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Ecologias e o Tempo de Envelhecer

As Três Ecologias de Félix Guattari e o tempo de envelhecer The Three Ecologies Guattari Felix and time of aging Anacirema da Silva Porciuncula1 Claudete Rodrigues Teixeira Gravinis2 Alfredo Guillermo Martin Gentini3 Ivalina Porto4 Resumo Este texto procura descrever a realização de uma microintervenção intitulada: O Tempo que atendeu ao requisito da disciplina: As três ecologias de Félix Guattari, oferecida no curso de Pós Graduação em Educação Ambiental - PPGEA da Universidade Federal do Rio Grande – FURG no 2º semestre de 2012. Para fins de concretização do projeto, buscou-se o depoimento de uma pessoa com idade bastante avançada, a fim de, partindo de seus encantos e desencantos, consolidar registros e experiências vivenciadas. Para a devida filmagem, foi adotado um roteiro de gravação com questões semiestruturadas. Devido ao aumento da expectativa de vida e consequentemente, dos impactos ambientais causados pelo crescimento demográfico da população idosa, esta microintervenção busca corroborar para uma maior reflexão acerca do idoso em nossa sociedade e de sua importância no contexto atual. Palavras-chave: Idoso; Educação ambiental; Qualidade de vida. Abstract This paper seeks to describe the realization of a micro-intervention titled: The Time that met the requirement of discipline: The three ecologies Félix Guattari, offered in Graduate Course in Environmental Education - PPGEA the Federal University of Rio Grande 1 Doutoranda em Educação Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grand, FURG. Email: [email protected] 2 Doutora em Educação Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande, FURG. Email: [email protected] 3 Doutor em Ciências da Educação pela Université de Paris VIII. Email: [email protected] 4 Doutora em Psicologia pela Universidad Pontificia de Salamanca. Email: [email protected] 118 FURG in 2nd half 2012. For purposes of carrying out the project, we sought the testimony of a person with a very advanced age, in order, starting with its charms and disenchantment, consolidate records and experiences. Due to filming, we adopted a roadmap recording with semistructured questions. Due to increased life expectancy and consequently the environmental impacts caused by population growth in the elderly population, this micro-intervention corroborate search for greater reflection on the elderly in our society and its importance in the current context. Keywords: Elderly; Environmental education; Quality of life. Introdução No contexto social atual e na condição de construtos e construtores de um novo tempo, somos reiteradamente chamados para estabelecermos uma nova missão e um novo paradigma. Imperioso, no entanto, perquirir e refletir o que seria este novo tempo que referimos socialmente e que a história nos remete e revela. Independentemente do campo científico que se esteja avançando, nosso olhar parte do saber instituído, definido pela linha do tempo, e busca a construção de um conhecimento que revele a certeza naquela fração cronológica. Nossa existência é marcada e registrada, através de símbolos que definem um contexto social e que traduzem as marcas e sonhos, individuais e coletivas, de toda uma geração. Sabe-se que a lógica neoliberal da vida moderna está exigindo cada vez mais dos seres humanos. As relações de trabalho, atualmente, visam atender ao mundo capitalista que prioriza o consumo e a produção em grande escala, enquanto que as relações humanas e a melhoria da qualidade de vida ficam preteridas para um segundo plano. Assim, revelando, uma busca incessante pela “qualidade de vida”. A expressão polissêmica é definida diferentemente em cada área do conhecimento: físico (integridade física), psicológico (bom humor), social (relacionamentos na família, no trabalho e no lazer), ambiental (segurança, conforto e integração com o ambiente), religioso (sentido da vida), legal (reconhecimento da cidadania) etc. O tempo tem ficado cada vez mais escasso para a convivência humana, às vezes até mesmo, inexistente. Diante da correria do dia-a-dia, as relações afetivas e sociais se tornam cada vez mais artificiais, automatizadas e consequentemente, solitárias. Diante disso, a vida biológica continua a se modificar, velozmente. O tempo é inexorável, não para! As características físicas vão se alterando, as limitações se tornando mais evidentes e o 119 envelhecimento mais próximo. Questiona-se, então: Como ficará a qualidade de vida dos indivíduos que estão permanentemente voltados aos interesses de consumo? E o planeta? Sabe-se que todos almejam acompanhar as inovações tecnológicas para se sentirem aceitos e integrados na sociedade