Juciara Alves Ferreira
Equações Diferenciais Ordinárias: uma
abordagem computacional utilizando o software
wxMaxima
Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil
Dezembro, 2017
Colaboradores
Universidade Federal do Rio Grande
http://www.furg.br
Instituto de Matemática, Estatística e Física
http://www.imef.furg.br
ŞO abandono da Matemática
traz dano a todo o conhecimento,
pois aquele que a ignora nao pode conhecer
as outras ciências ou as coisas do mundo.Ť
(Roger Bacon)
Resumo
Neste trabalho de conclusão de curso é apresentado um estudo sobre as Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira e Segunda Ordem. Onde nos primeiros capítulos são
realizados uma revisão sobre a teoria das Equações Diferenciais Ordinárias e aliada a essa
teoria são resolvidos dois problemas de aplicação: o problema da administração de glicose
e da absorção de remédios. Estes problemas são resolvidos analiticamente e através do
software simbólico wxMaxima.
Palavras-chaves: Equações Diferenciais Ordinárias, Administração de glicose, Absorção
de remédios, wxMaxima.
Abstract
In this Ąnal paper is presented a study of Ąrst and second order ordinary differential
equations. Where in the Ąrst chapters a review is made on the theory of ordinary differential equations and combined with this theory are solved two problems of application:
the problem of glucose administration and drug absorption. These problems are solved
analytically and through the symbolic software wxMaxima.
Key-words: differential equations, glucose administration, drug absorption, wxMaxima.
Lista de ilustrações
Figura 1 Ű Campo de direções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Figura 2 Ű Administração da glicose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 3 Ű Absorção de remédios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Lista de tabelas
Tabela 1 Ű Comandos do wxMaxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Sumário
1
INTRODUÇÃO
2
2.1
2.2
2.3
2.3.1
2.3.2
2.3.3
2.3.4
2.4
2.4.1
2.4.2
2.5
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS . . . . . . . . . . . . . . . . .
ClassiĄcação quanto ao tipo . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equações Diferenciais Ordinárias . . . . . . . . . . . . . . . .
ClassiĄcação quanto à ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Linearidade das Equações Diferenciais Ordinárias . . . . . . . . .
Soluções de Equações Diferenciais Ordinárias . . . . . . . . . . .
Solução Explícita de uma EDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Solução Implícita de uma EDO . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Problemas de Valor Inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Curvas integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
PVI de Primeira e Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . .
Campo de Direções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3
3.1
3.1.1
3.1.2
3.1.3
3.1.4
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS DE PRIMEIRA ORDEM
Obtenção de Soluções de Equações Diferenciais de Primeira Ordem
Método de separação de variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equação Exata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equações Diferenciais Não-Exatas - Fator Integrante . . . . . . . . . . . .
Equações Homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Método de solução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equações Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Fator Integrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.1.4.1
3.1.5
3.1.5.1
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
4.7.1
4.8
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS LINEARES DE SEGUNDA ORDEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equações Homogêneas e Não-homogêneas . . . . . . . . . . . . . . .
Problemas de Valor Fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Teorema da Existência de Solução Única . . . . . . . . . . . . . . . .
Princípio da Superposição: Equações Homogêneas . . . . . . . . . .
Dependência Linear e Independência Linear . . . . . . . . . . . . . .
Teorema do Critério para Independência Linear de Funções . . . . .
Solução de Equações Homogêneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equação característica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Equações Diferenciais de Segunda Ordem Não-Homogêneas . . . .
9
11
11
11
11
12
12
12
12
12
13
13
13
16
16
16
17
18
20
20
21
21
23
23
23
24
24
24
25
26
26
28
4.8.1
4.8.2
4.8.3
4.8.4
Solução Particular . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Solução Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Princípio de Superposição: equações não-homogêneas .
Método dos CoeĄcientes Indeterminados . . . . . . . .
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
4.8.4.1
Demonstração do Método dos Coeficientes Indeterminados - caso em que g(x) é uma
.
.
.
.
28
28
29
29
4.8.5
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Variação de Parâmetros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5
5.1
5.2
5.3
APLICAÇÕES COM SOFTWARE WXMAXIMA . . . . . .
Software wxMaxima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Problema da administração de glicose . . . . . . . . . . . . .
Problema de Absorção de remédios . . . . . . . . . . . . . .
