
cardiovasculares - DCV. Portanto, o seu consumo é recomendável na dietética para o controle das DCV
(SANTOS, 1982).
Os ácidos graxos de maior interesse para a saúde do sistema cardiovascular são os ácidos
graxos da série ômega (KRAUSS, 2000), o que inclui o ácido alfa-linolênico, encontrado em fontes de
alguns óleos vegetais e, principalmente, os com 20 e 22 átomos de carbono, poliinsaturados, o ácido
eicosapentaenóico (EPA) e o ácido docosahexaenóíco (DHA), presentes em alguns tipos de pescado e
molusco, os quais não ocorrem em outros animais em quantidades além de traços (FERRARI, 2004;
BADOLATO et al., 1994).
Segundo Pigott (1987), os lipídeos de alimentos marinhos possuem baixa quantidade total de
óleos saturados (que favorecem a formação do colesterol do tipo LDL), variando sua concentração de
11 à 17%, enquanto que em carne de suínos a proporção é, em média, de 36% e de bovinos de 48%.
Além disso, os compostos poliinsaturados que compõem os óleos de pescado são responsáveis pela
rigidez das membranas biológicas (BELDA, 1991).
Para Belda (1991), as funções desempenhadas pelas membranas biológicas dependem
diretamente de suas propriedades. A microviscosidade e a fluidez de proteínas associadas a membranas
são afetadas pela qualidade dos ácidos graxos presentes e, devido a essa alteração, tem sua difusão
3
melhorada ou prejudicada. A difusão é muito maior em membranas que possuem um alto percentual de
ácidos graxos poliinsaturados. Os ácidos graxos da família ômega-3 e ômega-6 são importantes
componentes dos fosfolipídeos das membranas biológicas, onde têm sido considerados como essenciais
para a manutenção das propriedades físico-químicas da membrana, regulando a sua permeabilidade
Este fator é de grande relevância na parede celular dos neurônios, na iniciação e propagação dos
impulsos nervosos (STUBSS; SMITH, 1984 apud MURGAS, 1999).
Belda (1991) destacou que o fornecimento de ácidos graxos ômega-3 para a espécie humana
depende da fonte alimentar sendo, portanto, importante conhecer quais são as fontes capazes de suprir
essas necessidades. O Quadro 01 relaciona as quantidades de Ácido linoléico (AL), Ácido alfalinolênico (AAL), Ácido araquidônico (ARA), Ácido eicosapentaenóico (EPA) e Ácido
docosahexaenóíco (DHA) em alguns alimentos de origem animal.
Quadro 01. Concentração dos PUFA’s (AL, AAL, ARA, EPA, DHA) em alimentos de origem animal.
Alimento
18:2 n-6 (mg.g-1)
18:3 n-3(mg.g-1)
20:4 n-6 (mg.g-1)
20:5 n-3 (mg.g-1)
22: 6 n-3(mg.g-1)
Carne bovina 1
4,1
0,4
0,5
-
-
Leite de vaca
16,7
0,8
-
-
-
Carne frango1
46,5
2,5
1,6
0,2
0,2
Ovos galinha
26,1
0,5
5,0
-
1,1
Bagre3
26,2
1,8
1,0
1,2
2,2
Carpa2
6,6
3,5
2,0
3,1
1,5
Sardinha1a
35,5
5,0
-
4,7
5,1
Salmão2
2,2
3,8
3,4
4,1
14,1
Tilápia2
2,9
0,5
3,5
-
1,3
2,0
2,4
2,6
6,7
Truta2
1
2,2
2
3
a
Alimento fresco; Cozido; Grelhado; enlatada com óleo de soja.
Fonte: (BROUGHTON, et al., 1997).
Entre os peixes, os de origem marinha, como a sardinha e o arenque, geralmente apresentam
quantidades maiores de EPA e DHA que os peixes oriundos de águas continentais. Isso ocorre, devido
à expressiva quantidade desses ácidos graxos no fitoplâncton, que provê a sua distribuição ao longo da
cadeia alimentar marinha.(LI et al., 2003).
As principais fontes de DHA e EPA são peixes, moluscos, algas e crustáceos (VALENZUELA;
NIETO, 2003; GONZÁLES, 2002; VALENZUELA; NIETO, 2001). Dessas, o pescado,
principalmente o atum, anchova, sardinha e salmão, segundo Valenzuela; Nieto (2001), fornecem uma
maior quantidade desses nutrientes. Porém, a variação no conteúdo de ácido graxo ômega-3 dos
alimentos marinhos dependerá da espécie do pescado, parte comestível, local de captura, época do ano,
temperatura da água e do processo de industrialização. Essa variação pode chegar até 25%
(GONZÁLES, op cit.).
No âmbito mundial, com exceção de alguns países asiáticos, o consumo per capita de pescado
ainda é muito pequeno, consequentemente o consumo de ômega-3 também. Isso poderia não ser
importante pelo fato de que os seres humanos têm a capacidade de converter o ômega-3 que se
encontra nos vegetais verdes e em certos óleos vegetais, em EPA e DHA. Porém este processo de
conversão não é muito eficiente e está sujeito a uma inibição competitiva dos ácidos graxos ômega-6
4
pelas mesmas enzimas de dessaturação (delta-6 saturase e delta-6 dessaturase), assim como, seus
principais derivados (ARA e EPA) também apresentam concorrência por um único sítio para sua
dessaturação realizada pela enzima delta-5 dessaturase (FAGUNDES, 2002).
As dietas modernas proporcionam sete, oito ou 10 vezes mais ômega-6 que ômega-3
(GONZÁLES, ibid.). Em excesso o ômega-6 produz eicosanóides inflamatórios e cancerígenos,
aumentando o risco de câncer, morte súbita, doenças cardíacas, vaso constrição, aumento da pressão
arterial, elevação da taxa de triglicerídeos, depressão, artrite e outras doenças inflamatórias (YEHUDA,
1997 apud FAGUNDES, 2002).
Vários estudos indicam que as doenças degenerativas como diabete, artrite e o câncer, estão
relacionadas em parte à desproporção atual da concentração dos ácidos ômega-6 e ômega-3 que
constituem nossa alimentação, ou seja, uma grande concentração de ômega-6 e uma escassez de
ômega-3 (Fagundes, ibid.).
O conteúdo nutricional orgânico mais abundante nos músculos dos bivalvos são as proteínas.
No pescado este conteúdo é ao redor de 20%, podendo variar muito de espécie a outra. Indivíduos de
uma mesma espécie também podem apresentar divergências em função do hábito alimentar, idade, sexo
e conteúdo de água e gordura. Os moluscos bivalvos, comparados com outros tipos de pescado, contêm
menor percentual de proteína, por exemplo, quando comparados aos peixes. Segundo Martin (1990)
este percentual protéico em bivalvos pode variar em pequena intensidade ao longo do ano. O conteúdo
de água geralmente aumenta e o de proteína diminui, à medida que a época de desova se aproxima.
A água com uma representação de 60 a 85% da composição química do pescado torna-se o
principal constituinte comestível da sua carne (BADOLATO, 1994). Para esse autor, diversos fatores
contribuem para a grande variedade da sua composição química, tais como: a espécie, idade, sexo, grau
de maturidade sexual, tamanho, local de captura, temperatura da água, natureza da alimentação e
estação do ano. Porém, há uma relação inversa marcante entre os percentuais de umidade e lipídeo,
bem como entre água e proteína em menor intensidade. Quando o pescado é rico em lipídeo, a umidade
é baixa, porém a soma destes dois componentes está em torno de 80%. Geralmente moluscos contém
mais água que outras espécies de pescado (OGAWA; MAIA, 1999). O conteúdo de umidade em
algumas espécies de bivalvos varia muito ao longo do ano, provavelmente em função da absorção de
água e perda de sólidos, o que pode afetar a qualidade comercial deste produto (MORAIS et al., 1978).
O percentual de carboidratos da carne dos moluscos comparados a outros tipos de pescado é
bem significativa, pois em sua totalidade, o pescado tem conteúdo de carboidratos insignificante. Nos
moluscos bivalves a reserva de energia é em forma de glicogênio, o qual contribui com o sabor
adocicado da sua carne (JAY, 1996). Enquanto nas lagostas e outros crustáceos o percentual de
glicogênio é inferior a 1%, os bivalvos contêm de 3 a 5% ou mais deste nutriente. Para Engle (1958)
apud Morais et al. (1978), o percentual de glicogênio afeta a qualidade dos bivalvos, ou seja, quanto
maior o percentual, maior a aceitabilidade pelo consumidor. A variação sazonal do carboidrato é
relacionada diretamente com o ciclo reprodutivo. Como o glicogênio é o material de reserva, o aumento
do seu percentual coincide com a estação do ano em que as células sexuais atingem a maturação. No
máximo de maturação, o percentual de glicogênio atinge o maior patamar. Entretanto, após a desova, as
gônadas contêm poucos gametas e quase nenhuma reserva de glicogênio, registrando os percentuais
mínimos (MORAIS et al., 1978; ANTUNES; ITO, 1968).
3.1.1 Aquicultura
Aquicultura ou cultivo controlado ou semicontrolado de animais aquáticos pelo homem, surgiu
no oriente com os chineses há aproximadamente 4.000 anos, com o cultivo de carpas (RABANAL,
1988). Conforme dados da FAO a produção mundial da aquicultura (marinha, estuarina e continental)
5
cresceu 81,07% nos últimos 10 anos, sendo que mais da metade desta produção pertence à China
(66,7%), seguida pelo restante da Ásia (22,8%) e demais países (10,5%). O Brasil encontra-se
atualmente na 17ª posição em relação à produção aquícola, com produção de 272 mil toneladas. O
crescimento médio anual da aquicultura para o mundo inteiro foi calculado em 8,7% ao ano, porém o
setor latino americano apresentou crescimento de 22%, sendo a produção brasileira a segunda deste
setor, atrás apenas do Chile (FAO, 2009a).
Os ambientes aquáticos sempre constituíram importante fonte de alimento para a humanidade
desde os seus primórdios; inicialmente através de atividades extrativas como a pesca e a ‘catação’ de
moluscos bivalvos, e recentemente através do cultivo de organismos aquáticos (aquacultura). As
atividades extrativas vêm apresentando uma produção estagnada, com tendência ao decréscimo, devido
a diversos fatores como a exaustão dos estoques naturais, a degradação de ambientes costeiros
utilizados para a reprodução das espécies (principalmente manguezais) e a influência de mudanças
climáticas sobre a fisiologia das espécies. Apenas 20% dos estoques pesqueiros são considerados
subexplotados, com possibilidade ainda de aumento na captura (FAO, 2009a).
Porém a demanda por pescado para alimentação humana continua aumentando. O consumo per
capita médio atual é de 16,7kg, dos quais 7,8kg são fornecidos pela atividade aquícola. Esse setor de
produção animal é o que mais cresce tanto no cenário internacional à uma taxa de 7% (FAO ibid.)
quanto no nacional à 15,5% (FAO, 2009b). Nesse contexto, a produção de alimento através do cultivo
de organismos aquáticos vem se tornando uma alternativa cada vez mais viável, para o fornecimento de
alimento, principalmente protéico.
A atual produção total de pescado encontra-se no patamar de 110 milhões de toneladas, dos
quais a aquacultura representa cerca de 47%. Em termos de valores a produção aqüícola em 2006 gerou
78,8 bilhões de dólares (FAO, ibid.). Além da produção de pescado, outra importante vertente da
aquicultura é a geração de empregos com 9 milhões de pessoas envolvidas diretamente no cultivo de
peixes, crustáceos, moluscos e plantas aquáticas, 94% dessa mão-de-obra está empregada na Ásia. Ao
se considerar os empregos indiretos, nos demais setores da cadeia produtiva se pode chegar ao patamar
de 170 milhões de pessoas envolvidas na aquicultura. Levando-se em conta que essa atividade envolve,
na maioria das vezes, mão de obra familiar, estima-se que cerca de 520 milhões de pessoas dependam
desse setor (FAO, ibid.). O cultivo de moluscos bivalvos (malacocultura) representa em termos de
quantidade o segundo lugar na produção aquícola mundial (Figura 01), estimada em 51,7 milhões de
toneladas, segundo a Organização das Nações Unidades para Alimentação e Agricultura (FAO, 2009a).
Denomina-se mitilicultura o cultivo de mexilhões, pectinicultura o de vieiras e ostreicultura o de ostras.
Dentre os diversos grupos de organismos aquáticos produzidos para alimentação humana, os moluscos
bivalvos têm assumido importância socioeconômica no cenário nacional, principalmente nas regiões
sudeste e sul do Brasil. Seu cultivo tem ajudado a colocar o Brasil no cenário latino americano como
segundo produtor aquícola (FAO, 2006b).
Dentre os moluscos cultivados, as ostras representaram cerca de 40% da produção mundial,
seguida dos mexilhões (15%), vieiras (10%) e outros bivalvos (35%). Entretanto, as vieiras tendem a
ganhar espaço na malacocultura mundial nos próximos anos, devido a sua intensa pesca predatória,
grande disponibilidade de áreas para seu cultivo e, principalmente, ao seu elevado valor comercial
(FAO, 2005; BORGHETTI et al., 2003; RUPP; BEM, 2003).
O cultivo comercial de moluscos marinhos no Brasil teve início em 1971, em Salvador e em
Santa Catarina, com a ostra Crassostrea rhizophorae. Em 1973 o cultivo da também nativa ostra C.
brasiliana teve início em Cananéia, São Paulo; no mesmo ano iniciou-se o cultivo do mexilhão P.
perna no Rio Grande do Sul, iniciativas logo abandonadas. No ano seguinte foi introduzida no Brasil a
ostra do pacífico C. gigas, no Rio de Janeiro, em escala experimental. Porém, foi apenas no final da
década de 80 que a ostreicultura se estabeleceu em escala comercial no país, inicialmente em São Paulo
6
e Santa Catarina com C. gigas. A mitilicultura também foi iniciada nesse mesmo período no litoral de
Florianópolis, Santa Catarina (LCMM, 2009).
Peixes de água doce
Moluscos
Crustáceos
Peixes diádromos
Peixes marinhos
Outros
Figura 01. Percentual dos grandes grupos da produção aquícola mundial. A) Por
quantidade dos 51,7 milhões de toneladas produzidas.
Fonte: Modificado de FAO, 2009a.
O Brasil produz mexilhões P. perna, ostras C. gigas e vieiras N. nodosus. No cultivo de
moluscos Santa Catarina figura como primeiro produtor nacional (14 757t e R$ 17.909.500,00),
seguido de Espírito Santo (368,5t e R$ 2.361.000,00), São Paulo (172,5 e R$ 1.365.000,00), Paraná
(166t e R$ 1.612.000,00) e Rio de Janeiro (29,5t e R$ 183.000,00) capitaneado principalmente pela
produção de mexilhões (IBAMA, 2008). O litoral do Rio de Janeiro destaca-se por ser o primeiro
produtor nacional de vieiras (15t e R$ 93.000,00), seguido por Espírito Santo (0,5t e R$ 3.000,00). Em
relação à produção de 2003 os valores supracitados representaram um incremento de 22,3% para a
produção maricultora das regiões sul e sudeste do Brasil (BOSCARDIN, 2008). Segundo a FAO
(2009a) o cultivo de moluscos bivalvos ocupa a terceira colocação no ranking nacional, atrás da
produção de peixes e crustáceos.
Do final da década de 90 até início do novo milênio (em 2004) aquicultura no Brasil apresentou
um salto de 15,5% em volume produzido superando o percentual médio de crescimento mundial
(8,7%). Além disso, esse setor produtivo apresentou no cenário brasileiro crescimento superior à
produção de bovinos (5,2%), suínos (3%) e aves (5%) segundo dados da FAO (2009a) para o ano de
2004. A tendência de crescimento continua, embora menos expressiva, com incremento de 3,2% para a
maricultura e 6,4% para a aquicultura continental, considerando-se o ano de 2006 em relação à 2005;
em seu total a produção aqüícola brasileira (9,6%) ainda supera a média mundial segundo o último
relatório da produção de pescado realizado pelo IBAMA (2008).
No entanto, apesar dessa perspectiva promissora nosso consumo per capita médio de pescado
ainda é baixo 6,8 kg.ano-1 (FAO, 2009b) muito inferior à recomendação da Organização Mundial de
Saúde de 13,1 kg habitante.ano-1 ( ARANA, 2004). Segundo EMBRAPA (2004) as regiões litorâneas e
a amazônica apresentaram consumo per capita de pescado elevado (54 kg habitante.ano-1) ainda
inferior à média do maior consumidor desses alimentos China, com 80 kg habitante.ano-1 (FAO, 2008).
Urge a criação de um programa nacional educacional e de “marketing” para estimular o consumo de
pescado no Brasil.
O litoral brasileiro apresenta condições fisiográficas (águas de temperaturas amenas, abrigadas
de ondas e ventos) adequadas ao desenvolvimento do cultivo de moluscos, principalmente nos litorais
da região sudeste-sul (BASTOS et al., 2004). No entanto a FAO (2009a) aponta como entraves ao
desenvolvimento da atividade, além de questões técnicas e operacionais, a ausência de um programa de
7
monitoramento dos moluscos produzidos que garanta tanto a sanidade dos animais quanto a segurança
alimentar. Visando sanar esse entrave encontra-se em fase de planejamento o Programa Nacional de
Controle Higiênico Sanitário de Moluscos Bivalvos, sob a competência da Secretaria Especial de
Aquicultura e Pesca (agora com status de Ministério) e do Ministério de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (SUPLICY, 2007).
Atualmente no Brasil a produção de moluscos encontra-se destinada apenas ao abastecimento
do mercado interno, em especial nos centros urbanos, e essa produção ainda é relativamente reduzida
considerando-se o potencial aquícola nacional. O setor carece de ações que venham a solucionar alguns
problemas que se apresentam, entre os quais: (a) variações nas técnicas de produção e desconhecimento
do custo de produção; b) falta de certificação sanitária (necessária para a comercialização estadual da
produção); c) baixa capacidade gerencial dos produtores para operarem as unidades de beneficiamento;
d) ausência de uma mentalidade cooperativista; e) falta de um esquema ágil de distribuição do produto;
f) poluição visual causada pela falta de padronização das estruturas, prejudicando a exploração do
turismo no litoral; g) inexistência de estudos para determinação da capacidade de carga das áreas de
cultivo, levando a prejuízos ambientais, incidência de doenças, aumento do tempo de cultivo e
mortalidade (OSTRENSKY, 2001). Entretanto os avanços técnico-científicos observados nos últimos
anos, aliados a uma boa política de comercialização poderão certamente contribuir para a expansão
significativa desta atividade econômica, uma vez que, como mostra a literatura especializada, a
maricultura, se adequadamente desenvolvida e explorada; poderá representar no futuro parcela
expressiva da alimentação humana mundial.
3.1.2 Pectinicultura
Pectinídeos são moluscos bivalvos conhecidos no Brasil como vieiras ou coquiles, scallops em
inglês, coquilles Saint-Jacques em francês e em espanhol ostiones, almejas, escalopas ou vieiras. A
carne de vieiras sempre foi apreciada tanto pelo seu sabor quanto pela sofisticação que seu aspecto
visual confere à apresentação dos pratos. Dentre os vários tipos de pescado, sua carne atinge alto valor
comercial (no Brasil de R$ 15 à R$ 25,00 a unidade viva) e representa um grande potencial para
exportação.
Há registros da ocorrência de 16 espécies de pectinídeos em nosso litoral (RIOS, 1994), porém
principalmente duas apresentam interesse comercial: Euvola (Pecten) ziczac (Linnaeus, 1758) e N.
nodosus. Alguns também consideram Chlamys tehuelchus como potencial a ser desenvolvido. Duas
atingem tamanho máximo de 8cm (E. ziczac e C. tehuelchus) e a última 18cm, todas com rápido
desenvolvimento (BERNARDINO, 2007). As ocorrências das três espécies em ambiente natural
diferem: a primeira forma bancos naturais acompanhada de C. tehuelchus (KLEIN et al., 2001) e a
última espécie ocorre de maneira muito dispersa não apresentando hábito gregário (VÉLEZ;
LODEIRO, 1990). O padrão de ocorrência de N. nodosus, para fins de captura, inviabiliza sua
explotação comercial em grande escala (RUPP; BEM, 2004).
Inicialmente a espécie E. ziczac era capturada acidentalmente durante a pesca de arrasto do
camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliense), sendo descartada ou direcionada ao
consumo regional. Mas, descobriu-se no início da década de 70 que essa espécie de vieira formava
densos bancos naturais, chegando a 2100 indivíduos por hectare, sobre a Plataforma Continental
interna (30-50 metros de profundidade) entre os estados de São Paulo e Santa Catarina. Dessa forma
intensificou-se a captura direcionada à espécie em escala industrial, chegando a marca record de 4,5
toneladas desembarcadas em 1972 apenas no porto de Santos (SP). Ao longo da década de 70 a captura
total passou a oscilar, atingindo o patamar máximo de 8800 toneladas no período entre 1979-1980, e à
partir daí passou a exibir franca tendência ao declínio. Esse recurso pesqueiro foi principalmente
destinado à exportação para a França e EUA. Desde então a captura anual não ultrapassa algumas
8
centenas de quilogramas e calcula-se atualmente que a população de E. ziczac tenha sido reduzida à
apenas 2% daquela reportada em 1970 (PEZZUTO; BORZONE, 2004).
O cultivo de moluscos bivalvos – malacocultura – também pode receber denominações
específicas referentes ao grupo de organismos cultivados: mitilicultura para mexilhões, ostreicultura
para a criação de ostras e pectinicultura quando as espécies cultivadas pertencerem à família
Pectinidae. A espécie N. nodosus é também conhecida popularmente como “vieira”, “vieira pata de
leão”, ou em alguns locais como “coquille” (RUPP; PARSONS, 2006).
No caso do cultivo de pectinídeos ou pectinicultura a China se destaca com a maior produção
mundial, sendo que em 2004, produziu aproximadamente 1 milhão de toneladas (US$ 1,1 bilhão). A
espécie mais cultivada, neste país, é Patinopecten yessoensis, Chlamys ferreri, C. nobilis, e,
principalmente Argopecten irradians (espécie exótica importada dos EUA). O Japão é o segundo maior
produtor mundial, com uma produção de 215 mil toneladas (US$ 323 milhões) de Patinopecten
yessoensis neste mesmo ano, seguido do Chile, que produziu 24 mil toneladas (US$ 239 milhões) de
Argopecten purpuratus. A produção conjunta dos demais países em 2004 não superou mil toneladas,
sendo Pecten maximus, a principal espécie cultivada na Europa e Placopecten magellanicus no Canadá
(RUPP; PARSONS, 2006; FAO, 2004; LE PENNEC et al., 2003). Na América Latina e Caribe a
espécie mais cultivada é a nativa N. nodosus. Na América do Sul, o Chile apresenta-se como um país
pioneiro em relação aos trabalhos de cultivo de pectinídeos. No Brasil, a espécie N. nodosus se destaca
por ser o maior dos pectinídeos, e apresenta grande potencial para a maricultura, pelo fato de ter rápido
crescimento, agregar, entre os bivalvos cultivados, alto valor comercial e devido principalmente a sua
excelente receptividade no mercado interno e externo (RUPP; BEM, 2003; RUPP, 1994). As espécies
nativas cultivadas são N. nodosus e E. ziczac, sendo que as tecnologias de larvicultura e engorda estão
sendo desenvolvidas principalmente nos estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina (RUPP, 1994).
Em escala comercial, o Rio de Janeiro vem se destacando como primeiro produtor nacional de vieiras
(ARAÚJO, 2007), seguido por Santa Catarina (ALBUQUERQUE; FERREIRA, 2006).
Na Venezuela, em cultivo experimental, temos N. nodosus e E. ziczac (VELEZ et al., 1995;
LODEIROS et al., 1998) e na Colômbia juntamente com A. nucleus (VELASCO, 2007). No Brasil
ainda existem mais duas espécies com potencial para cultivo: E. ziczac e Mimachlamys spp., cujo
processo de produção de sementes (larvicultura) encontra-se em desenvolvimento na Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e no Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande
(IEDBG/RJ). Bivalvos podem ser cultivados em sistemas suspensos (principalmente espinhel ou balsa),
que garantem melhor acesso ao alimento disponível na coluna d’água, ou em estruturas sobre o fundo
marinho (MENDOZA et al., 2003). No Brasil emprega-se principalmente o sistema de espinhel, onde
mexilhões são dispostos em cordas e vieiras e ostras em lanternas (Figura 02, item C), cujo tamanho de
malha e densidade de animais por piso variam segundo o tamanho do animal.
A família Pectinidae possui 400 espécies viventes. Elas ocorrem em todos os oceanos do mundo
desde os pólos até os trópicos. A maioria das espécies comercialmente importante ocorre em águas
próximas à costa na plataforma continental, mas podem ser encontradas também em águas de todas as
profundidades desde a zona intertidal até cerca de 7.000 metros de profundidade (BRAND, 2006).
Atinge comprimento máximo de 15cm, sendo o tamanho comercial de 5 a 6cm.
Dentre as espécies de bivalvos cultivados as vieiras são as que atingem maiores preços no
mercado (aproximadamente U$$ 2 bilhões gerados em 2004), embora em volume de produção
apresentem menor expressão, é 12ª família mais cultivada (FAO, 2006a). As espécies mais cultivadas
são: Argopecten irradians, A. purpuratus, P. yessoensis e P. maximus.
9
A)
C)
B)
Figura 02-Fazenda Marinha da Associação de Maricultores de Mangaratiba, RJ. (A) Sistema de cultivo
suspenso, denominado espinhel, em vista panorâmica. Bombonas brancas constituem o sistema de flutuação
do espinhel. (B) Estado do Rio de Janeiro em destaque o litoral sul. Ao longo do cabo mestre submerso ficam
dispostas as cordas de mexilhões, as lanternas com vieiras e ostras (C). Foto (A) arquivo do autor. Foto (C)
FIPERJ. Foto (B) MIRANDA; COUTINHO, 2009.
No Brasil, a família Pectinidae está representada por 6 gêneros e 16 espécies. Dentre estas,
destacam-se N. nodosus (= Lyropecten nodosus), E. ziczac e C. tehuelchus (d’Orbigny, 1846) (RIOS,
1994). No litoral brasileiro cultiva-se a espécie nativa N. nodosus (Figura 03), que é endêmica do
Oceano Atlântico e ocorre do mar do Caribe até o litoral de Santa Catarina (MINCHIN, 2003).
Figura 03. A Vieira Nodipecten nodosus, aspecto externo das valvas. Foto arquivo do autor.
Rupp e Parsons (2004) relataram que a espécie é moderadamente euritérmica (suporta entre 1628°C) e estenoalina, não suportando salinidades inferiores à 30. O indivíduo adulto é menos tolerante
às variações de temperatura e salinidade que as larvas e juvenis.
10
Essa espécie não suporta uma atividade extrativa intensa, pois naturalmente não forma
populações numerosas. Em função dessa característica biológica houve a necessidade de realizar a
reprodução da espécie em laboratório (larvicultura), com desenvolvimento de tecnologia para produção
em massa de sementes, e assim suprir a demanda por estes animais em cultivo (VELASCO et al.,
2007).
A reprodução de N. nodosus acontece naturalmente uma vez ao ano (geralmente entre outubro e
março), atingindo a maturidade sexual aos 6 meses. Mas, para a produção de sementes em escala
industrial há a necessidade de induzir a desova: por temperatura, estresse físico ou com uso de
hormônios (VELASCO; BARROS, 2007).
Em laboratório as matrizes (animais adultos maturos sexualmente, mas com gônadas vazias)
são submetidos à gradual elevação na temperatura e recebem alimentação rica em ácidos graxos
(composição de variadas microalgas). Sob essas condições o animal pode tornar-se fértil em 77 dias.
No entanto em ambiente natural o desenvolvimento gonadal acontece mais rapidamente, embora as
condições nutricionais sejam adversas (VELASCO; BARROS, 2007). Tal fato é aparentemente
contraditório, uma vez que a formação de gametas requer gasto energético. Porém N. nodosus
apresenta a capacidade de utilizar estoques energéticos localizados em sua glândula digestiva e em seu
músculo adutor, redirecionando as substâncias de reserva para a gametogênese (LODEIROS et al.,
2001).
No litoral do Rio de Janeiro a espécie teve sua população extremamente reduzida, devido à
captura indiscriminada. Atualmente o Projeto POMAR, do IEDBG/RJ, além de produzir sementes para
a maricultura, abastecendo vários estados brasileiros, também atua no repovoamento de N. nodosus no
litoral sul-fluminense (ZAGANELLI comunicação pessoal1).
3.1.3 Nodipecten nodosus
O molusco bivalvo N. nodosus, nativo do litoral brasileiro, ocorre no Oceano Atlântico, desde o
Sul da Península de Yucatan no México, ao longo do leste da América Central e Ilhas do Caribe,
Colômbia, Venezuela e, descontinuadamente, ao longo do litoral do Brasil, até o estado de Santa
Catarina. Desse modo, N. nodosus apresenta uma distribuição geográfica tipicamente tropical, sendo
que seu limite sul se da em águas subtropicais catarinenses (RUPP; PARSONS, 2006).