ao qual estão inseridos. Mas, indaga-se: Como ficarão nossas crianças que precocemente já disputam entre si? Principalmente, a falta de tempo dos pais para educá-las e orientá-las em seus desenvolvimentos? Como aceitar a perda do lúdico na infância, pelos excessos de compromissos ditados às crianças? Como estas mesmas crianças enxergarão os idosos se a nossa sociedade os vê como improdutivos e sem serventia, numa sociedade que supervaloriza o que é belo e descarta aqueles que não mais produzem e nem reproduzem? Bosi, a este respeito assim se refere: A sociedade rejeita o velho, não oferece nenhuma sobrevivência à sua obra. Perdendo a força de trabalho ele já não é produtor nem reprodutor. Se a posse, a propriedade, constitui segundo Sartre, uma defesa contra o outro, o velho de uma classe favorecida defende-se pela acumulação de bens. Suas propriedades o defendem da desvalorização de sua pessoa. O velho não participa da produção, não faz nada: deve ser tutelado como um menor. Quando as pessoas absorvem tais idéias da classe dominante, agem como loucas porque delineiam assim o seu próprio futuro. (BOSI, 2007, p. 77). A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2012 mostra que o índice de envelhecimento no Brasil cresceu de 31,7 em 2001, para 51,8 em 2011, comprovando que o Brasil é um País que caminha rapidamente para o envelhecimento populacional. O índice de envelhecimento aponta que em dez anos, o número de idosos com 60 anos ou mais passou de 15,5 milhões (2001) para 23,5 milhões de pessoas (2011). A participação relativa deste grupo na estrutura etária populacional aumentou de 9,0% para 12,1%, no período, enquanto a de idosos com 80 anos ou mais chegava a 1,7% da população em 2011. Estas e outras questões nos motivaram a intervir, através de uma microintervenção (construção de um vídeo), por maior reflexão sobre o tempo, o envelhecimento e a ética, características que influenciam no modo de ser e viver do ser humano. Sabe-se que cada intervenção humana é uma possibilidade de contribuir com algo novo que atue na modificação e na melhoria do meio em que se vive. Como educadores ambientais, preocupados com o modelo societário atual, onde há tantas desigualdades, injustiças e opressões, intenta-se aqui, minimizar essas relações tão desumanas existentes com a população idosa. 120 A relevância da temática da microintervenção: “O Tempo” e sua relação com o envelhecimento humano, demonstram inquietações e a busca por uma sociedade mais sustentável. Preocupações essas que visam satisfazer as necessidades atuais sem colocar em risco as futuras gerações. Preocupar-se com a longevidade, atribuindo a ela qualidade de vida é fator essencial para uma sustentabilidade mais equitativa. Microintervenção: O Tempo O projeto de microintervenção intitulado: “O Tempo” atendeu ao requisito da disciplina: As três ecologias de Félix Guattari oferecida no curso de Pós Graduação em Educação Ambiental - PPGEA da Universidade Federal do Rio Grande – FURG e, oportunizou um estudo mais dinâmico e contextualizado sobre as três ecologias: mental, social e ambiental. A gravação ocorreu durante o segundo semestre do ano de 2012 e contou com o apoio do Laboratório Audiovisual de Pesquisa em Educação Ambiental LAPEA/FURG. A experiência prática da elaboração do vídeo foi para nós um grande desafio. Desafios de novas aprendizagens e de superação frente ao desconhecido. Aprendemos, antes de tudo, que as tecnologias surgem para aperfeiçoar resultados e suas divulgações, sendo ferramentas indispensáveis no campo da pesquisa, quando utilizadas a favor de todos. Para fins de concretização do projeto, buscou-se o depoimento de uma pessoa com idade bastante avançada, a fim de, partindo de seus encantos e desencantos, consolidar registros e experiências vivenciadas. O idoso convidado foi o Sr. MAURECY FURTADO GARCIA, nascido em Rio Grande em 28 de setembro de 1927, integrante do NUTI – FURG e também, da Sociedade Riograndina dos Poetas. Para a devida filmagem, foi adotado um roteiro de gravação com questões semiestruturadas, constituindo como “pano de fundo” a própria Universidade, responsável direta pelo conhecimento formalizado e pelos avanços comunitários de transformação social. Considerando que o Comitê de Ética da Fundação Universidade Federal de Rio Grande não aprecia propostas na área da Educação, entretanto, foram respeitadas todas as normas de pesquisa com seres humanos previstos pelo Conselho Nacional de Saúde, conforme Resolução 466/12. 