6
CONCLUSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
função polinomial
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
33
33
34
37
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
ANEXOS
44
ANEXO A Ű COMANDOS DO WXMAXIMA . . . . . . . . . . . . 45
9
1 Introdução
Os conceitos iniciais acerca das equações diferenciais começaram a ser desenvolvidos no Ąnal do século XVII com o surgimento da teoria do Cálculo a partir dos estudos
de Newton e Leibniz. Suas técnicas de derivação e integração foram utilizadas na solução
das chamadas equações diferenciais. Segundo (ZILL, 2003), esta terminologia sugere algum tipo de equação que envolve derivadas. A teoria das equações diferenciais, segundo
(DIACU, 2004) foi aplicada inicialmente nas chamadas ciências físicas, posteriormente,
foi estendida a outras atividades humanas. O estudo das equações diferenciais é extremamente importante no estudo de crescimento populacional humano, decaimento radioativo,
predador-presa, pois tais equações modelam, matematicamente, fenômenos de diversas
áreas das ciências. Um modelo matemático é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que representam de alguma forma o objeto estudado, podendo ser considerado
como uma síntese da reĆexão sobre alguma parte da realidade cujo objetivo é explicar
ou entender a situação estudada para, eventualmente, poder agir sobre ela. Assim, para
(BASSANEZI; JR., 1988), a partir da solução de uma equação diferencial é possível fazer
previsões, tomar decisões, participar do mundo real com capacidade de inĆuenciar em
suas mudanças.
Desde o século XVII até meados do século XIX, Newton pensava que ao solucionar
uma equação diferencial, era possível determinar tal solução de uma forma explícita, ou
seja, uma relação clara entre a variável dependente e as variáveis independentes. Entretanto, no decorrer do tempo, os estudiosos perceberam que apenas um pequeno número
de equações possuía uma solução possível de ser escrita explicitamente, em termos de
funções elementares. Então,(FIGUEIREDO; NEVES, 2001), a partir desta constatação
gerou uma busca por novos métodos de solução, surgindo, assim, o uso de séries de funções na resolução das equações diferenciais. Além disso, no decorrer do século XIX, é que
a Análise Matemática passa a ganhar rigor e formalismo em suas demonstrações, o que
gera dúvidas em relação a conĄabilidade dos métodos propostos por Newton para obter
soluções. Ainda nessa época, estudos permitiram a elaboração dos teoremas da existência
e unicidade da solução, impulssionando o desenvolvimento da teoria das equações diferenciais. Para (FIGUEIREDO; NEVES, 2001) tais teoremas marcam o início da fase
moderna, com o surgimento das teorias de Henri Poincaré (1854 - 1912). A partir deste
momento, busca-se retirar da equação diferencial informações sobre o comportamento de
suas soluções, sem a preocupação de descrevê-las explicitamente.
Assim o presente trabalho tem como tema o estudo das equações diferenciais, expressar suas soluções analiticamente e também obtê-las usando o software de computação
simbólica wxMaxima. Este software permite estudar o comportamento das soluções das
Capítulo 1. Introdução
10
equações ordinárias lineares de primeira e segunda ordem de modo qualitativo, através
da representação gráĄca. Os dois problemas de aplicação apresentados serão resolvidos
com o wxMaxima. Embora tais problemas possuam soluções facilmente obtidas de modo
analítico, o objetivo deste trabalho é mostrar que este software pode ser considerado
um importante auxílio para a resoluções das equações diferenciais. Inúmeros trabalhos
de conclusão de curso e monograĄas abordam conceitos acerca de equações diferenciais
ordinárias e suas aplicações (NóBREGA, 2016), (ARAúJO, 2011), (ALITOLEF, 2011),
entretanto abordam problemas clássicos, como o estudo de vibrações, sistema massa-mola
ou crescimento populacional e não utilizam o software wxMaxima como recurso computacional para encontrar a solução.
Para atingir o objetivo proposto, este trabalho está organizado da seguinte forma:
inicialmente, no capítulo 2, apresenta-se uma introdução ao estudo de equações diferenciais, com deĄnições e teoremas importantes, são também discutidas as condições necessárias para a existência e unicidade de uma solução, os campos de direções e as soluções a
partir do problema de valor inicial. No capítulo 3, desenvolvem-se os métodos de resolução
e teoremas necessários para determinar as soluções dos problemas de aplicação propostos.
Já no capítulo 4, estudam-se as equações diferenciais ordinárias de segunda ordem onde
são demonstrados as equações lineares com coeĄcientes constantes e o Wronskiano. No capítulo 5, faz-se uma breve introdução sobre o software wxMaxima e apresenta-se a solução
de dois modelos matemáticos (administração da glicose e absorção de drogas) utilizando
o software como ferramenta de auxílio na resolução das equações diferenciais ordinárias.