Dentre os moluscos bivalves o grupo dos pectinídeos se destaca por ser constituído de um
grande número de espécies, apresentar uma ampla distribuição geográfica, ocupando uma vasta gama
de habitats, e por serem importantes membros de uma variedade de comunidades bentônicas. São
animais extremamente proeminentes e atrativos, com muitas espécies de importância comercial, sendo
que sua carne é considerada uma iguaria em muitos países. Por essas várias razões, este grupo tem sido
alvo de intensa pesquisa científica (BRAND, 2006). Na costa brasileira N. nodosus não forma extensos
bancos naturais e sua captura indiscriminada quase levou a espécie à extinção em nosso litoral. Seu
cultivo tornou-se importante não apenas para suprir o mercado consumidor deste tipo de alimento, mas
também para proteger as populações naturais principalmente na baía de Ilha Grande, RJ1.
Moluscos bivalves são animais que vivem no domínio bentônico, estendendo sua ocorrência
desde a região entremarés até o infralitoral dependendo da espécie. Podem ser sésseis, ou seja, viver
fixados ao fundo (como mexilhões e ostras) ou vágeis, como as vieiras que podem se deslocar (HELM;
BOURNE, 2006). Vieiras ou coquiles pertencem ao Filo Mollusca, Classe Bivalvia (também
denominada Pelecypoda ou Lamellibranchiata) e a família Pectinidae. Caracterizam-se pela presença
de duas estruturas rígidas, constituídas por carbonato de cálcio denominadas valvas, que protegem a
1
José Luiz Zaganelli. Coordenador do projeto POMAR (Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía de Ilha Grande). Em 06
de outubro de 2008.
11
massa corporal mole, sem segmentação, comprimida lateralmente (LEAL, 2006). Ostras e mexilhões
também fazem parte desta classe de moluscos.
Bivalvos não apresentam cabeça como os demais moluscos, perderam rádula, tentáculos e olhos
provavelmente em função do estilo de vida séssil ou sedentário (LEAL, 2006). Toda sua massa
corpórea fica compreendida, e protegida, no interior das valvas, exceto expansões táteis do manto em
pectinídeo e ostras.
Segundo Rios (1994), N. nodosus é o maior dos pectinideos registrados para o litoral brasileiro.
Abaixo a classificação taxonômica da vieira objeto desta pesquisa.
Domínio: Eukaria
Filo: Mollusca
Classe: Bivalvia (Linnaeus 1758)
Ordem: Pteroida (Newwell 1965)
Família: Pectinidae (Rafinesque 1815)
Gênero: Nodipecten (Dall 1898)
Espécie: N. nodosus (Linnaeus 1758)
As valvas destes moluscos dividem-se sempre em direita e esquerda. Em Pteroida o animal
apóia-se no fundo sobre a valva direita, que pode ser acentuadamente convexa dependendo da espécie,
a esquerda apresenta ornamentações na forma de costelas radiais, com presença de nós bulbosos
dependendo da espécie na valva esquerda; o umbo é ladeado por um par de aurícolas, que podem ser
desiguais dependendo da espécie (Figura 04).
Figura 04. Valvas da Vieira Nodipecten nodosus. A) Valva esquerda, em
visão externa, exibindo costelas radiais e umbo em destaque; B) Valva
direita em visão interna, exibindo cicatriz única do músculo adutor, umbo
em destaque. Foto arquivo do autor.
O manto (Figura 05) é um tecido que reveste toda a valva internamente (exceto nas regiões onde
o músculo adere à concha); também é responsável pela secreção de carbonato de cálcio que compõe a
valva. Nos pectinídeos os tentáculos formados a partir de expansões do manto possuem pequenos
ocelos azuis, estruturas capazes de detectar luz e movimento (importantes para localizar a zona fótica e
possíveis predadores).
A respiração é realizada por um par de brânquias de estrutura laminar (cada par de
demibrânquias faz uma lamela branquial) que possuem células ciliadas. Localizam-se dentro das valvas
logo após o manto e entre elas encontra-se a massa visceral. O batimento dos cílios gera uma corrente
12
de água dentro do animal enquanto revestem de muco partículas de alimento (microalgas e matéria
orgânica particulada). Na porção anterior das brânquias localizam-se dois pares de palpos labiais.
Assim que o alimento filtrado nas brânquias chega até a boca do animal os palpos labiais selecionam
por tamanho o que será ingerido. O que for grande demais será eliminado como pseudofezes
(BENINGER; ST-JAMES, 1997).
Possuem trato digestivo completo com boca, esôfago curto, glândula digestiva, estilete
cristalino, intestino e ânus. No estilete há uma camada de mucoproteínas que liberam enzimas para a
digestão dos alimentos. Todos os bivalves alimentam-se de organismos planctônicos disponíveis em
suspensão na coluna d’água: microalgas (OGILVIE et al., 2000), bactérias, mesozooplâncton (ZELDIS
et al., 2004); mas também de matéria orgânica particulada (MOP). Podem filtrar muitos litros de água
do mar por hora dependendo de fatores bióticos (espécie de molusco, tamanho, estado fisiológico,
quantidade de alimento disponível, presença de toxinas) e abióticos (principalmente temperatura e
salinidade) (RESGALLA-JR. et al., 2007). Bivalvos frequentemente são predados por equinodermos
(NORBERG; TEDENGREN, 1995), peixes, polvos e platelmintos (O’CONNOR; NEWMANN, 2003).
O sistema muscular controla batimentos cardíacos, movimento de fechamento das valvas (a
abertura é mediada pelo resilium) e pequenos deslocamentos. As espécies são monomiárias (um único
músculo adutor localizado no centro da valva). O pé apresenta um sulco longitudinal ao longo do qual
escorre a proteína que se solidifica e dá origem aos filamentos do bisso (produzido por uma glândula
bissogênica localizada na base do pé), conforme Leal (2006). Essa estrutura se forma durante o final da
fase larvar (pedivéliger) e atua fundamentalmente quando a larva sofre a metamorfose abandonando a
vida livre planctônica para procurar um substrato bentônico (POLI, 2004).
A fecundação é externa. Os principais pectinídeos de interesse comercial, como Nodipecten
nodosus, são hermafroditas verdadeiros apresentando em um mesmo indivíduo gônada feminina (de
cor alaranjada) e masculina (de coloração branca) (Figura 05).
Resilium
Gônada
(testículo)
Músculo
adutor
Brânquias
Gônada
(ovário)
Manto
Figura 05. Anatomia interna de um molusco bivalvo pertencente à família Pectinidae, após a
remoção da valva esquerda.
Fonte: Copyright http://manger-la-mer.org
13
O sistema circulatório dos bivalvos é constituído pelo coração (pericárdio, composto por duas
aurícolas e um ventrículo) localizado dorsalmente, um conjunto de artérias e veias por onde circula o
sangue, denominado hemolinfa. O pigmento responsável pelo transporte dos gases é a hemocianina,
proteína cujo centro ativo é uma molécula de cobre, fazendo com que a hemolinfa não apresente
coloração. O pericárdio impulsiona a hemolinfa rica em oxigênio, em batimentos irregulares, à partir
do ventrículo através dos sistemas de artérias até a cavidade denominada seios. Nessa cavidade a
hemolinfa se espalha para toda a massa corpórea dos animais, constituindo assim um sistema
circulatório aberto. Ao retornar dos órgãos a hemolinfa volta ao seio, flui pelas veias passando pelo rim
e pelas brânquias (para a retirada dos excretas celulares e do CO2) e finalmente penetra no coração
através das duas aurícolas (BARRACCO; DA SILVA, 2008).
A hemolinfa de pectinídeos é constituída basicamente por hematócitos sem grânulos
(hialinócitos). Tais células desempenham variadas funções: reparo das valvas, transporte e digestão de
nutrientes e também o fundamental papel de atuar na defesa imunológica do bivalvo frente à
micropatógenos (bactérias, fungos, protozoários e microalgas) e à substâncias nocivas presentes na
água (CARBALLAL et al., 1997).
3.2 Análise Centesimal de Alimentos
Para se alcançar a segurança alimentar e nutricional dos alimentos, entre outros aspectos, é
fundamental o conhecimento da sua composição química. Tabelas de composição de alimentos são
guias importantes de consulta para profissionais que atuam no controle da qualidade dos alimentos e
que fazem a avaliação da ingestão de nutrientes de indivíduos ou populações. Autoridades de saúde
pública, por meio delas, podem estabelecer metas nutricionais e guias alimentares que levam a uma
dieta saudável. Epidemiologistas, nelas encontram subsídios, para estudarem a relação entre dieta e os
riscos de doenças. Seus dados podem orientar produtores e indústrias de alimentos no desenvolvimento
de novos produtos e apoiar políticas públicas de proteção ao meio ambiente e da biodiversidade.
Informações das tabelas são necessárias também para a rotulagem nutricional, a fim de auxiliar
consumidores na escolha dos alimentos. Em um mercado globalizado e competitivo, dados sobre a
composição de alimentos servem para promover a comercialização nacional e internacional de
alimentos (LIMA et al., 2006).
Consumidores, objetivando uma alimentação mais saudável, cada vez mais vêm se preocupando
com a qualidade nutricional dos alimentos. Em paises desenvolvidos alimentos comercializados
obrigatoriamente apresentam a rotulagem nutricional, onde estão contidos informações sobre todas as
quantidades dos nutrientes disponível no produto (MATHEW et al., 1998). Através da RDC no 360, de
23 de dezembro de 2003, no Brasil é regulada essa obrigatoriedade (BRASIL, 2003).
As ostras e os mexilhões, dentre os moluscos bivalves, são os mais populares utilizados na
culinária. Dados de análise e valores de composição de lipídios e proteínas são insuficientes e
controversos (MILETIC et al., 1990). Para Vincenzi A. (2009) como moluscos marinhos apresentam
distintos valores de composição química, diferentes origens de produção e são freqüentemente
consumidos como alimentos, a sua identificação adequada nas tabelas de composição nutricional é de
grande importância.
A avaliação química dos moluscos bivalvos é motivada também devido ao fato que para a
mesma espécie a composição química do pescado pode variar bastante devido a características
ambientais, ou ainda abundância e tipo de alimento disponível aos organismos. Para Rocha (1982) essa
variação de uma região para a outra e o uso de valores da composição obtidos somente através de
literaturas podem gerar erros na avaliação de consumo de nutrientes, podendo acarretar danos à saúde
humana, fazendo com que seja necessário proceder à análise de alimentos locais.
14
3.2.1 Proteínas: estrutura, função e importância na saúde humana.
As proteínas, cujo nome deriva da palavra grega "proteios", que significa “primeiro” ou “mais
importante” são as macromoléculas orgânicas mais abundantes e importantes nas células e perfazem
mais da metade do peso seco de muitos organismos. São encontradas em todas as partes de todas as
células, uma vez que a maior parte das funções celulares são ditadas por informação genética e
expressadas pelas proteínas. Elas pertencem à classe dos peptídeos, pois são formadas por aminoácidos
ligados entre si por ligações peptídicas covalentes (união do grupo amino de um aminoácido com o
grupo carboxila de outro aminoácido, através da formação de uma amida). Existem 20 tipos diferentes
de aminoácidos (unidades estruturais de uma proteína), cada qual com diferentes propriedades
químicas. Entretanto, estes aminoácidos nunca ocorrem em quantidades iguais nas proteínas;
modificando-se sua quantidade e/ou sequência teremos diferentes proteínas (ALBERTS et al., 1999).
As proteínas são formadas de cadeias polipeptídicas muito longas, tendo de 100 a mais de 2000
resíduos de aminoácidos unidos por ligações peptídicas. A seqüência repetitiva de átomos ao longo da
cadeia é designada como esqueleto polipeptídico. Ligados a essa cadeia repetitiva estão as cadeias
laterais dos diferentes aminoácidos, a parte da molécula dos aminoácidos que não está envolvida na
ligação peptídica e que confere a cada aminoácido suas características próprias. Alguns são apolares e
hidrofóbicos, outros são negativo ou positivamente carregados, alguns são mais reativos e outros são
quase inertes, e assim por diante. Cada tipo de proteína é diferente quanto à sua seqüência e número de
aminoácido, assim, é a seqüência de cadeias laterais quimicamente distintas que faz cada proteína ser
distinta das demais. As duas extremidades de uma cadeia polipeptídica são quimicamente diferentes: a
extremidade que possui o amino grupo livre (NH3+, também representado como NH2) é o amino- ou Nterminal, e a que possui o grupo carboxila livre (COO-, também representado como COOH é o carboxiou C-terminal (Figura 06). A seqüência de aminoácidos de uma proteína é sempre apresentado do Npara o C-terminal, lendo-se da esquerda para a direita (ALBERTS ibid.).
Figura 06. Formação de um dipeptídeo mostrando a ligação peptídica.
Fonte: adaptado de Alberts et al., 1999.
As proteínas também podem ser divididas em duas grandes classes com base em sua forma e
certas características físicas: proteínas globulares e proteínas fibrosas. Nas proteínas globulares a
cadeia, ou cadeias polipeptídica (s) está (ão) fortemente enrolada(s) em uma forma globular ou esférica.
Elas usualmente são solúveis em sistemas aquosos e se difundem facilmente; a maioria tem função
móvel ou dinâmica. Quase todas as enzimas são proteínas globulares, como também o são as proteínas
sanguíneas de transporte, os anticorpos e as proteínas de reservas nutritivas. As proteínas fibrosas
são moléculas insolúveis em água, compridas e filamentosas, com a cadeia polipeptídica estendida ao
longo de um eixo ao invés de enrolada em forma globular. A maioria das proteínas fibrosas tem função
estrutural ou protetiva. Proteínas fibrosas típica são a α-queratina do cabelo e da lã, a fibroina da seda e
o colágeno dos tendões. Ainda nesta classe de proteína filamentosa podem ser incluídas as proteínas
actina e a miosina que participam do processo de contração muscular e os protofilamentos constituintes
dos microtúbulos. Algumas proteínas apresentam outros componentes químicos, em adição aos
aminoácidos são chamadas proteínas conjugadas. A porção não constituída por aminoácidos de uma
proteína conjugada é usualmente chamada grupo prostético dessa proteína. As proteínas conjugadas são
15
classificadas com base na natureza química de seus grupos prostéticos: lipoproteínas, glicoproteínas e
metaloproteinas. Notoriamente o grupo prostético das proteínas desempenha importante papel na sua
função biológica (VOET; VOET, 1995).
Os seres vivos, em geral, contêm centenas ou milhares de proteínas diferentes, cada uma com
uma função ou atividade biológica diferente. A importância das proteínas, entretanto, está relacionada
com suas funções no organismo, e não com sua quantidade. Todas as enzimas conhecidas, por
exemplo, são proteínas; muitas vezes, as enzimas existem em porções muito pequenas. Mesmo assim,
estas substâncias catalisam todas as reações metabólicas e capacitam aos organismos a construção de
outras moléculas - proteínas, ácidos nucléicos, carboidratos e lipídios - que são necessárias para a vida
(ALBERTS et al., 1999).
Dessa forma quase todos os fenômenos que ocorrem nas células envolvem uma ou mais
proteínas. O papel central ocupado por elas é evidenciado, por exemplo, no fato de que a informação
genética é, em última instância, expressa como proteínas. Existem aproximadamente 300 aminoácidos
conhecidos na natureza, dos quais apenas vinte são comumente encontrados nos sistemas biológicos
como constituintes de proteínas de mamíferos. Aqueles não sintetizados pelo organismo, sendo,
portanto necessária a ingestão dos mesmos através da alimentação, são denominados, essenciais
(LEHNINGER, 1995). Estes aminoácidos essenciais podem ser encontrados nos bivalvos e em outros
tipos de pescado de uma maneira geral, fazendo com que este tipo de alimento sirva como uma fonte
importante destes nutrientes (MORAIS et al., 1978; ANTUNES; ITO, 1968).
3.2.2 Ácidos graxos: estrutura, função e importância na saúde humana.
Os lipídeos têm como principal componente estrutural os ácidos graxos, que conferem suas
propriedades gerais. Os ácidos graxos apresentam, normalmente, números pares de átomos de carbonos
sem ramificações, exceção feita aos ácidos graxos bacterianos que são ímpares e ramificados
(GONZÁLEZ, 2003). Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos alifáticos de cadeia longa obtidos a
partir da hidrólise de gorduras e óleos naturais, na maioria dos casos. Estes ácidos apresentam como
característica fundamental uma função ácida, de natureza carboxílica e hidrófila em uma da
extremidade da cadeia, e uma cadeia parafínica hidrófoba na outra (Figura 07).
Figura 07. Estrutura do ácido carboxílico. Porção hidrofóbica,
Quanto maior o n, menos solúvel sendo que acima de 8 carbonos, o
ácido graxo é totalmente insolúvel. Porção hidrofílica, solúvel em
água. Em pH intracelular (7,0) dissocia-se formando um ânion COO-.
Fonte: www.geocities.com
Os ácidos graxos, conforme a cadeia hidrocarbonada, são classificados em: saturados (sem
duplas ligações) e insaturados (contendo uma ou mais duplas ligações). As duplas ligações, na cadeia
de carbono dos insaturados permitem uma modificação espacial na sua estrutura, promovendo desta
16
forma seu dobramento no plano e conferindo-lhes um arranjo mais fraco das moléculas, o que facilita a
sua dissociação e lhes conferem o estado físico mais liquefeito em relação ao ácido graxo saturados de
número de carbonos correspondente. Os Quadros 02 e 03 ilustram respectivamente, os ácidos graxos
saturados e insaturados encontrados em óleos e gorduras comestíveis e alimentos.
Quadro 02. Ácidos graxos saturados.
Ácidos graxos
Nome comum
Nome químico
C4:0
Butírico
Butanóico
C6:0
Capróico
Hexanóico
C8:0
Caprílico
Octanóico
C10:0
Cáprico
Decanóico
C12:0
Láurico
Dodecanóico
C14:0
Mirístico
Tetradecanóico
C16:0
Palmítico
Hexadecanóico
C18:0
Esteárico
Octadecanóíco
C20:0
Araquídico
Eicosanóico
C22:0
Behênico
Docosanóico
C24:0
Lignocérico
Tetracosanóico
C26:0
Cerótico
Hexacosanóico
Fonte: NEPA-UNICAMP, 2006; BELITZ;GROSCH, 1987; SONNTAG, 1979.
Quadro 03. Ácidos graxos insaturados
Ácidos graxos
Nome comum
Nome químico
C12:1
Lauroléico
Dodecenóico
C14:1
Miristoléico
Tetradecenóico
C16:1
Palmitoléico
Hexadecenóico
C18:1
Oléico
Octadecenóico
C18:2
Linoléico
Octadecadienóico
C18:3
Linolênico
Octadecatrienóico
C18:4
Parimárico
Octadecatetraenóico
C20:1
Gadoléico
Eicosenóico
C20:2
-
Eicosadienóico
C20:3
-
Eicosatrienóico
C20:4
Araquidônico
Eicosatetraenóico
C20:5
Timnodônico
Eicosapentaenóico (EPA)
C22:1
Erúcico
Docosenóico
C22:5
clupanodônico
Docosapentaenóico (DPA)
C22:6
-
Docosahexaenóico (DHA)
C24:1
Nervônico
Tetracosenóico
C18:1t
Elaídico
Trans-octadecenóico
C18:2t
-
Trans-octadecadienóico
Fonte: NEPA-UNICAMP, 2006; BELITZ;GROSCH, 1987; SONNTAG, 1979.
17
Ômega-3 e ômega-6 são duas famílias de ácidos gordurosos poliinsaturados (PUFA), cada uma
representada por um ácido essencial: o AAL (C18:3n-3, série ômega-3) e o AL (C18:2n-6, série
ômega-6). Estes ácidos graxos estão presentes nos alimentos e o seu conhecimento é de grande
importância, pois a eles são atribuídos numerosos benefícios à manutenção do organismo humano.
Sabe-se que o ácido alfa-linolênico e o acido linoléico, por alongamento e dessaturação, são capaz de
gerar outros ácidos essenciais de cadeias mais longas, como os ômegas-3: EPA (C20:5n-3) e DHA (
C22:6n-3) que são conhecidos como ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa (AGPICL)
(BELDA; POURCHET-CAMPOS, 1991).
Alguns ácidos graxos são sintetizados por animais, porém outros não. Os ácidos graxos
essenciais (linolênico, linoléico e araquidônico) não são sintetizados em organismos animais, devendo
ser fornecidos pela alimentação (HOFFMANN, 1989; GUNSTONE; NORRIS, 1983). Tem-se
conhecimento que, desde que haja suprimento adequado de ácido linoléico na dieta, o ácido
araquidônico (ARA- C20:4n-6, ômega-6) pode sofrer síntese dentro do organismo animal. O fato dos
ácidos linoléico e araquidônico possuírem em comum uma dupla ligação entre os carbonos 6 e 7 (série
linoléica ou n-6) possibilita a síntese do ácido araquidônico à partir do linoléico, mas não o inverso.
Entretanto o ácido graxo alfa-linolênico possui duplas ligações entre os carbonos 3,4 e 6,7 (série
linolênica ou n-3) da cadeia alifática (ROSA, 1999). Os vegetais, além de fazer a síntese do ácido
linoléico, são capazes de convertê-lo em alfa-linolênico, pela ação de enzimas que originam dupla
ligação na posição ∆15 (NAKAMURA, et al., 2004), o que não é possível nos mamíferos, pois o
metabolismo animal não tem capacidade de dessaturar para a extremidade metila. Os poliinsaturados
devem estar em quantidades suficientes na alimentação humana para suprir a demanda orgânica no
organismo. Estes ácidos graxos, essenciais para os animais, são sintetizados apenas pelos vegetais.
Todos os mamíferos podem sintetizar ácidos graxos a partir de acetil coenzima A. O produto final da
enzima ácido graxo sintetase é o ácido palmítico (C16:0), o qual pode ser alongado a ácido esteárico
(C18:0) que é precursor do ácido monoinsaturado oléico (C18:1) (HOMSTRA, 2002; SWENSON;
REECE, 1996). A diferença estrutural entre o três AGPICL das séries ômega-6 e ômega-3 estão
ilustradas na figura 08.
FIGURA 08. Diferenças estruturais entre ácidos graxos das séries ômega-3 e ômega-6.
Fonte: MURRAY et al., 1994.
Os lipídeos contidos nos peixes têm sido estudados por muito tempo, principalmente os das
partes comestíveis como músculos. Os PUFA’s particularmente o EPA e o DHA têm sido
demonstrados uma variedade de efeitos benéficos para a saúde humana e nutricional na área do
desenvolvimento cerebral fetal e prevenção de câncer (BERGE; BARNATHAN, 2005; ARTS et al.,
2001). Peixes são reconhecidamente uma excelente fonte de PUFA, particularmente da série ômega-3,
porem são incapazes de sintetizar os outros ácidos essenciais que são obtidos ingerindo plantas
marinhas (fitoplâncton), assim como outros animais que os obtém ingerindo plantas da terra (BERGE;
BARNATHAN op cit.; CALDER; BURDGE, 2004; LI et al., 2003; ARTS ibid.; BUTOLO, 2001 ).
18
Sabe-se que o AAL de óleos vegetais, como os de linhaça, de soja e de canola, representa uma
das fontes AGPICL, entre eles, o EPA e o DHA. Entretanto, a grande fonte destes ácidos reside nos
alimentos de origem marinha. Os ácidos graxos poliinsaturados da série ômega-3 estão presentes em
concentrações relativamente significantes nos peixes de água fria e das regiões temperadas ou
subtropicais (salmão, bacalhau, arenque, entre outros). Porém, tem-se conhecimento que estas
concentrações dependem da composição do plâncton local (BUTOLO, 2001; LOTTEMBERG, 1992).
Para Barlow; Pike (1991) determinadas microalgas marinhas, por exemplo, apresentam
quantidades relevantes de PUFA em sua composição (Quadro 04).
Quadro 04. Percentuais de ácidos graxos PUFA´s em microalgas marinhas.
Ácido graxo
Chlorella minutíssima
Nannochloris coccoides
Chlorella spp.
Chlorella vulgaris
C18:3n-3 / AAL
0,1
0,1
0,2
traços
C20:4n-6/ ARA
-
traços
-
-
C20:5n-3/ EPA
27,3
37,8
27,8
26,6
C22:5n-3/ DPA
-
-
1,7
-
C22:6n-3/ DHA
-
-
0,5
-
Fonte: Watanabe (1987).
Nos dias atuais há uma grande demanda para o conteúdo de ácidos graxos, e principalmente os
de fontes de PUFA’s para usos diversos na alimentação humana, nutracêuticos e farmacêuticos
(BERGE; BARNATHAN ibid.; ARTS ibid.;). Devido o declínio do estoque pesqueiro, a investigação
nutricional de espécies marinhas pouco exploradas e um melhor uso de sua carne tornam-se
imprescindível (BERGE; BARNATHAN ibid.).
Aos poliinsaturados EPA e DHA são atribuídos vários efeitos benéficos, como: controle de
problemas cardíacos, vasculares prevenindo ou amenizando fatores de risco dessas moléstias; exercem
ação imunológicas e antiinflamatórias, principalmente no caso de asma, artrite reumatóide e
autoimunidade; servem como fonte de energia e componentes estruturais das membranas celulares
(BELDA; POURCHET-CAMPOS, 1991).
Na década de 1970, trabalhos epidemiológicos atribuíram aos ácidos graxos poliinsaturados
(PUFA) o efeito protetor a certas fontes lipídicas no desenvolvimento de aterosclerose. Os estudos
iniciaram com a comparação da alimentação dos esquimós, rica em ácido ômega-3, onde a população
apresenta baixíssima incidência de disfunções cardiovasculares e a dos dinamarqueses, com números
superiores para este tipo de ocorrência. Percebeu-se, então, que a diminuição do risco destas doenças
estava relacionada com a síntese de prostanóides, evitando a trombose (CALDER, 1998; SINCLAIS,
1953). A proteção cardiovascular conferida pelos ácidos graxos EPA e DHA deve-se a capacidade
desses ácidos em diminuir os triglicerídeos séricos levando à sua conversão a compostos chamados
eicosanóides, que apresentam ação direta sobre a fisiologia do sistema vascular e interferem na
produção de prostaglandinas, moléculas envolvidas na cascata de coagulação sanguínea, diminuindo o
risco de formação de trombos (JONES; KUBOW, 2003; KRUMMEL, 2002).
Uma vez convertido o ácido linoléico em ácidos graxos poliinsaturados de cadeia mais longa
que o ARA, os animais podem metabolizá-los em outros ácidos graxos de cadeia longa importantes,
que atuam como mediadores biológicos. Entre eles se incluem as prostaglandinas. As prostaglandinas
funcionam como hormônios e são importantes na reprodução (estão altamente concentradas no fluído
seminal), contrações musculares, transmissão de impulsos nervosos e controle da pressão sanguínea.
19
Sabe-se também que as prostaglandinas inibem a resposta imune nos animais, razão pelo qual, altos
níveis de ômega-6 na dieta estejam relacionados à diminuição da resposta imunológica das aves e de
outros animais (BUTOLO, 2001). Todavia ainda não está totalmente esclarecido as funções das
prostaglandinas.
Estudos mostram que o consumo de óleo de peixe, peixe e moluscos auxiliam na redução dos
triglicerídeos sanguíneos (ROCHE; GIBNEY, 2000), diminui o risco de derrame cerebral (HE et al.,
2003), reduz o risco de infarto do miocárdio (YUAN et al., 2001), diminui o risco de doenças
coronarianas (WHELTON et al., 2004) e aumenta a quantidade de ácidos graxos DHA no leite materno
(GAETE; ATALAH, 2003).
Estudo com 4738 adultos (> 65anos), saudáveis, durante 12 anos mostrou que o consumo de
peixe (não frito) e de ácidos graxos ômega-3 está inversamente associado à incidência de insuficiência
cardíaca súbita (MOZAFFARIAN et al., 2005).
Para Lottemberg (1992) estudos fundamentais sobre nutrição humana demonstraram que os
indivíduos que se alimentam de produtos contendo ômega-3, principalmente EPA e DHA, apresentam
o nível de colesterol reduzido, embora ainda não esteja muito claro como os ácidos graxos insaturados
suprimem as atividades dos receptores de LDL, que estão negativamente correlacionados com o risco
de doenças cardiovasculares.
A redução do colesterol pelos PUFA’s foi demonstrada em alguns trabalhos, mesmo sem o
esclarecimento total dos mecanismos, através de evidências como inibição da síntese endógena de
colesterol, aumento da taxa de esterificação do colesterol, aumento da excreção de colesterol na bile e
aumento da síntese de sais biliares (GARG; WIERZBICKI, 1989).
O DHA, por ser altamente insaturado, atua influenciando as propriedades físicas das membranas
cerebrais, as características dos seus receptores, as interações celulares e a atividade enzimáticas. Com
o envelhecimento do indivíduo, há um aumento do estresse oxidativo, que atua reduzindo os níveis do
ADH e do ARA no cérebro. Esse processo resulta em um aumento na proporção de colesterol no
cérebro e possibilita a probabilidade de ocorrência de doenças como Alzheimer, Parkinson e esclerose
lateral amiotrófica (SIMONIAN at al., 1996).
