Gabriele Gomes . silent . capa
Joana Corona . lendo Oiticica . 4 - 9
Eduardo Jorge . arquivo, poeira, retrato . 10 - 13
Elenize Dezgeniski e Faetusa Tezelli . o caso do vestido vermelho . 14 - 19
Jacques Edward . [tradução Manoel Ricardo de Lima] . 20 - 27
Amir Cador . enciclopédia . 28 - 33
Vera Casa Nova . uma forma concreta . 34 - 35
Eugenio Montale . [tradução Davi Pessoa] . 36 - 41
Federico de la Vega . barro desmembrado . [tradução Nylcéa Pedra] . 42 - 43
Rodrigo Lara . 44 - 45
Raúl Antelo . o arquivo e o deslocamento dos usos da tradição . 46 - 57
Bill Lühmann . 58 - 61
Raquel Stolf . notas oblíquas [sob uma coleção de silêncios] . 62 - 67
Arthur do Carmo . último acesso - after on kawara . 68 - 73
Reuben da Cunha Rocha . o aposentado grego de 77anos . 74 - 79
Waly Salomão . babilaques . 80 - 83
Ana Cecília Soares . arquivivo . 84 - 87
Júnior Pimenta . de casa para o trabalho, do trabalho para casa . 88 - 89
Eliana Borges . floemas . 90 - 91
oceano mínimo . 96
4
Joana Corona
5
6
7
8
9
Eduardo Jorge
Arquivo, poeira, retrato
(a partir de Imemorial de Rosângela Rennó)
“Meio-dia de praças vazias”
Max Bense, “Brasília”, Pequena estética.
Para Joana Corona
(in memorian)
1.
No dia 5 de novembro de 1999, a curadora australiana Melissa Chiu perguntou à
artista Rosângela Rennó por que os arquivos lhe interessavam. A artista respondeu
que os arquivos testemunham e expõem os traços de um passado fechado e esquecido
no tempo. Esse esquecimento, no entanto, não seria algo imóvel. Quando se trata de
arquivos, o abandono está sempre em movimento, expandindo-se às possibilidades
de novas conexões, sendo prospectivo quanto à reorganização do tempo, pois ele é
capaz de alterar o consenso. Enquanto artista, Rennó se interessa em termos práticos
por arquivos para recuperar momentos e fatos específicos.1 Esse gesto faz com que
a produção de imagens não esteja ligada apenas ao ato de fotografar, mas também
às remontagens a partir de histórias, que por sua vez são capazes de problematizar
institucionalmente a cultura.
1
10
CHIU, Melissa. Vulgo (Rosângela Rennó). Sidney: University of Western Sidney, 1998, p. 41.
Bienal de Istambul de 2011, da fotografa Nathalie Barki.
2.
André Malraux, na época ministro da cultura do governo Charles de Gaulle, em
missão pela América Latina, pronuncia um discurso no dia 25 de agosto de 1959, em
Brasília. No referido discurso, Malraux afirmou que o espírito não conhece nações
menores, mas nações fraternas, do mesmo modo que ele seria capaz de conceber
vencedores sem vencidos. Nesse sentido, vem à tona toda uma mitologia da cultura
como um lugar de aniquilamento das diferenças conflituosas. A arquitetura, no
discurso em questão, ocuparia esse espaço e, neutralizando as diferenças, fazendo
com que o ministro da cultura francês termine por saudar Brasília como a capital da
esperança.2
2
MALRAUX, André. «Discours». Modernidade. Art Brésilien du 20e siècle. Paris: Association
Française d’Action Artistique, 1987, p. 132-135.
11
3.
Uma vez que Brasília foi inscrita como um dos monumentos da modernidade,
Rosângela Rennó dá um exemplo prático e crítico quanto ao seu procedimento
junto aos arquivos. Trata-se da obra Imemorial (1994), feita a partir da ideia da
massa de trabalhadores, candangos, como eram conhecidos aqueles que construíram
Brasília. Pouco a pouco essa massa de operários e de pessoas que seguiram o rastro
da esperança para tentar a sorte nessa cidade em estado de projeto converte-se em
um cadastro que é um arquivo considerável. Assim, além da massa em movimento,
existem registros das formas dessa capital da esperança em obras cujo ritmo chegava
a ter um revezamento para que elas fossem contínuas. Existia uma urgência social
para a composição dessas formas. Nos arquivos públicos do Distrito Federal, a
artista encontrou 8.000 fotografias das formas arquitetônicas contra 45 retratos de
trabalhadores mortos em acidentes.3 Vários foram os trabalhadores sepultados nas
fundações da cidade e dos registros aos quais Rosângela Rennó teve acesso, nos
quais constava dispensados por motivo de morte. Foi lendo os relatórios dessas
mortes que vieram histórias particulares tão perdidas quanto intrincadas às formas
fotografadas. As formas arquitetônicas sobressaíram, mas na construção de uma
cidade utópica não existe uma história de vencedores sem vencidos.
4.
Imemorial é um conjunto de quarenta retratos em película ortocromática pintada
dispostos no chão com dez retratos em fotografia colorida em papel resinado na
parede. A disposição das fotos segue a ordem das fichas da Companhia Urbanizadora
da Nova Capital do Brasil, Novacap, e, quando uma fotografia vai para a parede, a
parte vazia da imagem fica no chão. Os arquivos visitados pela artista nos convida
a identificar a presença do trabalho nos corpos, como o fez mais precisamente o
fotógrafo alemão August Sander. Como afirmou o historiador da arte Wilhelm
Hausenstein (sobre Sander): “aqui, a fotografia compreendeu, diferenciada e
3
12
CHIU, Melissa. Vulgo (Rosângela Rennó). Sidney: University of Western Sidney, 1998, p. 41-42.
realizada, o que lhe volta: ela documentou seriamente a essência da época – ela
criou documentos, sine ira et studio, que apenas ela e nada mais, pode criar”4 Os
retratos dos trabalhadores de Brasília não revela propriamente seus ofícios ao
modo de Sander, embora estes sejam documentos de uma força escondida atrás de
uma paisagem. Esses retratos marcam os limites de testemunhos de possibilidades
materiais de uma produção no limite da ordem administrativa e burocrática que
administra as vidas. Diante da impossibilidade de um memorial, a artista optou lidar
com as fotografias de registro de trabalhadores já mortos, em meio a um arquivo
morto, contrastando com as formas sedutoras da arquitetura de Niemeyer. Rostos
ainda sem descanso, roupas que nunca ficaram limpas. A poeira da construção de
uma cidade planejada se propaga em cada um desses retratos. Diante desse fato,
Rosângela Rennó lembra do relato de uma lavadeira que morava clandestinamente
nos fundos de um acampamento de operários. Ela lavava a roupa, mas a poeira
vermelha não cessava durante a secagem, voltando a grudar no tecido.
6.
Não sabemos ressuscitar os corpos, mas sabemos ressuscitar os sonhos, repetiu
André Malraux no seu discurso, falando do ponto de vista da sua atuação como
Ministro da Cultura na França. Rosângela Rennó, sem dúvida, não ressuscita os
corpos, ela os desloca do espaço burocrático no qual as emoções são anuladas, isto é,
neutralizadas e invisíveis até o espaço expositivo. Assim, dizemos que ela tampouco
ressuscita sonhos, mas ao inscrever sobre a parede branca a palavra imemorial ela
cria uma impureza, enfim, sombras sobre a brancura arquitetônica de uma cidade
erguida sob o mito do futuro. Voltar às sombras que ocuparam o espaço branco e
arquitetônico de Niemeyer ou o espaço branco e vazio descrito por Max Bense faz
com que cada retrato na ficha de cadastro relembre pela força do arquivo onde os
vencidos permanecem em vigília.
Este breve texto foi produzido no contexto do projeto Convidados, estrangeiros (Des Invités, des étrangers), ligado
ao Museu Jeu de Paume (Paris). http://lemagazine.jeudepaume.org/blogs/pedroaraya-eduardojorge/
4
LUGON, Olivier. Le style documentaire. D’August Sander à Walker Evans (1920-1945). Paris: Macula,
2001. p. 67.
13
Elenize Dezgeniski e Faetusa Tezelli
O caso do vestido vermelho
Na viagem levou o vestido vermelho usado.
O delírio disparado pela paixão provoca miragens como para quem caminha em um deserto. Os
processos de erosão eólica são importantes fatores na formação de paisagens desérticas.
Receptáculo de um avesso. abrigo de fantasma. fetiche, fetisse, feitiço.
O objeto que conta.
Era o avesso que me comovia.
Virei-o do avesso diversas vezes e ficava tentando entender que movimento era aquele tão delicado
como se eu manipulasse o vácuo do meu pensamento.
Olhei-o por muito tempo tentando imaginar o corpo que deixou sua forma marcada no tecido.
Dispositivo de emergências internas. Alucinações.
Tecido marcado, puído, que remete ao corpo. fica o cheiro.
No deserto encontrou num ovo em ruínas o desenho da Santa Morte dos mexicanos. Santa
temida, da magia negra que corta e que abre o espaço.
Cartas de amor que parecem sempre chegar cedo demais ou tarde demais, viagens românticas não
realizadas e amores não vividos, onde os personagens parecem se extraviar no labirinto de suas breves
existências.
Eram outros estados de corpo: corpo e mundo nas suas incessantes relações. Outras metáforas
e formas de operar fermentavam ali. No deserto a paisagem muda de acordo com o vento.
Atravessou e foi atravessada pela areia.
Foi num território próprio que vivenciou suas desmemórias.
Era a ausência que me comovia. Mas era tão presente.
Na viagem de volta, teve os seus arquivos roubados.
Restaram poucas imagens
A mim o desreconto do caso.
14
3. Tengo ganas de llorar
Me perdoe se hoje me quedé tão diferente.
É que a vida desliza no sentido dos sentidos
e eu, hiato nas metáforas mais cotidianas,
me abismo no fundo infinito das palavras.
Terra de los sueños.
donde sueño, sueño, sueño...
Aqui no México quando alguém está com sono
este diz tengo sueño.
