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Lāčplēsis

2020, Revista Épicas, n. especial (3)

https://doi.org/10.47044/2527-080X.2020vE3

Epopeia da Letônia, concebida e escrita por Andrejs Pumpurs entre os anos de 1872-1887.

ALVES, Victor Hugo Sampaio. Lāčplēsis. Epopeia/poema épico. In: Revista Épicas. Ano 4, Número Especial 3, Nov 2020, p. 245-253. ISSN 2527-080X. DOI: https://dx.doi.org/10.47044/2527-080X.2020vE3. LĀČPLĒSIS EPOPEIA/POEMA ÉPICO Victor Hugo Sampaio Alves1 Universidade Federal da Paraíba 1. Lāčplēsis é a epopeia da Letônia, concebida e escrita por Andrejs Pumpurs entre os anos de 1872-1887. A leitura e compreensão dessa obra necessitam ser feitas dentro do contexto de emancipação dos países bálticos no século XIX – ainda que se deva sempre olhar para as especificidades de cada um desses contextos etno-históricoculturais: assim como a Letônia, países como Estônia, Finlândia e Lituânia também passaram por longos processos de libertação do controle político-econômico-cultural de países opressores, processos dentro dos quais, em algum momento, todas essas nações acabaram canalizando em epopeias os heróis e personagens retirados das tradições locais, fazendo disso argumento retórico para a constituição de uma legítima identidade nacional digna de autonomia. Mestre e doutorando em Ciências das Religiões pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Membro do Núcleo de Estudos Vikings e Escandinavos (NEVE), da Sociedade Finlandesa de Literatura (Suomalaisen Kirjallisuuden Seura/SKS) e do Centro Internacional e Multidisciplinar de Estudos Épicos (CIMEEP). 1 245 No caso específico da Letônia, o protagonista que dá nome ao épico surge como herói nacional que sintetiza a verdadeira identidade letã, distanciando-a das identidades e culturas russa e germânica, lutando e morrendo, no épico, pela emancipação de seu país. A subjugação da Letônia por poderes estrangeiros havia começado ainda na Idade Média, no século XII, durante a Segunda Cruzada, quando foi alvo de investidas dos cruzados germânicos, caindo sobre seu domínio por séculos a fio. Posteriormente, dos anos de 1795 a 1917, a Letônia foi anexada pelo Império Russo. O importante é compreendermos por quê, nesses contextos de emancipação cultural e política, as epopeias e seus heróis transformavam-se em símbolos unificantes tão necessários: aos países dominados, como a Letônia, era necessário desconstruir séculos de estereótipos humilhantes institucionalizados por seus dominadores, que os estigmatizavam como sendo simples servos e camponeses desprovidos de história e de uma verdadeira cultura; manifestadores, enfim, apenas dos traços culturais que haviam adotado das nações superiores que os haviam dominado. O propósito de Pumpurs em criar uma epopeia nacional era o de ser uma resposta a tais opressões. Tratava-se de resgatar uma genuína cultura letã, ainda viva e pulsante nas tradições de seu povo. Assim, o autor buscou no folclore regional o herói Lāčplēsis (cujo nome significa “Matador de Urso”). Ao contrário do contexto finlandês, em que os conteúdos para suas respectivas epopeias foram retirados de tradições orais ainda vivas em pleno século XIX, Pumpurs não encontrou heróis tradicionais e guerreiros nos cantos camponeses. O nome do protagonista foi retirado da toponímia local – haviam diversos lugares com seu nome – e de narrativas oriundas do folclore em prosa, como lendas etiológicas e em descrições lendárias dos festivais do meio de verão e, por fim, especialmente de um conto folclórico sobre um homem extremamente poderoso e forte. Apesar de Pumpurs alegar que havia encontrado Lāčplēsis em uma lenda histórica, hoje sabe-se que ele foi retirado de um conto folclórico fictício. O contexto histórico em que a epopeia se passa é precisamente o das Cruzadas no Báltico durante o século XIII. Situando o herói nesse período, Pumpurs conseguiu tanto criticar para sua audiência as linhagens de domínio feudal que dominavam a Letônia (tzares russos e barões germanos) quanto oferecer um vislumbre de ideias de democracia e liberdade (que obviamente são anacrônicas e não teriam sido possíveis na 246 Idade Média, mas que relatavam as queixas e reivindicações contemporâneas