121 Na entrevista com o Sr. Maurecy Furtado Garcia, foram identificadas as marcas do seu envelhecimento biológico e suas percepções de vida, que não se limitavam ao passado em que viveu, e sim, se projetavam ao futuro incerto que desejava. Devires, muito bem expressada na sua fala poética e humanizada. Conforme o roteiro de gravação e a sequência de perguntas, Sr. Maurecy foi apresentando seu universo particular, suas emoções e sentimentos em relação à vida e as pessoas. Traçando um paralelo de sua época de mocidade até o momento presente, avaliou os prós e os contras da modernidade e seus avanços tecnológicos, quando assim expressouse: “Eu penso assim, que tudo tem modificação, tudo, tudo evolui, né. Em todas as áreas, em todas as profissões obviamente. Mas, eu pude ver que uma coisa não teve mudança, que ao contrário, regrediu. [...] Lamentavelmente que não evoluiu, regrediu, foi o moral, o amor pelas pessoas, a fraternidade mesmo. Em todas as áreas, partindo da família, na sociedade propriamente dita não tem mais o amor. Então, isso aí foi o que regrediu, não acompanhou a evolução em todos os aspectos da vida social.” Nosso idoso contribuiu também, dizendo que em alguns aspectos como o conforto que se tem atualmente, os tempos de hoje são bem melhores que os de ontem. Em contrapartida, acrescenta que hoje existe mais violência, como assim narrou: “[...] Porque se eu dissesse que preferiria o passado, sem as benesses do presente, sem o conforto que temos hoje, tecnologia moderna que nos da tudo que é de bom, eu seria incoerente. E se eu disser que quero o presente, num mundo que a gente sai de casa e não sabe se volta, né. Banditismo... eu também seria incoerente. Então, eu me sinto entre o tempo passado e o presente. Do que é bom do passado e com o que é bom do presente.” Quando foi questionado sobre o envelhecimento, Sr. Maurecy assegurou que hoje em dia o idoso procura lazer e que não fica mais em casa cuidando dos netos. A existência da aposentadoria possibilita conhecer outras pessoas e aprender coisas novas. Quando fala de si mesmo, atesta que o seu prazer está em dançar e representar artisticamente. Gosta de fazer poesias, de conviver com as pessoas e principalmente, afetar e ser afetado por elas através de bons sentimentos, da fraternidade e amor. Ressaltou a falta destes itens no lar e na sociedade, como assim expressa em sua fala: “O idoso hoje não fica mais em casa, restrito a cuidar netos, ficar naquela, se preocupando com a vida dos filhos, que às vezes perturba né. Hoje o idoso procura lazer, o idoso hoje né, tem os bailes e tudo. Eu, por exemplo, eu... comecei na... na Universidade, quando me aposentei. Já tive uma nova 122 dinâmica de vida, conheci mais pessoas, amizades e ali é que eu pude entender né que tá acontecendo hoje no presente sobre o idoso. Que antigamente não tinha lazer o idoso né. Mas, tem como disse pessoas que não dão atenção aos idosos. Começa às vezes lamentavelmente no lar, então na vida cotidiana nem se fala... Mas há uma nova dinâmica de atenção ao idoso na atualidade, isso há.”. No vídeo construído e nas falas do Sr. Maurecy, depara-se com a ecologia mental ao apresentar o sujeito como elemento construto, e construtor, deste magnífico Universo, onde integra o ambiente e é por este integrado. Na ecologia social, o entrevistado, poeticamente, revelou situações vivenciadas pela comunidade e, num olhar singelo e direto, definiu alguns conflitos pontuados pelos sexagenários. A poesia Bons Tempos, de autoria do próprio entrevistado, traduz um clamor de atenção e respeito ao próximo. A ecologia ambiental é visualizada na construção e contextualização daquilo que fomos e do que queremos, como formadores e responsáveis diretos por uma nova ordem social. Esta microintervenção contribuirá certamente para uma maior reflexão acerca do idoso em nossa sociedade e de sua importância no contexto atual. As microintervenções têm como objetivo fornecer novas ideias, novos afectos e perceptos, como assim define Deleuze: Os perceptos não mais são percepções, são independentes do estado daqueles que os experimentam; os afectos não são mais sentimentos ou afecções, transbordam a força daqueles que são atravessados por eles. As sensações, perceptos e afectos, são seres que valem por si mesmos e excedem qualquer vivido. Existem na ausência do homem, podemos dizer, porque o homem, tal como ele é fixado na pedra, sobre a tela ou ao longo das palavras, é ele próprio um composto de perceptos e de afectos. A obra de arte é um ser de sensação, e nada mais: ela existe em si. (DELEUZE, 2009, p. 213). Analisando o cenário da contemporaneidade, observa-se uma profunda crise ambiental, da qual determina a necessidade de uma educação que contemple as inúmeras questões suscitadas por essa crise – a Educação Ambiental. Nesse contexto de imensuráveis desafios para a humanidade, a Educação Ambiental surge como condição inarredável da qualidade de vida de todos os seres