Sueño quer dizer tanto sentir sono como representa as produções
do inconsciente que chamamos de sonho.
Não sei se é por causa da palavra, mas mesmo em um cochilo,
por mais breve que seja, eu sonho.
No México não há sono sem sonho. Não há sueño sem sueño.
15
4. No Hospital Psiquiátrico
Ofereci o vestido para outra mulher vestir e perguntei como se sentia.
5. Trechos de carta para não mandar / para se desfazer / para esquecer / para voltar ao remetente
Escrevo para dar notícias
16
E acabo me embaralhando com meus pensamentos, que nunca foram claros, não consigo pensar nada
por inteiro, um pouco de lógica não me faria mal.
Percebi tanta coisa..., passei um mês ressuscitando mortos e matando alguns vivos em sonho. Sonhar
aqui é o que não falta, “ tengo sueño” nesta terra distante, seja lá o que isso quer dizer.
Na verdade não é nada tão importante a não ser que tive uma coisa paranóica ontem. Chamo de coisa,
porque nunca tinha sentido antes uma paranóia, mas espero sinceramente que não se repita.
Acho que me falta espiritualidade nesta altura da vida, alguma coisa que eu perdi e não consigo
encontrar. Eu estou num grau onde parece que as causas se desconectaram das coisas. E isso me deixa
um pouco assustada. Ando com a memória fraca...
Tenho pensado muito na minha avó, mãe da minha mãe, a cada dia reconstruo uma parte da sua
história. Acho que faço o meu trabalho em homenagem a ela, o da loucura.
Uma amiga falou de um escritor que escreveu que uma separação é verse morrer no outro - para o outro - portanto um experiência de morte de si.
Achei tão certeira a descrição. Não está sendo fácil para mim e imagino que para você também não.
Foram lindos os anos que passei com você. Sei que te amei com toda a minha potência de amar.
Finalizo com a proposta de um início.
Agora, se você me diz que não está disposta, por qualquer motivo, apenas guardarei no coração a
memória das melhores noites de amor que já tive.
O seu olhar matador continuará me causando calafrios e saberei que você existe numa casa ali na rua de
cima e que tem por vizinha a Dona Alice a embalar as madrugadas com seu radinho solitário a invadir
os apartamentos alheios. Saberei também que você me desejou como ninguém.
6. Antônio Tabucchi / Eja – Liisa Ahtila*
Comprei um livro de capa vermelha intitulado “Se está haciendo cada vez más tarde” do italiano
Antônio Tabucchi, que me acompanhou por toda a viagem. O encantamento se deu pelas narrativas
de histórias de amor não vividas, cartas por escrever e descrições de viagens não realizadas “Lembra
quando não fomos à Samarcanda?“, interroga a personagem que busca por seu amor desaparecido.
“como si la vida fuera una película perfecta, pero cuyo montaje resultara totalmente equivocado”.
Também fui visitar uma exposição no Instituto Nacional de Bellas Artes, onde conheci o trabalho
“The House” de Eja – Liisa Ahtila. Trata-se de uma vídeo-instalação onde uma história é contada com
diferenças de tempos e enquadramentos entre três telas, onde as paredes de uma casa parecem não
ser suficientes para conter a subjetividade da personagem, onde nada se contém e o espaço deixa de
ser próprio. O clima é de alucinação às margens do mais cotidiano, como costurar, se alimentar ou
olhar pela janela. A personagem levantando vôo no quintal, uma vaca adentrando a sala e miniaturas de
carros transitando pelas paredes.
A narrativa foi construída a partir de uma série de entrevistas com mulheres que sofreram episódio de
esquizofrenia.
* TABUCCHI, Antônio. Se está haciendo cada vez más tarde. Barcelona: Anagrama, 2002.
17
¿Hasta dónde puedo experimentar la desestabilización de los sentidos?
18
19
Jacques Edward
tradução Manoel Ricardo de Lima
AVIAÇÃO
mosca
mosca
mosca
mosca
mosca
carrapato
mosca
mosca
mosca
mosca
mosca
Se eu fosse mosca
voaria para libertar a Tatiana
cartão postal
LÁ
Silêncio vermelho, amarelo, oval, Sibéria
Lênin mongólico
Eu amo a Tatiana princesa midinette
Moscou necrópoles concerto.
20
mosca
21
DESNARIZAÇÃO
Se fosse mosca
Mataria
Lênin
Aderecinho
STEGOMIA FASCIATA
em suas bocas
se eu fosse mosca DADÁ
22
EUNUCOIDE
O gato estava nervoso
Miou
PORQUE QUERIA
MIJAR
finalmente a cozinheira
castrou o bicho com meu velho monóculo
miaaaaaou rrremiaaaaoouu!!
o gato gordíssimo
fez-se
F E L I Z,
mas não caça mais camundongos
se eu fosse castrado seria feliz,
mas não faria mais versos.
23
A GUERRA
(Notas de um “meteque”)
O Kaiser não podia conviver mais. Essa foi a única causa
da guerra europeia. Durante seis meses uma enxurrada de
gigantes sacudiu as aldeias – Die wacht am Rhein – R Rr
Rrr Rrrr Rrrrr...... Os alemães dizem tudo o que pensam,
como os loucos. Bolívia e Peru protestam energicamente –
Um gramofone sobre a Torre Eiffel grita: Bárbaro, Bárbaro,
Bárbaro. – O cisne encouraçado morre sem cantar. Os
lunáticos acham que as trincheiras são figuras geométricas.
Von Tirpitz torpedeou o tango. Um milhão de cabeleireiros
se mobilizam. Sobre os bulevares ergue-se uma estátua ao
inventor da quinina. As francesas se casam com os soldados
ingleses porque eles escovam os dentes. Tipperary five
o’clock tea Paris rit. Todos os estrangeiros são espiões. Porco
neutro! Minha ficha pesa três quilos e meio na delegacia do
quinto distrito. O chapéu de Poincaré está cheio de piolhos.
A Itália finalmente se decidiu porque o restaurante Poccardi
do bulevar está cheio de bandeiras. Acabo de ser fuzilado
três vezes por culpa de minha caixa de fósforos. A América
compra a guerra. O câmbio cai; mas eu não me importo,
porque nunca mudo nada.
24
25
O poeta chileno que assinava como Jacques Edwards era, segundo Raúl
Antelo, “parcialmente indiferente ao presente” e um a quem toca “uma negatividade
acéfala ou subtrativa, que busca a diferença mínima, através de uma distância
situada no interior do próprio real, isto é, na linguagem.” Joaquín Edwards Bello
[1887-1968], seu verdadeiro nome, foi também reconhecido como um “presidente
dadaísta” por Tristán Tzara, a quem dedica o seu livro de poemas, Metarmofosis,
publicado em 1921 e reeditado em 1979, pela Editorial Nascimento, de Santiago,
Chile. Ou seja, radicalmente, um presidente de nada.
Quando publicou o seu primeiro livro, o romance El inútil, em 1910, um
relato imprevisto e iconoclasta, a família abastada o manda passar uma temporada de
3 meses no Rio de Janeiro, cidade que o fascina enormemente. Assim testemunha a
revolta dos marinheiros, a conhecida Revolta da Chibata, ocorrida entre 22 e 27 de
novembro daquele ano na baía de Guanabara sob a liderança do “almirante negro”
João Cândido Felisberto. Mais ou menos 2500 homens rebelados contra os castigos
físicos a que eram submetidos e ameaçando bombardear a cidade.
26
A certa altura, por exemplo, ele se inscreve numa proposição política ao
istmo lacerado entre a América do Sul e a Europa: “¿Por qué vamos a París y no nos
quedamos aquí? ¿Hay acaso una capital más imponente y más sudamericana? ¿Por
que vamos a residir en Paris y no dedicamos ni siquiera una semana a esta ciudad
prodigiosa, de nuestra historia, de nuestra raza? La entrada en esta bahía produce
un desconcierto general en nuestro organismo. Además, es muy importante notar
que llegamos en tonificante navegación. (...) Amanece.” Esta assertiva de Jacques
Edwards, de algum modo, me persegue numa contrassenha ao “beco” e às “lições de
partir” de Manuel Bandeira: porque é a baía apodrecida, o aeroporto e seus aviões
o que vejo da janela, todos os dias, diante de uma cidade que figura imponente a
decadência de nossa morte social.
Agradeço muito a Raúl Antelo que me apresentou a poesia de Jacques
Edwards e me permitiu fazer cópia do seu exemplar de Metamorfosis. Esses exercícios
que ora apresento fazem parte do meu trabalho de tradução, em desenvolvimento,
de um conjunto significativo de poemas de Jacques Edwards.
Manoel Ricardo de Lima
27
Amir Cador
Vera Casa Nova
Uma forma concreta
No arquivo habitam minha alma,
meu corpo politico
ético,
juridico.
Testemunha de meu tempo
me ergo entre índices e signos da memória.
escavando o tempo
vou seguindo impressões:
o mal:um sofrimento e uma dor
o mal:um desejo de memória que se agarra em coisas baratas ou caras da paixão ou
sentimentos parcos
Vou arquivando notas do passado e do presente na impossivel memória do futuro.
Cenas repetidas e irrepetíveis vão se. acumulando no meu corpo.
Escrevo para lembrar ou esquecer?
Tendo vertigens e espasmos,vou investindo sobre o papel ou tela
pequenas porções de faltas e perdas.
O que é o poema,se não essa pulsão de perda?
Perdemos em cada palavra que escrevemosrasgamos papéis escritos,apagamos textos inteiros.
Traços que se esvaem no silêncio.
Estar diante do fracasso ou diante da morte.
Insisto para não ser destruída pela minha própria violência.
34
Vivo repetindo para não morrer.
Deletar arquivos,
queimar páginas de um caderno com a ponta de um cigarro e
esquecer tudo ou
tentar sempre traduzir marcas e gestos...
Cartas,postais,e-mails,facebook...
onde meus segredos?
e lá se vão meus registros.
O instagram visita pratos e faces,
vinhos e paisagens.