de seu país). A epopeia gira em torno dos feitos de Lāčplēsis, que vão crescendo à medida em que a narrativa se desenrola. O herói começa eliminando criaturas selvagens, depois seres mitológicos e, em seguida, humanos (obviamente que os inimigos de seu povo, os Cruzados). Há um certo argumento pedagógico na epopeia: Lāčplēsis vai aos poucos tornando-se mais ponderado e sábio, aprendendo com seus erros, até que é eleito o líder militar de seu povo. Uma vez nessa posição, ele consegue mobilizar o exército letão e elaborar inúmeras táticas de combate. Num momento emblemático, após ter capturado um líder inimigo particularmente cruel, o herói decide não matá-lo, entregando-o aos anciões para que recebesse o julgamento e sentença adequados. O ideal de um país justo e democrático é colocado de maneira completamente clara. Contudo, num certo momento o segredo da força sobre-humana de Lāčplēsis, suas orelhas de urso, é descoberto por um cavaleiro negro, que as corta, desmembrando-as. Ainda assim, o herói letão se mostra incrivelmente forte e consegue erguer o cavaleiro, arremessando-o em um precipício acima do rio Daugava; mas o cavaleiro o puxa para junto de si e ambos caem no abismo. Com a morte de Lāčplēsis os letões perdem a guerra, embora a obra termine com um epílogo alegando que o herói um dia retornará para libertar sua nação. Não existem traduções de Lāčplēsis para o português. Há uma tradução livre, em verso heroico, de todos os 6 cantos para o inglês, feita por Arthur Cropley (2006). 2. Lāčplēsis es la epopeya letona, concebida y escrita por Andrejs Pumpurs entre 1872-1887. La lectura y comprensión de este poema debe realizarse en el contexto de la emancipación de los países bálticos en el siglo XIX, aunque siempre hay que mirar las particularidades de cada uno de estos contextos etnohistórico-culturales: así como Letonia, países como Estonia Finlandia y Lituania también pasaron por largos procesos de liberación del control político, económico y cultural de países opresores, procesos dentro de los cuales, en algún momento, todas estas naciones terminaron canalizando héroes y personajes extraídos de las tradiciones locales hacia épicas, haciendo este 247 argumento retórica para la constitución de una identidad nacional legítima digna de autonomía. En el caso específico de Letonia, el protagonista que da nombre a la epopeya emerge como un héroe nacional que sintetiza la verdadera identidad letona, distanciándola de las identidades y culturas rusa y alemana, luchando y muriendo, en la epopeya, por la emancipación de su país. La subyugación de Letonia por potencias extranjeras había comenzado en la Edad Media, en el siglo XII, durante la Segunda Cruzada, cuando fue blanco de los ataques de los cruzados germánicos, cayendo bajo su dominio durante siglos. Posteriormente, desde los años 1795 hasta 1917, Letonia fue anexionada por el Imperio Ruso. Lo importante es entender por qué, en estos contextos de emancipación cultural y política, las epopeyas y sus héroes se convirtieron en símbolos unificadores tan necesarios: para los países dominados, como Letonia, fue necesario deconstruir siglos de estereotipos humillantes institucionalizados por sus dominadores, que los estigmatizó como simples siervos y campesinos sin historia y cultura real; manifestantes, en resumen, sólo de los rasgos culturales que habían adoptado de las naciones superiores que los habían dominado. El propósito de Pumpurs al crear una epopeya nacional era ser una respuesta a tal opresión. Se trataba de rescatar una auténtica cultura letona, aún viva y palpitante en las tradiciones de su gente. Así, el autor buscó en el folclore regional al héroe Lāčplēsis (cuyo nombre significa "Asesino de osos"). Al contrario del contexto finlandés, en el que los contenidos de sus respectivas epopeyas fueron tomados de tradiciones orales aún vivas a mediados del siglo XIX, Pumpurs no encontró héroes y guerreros tradicionales en las canciones campesinas. El nombre del protagonista fue tomado de la toponimia local – había varios lugares con su nombre – y de narrativas del folclore en prosa, como leyendas etiológicas y descripciones legendarias de las fiestas de mediados de verano y, finalmente, especialmente