Segundo a FAO (1980) a quantidade média diária recomendada de ácido alfa-linolênico na dieta
de humanos é 0,5% do total da energia exigida por dia, sendo que 1g deve ser de EPA + DHA, para se
obter os efeitos clínicos desejados. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda o consumo de
4g.dia-1 de ácidos graxos ômega-3 para auxiliar na diminuição dos triglicerídeos sanguíneos
(LOMBARDO; CHICCO, 2006; SANTOS, 2001). Os ácidos graxos EPA e DHA em especial, além de
participarem da regulação do sistema imune têm influência sobre a ação da insulina (LOMBARDO;
CHICCO, ibid.; POMPÉIA et al., 1999). Eles também mostram efeito benéfico na prevenção de vários
tipos de câncer (CURI et al., 2002).
O ácido araquidônico tem grande importância nos primeiros meses de vida, sendo constituinte
de estruturas celulares e precursores de mediadores inflamatórios (SCHMEITS et al., 1999) O DHA é
considerado o AGPICL mais importante no desenvolvimento neonatal e juntamente com o ARA são os
principais componentes dos ácidos graxos cerebrais (VALENZUELA; NIETO, 2003; INNIS et al.,
2001).
O estudo da possível presença de ácidos graxos poliinsaturados, principalmente os da família
ômega-3, aos quais são atribuídos diversos efeitos benéficos ao organismo humano, é de extrema
importância para o conhecimento do valor nutricional de um dado alimento. As informações geradas
podem ser utilizadas pela indústria alimentícia no processamento, conservação e rotulagem de
produtos; por serviços médicos, em especial nutricionistas, para recomendação dos alimentos na dieta
de seus pacientes e pelo público em geral (TORRES et al., 2000; HOLDEN, 1997).
20
3.3 Componentes Bioquímicos na Carne e o Metabolismo dos Bivalvos
Vários estudos mostram que a composição bioquímica dos frutos do mar (peixes, crustáceos,
moluscos) é influenciada por fatores relacionados ao animal (espécie, sexo, grau de maturação sexual e
tamanho) e fatores extrínsecos (temperatura da água, local de cultivo, disponibilidade de alimentação)
(ABAD et al., 1995; KARAKOLTSIDIS, 1995; PIGOTT; TUCKER, 1990) e estação do ano
(TRAMONTE et al., 2005; SAUCEDO et al., 2002; LINEHAN et al., 1999; SORIGUER et al., 1996;
KARAKOLTSIDIS, ibid.; RUIZ et al., 1992; PIGOTT; TUCKER, ibid.).
Para moluscos bivalvos marinhos a composição bioquímica dos diferentes constituintes da
carne do animal (manto, brânquias, glândula digestiva, músculo e gônadas) varia principalmente
segundo a disponibilidade de alimento (composição da comunidade fitoplanctônica) e da sazonalidade
(por causa da temperatura), que influencia principalmente a desova (HELM; BOURNE, 2006). Mesmo
assim a glândula digestiva é o órgão com maior percentual de lipídeos, seguido pelas gônadas. Os
maiores percentuais de proteínas encontram-se geralmente no tecido muscular. As gônadas apresentam
maior variação sazonal na sua composição bioquímica, em função do ciclo reprodutivo dos animais. Já
os tecidos musculares para a maioria das espécies não apresentam variação, sempre mantendo altos
percentuais de proteínas. N. nodosus apresenta estoque de carboidratos no músculo adutor no período
que antecede a gametogênese (LODEIROS et al., 2001). Barber; Blake (1985) em experimentos com
14
C incorporado em frações de carboidratos, lipídeos e proteínas verificaram que a proporção destes
constituintes bioquímicos na glândula digestiva, músculo adutor e gônadas da vieira A. irradians
variaram sazonalmente em conjunto com a gametogênese.
Nodipecten nodosus em águas venezuelanas reproduz-se naturalmente uma vez ao ano
(geralmente entre outubro e março), atingindo a maturidade sexual aos 6 meses (VELASCO;
BARROS, 2007). A desova de moluscos bivalvos geralmente é induzida por temperatura ou estresse
ambiental. O indivíduo somente é considerado adulto após iniciar seu processo de gametogênese; N.
nodosus cultivado em Mangaratiba apresentou-se precocemente apto a reproduzir-se, aos 4 meses de
cultivo, com tamanho médio de 5cm (FERREIRA et al., 2009).
Várias espécies de pectinídeos podem acumular reservas (principalmente na forma de
glicogênio) no músculo e na glândula digestiva e posteriormente utilizá-la na maturação dos gametas
(LODEIROS et al., 2001). Durante a maturação dos gametas algumas espécies apresentam maior
necessidade de uma dieta alimentar rica em lipídeos poliinsaturados, fundamentais para uma boa
produção de gametas e de larvas de qualidade (DUINKER et al., 2004).
Embora haja grande interesse médico e nutricional sobre composição química nutricional e de
ácidos graxos de sua fração lipídica (ômega-3 e ômega-6) presentes nos alimentos de origem marinha,
não há informações pertinentes à composição química nutricional de N. nodosus cultivados no Litoral
Sul do Rio de Janeiro e sim apenas, poucos relatos encontrados em relação à composição química
nutricional de outros moluscos cultivados, como o mexilhão P. perna, cultivados em Ubatuba no litoral
de São Paulo (FURLAN et al., 2007).
3.3.1 Relação entre proteinas, taxa de crescimento e reprodução
O crescimento de moluscos bivalvos é reflexo de um balanço entre o ganho de energia através
da alimentação e seu gasto (metabolismo interno). Quando esse balanço tende ao crescimento (é
positivo) a energia é empregada no crescimento somático (formação de massa corpórea) e
posteriormente na maturação gonadal (gametogênese). Tal situação ocorre quando o animal encontra-se
em um contexto ambiental equilibrado, onde variáveis abióticas (principalmente a temperatura) e
bióticas (quantidade e qualidade do alimento, ausência de parasitos, controle dos competidores)
encontram-se dentro do ótimo para o desenvolvimento do molusco. Em situações ambientais adversas o
21
gasto metabólico reduz drasticamente as taxas de crescimento (RESGALLA-JR et al., 2007). Dessa
forma para otimizar o crescimento e ganho de peso do animal deve-se atentar para a correta escolha do
local onde se instalará o cultivo e da espécie a ser criada, o tipo de estrutura a ser utilizado e a
densidade correta de animais, o manejo adequado para cada espécie e respeitar a capacidade de suporte
do ambiente (LAING; SPENCER, 1997).
O aproveitamento da carne dos animais varia segundo a espécie e as exigências do mercado
consumidor. Mexilhões e ostras geralmente são consumidos inteiros enquanto que das vieiras
consomem-se apenas o músculo adutor ou este acompanhado das gônadas (FAO, 2006b). O peso da
massa corpórea de bivalvos é altamente influenciado pela maturação gonadal: daí a importância de
conhecer os períodos de desova para retirar os animais antes que liberem seus gametas, maximizando
assim a produtividade da fazenda marinha. Essa variação na massa corpórea pode ser mensurada
através do cálculo do Índice de Condição, que é modulado pelo ciclo reprodutivo dos animais (LI et al.,
2008; ORBAN et al., 2002; LODEIROS et al., 2001).
Organismos aquáticos vivem em um ambiente denso (meio aquoso) que lhes dá sustentação e
seus corpos não necessitam de estruturação rígida como a de um organismo terrestre. Estes que vivem
envoltos em um ambiente menos denso (atmosfera) necessitam, portanto, de estruturas que sustentem
seu porte ereto, como ossos fortes ou celulose. Invertebrados aquáticos, como moluscos bivalvos,
apresentam de forma geral rápido crescimento e sua constituição bioquímica é predominantemente
protéica, resultando em um corpo de textura macia e extremamente úmida (SCHMIEGELOW, 2004).
Em moluscos bivalvos as proteínas constituem o componente bioquímico majoritário desde a
fase larvar, como por exemplo, para as vieiras P. maximus (CHRISTOPHERSEN; LIE, 2003) e P.
yessoensis (WHYTE et al., 1987). Esta mesma tendência continua considerando-se diversos bivalvos
adultos como as ostras de mangue C. rhizophorae (MARTINO; CRUZ, 2004; PEDROZA;
COZZOLINO, 2001) e C. brasiliana (PORTELLA, 2005), a ostra do pacífico C. gigas (PARISENTI,
2006), o berbigão ou vôngole A. brasiliana (AVEIRO, 2007; PEDROZA; LIRA et al., 2004;
COZZOLINO, 2001), o sururu M. falcata (LIRA et al., 2004) e o mexilhão P. perna (FURLAN et al.,
2007).
Em moluscos bivalvos a maior parte do conteúdo protéico localiza-se no sistema muscular.
Pectinídeos apresentam um único músculo adutor, composto de duas porções: estriada (principal) e lisa.
Vieiras apresentam musculatura estriada, constituída principalmente pelas proteinas miosina e
tropomiosina (HASHIMOTO; WATABE, 1976). Em vieiras, como exemplo Placopecten magellanicus,
a musculatura estriada é a responsável pela capacidade de emitir jatos d’água que possibilitam-lhes
nadar (RALL, 1981). A musculatura lisa, composta por filamentos curtos e finos, é composta quase que
exclusivamente de paramiosina (YAZAWA; KAMIDOCHI, 1999). Outra importante função das
proteínas, mas aquelas presentes no manto dos bivalvos é a mediação das reações de biomineralização
entre compostos inorgânicos de carbonato de cálcio (calcita e aragonita) e a matriz orgânica para a
formação das conchas que protegem o corpo dos bivalvos (SARASHINA; ENDO, 1998). Comparandose quantitativa e qualitativamente as proteínas presentes na carne do pescado e dos demais produtos de
origem animal, considera-se o pescado como superior em qualidade. Pois o pescado apresenta a mesma
proporção de protídios que a carne bovina, suína e de aves, porém com menor percentual de tecido
conjuntivo, protídios de baixa qualidade, o que lhe confere melhor digestibilidade (BADOLATO,
1994).
Considerando-se as diferenças de constituição bioquímica entre os diferentes órgãos do animal
durante a fase adulta, bivalvos apresentam o maior percentual de proteínas em seus músculos adutores,
como por exemplo, para a vieira japonesa P. yessoensis (TSUJI; NISHIDA, 1988). Porém esse
constituinte bioquímico pode ser metabolicamente desviado para as gônadas (assim como também
ocorre com os lipídeos) durante o período reprodutivo. A energia direcionada à maturação das gônadas
(principalmente a feminina) pode afetar o desenvolvimento do músculo adutor e, consequentemente, os
22
percentuais de proteínas neste órgão. Conforme visto no experimento conduzido por Ruiz-Verdugo et
al. (2001) com a vieira Argopecten ventricosus: vieiras estéreis apresentaram maiores músculos
adutores que as sexualmente ativas e não exibiram queda na concentração de proteínas durante a
gametogênese vista no segundo grupo. Outros bivalvos como, Cyclina sinensis (YAN et al., 2010), a
vieira E. ziczac (BOADAS et al., 1997) e Tapes philippinarum (KAZUO, 1979), também exibiram o
deslocamento de proteínas do músculo adutor para as gônadas durante a gametogênese.
Durante a produção dos gametas a quantidade de alimento fornecido, mas sobretudo sua
qualidade são fundamentais para a produção de gametas de qualidade e assim garantir o sucesso
reprodutivo de pectinídeos. Uma dieta rica em proteínas (ou a migração para as gônadas de proteínas
presentes em outros tecidos como músculo ou glândula digestiva) garante para vieiras aumento da
fecundidade das fêmeas e faz com que os animais atinjam a maturidade sexual mais cedo, como
acontece, por exemplo, com a vieira chilena A. purpuratus (URIARTE et al., 2004).
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Área de Estudo
A baía de Sepetiba encontra-se localizada no litoral sudeste do estado do Rio de Janeiro
abrangendo em seu perímetro os municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí e Mangaratiba. Esta baía
funciona como um sistema estuarino parcialmente misturado apresentando águas menos salinas e mais
quentes durante a maré baixa na parte mais próxima à costa e águas mais frias e mais salinas em
direção ao largo (SIGNORINI, 1980).
Encontram-se na baía unidades paisagísticas diferenciadas: uma ilha barreira (restinga da
Marambaia), uma laguna costeira (baía de Sepetiba), um pequeno delta fluvial (delta do rio Guandu) e
uma área de planície de maré (Guaratiba) parcialmente colonizada por manguezais (MOURA et al.,
apud PORTUGAL; SOARES, 1999).
A baía de Sepetiba juntamente com suas áreas de mangue e zonas estuarinas constitui um
criadouro natural para espécies marinhas. Dado à sua condição bem abrigada ao longo da costa
brasileira, e seu histórico de região marisqueira, a baía é naturalmente um local propício para o
desenvolvimento de ostras, mexilhões, vieiras, camarões e peixes, sendo a atividade pesqueira um
importante suporte econômico e social para esta região (BASTOS et al., 2004).
A fazenda marinha, disponibilizada para a presente pesquisa localiza-se na Ponta da Passagem,
na ilha Guaíba ( Figuras 09).
Figura 09. Área de estudos. Baía de Sepetiba, localizada no litoral sudeste do estado do Rio de Janeiro.
Ilha Guaíba, município de Mangaratiba.
Fonte: Detalhe da carta náutica 1621 ER1, 2ª edição, 22 de março de 2004. Diretoria de Hidrografia e
Navegação da Marinha do Brasil. Escala 1:5000. A seta assinala o local onde foi instalado o experimento.
23
A ilha Guaíba encontra-se 1,6 Km à frente do bairro de Engenheiro Junqueira no município de
Mangaratiba a aproximadamente 4,0 km do centro da sede do município. Esta fazenda marinha
pertence à Associação de Maricultores de Mangaratiba (AMAR), que a utiliza comercialmente desde o
ano de 2005. Nela encontravam-se em atividade dez espinhéis (Figura 10) onde são cultivados
mexilhões Perna perna e vieiras Nodipecten nodosus (PEREIRA, 2008).
Figura 10. Fazenda marinha da Associação de Maricultores
de Mangaratiba (AMAR) na ilha Guaíba. Foto: PEREIRA
(2008).
A área onde se encontra a instalação das estruturas de cultivo atende a requisitos que são
fundamentais para a eficácia da produção desses organismos. Localiza-se fora das principais rotas de
navegação marítima, evitando assim danos causados por embarcações, aumento da turbidez da água e
prejuízo à nutrição dos organismos. A proximidade do cultivo ao litoral facilita a reposição de material,
reduz o tempo de transporte e facilita a manutenção da espécie e o escoamento do produto. O local é
abrigado da ação de agentes naturais como ventos e ondulações do quadrante sul-sudoeste; está distante
da saída de rios, não ocorrendo, portanto, variações extremas de salinidade que provocariam plasmólise
e morte celular; tem profundidade entre 5 e 15 metros e temperaturas amenas entre 18° e 25° C
(FERREIRA, 2009). A área possui disponibilidade de nutrientes e luminosidade, o que favorece o
rápido crescimento de microalgas que constituem a base da cadeia alimentar (FERREIRA, 2004).
O Quadro 05 indica as coordenadas geográficas da área de cultivo. O espinhel usado no cultivo
das vieiras, para este experimento, localiza-se dentro da área, cujo perímetro foi demarcado pelas linhas
imaginárias que ligam as quatros bóias.
Quadro 05. Posições geográficas da área de maricultura da AMAR,
Mangaratiba, RJ.
Bóia
Latitude
Longitude
1
22°59’47”S
44°02’11”W
2
22°59’52”S
44°02’16”W
3
22°59’51”S
44°02’20”W
4
22°59’46”S
44°02’14”W
Fonte: adaptado de PEREIRA (2008).
24
A baía de Sepetiba apresenta-se, em sua porção mais interna (Coroa Grande, Ilha da Madeira,
Sepetiba, Pedra de Guaratiba) altamente impactados tanto por aporte de esgoto in natura, quanto por
efluentes industriais (FEEMA, 2000). Porém, como mostra a Figura 09, a parte da baía de Sepetiba
onde está localizada a fazenda da AMAR encontra-se na região limítrofe com a baía de Ilha Grande,
litoral sul do estado do Rio de Janeiro, fortemente influenciada pelas águas do oceano Atlântico; é uma
região sujeita à altas taxas de renovação de água e excelente qualidade bacteriológica (PEREIRA et al.,
2009).
4.2 Instalação do Experimento
4.2.1 Cultivo intermediário
Denomina-se cultivo intermediário a etapa de produção onde as sementes de vieiras são
acondicionadas em lanterna intermediárias e mantidas na água do mar até atingirem o tamanho de 5cm,
ou seja, tornado-se adultas.
A Vieira N. nodosus não forma em ambiente natural, bancos numerosos que forneçam material
para análise em quantidade suficiente. Portanto, tais animais necessitaram ser cultivados para que se
obtivesse um universo amostral significativo. As análises realizadas pela presente pesquisa
empregaram animais adultos (> 5cm), ou seja, aqueles que além dos tecidos vegetativos (manto,
glândula digestiva, músculo, brânquia) também apresentaram gônadas. Animais abaixo do tamanho de
5cm, são considerados juvenis por não terem atingido ainda a maturação gonadal.
As 5000 sementes de vieiras utilizadas nesta pesquisa foram doadas pelo IEDBIG/RJ. Os
animais apresentaram tamanho inicial médio de 10mm (± 2mm) e foram transportados da sede do
IEDBIG até o cultivo em caixa isotérmica de transporte com água do mar estéril e filtrada, à uma
temperatura média de 22°C.
As sementes foram acondicionadas em seis lanternas intermediárias para cultivo de vieiras, cujo
material foi doado pela Associação de Maricultores de Mangaratiba e foram confeccionadas pela
equipe do Laboratório de Toxinas Marinhas (ToxMar/DTA/IT/UFRRJ). Tais lanternas são estruturas
cilíndricas que possuem cinco pisos (andares) revestidos de malha de poliretano. (Figura 11).
A)
B)
Figura 11. A) Lanterna utilizada para cultivo intermediário da vieira Nodipecten
nodosus. B) Integrantes do Laboratório ToxMar confeccionando as lanternas usadas no
experimento. Foto arquivo do autor.
25
Nas seis lanternas, os animais foram distribuídos nos pisos, em três densidades, uma baixa (180
animais), uma intermediária (250 animais) e uma alta (400 animais). As densidades foram escolhidas
segundo o utilizado experimentalmente para essa classe de tamanho de semente. No IEDBIG, cujo
objetivo é comercial, são utilizados até 500 animais por piso. As lanternas foram posicionadas em
estrutura de cultivo suspenso/flutuante, do tipo espinhel ou ‘long-line’ em duas profundidades
diferentes: 4 e 6 metros conforme disposição mostrada na tabela 01. A estrutura de cultivo foi cedida
pela Associação dos Maricultores de Mangaratiba. A embarcação utilizada, bem como auxílio no
manejo dos animais, foram disponibilizados pelo maricultor Lúcio Gualandi da Silva.
As profundidades foram escolhidas em função da disponibilidade de alimento e das
características hidrográficas da coluna d’água (FERREIRA, 2009).
Tabela 01. Disposição das sementes de Nodipecten nodosus nos pisos ímpares das lanternas de
cultivo intermediário utilizando três densidades diferentes: alta (400 indivíduos), intermediária (250
indivíduos) e baixa (180 indivíduos).
Profundidade
4 metros
6 metros
Densidades
Lanterna 01
Lanterna 02
Lanterna 03
180
250
400
250
400
180
400
180
250
Lanterna 04
Lanterna 05
Lanterna 06
180
250
400
250
400
180
400
180
250
4.2.2 Coleta dos Dados da Etapa Intermediária de Cultivo
Durante a etapa intermediaria de cultivo, a cada quarenta dias realizou-se um trabalho de
biometria nos animais, bem como coleta de dados abióticos (temperatura e salinidade). Para a biometria
os animais foram contados (vivos e mortos) e 15% de cada piso foram medidos com paquímetro digital
(JOMARCA, resolução 0,01mm). Com auxílio de uma Garrafa de Van-Dorn (capacidade para 2 litros)
foram coletadas amostras de água na área de cultivo, nas duas profundidades onde as lanternas de
vieiras foram instaladas, para obtenção dos perfis verticais dos seguintes parâmetros: temperatura e
salinidade. Os parâmetros temperatura e salinidade foram medidos in situ. A temperatura da água foi
medida com auxílio do termômetro presente na garrafa e a salinidade medida com refratômetro UNITY
(RTS-101ATC).
As atividades desenvolvidas durante essa etapa geraram um trabalho que foi apresentado no
XXI Encontro Brasileiro de Malacologia.
26
4.2.3 Engorda
Assim que os animais atingiram o tamanho de 5cm, iniciou-se a formação das gônadas, ou seja,
os animais tornaram-se adultos. Este processo normalmente leva cerca de 6 meses, porém em
Mangaratiba a presente pesquisa constatou a maturação gonadal ocorrendo aos 4 meses de cultivo. Tal
fato configurou o término da etapa intermediária de cultivo e o início da etapa de engorda dos animais.
Portanto, uma vez que passaram a apresentar todos os tecidos necessários, iniciou-se o trabalho de
coleta de vieiras para a análise química nutricional, objetivo da presente pesquisa.
Durante a engorda os animais foram acondicionados em menores densidades (de forma que
apenas 1/3 do piso fosse ocupado) e em lanternas com malhas de maior tamanho. A cada quarenta dias
foram realizados trabalhos de manejo para limpeza dos animais e repique, ou seja, a redução gradativa
da densidade, conforme o crescimento dos animais.
4.3 Delineamento Amostral
Ao final da etapa intermediária de cultivo, ou seja, quando as vieiras atingiram o tamanho de
50mm, iniciou-se a obtenção das amostras das lanternas que se encontravam a 6m de profundidade. A
cada estação do ano foram feitas duas coletas, perfazendo um total de 8 coletas. Das variáveis abióticas
foram mensuradas a temperatura (termômetro acoplado à garrafa Van-Dorn, Alfatik, 2 litros de
capacidade), a salinidade (refratômetro UNITY modelo RTS- 101ATC).
Em cada coleta foram retirados 55 vieiras. Destas, 28 animais para analise centesimal da carne
“in natura”, 15 para análise de proteínas e lipídeos totais no músculo adutor e nas gônadas e 12 para
análise do perfil de ácidos graxos na carne “in natura, músculo e gônadas. Os animais foram
acondicionados em caixa isotérmica e mantidos resfriados (com gelo reciclável), com objetivo de
chegar vivo ao laboratório. A viagem durava em torno de 2h.
Ao chegar ao laboratório as vieiras foram limpas de sujidades e abertas, seccionando-se seu
músculo adutor com faca esterilizada. Toda a massa corpórea da vieira foi então removida (desconche).
Para as análises totais, com cinco réplicas (para umidade, proteína, lipídeo, cinza) utilizou-se a carne
“in natura” do animal inteiro homogeneizado. Quatro amostras compostas por 7 animais foram usadas
nestas análise. Para as análises de proteínas e lipídeos totais, com três réplicas, efetuadas no músculo
adutor e nas gônadas “in natura” devidamente homogeneizada, utilizou-se três amostras, cada uma
composta por 5 animais; estes componentes foram separado dos demais com auxílio de bisturi e pinças.
Para análise do perfil de ácidos graxos, em duplicatas, nas principais partes comestíveis de N. nodosus
(músculo e as gônadas) e no animal inteiro foram usadas três amostras, cada uma, formada por um pool
de 4 animais.
4.3.1 Para análise da composição química nutricional
A determinação da composição química nutricional das amostras da carne da vieira “in natura”
foi realizada no Laboratório Analítico de Alimentos e Bebidas da Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro, seguindo os métodos das Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (2000) e Association
of Official Analytical Chemists (AOAC, 2005). (U.K. FEEDING STUFFS - SAMPLING AND
ANALYSIS -REGULATIONS, 1982).
• Determinação de Umidade
O percentual de umidade da carne “in natura” de N. nodosus foi determinado a partir da análise
de aproximadamente 5g de amostra. Para cada coleta foram analisados quatro amostras diferentes da
carne de vieira com 5 réplicas. As amostras foram devidamente homogeneizadas e distribuídas em
cápsulas de porcelana, devidamente marcadas, queimadas, pesadas, taradas e colocadas em estufa à
105ºC (± 2ºC) por 3 horas. Após esse período, as cápsulas foram resfriadas em dessecador e pesadas. O
percentual de umidade foi obtida pelo cálculo:
27
% Um = 100 -
CAS – CAP . 100
m
onde: CAS = massa da cápsula + amostra seca (g);
CAP = massa da cápsula (g);
m = massa da amostra (g).
• Cinzas
Na determinação do percentual de cinzas totais da carne “in natura” de N. nodosus, para cada
coleta, foram usados 2g de cada amostra com 5 réplicas com análises em quatro amostras diferentes.
As cinzas presentes no músculo e gônadas “in natura” de N. nodosus foram determinadas com análise
de 2g de cada amostras em triplicatas em três amostras diferentes. As amostras e suas réplicas foram
devidamente homogeneizadas e distribuídas em cadinhos de porcelana, previamente marcados,
queimados, pesados e tarados. As amostras dentro dos cadinhos, após serem calcinadas, em um bloco
de aquecimento, foram colocadas na mufla à 550 ºC até a obtenção de cinzas brancas. Depois de
resfriados no dessecador, os cadinhos foram pesados. O percentual de cinzas foi calculado pela
expressão:
% CZ = CCZ– Cad . 100
m
onde: CCZ = massa do cadinho + cinza (g);
Cad = massa do cadinho (g);
m = massa da amostra (g).
• Determinação de Proteínas
As proteínas foram quantificadas através do método KJEDAHL (AOAC, 2005), o qual consiste
na determinação da quantidade de nitrogênio total presente nas amostras. Inicialmente as amostras
foram submetidas a digestão em meio ácido. Durante este procedimento, aproximadamente 1g foi
retirada, em triplicatas, para análise de cada uma das três amostras diferentes ( na determinação das
proteínas totais na carne “in natura” de vieiras foram usados na análise 1g de cada uma das quatro
amostras diferentes com 5 réplicas) dos componentes músculo e gônada de N. nodosus . As amostras
foram expostas em tubos de digestão a uma solução de 7ml de ácido sulfúrico concentrado e 1g
aproximada de uma mistura catalítica composta por sulfato de cobre (penta-hidratado) e sulfato de
sódio (decahidratado) (1:10). Os tubos foram mantidos em um bloco digestor que foi aquecendo
gradativamente até atingir a temperatura de 350°C por aproximadamente 24 horas. Após este período
as amostras se apresentaram como um líquido incolor. Terminando este procedimento, foi realizada a
destilação das amostras em meio alcalino com destilador de N2 por arraste de vapor. Neste processo as
amostras foram, uma a uma, presas ao destilador. Em Erlenmeyer foram colocados 10ml de solução
receptora indicadora (20ml de ácido bórico 4% e indicadores de pH: verde de bromocresol 1% e
vermelho de metila 1%). O Erlenmeyer e o tubo foram colocados no aparelho de Kjedahl. Neste
equipamento, as amostras sofreram adição de a uma solução neutralizadora de NaOH (50%), que
provocou uma reação exotérmica liberando amônia na forma de N-NH3, a qual foi conduzida por
arraste de vapor e condensada na solução indicadora. O término da reação foi indicado quando a
solução indicadora passou de uma coloração vermelha para uma coloração verde e o seu volume
atingiu 75 ml. A titulação do nitrogênio presente na amostra foi feita com uma solução de HCl 0,1M,
até que a solução adquirisse uma coloração avermelhada. Para finalizar a análise, foi feita a fatoração
do ácido clorídrico utilizado, para a correção de sua normalidade. Para o cálculo de percentual de
28
nitrogênio total presente nas amostras foi usado a expressões abaixo. O percentual de nitrogênio total
(NT) foi convertido em proteína bruta com a utilização do fator 6,25 próprio para pescado.
%NT = V. M. F . 0,014 .100
m
% PTN = % NT . 6,25
Onde: V = volume do HCl 0,1M gasto na titulação da amostra (ml);
M= molaridade HCl;
F = fator de correção do HCl;
0,014= milimol do nitrogênio;
m = massa da amostra (g);
• Determinação dos Lipídeos Totais
O método usado foi o de Soxhlet (com Hidrólise Ácida Prévia). Na determinação do percentual
de lipídeos totais presentes nos componentes músculo e gônada de N. nodosus, aproximadamente 5g de
amostras, em triplicatas, para cada uma das três amostras diferentes foram usados na análise. Os
lipídeos totais da carne “in natura” de vieira foram determinados, com 5 réplicas, a partir de 2g de
amostras de cada uma das quatros amostras diferentes coletadas. As amostras previamente
homogeneizadas, foram transferidas para frascos Erlenmyer de 250ml com boca esmerilhada 24/40.