Como no arquivo guardo em meu futuro as minhas impressões.
Subjétil de minha vida sem assinatura,
guardo com seus códigos indecifráveis
indecidíveis,
meus fantasmas que se dissimulam na história ou se queimam
nesse sol de Nerval
que penetra meu corpo.
“me perguntarão sempre o que pode,nesse mal de arquivo,
queimar.Me perguntarão sempre,à partager en compassion esse mal de arquivo,
o que pôde queimar de suas paixões secretas,
de sua correspondência ou de sua vida “(Derrida)
Nesse conceito
sem conceito.
35
Eugenio Montale
tradução Davi Pessoa
Caderno de quatro anos, 1977
A memória
A memória foi um gênero literário
quando ainda não havia nascido a escritura.
Depois se tornou crônica e tradição
mas já fedia tal como cadáver.
A memória viva é imemorial,
não nasce da mente, nem se precipita nela.
Une-se ao existente como uma auréola
de neblina à cabeça. Já se esfumaçou, duvida-se
que retorne. Nem sempre tem memória
de si.
La memoria
La memoria fu un genere letterario
quando ancora non era nata la scrittura.
Divenne poi cronaca e tradizione
ma già puzzava di cadavere.
La memoria vivente è immemoriale,
non sorge dalla mente, non vi si sprofonda.
Si aggiunge all’esistente come un’aureola
di nebbia al capo. È già sfumata, è dubbio
che ritorni. Non ha sempre memoria
di sé.
36
O Criador foi incriado e isso
não me atormenta. Se assim não fosse
estaríamos todos a seus pés
(por brincadeira)
infelizes e adoradores.
Il Creatore fu increato e questo
non mi tormenta. Se così non fosse
saremmo tutti ai suoi piedi
(si fa per dire)
infelici e adoranti.
Quaderno di quattro anni foi publicado pela editora Mondadori em 1977, ali estão
reunidos 111 poemas escritos por Eugenio Montale entre os anos 1973-77. Os poemas aqui
selecionados e traduzidos fazem parte deste livro. [davi pessoa]
37
Os animais
Os animais de espécie mais rara
próxima à extinção
despertam consternação
em quem suspeita que seu Pai tenha
perdido seus moldezinhos.
Não é que todos foram vítimas
dos homens e dos climas
ou de um artífice divino.
Quem os criou os julgou inúteis
ao mais infeliz de seus produtos: nós
Gli animali
Gli animali di specie più rara
prossima a estinguersi
destano costernazione
in chi sospetta que il loro Padre ne abbia
perduto lo stampino.
Non è che tutti siano stati vittime
Degli uomini e dei climi
O di un artefice divino.
Chi li ha creati li ha creduti inutili
Al più infelice dei suoi prodotti: noi
38
Os elefantes
Os dois elefantes enterraram com cuidado
o seu elefantinho.
Cobriram de folhas a sua tumba e depois
se distanciaram muito tristes.
Ao meu lado alguém enxugou uma pestana.
Era realmente uma lágrima furtiva
tal como a piedade requer quando está desarmada:
em proporção inversa à densa
imponência do acontecimento. Os outros riam
porque um bufão qualquer já havia aparecido
na tela.
Gli elefanti
I due elefanti hanno seppellito con cura
il loro elefantino.
Hanno coperto di foglie la sua tomba e poi
si sono allontanati tristemente.
Vicino a me qualcuno si asciugò un ciglio.
Era davvero una furtiva lacrima
quale la pietà chiede quando è inerme:
in proporzione inversa alla massiccia
imponenza del caso. Gli altri ridevano
perché qualche buffone era già apparso
sullo schermo.
39
Aquilo que resta (se resta)
a velha serva analfabeta
e barbuda quiçá onde está enterrada
podia ler o meu nome e o seu
como ideogramas
talvez não podia reconhecer-se
nem mesmo no espelho
mas não me perdia de vista
da vida mesmo não sabendo nada
ainda assim sabia mais do que nós
na vida aquilo que se ganha
de um lado se perde do outro
sabe-se lá por que me lembro mais dela
do que de tudo e de todos
se entrasse agora no meu quarto
teria cento e trinta anos e eu gritaria de susto.
Quel che resta (se resta)
La vecchia serva analfabeta
E barbuta chissà dov’è sepolta
Poteva leggere il mio nome e il suo
Come ideogrammi
Forse non poeva riconoscersi
Neppure allo specchio
Ma non mi perdeva d’occhio
Della vita non sapendone nulla
Ne sapeva più di noi
Nella vita quello che si acquista
Da una parte si perde dall’altra
Chissà perché la ricordo
Più di tutto e di tutti
Se entrasse ora nella mia stanza
Avrebbe centrotrent’anni e griderei di spavento.
40
Sem perigo
O filósofo interdisciplinar
é aquele tipo que ama se vautrer
(ou seja, esparramar-se) na mais fétida
sujeira consumista. E o pior é
que o faz com suprema volúpia
e obviamente do alto de uma cátedra
por ele já desprezada.
Nunca se havia visto
que um náufrago incapaz de nadar
delirasse de alegria enquanto o navio
ia a pique. Mas não há perigo
para os homens pneumáticos e ele sabe disso.
Senza pericolo
Il filosofo interdisciplinare
è quel tal che ama se vautrer
(vuol dire stravaccarsi) nel più fetido
lerciume consumistico. E il peggio è
che lo fa con suprema voluttà
e ovviamente dall’alto di una cattedra
già da lui disprezzata.
Non s’era visto mai
che un naufrago incapace di nuotare
delirasse di gioia mentre la nave
colava a pico. Ma non c’è pericolo
per gli uomini pneumatici e lui lo sa.
41
Frederico de la Veja
tradução Nylcéa Pedra
42
Barro desmembrado
O barro nos faz lembrar da nossa origem e do nosso destino inexorável. As
pessoas conhecem a sensação da sua cor, da sua textura e da sua materialidade: da
infância, contamos histórias singularmente alegres, enquanto na senilidade temos o
desejo inevitável de voltar à nossa forma original: um barro cíclico.
Este barro que as mãos do escultor Rodrigo Lara nos entrega nos evidencia
a cara da realidade – e uma cara realidade – social vivida pelos mexicanos: a terrível
situação na qual morreram milhares de pessoas, executadas de formas mais cruéis e
perversas, semeando a dor e o terror em um país devastado pelo crime e organizado
para o cultivo, fabricação, distribuição, venda e controle de mercados e consumidores
de droga.
As imagens desta coleção são o resultado de uma performance que o artista
de Querétaro (México) realizou entre o México e os Estados Unidos, com o intuito
de dar a conhecer as estratégias tomadas pelos dois países para combater o crime
organizado: o escultor transitou pela fronteira que divide estes dois países vizinhos,
transportando o barro de Zacatecas de modo semelhante ao que os cartéis fazem
com a droga. Chegando a seu ateliê em Chicago, usou o barro para dar a ele uma das
formas mais terríveis da realidade do México.
O conceito fundamental considera a fusão das duas terras para recriar
ou reconstruir os “Corpos desmembrados” dos milhares de executados das duas
nações. Nesta relação bilateral, o México fornece a droga aos Estados Unidos e, ao
mesmo tempo, compra suas armas para o enfrentamento de dois grupos: por um
lado o exército, a polícia federal e a polícia municipal e, por outro, os vários cartéis
do narcotráfico.
Os materiais utilizados na elaboração da instalação “Corpos desmembrados”
são fundamentais, uma vez que, para fazê-la, o artista utilizou uma mistura de barro
proveniente do México e dos Estados Unidos. O barro é um material efêmero, terra
extraída do subsolo, que, depois de misturado com água, pode ser moldado e levado
ao forno em alta temperatura, alcançando uma dureza que permite a sua existência
através dos anos. Por outro lado, as plantas simbolizam a orfandade, isto é, todas
aquelas famílias que sofrem com a perda de seres queridos e ficam abandonadas ao
acaso, dando origem a milhares de viúvas, órfãos e familiares que terão que valer-se
por si mesmos em um panorama desolador e incerto.
Como um exercício representativo do modo como a droga é introduzida
ilicitamente nos Estados Unidos, o artista, em diferentes ocasiões, transportou
pacotes suspeitos dentro da sua bagagem. A primeira tentativa foi feita em uma
viagem para a Cidade do México, partindo de Chicago. Nos arredores da Cidade do
México encontrou com a pessoa que lhe entregou um pacote de 10Kg de barro em
pó de Zacatecas. O pacote foi embalado em vários sacos plásticos, do mesmo modo
como a cocaína é embalada. Quando pegou a sua bagagem, Rodrigo Lara pode
constatar que ninguém tinha aberto o pacote para fazer a inspeção do seu conteúdo.
Foi, então, para o seu ateliê.
Depois de transportar com sucesso o barro em um voo direto para
Chicago, o escultor decidiu recriar a situação na qual as drogas entram nos Estados
Unidos, por via terrestre, atravessando a fronteira México/Estados Unidos de carro.
Especificamente, em El Paso, Texas-Ciudad Juárez, Chihuahua.
Pegou o voo de Chicago para El Paso, Texas, lugar onde se encontrou com
um conhecido, com quem atravessou a fronteira. Desta vez o artista pode constatar
que não existe nenhum tipo de inspeção nos automóveis que entram no México.
O único que fazem é olhar os passaportes e pesar os carros em uma balança. Se os
carros estão acima do peso, são detidos e inspecionados.
Chegando a Ciudad Juárez teve a oportunidade de entrevistar cidadãos que
contaram muitas histórias e relataram como a violência faz parte do cotidiano de
suas vidas. Rodrigo Lara fala sobre esta experiência: “muitas pessoas abandonaram a
cidade para emigrar para outros lugares, geralmente cidades próximas à fronteira com
os Estados Unidos. No entanto, a maioria dos habitantes não tem a oportunidade de
fugir desta realidade e se vê obrigada a permanecer em Ciudad Juárez e continuar
vivendo. Assim, as pessoas se acostumam a viver em um ambiente de insegurança,
hostilidade e medo. Com frequência relatam que estão acostumadas a ver mortos em
diferentes lugares da cidade e que diante de acontecimentos desta índole, continuam
fazendo as suas coisas como se nada tivesse acontecido”.