de un cuento popular sobre un hombre extremadamente poderoso y fuerte. Aunque Pumpurs afirma haber encontrado a Lāčplēsis en una leyenda histórica, ahora se sabe que fue tomado de un cuento popular ficticio. El contexto histórico en el que se desarrolla la epopeya es precisamente el de las Cruzadas en el Báltico durante el siglo XIII. Al situar al héroe en este período, Pumpurs pudo tanto criticar los linajes feudales que dominaban Letonia (zares rusos y barones 248 alemanes) a su audiencia como ofrecer una visión de las ideas de democracia y libertad (que son obviamente anacrónicas y no habrían sido posibles en el Edad Media, pero que informó de las quejas y reclamos contemporáneos de su país). La epopeya gira en torno a los hechos de Lāčplēsis, que crecen a medida que se desarrolla la narrativa. El héroe comienza eliminando criaturas salvajes, luego seres mitológicos y luego humanos (obviamente, los enemigos de su pueblo, los cruzados). Hay un cierto argumento pedagógico en la epopeya: Lāčplēsis se está volviendo gradualmente más reflexivo y sabio, aprendiendo de sus errores, hasta que es elegido líder militar de su pueblo. Una vez en esta posición, logra movilizar al ejército letón e idear numerosas tácticas de combate. En un momento emblemático, después de haber capturado a un líder enemigo particularmente cruel, el héroe decide no matarlo, entregándolo a los ancianos para que reciba el juicio y la sentencia correspondientes. El ideal de un país justo y democrático se enuncia con bastante claridad. Sin embargo, en un momento determinado el secreto de la fuerza sobrehumana de Lāčplēsis, sus orejas de oso, es descubierto por un caballero negro, que las corta y las desmembra. Aun así, el héroe letón es increíblemente fuerte y logra levantar al caballero, arrojándolo a un precipicio sobre el río Daugava; pero el jinete lo acerca y ambos caen al abismo. Con la muerte de Lāčplēsis, los letones pierden la guerra, aunque la obra termina con un epílogo que afirma que el héroe algún día regresará para liberar a su nación. No hay traducciones de Lāčplēsis al portugués. Existe una traducción gratuita, en verso heroico, de las 6 canciones al inglés, realizada por Arthur Cropley (2006). (Versión em español por Christina Ramalho) 3. Lāčplēsis est l'épopée lettone, conçue et écrite par Andrejs Pumpurs entre 18721887. La lecture et la compréhension de ce travail doivent se faire dans le contexte de l'émancipation des pays baltes au XIXe siècle – même s'il faut toujours se pencher sur les spécificités de chacun de ces contextes ethno-historiques-culturels: ainsi que la Lettonie, des pays comme l'Estonie, Finlande et Lituanie ont également traversé de longs processus de libération du contrôle politique, économique et culturel des pays oppressifs, processus au sein desquels, à un moment donné, toutes ces nations ont fini par canaliser des héros et des personnages tirés des traditions locales vers des épopées, 249 faisant de cet argument rhétorique pour la constitution d'une identité nationale légitime digne de l'autonomie. Dans le cas spécifique de la Lettonie, le protagoniste qui donne son nom à l'épopée émerge comme un héros national qui synthétise la véritable identité lettone, l'éloignant des identités et cultures russes et allemandes, combattant et mourant, dans l'épopée, pour l'émancipation de son pays. L'assujettissement de la Lettonie par des puissances étrangères avait commencé au Moyen Âge, au XIIe siècle, lors de la deuxième croisade, alors qu'elle était la cible d'attaques des croisés germaniques, tombant sous son domaine pendant des siècles. Plus tard, des années 1795 à 1917, la Lettonie a été annexée par l'Empire russe. L'important est de comprendre pourquoi, dans ces contextes d'émancipation culturelle et politique, les épopées et leurs héros sont devenus des symboles unificateurs si nécessaires: pour les pays dominés, comme la Lettonie, il a fallu déconstruire des siècles de stéréotypes humiliants institutionnalisés par leurs dominateurs, qui les stigmatisaient comme de simples serfs et paysans sans histoire et sans vraie culture; manifestes, en bref, seulement des traits culturels qu'ils avaient adoptés des nations supérieures