Em cada frasco junto com as amostras foram adicionados 100ml de solução de HCl 3M e algumas
pérolas de vidro. As amostras foram levadas a refluxo por cerca de uma hora em ebulição. Após este
período as amostras foram resfriadas e filtradas com papel de filtro duplo, previamente umedecidos e
com auxilio de uma bomba de vácuo. Os resíduos da filtração preso nos papéis de filtro foram lavados
com água fria até a obtenção de um filtrado neutro. Nos filtrados não foi observado nenhum vestígio de
gordura. Os papéis de filtros duplos com os resíduos da amostras foram colocados sobre vidros de
relógio e levados a estufa entre 50ºC a 70ºC por cerca de uma hora. Após este período, os papéis de
filtros secos com os resíduos foram cobertos por chumaços de algodão e transferidos para cartuchos de
extração de Soxhlet. Balões receptores de fundo chato de 250ml foram tarados e acoplados juntamente
com os cartuchos extratores no extrator de Soxhlet onde foi adicionado éter de petróleo e mantido sob
extração contínua e aquecimento de 60ºC, aproximadamente, por 8 horas. Em seguida os cartuchos
foram retirados do extrator e o solvente removido por destilação. Os resíduos foram secos e os balões
mantidos com os extratores em estufa a 105 ºC por cerca de duas horas. Os balões foram esfriados em
dessecador e pesados. A operação de secagem e pesagem dos balões foi repetida até a obtenção de
pesos constantes. A obtenção do porcentual de lipídeo foi calculado pela fórmula:
% Lipídeo = (massa do balão + óleo) - ( massa do balão) x 100
massa da amostra
• Determinação do percentual de carboidrato
O percentual de carboidratos (Fração NIFTEX) foi calculado pela diferença entre 100 e a soma
das porcentagens de água, proteína, lipídios totais e cinzas. Os valores de carboidratos incluem também
a fibra alimentar total.
• Determinação do valor calórico
O valor calórico total (Kcal) foi calculado a partir dos percentuais em proteínas, lipídios e
glicídios, utilizando os coeficientes específicos que levam em consideração o calor de combustão e a
digestibilidade. O valor calórico foi obtido através do emprego do Fator de Atwater, onde multiplica-se
29
o percentual de lipídio total por 9 e os percentuais de proteínas e de carboidratos totais por 4 (MERRIL;
WATT, 1973). Tais fatores de multiplicação baseiam-se no fato de que 1 grama de lipídeo libera
9Kcal e 1 grama de proteína ou carboidrato libera 4 Kcal ao ser metabolizada durante a alimentação
(LATHAM, 2002).
•Determinação do percentual de ácidos graxos
A extração dos lipídeos, para a análise dos ácidos graxos, foi realizada através do método de
BLIGH; DYER (1959). Este método consistiu na separação da gordura em um solvente lipossolúvel.
Obedecendo as proporções do método (100g de amostra = 100ml de clorofórmio:200ml de metanol :
80ml de água), Neste experimento, aproximadamente 2g da amostra da carne “in natura”, músculo e
gônada de N. nodosus foram separadamente triturados, homogeneizados e colocados em Becker de
vidro. Nesses recipientes, cada componente foi misturado a uma solução contendo 10ml de
clorofórmio, 20ml de metanol e 0,8ml de água. Os extratos resultantes foram filtrados em um balão de
separação de fases, com auxílio de filtros de papel e funil. Ao resíduo presente no Becker foi
adicionado mais 10ml de clorofórmio e o mesmo filtrado incorporado a solução anterior. No filtrado,
no interior do funil de separação, foi adicionado mais 10ml de água levando a separação de duas fases
distintas do líquido. A fase superior metanólica, continha água, metanol e compostos orgânicos
hidrofílicos. Esta fase foi descartada. A outra fase, clorofórmica, continha a gordura a ser analisada e
com auxilio de funil contendo algodão e sulfato de sódio em pó foi filtrada novamente e acondicionada,
como amostras, em tubos de ensaios rosqueados em duplicatas. Com auxilio de uma bomba de vácuo o
clorofórmio de cada amostra foi evaporado.
Para Saponificação e Metilação usou-se o método de Joseph; Ackman (1992). Em cada
amostra, contida nos tubos de ensaios, foi adicionado 3ml de solução metanólica de hidróxido de
potássio 0,5M. Os tubos bem fechados foram levados ao banho Maria a 100º C por três minutos. Ao
término desse tempo as amostras foram resfriadas e, no extrato lipídico contido nelas, adicionou-se 5ml
de reagente de metilação (60ml de metanol + 2g de cloreto de amônia + 3ml de ácido sulfúrico). As
amostras nos tubos bem fechados, retornaram ao banho-maria (100º C) por 5 minutos. Os tubos foram
resfriados e adicionado no extrato cerca de 8ml de solução de cloreto de sódio saturada e 1ml de
hexano. Os tubos sofreram agitação até se obter a separação de fases. O anel formado (ester) pela
reação (fase sobrenadante) foi utilizado para análise no cromatógrafo gasoso.
A técnica utilizada para a análise do perfil dos ácidos graxos extraídos das amostras foi por
cromatografia gasosa (CG) para ácidos graxos poliinsaturados, segundo metodologia recomendada pela
AOAC (2005) e AOCS (2004). Nesta técnica foi utilizado o equipamento Cromatógrafo à Gás
INTECROM G-8000 com Coluna capilar de silica fundida, CP-Sil 88, 100m (comprimento) x 0,25mm
(diâmetro), a espessura do filme ou ID de 0,20µm. Condições cromatográficas: temperatura do detector
e injetor = 260°C e Split (1:50), vazão do gás de arraste H2 à 1ml/min - 12psi e N2 à 30ml/min - gás
makeup.
Para a identificação dos ácidos graxos foram utilizados padrões de ésteres metílicos de ácidos
graxos puros (HARTMAN; LAGO, 1973), comparando-se o tempo de retenção dos ésteres metílicos
das amostras e dos padrões. A quantificação dos ácidos graxos foi feita por normalização de área.
4.4 Análise Estatística dos Dados
Para garantir a representatividade estatística, os animais selecionados em cada coleta tiveram a
mesma origem, todos adultos, para obtenção de uma amostra homogênea. As análises físico-químicas
foram realizadas em com 5 réplicas para umidade, cinza, lipídeos e proteínas na carne “in natura” e
triplicata para cinza, proteínas e lipídeos dos componentes músculo e gônada de N. nodosus. Os
resultados foram expressos como média ± desvio padrão. As variações sazonais (diferenças entre as
estações primavera, verão, outono e inverno) dos percentuais de proteínas, umidade, cinzas, lipídeos e
30
carboidratos foram avaliadas através de Análises de Variância Simples (ANOVA) e empregando
quando necessário o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Os pressupostos estatísticos relativos à
ANOVA (distribuição normal dos dados e homogeneidade das variâncias) foram avaliados
previamente nas análises, utilizando-se testes de Kolmogorov-Smirnov, e de Bartlett. Nos casos de
violação destes pressupostos as diferenças foram avaliadas com testes não-paramétricos de KruskalWallis. Todas as análises foram efetuadas com o programa Graph-Pad Prism (GraphPad Software,
2007).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Análise Centesimal
A carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da AMAR em
Mangaratiba apresentou composição química nutricional tendo Umidade como parâmetro principal
(sempre em torno de 80%), seguido por Proteínas totais, Carboidratos, Cinzas e Lipídeos totais (Figura
12). Os valores médios, calculados para o período analisado, para cada um destes componentes
centesimais foram: 81,46% para umidade; proteínas totais com 11,43%; carboidrato total com 3,69%;
cinzas com 1,94% e lipídeos totais com 1,49% (Tabela 02).
Verão
Outono
Inverno
Primavera
Figura 12. Percentuais médios para os componentes químicos nutricionais da
carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de Dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Ao compararmos a composição química nutricional da vieira com outros tipos de pescado
encontrados na tabela Nacional de Composição de Alimentos (LIMA et al., 2006), conforme visto na
tabela 03, observamos que a mesma ordem decrescente de percentuais foi encontrada (umidade,
proteína, cinzas, lipídeos). A exceção constatada para N. nodosus foi o parâmetro carboidrato,
acentuado naturalmente nos moluscos o que lhes confere o sabor adocicado característico (DONG,
2001).
31
Tabela 02. Composição química nutricional média e desvio padrão (n=10 por coleta) para a carne “in
natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais
(g%).
Coleta
Umidade
Proteína
Lipídeos
Cinzas
Carboidrato
Verão 1
80,95 (± 0,59)
9,58 (± 0,04)
1,73 (± 0,06)
1,55 (± 0,02)
6,19 (± 0,58)
Verão 2
81,20 (± 0,67)
11,18 (± 0,05)
1,86 (± 0,04)
1,71 (± 0,01)
4,05 (± 0,72)
Outono 1
81,47 (± 0,53)
10,75 (± 0,18)
1,54 (± 0,05)
1,63 (± 0,02)
4,61 (± 0,52)
Outono 2
80,99 (± 0,50)
11,68 (± 0,03)
1,33 (± 0,04)
1,92 (± 0,07)
4,08 (± 0,53)
Inverno 1
81,57 (± 0,36)
11,37 (± 0,03)
1,25 (± 0,03)
2,28 (± 0,04)
3,54 (± 0,35)
Inverno 2
81,73 (± 0,85)
11,87 (± 0,13)
1,05 (± 0,01)
2,54 (± 0,05)
2,81 (± 0,77)
Primavera 1
81,86 (± 0,76)
12,81 (± 0,17)
1,32 (± 0,04)
2,08 (± 0,06)
1,94 (± 0,72)
Primavera 2
81,88 (± 0,23)
12,18 (± 0,22)
1,84 (± 0,18)
1,80 (± 0,02)
2,29 (± 0,43)
Média anual
81,46 (± 0,63)
11,43 (± 0,92)
1,49 (± 0,29)
1,94 (± 0,32)
3,69 (± 1,39)
Tabela 03. Comparação entre a composição química nutricional média da carne “in natura” de vieiras
adultas N. nodosus (presente trabalho) e outros produtos de origem animal, frescos, encontrados na
tabela Nacional de Composição de Alimentos (NEPA, 2006). Valores em percentuais (%).
Carne “in natura”
Umidade
Proteína
Lipídeos
Cinzas
Carboidrato
81,49
11,42
1,55
1,94
3,69
Camarão1
89,1
10
0,5
0,8
0
1
76,6
21,1
2,7
1,6
0
Atum
73,1
29
1,3
1,3
0
Cação
81,4
17,9
0,8
1,2
0
82,1
16,6
2
1,1
0
66,4
19,8
13,1
1
0
61
18
19,8
0,9
0
74,9
20,6
4,6
0,9
0
N. nodosus
Sardinha
1
Merluza2
Carne bovina
Carne suína
Frango
1
5
3
4
Animal inteiro; 2 Filé; 3 Contra-filé; 4 Costela; 5 Inteiro sem pele.
Ao compararmos o pescado obtido de águas tropicais (quentes) e de águas temperadas (frias)
observa-se que há uma inversão na proporção entre os parâmetros Umidade e Lipídeos totais: espécies
‘magras’ com alta umidade nos trópicos e ‘gordas’ com menos umidade em águas frias (OGAWA;
MAIA, 1999). A vieira N. nodosus atendeu à esta regra, sendo uma espécie de distribuição tropical no
oceano Atlântico ocidental.
5.1.1 Umidade
Nas vieiras adultas, analisadas durante um ano, o percentual de Umidade apresentou valor
médio anual de 81,46% (± 0,63). O maior percentual de umidade foi observado nos exemplares de
32
vieiras coletados na primavera com média de 81,87%, sendo o valor máximo encontrado nos animais
da coleta de final da primavera 81,88% (± 0,23) conforme visto na tabela 04. As vieiras analisadas com
menor média relativa à Umidade foram coletadas no verão com 81,07%, apresentando o valor mínimo
por coleta no início do verão 80,95% (± 0,59). Ao longo de todas as estações do ano a umidade
permaneceu 81%, conforme pode ser visto na tabela 04. Pesquisando a composição química de
Crassostrea rhizophorae espécie encontrada em mangue do litoral brasileiro, Pedrosa; Cozzolino
(2001) e de Martino; Cruz (2004), encontraram para umidade, resultados entre 80-83%, bem próximos
ao encontrados nesta pesquisa.
Ao se analisar a composição química nutricional do pescado, tanto oriundo de atividades
extrativistas quanto de cultivo, observou-se que a Umidade percentualmente foi o componente
majoritário, geralmente acima de 80%. Tal percentual calculado para N. nodosus encontra-se em
consonância com pescado fresco encontrado na tabela Brasileira de Composição de Alimentos: cação
81,4%; camarão 89,1%; merluza 82,1%. Para outros tipos de produtos de origem animal este percentual
é mais baixo, por exemplo, para carne bovina e frango a umidade varia em torno da faixa 60-70%
dependendo do corte selecionado conforme visto na tabela 05 (NEPA, 2006).
Tabela 04. Percentual de Umidade, por estação do ano, calculado para a carne “in natura” da vieira N.
nodosus (animal inteiro). Valores médios em percentuais (n = 10). Animais cultivados na fazenda
marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
CV
Estações do ano
Média
Desvio Padrão
0,01
Verão
81,07
± 0,61
0,01
Outono
81,23
± 0,55
0,01
Inverno
81,65
± 0,62
0,00
Primavera
81,87
± 0,53
Análise de variância revelou que houve diferença significativa no percentual de Umidade
apenas entre os extremos, ou seja, entre os animais analisados no verão e na primavera (p < 0,05). Não
houve diferença significativa no percentual de umidade calculado para N. nodosus nas demais estações
do ano conforme visto na Figura 13. Tal fato era esperado visto que a vieira N. nodosus é um
organismo invertebrado aquático apresentando percentuais de Umidade semelhante a diversos bivalvos
presentes em águas brasileiras, cultivados ou extraídos de bancos naturais: o mexilhão Perna perna, as
ostras do mangue Crassostrea rizhophorae e C. brasiliana, o sururu Mytella falcata, o berbigão ou
vôngole Anomalocardia brasiliana (todos nativos) e a exótica ostra do pacífico C. gigas (Tabela 05).
Dentre as espécies citadas na tabela 05 a menor umidade média foi encontrada para A. brasiliana
(75,35%) e a maior para o mexilhão P. perna com 83,77%.
33
Figura 13. Distribuição temporal do componente químico nutricional Umidade na carne “in
natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha
Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009.
Valores em percentuais (g%).
Na tabela 05 encontram-se, para várias espécies de moluscos bivalvos de águas brasileiras, os
percentuais médios de umidade. A ostra de mangue Crassostrea gigas apresentou o maior percentual
de umidade (85,21%) e o berbigão (Anomalocardia brasiliana), pesquisada por Lira et al. (2004) em
setembro de 2002 e em maio de 2003, exibiu o menor percentual (75,35%).
Tabela 05. Percentual de Umidade calculado para os principais moluscos bivalvos de interesse
comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento no Brasil.
Umidade média
Espécie
%
Referência
Nodipecten nodosus*
81,46 (±0,63)
Dezembro 2008/ Novembro
2009
Presente trabalho
Perna perna*
83,77 (±1,39)
Novembro 2002/ março
2003
Furlan et al. 2007
82,48 (±0,77)
Janeiro e março de 2005
Portella, 2005
83,59 (±0,49)
Maio e setembro de 2006
Vincenzi A. et al., 2009
76,68 (±1,25)
Setembro 2002/ maio 2003
Lira et al. 2004
75,35 (±1,97)
Setembro 2002/ maio 2003
Lira et al. 2004
C. gigas*
85,21 (NI)
Fevereiro 2005
Parisenti, 2006
*
77,29 (NI)
Outubro 2005
Parisenti, 2006
79,71 (NI)
NI
Pedrosa et al., 2001
Crassostrea brasiliana*
Anomalocardia brasiliana
Mytella falcata
A. brasiliana
C. gigas
**
**
C. rhizophorae**
*
Período analisado
**
Animais cultivados, ** extraídos de bancos naturais. NI – Não informado.
34
5.1.2 Proteínas totais na carne “in natura”
A carne “in natura” de N. nodosus apresentou Proteínas Totais como o segundo componente
mais importante percentualmente. O valor médio anual encontrado foi 11,43% (± 0,92) (Tabela 02). A
primavera foi a estação do ano que os animais analisados apresentaram o maior percentual médio deste
componente centesimal 12,49% (± 0,38) (Tabela 06), com valor máximo no início da primavera
12,81% (± 0,17), conforme visto na tabela 02. Animais coletados no verão apresentaram valor médio
de proteína mais baixo 10,38% (± 0,84), conforme visto na tabela 06, apresentando também o mínimo
de proteína por coleta no início do verão 9,58% (± 0,04) (Tabela 02). Ao longo das estações do ano
verificou-se um gradual aumento nos percentuais médios de proteínas totais, reflexo do crescimento
somático do animal. Animais aquáticos invertebrados apresentam rápido crescimento e como o meio
aquoso lhes proporciona a sustentação, necessitam de poucas estruturas de suporte (ossos, cartilagens),
principalmente no caso dos moluscos. Dessa forma sua massa corpórea apresenta constituição
predominantemente protéica em detrimento dos reduzidos percentuais de carboidrato (NYBAKKEN,
2001).
Tabela 06. Percentual de Proteínas totais, por estação do ano, calculado para a carne “in natura” da
vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores médios em percentuais (n = 10). Animais cultivados na
fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
CV
Estações do ano
Média Proteína
Desvio Padrão
0,08
Verão
10,38
± 0,84
0,04
Outono
11,22
± 0,50
0,02
Inverno
11,62
± 0,28
0,03
Primavera
12,49
± 0,38
Dentre diversos tipos de pescado o percentual de Proteínas totais (Tabela 03) variou na faixa de
10-25%, por exemplo, atum 25,7%, cação 17,9%, sardinha 21,1% e camarão 10% (NEPA, 2006). Essa
diferença pode ser explicada pelo fato de que peixes possuem um sistema muscular mais desenvolvido
para a natação. Já os invertebrados (como camarão e moluscos bivalvos) apresentam hábitos de vida
mais sedentários tendo, portanto, sistemas musculares menos desenvolvidos. A vieira N. nodosus
apresenta um único músculo adutor (LEAL, 2006), onde se concentra a maior parte de suas proteínas
(ver item 5.1.2.1) e os percentuais encontrados na presente pesquisa encontram-se dentro da faixa
esperada para diversas espécies de moluscos bivalvos consumidos no Brasil. Na tabela 07 encontram-se
os percentuais médios de Proteínas totais para várias espécies de moluscos bivalvos encontrados em
águas brasileiras, cultivados ou extraídos de bancos naturais; onde o menor percentual foi encontrado
para C. gigas e o maior percentual de proteínas totais para A. brasiliana.
35
Tabela 07. Percentual de Proteínas totais calculado para os principais moluscos bivalvos de interesse
comercial, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento no Brasil.
Espécie
Proteínas totais
Período analisado
Referência
Nodipecten nodosus*
11,43 (±0,92)
Dezembro 2008/
Novembro 2009
Presente pesquisa
Perna perna*
9,09 (±1,25)
Novembro 2002/ março
2003
Furlan et al. 2007
10,49 (±0,53)
Janeiro e março de 2005
Portella, 2005
8,80 (±0,49)
Maio e setembro de 2006
Vincenzi A. et al., 2009
Mytella falcata**
17,26 (±1,76)
Setembro 2002/ maio
2003
Lira et al. 2004
A. brasiliana**
17,46 (±1,42)
Setembro 2002/ maio
2003
Lira et al. 2004
C. gigas*
6,37 (NI)
Fevereiro 2005
Parisenti, 2006
9,51 (NI)
Outubro 2005
Parisenti, 2006
14,19 (±0,19)
NI
Pedrosa et al., 2001
Crassostrea brasiliana*
Anomalocardia brasiliana
C. gigas
*
C. rhizophorae
*
**
**
Animais cultivados, ** extraídos de bancos naturais. NI – Não informado.
Embora fossem normais os dados de Proteínas totais calculados para a vieira N. nodosus
cultivada em Mangaratiba não apresentaram homocedasticidade. Portanto empregou-se o teste de
Kruskal-Wallis para verificar a significância entre os animais analisados ao longo das estações do ano.
A análise de variância revelou-se significativa para este componente químico nutricional entre os
animais analisados nos extremos verão e primavera e entre outono e primavera, com p < 0,001 (Figura
14). Observou-se que os percentuais de proteínas totais aumentaram com o tempo, refletindo o
crescimento dos tecidos somáticos dos animais. Conforme visto na tabela 02 os percentuais de
proteínas totais aumentaram de uma coleta para outra, dentro de uma mesma estação, mas
principalmente de uma estação do ano para outra. Esse aumento na proteína em função do crescimento
do animal foi evidenciado pela correlação positiva entre o peso individual dos animais amostrados e o
percentual de proteínas, calculado através de Regressão Linear (Figura 15). Conforme visto na tabela
07 a maior parte dos relatos encontrados na literatura consultada não abrange um período amostral que
suporte a comparação estes dados aos do presente trabalho. Assim discutir o papel da sazonalidade na
variação do percentual de proteínas totais para outras espécies de moluscos encontrados nas águas
brasileiras não foi possível.
36
Figura 14. Distribuição temporal do componente químico nutricional Proteína total
na carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008
à novembro de 2009. Valores em percentuais (g%).
Figura 15. Relação entre crescimento da vieira N. nodosus, expresso pelo peso
individual dos animais amostrados, e o percentual de Proteínas totais para os
animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de
Mangaratiba (RJ).
37
5.1.2.1 Proteínas totais no músculo adutor e nas gônadas
Não foi encontrado na literatura nenhum trabalho que abordasse a investigação da variação dos
percentuais de proteínas totais nos diferentes constituintes da carne de moluscos bivalvos ao longo de
um ano de cultivo. Tal abordagem foi concebida para a presente pesquisa devido ao fato de que N.
nodosus pode ser consumido de três maneiras diferentes: o animal inteiro (discutido no tópico anterior),
apenas o músculo adutor (chamado filé mingnon da vieira) e músculo acrescido das gônadas.
A carne da vieira N. nodosus foi composta pelos seguintes componentes: músculo, manto,
brânquias, glândula digestiva e gônadas. Em termos de rendimento de carne, conforme visto na Figura
16, o músculo foi o componente predominante durante todo o período avaliado, correspondendo
sempre entre 40-50% da massa do animal. O segundo componente mais importante quantitativamente
foi o manto (14-21%), seguido pelas gônadas (7-21%), brânquias (9-18%) e glândula digestiva (714%).
O músculo é um tecido somático e seu incremento reflete o crescimento do animal, onde análise
de variância mostrou ser significativo (p < 0,05) o incremento do peso do músculo em relação ao fator
tempo (Figura 17). Dessa forma observou-se que as estações verão/outono e inverno/primavera
formaram dois conjuntos de tempo que diferiram significantemente entre si. No verão o peso médio do
músculo foi 8,6g (± 0,9g), no outono 10,25g (± 1,4g), no inverno 13,81g (± 1,6g) e, na primavera,
14,98g (± 1,9g).
Figura 16. Distribuição da massa da vieira N. nodosus nos diferentes constituintes
corpóreos. Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de
Mangaratiba (RJ).
38
Figura 17. Variação sazonal no peso (em gramas) do músculo adutor da
vieira N. nodosus, cultivadas na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
A concentração de proteínas totais no músculo variou em média de 14,4% (média máxima no
verão) à 17,3%, média mínima na primavera, conforme visto na tabela 08 e teve média anual de
15,88% (± 1,44). Para o músculo o valor mínimo por coleta foi observado no início do verão (14,08% ±
0,16) e o máximo foi observado no final da primavera (18,83% ± 0,63). No músculo, que é um tecido
somático, houve um aumento contínuo no percentual de proteínas refletindo o padrão de crescimento
do animal, fato que não foi observado para a gônada. Embora os dados de percentual de proteínas no
músculo tenham apresentado distribuição normal (teste alpha = 0,05) não foram homocedásticos,
mesmo após transformação. Por isso empregou-se teste de Kruskall-Wallis que verificou variação
significativa apenas entre a primavera e o verão (Figura 18).
Tabela 08. Percentual de Proteínas totais calculado para os constituintes da carne da vieira N. nodosus
em duas das formas de comercialização. Valores médios em percentuais (n = 6) por coleta. Animais
cultivados na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
CV
CV
Estação do ano
Gônada
Músculo
0,15
0,03
Verão
12,23 (± 1,86)
14,43 (± 0,43)
0,02
0,08
Outono
13,78 (± 0,24)
15,56 (± 1,24)
0,04
0,02
Inverno
12,49 (± 0,54)
16,21 (± 0,27)
0,04
0,10
Primavera
14,48 (± 0,55)
17,33 (± 1,70)
CV – Coeficiente de variação
39
Figura 18. Distribuição sazonal das concentrações de proteínas
totais no músculo da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda
marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
A gônada não é considerada um tecido somático, pois apresenta uma variação em seu
crescimento dependendo da fase de maturação sexual em que o animal se encontre. Animais juvenis e
adultos após a desova apresentam gônadas menos desenvolvidas. Animais adultos maturos sexualmente
apresentam gônadas plenas e bem desenvolvidas, aptas à desova. No verão o peso médio da gônada
foi 2,29g (± 0,38g), no outono 4,35g (± 1,78g), no inverno 4,8g (± 1,86g) e na primavera 4,64g (±
3,2g). A análise de variância mostrou ser significativa (p < 0,05) apenas a diferença entre os animais
juvenis (no verão) e os adultos com gônadas plenas (no inverno), conforme pode ser visto na Figura 19.
Na Figura 16, onde vemos organizados os percentuais de massa dos tecidos por coleta, verifica-se que
ocorreram duas desovas: uma no início do inverno e outra no final da primavera (onde houve redução
nos percentuais das gônadas, indicando liberação dos gametas); ao considerarmos o peso médio das
gônadas na análise de variância essa diferença fica oculta. Ou seja, a gônada cresce durante o outono
enquanto os juvenis se tornam adultos através da primeira maturação sexual. No período entre o final
do inverno e início da primavera N. nodosus desova pela primeira vez e as gônadas se regeneram
novamente através do deslocamento de energia estocada principalmente no músculo (que será discutido
no item de Ácidos graxos) e da alimentação. No final da primavera a vieira N. nodosus desova
novamente induzida por súbito aumento na temperatura da água do mar, fato que ocorreu em toda a
baía de Sepetiba e Ilha Grande, esse fato explica o grande desvio padrão observado na primavera na
Figura 19.
40
Figura 19. Variação sazonal no peso (em gramas) das gônadas da vieira
N. nodosus, cultivadas na fazenda marinha da Associação dos
Maricultores de Mangaratiba (RJ).
A concentração de proteínas totais na gônada variou de 12,2% (média mínima no verão) à
14,5% (média máxima na primavera) conforme visto na tabela 08, apresentando média anual de
13,24% (± 1,31). Por coleta exibiu o mesmo padrão do músculo com valor mínimo foi observado no
início do verão (10,55% ± 0,23) e o máximo foi observado no final da primavera (14,89% ± 0,39).
Porém na gônada não houve um aumento contínuo no percentual de proteínas conforme foi observado
para o músculo (Tabela 08); houve um incremento do verão para o outono, um decréscimo significativo
no inverno (indicando desova) e novo incremento na primavera (indicando reconstituição da gônada
para novo ciclo reprodutivo). Da mesma forma que ocorreu com proteínas no músculo, para gônada
também não houve homocedasticidade. Por isso empregou-se novamente teste de Kruskall-Wallis que
verificou variação significativa apenas entre o verão e a primavera (Figura 20). Nos ovócitos além de
lipídeos (estoque de energia) também há grandes quantidades de proteínas, e, havendo a desova, esse
material bioquímico também tem seu percentual reduzido; para a parte masculina da gônada uma
grande quantidade de proteína (na forma de ácidos nucléicos) também são necessárias para a formação
dos espermatozóides (BARBER; BLAKE, 1985).
41
Figura 20. Distribuição sazonal das concentrações de proteínas
totais nas gônadas da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda
marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Pesquisa realizada por Okumus; Stirling (1998) na Turquia com mexilhões (Mytilus edulis L.)
de cultivo mostrou haver variação sazonal na composição química e peso da carne desse bivalvo. Estes
autores observaram que as concentrações de proteínas, lipídeos e carboidratos foram maiores no verão
e outono e foram diminuindo ao longo do inverno e primavera, o que foi justificado, pelos autores, pela
desova dos animais ocorrida nessas estações. Na presente pesquisa, a analise desses dados, demonstra
uma mudança sazonal semelhante para os lipídeos e carboidratos, como pode ser observado na tabela
02. Em relação aos resultados sobre o peso dos componentes que forma a carne de N. nodosus,
observou-se perda na massa do componente gônada, no início do inverno e final de primavera (Figura
16), razão que pode ser atribuída a utilização das reservas energéticas, neste componente, para a
produção de gametas.
5.1.3 Lipídeos totais na carne “in natura”
Para a carne “in natura” da vieira N. nodosus cultivada em Mangaratiba (RJ) a média anual de
Lipídeos totais foi 1,49% (± 0,29%). O maior percentual de lipídeos foi observado nos exemplares
obtidos no verão com uma média de 1,79%, conforme pode ser visto na tabela 09; o valor máximo foi
verificado na coleta do final do verão 1,86% (±0,04%), conforme pode ser conferido na tabela 02. O
inverno foi a estação do ano em que as vieiras coletadas apresentaram o menor percentual médio de
Lipídeos totais (1,15%), conforme pode ser visto na tabela 09; o percentual mínimo foi encontrado nos
animais da coleta de final do inverno 1,05% (±0,01%), vide Tabela 02. Percentuais de gordura
inferiores à 10% são, via de regra, comumente encontrados para espécies marinhas de pescado
(HEARN et al., 1987); no entanto pode-se encontrar em pescado percentuais que variam de 0,1-20%
(CECCHI, 1999). A presente pesquisa realizada com o molusco marinho tropical N. nodosus encontrou
valores para lipídeos totais próximos ao limite inferior dessa faixa esperada, tanto para o animal inteiro
(Tabela 09), como por componente de carne, músculo e gônada (apresentados no item 5.1.3.1).