humanos, assumindo, certamente, uma perspectiva ética e humanizante. Este é um dos mais importantes desafios do/para o século XXI. Nota-se que a sociedade evidencia aversão às pessoas mais velhas. Contudo, os idosos, como todas as pessoas, têm necessidades de expressar-se no meio social e aspiram 123 atingir funções úteis, as quais a sociedade não disponibiliza. Para o modelo econômico vigente, o idoso já não é uma força produtiva, e sim um peso, que a sociedade movimentada pelos altos índices de produção e consumo, tem que sustentar. Dessa forma, os jovens desprezam os idosos, crendo que o tempo deles já passou e que a sociedade precisa de pessoas mais “atualizadas” para manter a circulação da economia. Para muitos, os idosos deveriam ficar de lado, sem produzir, sem aparecer, excluídos de viver. Entretanto, a população idosa atual acredita que o envelhecer não está apenas ligado com a passagem do tempo e com as alterações vitais do corpo, mas também com suas aspirações, com a alta expectativa de vida, com seus sonhos, com os prazeres de uma vida saudável, com a possibilidade de continuar útil para si e para os demais. No contexto humano, Zimermann (2009, p. 19) conduz a definição de que “[...] velho é aquele que tem diversas idades: a idade de seu corpo, da sua história genética, da sua parte psicológica e da sua ligação com a sociedade”. Assevera que, na realidade, permanecemos na velhice portando a mesma individualidade e características da criança, do adolescente e do adulto que se foi; carregado de maior experiência, mais vivência, mais anos de vida, mais doenças crônicas, mais perdas, mais preconceitos e mais tempo disponível. Atualmente, com os discursos sobre sustentabilidade e melhora na qualidade de vida das sociedades, os idosos têm a possibilidade de tornarem-se parte integrante de um sistema que os deixa de lado, que não os integra. As novas ações que almejam o equilíbrio entre desenvolvimento, qualidade de vida e natureza, reforçam a ideia de que os idosos são parte integrante da sociedade e tem o direito à vida e à expectativa de um futuro digno. Problematizar a questão do envelhecimento humano significa considerar várias conjunturas, tomando em conta a alta densidade, o alto grau de heterogeneidade e uma grande, e vasta, desigualdade territorial, o que torna a discussão um compromisso individual e coletivo com o mundo. Diante a estas breves considerações sobre os idosos em nossa sociedade contemporânea, os impactos ambientais causados pela intensa tecnologia, a defasagem das relações humanas é que se encontram articulações com As três ecologias de Félix Guattari. Através de sua teoria e da aplicabilidade de uma microintervenção, é que se propôs refletir mais profundamente sobre as questões relacionadas com o tempo de envelhecer. 124 Neste sentido é que surge o encontro da Educação Ambiental associado à proposta de Guattari e ao envelhecimento humano. Pela busca de atitudes mais humanizadas, através de uma ética questionadora e reinventiva de vida social, poderão ser superadas as crises maiores de nossa época. Superar a acomodação de olhar o ser humano verticalmente, mas sim como mantedor de relações de multiplicidades, ou seja, de transversalidade. A este respeito, Loureiro assim corrobora: Consideramos que a educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de interdependência e diversidade. Isso requer responsabilidade individual e coletiva a nível local, nacional e planetário. (Fórum Internacional de ONGs e Movimentos Sociais/Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1992:193). (LOUREIRO, 2012, p. 35). Assim, Guattari manifesta que para buscar a convivência em harmonia com a nossa fonte de recursos limitados (a natureza, o planeta, o universo), primeiramente, devemos canalizar a mente para uma busca de objetivos mais elevados, logo, podendo trabalhar na reconstrução das relações humanas, como o próprio autor diz: Não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural, reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. Esta revolução deverá concernir, portanto, não só às relações de forças visíveis em grande escala, mas também aos domínios moleculares de sensibilidade, de inteligência e de desejo [...]. (GUATTARI, 2011, p. 9). Pode-se dizer que as medidas políticas necessárias para a recuperação do nosso planeta e para a liberação do homem de sua profética “implosão”, estão condicionadas às atitudes mentais individuais, e logo, sociais dos cidadãos da “cidade” Terra. A forma pela qual o ser humano possibilitou a sua perpetuação está lentamente cedendo lugar ao imediatismo, ao modo fácil e despreocupado de viver e sentir a vida. Com isso o homem deixa, paulatinamente, de se perceber como um ser complexo, no mais forte significado da palavra para se tornar uma coisa, um objeto que pode ser manipulado ao favor das tendências socioeconômicas, tornando-se apenas um ponto de referência estatístico nesta cultura consumista, sendo exortado a se extrapolar, ou seja, sair da sua própria realidade para adentrar numa subjetividade estereotipada. 