Nesta região, e do mesmo modo que na Cidade do México, o contato do
escultor lhe entregou 7Kg de barro em pó de Zacatecas, que foram colocados na sua
bagagem.
Em seguida, outro colaborador o levou de carro até o aeroporto de El Paso,
Texas, para atravessar mais uma vez a fronteira por via terrestre. O artista observa:
“Longas filas de carros esperam para serem atendidos pela polícia de imigração.
A diferença na inspeção para verificar passaportes e vistos é notória ao entrar nos
Estados Unidos. Depois de fazer algumas perguntas, a oficial de turno nos deu as
boas-vindas aos Estados Unidos. O mais impactante é que em nenhum momento
fizeram a inspeção do porta-malas ou do conteúdo da bagagem”.
Finalmente, o autor desta coleção de esculturas, voou do aeroporto de
El Paso com destino a Chicago, onde juntou os dois pacotes de barro em pó de
Zacatecas. Uniu este barro ao barro proveniente dos Estados Unidos, chamado
Stoneware, para moldar os 45 segmentos de corpos humanos desta coleção.
43
Rodrigo Lara
Raúl Antelo
O arquivo e o deslocamento dos usos da tradição
Tenesse Williams guarda tudo em um baú e então o envia para um
local de armazenamento. Eu próprio comecei com baús e a estranha
peça do mobiliário, mas então acabei indo às compras em busca de
algo melhor e agora apenas jogo tudo dentro de caixas de papelão,
todas do mesmo tamanho, que têm uma mancha colorida no local
onde deveria estar indicado o mês do ano. Só que realmente detesto
nostalgia, então no meu íntimo espero que todas as caixas se percam
e eu nunca tenha mais que olhá-las outra vez. Este é outro conflito.
Quero jogar coisas pela janela à medida que me são entregues, mas
daí eu digo “obrigado” e as jogo na caixa-do-mês. Mas também é
verdade que realmente quero manter as coisas a fim de poder usá-las
outra vez algum dia desses.
Andy Warhol - The Philosophy of Andy Warhol (from A to B and back again)
A questão do arquivo coloca-se no centro de uma operação
em curso, nas artes, que não consiste em transcender a tradicional
problemática do colecionismo, mas em deslocar seus usos. Segundo
Gayatri Spivak, “Literatura e arquivos se tornam cúmplices no fato de
que ambos são um cruzamento de condensações, um tráfico por meio de
símbolos telescópicos, que só podem ser facilmente lidas como repetição
deslocada uma em relação a outra. A autoridade do autor é nesse caso
acompanhada pelo controle do archon, o oficial que custodia a verdade.
É a arquivização o que nos interessa, naturalmente.” (cf. SPIVAK, Gayatri
Chakravorty – A Critique of Postcolonial Reason. Cambridge, Harvard
University Press, 1999, p. 205). A arquivização, talvez mais do que o
próprio arquivo, poderia ser definida como a função de preservar imagens
46
de valor sagrado para uma cultura, aquilo que os romanos chamavam
conservare summa religione simulacra. Cabe, entretanto, uma ressalva:
quando admitimos a presença da religio nessa operação não pensamos em
religare (unir o humano e o divino) mas em relegere, de modo que, depois
da lição de Agamben ou Nancy, o sagrado é aquilo que, através de uma
releitura, redobra os escrúpulos com relação ao divino. (“Religio não é o
que une homem e deuses, mas aquilo que cuida para que se mantenham
distintos. Por isso, à religião não se opõem a incredulidade e a indiferença
com relação ao divino, mas a ‘negligência’, uma atitude livre e ‘distraída’ –
ou seja, desvinculada da religio das normas – diante das coisas e do seu
uso, diante das formas da separação e do seu significado. Profanar significa
abrir a possibilidade de uma forma especial de negligência, que ignora
a separação, ou melhor, faz dela um uso particular” (Cf. AGAMBEN,
Giorgio – Profanações. Tradução: Selvino J. Assmann. São Paulo,
Boitempo, 2007, p. 66). Ao resenhar as idéias de Foucault, é Agambem
quem identifica en passant o arquivo e a Biblioteca de Babel. Arquivo e
profanação (da Biblioteca) caminham, portanto, pari passo.
Muitos artistas latino-americanos tem transformado sua
linguagem em discurso-de-arquivo: a série Imemorial de Rosangela
Rennó, a etno-ficção do chileno Eugenio Dittborn, o Autorretrato com
Modernos Latino-americanos e Europeus de Albano Afonso ou a Galeria
de Ladrones de Buenos Aires de Alberto Bali podem exemplificar esse
movimento. São propostas de profanação da Biblioteca nacional em
nome de uma nova política da memória. A esse respeito, em sua reflexão
47
sobre a modernidade concebida como religião e incluída em Paradoxe sur
le conservateur, Jean Clair destaca também que tanto o curador quanto o
arquivista, agindo sempre por delegação de soberania, preservam certos
objetos da degradação inerente ao circuito econômico, para eles assim
testemunharem uma identidade (que outrora foi de culto e hoje tornouse apenas cultural), identidade essa que nada mais é do que a identidade
da nação a que arquivistas e leitores julgam pertencer. Entretanto, hoje em
dia, mais do que simplesmente conservarem valores, esses funcionários
têm o poder de distinguirem as imagens às quais os cidadãos atribuem
valor comunitário. O arquivista, “não guarda apenas: ele resguarda. Ele é
mais que um artesão paciente de uma conservação, ele é ator direto, disse,
de uma avant-garde” (Cf. CLAIR, Jean – Paradoxe sur le conservateur.
Paris, L´Échoppe, 1988, p. 8). Mas se o material em questão é a
cultura contemporânea, a tarefa torna-se mais paradoxal ainda, porque
consistiria em armar um santuário consagrado ao deus moderno, o deus
desconhecido do Novo e da ratio como natio, um deus que transforma
a arte em substituto laico do sagrado. A questão é relevante para autores
como Hal Foster (“Art and Archive” in Design and Crime. London,
Verso, 2003 ou “An Archival Impulse”, October 110, 2004) ou Charles
Merewether (The Archive. Cambridge, MIT Press, 2006).
É bom não esquecer, entretanto, que os arquivos remontam
ao espírito pós-revolucionário que, na França, criou, sob a Convenção
Nacional, o museu, entendido não mais como local das Musas mas
como instituição pública, em 1793. O Louvre é, assim, contemporâneo
48
do Terror, esse culto do Ser Supremo, instaurado por Robespierre.
É contemporâneo, ainda, de uma obra de Dupuis sobre A origem de
todos os cultos e é, enfim, contemporâneo da primeira Festa da Razão,
organizada em frente à Notre Dame de Paris. Mas se arquivos e acervos
decorrem do ideal pós-revolucionário que detona a modernidade como
ruptura, nem sempre o valor do moderno esteve tão associado como
agora à imaginação pública, como campo do consenso e da estabilidade.
Os primeiros oficiantes, como em toda religião, eram marginais ou
miseráveis, e até mesmo seus mecenas, colecionando tais obras, eram
bastante marginais ao sistema. Esses primeiros oficiantes, chamem-se
Alfred Barr ou Jean Cassou, identificam-se, porém, sem restrições, com o
valor etnocêntrico da arte moderna internacional. Os regimes totalitários
acrescentaram, a seguir, a concentração de opções estéticas nas diretrizes
do Estado ou do Partido enquanto tal. É o caso de Margherita Sarfatti
ao definir o Novecento como fusão harmoniosa de antigo e do moderno,
sob Mussolini, que tão decisivos efeitos teria, não só na América Latina
(pensemos na obra de seu amigo, Pietro Maria Bardi, à frente do MASP),
como assim também na idéia de museu imaginário, esposada por André
Malraux, como ministro de De Gaulle e hoje dissecada por Didi-Huberman
(L’Album de l’art à l’époque du «Musée imaginaire». Paris, Hazan; Musée
du Louvre, 2013). Na periferia do capitalismo, porém, essas operações
coincidiram com complexos processos de patrimonialização da memória
(ver, por exemplo, a tarefa de Mário de Andrade, Lúcio Costa e Rodrigo
Mello Franco de Andrade à frente do SPHAN).
49
Terminada a guerra, todavia, muda também a liturgia e, nesse
sentido, a imagem do novo, outrora visto como um deus bárbaro e
imberbe, é substituída agora por um ancião carrancudo e ponderado, que
impõe a estereotipia morosa da abstração geométrica. Haroldo de Campos
seria, entre nós, o exemplo mais acabado, com seu paideuma concreto.
A situação contemporânea acaba, paradoxalmente, transformando a
arte moderna em um não-lugar, para além do fato de que, nesse local,
chamado arquivo ou museu, reúnem-se as relíquias. Um dos seus ícones,
Joseph Cornell. Nesse non-lieu, verdadeira ban-lieu das instituições
culturais, opera-se então a metamorfose axiológica indispensável para
que a cerimônia laica republicana permaneça e se perpetue fiel a si mesma.
Uma das tendências marcantes da arte contemporânea é definir
a arte no arquivo como um traço, como a transposição, ou o vestígio de
algo desaparecido que esteve ali. É, em suma, uma forma de apoiar o
sentido em um retorno cíclico que, não raro, tem inequívoca conotação
beligerante, de radical inadaptação ao presente e à presença do sentido
materializado nas coisas. Essa questão alimenta a crença no arquivo. A
ilusão na crença consiste em encontrar modos de contornar a angústia
que provoca o vazio de significação, ultrapassar a questão, colocar-se para
além da cisão aberta por aquilo que nos devassa enquanto o lemos. A
ilusão na crença é, tal como a ilusão positivista e referencial, mais uma
manifestação de horror vacui, porém, ali onde a primeira satura o sentido
com referencialidade significante, esta segunda postula a transcendência
como um para além da verificação.