qui les avaient dominées. Le but de Pumpurs en créant une épopée nationale était d'être une réponse à une telle oppression. Il s'agissait de sauver une authentique culture lettone, toujours vivante et animée par les traditions de son peuple. Ainsi, l'auteur a recherché dans le folklore régional le héros Lāčplēsis (dont le nom signifie «Bear Killer»). Contrairement au contexte finlandais, où le contenu de leurs épopées respectives était tiré de traditions orales encore vivantes au milieu du XIXe siècle, les Pumpurs n'ont pas trouvé de héros et de guerriers traditionnels dans les chants paysans. Le nom du protagoniste a été tiré de la toponymie locale – il y avait plusieurs endroits avec son nom – et de récits du folklore en prose, tels que des légendes étiologiques et des descriptions légendaires des festivals de la mi-été et, enfin, en particulier d'un conte folklorique sur un homme extrêmement puissant et fort. Bien que Pumpurs prétende avoir trouvé Lāčplēsis dans une légende historique, on sait maintenant qu'il a été tiré d'un conte folklorique fictif. Le contexte historique dans lequel se déroule l'épopée est précisément celui des croisades en Baltique au XIIIe siècle. En situant le héros dans cette période, Pumpurs a pu à la fois critiquer les lignées féodales qui dominaient la Lettonie (tsars russes et barons allemands) à son public et offrir un aperçu des idées de démocratie et de liberté 250 (qui sont évidemment anachroniques et n'auraient pas été possibles dans le Moyen Âge, mais qui a rapporté les plaintes et revendications contemporaines de leur pays). L'épopée tourne autour des réalisations de , qui grandissent à mesure que le récit se déroule. Le héros commence par éliminer les créatures sauvages, puis les êtres mythologiques et ensuite les humains (évidemment les ennemis de son peuple, les Croisés). Il y a un certain argument pédagogique dans l'épopée: Lāčplēsis devient progressivement plus réfléchi et sage, apprenant de ses erreurs, jusqu'à ce qu'il soit élu chef militaire de son peuple. Une fois à ce poste, il parvient à mobiliser l'armée lettone et à concevoir de nombreuses tactiques de combat. Dans un moment emblématique, après avoir capturé un chef ennemi particulièrement cruel, le héros décide de ne pas le tuer, le remettant aux anciens pour recevoir le jugement et la sentence appropriés. L'idéal d'un pays juste et démocratique est énoncé assez clairement. Cependant, à un certain moment, le secret de la force surhumaine de Lāčplēsis, ses oreilles d'ours, est découvert par un chevalier noir, qui les coupe, les démembre. Même ainsi, le héros letton est incroyablement fort et parvient à soulever le chevalier, le jetant sur un précipice au-dessus de la rivière Daugava; mais le cavalier l'attire et ils tombent tous les deux dans l'abîme. Avec la mort de Lāčplēsis, les Lettons perdent la guerre, bien que l'œuvre se termine par un épilogue affirmant que le héros reviendra un jour pour libérer sa nation. Il n'y a pas de traduction de Lāčplēsis en portugais. Il existe une traduction gratuite, en vers héroïque, avec 6 chants en anglais, réalisée par Arthur Cropley (2006). (Version française par Christina Ramalho) 4. Lāčplēsis is the Latvian epic poem, conceived and written by Andrejs Pumpurs between 1872-1887. The reading and understanding of this work needs to be done within the context of the emancipation of the Baltic countries in the 19th century – although one must always look at the specifics of each of these ethno-historical-cultural contexts: as well as Latvia, countries like Estonia, Finland and Lithuania also went through long processes of liberation from the political, economic and cultural control of oppressive countries, processes within which, at some point, all these nations ended up channeling heroes and characters drawn from local traditions into epics, making this 251 argument rhetoric for the constitution of a legitimate national identity worthy of autonomy. In the specific case of Latvia, the protagonist who gives the epic its name emerges as a national hero who synthesizes the true Latvian identity, distancing it from Russian and German identities and cultures, fighting and dying, in the epic, for the emancipation