125 Partindo de meditações sobre como o lado “obscuro” da subjetividade do homem encontra-se no cerne de toda a devastação social e ambiental que cada dia nos é mais presente, o conceito de ecologia é assim ampliado, abrangendo as questões que dizem respeito à autodestruição humana de forma mais completa, ressaltando pontos como a necessidade de rever a estrutura das classes sociais, o estabelecimento e cumprimento de regras universais dos direitos humanos, o reconhecimento da interdependência entre os seres e da complexa teia de relações entre eles. Percebe-se que quanto mais se avança técnico-cientificamente, mais dificuldades encontram os seres humanos para se apropriarem destas inovações tecnológicas e torná-las operativas. Prolonga-se a expectativa de vida com a ajuda da ciência e da tecnologia, mas a sociedade não se prepara para viver e conviver com a população idosa. Neste sentido, Todaro sugere: O envelhecimento populacional é, assim, um fato que merece atenção, porque aumenta a probabilidade de convivência entre pessoas de diferentes idades e cria a necessidade de planejar políticas e práticas sociais que favoreçam a participação social dos idosos, aspecto central da cidadania. Em face dessa realidade, parece-nos necessário que as questões relativas a atitudes respeitosas façam parte dos conteúdos de ensino, compondo o currículo escolar, a fim de buscar educar para uma adequada convivência entre as pessoas, independentemente da diferença de idade. (TODARO, 2009, p. 8). Sabe-se que a informação é grande produtora da globalização, usada inversamente. A globalização seria positiva se as condições fossem iguais para todos. Os meios de comunicação que deveriam favorecer a sociedade limitam as informações conforme o interesse do capitalismo, ocultando uma grande parte dessas informações. A este respeito, Santos (2012, p. 65) afirma: “A globalização mata a noção de solidariedade, devolve o homem à condição primitiva do cada um por si e, como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada.” Dessa forma, o sistema, não mais como pessoas, mas como um indivíduo institucionalizado, incentiva a que se perceba o ser humano como objeto. Compreende-se que está na hora de uma postura crítica da relação humana, dos modos de inter-relações, é necessário chamar para si a culpabilidade da falência social, cada um deve estar consciente de sua culpa em relação ao todo. Cogita-se isso pelo fato de que as leis só existem para mediar à intolerância entre os homens. 126 Instantemente se pensa na compra de um novo celular, na apreciação do carro zero, na calça que um determinado ator estava usando, mas não se pensa no que é necessário para a manutenção da vida neste planeta. Assim, pode ser levantada a velha questão: Quais as condições necessárias para a manutenção da vida? Como resposta a esta questão, encontrou-se a seguinte sugestão de Matta e Schmidt: A precisão de transformações não deve partir de um desenvolvimento arbitrário que seja intrínseco ao sistema capitalista, mas sim utilizar como base de inovações as questões socioambientais, para seja possível a relação que a temática da sustentabilidade e das sociedades sustentáveis traz em seu bojo: justiça social, proteção ambiental e desenvolvimento econômico eficiente, para a construção de sociedades justas e sustentáveis. (MATTA; SCHMIDT, 2014, p. 19). Neste sentido, como um processo que abarca todo o conjunto da sociedade, a globalização deve ser percebida criticamente para a inversão dos interesses do capitalismo. Assim, ampliando os direitos do cidadão e fazendo com que não se sintam como mercadorias, ou seja, fortalecendo a lógica econômica em vigor em detrimento dos interesses sociais. Batista assim escreve sobre a globalização: Embora a globalização não seja um fato recente, uma vez que se trata de um processo intrínseco ao desenvolvimento da sociedade capitalista, a sua intensificação tem se dado em uma velocidade sem precedentes, possibilitada pela evolução das tecnologias da informação e da comunicação. Como uma característica inerente ao capitalismo, a globalização se espalha por todo o conjunto da vida social e cultural, impactando sobre o meio ambiente, uma vez que a efemeridade e a circulação de mercadorias são fundamentos do mercado global. (BATISTA, 2014, p. 180). Como não se pode fugir de tal realidade, cabe procurar novos meios para compreender e possibilitar a continuidade da vida como hoje se conhece, sem, no entanto, transformar seres humanos vivos em zumbis das necessidades econômicas. Da mesma forma, não se deve perder de vista o ser dual, assim, responsável uns pelos outros e perceber a subjetividade como uma meta a ser realcançada. Assim, as Três Ecologias relacionam-se permanentemente com a Educação Ambiental quando se comprometem com nossas histórias e com os nossos devires. Não somos seres determinados no tempo, afetamos e somos afetados a todo o momento e consequentemente, modificamos nossa existência. 