50
Com efeito, a imagem transmite a realidade literal da própria
cena, mesmo que, simultâneamente, ela registre também o hiato entre
a subjetividade denotativa e uma conotação residual. Toda imagem
obedece a uma captação espectral de vários tipos de mensagens, não só a
lingüística, mas também a icônica, e isto tanto em sua vertente simbólicocultural (conotativa), quanto na literal (denotativa). Roland Barthes
mostrou-nos a existência de um terceiro sentido, situado para além da
comunicação direta e da significação simbólica, a que ele chamava o
óbvio. Pelo contrário, o obtuso da imagem assalta o nosso olhar com o
valor da significância, aquilo que resiste à análise e apresenta, de modo
suplementar, o que poderíamos chamar de terceiro sentido. Esse sentido
é claro demais mas é também violento demais. Ele suspende a leitura
e a metalinguagem, vinculado que está, ora a questões espaciais, ora
temporais. Não se trata, portanto, de lidar com a imagem traumática,
mas com a ironia traumática, que estabelece uma distância com relação
ao caráter utópico da denotação, desentranhando uma temporalidade
própria à imagem fotográfica, que já não é o estar-aí, mas a consciência de
ter-estado-aí. Nesse sentido orienta-se também a posição de Alain Badiou
ao ler as imagens de cinema, no sentido em que ver um filme é sempre
ler o que já foi visto, de tal modo que a visitação está sempre implicada
na leitura de um filme. A imagem, em suma, enquanto mensagem sem
código, revela-nos a irrealidade imediata e espacial do presente.
O arquivo poderia ser caracterizado, enfim, como um canteiro
de obras, um espaço de incessante desconstrução e reconfiguração
51
axiológica. Françoise Le Penven, apoiada numa idéia de Gianfranco
Baruchello e Henri Martin, argumenta que se Marcel Duchamp pode ser
apontado como fundador da arte contemporânea é porque ele altera a
maneira de produzir arte. Não é mais um artista produzindo obra, mas
um arquivista, um homem de projetos e conjecturas, em que o inacabado
se opõe ao acabado e em que as notas, o texto, não funcionam mais como
um texto de comunicação mas como um protocolo de trabalho. Aquilo
que Andy Warhol reivindica na passagem citada em epígrafe.
Ora, assim como o flâneur percorria uma cidade real, o arquivista,
no canteiro, opera a autêntica gênese das possibilidades citadinas e das
potências urbanas, a tal ponto que poderíamos dizer que o canteiro opera
como arquivo da memória cidadã. Nancy considera que este regime
“de canteiro” verifica-se, em particular, na imagem fotográfica, graças
a um aspecto da imagem que se une, por sua vez, à própria captação
mecânica da imagem, mas que dela se distingue, entretanto, à maneira
do objetivo que se separa do subjetivo. Nancy entende que a técnica é
a desherança de origem e fim, interrupção interna da existência, que se
traduz em intervalo que separa a produção do produto. Essa separação de
todo autos, de todo Si-mesmo, mostra que a ordem natural, a physis, foi
rasgada desde o início e encontra-se rompida, alterada ou tocada por uma
tekné ou pela intromissão de um Outro, que não cessam de desbordála e desdobrá-la, enquanto ilimitado processo de impressão. A obra de
William Kentridge pode ilustrar o fenômeno.
52
Dada esta condição informe da cidade, da memória e da imagem
do presente, Nancy, como antes dele, Paulo Leminski, apoiando-se
na metáfora cartesiana do pedaço de cera, nos diz que a cidade, onde
impera o canteiro, se transforma em substância extensa. Relembremos a
esse propósito que Descartes aproximava uma vela ao pedaço de cera só
para ver como ela perdia seu calor e seu perfume, sua forma e seus sons
costumeiros, até chegar a se tornar res extensa, partes extra partes, ou nas
palavras de Nancy, uma exterioridade para si, incessantemente fora de
si, que não se concentra em lugar nenhum, substância cuja consistência
é toda ela recuo e devolução, ponto por ponto, substância com um
constante deslocamento, sistema de posições e de movimentos ou, em
poucas palavras, geometria analítica, enfim.
Se aceitamos essa compreeensão do regime das imagens, novos
sentidos podem vir à tona. Não focalizamos mais o vazio referencial que
“se vê” nas imagens, mas captamos a pletora de sentidos e passamos a
ver, nessas imagens (da memória, do arquivo), uma saturação plástica
mediada pela técnica. Nesse ponto, diríamos que as fotos de arquivo, por
exemplo, captam, em sua desobra (des-oeuvrement), o duplo regime
da imagem. O historiador referencial julga poder ativar nelas o regime
focalizador do detalhe, mas a visão que a máquina nos fornece, em seu
canteiro de obras, postula, entretanto, no arquivista, um regime centrífugo
de evocações, um regime que tende muito mais à mobilidade e à crítica de
toda substancialidade da imagem, através de uma gaia ciência da imagem,
53
indefinidamente lábil, nova e afirmativa em sua própria provocação. (Cf.
DIDI-HUBERMAN, Georges – La ressemblance informe. Ou le gai
savoir visuel selon Georges Bataille. Paris, Macula, 1995).
A partir da noção de canteiro, poderíamos dizer que os arquivos
são espaços simbólicos onde há metamorfose e há transformação,
embora elas não provenham de um gesto externo, mas sejam efeito do
próprio material que aí se acumula. No caso da pintura, essa metamorfose
deriva dos pigmentos (isto é, da terra) que, transfigurada, se aplica à
tela, às madeiras ou aos papéis, para figurar o objeto perdido. No caso
da literatura, ela provém da linguagem, com a qual se armam as ficções
axiológicas. A modernidade dos arquivos não estaria pois na memória
(na matéria) acumulada, mas residiria, entretanto, nesse esquecimento do
sentido simbólico dos materiais, trate-se dos pigmentos ou da linguagem,
através dos quais conseguimos, finalmente, ter acesso à mobilidade
histórica. O trabalho do arquivo é, em última análise, an-arquivista e
poderíamos mesmo concluir que o arquivo, longe de ser um repositório do
humanismo, representa o que, na cultura ocidental, há de inumano. Uma
cultura torna-se inumana conforme ela amplifica seus museus e abandona
os lugares de culto a seus mortos. A Cidade da Cultura, de Peter Eisenman,
em Santiago de Compostela, ilustra essa questão com pungência. Por isso,
diz Jean Clair, “a arte não é um álibi para negar a morte, um divertimento
infantil que nos permitiria de poupar o pensamento e a vista. Ela é, ao
contrário, o mais alto exercício de nossa finitude e o que nos assegura
manter entre nós, o simulacro consolador dos deuses, mesmo que eles
54
tenham desaparecido” (Cf. CLAIR, Jean – Paradoxe sur le conservateur,
op. cit., p. 40).
Sabemos que a situação presente é de uma cada vez mais
pronunciada diferenciação (abandono) da Biblioteca em favor do Arquivo.
Se a biblioteca remete à tradição, analisa o filósofo espanhol Miguel
Morey, isso é porque sua tarefa é preservar, militarmente, o presente
(vanguarda), defendendo-o com relação a qualquer crítica, e firmando,
aliás, a verdade desse presente numa série de normas que, paradoxalmente,
se depreendem da própria tradição. É claro que isto marca limites à ação
histórica no presente, porque estamos fadados a continuarmos restritos
tão somente ao jogo possível para uma determinada tradição. Ou, em
palavras de Morey, “diferentemente da biblioteca, não há no arquivo, um
critério de seleção que diga que existem textos que merecem estar nele e
outros que têm a dignidade suficiente para estarem ali. Porque estar no
arquivo não implica nem exige nenhum selo de garantia de nobreza. E,
sem dúvida, a experiência do saber de uma época, só podemos restituíla se trazemos à tona tudo o que esta época produziu sob o regime do
falo. Sem nenhum critério de seleção que forçosamente se deixaria
conduzir por aquilo que supomos que esta época pensou, adivinhando-o
a partir do pensamento presente. O exemplo que nos dá Foucault em
suas pesquisas concretas é bem conhecido: trata-se sempre de analisar
domínios relativamente restritos, porém por inteiro. É necessário ler
tudo o que foi escrito sobre o objeto em questão na época dada, olhar
todos os arquivos que existem sobre ele, sem privilegiar discursos
55
como aqueles que realmente criam uma reflexão pertinente em relação
a outros que são mero material ‘ignóbil’. Assim, a instrução poderia ser
então: exaustividade e suspensão de todo princípio de seleção, diante da
aristocracia da biblioteca. Dito de outro modo, falo diante de penso”. (cf.
MOREY, Miguel – “El lugar de todos los lugares” in VARIOS AUTORES
– El mal de archivo. Madrid, Comunidad de Madrid, 2007, p. 23).
Contudo, essa questão do arquivo vir a ocupar o espaço e a
função da biblioteca abre um limite, não já para o iluminismo, porém,
para a simples possibilidade de uma ação pedagógica. Se o diagnóstico
de Morey é válido para a Espanha, ele não é menos válido para o Brasil.
“Vimos – disse Morey – que, para Foucault, o saber existe para romper
a pressão do passado e, quando isso acontece, o que se alcança não é a
materialidade acumulável que pode ser chamada de conhecimento, mas
a disponibilidade de um espaço de experiência agora compartilhado.
As coisas que pareciam impossíveis, a partir do momento em que se
rompe com a memória precisa que ditava essa impossibilidade, se
fazem – por que não? – possíveis. Desde este ponto de vista, a biblioteca
da tradição cumpria uma função que já não consegue cumprir, e isso é
muito libertador, mas também muito inquietante. A estas alturas, já não
é preciso insistir na liberdade que promove. Queria terminar frisando a
inquietação. A substituição da biblioteca pelo arquivo abriga um ponto
de crise, talvez o mais violento da nossa sociedade, o fracasso educativo
com o qual nos ameaça o fracasso formativo. Se saber é cortar, que saber
podemos ensinar nas escolas? Se já não existe a biblioteca da tradição, o
56
que podemos ensinar? A promessa que acompanhava a substituição da
biblioteca pelo arquivo era uma promessa de desaprendizagem, graças
a ela poderíamos desaprender, aprender a desaprendermos as velhas
ataduras que atavam a nossa experiência e o nosso comportamento aos
ditados por uma tradição enormemente falaz, interesseira e sectária.