Segundo Ogawa e Maia (1999) no pescado, de uma forma geral, encontra-se uma relação inversa entre
os percentuais de umidade e lipídeo em função do pescado ser oriundo de águas frias ou tropicais. Ou
seja, em águas frias encontram-se maiores percentuais para lipídeos (na ordem de 10%) e menores
42
percentuais de umidade e para pescado de águas tropicais o inverso. Tal padrão foi observado para a
espécie tropical N. nodosus com alto percentual de umidade durante o ano inteiro e baixos percentuais
de Lipídeos totais (1,05-1,86%). Encontramos como exemplo atum 1,3%, cação 0,8%, sardinha 2,7% e
camarão 0,5% (NEPA, 2006) conforme visto na tabela 03.
Tabela 09. Percentual de Lipídeos totais, por estação do ano, calculado para a carne “in natura” da
vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores médios em percentuais (n = 10). Animais cultivados na
fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). CV- Coeficiente de variação
CV
Estação do ano
Média
Desvio Padrão
0,05
Verão
1,79
± 0,08
0,08
Outono
1,44
± 0,12
0,09
Inverno
1,15
± 0,11
0,19
Primavera
1,58
± 0,30
Dentre os moluscos bivalvos cultivados ou capturados em bancos naturais na costa brasileira o
percentual de lipídeos totais variou entre 0,39% (para a ostra nativa C. brasiliana) e 3,84% para o
sururu (M. falcata), conforme visto na Tabela 10. Para a carne “in natura” do bivalvo Anomalocardia
brasiliana o percentual total de lipídeos variou entre 1,21% (± 0,01) à 0,72% (± 0,02), amostrados
apenas durante o outono e primavera (VICENZI et al., 2009); essa espécie também apresenta
distribuição tropical.
Tabela 10. Percentual de Lipídeos totais dos principais moluscos bivalvos de interesse comercial,
cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento no Brasil.
Lipídeos totais
Período analisado
Referência
Espécie
%
Nodipecten nodosus*
Dezembro 2008/
1,49 (± 0,29)
Presente trabalho
Novembro 2009
Perna perna
*
*
1,14 (± 0,19)
Novembro 2002/
Furlan et al. 2007
março 2003
Janeiro e março de
Portella, 2005
2005
Maio e setembro de
Vincenzi A. et al., 2009
2006
Setembro 2002/ maio
Lira et al. 2004
2003
Setembro 2002/ maio
Lira et al. 2004
2003
Crassostrea brasiliana*
0,39 (± 0,12)
Anomalocardia brasiliana**
0,97 (± 0,25)
Mytella falcata**
3,84 (± 1,70)
A. brasiliana**
2,68 (± 0,47)
C. gigas*
1,54 (NI)
Fevereiro 2005
Parisenti, 2006
C. gigas*
2, 67 (NI)
Outubro 2005
Parisenti, 2006
C. rhizophorae**
1,79 (± 0,07)
NI
Pedrosa et al., 2001
Animais cultivados,
**
extraídos de bancos naturais. NI – Não informado.
Para os bivalvos A. brasiliana e C. rhizophorae analisado por Pedroza; Cozzolino (2001),
obtidos de bancos naturais no Rio Grande do Norte, os percentuais de lipídeos totais variaram entre
1,10% (± 0,11) e 1,79 (± 0,07); os mesmos autores também analisaram outros invertebrados marinhos
tropicais: camarão 0,36% (± 0,03), caranguejo 0,49% (± 0,03) e lagosta 0,66% (± 0,06). Esse baixo
43
percentual de lipídeos em moluscos bivalvos (1-2%) em geral é explicado por Ackman (1999) que
observou a maior fonte energética desses animais são os carboidratos e não os lipídeos.
Da mesma forma como ocorrido com Proteínas totais aqui os dados de Lipídeos totais também
não foram homocedásticos e o Teste de Kruakal-Wallis teve de ser empregado para verificar-se a
significância das variações. Análise de variância revelou que houve variação temporal significativa
entre as estações do ano, sendo os animais coletados no inverno (com seu menor percentual de
lipídeos) significantemente diferentes dos coletados nas demais estações: verão (p < 0,001), primavera
(p < 0,01) e outono (p < 0,05) conforme visto na Figura 21. O verão foi a estação do ano cujos animais
apresentaram os maiores percentuais de lipídeos totais (época de maior disponibilidade de alimento na
região do cultivo), paulatinamente apresentando redução nestes percentuais em direção ao inverno,
onde ocorreram os menores percentuais de lipídios totais para a carne “in natura” da vieira N. nodosus.
Na primavera começou a haver um gradual aumento nos percentuais de lipídeos totais.
Figura 21. Distribuição temporal do componente centesimal Lipídeos totais na
carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Palacios et al. (2005) relacionaram os maiores percentuais de lipídeos em N. subnodosus
cultivados no Golfo do México ao período de maior disponibilidade de alimento no verão e antes da
ocorrência da desova. Esse padrão foi relacionado ao ciclo reprodutivo desta espécie de vieira na
região de Mangaratiba, pois no período verão/outono houve a maturação sexual destes animais, seguida
pela desova que ocorreu no início do inverno. Soudant et al. (1996) apontam os lipídeos,
principalmente os poliinsaturados, como importantes constituintes da parede celular dos ovócitos e
essenciais para o desenvolvimento embrionário das vieiras Pecten maximus. Durante o final do inverno
e os primeiros meses de primavera, as gônadas começaram a se regenerar e ocorreu outra desova no
final da primavera, induzida por aumento na temperatura da água na região.
44
5.1.3.1 Lipídeos totais no músculo adutor e nas gônadas
A carne da vieira N. nodosus pode ser consumida inteira e também pode ser utilizado para o
preparo culinário, apenas o músculo ou, este acrescido das gônadas. Por esse motivo foi analisado o
percentual de Lipídeos totais nestes dois constituintes da carne em separado. A média anual do
percentual de Lipídeos totais no músculo foi de 0,78% (± 0,13) e na gônada 2,37% (± 0,41). O outono
foi a estação do ano que apresentou as maiores médias para os lipídeos totais: 0,92% para o músculo e
2,87% para a gônada. As menores médias para este componente nutricional foram encontradas no
verão 0,69% e 2,04% para o músculo e gônada, respectivamente (Tabela 11). Os valores máximo e
mínimo considerando-se as coletas de cada estação foram encontrados para a gônada 2,91% (± 0,14) no
início do outono e 1,83% (± 0,03) no início do verão.
Tabela 11. Percentual de lipídeos totais calculado para os constituintes da carne da vieira N. nodosus
em duas formas de comercialização. Valores em percentuais (%). Animais cultivados na fazenda
marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). CV – Coeficiente de variação.
CV
CV
Estação do ano
Gônada
Músculo
0,12
0,15
Verão
2,04 (± 0,24)
0,69 (± 0,11)
0,05
0,09
Outono
2,87 (± 0,13)
0,92 (± 0,09)
0,11
0,06
Inverno
2,27 (± 0,25)
0,76 (± 0,05)
0,21
0,22
Primavera
2,32 (± 0,48)
0,75 (± 0,16)
A análise de variância (p < 0,05) revelou que os percentuais de Lipídeos totais no músculo da
vieira N. nodosus diferiram significativamente apenas entre o outono (onde verificou-se os valores
máximos deste componente bioquímico, ver Tabela 11) e o verão (estação dos menores percentuais de
lipídeos totais), conforme pode ser visto na Figura 22.
Figura 22. Distribuição sazonal das concentrações de lipídeos
totais no músculo da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda
marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
A análise de variância (p < 0,05) revelou que para os percentuais de Lipídeos totais na gônada
da vieira N. nodosus apenas no outono (onde verificou-se o valor máximo deste componente
bioquímico, ver Tabela 11) diferiu significantemente das demais estações, conforme pode ser visto na
45
Figura 23. Na estação primavera observou-se um desvio padrão maior (0,48%) que nas estações
anteriores, formando os dados, dois grupos visualmente distintos. Esse fato deu-se em função de ter
ocorrido, no final de outubro de 2009, uma desova massiva de moluscos bivalvos em toda a baía de
Sepetiba e Ilha Grande induzida por uma elevação anômala na temperatura da água do mar, que chegou
à 300C; no dia da coleta de final de primavera a temperatura foi 27ºC.
Figura 23. Distribuição sazonal das concentrações de lipídeos
totais nas gônadas da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda
marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
No pescado a quantidade de lipídeos pode variar muito ao longo do ano. Segundo Antunes; Ito
(1968) e Morais et al. (1978), a variação do percentual de lipídeo ao longo do ano está associada
principalmente ao desenvolvimento das gônadas e à desova, quando parte do lipídeo acumulado é
utilizado pelo animal. Para os pectinídeos o peso da carne, principalmente o músculo e a gônada,
variam sazonalmente em função do ciclo reprodutivo (BARBER; BLAKE, 2006).
Exemplos de N. nodosus cultivado na Colômbia desovam entre outubro e março (VELASCO;
BARROS, 2007), lembrando-se que as águas do oceano Pacífico são mais frias que as do Atlântico. A
mesma espécie cultivada em Santa Catarina desovam em temperaturas entre 17-28ºC, em dois períodos
distintos entre julho e setembro e entre novembro e janeiro (RUPP, 2007). Conforme pode ser visto na
Figura 16, durante a presente pesquisa, os exemplares de N. nodosus cultivados em Mangaratiba
apresentaram dois períodos de redução no peso das gônadas indicando a ocorrência de desova: um no
início do inverno e outro, mais intenso, no final da primavera (este último induzido por estresse
ambiental).
A produção de gametas é um processo anabólico que necessita de gasto energético durante o
amadurecimento da gônada. Em pectinídeos, essa energia pode ser obtida através da alimentação ou do
uso de reservas do próprio animal. Para as vieiras cultivadas na presente pesquisa, o maior percentual
de lipídeo foi observado nos exemplares obtidos no outono. No outono foi observado o máximo de
Lipídeos totais no músculo (0,92%), apresentado posteriormente redução significativamente desse
percentual, indicando seu deslocamento para outra parte do animal (Tabela 12). Também no outono
(período que antecedeu a desova) ocorreu o máximo de lipídeos na gônada que se encontravam plenas.
No inverno ocorreu a primeira desova e, os percentuais de Lipídeos totais apresentaram-se reduzidos
46
tanto no músculo (0,76%) quanto na gônada (2,27%) e também ocorreu redução no peso das gônadas.
N. nodosus apresenta a capacidade de empregar a energia acumulada na forma de glicogênio e de
gorduras no músculo adutor e na glândula digestiva redirecionando-as às gônadas (LODEIROS et al.,
2001). Em experimento laboratorial de maturação gonadal N. nodosus recebeu uma dieta baseada em
emulsão de ácidos graxos DHA e houve completa inibição na maturação gonadal, indicando que a
maturação sexual ocorre com o redirecionamento de reservas estocadas no próprio animal para sua
gônada (VELASCO; BARROS, 2007).
5.1.4 Cinzas
A carne “in natura” de N. nodosus apresentou Cinzas Totais como o quarto componente mais
importante percentualmente. O valor médio anual encontrado foi 1,94% (± 0,32); a estação do ano
cujas vieiras apresentaram maior média de Cinzas foi o inverno com 2,41% e a menor média foi
encontrada para as vieiras coletadas no verão com 1,63% (Tabela 12). Os valores mínimo e máximo
por coleta foram observados no início do verão 1,55% (± 0,02) e no final do inverno 2,54% (± 0,05),
respectivamente, conforme visto na tabela 02. Ao longo das estações do ano verificou-se um gradual
aumento nos percentuais médios de cinzas totais nos animais analisados, até a estação do inverno, onde
para as vieiras analisadas o componente cinzas totais apresentou o seu maior percentual, conforme
ilustrado na tabela 12. Segundo Cecchi (1999) para o pescado espera-se encontrar percentuais de
Cinzas entre 1,2-3,9%; os percentuais encontrados na presente pesquisa encontram-se dentro dessa
faixa esperada.
Tabela 12. Percentual de Cinzas totais, por estação do ano, calculado para a carne “in natura” da
vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores médios em percentuais (n = 10). Animais cultivados na
fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). CV – Coeficiente de variação
CV
Estação do ano
Média
Desvio Padrão
0,05
Verão
1,63
± 0,09
0,09
Outono
1,77
± 0,16
0,06
Inverno
2,41
± 0,14
0,08
Primavera
1,94
± 0,15
A análise de variância revelou que o percentual de cinzas totais para os animais analisados no
verão (estação que apresentou as menores salinidades) foi significantemente diferente do inverno e da
primavera considerando-se p < 0,001 embora não haja diferença entre os animais coletados no verão e
no outono (Figura 24). No presente trabalho encontrou-se que no inverno (onde se verificou as maiores
salinidades) o percentual de cinzas foi significativamente maior que nas demais estações (Figura 24). O
verão, estação chuvosa, apresentou salinidades mais baixas, fato que se refletiu na menor média de
Cinzas detectada na carne “in natura” da vieira N. nodosus.
47
Figura 24. Distribuição temporal do componente químico nutricional Cinzas na
carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Na fração das cinzas presente na carne de organismos aquáticos, principalmente dos
invertebrados, encontramos os principais elementos minerais presentes na água na água do mar, pois
estes organismos encontravam-se em equilíbrio osmótico com o meio em que vivem. Moluscos
bivalvos são animais osmoconformadores, isto é, o conteúdo de sais no citoplasma de suas células varia
acompanhando a salinidade do meio ambiente onde estes animais vivem (NYBAKKEN, 2001). Aveiro
(2007) analisando o berbigão A. brasiliana encontrou dentre estes elementos como principais: sódio,
potássio, cálcio, fósforo e magnésio. À exceção do fósforo os demais elementos encontram-se entre os
principais íons constituintes da água do mar (NYBAKKEN, op.cit.). Encontramos, como exemplo, no
atum 1,3%, cação 1,2%, sardinha 1,6%, e camarão 0,8% (LIMA et al., 2006) conforme visto na tabela
03. Na tabela 13 encontramos, para várias espécies de moluscos bivalvos encontrados em águas
brasileiras, os percentuais médios de Cinzas totais. O berbigão A. brasiliana apresentou o maior
percentual de cinzas (2,52%) e o sururu M. falcata exibiu o menor percentual 1,08%.
48
Tabela 13. Percentual de Cinzas dos principais moluscos bivalvos de interesse comercial, cultivados
ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento no Brasil.
Cinzas
Período analisado
Referência
Espécie
%
Nodipecten nodosus*
Perna perna*
1,94 (± 0,32)
1,79 (± 0,30)
Crassostrea brasiliana*
2,01 (± 0,25)
Anomalocardia brasiliana**
2,52 (± 0,01)
Mytella falcata**
1,08(± 0,47)
A. brasiliana**
2,24 (± 0,7)
C. gigas*
C. gigas*
C. rhizophorae**
1,6 (NI)
1,63 (NI)
1,36 (± 0,02)
Dezembro 2008/
Novembro 2009
Novembro 2002/
março 2003
Janeiro e março de
2005
Maio e setembro de
2006
Setembro 2002/ maio
2003
Setembro 2002/ maio
2003
Fevereiro 2005
Outubro 2005
NI
Presente trabalho
Furlan et al. 2007
Portella, 2005
Vincenzi A. et al., 2009
Lira et al. 2004
Lira et al. 2004
Parisenti, 2006
Parisenti, 2006
Pedrosa et al., 2001
* Animais cultivados, ** extraídos de bancos naturais. NI – Não informado.
5.1.5 Carboidrato total
A vieira N. nodosus cultivada em Mangaratiba apresentou para Carboidratos totais valor médio
anual 3,69% (± 1,39), mínimo para animais coletados no início da primavera (1,94% ± 0,72) e máximo
no início do verão (6,19% ± 0,58), conforme visto na tabela 02. As vieiras coletadas no verão
apresentaram o maior percentual médio de carboidratos (5,12% ± 1,29) e as da primavera apresentaram
o menor percentual (2,12% ± 0,59), conforme visto na tabela 14. Este componente bioquímico
nutricional é o principal diferencial entre os moluscos bivalvos e os demais tipos de pescado. Sua carne
é apreciada justamente devido à seu sabor tipicamente adocicado, pois além dos lipídeos, o glicogênio
é uma importante fonte de reserva (JAY, 1996). Ackman (1999) aponta os carboidratos como a
principal fonte de reserva energética para moluscos bivalvos, sendo seu percentual superior ao dos
lipídeos totais.
Tabela 14. Percentual de Carboidratos totais, por estação do ano, calculado para a carne “in natura”
da vieira N. nodosus (animal inteiro). Valores médios em percentuais (n = 10). Animais cultivados na
fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). CV – Coeficiente de Variação.
CV
Estação do ano
Média
Desvio Padrão
0,25
Verão
5,12
± 1,29
0,13
Outono
4,34
± 0,57
0,22
Inverno
3,17
± 0,68
0,28
Primavera
2,12
± 0,59
Para Carboidratos totais também houve a necessidade de usar o teste não paramétrico KruskallWallis para a realização da análise de variância. A análise de variância revelou que as vieiras coletadas
na primavera foram significantemente diferentes quanto ao percentual de Carboidratos totais das
49
coletadas no verão e no outono com p < 0,001; não houve diferença significativa entre os percentuais
deste componente bioquímico para as vieiras analisadas no verão e no outono e também entre os
animais coletados no outono e no inverno, em função dos grandes desvios padrões encontrados (Figura
25). Os resultados sugerem uma diminuição significativa nos percentuais de carboidratos com o tempo,
sendo o verão a estação com maiores percentuais e a primavera os menores. Estudos com a fisiologia
de moluscos bivalvos indicam que o acúmulo de glicogênio encontra-se ligado à condições tróficas
favoráveis, ou seja, à grande disponibilidade de alimento; posteriormente este carboidrato pode vir a ser
convertido e mobilizado durante a maturação sexual (PATRICK et al., 2006). Na ilha Guaíba o
período do verão apresenta as maiores densidades celulares de microalgas, principal alimento destes
animais (FERREIRA, 2004). Dessa forma o maior percentual de carboidrato encontrado na presente
pesquisa coincide com a época de maior disponibilidade de alimento para N. nodosus nas águas do
entorno da ilha Guaíba, onde as vieiras foram cultivadas.
Figura 25. Distribuição temporal do componente químico nutricional Carboidratos
totais na carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 a novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Conforme visto na tabela 03 o percentual de carboidratos é insignificante para diversas espécies
de pescado, enquanto que comparado à outras espécies de bivalvos N. nodosus tenha apresentado
percentual intermediário entra a ostra C. gigas (que apresentou o maior percentual deste componente
bioquímico 8,9%) e o sururu M. falcata (que apresentou o menor percentual deste componente
bioquímico 1,03%), conforme pode ser visto na tabela 15. Vale ressaltar que os trabalhos citados na
tabela 15 compreendem um tempo de amostragem inferior ao realizado na presente pesquisa, muitas
vezes não compreendendo o período reprodutivo dos bivalvos analisados. Tal fato, por exemplo, pode
50
ser ilustrado pela discrepância entre os percentuais de carboidratos encontrados para C. gigas por
Parisenti (2006) em duas únicas coletas realizadas. Magalhães (1985) ressalta que para os moluscos
bivalvos os percentuais de carboidratos, assim como de lipídeos, se correlacionam diretamente com o
ciclo reprodutivo destes animais. Dessa forma vários percentuais calculados à partir de um período
amostral inferior à um ano podem estar subestimados.
Tabela 15. Percentual de Carboidratos dos principais moluscos bivalvos de interesse comercial,
cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento no Brasil.
Carboidratos
Período analisado
Referência
Espécie
%
Nodipecten nodosus*
Perna perna*
3,69 (±1,39)
4,22 (±1,67)
Crassostrea brasiliana*
4,64 (±1,42)
Anomalocardia brasiliana**
4,15 (±0,25)
Mytella falcata**
1,03 (±0,95)
A. brasiliana**
2,39 (±1,56)
C. gigas*
C. gigas*
C. rhizophorae**
5,28 (NI)
8,9 (NI)
2,95 (NI)
Dezembro 2008/
Novembro 2009
Novembro 2002/
março 2003
Janeiro e março de
2005
Maio e setembro de
2006
Setembro 2002/ maio
2003
Setembro 2002/ maio
2003
Fevereiro 2005
Outubro 2005
NI
Presente trabalho
Furlan et al. 2007
Portella, 2005
Vincenzi A. et al., 2009
Lira et al. 2004
Lira et al. 2004
Parisenti, 2006
Parisenti, 2006
Pedrosa et al., 2001
* Animais cultivados, ** extraídos de bancos naturais. NI – Não informado.
Na presente pesquisa, os percentuais máximo de carboidratos (verão/outono) foi verificado
durante o período de maturação sexual de N. nodosus, visto que a primeira desova ocorreu no início de
inverno e a segunda no final da primavera (Figura 16, e conforme discutido no item 5.1.2.1.). Os
percentuais mais baixos encontrados no período inverno/primavera coincidem com a época em que
ocorreram as duas desovas observadas na presente pesquisa. Para ostras, essa relação entre percentuais
de carboidratos e período de maturação sexual também é evidenciada na literatura: maiores percentuais
durante o amadurecimento das gônadas e menores percentuais após a desova, quando as gônadas
apresentam poucos gametas e percentuais mínimos de glicogênio (ANTUNES; ITO, 1968; MORAIS et
al., 1978). Galvão et al. (2000) encontraram para ostras nativas C. brasiliana cultivadas em Cananéia,
SP, os valores mínimos de glicogênio durante o verão, época das desovas mais intensas desta espécie.
5.2 Percentual e Perfil de Ácidos Graxos
Cada amostra avaliada, gerou um perfil cromatográfico onde se observou os picos de diversos
ácidos graxos (saturados, insaturados ou não identificados). Cada pico, ou seja, cada ácido graxo
presente em uma dada amostra, caracterizou-se por um determinado tempo de retenção e área; à cada
área foi atribuído (através da normalização das áreas) um percentual e, a soma dos percentuais de todos
os ácidos graxos presentes em uma determinada amostra correspondia à 100%. O padrão utilizado foi o
FAME (Ésteres metílicos de ácidos graxos), (Figura 26). Os percentuais totais de ácidos graxos
saturados e insaturados são apresentados nos itens 5.2.1 e 5.2.2. Os principais quantitativamente são
51
apresentados individualmente. Os cromatogramas encontram-se exemplificados nas figuras 27-34. A
elaboração do cálculo da concentração de cada ácido graxo foi realizada através do estabelecimento de
uma relação entre o percentual de cada ácido graxo presente em uma dada amostra e o percentual total
de lipídeos (Tabela 11) em cada componente avaliado (músculo e gônada) da mesma amostra.
Figura 26. Padrão FAME (Ésteres metílicos de ácidos graxos) analisado por Cromatografia
gasosa.
52
Figura 27. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no músculo da
vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o verão. A) Início do verão. B) Final do verão.
53
Figura 28. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na gônada da
vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o verão. A) Início do verão. B) Final do verão.
54
Figura 29. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no músculo da
vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o outono. A) Início do outono. B) Final do outono.
55
Figura 30. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na gônada da
vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o outono. A) Início do outono. B) Final do outono.
56
Figura 31. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no músculo da
vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o inverno. A) Início do inverno. B) Final do inverno.
57
Figura 32. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na gônada
da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha
Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o inverno. A) Início do inverno. B) Final
do inverno.
58
Figura 33. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes no músculo da
vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante a primavera. A) Início da primavera. B) Final da
primavera.
59
Figura 34. Cromatogramas do perfil de ácidos graxos presentes na gônada
da vieira N. nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha
Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante a primavera. A) Início da primavera. B)
Final da primavera.
A vieira Nodipecten nodosus cultivada em Mangaratiba (RJ) apresentou percentual anual médio
de ácidos graxos saturados de 59,36% (± 7,43% e coeficiente de variação = 13%) no músculo e 59,19%
(± 6,16% e coeficiente de variação = 10%) na gônada. Para os ácidos graxos insaturados a média anual
foi de 39,49% (± 7,52% e coeficiente de variação = 19%) para o músculo e 38,39% (± 6,21% e
coeficiente de variação = 16%) para a gônada.
Os exemplares de N. nodosus coletados no verão foram os que exibiram os menores percentuais
de ácidos graxos saturados tanto para o músculo quanto para a gônada e os que também mostraram os
maiores percentuais de ácidos graxos insaturados, conforme visto na Figura 35. Em média o músculo
apresentou 52,5% (± 3,45%) de saturados e 47,43% (± 3,35) de insaturados e 0,09% (± 0,09) de ácidos
graxos não identificados; para a gônada os percentuais médios foram de 51,36% (± 4,92), 45% (±4,01)
e 3,65% (± 0,9) para ácidos graxos saturados, insaturados e não identificados respectivamente. Na
60
coleta de início de verão (Verão1) tanto o músculo quanto a gônada de N. nodosus apresentaram os
menores percentuais de ácidos graxos saturados 49,05% e 46,44%. O inverso ocorreu para os ácidos
graxos insaturados, que exibiram no início do verão os percentuais máximos encontrados pela presente
pesquisa durante todo o período avaliado: 50,77% para músculo e 49,01% para a gônada, conforme
visto na tabela 16.
Figura 35. Valores médios dos percentuais de ácidos graxos saturados, insaturados e não
identificados no músculo e gônadas na carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten
nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o
período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Para carne “in natura” da vieira Pecten maximus cultivada na Espanha o percentual de ácidos
graxos insaturados apresentou grande variação 5,1- 44,1%, mostrando níveis mais baixos em abriljulho (primavera-verão no hemisfério norte), aumentando significantemente ao longo do verão
(PAZOS et al., 2003). Para a vieira N. nodosus este mesmo padrão foi observado, os maiores
percentuais de insaturados no verão (Figura 35).
Tabela 16. Percentual de ácidos graxos saturados, insaturados e não identificados para os constituintes
da carne da vieira N. nodosus em duas das formas de comercialização. Valores em percentuais.
Animais cultivados na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Verão1
M
Sat
G
Verão2
M
G
Outono1
Outono2
Inverno1
Inverno2
M
M
M
M
G
G
G
G
Primavera1 Primavera2
M
G
M
G
49,05 46,44 55,94 56,27 59,82 62,07 54,25 67,88 64,41 63,5 52,29 60,85 72,17 54,66 66,92 61,87
Insat 50,77 49,01 44,08 40,99 35,57 37,93 45,74 31,48 35,62 36,5 45,04 36,67 27,84 45,4 31,23 29,17
0
2,75 4,62
0
0,01 0,64
0
0
2,67 2,49
0
0
1,85 8,96
NI 0,18 4,55
Onde: Sat – ácidos graxos saturados; Insat – ácidos graxos insaturados; NI – ácidos graxos não identificados; M – músculo;
G – gônada.
61
No outono, o músculo da vieira N. nodosus apresentou percentuais médios de 57,04% (±
2,79%) para ácidos graxos saturados, 40,66% (± 5,09%) para ácidos graxos insaturados e 2,32 % (±
2,31%) para os não identificados. Na gônada desta espécie encontrou-se o percentual médio de 64,98%
(± 2,01%) para ácidos graxos saturados, 34,71% (± 3,23%) para ácidos graxos insaturados e 0,32% (±
0,32%) para os não identificados, que podem ser vistos na Figura 35. Na coleta de final de outono
(Outono2) observou-se o maior percentual de ácidos graxos saturados na gônada (67,88%) conforme
pode ser visto na tabela 16.
No inverno os percentuais médios de ácidos graxos saturados foram maiores tanto no músculo
(58,35% ± 6,06%) quanto na gônada (62,18% ± 1,33%) do que os ácidos graxos insaturados: 40,33%
(± 4,71%) para músculo e 36,59% para a gônada (± 0,09%). Os ácidos graxos não identificados
apresentaram baixos percentuais 1,35% (± 1,3%) para o músculo e 1,25% para a gônada (± 1,2). Estes
percentuais podem ser vistos na Figura 35.
Na primavera os percentuais de ácidos graxos saturados continuaram maiores que os
insaturados, conforme visto na Figura 35. No músculo 69,55% (± 2,63%) e gônada 58,27% (± 3,61%).
Os ácidos graxos insaturados apresentaram percentuais médios de 29,54% (± 1,7%) para o músculo e
37,29% (± 8,12%) para a gônada. Conforme visto na tabela 16 na coleta de início primavera (P1) para
o músculo encontrou-se o maior percentual de ácidos graxos saturados (72,17%) e o menor de ácidos
graxos insaturados (27,84%); na coleta de final de primavera (P2) para a gônada encontrou-se o menor
percentual de ácidos graxos insaturados: 29,17%.
Os valores obtidos do cálculo da concentração dos ácidos graxos saturados e insaturados totais
foram expressos em miligrama por 100 gramas de carne (músculo ou gônada). Para todo o período
avaliado o músculo apresentou em média 462mg (± 29mg) de ácidos graxos saturados e 307mg (±
30mg) de ácidos graxos insaturados. A gônada apresentou em média 1411mg (± 67mg) e 920mg (±
91mg) de ácidos graxos saturados e insaturados, respectivamente. Segundo Caers et al. (1999) para a
vieira chilena Argopecten purpuratus o músculo também é o órgão que apresenta níveis mais altos de
ácidos graxos insaturados, principalmente os da família ômega-3. A Figura 36 ilustra, por estação do
ano, as concentrações de ácidos graxos saturados e insaturados por componente analisado da carne “in
natura” de vieiras N. nodosus.