127 As contribuições das Três Ecologias de Felix Guattari Conforme Zamboni e Barros (2012), Pierre-Félix Guattari (1930-1992) foi um psicanalista francês que emerge como trabalhador social no cenário do pós Segunda Guerra Mundial. Guattari se colocou durante a vida em diversas situações de atividade – militante político, administrador de estabelecimento de saúde mental, ativista cultural, editor de publicações impressas, coordenador de grupos de trabalho institucionais, etc. – que se cruzavam de modo tão intenso a ponto de constituir uma rede complexa e heterogenética capaz de possibilitar singularizações e criações diversas no campo social. Guattari nasceu numa vila perto de Paris chamada Villeneuve-les-Sablons. Sua produção intelectual é associada com a sua militância política. Para ele, o pensamento é uma ferramenta de luta social. Quando se referia aos problemas psicopatológicos não os dimensionava fora do universo social. Daí, sua contribuição nos movimentos sociais e partidários, marcados inicialmente pelo pensamento de Jacques Lacan, onde se aproximou da obra freudiana. Com outros autores (Lourau, Lapassade, Mendel, Lobrot, etc.) cria a vertente francesa da “Análise Institucional” – criticando o lacanismo, o marxismo tradicional, o freudismo, etc. Guattari permeia a Educação Ambiental quando cria a Análise Institucional que estuda o movimento complexo e contraditório das forças sociais que se conflituam e se modificam ao longo do tempo. Parte do ponto de vista que o mundo é dinâmico e nada de fato está instituído. Tomando como ponto inicial as profundas mudanças ocorridas na sociedade moderna nos últimos 50 anos, expõe em sua obra As Três ecologias a preocupação pelos aspectos mais humanos que influenciam direta ou indiretamente na deterioração da sociedade e do meio ambiente. Os “aspectos mais humanos” referem-se às características psicológicas inerentes ao homo sapiens que se encontram na raiz dos problemas ecológicos e sociais do nosso planeta. Como exemplos desses arquétipos da psique humana, temos: o instinto de violência, a vontade de dominação e todo padrão psicológico que nos afasta da afeição à vida. Zamboni e Barros (2012) afirmam que Deleuze e Guattari se encontram em meio aos eventos de maio de 1968 na França marcado por diversos movimentos sociais que formavam uma rede de contestação dispersiva em convulsões múltiplas pelo corpo social. Eles não se contentavam apenas com os questionamentos no meio psicanalítico, meio 128 profissional fechado sobre si mesmo, propõe então, a esquizoanálise como análise desejante. A esquizoanálise, conforme Deleuze e Guattari, citados por Peres et al, seria: [...] a Esquizoanálise não incide em elementos nem em conjuntos, nem em sujeitos, relacionamentos e estruturas. Ela só incide em lineamentos, que atravessam tanto os grupos quanto os indivíduos. Análise do desejo, a Esquizoanálise é imediatamente prática, imediatamente política, quer se trate de um indivíduo, de um grupo ou de uma sociedade. [...]. (DELEUZE; GUATTARI, 1980/1986 apud PERES, 2000, p. 36). No seu livro As Três Ecologias, Guattari reflete sobre as transformações técnicocientíficas que ocorrem atualmente e que estão ameaçando a vida na Terra. E assim, sugere uma gestão mais coletiva para orientar as ciências e as técnicas em direção a finalidades mais humanas: “Mais do que nunca a natureza não pode ser separada da cultura, e precisamos aprender a pensar “transversalmente” as interações entre ecossistemas, mecanosfera e Universos de referências sociais e individuais [...]