No seu lugar agora está o espaço aberto do arquivo, mas desse espaço
aberto nenhuma pedagogia é deduzida. Não fica claro se o que se deduz
é a impossibilidade de qualquer pedagogia. Em todo o caso, o que faz é
outorgar à pedagogia um caráter enormemente problemático”.
57
Bill Lühmann
tentativa de listar e enumerar coleções e materiais
para possíveis trabalhos artísticos (e outros itens
dispersos)
27 peças de quebra-cabeças; 28 fotos 3x4; 298 botões
(mais 9 pedaços de botões partidos); 342 bilhetes; 126
listas (grande maioria são listas de compras); 66 chaves
(3 delas eram cópias de um cadeado); 3 colares (mais
3 pedaços de menos de 10 centímetros); 33 brincos, 7
com tarraxas, 25 sem tarraxas, 1 de pressão, 12 tarraxas
(um dos brincos com tarraxa, uma minúscula mão, em
ouro, fazendo um hang loose é o achado mais antigo
que tenho ciência, encontrei quando tinha cerca de 6
anos); 3 piercings; 26 pingentes (meus preferidos são:
uma pequena sandália havaianas, de prata e metade
de um medalhão de Best Friends, onde se pode ler BE
FRIE); 1 relógio de pulso; 15 fivelas e acessórios para
cabelos; 5 anéis (um deles é feito com casca de coco);
44 puxadores de zíper; 26 fitas de cetim (tamanhos
e cores diversos); 5 cartas de baralho (3 delas são
coringas); 79 cacos de vidro azul; 82 cacos de vidro
verde (esses foram encontrados em praias, polidos
pelas areias); 17 peças de um lustre de cristal.
58
39 compactos 45 rpm 10” polegadas – ritmos diversos;
94 vinis 12” polegadas – 15 deles eu encontrei na rua,
empilhados, perto de casa (ainda passo pelo local com
expectativa de encontrar outra leva de discos); 21
colas para provas (17 são minhas, 1 foi um presente e 3
foram encontradas na rua); 46 embalagens de cigarro
(juntei apenas os pacotes que ainda não tinham
passado pelas máquinas de embalar, sem dobras ou
vincos); 258 livros; 83 quadrinhos; 146 publicações
e livros de artista; 8 latas (de tamanhos e produtos
diversos); 66 cartas, 23 de amor, 6 de amor errado;
174 postais; 118 rótulos de sabonete Phebo – Odor de
Rosas; 247 rótulos de cerveja; 14 bolachas de cerveja
(aqueles aparadores de cerveja, usados em bares);
133 DVD’s; 42 CD’s; 71 Band-aids de estampas diversas
(essa coleção foi uma herança do meu irmão mais
novo); 83 sacos de pão, usados, de tamanhos diversos;
33 moedas de outros países; 24 dados (diversas
cores, tamanhos e números de faces); 47 pôsteres;
14 contas anacíclicas (contas onde os números são
dobrados ou espelhados, R$75,57, R$25,25); cerca
de 37 metros de tricoline e 5 metros de tecidos
diversos; 858ml de aquarela, 750ml de aquarela
líquida concentrada, 48ml em bisnaga e 60gr em
59
pastilha; 2483ml de nanquim, dividido em 12 cores; 42
pincéis (um deles, feito com fibras de bambu e outro
com cabelos humanos, provindos de uma criança loira);
227 gravuras e impressões; 231 desenhos; 678 folhas
de papel em branco (tamanho, tipos, cores e texturas
diversas); 469 fotografias; 84 fotografias p/b; 66 tiras
de negativos; 26 caderninhos de anotação usados; 16
caderninhos de anotação em branco; 39 matérias de
jornal; 431 recortes de imagens, 24 quadrinhos, 37
pedaços de rosto, 84 letras ou palavras, 286 imagens
diversas; 117 anúncios de prostitutas, encontrados em
orelhões de grandes cidades; 32 cupons de desconto,
de produtos e valores diversos, totalizando 619% de
desconto.
60
ps: o primeiro bloco de texto é formado por itens
que foram encontrados na rua, durante percursos
feitos no dia a dia. não saio de casa com o intuito
de encontrar esses itens.
ps2: o segundo bloco é de itens que comprei,
achei, herdei ou ganhei, e guardei.
ps3: na contagem dos itens, (além de um belo
ataque de rinite) encontrei um pingente no
formato de uma pequena figa, de metal. ela
estava embrulhada em um esparadrapo e depois
por um papel alumínio. não me lembro de tê-la
trazido pra casa.
ps4: sempre que me perguntam algo e a resposta
é: “faço isso desde criança”, sinto que não estou
sendo sincero (ou que não vão acreditar na
resposta), mesmo sendo verdade.
ps5: quando criança, lembro de ter começado
o ambicioso projeto de tirar as moedas de 10
centavos de circulação (ou torná-las raras),
consegui cerca de 1 200 moedas antes de devolvêlas ao mercado.
61
62
Raquel Stolf
63
64
65
66
67
Arthur do Carmo
Último acesso - After On Kawara [2014]
███ DERRIDA DESCONSTRUÇÃO NEURIVALDO ███ MOYSES
LINGUAGEM DERRIDA AGAMBEN ███ MAL ARQUIVO MELENDI
███ ARQUIVO DERRIDA MACEDO ███ MAL ARQUIVO BIRMAN
███ ARQUIVO IMPRESSC3A3O DERRIDA ███ ARQUIVAR O
FUTURO SANTINHO ███ ARQUIVAR O FUTURO NEREFUH ███
FOSTER ARCHIVAL IMPULSE TERRAIN ███ ETNOGRAFO SA
FOSTER ███ CARTOGRAFIA 2048 BELLA GEIGER ███ BODY MIT
ARCHIVE PDF SEKULA ███ KIRCHOF TECNOLOGIA LITERATURA
███ FIDELIDADE ROBERT STAM ███ ARLINDO FUR EXPRESSAO
CONCEITO ███ TINOS IMAGENS CORPO NOLL ███ FILOSOFIA
SO101 DANTO ███ BAUDELAIRE ANACRONICO NASCIMENTO ███
CAMPO EVENTO ARQUIVO ███ ARQUIVO VIRTUAL ALMEIDA ███
ESPESSURA ANACRONISMO MODELO ███ DIDI DIANTE DO TEMPO
███ GRANDE MEMORIA LAGNADO ███ RENNO HERKENHOFF
███ HARRISON ESQUECIMENTO RENNO ███ RENNO SEM
IMAGEM TAINA ███ CRIMP FOTOGRAFICA ███ DISCUTINDO
ANNATERESA ███ 525 GOFF DOCUMENTO MONUMENTO ███
RIBAS ARQUIVO DESARQUIVO 154 ███ ARQUIVO YVE-ALAIN BOIS
ACONTECIMENTO ROLNIK ███ OPERACOES POETICAS COSTA ███
███ SEDUZIDOS H998S HUYSSEN ███ ESTRATEGIAS MEMORIA
MELENDI ███ PERDA ARQUIVO REINVENCAO MEMORIA ███
CONSTRUCAO LEMBRANCA BEUYS ███ ARQUEOLOGIA 19603
FOUCAULT ███ PULICI DOMINANTE ███ CRITICA INSTITUICAO
FRASER ███ APONTAMENTOS ESCRITA CRITICA BETA ███
286F VISIBILIDADE DIONISIO ███ ROLNIK FUROR BASBAUM
███ VENEROSO COLECIONISMO MEMORIA ███ RUA DE MAO
DUPLA LINS ███ FF CONSUELO DIAS RIEDWEG ███ ROLNIK CEU
ABERTO ███ ALTERIDADE CEU ROLNIK ███ DRIES ALZUGARAY
DOCUMENTARISTA ███ SILENCIO MURMURIO UTOPICO ███
TATIANA JOGANDO COLABORATIVAS ███ EXPOSICAO TEXTO THAIS
CONTEMPORANEA ███ SITUACAO DESLOCAMENTO BANDEIRA
███ ANTI ATO PEDAGOGICO ███ ENSINO CONCEITUAL CHARLES
HARRISON ███ DUARTE TEMA DO FIM DA ARTE ███ ALVARENGA
BIBLIOMETRIA FOUCAULT ███ OUTROS ESPAÇOS FOUCAULT
███ RETORNO REAL FOSTER ███ COCCIA VIDA POSTUMA
ANTELO ███ CORPO CERA COCCIA ███ CARTOGRAFIA RELACAO
CHEREM ███ CORPO ALEGORIA BRUEL ███ DIDI ANACRONISMO
IMAGENS ███ CINTILACAO CALEIDOSCOPIO BUFFON ███
███ PROXIMIDADES EMPATICAS ███ REFABULAR RESTOS ███
MEMORIA FABULACAO DO FUTURO ███ TEXTO OBRA GUADANUCCI
███ ARTE DERIVA COTRIM ███ CONCEITUALISMO VIVENCIA BRAGA
███ ARTISTA UFRJ 11 BOURRIAUD ███ VINHO SABER KINCELER ███
BASBAUM VCP ███ ULTIMO TRAJECTO BAS JAN ADER ███ SOLIDAO
PROJETO GROYS WINTER ███ SOBRE PROJETO WINTER PROENCA
███ MENNA LUGARES MOLES ███ ARTE PROCESSUAL LABRA ███
VICENZO ARQUIVOS DESTINOS UDESC ███ ZANINI JAREMTCHUK
███ LABORATORIO MUSEU SULZBACHER PERGAMUM ███ LOTEAR
MUSEU ZANINI ███ TESSITURA GESTO INACABADO ███ FERREIRA
ALBERTONI AZEVEDO ███ VONTADE CONSTRUTIVA OITICICA
███ BREVES INSTITUICOES CHIARELLI ███ DESDOBRAMENTOS
MARQUEZ OITICICA ███
PDF CRELAZER LAGNADO ███
OITICICA CINEMA FILOSOFIA CAUE ███ URBANIA 3 ███ SOLFA
ARQUITETURA PRATICA CRITICA ███ 2919 ENIGMAS TAVARES ███
MARINS PROCEDIMENTOS BUCHLOH ███ ENIGMAS TAVARES ███
CIBERCULTURA COLABORATIVA ███ MEMORIA CONTAMINA ROLNIK
███ ESTRATEGIA DE ATIVACAO CARBONO DE ARQUIVOS ███
UM LUGAR APOS OUTRO ███ PRANDO OUTROS LUGARES ███
PAISAGEM NON SITE PRANDO ███ PERFORMATIVIDADE AUSLANDER
███ MELIM PRIMARIO DOCUMENTO ███ PERFORMANCE
DOCUMENTO LEITAO ███ ESTRATEGIAS ZOZIMO ███ CADERNOS
ARTISTAS PALHARES ███ MAPEANDO COMPLEXIDADE VALIO
███ CADOR LIVROS ARTISTA BIBLIOTECA 3 ███ APONTAMENTOS
LIVRO OBRA ███ NARRATIVA SILVEIRA 10183 ███ CHIARELLI
PROJETO ███ DUARTE MAR PARA NAVEGAR ███ MIRAR VAZIO