62
Figura 36. Concentrações totais de ácidos graxos saturados e insaturados no músculo e gônada
da vieira N. nodosus cultivadas na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de
Mangaratiba (RJ). Valores em miligrama de ácido graxo. 100g-1 de carne “in natura”.
O verão foi a única estação onde as concentrações médias por coleta de ácidos graxos
insaturados foram ligeiramente superiores aos saturados, tanto no músculo quanto na gônada de N
nodosus, na coleta de início de verão (M1 e G1 Verão, Figura 36). Considerando-se a média da estação,
no músculo encontrou-se 329mg (± 23mg) de ácidos graxos insaturados e 365 mg (± 33mg) de ácidos
graxos saturados. A gônada apresentou concentração média de 1050mg (± 101mg) de ácidos graxos
saturados e 920mg (± 82mg) de ácidos graxos insaturados. Para o músculo e a gônada o verão foi a
estação que apresentou as menores concentrações médias de ácidos graxos saturados. Conforme pode
ser visto na Figura 36 (M1 e G1 de verão) a coleta de início de verão apresentou-se como o único
momento em que a concentração de ácidos graxos insaturados superou os saturados: músculo 353mg (±
12,04mg) de insaturados contra 341mg (± 13,68mg) de saturados (esta concentração de ácido graxo
saturado foi a mínima encontrada para o músculo em todo período avaliado) e gônada 1002mg (± 51,46
mg) de insaturados contra 949mg de saturados (esta concentração de ácido graxo saturado foi a mínima
encontrada para a gônada em todo período avaliado). Na coleta de final de verão observou-se que os
ácidos graxos saturados atingiram concentrações maiores que os insaturados, fato que ocorreu em todas
as amostras posteriormente analisadas. Não houve material biológico em quantidade suficiente para se
testar se as diferenças entre as concentrações totais de ácidos graxos saturados e insaturados foram
significativas. Evidencia-se uma tendência de equivalência entre os ácidos graxos insaturados e os
63
ácidos grãos saturados nos exemplares coletados no início de verão. Nas coletas das demais estações a
concentração total de ácidos graxos insaturados sempre foi menor que os saturados nos dois
componentes avaliados (músculo e gônada), conforme pode ser observado na Figura 36.
As amostras coletadas no outono apresentaram as maiores concentrações de ácidos graxos
saturados tanto no músculo (523mg, ±26mg) quanto na gônada (1866mg, ±54mg). A mesma tendência
foi observada para os ácidos graxos insaturados: 373mg no músculo (±47mg) e 997mg (±93mg) na
gônada. A coleta de início de outono apresentou, para o componente músculo, a maior concentração de
ácidos graxos saturados com 549mg (± 29,85 mg, M1 de outono na Figura 36). A coleta de final de
outono apresentou para o componente gônada a maior concentração de ácidos graxos saturados
observada: 1949mg (±132,81mg, G2 de outono, Figura 36). Para os ácidos graxos insaturados as
maiores concentrações observadas por coleta, também ocorreram no outono: final de outono para o
músculo com 420mg (± 1,94mg, M2 outono, Figura 36) e início de outono para a gônada com 1089mg
(± 12,41mg, G1 de outono, Figura 36).
Em termos de concentração média de ácido graxo insaturado, o inverno apresentou o valor
mínimo de 830mg (± 2mg) para a gônada; no músculo a média total de ácido graxo insaturado foi 305
mg (± 36mg). Para os ácidos graxos saturados a média de inverno foi 441mg (± 46mg) para o músculo
e 1410mg (± 30mg) para a gônada.
Considerando-se os valores médios por estação do ano temos para as coletas de primavera o
mínimo de ácidos graxos insaturados no músculo (220 mg, ± 13mg); na gônada encontramos média de
863mg (± 188mg). Para os ácidos graxos saturados foram encontradas as concentrações médias de
519mg (± 20mg) para o músculo e 1410mg (± 30mg) para a gônada. Considerando-se os valores
mínimos por coleta, temos no início de primavera o mínimo de insaturados no músculo com 208mg (±
12,66mg, M1 de primavera, Figura 36) e no final de primavera o mínimo de insaturados para a gônada
671mg (± 189, 29mg, G2 de primavera, Figura 36).
Ao considerarmos a proporção em que foram observados as famílias de ácidos graxos
(saturados, MUFA, família ômega-3 e ômega-6) verificou-se que entre músculo (Figura 37, A) e
gônada (Figura 37, B) para cada coleta realizada, aparentemente houve um padrão similar de
distribuição. A exceção nessa proporção relacionou-se ao ácido graxo ômega-6, cujo percentual
máximo ocorreu no músculo no final do outono e na gônada no início do inverno. Isso sugeriu a
migração da família de ácidos graxos ômega-6 presentes no músculo, para a gônada, que logo após no
início do inverno apresentou seu percentual máximo para essa família de ácidos graxos. O encontrado
na presente pesquisa está de acordo com o citado por Raccota et al. (1998) que aponta o músculo como
o órgão que atua como principal fonte de reservas lipídicas para diversas espécies de vieiras; no entanto
outros autores como Pazos et al. (2003) apontam a glândula digestiva como principal reserva lipídica
para vieira Pecten maximus. Para a vieira Argopecten irradians cultivada nos EUA tanto a glândula
digestiva quanto o músculo contribuem energeticamente para a reprodução, através da cessão de suas
reservas principalmente para a parte feminina das gônadas desta vieira (BARBER; BLAKE, 1985).
Uma vez na gônada os ácidos ômega-6 atingiram seu percentual máximo no início do inverno e em
seguida foram metabolizados em ômega-3, importantes constituíntes de hormônios sexuais para a
maturação dos ovócitos. Para os ácidos graxos saturados ao longo de todo o ano a razão média foi
estável entre gônada e músculo na ordem de 3 (± 0,4), ou seja, durante o período pesquisado N.
nodosus apresentou percentuais de gorduras saturadas 3 vezes maiores na gônada que no músculo. Para
MUFA e ômega-6 a razão foi 4, porém com variações maiores ± 1,4 e ± 2,8, respectivamente,
mostrando que o metabolismo do animal modula a migração destes grupos de ácidos graxos entre os
componentes do corpo da vieira.
64
Figura 37. Proporção da ocorrência de ácidos graxos saturados, monoinsaturados (MUFA),
ômega-3 (ω-3) e ômega-6 (ω-6) na carne “in natura” da vieira N. nodosus cultivadas na
fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ). A) no músculo; B) na
gônada.Valores em percentuais.
Para a família ômega-3 a razão músculo: gônada foi 3, porém com desvio padrão (± 1,3) bem
maior que o apresentado pelos saturados (Figura 38), indicando também a ação do metabolismo na
distribuição deste grupo de ácidos graxos nos componentes da vieira. Porém, em termos de
concentração para cada um destes grupos de ácido graxo no músculo e na gônada a diferença reside no
percentual dos Lipídeos totais (Tabela 11), cerca de três à quatro vezes mais concentrado na gônada
que no músculo.
65
Figura 38. Razão entre a concentração de ácidos graxos saturados, monoinsaturados (MUFA),
família ômega-6 (ω-6) e ômega-3 (ω-3) presentes na gônada e no músculo da vieira N. nodosus
cultivadas na fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ).
Para alguns autores como Oliveira (2003) e Orban et al. (2006) alimentos marinhos apresentam
uma variação nos valores dos percentuais de ácidos graxos, sendo esta diferença nutricional
influenciada por vários fatores, tais como: espécie de pescado, maturidade sexual, local de captura,
temperatura da água do mar, sazonalidade e especialmente a qualidade e quantidade do fitoplâncton
disponível no habitat de cada animal.
5.2.1 Ácidos graxos saturados
Foram identificados oito ácidos graxos saturados: mirístico (C14), pentadecanóico (C15),
palmítico (C16), heptadecanóico (C17), esteárico (C18), araquídico (C20), behênico (C22) e lignocérico
(C24). Devido ao baixo número de repetições possíveis de executar com o material biológico
disponível, os resultados tanto dos percentuais dos ácidos graxos saturados quanto o cálculo de suas
concentrações foram abordados de uma maneira descritiva. Não houve possibilidade de realizar análise
de variância para se verificar um padrão de distribuição temporal ou nos diferentes componentes
analisados. Os ácidos graxos saturados mais freqüentes (palmítico, mirístico e esteárico) foram
apresentados em Tabelas à parte com seus valores médios, desvios padrão e coeficiente de variação.
Considerou-se satisfatório os dados que apresentaram coeficientes de variação em torno de 10%.
Com exceção do ácido graxo Pentadecanóico, as amostras obtidas no verão, tanto de músculo
como gônada, apresentaram todos os ácidos graxos saturados. Os ácidos mirístico, palmítico,
heptadecanóico, esteárico e behênico ocorreram tanto nos dois componentes analisados (músculo e
gônada), quanto nas duas coletas da estação (Figura 39).
66
Figura 39. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante o verão presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o
período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
O ácido palmítico apresentou o maior percentual em todas as amostras: músculo com 27,63% e
29,12%, início e final de verão; gônada 29,38% e 34,60%, início e final do verão (Tabela 17). O ácido
esteárico foi o segundo em percentual: músculo com 14,15% e 15%, início e final do verão; gônada
9,49% e 12,84%, início e final do verão (Tabela 20). O ácido mirístico apresentou-se percentualmente
como o terceiro componente mais importante dentre os ácidos graxos saturados encontrados: no
músculo 2,60% e 2,17% (início e final do verão, respectivamente) e na gônada 5,14% e 5,26% (início e
final do verão, respectivamente), conforme pode ser visto na tabela 19. O ácido heptadecanóico (que
também ocorreu no inverno e primavera) apresentou seus maiores percentuais nas amostras de verão:
músculo 3,40% e 2% (início e final do verão, respectivamente) e gônada 2,44% e 1,15% (início e final
do verão, respectivamente). No músculo o ácido behênico atingiu percentuais de 1,27% e 2,49%(início
e final do verão); na gônada 2,49% (final do verão), somente sendo inferiores aos percentuais
encontrados na primavera para este ácido graxo. Os ácidos araquídico (apresentou seu maior
percentual 4,25%) e lignocérico (0,91%) estiveram presentes apenas no final do verão no músculo.
67
Tabela 17. Valores percentuais médios do ácido palmítico por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Músculo
Gônada
Estação do ano
Média
DP
CV
Média
DP
CV
27,63
Verão 1
0,07
0,00
29,38
2,52
0,09
Verão 2
29,12
0,24
0,01
34,60
2,73
0,08
Outono 1
31,70
2,25
0,07
38,18
1,94
0,05
Outono 2
32,54
5,65
0,17
41,36
3,83
0,09
Inverno 1
40,12
5,68
0,14
41,01
6,19
0,15
Inverno 2
29,97
3,40
0,11
39,99
2,45
0,06
Primavera 1
43,19
3,41
0,08
28,85
0,25
0,01
Primavera 2
45,32
3,38
0,07
41,98
0,56
0,01
Tabela 18. Valores percentuais médios do ácido esteárico por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Músculo
Gônada
Estação do ano
Média
DP
CV
Média
DP
CV
14,15
Verão 1
0,07
0,00
9,49
0,66
0,07
Verão 2
15,00
0,16
0,01
12,84
0,65
0,05
Outono 1
17,94
1,28
0,07
13,45
1,34
0,10
Outono 2
16,98
0,96
0,06
13,97
1,15
0,08
Inverno 1
13,81
1,96
0,14
10,00
1,87
0,19
Inverno 2
13,20
1,22
0,09
10,12
1,13
0,11
Primavera 1
18,19
1,21
0,07
8,52
0,50
0,06
Primavera 2
19,30
0,68
0,04
9,15
0,14
0,02
Tabela 19. Valores percentuais médios do ácido mirístico por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Estação do ano
Músculo
Gônada
Média
DP
CV
Média
DP
CV
2,60
Verão 1
0,00
0,00
5,14
0,80
0,16
Verão 2
2,17
0,02
0,01
5,26
0,81
0,15
Outono 1
2,41
0,00
0,00
5,89
0,90
0,15
Outono 2
3,49
0,87
0,25
6,04
0,78
0,13
Inverno 1
4,58
1,29
0,28
6,09
1,06
0,17
Inverno 2
0,95
0,16
0,17
4,03
0,20
0,05
Primavera 1
ND
ND
ND
2,38
0,22
0,09
Primavera 2
ND
ND
ND
4,71
0,96
0,20
68
No outono, dos ácidos graxos identificados, apenas o pentadecanóico e o heptadecanóico não
estiveram presentes. Mirístico, palmítico, esteárico e araquídico ocorreram em todas as amostras
(músculo e gônada nas coletas do início e do final do outono), conforme pode ser visto na Figura 40.
Os ácidos graxos palmítico, esteárico e mirístico apresentaram-se percentualmente como os
predominantes, assim como ocorreu no verão. O ácido palmítico apresentou o maior percentual em
todas as amostras: músculo com 31,70% e 32,54%, início e final de outono; gônada 38,18% e 41,36%,
início e final do outono (Tabela 17). O ácido esteárico foi o segundo em percentual: músculo com
17,94% e 16,98%, início e final do outono; gônada 13,45% e 13,97%, início e final do outono (Tabela
18). O ácido mirístico (Tabela 19) apresentou-se percentualmente como o terceiro componente mais
importante dentre os ácidos graxos saturados encontrados: no músculo 2,41% e 3,49% (início e final do
outono, respectivamente) e na gônada 5,89% e 6,04% (início e final do outono, respectivamente).
Figura 40. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante o outono presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o
período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Nas Tabelas 17-19 encontram-se relatados seus valores médios, com os respectivos desvios
padrão e coeficiente de variação para estes ácidos graxos de maior percentual. O ácido araquídico
esteve presente em todas as amostras de outono: músculo 5,02% (início de outono) e gônada 2,56% e
1,49% (início e final de outono). O ácido behênico somente ocorreu na coleta de início de outono no
músculo 0,77% e no início e final do outono na gônada (1,99% e 2,06%, respectivamente) e seu
percentual foi tão baixo que não apareceu representados na Figura 39. O ácido lignocérico ocorreu no
músculo apresentou 1,98% e 1,25% (início e final de outono, respectivamente) na gônada de final de
outono (2,97%) conforme pode ser visto na Figura 40.
Todos os oito ácidos graxos saturados identificados ocorreram no inverno (Figura 41). No
período analisado o ácido pentadecanóico somente ocorreu na coleta de início de inverno, tanto no
músculo (0,29%) quanto na gônada (0,15%), em percentuais tão baixos que ficaram imperceptíveis na
69
Figura 40. Os ácidos mirístico, palmítico, heptadecanóico, esteárico e lignocérico ocorreram em todas
as amostras (músculo e gônada nas coletas do início e do final do inverno). Os ácidos graxos:
palmítico, esteárico e mirístico apresentaram-se percentualmente como os predominantes, assim como
ocorreu no verão e outono. O ácido palmítico apresentou o maior percentual em todas as amostras:
músculo com 40,12% e 29,97%, início e final do inverno; gônada 41,01% e 39,99%, início e final do
inverno (Tabela 17). O ácido esteárico foi o segundo em percentual: músculo com 13,81% e 13,20%,
início e final do outono; gônada 10% e 10,12%, início e final do inverno (Tabela 18).
Figura 41. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante o inverno presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
O ácido mirístico (Tabela 19) apresentou-se percentualmente como o terceiro componente mais
importante dentre os ácidos graxos saturados encontrados: no músculo 4,58% e 0,95% (início e final do
inverno, respectivamente) e na gônada 6,09% e 4,03% (início e final do inverno, respectivamente). Nas
Tabelas 17-19 encontram-se relatados seus valores médios, com os respectivos desvios padrão e
coeficiente de variação para estes ácidos graxos de maior percentual. O ácido behênico somente esteve
presente na coleta de final do inverno, tanto no músculo (1,06%) quanto na gônada (1,36%), também
imperceptível na Figura 41. O ácido araquídico esteve presente no músculo (2,48% no início do
inverno e 1,42% no final do inverno) e na gônada do início do inverno (1,64%).
Os ácidos graxos pentadecanóico e araquídico não estiveram presentes nas amostras de
primavera. Já os ácidos palmítico, esteárico, behêncio e lignocérico ocorreram em todas as amostras
(músculo e gônada nas coletas do início e do final da primavera). Os ácidos graxos palmítico, esteárico
e lignocérico apresentaram-se percentualmente como os predominantes, conforme pode ser visto na
Figura 42. O ácido palmítico apresentou o maior percentual em todas as amostras: músculo com
43,19% e 45,32%, início e final da primavera; gônada 28,85% e 41,98%, início e final da primavera
(Tabela 17). O ácido esteárico foi o segundo em percentual: músculo com 18,19% e 19,30%, início e
final da primavera; gônada 8,52% e 9,15%, início e final do inverno (Tabela 18).
70
Figura 42. Percentuais médios dos ácidos graxos saturados durante a primavera presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
O ácido lignocérico apresentou-se percentualmente como o terceiro componente mais
importante dentre os ácidos graxos saturados encontrados: no músculo 7,41% e 0,11% (início e final do
inverno, respectivamente) e na gônada 9,59% e 4,89% (início e final do inverno, respectivamente). O
ácido behênico apresentou percentuais de 3,39% e 2,20% início e final de primavera no músculo; na
gônada 2,62% e 1,15%, início e final de primavera. Nas Tabelas 17 e 18 encontram-se relatados seus
valores médios, com os respectivos desvios padrão e coeficiente de variação para estes ácidos graxos
de maior percentual. O ácido mirístico somente ocorreu nas amostras de gônadas (2,38% e 4,71% no
início e final da primavera, respectivamente).
O ácido heptadecanóico somente ocorreu na amostra gônada no início da primavera com 2,72%.
Os percentuais da presença dos ácidos graxos identificados na primavera encontram-se representados
na Figura 42. Ao se comparar os valores percentuais dos ácidos graxos saturados encontrados para N.
nodosus nesta pesquisa com os percentuais encontrados por outros autores analisando outros tipos de
pescados encontrou-se semelhança no percentual de ácidos graxos, bem como nos valores
aproximados. O ácido graxos saturados Palmítico e Esteárico, dentre todos encontrados pelos autores
referenciados na tabela 20, sempre foram os que apresentaram maiores percentuais nos tipos de
pescado analisados.
71
Tabela 20. Percentual de ácidos graxos saturados Palmítico, Esteárico e Mirístico em pescado,
cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento humano.
Espécie
Palmítico
Esteárico
Mirístico
Referência
a
N. nodosus
34,95
16,07
2,02
Presente trabalho
N. nodosusb
36,92
10,94
4,94
Presente trabalho
19,29c
4,58d
Presente trabalho
N. nodosus
45,32c
e
e
f
N. nodosus
41,36
13,97
6,09
Presente trabalho
atum
22,7
9,5
2,0
Gutierrez; Silva (1993)
sardinha
16,2
1,3
9,8
Gutierrez; Silva (1993)
pescada
15,5
7,2
0,9
Gutierrez; Silva (1993)
P. brasiliensis
18,20
10,10
1,60
Moura et al., 2002.
A. brasiliana
16,42
8,51
1,27
Aveiro, 2007.
C.gigas
20,20
3,76.
3,19
Parisenti, 2006.
M. edulis L.
12,60
2,70
4,10
Coperman;Parrish, 2004.
Mytella falcata
27,06
10,39
7,95
Lira et al., 2004.
A. brasiliana
22,45
7,94
5,50
Lira et al., 2004.
Tagelus plebeus
26,75
8,28
5,66
Lira et al., 2004.
a
- No músculo média anual, b - Na gônada média anual, c- No músculo valores máximos encontrados no final da primavera,
– No músculo valor máximo encontrado no início do inverno, e - Na gônada valores máximos encontrados no final do
outono, f - Na gônada valor máximo encontrado no início do inverno.
d
Os ácidos graxos saturados Palmítico e Esteárico foram, durante todo o período analisado e em
todos os componentes da vieira N. nodosus, os que apresentaram as maiores concentrações. Suas
médias anuais foram, respectivamente, 271,79mg (± 52,79mg) e 883,61mg (± 195,57mg) para músculo
e gônada; 125,86mg (± 25,86mg) e 263,58mg (± 77,81mg) para músculo e gônada. A razão calculada
entre os componentes avaliados indicou que o ácido palmítico estava presente na ordem de 3 vezes
mais na gônada que no músculo, para o ácido Esteárico esta razão foi de 2:1 (Figura 43 B e A). O ácido
palmítico, dentre todos os ácidos graxos encontrados, apresentou as maiores concentrações ao longo de
todo o ano tanto no músculo quanto na gônada da vieira N. nodosus. No verão ocorreram os menores
valores médios deste ácido graxo tanto para o músculo (197,10mg ± 5,17mg ) quanto para a gônada
(653,91mg ± 53,35mg) conforme visto na tabela 21. Os maiores valores médios do ácido palmítico
ocorreram no outono para a gônada (1142,12mg ± 45,66mg conforme visto na tabela 22) e na
primavera para o músculo (330,29mg ± 7,93mg conforme visto na tabela 24). A Figura 43 representa
graficamente estes valores, os demais valores para o ácido palmítico (no músculo e gônada) nas demais
estações encontram-se nas Tabelas de 21-24.
72
Figura 43. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes nos componentes da
carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha
localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à
novembro de 2009. Valores em mg de ácido graxo.100g carne -1. A) No músculo, B)
Na gônada.
Segundo Telahigue et al. (2010) para as vieiras Pecten jacobaeus, Chlamys varia e Flexopecten
glaber da costa atlântica oriental, os principais ácidos graxos saturados (encontrados nas gônadas e no
músculo) também foram o Palmítico e Esteárico. Oliveira (2007), analisando peixe Mandim (Arius
Spixii) comercializado em Maceió-AL, também detectou percentual de ácido graxo palmítico elevado
(41,19%), assim como o relatado pela presente pesquisa. Acredita-se que esse ácido graxo seja um dos
principais responsáveis pelo aumento do colesterol sérico (LIRA et al., 2005) visto que a concentração
deste esteróide dobra quando o consumo de ácidos graxos saturados é maior que o de ácidos graxos
poliinsaturados (SABARENSE, 2003)
73
Tabela 21. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante o verão no músculo e gônada
de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g carne -1.
VERÃO
Ácidos graxos
saturados
Mirístico
Pentadecanóico
Palmítico
Heptadecanóico
Esteárico
Araquídico
Behênico
Lignocérico
Início
18,03
0,00
191,93
23,62
98,29
0,00
8,82
0,00
Músculo
Final
Média
15,10
16,57
0,00
0,00
202,28 197,10a
13,89
18,75
104,19 101,24c
29,52
14,76
17,30
13,06
6,32
3,16
DP
1,46
0,00
5,17
4,86
2,95
14,76
4,24
3,16
Início
104,96
0,00
600,56
49,88
193,88
0,00
0,00
0,00
Gônada
Final
Média
107,42
106,19
0,00
0,00
707,26 653,91a
23,51
36,69
262,46
228,17
0,00
0,00
49,47
24,73
0,00
0,00
DP
1,23
0,00
53,35
13,18
34,29
0,00
24,73
0,00
a
– Menores valores médios do ácido palmítico encontrados durante o período analisado. c – Menor valor médio do ácido
esteárico encontrado para o músculo durante o período analisado.
Tabela 22. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante o outono no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
OUTONO
Ácidos graxos
Músculo
Gônada
saturados
Início
Final
Média
DP
Início
Final
Média
DP
f
f
4,95
169,01
173,31
171,16
2,15
22,11
32,02
27,07
Miristico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Pentadecanóico
b
45,66
290,82 298,58 294,70 3,88
1096,45
1187,78 1142,12
Palmítico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Heptadecanóico 0,00
d
d
4,43
386,26
401,05
393,65
7,39
164,61 155,76 160,18
Esteárico
46,06
0,00
23,03 23,03
73,52
42,79
58,15
15,36
Araquídico
7,07
0,00
3,53
3,53
57,15
59,16
58,15
1,01
Behênico
18,17
11,42
14,80
3,37
0,00
85,29
42,65
42,65
Lignocérico
b
– Maior valor médio do ácido palmítico encontrado para a gônada durante o período analisado. d – Maiores valores médios
do ácido esteárico encontrado para o músculo e gônada durante o período analisado. f – Maiores valores médios do ácido
mirístico encontrados para o músculo e gônada durante o período analisado.
74
Tabela 23. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante o inverno no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
INVERNO
Músculo
Gônada
Ácidos graxos
saturados
Início
Final
Média
DP
Início
Final
Média
DP
34,64
7,15
20,90
13,75 138,11
91,40
114,76 23,36
Miristico
2,16
0,00
1,08
1,08
3,40
0,00
1,70
1,70
Pentadecanóico
303,47
226,70
265,08 38,39 929,95
906,82
918,38 11,57
Palmítico
8,06
8,21
8,13
0,08
82,21
68,04
75,12
7,09
Heptadecanóico
104,46
99,85
102,15
2,31
226,68
229,40
228,04
1,36
Esteárico
18,76
10,74
14,75
4,01
37,19
0,00
18,60
18,60
Araquídico
0,00
8,02
4,01
4,01
0,00
30,84
15,42
15,42
Behênico
15,66
34,87
25,26
9,61
22,45
53,41
37,93
15,48
Lignocérico
Tabela 24. Concentrações dos ácidos graxos saturados presentes durante a primavera no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
PRIMAVERA
Músculo
Gônada
Ácidos graxos
saturados
Início
Final
Média
DP
Início
Final
Média
DP
e
e
0,00
55,00
109,07 82,03
27,04
0,00
0,00
0,00
Mirístico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Pentadecanóico
668,08 972,02 820,05 151,97
322,36 338,22 330,29b 7,93
Palmítico
0,00
0,00
0,00
0,00
62,99
0,00
31,49
31,49
Heptadecanóico
C
7,41
135,73 144,01 139,87
4,14
197,07 211,89 204,48
Esteárico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Araquídico
25,26
16,42
20,84
4,42
60,56
26,51
43,54
17,02
Behênico
55,31
0,78
28,04
27,26 221,98 113,24 167,61
54,37
Lignocérico
b
– Maior valor médio do ácido palmítico encontrado para o músculo durante o período analisado. c – Menor valor médio do
ácido esteárico encontrado para a gônada durante o período analisado. e – Menores valores médios do ácido mirístico
encontrado para o músculo e a gônada durante o período analisado.
O outono, o ácido esteárico contido nas amostras apresentou a segunda maior concentração, nos
dois componentes avaliados e durante todo o período analisado (Tabela 22). As menores concentrações
médias ocorreram no verão para o músculo (101,24mg ± 2,95mg) e na primavera para a gônada
(204,48mg ± 7,41mg), conforme as Tabelas 21 e 24. As maiores concentrações médias deste ácido
graxo ocorreram no outono tanto para o músculo (160,18mg ± 4,43mg) quanto para a gônada
(393,65mg ± 7,39mg), conforme a Tabela 22. A concentração do ácido esteárico detectada em N.
nodosus esteve bem próxima a encontrada por outros autores em diferentes espécies de moluscos
bivalvos, mostrado na tabela 20 e bem superior a encontrada na sardinha, C. gigas e no M. edulis L., o
75
que constitui um aspecto positivo, sob o ponto de vista nutricional para a vieira, pois este ácido graxo é
muito importante para a síntese de ácidos graxos insaturados. O ácido mirístico em termos de
concentração foi o terceiro mais importante para a gônada, apresentando média anual de 118,53mg (±
37,25mg) e o quarto para o músculo com média anual de 16,13mg (±12,43 ). Ocorreu na gônada
durante todo o ano, porém ausentando-se no músculo durante a primavera (Tabela 24). A razão do
ácido mirístico presente na gônada e no músculo foi a maior observada, estando 7 vezes mais
concentrado na gônada. As menores concentrações médias do ácido mirístico foram observadas na
primavera para o músculo (0mg) e também para a gônada (82,03mg ± 27,04mg), conforme visto na
tabela 24. As maiores concentrações médias ocorreram no outono tanto para o músculo (27,07mg ±
4,95mg) quanto para a gônada (171,16mg ± 2,15mg), conforme visto na tabela 22.
O ácido behênico ocorreu em todas as estações, no músculo e gônada, mas não em todas as
coletas que compuseram as estações verão, outono e inverno (ver Tabelas 21-23), apresentando média
anual de 10,36mg (± 8,22mg) para o músculo e 35,46mg (± 23,65mg) para a gônada e razão gônada:
músculo de 3. O ácido lignocérico ocorreu em todas as coletas de inverno e primavera (músculo e
gônada, Tabelas 23 e 24), apenas no músculo da coleta de final de verão (Tabela 21) e no outono
apenas esteve ausente da amostra de gônada do início desta estação (Tabela 22). O ácido
heptadecanóico ocorreu em todo o verão e inverno, tanto no músculo quanto na gônada (ver Tabelas 21
e 23), e apenas na gônada de início de primavera (62,99mg na tabela 24); a razão entre sua
concentração na gônada e músculo foi 5:1. O ácido araquídico, durante o verão, somente esteve
presente no músculo na coleta do início desta estação (Tabela 21); no outono somente esteve ausente
para o componente músculo no final da estação (Tabela 22); no inverno somente esteve ausente para o
componente gônada no final da estação (Tabela 23); não ocorreu na primavera (Tabela 24). O ácido
pentadecanóico somente esteve presente nas amostras de músculo e gônada no início do inverno com
concentração de 2,16mg e 3,40mg respectivamente.
