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Cultura letrada: objetos e práticas, uma introdução

2005, Cultura letrada: objetos e práticas

Prefácio da obra Cultura letrada: objetos e práticas, Márcia Abreu e Nelson Schapochnik (orgs.). Campinas, São Paulo: Mercado de Letras, Associação de Leitura do Brasil, FAPESP, 2005, pp.9-10.

NOIUSI OIJDOSEPá11C...., t ,. 5 PAPOS IMURHACIOMA15 or CATALOGAÇÃO HA PUBLICAÇÃO (CIP) (CÂMARA BRASIUIRA DO LIVRO, 5P, BRASIL) Cultura letrada no Brasil : objetos e práticas / Márcia Abreu. Nelson Schapochnik lorgs .). - Campinas, SP : M ercado de Letras, Associaçã o de Leitura do Brasil (ALB) ; São Paulo, SP : Fapesp ; 2005. -- (Coleção H1stónas de Leitura) Vários auto res. Bibliografia. 1. Comunicação e cultura 2. Comunicaçõo escrita 3 . Cu ll u ra - Brasil 4. Leitura - Pesquisa 5. Livros - História 1. Abreu. Márcia. li. Schapochnik. Nelson. Ili. Série. CDD-306.440981 05-4321 lndlcc p,r1 c1tí lo90 J111cmítfco: 1. Brasil : Cultura letrada : Aspec to~ so ciais 306.440981 2. Cultura letrada : Aspectos sociais : Brasil 306.440981 COLEÇÃO HISTÓRIAS DE LEI TURA coordenação : A ssociação d e Leitura do Brasil (ALBI Projet o grãfico e Capa : Vande Rotta Gom ide Preparação dos ongmaís: An tonio Barros d e Brit o Jr. DIREITOS RESERVADOS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA: MERCADO DE LETRAS EDIÇÕES E LIVRARIA L TOA. Rua Dr. João Arruda, 32 Telefax: (19) 3241 -7514 13070-050 - Campinas SP Bra sil www.mercado-de-letras.com.br livros@m ercado -de-lotras.com.br ASSOCIAÇÃO DE LEITURA DO BRASIL Faculdade do Educaçáol Unicamp Cidad e Universitári a " Ze ferino Vaz" 13081 -970 - Campinas SP Brasil Fone · 1019) 3289-4166 2005 Esta obra está p rotegida pela Lei 96 10198 É proibida sua repr odução parcial ou total sem a autorização rirévia do Editor. O infrator estará sujeito às penalidades previstas na Lei. C ULTURA LCTRADA OB.JETOS E PRATlCAS. UMA INTRODUÇÃ0 1 J\Tr'lson Sc·hopochnih - Isso tudo. E.strelinho? Isso rudo existe aonde? E o cego, em decisão de pa.:,so e estrada. lhe r1 ·spond.:u - Venha, eu vou lhe mostrar o carn ,nho 1 Mia Cou to , Estonas obensonhodas A ascensão das novas tecnologias de comunicação causou alvoroço, quando não gerou discursos apocalípticos acerca da finitude dos objetos nos quais se ancorava a cultura letrada. As a tenções voltaram-se . sobretudo. para o mais difundido de todos e ~ objetos: o livro impresso. A crer nestes diagnósticos sombrios, os livros e a noção romantica de autoria estavam fadados ao desaparecimento. O rriunfo do hipertexto e a difusão dos e -books inscreve1iam um marco na linha do tempo , semelhante aos daqueles suscitados pelo advento da escrita e da ··revolução do impresso". Os argumentos a favor da irreversibilidade deste processo e a W1iversalização do estado d~ graça, derivado da crença na possibilidade de restãbelecer a Biblioteca de Babel, parecem ganhar adeptos d ia-a-dia. Ao mesmo tempo. na direção oposta, observamse 1emores e debates acerca das novas formas de controle e acesso a informação. l. (J- k)' l u~ JtjUl r,·uniJ"~ fu r.1m 1>n >,;1n,1lin..:nlt.: J pr'--... 