of his country. Latvia's subjugation by foreign powers had started in the Middle Ages, in the 12th century, during the Second Crusade, when it was the target of attacks by the Germanic Crusaders, falling under its domain for centuries on end. Later, from the years 1795 to 1917, Latvia was annexed by the Russian Empire. The important thing is to understand why, in these contexts of cultural and political emancipation, the epics and their heroes became so necessary unifying symbols: for dominated countries, such as Latvia, it was necessary to deconstruct centuries of humiliating stereotypes institutionalized by their dominators, who stigmatized them as being simple serfs and peasants without history and a real culture; manifesters, in short, only of the cultural traits they had adopted from the higher nations that had dominated them. Pumpurs' purpose in creating a national epic poem was to be a response to such oppression. It was about rescuing a genuine Latvian culture, still alive and pulsing in the traditions of its people. Thus, the author sought in the regional folklore the hero Lāčplēsis (whose name means “Bear Killer”). Contrary to the Finnish context, in which the contents for their respective epics were taken from oral traditions still alive in the middle of the 19th century, Pumpurs did not find traditional heroes and warriors in peasant songs. The protagonist's name was taken from the local toponymy – there were several places with his name – and from narratives from prose folklore, such as etiological legends and legendary descriptions of the mid-summer festivals and, finally, especially from a folk tale about an extremely powerful and strong man. Although Pumpurs claims to have found Lāčplēsis in a historical legend, it is now known that he was taken from a fictional folk tale. The historical context in which the epic takes place is precisely that of the Crusades in the Baltic during the 13th century. By situating the hero in this period, Pumpurs was able to both criticize the feudal lineages that dominated Latvia (Russian tsars and German barons) to his audience and offer a glimpse of ideas of democracy and freedom (which are obviously anachronistic and would not have been possible in the 252 Middle Ages, but who reported the contemporary complaints and claims of their country). The epic poem revolves around the achievements of Lāčplēsis, which grow as the narrative unfolds. The hero starts by eliminating wild creatures, then mythological beings and then humans (obviously the enemies of his people, the Crusaders). There is a certain pedagogical argument in the epic: Lāčplēsis is gradually becoming more thoughtful and wiser, learning from his mistakes, until he is elected the military leader of his people. Once in this position, he manages to mobilize the Latvian army and devise numerous combat tactics. In an emblematic moment, after having captured a particularly cruel enemy leader, the hero decides not to kill him, handing him over to the elders to receive the appropriate judgment and sentence. The ideal of a fair and democratic country is stated quite clearly. However, at a certain moment the secret of Lāčplēsis's superhuman strength, his bear ears, is discovered by a black knight, who cuts them off, dismembering them. Even so, the Latvian hero is incredibly strong and manages to lift the knight, throwing him on a precipice above the Daugava River; but the rider pulls him close and they both fall into the abyss. With the death of Lāčplēsis, Latvians lose the war, although the work ends with an epilogue claiming that the hero will one day return to liberate his nation. There are no translations of Lāčplēsis into Portuguese. There is a free translation, in heroic verse, of all 6 songs into English, made by Arthur Cropley (2006). (English version by Christina Ramalho) Referências/Referencias/Références/References GUNTIS, Šmidchens. National Heroic Narratives in the Baltics as a Source for Nonviolent Political Action. Slavic Review, v. 66, n. 3, 2007, pp. 484-508. KRUKS, Sergei. The Latvian Epic “Lāčplēsis: Passe-Partout” Ideology, Traumatic Imagination of Community. Journal of Folklore Research, v. 41, n. 1, 2004, pp. 1-32. 253