Em peixes marinhos capturados na costa brasileira (atum, sardinha e pescada) foram
identificados os saturados: Mirístico, Esteárico, Palmítico; Láurico apenas na sardinha, Araquídico na
sardinha e no atum (GUTIERREZ; SILVA, 1993). Vicenzi A. et al. (2009) analisando o percentual de
ácidos graxos na carne “in natura” do berbigão (A. brasiliana) coletados de banco natural em Santa
Catarina, identificou seis ácidos graxos saturados (mirístico, pentadecanóico, palmítico, margárico,
esteárico e araquídico), sendo os ácidos graxos Palmítico (202mg no outono e 92,7mg na primavera) e
o Esteárico (92,9mg no outono e 53,6mg na primavera) os encontrados em maiores concentrações em
suas análises.
5.2.2 Ácidos graxos poliinsaturados
Foram identificados dez ácidos graxos insaturados: palmitoléico (C16:1), oléico (C18:1), linoléico
(C18:2), linolênico (C18:3), gadoleico (C20:1), araquidônico (C20:4), EPA (C20:5), docosenóico (C22:1),
docosadienóico (C22:2) e DHA (C22:6). Quatro deles são classificados como monoinsaturados
(palmitoléico, oléico, gadoléico e docosenóico), três da família ômega-6 (linoléico, araquidônico e
docosadienóico) e três da família ômega-3 (linolênico, DHA e EPA). Devido ao baixo número de
repetições possíveis de executar com o material biológico disponível os resultados tanto dos
percentuais dos ácidos graxos insaturados quanto o cálculo de suas concentrações foram abordados de
uma maneira descritiva. Não houve possibilidade de realizar análise de variância para se verificar um
padrão de distribuição temporal ou nos diferentes componentes analisados. Os ácidos graxos
insaturados mais frequentes foram o oléico (presente em 100% das amostras), DHA e palmitoléico
(presentes em 93,75% das amostras), EPA (presente em 87,5% das amostras) e linolênico (presente em
81,25% das amostras). A distribuição de frequência, dos demais ácidos graxos insaturados estão
representados na Figura 44.
76
Figura 44. Distribuição de frequência dos ácidos graxos insaturados presentes nas amostras
da carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada
na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de
2009. Valores em percentuais.
Os insaturados mais frequentes foram apresentados em Tabelas à parte com os valores médios,
desvios padrão e coeficiente de variação de seus respectivos percentuais e concentrações. Considerouse satisfatório os dados que apresentaram coeficientes de variação em torno de 10%.
No verão, com exceção do monoinsaturado Gadoleico, todos os ácidos graxos insaturados
identificados nesta pesquisa ocorreram. Os ácidos DHA, EPA, Oléico e Palmitoléico ocorreram tanto
nos dois componentes analisados (músculo e gônada) quanto nas duas coletas da estação (Figura 45). O
DHA apresentou o maior percentual em todas as amostras: músculo com 22,25% e 21,58%, início e
final de verão; gônada 16,37% e 11,09%, início e final do verão (Tabela 25). O EPA foi o segundo em
percentual: músculo com 11,38% e 10,33%, início e final do verão; gônada 12,52% e 10,62%, início e
final de verão (Tabela 26). O ácido Oléico apresentou-se percentualmente como o terceiro mais
importante dentre os ácidos graxos insaturados encontrados: no músculo 9,67% e 7,84% (início e final
do verão, respectivamente) e na gônada 9,11% e 11,22% (início e final do verão, respectivamente),
conforme pode ser visto na tabela 27. O ácido Palmitoléico, o quarto componente encontrado nas
amostras de verão, apresentou no músculo 2,08% e 1,20% (início e final de verão, respectivamente) e
gônada 5,44% e 6,57% (início e final do verão, respectivamente), como pode ser visto na tabela 28.
77
Figura 45. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante o verão presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
No verão foram detectados também, nas amostras analisadas os ácidos insaturados Linoléico,
Linolênico, Araquidônico, Docosadienóico e Docosenóico. O Linoléico ocorreu no músculo inicio e
final de verão nas respectivas concentrações 1,61% e 1,62% e na gônada somente no final de verão, na
concentração de 1,49%. O Linolênico teve ocorrência no músculo e na gônada no inicio de verão nas
concentrações de 3,78% e 1,46%, respectivamente. O ácido Docosadienóico detectado apenas no final
do verão no músculo com 1,52% de percentual e Araquidônico com percentuais de 2,80% detectado na
gônada no inicio do verão. O Docosenoico ocorreu apenas na gônada no inicio de verão com percentual
de 1,44%.
Tabela 25. Valores percentuais médios do ácido DHA por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Estação do ano
Músculo
Gônada
Média
DP
CV
Média
DP
CV
22,25
Verão 1
1,46
0,07
16,37
21,71
0,17
Verão 2
21,58
0,07
0
11,09
1,3
0,12
Outono 1
15,05
1,73
0,11
9,09
1,34
0,15
Outono 2
0,68
0,08
0,12
2,28
0,14
0,05
Inverno 1
ND
ND
ND
2,29
0
0
Inverno 2
15,71
2,21
0,14
14,04
1,11
0,08
Primavera 1
11,39
0,07
0,01
20,30
0,15
0,01
Primavera 2
9,53
0,53
0,06
4,88
0,27
0,06
78
Tabela 26. Valores percentuais médios do ácido EPA por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Estação do ano
Músculo
Gônada
Média
DP
CV
Média
DP
CV
11,38
Verão 1
0,02
0
12,52
1,80
0,14
Verão 2
10,33
0,20
0,02
10,62
1,80
0,17
Outono 1
7,49
0,16
0,02
8,83
0,91
0,10
Outono 2
1,72
0,69
0,40
4,07
0,69
0,17
Inverno 1
ND
ND
ND
1,33
0
0
Inverno 2
0,88
0
0
0,85
0,13
0,15
Primavera 1
1,52
0,02
0,01
0,80
0,03
0,04
Primavera 2
ND
ND
ND
0,32
0
0,01
Para outros pectinídeos (Pecten jacobaeus, Chlamys varia e Flexopecten glaber) DHA e EPA
também foram os principais ácidos graxos poliinsaturado (TELAHIGUE et al., 2010).
Tabela 27. Valores percentuais médios do ácido oléico por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Estação do ano
Músculo
Gônada
Média
DP
CV
Média
DP
CV
9,67
Verão 1
0,01
0
9,11
0,24
0,03
Verão 2
7,84
0,52
0,07
11,22
0,23
0,02
Outono 1
9,05
1,01
0,11
9,59
1,03
0,11
Outono 2
18,16
0,05
0,04
10,18
0,67
0,07
Inverno 1
20,84
2,43
0,12
11,32
1,32
0,11
Inverno 2
10,17
11,39
0,14
8,79
0,74
0,08
Primavera 1
4,84
0,26
0,05
8,14
0,08
0,01
Primavera 2
8,81
0,01
0
8,87
0,20
0,02
79
Tabela 28. Valores percentuais médios do ácido palmitoléico por coleta na carne “in natura” de
vieiras adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais
(%).
Estação do ano
Músculo
Gônada
Média
DP
CV
Média
DP
CV
2,08
Verão 1
0,14
0,07
5,32
0,28
0,05
Verão 2
1,20
0
0
6,52
0,29
0,04
Outono 1
ND
ND
ND
6,21
0,40
0,06
Outono 2
10,54
0,96
0,09
10,64
2,75
0,26
Inverno 1
7,06
0,70
0,1
11,52
0,01
0
Inverno 2
6,17
1,10
0,18
6,90
1,58
0,23
Primavera 1
4,12
0,42
0,10
3,67
0,21
0,06
Primavera 2
6,09
0,10
0,02
8,92
1,99
0,23
Tabela 29. Valores percentuais médios do ácido linolênico por coleta na carne “in natura” de vieiras
adultas Nodipecten nodosus cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba
(RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
Músculo
Gônada
Estação do ano
Média
DP
CV
Média
DP
CV
3,78
Verão 1
1,05
0,28
1,46
0
0
Verão 2
ND
ND
ND
ND
ND
ND
Outono 1
2,64
0
0
ND
ND
ND
Outono 2
3,21
0
0
2,05
0,11
0,06
Inverno 1
4,30
0,50
0,12
1,75
0
0
Inverno 2
3,36
1,01
0,30
2,72
0,25
0,09
Primavera 1
1,60
0
0
3,55
0,07
0,02
Primavera 2
4,33
0,07
0,02
1,90
0,08
0,04
No outono, dos ácidos graxos insaturados identificados nas amostras, o Gadoleico,
Docosenóico, Araquidônico e Docosadienóico não foram evidenciados. O Oléico, DHA, EPA e
Linoléico ocorreram em todas as amostras (músculo e gônada nas coletas do início e do final do
outono). O ácido graxo monoinsaturado Oléico apresentou-se percentualmente, como o predominante
nesta estação, em todas as amostras: músculo com 9,05% e 18,16% início e final de outono; gônada
9,59% e 10,18% início e final de outono (Tabela 27). O poliinsaturado DHA foi o segundo em
percentual: músculo com 15,05% e 0,68%, início e final do outono; gônada 9,09% e 2,68%, início e
final do outono (Tabela 25). Embora ausente no músculo no início do outono, o Palmitoléico
apresentou-se como o terceiro componente percentualmente mais importante dentre os ácidos graxos
insaturados: no músculo 10,54% (final de verão) e na gônada 6,21% e 10,64%, início e final de outono,
respectivamente (Tabela 28). O EPA (Tabela 26) apresentou-se percentualmente como o quarto
componente dentre os ácidos graxos insaturados encontrados: no músculo 7,49 % e 1,72% (início e
final do outono, respectivamente) e na gônada 8,83% e 4,07% (início e final do outono,
respectivamente). Nas Tabelas 25-29 encontram-se relatados seus valores médios, com os respectivos
80
desvios padrão e coeficiente de variação para estes ácidos graxos de maior percentual. O ácido
Linoléico foi observada em todas as amostras de outono: músculo 1,34% e 11,44% (início e final de
outono) e gônada 4,21% e 1,87% (início e final de outono). O ácido poliinsaturado ômega-3 Linolênico
ocorreu na coleta de início e final de outono no músculo, com percentual 2,64% e 3,21%,
respectivamente e somente no final do outono na gônada com 2,05% conforme pode ser visto na Figura
46.
Figura 46. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante o outono presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
No inverno, excetuando o Araquidônico, todos os demais ácidos graxos insaturados foram
identificados nas amostras analisadas (Figura 47). Os ácidos Oléico, Palmitoléico, Linoléico e
Linolênico ocorreram em todas as amostras (músculo e gônada nas coletas do início e do final do
inverno). Nesta estação, Os ácidos graxos Oléico, Palmitoléico e DHA apresentaram-se
percentualmente como predominantes, assim como ocorreu no verão e outono. O ácido Oléico
apresentou o maior percentual em todas as amostras: músculo com 20,84% e 10,17%, início e final do
inverno; gônada 11,32% e 8,79%, início e final do inverno (Tabela 27). O ácido Palmitoléico (Tabela
28) apresentou-se percentualmente como o segundo componente mais importante dentre os ácidos
graxos insaturados encontrados: no músculo 7,06% e 6,17% (início e final do inverno,
respectivamente) e na gônada 11,52% e 6,90% (início e final do inverno, respectivamente). DHA foi o
terceiro em percentual: músculo com 15,71% apenas no final do inverno; gônada 2,29% e 14,04%,
início e final do inverno (Tabela 25). O ômega-6 Linoléico ocorreu no músculo com percentual 3,43%
e 3,15% (inicio e final de inverno) e na gônada com percentuais de 4,07% e 2,22%, respectivamente
início e final de inverno (Figura 47). O ácido Linolênico esteve presente no músculo (4,30% e 3,36%
no início e final do inverno) e na gônada (1,75% e 2,72% início e final do inverno). No músculo apenas
no final de inverno o EPA apresentou percentual de 0,88% (percentual tão baixo que não pode ser
81
visualizado na Figura 46); na gônada os percentuais foram 1,33% e 0,85% (início e final de inverno),
respectivamente (Tabela 26).
Figura 47. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante o inverno presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus cultivadas em
fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de
2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
O ácido Gadoléico esteve presente somente na coleta de final do inverno no músculo (3,15%);
na gônada este ácido graxo foi detectado nas amostras de início e de final de inverno com os
respectivos percentuais 1,52% e 1,15%. No período analisado o ácido Docosenóico ocorreu somente na
amostra de final de inverno no músculo (2,46%) e o Docosadienoico somente na amostra de início de
inverno na gônada (2,30%), em percentuais baixos, como visto na Figura 47. Nas Tabelas 25-29
encontram-se relatados seus valores médios, com os respectivos desvios padrão e coeficiente de
variação para estes ácidos graxos insaturados de maiores percentuais encontrados nesta pesquisa.
Os ácidos graxos insaturados Docosenóico e Araquidônico não estiveram presentes nas
amostras de primavera. Já os ácidos DHA, Oléico, Palmitoléico, Linoléico e Linolênico ocorreram em
todas as amostras (músculo e gônada nas coletas do início e do final da primavera). Os ácidos graxos
DHA, Oléico e Palmitoléico apresentaram-se percentualmente como os predominantes nas amostras
analisadas nesta estação (Figura 48). O ácido DHA apresentou o maior percentual em todas as
amostras: músculo com 11,39% e 9,53% início e final da primavera; gônada 20,30% e 4,88% início e
final da primavera (Tabela 25).
82
Figura 48. Percentuais médios dos ácidos graxos insaturados durante a primavera presentes nos
componentes músculo e gônada da carne “in natura” de vieiras adultas Nodipecten nodosus
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o período de
dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em percentuais (%).
O ácido monoinsaturado Oléico foi o segundo em percentual: músculo com 4,84% e 8,81%,
início e final da primavera; gônada 8,14% e 8,87%, início e final da primavera (Tabela 27). O ácido
Palmitoléico apresentou-se percentualmente como o terceiro componente mais importante dentre os
ácidos graxos saturados encontrados: no músculo 4,12% e 6,09% (início e final da primavera,
respectivamente) e na gônada 3,67% e 8,92% (início e final da primavera, respectivamente) (Tabela
28). O ácido Linoléico apresentou percentuais de 4,37% e 2,48% início e final de primavera no
músculo; na gônada 2,13% e 3,38%, início e final de primavera. O poliinsaturado Linolênico nas
amostras de músculo apresentou percentuais, para inicio e final de primavera, 1,60% e 4,33%,
respectivamente e nas amostras de gônada 3,55% e 1,9% (inicio e final de primavera) (Tabela 29). O
EPA foi detectado no músculo com percentual de 1,52% apenas no inicio da primavera e na gônada
0,80% e 0,32% para início e final da primavera (Tabela 26). O ácido Gadoléico somente ocorreu nas
amostras de gônadas (4,63% e 0,90% no início e final da primavera, respectivamente). O ácido
Docosadienóico somente ocorreu na amostra gônada no início da primavera com 2,12%. Os
percentuais da presença dos ácidos graxos insaturados identificados no músculo e na gônada de N.
nodosus na primavera encontram-se representados na Figura 48.
Entre os ácidos graxos monoinsaturado encontrados na carne “in natura” de N. nodosus, Oléico
e Palmitoléico foram os que apresentaram maior percentual. Resultado que se assemelha com os de
outros autores analisado a carne de diversos moluscos consumidos no Brasil (Tabela 30). O músculo de
N. nodosus no início do inverno apresentou-se com o maior percentual médio do acido graxo Oléico
comparado com outros pescados. O sururu M. falcata apresentou-se com menor percentual em relação
a este ácido graxo. O percentual de Palmitoléico encontrado tanto no músculo (inicio do outono) como
na gônada (final de inverno) de N. nodosus encontra-se no mesmo patamar dos encontrados por
83
Gutierrez; Silva (1993) em sardinhas, Coperman;Parrish, 2004 em M. edulis L., Lira et al., 2004 em
Mytella falcata e Tagelus plebeus (Tabela 30). Outros pectinídeos Pecten jacobaeus, Chlamys varia e
Flexopecten glaber também apresentam o Oléico como o principal ácido graxo monoinsaturado
(TELAHIGUE et al., 2010).
Tabela 30. Percentual de ácidos graxos Monoinsaturados Oléico e Palmitoléico em pescado, cultivados
ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento humano.
Espécie
Oléico
Palmitoléico
Referência
a
N. nodosus
11,17
4,66
Presente trabalho
N. nodosusb
9,70
7,47
Presente trabalho
N. nodosus
20,84 c
10,54d
Presente trabalho
11,52e
Presente trabalho
N. nodosus
11,72e
atum
13,7
3,4
Gutierrez; Silva (1993)
sardinha
9,8
11,3
Gutierrez; Silva (1993)
pescada
18,8
8,5
Gutierrez; Silva (1993)
Pennaeus brasiliensis
12,20
6,60
Moura et al., 2002.
A. brasiliana
5,73
4,02
Vicenzi A et al, 2009
C.gigas
10,27
3,93.
Parisenti, 2006
M. edulisL.
4,50
10,70
Coperman;Parrish, 2004
Mytella falcata
5,39
11,94
Lira et al., 2004.
A. brasiliana
6,84
6,37
Lira et al., 2004.
Tagelus plebeus
10,02
12,68
Lira et al., 2004.
a
- No músculo média anual, b - Na gônada média anual, c- No músculo valor máximo encontrado no início do inverno, d –
No músculo valor máximo encontrado no início do outono, e - Na gônada valores máximos encontrado no final do inverno.
As amostras de músculo de N. nodosus coletadas e analisadas no inicio de verão apresentaram
valor percentual de 22,25 de ADH constituindo o maior valor desse ácido graxo, quando comparado
com outros moluscos marinhos Tabela 31. O mexilhão M. edulis L. para o EPA apresentou o maior
valor. Em relação ao ômega 3, o músculo de N. nodosus no inicio de verão ( Tabelas: 25, 26 e 29)
apresentou valor percentual médio de 34,66 sendo superado apenas pelo mexilhão M. edulis L. com
valor médio de 35,80 (Coperman;Parrish, 2004). O menor valor percentual médio para o ômega 3 foi
apresentado pelo unha de velho Tagelus plebeus 19,13 (LIRA et al., 2004).
84
Tabela 31. Percentual de ácidos graxos poliinsaturados Ômega-3 Linolênico, DHA e EPA em pescado,
cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento humano.
Espécie
Linolênico
DHA
EPA
Referência
a
N. nodosus
2,90
12,09
4,16
Presente trabalho
N. nodosusb
1,68
10,09
4,92
Presente trabalho
4,33c
22,25d
11,38d
Presente trabalho
N. nodosus
e
f
g
N. nodosus
3,55
20,30
12,52
Presente trabalho
32,5
7,8
Gutierrez; Silva (1993)
atum
1,2h
sardinha
2,6h
6,5
24,2
Gutierrez; Silva (1993)
h
pescada
0,9
19,2
7,7
Gutierrez; Silva (1993)
Pennaeus brasiliensis
0,40
10,70
17,80
Moura et al., 2002.
A. brasiliana
0,65
19,28
8,46
Vicenzi A et al, 2009.
C.gigas
2,35
14,78.
16,57
Parisenti, 2006.
M. edulisL.
1,30
13,00
20,00
Coperman;Parrish, 2004.
Mytella falcata
2,22
10,6
8,67
Lira et al., 2004.
A. brasiliana
1,13
8,80
6,76
Lira et al., 2004.
Tagelus plebeus
1,27
9,19
6,12
Lira et al., 2004.
a
- No músculo média anual, b - Na gônada média anual, c- No músculo valor máximo encontrado no final de primavera, d –
No músculo valores máximos encontrados no início do verão, e - Nas Gônada valor máximo encontrado no início de
primavera, f - Na gônada valor máximo no início da primavera, g - Na gônada valor máximo encontrado no início do verão, h
– Percentual referentes à soma dos ácidos C18:3 e C20:1.
Para diversas espécies de peixes marinhos capturadas no litoral brasileiro Gutierrez; Silva
(1993) encontraram percentuais superiores de DHA em relação EPA, mostrando a mesma tendência
observada na presente pesquisa com a vieira N. nodosus; a única exceção encontrada para esse padrão
foi observada pelos autores em relação à sardinha, conforme visto na tabela 31.
Nesta pesquisa entre os ácidos graxos Ômega-3 o DHA apresentou-se como preponderante
percentualmente, tanto no músculo quanto na gônada de N. nodosus, considerando-se as médias anuais
(12,09% no músculo e 10,09% na gônada), conforme visto na tabela 31. Em relação aos ácidos graxos
Ômega-6 o predominante, em ambos constituintes corpóreos de N. nodosus foi o Linoléico, com
médias anuías de 3,68% e 2,42% para músculo e gônada respectivamente (Tabela 32). Brandão et al.
(2005) ressalta que alimentos onde os ácidos graxos DHA e EPA predominem tem sua inclusão na
dieta alimentar altamente recomendada, devido os efeitos benéficos destes ácidos Ômega-3 na saúde,
como redução dos percentuais de colesterol. Os mesmos autores apontam como grandes fontes de
ácidos graxos poliinsaturados, dentre outras fontes vegetais, as microalgas. Diversos autores apontam o
fitoplâncton (microalgas) como a principal fonte de alimento para moluscos bivalvos, entre eles N.
nodosus. Na tabela 31 pode-se verificar que para diversas espécies de bivalves DHA é o ácido graxo
Ômega-3 predominante; a exceção é vista na ostra C. gigas e no mexilhão M. edulis.
Ao considerar-se a proporão Ômega-3: Ômega-6 a carne “in natura” da vieira N. nodosus
apresentou razão variando entre 7:1 (músculo) e 5:1 (gônada); a Organização Mundial da Saúde
recomenda uma ingestão para ômega-3 10:1 e ômega-6 5:1, estando o músculo da vieira N. nodosus
bem próximo à essa recomendação (WHO, 1995). Atualmente os hábitos alimentares inadequados têm
proporcionado dietas desbalanceadas, onde se ingere entre 7-10 vezes mais Ômega-6 do que Ômega-3
(GONZÁLES, 2002) por isso faz necessário recomendar a inclusão de alimentos ricos em ômega-3,
como a vieira N. nodosus, na dieta alimentar. Portanto pode-se recomendar, para uma dieta saudável do
ponto de vista da razão entre estes ácidos graxos poliinsaturados, a ingestão da carne da vieira N.
nodosus que apresentou-se mais rica em Ômega-3 do que Ômega-6. Essa mesma tendência foi
85
observada para outras espécies de bivalvos disponíveis no Brasil: a ostra C. gigas (7 vezes mais
Ômega-3, segundo Parisenti, 2006), o berbigão A. brasiliana (razão igual à 3, segundo Aveiro, 2007), o
sururu M. falcata (razão igual à 3, segundo Lira et al., 2004). Outros tipos de pescado também
apresentam-se mais ricos em Ômega-3: sardinha (razão igual à 7, segundo Gutierrez; Silva, 1993),
camarão rosa P. brasiliensis (razão igual à 3, segundo Moura ET AL., 2002). Essas razões podem ser
obtidas a partir dos valores apresentados nas Tabelas 31 e 32.
Tabela 32. Percentual de ácidos graxos poliinsaturados Ômega-6 Linoléico, Araquidônico e
Docosadienóico em pescado, cultivados ou extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento
humano.
Espécie
a
N. nodosus
N. nodosusb
N. nodosus
N. nodosus
atum
sardinha
pescada
Pennaeus brasiliensis
A. brasiliana
C.gigas
M. edulis L.
M. falcata
A. brasiliana
T. plebeus
Linoléico
Docosadienóico
Araquidônico
Referência
3,68
2,42
11,44c
4,21d
0,8
4,3
0,9
2,50
0,68
1,98
1,80
4,47
3,63
4,64
0,19
0,55
2,30e
-.
-
0,35
2,80f
0,2
6,70
5,13
2,97
2,10
4,42
4,31
4,55
Presente trabalho
Presente trabalho
Presente trabalho
Presente trabalho
Gutierrez; Silva (1993)
Gutierrez; Silva (1993)
Gutierrez; Silva (1993)
Moura et al., 2002.
Vicenzi A et al, 2009.
Parisenti, 2006.
Coperman;Parrish, 2004.
Lira et al., 2004.
Lira et al., 2004.
Lira et al., 2004.
- No músculo média anual, b - Na gônada média anual, c- No músculo valor máximo encontrado no final do outono, d – Na
Gônada valor máximo encontrado no início do outono, e - Na gônada valor máximo no início do inverno, f - Na gônada valor
máximo encontrado no início do verão.
a
Em termos de concentração de um determinado ácido graxo por 100g de carne de vieira N.
nodosus os poliinsaturado DHA, Oléico, Palmitoléico e EPA apresentaram as maiores concentrações
médias nas estações pesquisadas. Suas médias anuais foram 90,46mg (± 41,91mg) e 231,57 (±
63,44mg) para DHA no músculo e na gônada; 88,46mg (± 37,97mg) e 230,30mg (± 38,72mg) para
Oléico no músculo e gônada; 36,96mg (± 17,84mg) e 179,52 (± 55,59mg) para Palmitoléico no
músculo e gônada; 31,66mg (± 33,18mg) e 114,85 (± 112,91mg) para EPA no músculo e gônada, as
maiores médias de concentração anual tanto no músculo quanto na gônada. A razão calculada entre os
componentes da carne da vieira N. nodosus avaliados indicou que o ácido poliinsaturado DHA e o
monoinsaturado Oléico estavam presentes na ordem de 3 vezes mais na gônada que no músculo, o
monoinsaturado Palmitoléico apresentou a razão de 5:1, para o ácido graxo polinsaturado EPA a razão
foi 4:1.
No inverno ocorreu o menor valor médio do poliinsaturado DHA para o músculo (59,42mg ±
84,03mg) e no outono para a gônada (169,01mg ± 130,17mg) conforme visto na tabela 35 e 34,
respectivamente. O maior valor médio do deste ácido graxo ocorreu no verão para o músculo
(152,24mg ± 2,30mg) e na primavera para a gônada (291,55mg ± 178,54mg), Tabelas 33 e 36. A
Figura 49 representa graficamente estes valores médios máximos e mínimos, os demais valores
encontrados para o DHA (no músculo e gônada em cada coleta e nas demais estações do ano)
encontram-se nas Tabelas 33-36.
86
Figura 49. Concentrações médias por estação do ano dos ácidos graxos insaturados
presentes nos componentes da carne “in natura” de vieiras adultas N. nodosus,
cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba, Mangaratiba (RJ) durante o
período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg de ácido
graxo.100g carne -1. A) No músculo, B) Na gônada.
87
Tabela 33. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o verão no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
VERÃO
Ácidos graxos
Músculo
Gônada
Início
Final
Média
DP
Início
Final
Média
DP
e
e
14,47
8,30
11,39
3,09
108,64 134,35 121,50
12,85
Palmitoléico
67,19
54,42
60,81
6,38
186,22 229,25 207,74
21,51
Oleico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Gadoleico
0,00
0,00
0,00
0,00
29,43
0,00
14,72
14,72
Docosenóico
11,20
11,27
11,24
0,04
0,00
30,46
15,23
15,23
Linoléico
0,00
0,00
0,00
0,00
57,23
0,00
28,62
28,62
Araquidônico
0,00
10,56
5,28
5,28
0,00
0,00
0,00
0,00
Docasadienóico
26,26
0,00
13,13
13,13
29,84
0,00
14,92
14,92
Linolênico
79,05
71,74
75,40h
3,65
255,82 217,13 236,48h
19,35
EPA
154,54 149,93 152,24b 2,30
334,62 226,59 280,61
54,01
DHA
b
e
– Maior valor médio do ácido DHA encontrados durante o período analisado para o músculo. – Menores valores médios
h
do ácido Palmitoléico encontrados durante o período analisado para o músculo e a gônada. – Maiores valores médios do
ácido EPA encontrados durante o período analisado para o músculo e a gônada.
Tabela 34. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o outono no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
OUTONO
Ácidos graxos
Músculo
Gônada
Início
Final
Média
DP
Início
Final
Média
DP
f
0,00
96,67
48,34
48,34
178,34
305,56
241,95
63,61
Palmitoléico
83,04
166,58 124,81d 41,77 275,41 292,35 283,88 d
8,47
Oleico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Gadoleico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Docosenóico
12,32
105,00
58,66
46,34 120,98
53,57
87,28
33,71
Linoléico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Araquidônico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Docasadienóico
24,22
29,45
26,84
2,61
0,00
58,75
29,38
29,38
Linolênico
68,73
15,78
42,26
26,48 253,58 116,88 185,23
68,35
EPA
a
138,05
6,24
72,15
65,91 261,05
76,96
169,01
130,17
DHA
a
d
– Menor valor médio do ácido DHA encontrados durante o período analisado para a gônada. – Maiores valores médios
do ácido Oléico encontrados durante o período analisado para o músculo e a gônada. f - Maior valor médio do ácido
Palmitoléico encontrado durante o período analisado para a gônada.