BIENAL ███ EU VOCE ETC DOSSIE ███ ONCURATING ███
REDE ZERO RIZOMA ███ THE EXHIBITIONIST ███ FERVENZA
NOTAS INTRODUTORIAS ███ PRATICAS CURATORIAIS REIS
███ EL CURADOR CARTOGRAFO MESQUITA ███ OBRA TEXTO
CURADORIA RIBEIRO ███ AVO ROQUETTE SZEEMANN ███
MARCELINA ANTROPOFAGICA ███ FILOSOFIA DANTO S0101 ███
ISSUU ARTE BRA ANJOS ███ IMPULSO ALEGORICO OWENS ███
TATICAS PEQUENOS ENCONTROS ███ RUPP CURADOR AUTOR
███ EXPOSICAO TRABALHO HOFFMANN ███ COHEN SOB MESMO
TETO ███ 107 RESTANY ███ BOIS RELEVANCIA KLEIN ███
FLUXUSEMUSEUSEMFLUXUS ███ ARQUIVOS MAUS TRANSFORMACAO
Reuben da Cunha Rocha
o aposentado grego de 77anos
o aposentado grego de 77anos se suicidou
ontem perto do parlamento do país
dizendo é o único final digno
possível p/ mim n1 Grécia em severa crise
baleou a cabeça debaixo d1 árvore
a mídia local
o identificou como Dimitris Christoulas
o velho farmacêutico deixou 1nota
escrita à mão dizia dado q ñ tenho
+ idade p/ responder c/ a ação
ñ imagino outra forma de luta a ñ ser 1final
digno antes de comer lixo
ainda q fosse o 1o a seguir
o 1o q pegasse 1AK47
74
nem disse tchau atravessou a rua
tira a sandália e abre a asa
desaperta o caroço do cadarço
nem sempre é fácil
atravessar a rua
nem disse tchau, fiquei c/ a boca muda
sei 1atalho q dá na tua estrela
reviro os olhos no voo da abelha
aceso teu nome na cinza do skank
acode a saudade, nossa pena doce
o fofão e a criança assombrada
brincam de roda
no meu olho em brasa
minha febre é 1ataque de cócegas
minhas pegadas dão na tua casa
teu umbigo o sol quente da cura
veloz e livre danço igual 1grilo
feliz e leve sou a terra dura
piquena doidinha ladra rainha
desaperta o caroço do cadarço
tira a sandália e abre a asa
75
Waly Salomão
BABILAQUES
Os experimentos poéticos que intitulei BABILAQUES e que desenvolvo
desde 1974, representam um marco fundamental dentro de minha produção.
BABILAQUE é uma palavra não dicionarizada, não tem o seu sentido definido
pelo dicionário; carrega, portanto, possibilidades virtualmente infinitas.
Contêm em si uma libertação do sentido literal stricto sensu enquanto
dispara diversos sentidos embutidos no seu interior. Palavra polissêmica, de
forte carga rítmica moderna, porém não modernosa, e claramente não está
destinada a ser somente uma gíria provinciana, localista e efêmera de um
gueto.
A própria palavra espelha a estrutura e organicidade desta experiência, ou
seja, algo liberto das categorias artísticas e literárias fixas. A palavra e o texto
possuem funções interseccionais e amalgâmicas quando justapostos aos
elementos integrantes desta PERFORMANCE – POÉTICO - VISUAL.
Entretanto evitaria designá-los simplesmente de poemas visuais já que
esta designação é desatenta à somatória de linguagens, e assim obviamente
resultaria em algo já conhecido, estático e sem mobilidade. O caráter
INTERRELACIONAL de textos, objetos, luzes, planos, texturas, imagens,
cores, superfícies, não está dirigido a uma busca meramente pictórica. Com
BABILAQUES surta outra realidade que é a de assumir por inteiro a visão de
MULTILINGUAGEM. Não quero dizer que a partir de então, as palavras,
os textos, só possam existir quando relacionados a outros componentes que
não os de suas próprias naturezas . Esta experiência torna a palavra ainda mais
voltada para si própria, como se uma nova vitalidade se instaurasse a partir
deste interrelacionamento, desta musicalidade poético/visual. A palavra aqui
é o agente que hibridiza todo o campo sensorial da experiencia.
80
Os traba1hos realizados sem palavras são elementos visuais poeticamente
imantados, evidenciando assim a versatilidade da descoberta, isto quer dizer,
uma foto de um pedaço de fruta dentro de uma lata vazia, não pretende ser
uma forma insólita de “natureza morta”, mas instaura um discurso, uma fala,
um canto, uma música, cines imaginários. Este é o carater ESTRUTURAL da
experiência: PLURALIDADE de significados.
A fotografia - com seus elementos composicionais próprios: luz, cor, ângulo,
corte-transforma e ficciona a PERFORMANCE POÉTICA
WS
Rio, março de 1979
Nota da edição: As fotos são de experimentos inacabados para BABILAQUES,
montados por Waly Salomão no início de 1977 no Rio de Janeiro. São inéditos e
foram cedidos gentilmente por Marta Braga para esta edição-arquivo da Bólide.
Nunca tinham sido publicados e mostrados, pois não estavam na seleção da
mostra Babilaques: alguns cristais clivados (Oi Cultural, 2007, RJ), que reuniu
os trabalhos, produzidos no Rio de Janeiro, Salvador e Nova York. Essas imagens
não passaram por tratamento de limpeza. Consideramos que o tempo escrito neles
poderá tencionar diferenças de montagem-imagem, entre suportes (exposição e
publicação), o que estaria afinado com o pensamento de Waly Salomão quando
atribui seu conceito à palavra “babilaque”: “possibilidades virtualmente infinitas”.
81
Fotografia dos trabalhos: Marta Braga
Nas imagens: Os livros Catatau, de Paulo Leminski e Tales of power, de Carlos Castaneda
84
Ana Cecília Soares
85
86
87
Júnior Pimenta
88
89
s e i v a
s e i v a
s e i v a
eliana borges floemas- 2004
s e i v a
s e i v a
s e i v a
s e i v a
biografias dos colaboradores desta edição
Amir Brito Cadôr. Artista gráfico natural de
São Paulo, realiza pesquisa sobre “Enciclopédia
Visual” desde 2007. Publicou os livros Learn to
Read Art, A Night Visit to the Library, Specimen
Book, Historia Natural e Elogio da Mão pelas
edições Andante. Vive e trabalha em Belo
Horizonte.
Ana Cecília Soares. Jornalista, pesquisadora,
crítica de arte e curadora. Especialista em Teorias
da Comunicação e da Imagem (UFC) e mestranda
em Artes pela Universidade Federal do Ceará. É
uma das editoras do site e da revista Reticências...
Crítica de Arte. Atualmente, pesquisa sobre a
crítica processual e seus reflexos na escrita de arte,
e investiga o diálogo entre performance e ritual.
(
[email protected] )
Arthur do Carmo. Artista visual, interlocutor,
crítico e pesquisador. Desenvolveu pelo Rede
Nacional Funarte Artes Visuais 2009 e 2010
os projetos Transamazônica e Fordlândia. Foi
curador das mostras Orgânico (Paço da Liberdade,
2011) e Paolo Ridolfi - Transfigurações (MuMA,
2013). Participa da Bolsa Produção para Artes
Visuais VI (FCC, 2012-2014), sob orientação de
André Parente, Maria Angélica Melendi e Keila
Kern.
Bil Lühmann (São João da Boa Vista - SP,
1985). Artista visual. Desenvolve trabalhos com
publicações, coleções e outros achados. Vive em
Florianópolis - SC.
CavaloDada vulgo Reuben da Cunha Rocha (São
Luís/MA, 1984). Escreveu os livros Miragem
no olho aceso e As aventuras de cavaloDada em
+ realidades q canais de TV. Editou as revistas
Pitomba! e Randomia. Traduziu textos de Allen
Ginsberg, e. e. cummings, Gregory Corso, John
Cage, Kodwo Eshun, William Burroughs e
Kenneth Rexroth. Vive em São Paulo.
Elenize Dezgeniski. Fotografa, atriz e artista
visual. Bacharel em Interpretação Teatral pela
FAP, com especialização em História da Arte
Moderna e Contemporânea pela EMBAP. Os
principais temas em seus trabalhos são a memória,
a afetividade e o corpo. Atua como curadora em
artes visuais e desenvolve trabalhos em processos
criativos de teatro e dança. Desde 2010 trabalha
em parceria com a artista Faetusa Tezelli.
Eliana Borges (São Paulo, 1962). Artista visual e
editora. Publicou, entre outros, o livro de artista
Tortografia (Iluminuras, 2003), com Ricardo
Corona, o livro A arte em seu estado - História da
arte paranaense - Vol. I e II (Medusa, 2008), com
Soleni T. Fressato e o múltiplo Caçando palavras
no jardim Cmyk (Rede Nacional Funarte Artes
92
Visuais 10 edição/Medusa, 2014). Participou de
diversas exposições e performances no Brasil e no
exterior.