. (2011, p. 25)” Guattari (2011) alerta sobre os desequilíbrios ecológicos, dos modos de vida contemporâneos que estão indo rumo a uma progressiva deterioração. Sugerindo que em resposta a esta crise ecológica se faça em escala planetária uma transformação política, social e cultural. Daí surge a ecosofia como alternativa de superação dos problemas ambientais, dividindo-a em: ecosofia mental (subjetividade humana), ecosofia social (relações sociais) e ecosofia ambiental (meio ambiente). A perspectiva ético-política se expande em diversas questões sobre discriminações, desigualdades e injustiças. Contra corrente do sistema hoje vivido, está a ecosofia enunciada por Guattari (2011) que a vê em três frentes primárias:  ecologia social: consistirá, portanto, em desenvolver práticas específicas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de ser no seio do casal, da família, do contexto urbano, do trabalho etc. Certamente seria inconcebível pretender retornar a fórmulas anteriores, correspondentes a períodos nos quais, ao mesmo tempo, a densidade demográfica era mais fraca e a densidade as relações sociais mais forte que hoje.  ecologia da mente: será levada a reinventar a relação do sujeito com o corpo, com o fantasma, com o tempo que passa, com os „mistérios‟ da vida e da morte. Ela será levada a procurar antídotos para a uniformização midiática e telemática, o 129 conformismo das modas, as manipulações da opinião pela publicidade, pelas sondagens etc.  ecologia ambiental: está relacionada tanto com os desequilíbrios naturais e as evoluções flexíveis, ambas cada vez mais dependentes das intervenções humanas. Guattari (2011) ao registrar as três ecologias, manifesta sua preocupação perante o mundo. Através de sua teoria, corrobora em busca pelo equilíbrio ecológico e novas práticas sociais baseadas na ética. Articulando a subjetividade e a criatividade humana, propõe que tenhamos novas soluções para as crises de nossa época. Assim, refere-se a este respeito: [...] Novas práticas sociais, novas práticas estéticas, novas práticas de si na relação com o outro, com o estrangeiro, com o estranho: todo um programa que parecerá bem distante das urgências do momento! E, no entanto, é exatamente na articulação: da subjetividade em estado nascente, do socius em estado mutante, do meio ambiente no ponto em que pode ser reinventado, que estará em jogo a saída das crises maiores de nossa época. (GUATTARI, 2011, p. 55). A percepção da subjetividade com a exterioridade de Guattari em relação aos comportamentos dos seres humanos e suas problemáticas no meio ambiente da sociedade atual, impõe numa articulação ético-política. Afirma que o diálogo entre os registros ecológicos do meio ambiente, das relações sociais e da subjetividade humana é que podem elucidar as questões ecológicas. Entende-se aqui por subjetivismo, posto pelo autor, como o homem enquanto ser psíquico envolvido e envolvente e não como um objeto no ou do meio, como diz Guattari (2011, p. 8): “É a relação da subjetividade com uma exterioridade – seja ela social, animal, vegetal, cósmica – que se encontra assim comprometida numa espécie de movimento geral de implosão e infantilização regressiva [...].” Para Guattari (2011), as questões filosóficas e a própria filosofia é algo essencial à existência humana. Para ele, a função da filosofia é tirar a ingenuidade da subjetividade, do infantilismo e oportunizar crescimento ao ser humano. Afirma também que a formação chave do inconsciente é produzida pelos processos institucionais. Ampliar a possibilidade de compreensão do ser humano em visão sistêmica torna-se um propósito de Guattari e da própria Educação Ambiental. Considerações finais 130 A realização deste projeto de microintervenção permitiu uma interação maior do grupo, possibilitando a visualização do olhar humano e sensível de cada interventor sobre a questão do envelhecimento em nossa sociedade. As diversas propostas apresentadas e os diversos focos de direcionamento enfatizam a unicidade de cada um e a corporificação de um todo, cujo aporte encontra-se fortalecido numa Educação, adjetivada de Ambiental, e que traz a proposta de ser e fazer, a diferença num contexto social. Acredita-se na sensibilidade surgida, no compromisso consciente de cada um e na propagação da alteridade, que deve permear o grupo social, perpetuando uma Educação Ambiental. A microintervenção procurou contemplar e despertar emoções e reflexões em torno do tema envelhecimento. Através da exposição do vídeo, foram oportunizadas reflexões sobre “O Tempo” e com isso, uma maior atenção às palavras “Ser” e “Ter”, valores tão distorcidos em nossa sociedade. Oportunizou-nos esta experiência, refletir mais profundamente sobre nossas próprias vivências pessoais e práticas profissionais. Despertando em nosso íntimo, maior valorização pelo idoso e a consciência da responsabilidade de assumir a cada dia hábitos mais solidários, afetivos e comprometidos com o equilíbrio ecológico. Partindo da filmagem produzida e de sua socialização, espera-se contribuir com a reflexão do tema junto a comunidade universitária, junto aos projetos nela cadastrados, bem como nos fóruns de discussão e de adensamento da matéria. Toda mudança tem que ser gradual, progressiva e estruturada, a fim de tornar-se instituída e constituir