88
Tabela 35. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o inverno no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
INVERNO
Ácidos graxos
Músculo
Gônada
Início
Final
Média
DP
Início
Final
Média
DP
f
53,36
46,67
50,02
3,35 261,26 156,53 208,90
52,37
Palmitoléico
157,64
76,93
117,29 40,36 265,80 199,46 232,63
33,17
Oleico
0,00
23,83
11,92 11,92 34,47
26,08
30,28
4,20
Gadoleico
0,00
18,57
9,29
9,29
0,00
0,00
0,00
0,00
Docosenóico
25,94
23,83
24,89
1,06
92,30
50,35
71,33
20,98
Linoléico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Araquidônico
0,00
0,00
0,00
0,00
52,16
0,00
26,08
26,08
Docasadienóico
32,49
25,42
28,96
3,54
39,69
61,57
50,63
10,94
Linolênico
0,00
6,62
3,31g
3,31
30,16
19,28
24,72
5,44
EPA
a
0,00
118,83 59,42
84,03 51,93
318,30 185,12
133,19
DHA
a
– Menor valor médio do ácido DHA encontrados durante o período analisado para o músculo. f - Maior valor médio do
ácido Palmitoléico encontrado durante o período analisado para o músculo. g – Menor valor médio do ácido EPA
encontrado durante o período analisado para o músculo.
Tabela 36. Concentrações dos ácidos graxos insaturados presentes durante o primavera no músculo e
gônada de vieiras adultas N. nodosus, cultivadas em fazenda marinha localizada na ilha Guaíba,
Mangaratiba (RJ) durante o período de dezembro de 2008 à novembro de 2009. Valores em mg.100g
carne -1.
PRIMAVERA
Ácidos graxos
Músculo
Gônada
Início Final Média
DP
Início
Final
Média
DP
30,75 45,45
38,10
7,35
84,99
206,45
145,72
60,73
Palmitoléico
c
c
36,12 65,76 50,94
14,82 188,50
205,40 196,95
8,45
Oléico
0,00
0,00
0,00
0,00
107,22
20,84
64,03
43,19
Gadoleico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Docosenóico
32,62 18,51
25,57
7,06
49,32
78,27
63,80
14,48
Linoléico
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
Araquidônico
0,00
0,00
0,00
0,00
49,09
0,00
24,55
24,55
Docasadienóico
11,94 32,28
22,11
10,17
82,21
40,00
61,11
21,11
Linolênico
11,34
0,00
5,67
5,67
18,53
7,41
12,97g
5,56
EPA
b
85,01 71,09
78,05
6,96
470,09
113,01 291,55
178,54
DHA
b
– Maior valor médio do ácido DHA encontrados durante o período analisado para a gônada. c – Menores valores médios
do ácido Oléico durante o período analisado para o músculo e a gônada. g – Menor valor médio do ácido EPA encontrado
durante o período analisado para a gônada.
89
As menores concentrações médias do ácido Oléico ocorreram na primavera tanto para o
músculo (50,94mg ± 14,82mg), como para a gônada (196,95mg ± 8,45mg), conforme a Tabela 36. No
outono o ácido Oléico apresentou maiores concentrações médias, nos dois componentes avaliados e
durante o período analisado. As maiores concentrações médias deste ácido graxo ocorreram no outono
tanto para o músculo (124,81mg ± 41,77mg) quanto para a gônada (283,88mg ± 8,47mg), conforme a
Tabela 34, representados graficamente na Figura 49.
O ácido Palmitoléico ocorreu na gônada durante todo o ano, porém ausentando-se no músculo
durante o inicio do outono (Tabela 34). As menores concentrações médias do Palmitoléico foram
observadas no verão para o músculo (11,39mg ± 3,09mg) e também para a gônada (121,50mg ±
12,85mg), conforme visto na tabela 33. As maiores concentrações médias foram encontradas no
inverno para o músculo 50,02mg (± 3,35mg) e no outono para a gônada 241,95mg (± 63,61mg)
conforme visto nas Tabela 35 e 34 respectivamente e representados graficamente na Figura 49.
O EPA ocorreu em todas as estações, no músculo e gônada, porém não nas coletas de inicio de
inverno no músculo (ver Tabelas 33-36), apresentando menores médias de concentrações no músculo
3,31mg (± 3,31mg) e na gônada 12,97mg (± 5,56mg) nas coletas de primavera (Tabela 36). As suas
maiores médias apresentaram-se no verão 75,40mg (± 3,65mg) para o músculo e 236,48mg (±
19,35mg) para a gônada (Tabela 33, Figura 49).
Os demais ácidos graxos poliinsaturados identificados (Gadoléico, Docosenóico, Linolênico,
Araquidônico, Docosadienóico e Linolênico) ocorreram em menores concentrações e, excetuando-se o
Linoléico e o Linolênico, estiveram ausentes na maioria das coletas realizadas. As concentrações destes
ácidos graxos encontram-se representadas na Figura 49. O ácido Linoléico ocorreu em todas as coletas
(exceto na gônada inicio de verão) com concentração média anual de 30,09mg (± 29,23mg) no músculo
e 59,41mg (±35,02mg). O ácido Linoléico apresentou menores concentrações médias no verão para o
músculo 11,24mg (±0,04mg) e gônada 15,23mg (±15,23mg) (Tabela 33) e as maiores no outono
58,66mg (± 46,34mg) e 87,28mg (± 33,71mg) para o músculo e gônada, respectivamente (Tabela 34),
com a razão de concentração entre gônada e músculo 2:1.
O ácido graxo Linolênico com concentração média anual de 22,76mg (±10,53mg) no músculo e
39,01mg (±27,14mg) na gônada. Excetuando as coletas de verão (músculo inicio e gônada final) e
outono (gônada inicio), o linolênico esteve presente em todas as estações, com a razão entre a
concentração na gônada e músculo de 2:1. O linolêico apresentou as menores concentrações no
músculo e na gônada durante o verão: 13,13mg (±13,13mg) e 14,92mg (±14,92mg), respectivamente
(Tabela 33) e as maiores no inverno 28,96mg (±3,54mg) para o músculo (Tabela 35) e 61,11mg
(±21,11mg) para a gônada na primavera (Tabelas 36).
O ácido Gadoléico somente foi encontrado nas amostras de inverno (músculo final e gônada
inicio e final) e primavera (apenas na gônada) (Figura 49). Para o músculo a única concentração
encontrada foi de 23,83mg (Tabela 35). Para a gônada o menor valor encontrado 20,84mg no final da
primavera e o maior valor foi 107,22mg no início da primavera (Tabela 36 e Figura 49).
O acido graxo Docosadienóico apresentou ocorrência apenas no verão nas amostras de músculo
final e na gônada, nas amostras de inicio (Tabela 33). O ácido Docosenóico somente foi encontrado nas
amostras do final de verão na gônada e final de inverno no músculo. O Araquidônico apenas foi
encontrado na gônada na coleta de início de verão (Tabela 33). Suas representações gráficas
encontram-se na Figura 49.
A composição de ácidos graxos no músculo e gônada de N. nodosus apresentada na tabela 16 e
ilustrada na Figura 36, coletados no inicio do verão, mostrou uma maior proporção de ácidos graxos
poliinsaturados e monoinsatutrados totais em relação ao final do verão e as outras estações. Essa
variação foi devido ao aumento do percentual do ômega 3 (DHA, EPA) e dos monoinsaturados (oléico
e palmitoléico). A baixa concentração dos saturados totais deve-se a redução da proporção de
90
Palmítico, Esteárico e Mirístico nos dois componentes, da carne in natura de vieira, analisados neste
período.
Ao comparar as concentrações de ácidos graxos encontrados na presente pesquisa com as
concentrações desses mesmos ácidos encontrados por Parisenti et al. (2010) e Cruz (2004) para ostras
cultivadas em diferentes regiões, observou-se similaridades de resultados entre essas espécies de
moluscos. Nestes bivalvos como em N. nodosus os respectivos ácidos graxos saturados (Palmítico,
Esteárico e Mirístico), monoinsaturados (Oléico e Palmitoléico) e polinsaturados (DHA e EPA) foram
os preponderantes ao longo desta pesquisa.
As vieiras (N. nodosus) apresentam boa proporção de ácidos graxos da série ômega-3 em
relação ao total de ácidos graxos, tanto no músculo (34,66% verão, 15,40% outono, 12,13% inverno e
14,14% primavera), como na gônada (25,67% verão, 13,16% outono, 11,49% inverno e 15,88%
primavera). Tendo concentração no músculo de 240,76 mg.100 g-1 (verão), 141,30 mg.100 g-1
(outono), 91,75 mg.100 g-1 (inverno) e 105,54 mg.100 g-1 (primavera) e para a gônada no verão
(524,72 mg.100 g-1), outono (377,93 mg.100 g-1), inverno (260,58 mg.100 g-1) e primavera (367,73
mg.100 g-1).
A concentração de ômega-3 encontrada na gônada de N. nodosus no verão foi superior aos
encontrados por Vicenzi A. et al. (2009) para a carne “in natura” de Anomalocardia brasiliana que
apresentou concentração de 344,5 mg.100 g-1 (outono) e 211,3 mg.100 g-1 (primavera). Parasenti et
al. (2010) detectou também para Crossostrea gigas (verão) concentração de 549,8 mg.100 g-1 valor
bem próximo o encontrado nesta pesquisa para as gônada coletadas no verão. Esta autora também
encontrou na primavera concentração de ômega -3 bem superior ao desta pesquisa nas amostras de
mesma estação (PARISENTI, 2006). Também foi detectada variação nas concentrações dos ácidos
graxos da presente pesquisa e nas pesquisas realizadas por Coperman; Parrish (2004) estudando o
mexilhão Mittilus edulis L e Moura et al. (2002) no camarão Pernaeus brasiliensis. Estas variações
podem ser atribuídas às variações sazonais, local de origem, espécies diferente e principalmente ao fato
que nesta pesquisa as analises terem sido feitas no conteúdo do músculo e da gônada de N. nodosus e as
outras espécies as análises foram realizadas na carne integral do animal.
5.3 Valor Calórico
A vieira N. nodosus cultivada em Mangaratiba (RJ) apresentou valor calórico médio, para o
período de um ano analisado, de 73,88 Kcal. 100g-1de carne “in natura” (± 4,02 Kcal). Considerandose as outras formas disponíveis para o consumo as médias anuais foram 85,29 Kcal. 100g-1 de músculo
(± 5,15 Kcal) e 174,40 Kcal. 100g-1 de músculo + gônadas (± 6,01 Kcal); essa diferença no valor
calórico destas duas formas disponíveis para a comercialização da vieira reside no fato de que a gônada
de N. nodosus apresenta percentuais de lipídeos totais, em média, 3 vezes maiores que o músculo
(conforme pode ser verificado na tabela 11).
O verão foi a estação do ano que apresentou para a carne “in natura” da vieira (animal inteiro)
o maior valor calórico 78,53 Kcal. 100g-1 (± 2,34 Kcal). Para as demais formas de apresentação este
valor máximo ocorreu no outono: 87,88 Kcal 100g-1 (± 3,62 Kcal) para o músculo e 186,21 Kcal 100g-1
(± 0,94 Kcal) para o músculo acrescido de gônadas, conforme visto na Figura 50. Tal fato encontra-se
relacionado aos significativamente maiores percentuais de Lipídeos totais (Tabela 09) e Carboidratos
totais (Tabela 14) encontrados nessa estação do ano, considerando-se o animal inteiro, pois essa é a
época de início de maturação sexual e de maior disponibilidade de alimento para as vieiras, que afeta os
percentuais de lipídeos e carboidratos respectivamente. O inverno foi a estação do ano que apresentou o
menor valor calórico para as três formas de comercialização empregadas p N. nodosus: 68,14 Kcal.
100g-1 (± 3,31) para a carne “in natura” (animal inteiro); 82,46 Kcal 100g-1 (± 5,26) para o músculo e
165,52 Kcal 100g-1 (± 1,48) para o músculo acrescido de gônadas. Esse padrão de menores níveis de
valor calórico em todas as formas de comercialização de N. nodosus foi modulado pelos menores
91
percentuais de lipídeos encontrados durante o inverno devido principalmente à desova dos animais (ver
item 5.1.3 Lipídeos totais).
Figura 50. Valor calórico calculado para as diferentes formas de
comercialização e consumo da vieira N. nodosus no mercado brasileiro. Animais
cultivados na Fazenda da AMAR, Mangaratiba, RJ. Unidade: Kcal.100g-1 de
molusco.
Na tabela 37 encontram-se relacionados para a carne “in natura” da vieira N. nodosus (animal
inteiro) o valor calórico calculado em função dos respectivos percentuais de Proteínas totais, Lipídeos
totais e carboidratos totais em cada uma das coletas realizadas na presente pesquisa. Ao considerarmos
o valor calórico médio de cada uma das oito coletas realizadas vemos que no início do verão N.
nodosus apresentou seu valor máximo: 78,65 Kcal para 100g de carne “in natura”. O valor calórico
mínimo foi observado na coleta de final de inverno: 68,14 Kcal. A Figura 51 demonstra a correlação
existente entre estes componentes centesimais e o valor calórico calculado para N. nodosus. No tocante
à Proteínas totais (que aumentaram significativamente em relação ao tempo refletindo o crescimento
dos animais – Figura 15) a correlação encontrada foi negativa e com baixo coeficiente de correlação
demonstrando que os percentuais de proteínas, para o animal inteiro, não influenciaram
preponderantemente no valor calórico. Porém em relação a Lipídeos totais e Carboidratos totais a
correlação encontrada foi positiva, sendo o maior coeficiente de correlação encontrado para Lipídeos
totais, que resultando em maior peso deste componente centesimal no estabelecimento do valor
calórico de N. nodosus.
92
Tabela 37. Valor calórico médio (Kcal.100g-1) da carne “in natura” das vieiras (Nodipecten nodosus),
cultivadas em Mangaratiba, calculado à partir da composição química nutricional média em cada coleta
realizada ao longo de um ano.
Nutrientes
Calorias
(kcal/100g)
Proteína
(g%)
Lipídeo
(g%)
Carboidrato
(g%)
Verão início
9,58
1,73
6,19
78,64 (± 2,15)
Verão final
11,18
1,86
4,05
77,66 (± 2,66)
Outono início
10,75
1,54
4,61
75,33 (± 2,30)
Outono final
11,68
1,33
4,08
75,04 (± 1,77)
Inverno início
11,37
1,25
3,54
70,87 (± 1,31)
Inverno final
11,87
1,05
2,81
68,14 (± 3,31)
Primavera início
12,81
1,32
1,94
70,87 (± 2,91)
Primavera final
12,18
1,84
2,29
74,47 (± 1,15)
Coletas
Médias dos valores com n = 5.
Figura 51. Correlação entre o valor calórico e diferentes componentes centesimais (valores
médios para cada coleta) para a carne “in natura” da vieira N. nodosus: A) Proteínas totais,
B) Lipídeos totais, C) Carboidratos totais. Animais cultivados na Fazenda da AMAR,
Mangaratiba, RJ. Unidade: Kcal.100g-1 de carne “in natura” de vieira.
93
A carne “in natura” da vieira (considerando-se o animal inteiro) apresentou um reduzido valor
calórico quando comparado aos diferentes tipos de carnes disponíveis para o consumo humano (Figura
52). Se considerarmos as outras formas disponíveis para o consumo notamos que o filé mignon da
vieira (seu músculo) apresenta também baixo valor calórico. No entanto se for consumida uma porção
de músculo acrescido de gônada este valor calórico aumenta drasticamente, tornando-se semelhante ao
de outros produtos de origem animal como bisteca suína, superando carne bovina magra, frango e ovos
(NEPA-UNICAMP, 2006).
Figura 52. Comparação do valor calórico da vieira N. nodosus cultivada em
Mangaratiba (RJ) em suas três formas de comercialização e outros produtos de
origem animal (NEPA-UNICAMP, 2006) para porções de 100g. Onde: 1 animal
inteiro, 2 apenas músculo, 3 músculo + gônada, 4 peito sem pele, 5 acém, 6 bisteca, 7
contra-filé, 8 asa.
Com o valor calórico médio de 73,88 Kcal.100g-1 a carne “in natura” do bivalvo N. nodosus
encontra-se dentro da faixa esperada para diversas espécies de moluscos bivalvos consumidos no
Brasil. Na tabela 38 encontramos os valores calóricos médios para várias espécies de moluscos
bivalvos encontrados em águas brasileiras, cultivados ou extraídos de bancos naturais; onde o menor
valor calórico médio foi encontrado para A. brasiliana 60, 47 Kcal.100g-1 e o maior 118 Kcal.100g-1
para o mexilhão Perna perna extraídos de bancos naturais.
94
Tabela 38. Valor calórico dos principais moluscos bivalvos de interesse comercial, cultivados ou
extraídos de bancos naturais, utilizados como alimento no Brasil.
Período analisado
Referência
Espécie
Kcal.100g-1
Nodipecten nodosus*
Perna perna*
73,88 (± 4,02)
62,72 (± 8,59)
P. perna**
118 (NI)
Crassostrea brasiliana*
64,031
Anomalocardia brasiliana**
60,47 (± 2,79)
Mytella falcata**
107,72 (NI)
A. brasiliana**
103,52 (NI)
C. gigas*
79,07 (NI)
C. rhizophorae**
81,1 (NI)
Outubro 2008/
Setembro 2009
Novembro 2002/
março 2003
Primavera/verão
Janeiro e março de
2005
Maio e setembro de
2006
Setembro 2002/ maio
2003
Setembro 2002/ maio
2003
Fevereiro 2005 e
Outubro de 2005
NI
Presente trabalho
Furlan et al. 2007
Tavares et al., 1998
Portella, 2005
Aveiro, 2007
Lira et al. 2004
Lira et al. 2004
Parisenti, 2006
Tramonte et al., 2005
* Animais cultivados, ** extraídos de bancos naturais. NI – Não informado. 1 Valor calculado por Lourenço (2010) baseado
em dados de Portella (2005).
A presente pesquisa além de determinar o valor calórico da carne “in natura” (animal inteiro)
também avaliou outras dois componentes: o músculo chamado filé mignon da vieira (Tabela 39) e a
gônada (Tabela 40) que pode ser consumida junto ao músculo. Conforme já foi ilustrado na Figura 50 a
forma de consumo músculo acrescido de gônada foi a forma disponível ao consumidor que sempre
apresentou maior valor calórico. Para os diferentes componentes (músculo e gônada) a variação do
valor calórico ao longo do tempo mostrou-se diferente da observada quando se considerou o animal
como um todo. Essa diferença reside na fisiologia reprodutiva e alimentar deste animal; e no fato da
gônada possuir sempre três vezes mais lipídeos que o músculo.
95
Tabela 39. Valor calórico (Kcal.100g-1) para o músculo das vieiras (Nodipecten nodosus), cultivadas
em Mangaratiba, calculado à partir da composição química nutricional média em cada coleta realizada
ao longo de um ano.
Nutrientes
Calorias
(kcal/100g)
Proteína
(g%)
Lipídeo
(g%)
Carboidrato
(g%)
Verão início
14,08
0,78
6,19
88,13 (± 0,88)
Verão final
14,78
0,61
4,05
80,82 (± 0,90)
Outono início
14,43
0,95
4,61
84,76 (± 0,98)
Outono final
16,69
0,88
4,08
91,00 (± 1,64)
Inverno início
16,03
0,79
3,54
85,39 (± 0,56)
Inverno final
16,38
0,72
2,81
83,24 (± 1,07)
Primavera início
15,83
0,61
1,94
76,62 (± 0,75)
Primavera final
18,83
0,88
2,29
92,37 (± 3,52)
Coletas
Médias dos valores com n =5. * Valores calculados para o animal inteiro.
Tabela 40. Valor calórico (Kcal.100g-1) para a gônada das vieiras (Nodipecten nodosus), cultivadas em
Mangaratiba, calculado à partir da composição química nutricional média em cada coleta realizada ao
longo de um ano.
Nutrientes
Calorias
(kcal/100g)
Proteína
(g%)
Lipídeo
(g%)
Carboidrato
(g%)
Verão início
10,55
1,83
6,19
83,46 (± 1,09)
Verão final
13,91
2,26
4,05
92,96 (± 1,18)
Outono início
13,79
2,91
4,61
99,77(± 1,23)
Outono final
13,76
2,84
4,08
96,88 (± 0,24)
Inverno início
12,95
2,47
3,54
88,18(± 1,73)
Inverno final
12,02
2,07
2,81
77,91 (± 1,88)
Primavera início
14,08
2,74
1,94
88,77 (± 0,47)
14,89
1,89
2,29
85,71 (± 1,50)
Coletas
Primavera final
*
Médias dos valores com n = 5. Valores calculados para o animal inteiro.
96
5.4 Fatores Abióticos: Salinidade e Temperatura
Para a presente pesquisa foram mensuradas as variáveis hidrológicas: temperatura e salinidade
(Tabela 41). A salinidade variou pouco em torno de seu valor médio 34,9 (± 0,81) na profundidade de 6
metros ao longo do ano. Ferreira (2009) no período de dezembro de 2007 à novembro de 2008
encontrou para essa mesma profundidade uma salinidade média de 35,6 (± 0,85), semelhante ao
encontrado na presente pesquisa. As salinidades mensuradas nas águas do entorno da Ilha Guaíba nas
duas ocasiões permaneceram sempre dentro do ótimo relatado para o desenvolvimento de indivíduos
adultos de N. nodosus (RUPP, 2007).
As menores salinidades mensuradas foram observadas no verão e início de outono (34). Padrão
semelhante foi observado por Ferreira op. cit. inclusive com a salinidade mínima de 32 ocorrendo em
janeiro à 6 metros de profundidade. As menores salinidades nas águas da Ilha Guaíba foram associadas
por Ferreira (2009) à ocorrência do período de maior precipitação pluviométrica.
As maiores salinidades foram mensuradas no final do inverno e início da primavera. Ferreira
observou um aumento da salinidade aos 6 metros desde o final do outono, com a máxima (37),
ocorrendo no final do outono. Como se considera o período de outono/inverno como estação seca, onde
ocorrem os menores índices pluviométricos, justamente neste período foram encontradas as maiores
salinidades tanto na presente pesquisa quanto no trabalho desenvolvido por Ferreira (2009).
Tabela 41. Valores mensurados para Salinidade e Temperatura na água do mar, na profundidade de 6
metros, na área da fazenda marinha da Associação dos Maricultores de Mangaratiba (RJ) no período
entre dezembro de 2008 à novembro de 2009.
Temperatura
Coleta
Salinidade
25ºC
Verão 1
34
24 ºC
Verão 2
34
24 ºC
Outono1
34
23 ºC
Outono 2
35
22 ºC
Inverno 1
35,5
22 ºC
Inverno 2
36
23 ºC
Primavera 1
36
27 ºC
Primavera 2
35
A temperatura na água do mar mensurada aos 6 metros de profundidade, na ilha Guaíba, variou
entre a mínima 22ºC no inverno e a máxima de 27ºC no final da primavera, com média anual de 23,8ºC
(± 1,56ºC). Ferreira (2009) encontrou média anual muito semelhante 23,2ºC (± 0,94ºC), com
temperatura mínima no final do inverno (21,9ºC) e máxima no início do outono (25ºC). As
temperaturas mínimas nos dois trabalhos ocorreram na mesma estação (inverno) e foram muito
semelhantes. Porém quanto à temperatura máxima houve grande diferença tanto na época (presente
pesquisa ocorreu no final da primavera; no trabalho de Ferreira ibid. ocorreu no outono) quanto no
valor mensurado.
A maior temperatura mensurada para a profundidade de 6 metros no ambiente estudado foi de
27ºC no final da primavera de 2008 (Tabela 41). Poucos dias antes da realização desta coleta de final
de primavera ocorreu um fenômeno anômalo de elevação da temperatura em toda a baía de Sepetiba e
Ilha Grande onde a temperatura superficial da água do mar chegou aos 30ºC, fato associado à completa
desova dos moluscos cultivados no litoral sul fluminense (ostras, mexilhões e vieiras)2. Para este
mesmo período (final de primavera) Ferreira (2009) relatou temperatura 5,5ºC inferior à mensurada na
2
Dra. Silvia Melo, Superintendente de Maricultura SEBRAE-RJ, por comunicação pessoal em novembro de 2008.
97
presente pesquisa para a profundidade de 6 metros. Um aumento abrupto de cerca de 7ºC
experimentalmente foi capaz de induzir N. nodosus à desovar (DE LA ROCHE et al., 2002); relato que
corrobora o observado na presente pesquisa ao associar-se a temperatura máxima observada no final da
primavera à intensa desova verificada nas vieiras cultivadas.
6. CONCLUSÕES
- Em termos da composição química nutricional a vieira N. nodosus cultivada em Mangaratiba (RJ)
apresenta em escala de percentual primeiro a umidade, proteínas totais, carboidratos, cinzas e lipídeos
totais. Por ser pescado de águas tropicais N. nodosus apresentou o perfil alta umidade e baixo
percentual de lipídeos.
- Dentre os nutrientes a umidade é majoritária, apresentando percentual alto, e não varia
significantemente ao longo do tempo devido ao fato de se tratar de um animal aquático.
- Para proteínas totais os percentuais encontrados encontram-se de acordo com o esperado para outros
invertebrados aquáticos de águas tropicais, sendo inferior ao encontrado para peixes marinhos. Esse
componente químico nutricional aumenta significantemente com o tempo, atrelado ao crescimento dos
animais, ou seja, quanto maior o animal maior o percentual de proteínas totais na carne “in natura”. O
músculo é o componente que sempre apresenta os maiores percentuais de proteínas para essa espécie,
ao longo de todo o período analisado. Para a gônada o percentual de proteínas oscila em função do
ciclo reprodutivo.
- A vieira N. nodosus cultivada em Mangaratiba apresenta baixos percentuais de lipídeos totais se
comparado a outros tipos de pescado, mas apresenta-se dentro do esperado para moluscos bivalvos de
águas tropicais. Este nutriente varia significantemente ao longo do ano para a carne “in natura”,
principalmente associado ao ciclo reprodutivo da espécie: sendo o verão/outono a época de maturação
gonadal (maiores percentuais de lipídeos), inverno época de desova (menores percentuais) e primavera
período de recomposição das gônadas (percentual de lipídeos volta a crescer). Dessa forma a gônada é
o componente da carne da vieira que apresenta os maiores percentuais de lipídeos totais, cerca de três
vezes maior que o músculo.
- Cinzas totais encontra-se dentro do esperado para pescado de origem marinha. Este nutriente também
varia significantemente com o tempo, sendo o inverno e verão as épocas de maiores e menores
percentuais respectivamente. O percentual de Cinzas totais é modulado em função do equilíbrio
osmótico de N. nodosus (espécie osmoconformadora), visto que no inverno ocorreram as maiores
salinidade e no verão, devido às chuvas, as menores salinidades.
- Para carboidratos totais, a vieira apresenta percentuais em consonância com o esperado para moluscos
bivalvos, bem superiores ao encontrado para outros tipos de pescado. É observada variação sazonal
significativa, atrelada ao ciclo reprodutivo da espécie na região da ilha Guaíba e à sua fisiologia
alimentar. O percentual máximo de carboidratos é associado ao período de maior disponibilidade de
alimento para este animal na região de cultivo durante o verão. E as diminuições nos percentuais de
carboidratos durante as duas desovas, que ocorreram no inverno e na primavera.
- Em média a concentração encontrada em 100g de carne de molusco N. nodosus é ligeiramente mais
acentuada para ácidos graxos saturados, no músculo e gônada. O início de verão é o único período onde
as concentrações de ácidos graxos insaturados superaram as de saturados. Embora as análises tenham
mostrado concentrações elevadas de ácidos graxos saturados (impulsionada pelos ácidos palmítico,
esteárico e mirístico) deve-se levar em conta que o saturado esteárico é uma exceção porque ele é
desnaturado em ácido oléico (ácido graxo monoinsaturado) tão rapidamente que não tem efeito sobre a
elevação do colesterol.
- A carne da vieira N. nodosus é mais rica em ácidos graxos poliinsaturados da família ômega-3 do que
ômega-6, coincidindo com o recomendado internacionalmente para uma dieta saudável.
98
- A carne “in natura” do bivalvo N. nodosus (animal inteiro) apresenta valor calórico baixo se
comparado à outros produtos de origem animal. A estação que apresenta maior valor calórico (para esta
forma de comercialização) é o verão, modulado pela maior disponibilidade de alimento e pelo início do
processo de maturação sexual destes animais.
- Para músculo e gônada o outono é a estação do ano onde se encontram os maiores valores calóricos.
Tal fato associa-se à fisiologia reprodutiva da vieira N. nodosus cultivada em Mangaratiba.
- A forma de comercialização músculo acrescido de gônada apresenta-se ao longo do ano sempre com
maior valor calórico, no mesmo patamar de outros tipos de produtos de origem animal, como a carne
suína.
- As vieiras N. Nodosus cultivadas em Mangaratiba apresentam características nutricionais importantes,
podendo, pelo seu valor nutritivo, fazer parte de uma dieta saudável desde que seja adequada a
quantidade e forma de preparo.
99
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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