1t.1Jv, " il• 1 1111 111.1 dl· lO lll l rln.:-1.1.., l' .11- lIJ yul· 11 11 ;;rJrJm 1, 11 l 11n// "~~ 1 Jl, l l hlo1 1.1 d:i l l·llur.1 ,· d,J 1 1. n ,, rl ,11 1.1 .ld,, n J 1 t.,n , l'f~,d ad,· } • l.lll l .ll di: l ..imr 1n.1-.. (l11tl.J l 11p). U I\ ,ulhu d,· ::!!l, 1, l lllTI Jf 'l<.)I J t 111 li1l lll 1) J .\ 1 ... ,~l. "' p, dcJ C A l' f:"> --· J(l l"i\ l· l '-l;n1r ..rmr JU) 11 10 punl i, ..n, ~• ' c]U •' l.1\ 1/ll ~ l.'U t\ ,1 pr<>dUÇJ!J 9 l ,lf'1..•~p u 1 l.1bu1<>ll J l' ,k !t·. n ,. lilJI " l l Tll.1 \,'./ f' li 1111-l<i J .... É cutioso constatar que em muitas respostas reverberam reações . . s1rnl1ares las despeiiadas no contexto do adve nto da imprensa. Decerto po , aque , _ . _ , rque as as no padrão tecnolog1co de comumcaçao alteram as práticas mu d an Ç e rePrees culturais. Contudo, os investigadores insistem que uma pers . sen taÇo Pect1va evolutiva e progressiva acaba por obscurecer o fato de que as normas, as funções e os usos da cultura letrada não são compartilhados de maneira igual, corno também não anulam as formas precedentes. Sendo assim, eles passaram a concentrar seus esforços no mapeamento dos contextos de leitura e da formação do leitor, nas práticas e modos de apropriação dos textos pelas comunidades dos leitores, nas convergências e constrangimentos entre a formação do leitor e 0 multifário campo das hierarquias e diferenças (classe, gênero, etnia, religião, atividade profissional) , na avaliação da pluralidade dos artefatos textuais e como eles repercutem na construção do sentido. Apesar dos avanços, a história da leitura não pode restringir seu interesse ao livro, tendo de considerar outras formas de impresso de ampla circulação e suportes de textos não-impressos. Isso é particularmente relevante no Brasil, onde a imprensa aportou tardiamente e o letramento custou a se espalhar pela sociedade. Os textos aqui reunidos apontam para algumas intersecções entre a literatura e as técnicas comunicativas, entre a imaginação literária e a materialidade dos meios em que ela se configura, com especial atenção para três modalidades de comunicação (manuscrito, impresso e hipertexto) , para as diversas formas e gêneros dos artefatos da cultura letrada (correspondência, cordel, folheto. brochu· ra, almanaque, revista, jornal e edições populares) e , ainda, as suas repercussões no estabelecimento de interações entre o autor, o texto e o leitor, no jogo e estratégias dos modos de fazer e usar estes artefatos da cultura letrada em diferentes contextos de recepção (escola, gabinetes de leitura, bibliote cas, teatro) e na circulação de discursos prescritivos sobre a leitura e os livros. Estudos dessa natureza e amplitude favorecem, pois, a compreensão de uma perspectiva histórica em que vigoram, sob a ordem do simultâneo, permanê ncias/resistências e mudan· ças/rupturas na ordem dos objetos e práticas da cultura letrada. · do Finalmente, este conjunto de ensaios prete nde contribuir, por meio debate intelectual, para o enfrentamento d e algumas das vicissitudes que envolvem O m un d o d a 1e1tura . . . neste mo mento ern e dos leitores, em especial, . 185 . que se discutem novas d'iretnzes para o ensino, o emprego de novas te cnolo9. na form ação d 0 1 ·t d entendida ei or e a d e mocratização do acesso à cultura le tra ª como um bem público . 10