sabedoria. O conhecimento é inconcluso, assim como o é a educação, o caráter formativo do cidadão, da sua comunidade e do mundo em que vive. Se o fator cronológico não nos é questionado ou possibilitado sua redução ou alteração, chega-se ao cenário de que todos envelhecem (ricos ou pobres, nobres ou plebeus, cristãos ou ateus, sábios ou inocentes), e que, mesmo não querendo, o dito envelhecimento percorre a avaliação do amadurecimento, partindo de um enorme rol de objetivos, forças, desejos e ambições. Terminamos numa simples avaliação daquilo que fomos e do que ainda queremos e podemos ser. Independentemente dos acontecimentos ao longo do tempo precisa-se renovar os objetivos, sonhos e ampliar a sensibilidade humana diante as desigualdades sociais. Assim, todos têm o compromisso de pensar individualmente e coletivamente no que se pode fazer para prolongar e melhorar a vida no planeta. Que caminhos devem ser percorridos para 131 adentrar a uma sociedade que consiga estabelecer uma relação mais positiva com o tempo e, através dele, desenvolver mudanças criativas e eficazes para se viver mais e melhor. 132 ANEXOS ROTEIRO DE GRAVAÇÃO: Imagens Texto Fundo musical Fundo preto com relógio – Título ou pensamento de abertura O Tempo Oração ao tempo - Maria Gadú Imagem – Maurecy Como você acha que é visto pela sociedade e pela família? ____ (primeiro plano (zoom out) – mãos) Imagem relacionada à 1ª pergunta. _____ Imagem – Maurecy (primeiro plano (Zoom in) - olhos) Como você gostaria de ser visto pelas pessoas? ______ Imagem relacionada à segunda pergunta _______ Oração ao tempo – Maria Gadú Imagem – Maurecy (primeiro plano (Zoom in) - lábios) Quais as mudanças que você mais sentiu em relação ao tempo de hoje e de antigamente? ________ Imagem relacionada à terceira pergunta _______ Oração ao tempo – Maria Gadú Imagem – Maurecy (primeiro Você acha que o mundo ______ Oração ao tempo – Maria Gadú 133 plano (zoom out) – perfil) melhorou ou piorou? Imagem relacionada à quarta pergunta _________ Oração ao tempo – Maria Gadú Que época você prefere? _________ Imagem relacionada à quinta pergunta _________ Oração ao tempo – Maria Gadú Imagem – Maurecy (primeiro plano – (zoom out) - costas) O que você acha da sociedade atual? Imagem - Maurecy (primeiro plano (Zoom in) - corpo) Oração ao tempo – Maria Gadú Imagem relacionada à sexta pergunta Imagem - Maurecy (plano geral - apresentação) __________ ___________ ____________ Quem é você? (nome, idade) Oração ao tempo – Maria Gadú Imagem de encerramento __________ BONS TEMPOS Dói na gente ver... Crianças fora das escolas Perambulando pelas ruas pedindo esmolas Se prostituindo, cheirando cola E parte da sociedade! Indiferente! Dói na gente ver... Jovens no mundo da droga 134 Na justificativa que agora é moda Numa naturalidade impressionante. Dói na gente ver... Idosos, gestantes e deficientes Viajarem nos coletivos de pé Correndo risco sem proteção Porque os lugares a ele reservados São ocupados por pessoas insensíveis ... sem coração. Dói na gente ver... Roubalheira desenfreada aos cofres da nação Por políticos desonestos, sem pudor, sem coração... E a impunidade! Continua! Doía na gente ver tudo isso! E como dói! Com saudades relembro das boas coisas do passado. Da criançada toda nas escolas À tardinha a brincarem nas calçadas Alegres, felizes, despreocupadas. Relembro da juventude sem droga, sadia Obedientes aos pais a cada dia Estudiosa, religiosa. Dos idosos, gestantes e deficientes Viajarem nos coletivos sentados Os lugares a eles reservados não eram ocupados. Mas relembro principalmente, Da política sem nepotismo, sem corrupção: Gente! Os políticos faziam um sacerdócio da profissão Ha! Bons tempos! Bons Tempos! Maurecy F. Garcia Integrante do NUTI – FURG 135 Referências BATISTA, Maria do Socorro Silva. O espaço da temática ambiental na universidade diante do contexto da globalização. In Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. p. 179-192, Ed. Especial Impressa – Dossiê Educação Ambiental, jan/jun, 2014. ISSN 1517-1256. BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: Lembranças de velhos. 14ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é filosofia?; tradução Bento Prado Jr e Alberto Alonso Muñoz. 2ª edição (6ª reimpressão). Rio de Janeiro: Ed. 34: 2009. GUATTARI, Félix. As três ecologias; tradução Maria Cristina F. Bittencourt. 21ª edição. Campinas, SP: Papirus, 2011. LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. 4ª edição. São Paulo: Cortez, 2012. MATTA, Caroline Rodrigues da; SCHMIDT, Elisabeth Brandão. O paradigma da sustentabilidade: o que pensam pesquisadores em educação ambiental sobre as sociedades sustentáveis? 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