Davi Pessoa Carneiro. Professor de língua e
literatura italiana na UERJ, autor de Terceira
Margem: Testemunha, Tradução (Editora da
Casa, 2008) e tradutor de A razão dos outros
(Lumme Editor, 2010), de Luigi Pirandello;
Georges Bataille, filósofo (Edufsc, 2010), de
Franco Rella e Susanna Mati; Nudez, de Giorgio
Agamben (Autêntica, no prelo), e editor do blog:
http://traduzirfantasmas.wordpress.com/
Eduardo Jorge (Fortaleza, 1978). Publicou San
Pedro (2004), Espaçaria (2007) e Caderno do
Estudante de Luz (2008) (ambos pela Lumme
Editor, SP) e com Lucila Vilela, Pá, pum (Coleçao
Elixir, BH, 2011).
Eugenio Montale (Gênova, 1896-1981, Milão).
Poeta, jornalista e crítico musical italiano.
Recebeu o prêmio Nobel de Literatura (1975)
e a Láurea de Honra pela Universidade de
Roma (1961). Publicou os livros Ossi di seppia
(1925); Le occasioni (1939); Finisterre (1943);
Quaderno di traduzioni (1948); La bufera e altro
(1956); Farfalla di Dinard (1956); Xenia (1966);
Auto da fé (1966); Fuori di casa (1969); Satura
(1971); Diario del ‘71 e del ‘72 (1973); Sulla
poesia (1976); Quaderno di quattro anni (1977);
Altri versi (1980); Diario postumo (1996).
Federico de la Vega (Santiago de Querétaro,
1981). Poeta e editor. Publicou: Bestiario (2013),
com gravuras do artista Román Miranda; Noche
cerrada (poesia, 2012) e Veneno de distintos
sabores (conto, 2011). Dirige a revista Separata.
Em 2011, iniciou o projeto de poesia Un sauce
de cristal, em colaboração com o artista plástico
José Manuel Navarro Dueñas “Meme”. Também
é editor de El otoño recorre las islas (Apoyarte,
2011), coleção dedicada à poesia e à arte. Foi duas
vezes bolsista do “Programa Jóvenes Creadores”,
do Instituto Queretano para la Cultura y las Artes
(IQCA, 2012 e 2007).
Faetusa Tezelli. Artista visual, arquiteta e
figurinista, com especialização em História da
Arte Moderna e Contemporânea pela EMBAP.
Investiga a roupa na arte contemporânea,
abordando relações entre corpo e ambiente.
Desenvolve proposições artísticas com foco em
processos colaborativos. Desde 2010 trabalha em
parceria com a artista Elenize Dezgeniski.
Gabriele Gomes (Curitiba/PR, 1971). Estudou
desenho e pintura no Istituto per l´Arte e il
Restauro, Florença, Itália 1989/1990 e na Escola
de Música e Belas Artes do Paraná 1991/1992.
Trabalha com a linguagem visual e literária,
pesquisando e produzindo textos, vídeos,
fotografias, ações, objetos e pinturas. Autora do
livro Nós. Integrou as mostras 3º Bienal de Artes
Visuais do Mercosul (Santander Cultural, Porto
Alegre, 2001) Arte Brasileño de Hoy (Sala de
Armas de La Ciudadela de Pamplona, Espanha)
O Estado da Arte (Museu Oscar Niemeyer, 2010)
e Huston, we have a problem (Galeria Casa da
Imagem). Vive e trabalha em Curitiba.
Joana Corona (1982-2014). Artista visual, poeta
e pesquisadora. Doutorava-se em Teoria Literária
pela UFSC, com pesquisa a partir da poética
de Claudio Parmiggiani. Realizou exposições
individuais e participou de diversas mostras
coletivas no Brasil e no exterior. Publicou o
livro “crostácea” (Medusa, 2011), e organizou
a publicação “rastros”, com textos de Bitu
Cassundé, Davi Pessoa Carneiro, Joana Corona e
Raquel Stolf (Editora da Casa, 2013).
Joaquín Edwards Bello, que assinava Jacques
Edwards, nasceu em Valparaíso, no Chile, em
1887 e matou-se em Santiago, em 1968, com um
colt Smith & Wesson. Escritor de experiências
dadaístas e com um posicionamento político
muito interessante. Filho de aristocratas, viveu
durante 3 meses no Rio de Janeiro, escreveu
textos que ironizavam os costumes da aristocracia
e editou algumas revistas de cunho humorístico,
entre elas El Pololo, com Alberto Díaz Rojas e
Guillermo Feliú Hurtado. Recebeu os prêmios
Nacional de Literatura (1943) e Nacional de
Periodismo (1959), ambos no Chile. Publicou,
entre outros, o romance El inútil (19100, El
monstruo: novela de costumbres chilenas (1912)
e Metamorphosis (1921).
Júnior Pimenta. Artista visual e um dos editores
da revista Reticências... Crítica de Arte. Realizou
algumas curadorias, mas tudo sempre atrelado ao
seu pensamento de artista, então é melhor definilo como “artista-etc”. Atualmente, desenvolve o
trabalho De casa para o trabalho, do trabalho para
casa, em que durante um ano irá contar os passos
entre o mesmo percurso e experimentar a cidade
através do andar. (
[email protected])
Manoel Ricardo de Lima. Poeta. Professor na
Escola de Letras e no PPGMS/Unirio. Publicou,
entre outros, As mãos, Jogo de varetas, Geografia
aérea e A forma-formante - ensaios com Joaquim
Cardozo.
Nylcéa Thereza de Siqueira Pedra. Tradutora e
professora no Curso de Letras na Universidade
Federal do Paraná. Traduziu para o português
obras de Miguel de Cervantes, José María Merino
e Andrés Neuman. Como professora, além
de ensinar língua espanhola e suas literaturas,
trabalha na formação de tradutores e professores
de espanhol como língua estrangeira.
Raquel Stolf. Artista, pesquisadora e professora
nos cursos de graduação e pós-graduação em
Artes Visuais da UDESC. Desenvolveu pesquisas
de Doutorado (2007-2011) e Mestrado (20002002) em Poéticas Visuais na UFRGS. Coleciona
sabonetes de hotel, sons de uivos, ruídos de
fins de vácuo, coisas brancas e silêncios (no
projeto Assonâncias de silêncios). Coordena
o selo independente Céu da boca, desde 2006,
pelo qual vem editando suas proposições,
publicações impressas e sonoras, que envolvem
desdobramentos em instalações, microintervenções, ações, vídeos, fotografias, textos e
desenhos.
Raúl Antelo. Professor titular de literatura da
Universidade Federal de Santa Catarina e já
lecionou em várias universidades americanas
e europeias. É autor de Crítica acéfala (2008),
Ausências (2009), Maria com Marcel - Duchamp
nos trópicos (2010), entre outros.
Rodrigo Lara (Toluca, México, 1981). Licenciado
em Artes Visuais (tendo recebido o título
Suma Cum Laude), pelo Instituto Allende
de Guanajuato. Fez mestrado em cerâmica recebendo o título de louvor “James Nelson
Raymond Fellowship” - na The School of the
Art Institute of Chicago. Apresentou vinte e
duas exposições individuais e participou de
mais de cinquenta exposições coletivas dentro
e fora do México. Seus trabalhos pertencem a
coleções particulares no México, Canadá, Estados
Unidos, Suíça, República Checa, França e China.
Atualmente mora e trabalha em Chicago.
Vera Casa Nova. Professora da Faculdade de
Letras da UFMG; Pesquisadora de Poéticas
contemporâneas; Doutora em Semiologia pela
UFRJ e pós-Doutora pela Ecole des hautes études
em Sciences Sociales(Paris). Poeta e ensaísta.
Tem livros publicados pelas editoras 7 Letras,
Comarte e UFMG.
Waly Salomão ( Jequié/BA, 1943). Foi poeta,
letrista, ator eventual, articulador cultural, artista
visual, homem público e diretor de espetáculos
como Gal fatal - A todo vapor. É autor de
Algaravias (1996), Lábia (1998) e Pescados
vivos (2004). Em 2014, teve sua obra reunida
em Poesia total. Seus poemas foram musicados
por artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Jards Macalé, João Bosco e Adriana Calcanhoto.
Faleceu no Rio de Janeiro em 2003.
93
expediente
bólide
revista de literatura e arte
n. 5 março - abril - maio 2014
ISSN - 2317-226008
editores
eliana borges
joana corona
ricardo corona
designer gráfico
eliana borges
designer gráfico assistente
cauê corona
revisão
davi pessoa carneiro
ricardo corona
distribuição nacional em livrarias
Editora Iluminuras Ltda
Medusa Editora e Produtora Ltda
conselho editorial
annita costa malufe
carlos augusto lima
cristhiano aguiar
davi pessoa
isabel jasinski
raquel stolf
roberto echavarren
vera casa nova
capa bólide 1
maikel da maia
capa bólide 2
cintia ribas
capa bólide 3
vitor césar
capa bólide 4
thalita sejanes
capa bólide 5
gabriele gomes
www.editoramedusa.com.br
www.iluminuras.com.br
[email protected]
[email protected]
Av. Senador Souza Naves, 540 - casa 3
Curitiba - PR - Brasil - CEP 80.045-190
Caixa postal 5013 - CEP 80061-981
Rua Inácio Pereira da Rocha,389
São Paulo - SP - Brasil - CEP 05.432 - 011
incentivo
projeto incentivado pelo programa de apoio e incentivo à cultura do município de Curitiba
94
95
oceano mínimo
camila almeida . jennifer roberta . josé guilherme pamplona
. karini pires . larissa thalia . leandro lunardi . thay libânio
Trabalho feito durante a oficina de publicação “Faça você mesmo”, mediada
pelos editores, no espaço da leitura Jardim Eucaliptos, em dezembro de 2013..