Academia.eduAcademia.edu

Projetos para o Alto Vale III

Devido ao rico e diverso patrimônio natural, cultural e histórico o Vale do Ribeira vem despertando para as atividades econômicas relacionadas ao turismo. Muitos acreditam que essa seja a atividade que possa garantir um novo ciclo econômico na região. O turismo é, muitas vezes, sugerido como a alternativa ao desenvolvimento regional.

Projetos para o Alto Vale III Turismo Devido ao rico e diverso patrimônio natural, cultural e histórico o Vale do Ribeira vem despertando para as atividades econômicas relacionadas ao turismo. Muitos acreditam que essa seja a atividade que possa garantir um novo ciclo econômico na região. O turismo é, muitas vezes, sugerido como a alternativa ao desenvolvimento regional. É importante pensarmos um pouco sobre essa atividade econômica que cresceu muito, principalmente, em meados da década de 1990, movimentando, conforme organismos internacionais, cerca de 7 trilhões de dólares no planeta e empregando cerca de 250 milhões de pessoas. O Brasil, apesar de seu imenso patrimônio, ainda não desfruta de forma privilegiada desses recursos devido a fatores como a carência de infraestrutura. O México, por exemplo, recebe 4 vezes mais turistas que o Brasil. Mas, o turismo não possui apenas grande significado econômico, mas também exerce impactos outros igualmente relevantes, notadamente sobre a cultura e o espaço (natural e, ou social) da área receptora dos turistas. Quero dizer que o turismo merece mais que um lugar subalterno no contexto da discussão sobre o desenvolvimento. O desenvolvimento nesse contexto não deve ser entendido como sinônimo de desenvolvimento econômico. Considero a questão do desenvolvimento de forma mais abrangente, do desenvolvimento socioespacial, compreendido por Souza (1997) como um processo de superação de problemas e conquista de condições propiciadoras de maior felicidade individual e coletiva, o desenvolvimento exige a consideração simultânea das diversas dimensões constituintes das relações sociais e, também do espaço natural e social. Pois no turismo é importante sabermos que temos vários atores envolvidos na sua concretização. E muitos podem ganhar ou perder com isso. Quem ganha e que perde? 1 – a população da área de origem dos turistas; essa geralmente é beneficiada, pois, o turismo constitui, muitas vezes, como forma de descongestionamento de seus problemas. 2 – os turistas, esses, na maioria das vezes, são os beneficiados no processo. 3 – a população da área de destino dos turistas. Depende de quem. Pois, se as atividades turísticas não forem devidamente implementadas e regulamentadas, geralmente poderão beneficiar alguns grupos e marginalizar o restante da população. Para isso, a questão da autonomia é central. Se a maioria da população não puder participar livremente da gestão dos recursos socioespaciais de seu município, o turismo e outras atividadades dificilmente corresponderão as suas expectativas e casarão com seus interesses; dificilmente, portanto, o turismo tenderá a trazer desenvolvimento socioespacial duradouro. Há graus de complexidades diferentes. A assimetria de renda e as diferenças culturais podem ser negativas e traumáticas: um grupo de pessoas buscando o prazer, oriundas de uma realidade que consideram superior e dotadas de grande poder de compra pode gerar muitas distorções entre uma população mais pobre, seja diretamente, seja indiretamente. Além disso, a cultura da população mais pobre também pode se sentir agredida, gerando problemas social-psicológicos. Enfim, percebe que quando consideramos o turismo como uma solução prática, rápida e eficaz de promovermos o desenvolvimento é possível cometermos uma série de equívocos, pois essa atividade produz uma série de impactos indesejáveis. Por isso, sempre que pensarmos em turismo no Alto Vale, deve-se discutir e envolver a população local, de forma transparente, objetivando torná-la o principal ator na implementação e execução de projetos dessa modalidade. Vidal Dias da Mota Júnior Lageado de Itaoca – Itaoca – Vale do Ribeira - SP Doutorando em Ciências Sociais – UNICAMP [email protected]