Por Ąm, no capítulo 6, apresentam-se as conclusões pertinentes a esse trabalho.
11
2 Equações Diferenciais
Diversos problemas importantes e signiĄcativos nas áreas de Engenharia, Física e
Ciências Sociais Aplicadas são representados por um modelo matemático e exigem a determinação de uma função que obedece a uma equação que contém uma ou mais derivadas
da função desconhecida.
Segundo (ZILL; CULLEN, 2001), uma equação contendo derivadas (ou diferenciais) de uma ou mais variáveis dependentes, em relação a uma ou mais variáveis independentes, é dita uma equação diferencial (ED). Tais equações podem, por exemplo, ser
classiĄcadas quanto ao tipo e à ordem.
2.1 ClassiĄcação quanto ao tipo
Segundo (ZILL, 2003) existem dois tipos de equações diferenciais. Se uma equação
diferencial possui apenas derivadas de uma ou mais variáveis dependentes, em relação
a uma única variável independente é classiĄcada como Equação Diferencial Ordinária
(EDO) (ZILL, 2003).
Uma Equação Diferencial Parcial (EDP) é uma equação que envolve as derivadas
parciais de uma ou mais variáveis dependentes de duas ou mais variáveis independentes
(ZILL, 2003).
O objetivo deste trabalho é abordar os conceitos acerca das Equações Diferenciais
Ordinárias. Portanto, a partir daqui, não é mais discutida a teoria sobre as Equações
Diferenciais Parciais.
2.2 Equações Diferenciais Ordinárias
A EDO, descrita por (2.1) é uma equação envolvendo uma função incógnita 𝑦 =
𝑦(𝑥) e suas derivadas (ou diferenciais), onde 𝑥 é a variável independente, 𝑦 é a variável
dependente e a notação 𝑦 (𝑛) indica a derivada de ordem 𝑛 da função 𝑦 = 𝑦(𝑥).
2.3 ClassiĄcação quanto à ordem
A ordem de uma equação diferencial (EDO ou EDP) é a ordem da maior derivada
na equação. A equação na forma
(︁
⎡
𝐹 𝑥, 𝑦(𝑥), 𝑦 ′ (𝑥), ..., 𝑦 (𝑛) (𝑥) = 0.
(2.1)
12
Capítulo 2. Equações Diferenciais
é dita uma equação diferencial ordinária de ordem 𝑛.
2.3.1 Linearidade das Equações Diferenciais Ordinárias
Uma EDO de ordem n é dita linear se 𝐹 for linear em 𝑦, 𝑦 ′ , ..., 𝑦 (𝑛⊗1) . Assim uma
equação diferencial ordinária de 𝑛-ésima ordem é linear quando a equação (2.1) for escrita
como,
𝑎𝑛 (𝑥)𝑦 (𝑛) + 𝑎(𝑛⊗1) (𝑥)𝑦 (𝑛⊗1) + ... + 𝑎1 (𝑥)𝑦 ′ + 𝑎0 (𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥).
(2.2)
onde 𝑎0 , 𝑎1 , ..., 𝑎𝑛 e 𝑔 são funções de 𝑥.
2.3.2 Soluções de Equações Diferenciais Ordinárias
De acordo com (ZILL, 2003) toda função ã deĄnida em um intervalo 𝐼 ⊃ R, que
tem pelo menos 𝑛 derivadas contínuas em 𝐼, que substituída em uma EDO de ordem 𝑛
reduz a equação a uma identidade, é denominada uma solução da equação diferencial no
intervalo I. Denomina-se o intervalo como Domínio da Solução e este pode ser classiĄcado
como aberto (𝑎, 𝑏), fechado [𝑎, 𝑏], ilimitado (𝑎, ∞) e limitado [𝑎, ∞) ou (𝑎, ∞].
2.3.3 Solução Explícita de uma EDO
Definição 2.3.1. Solução Explícita é a solução na qual a variável dependente é expressa
somente em termos da variável independente e das constantes.
2.3.4 Solução Implícita de uma EDO
Definição 2.3.2. Diz-se que uma relação 𝐺(𝑥, 𝑦) = 0 é uma Solução Implícita de uma
equação diferencial ordinária (2.1), em um intervalo 𝐼, quando existe pelo menos uma
função ã que satisfaça a relação, bem como a equação diferencial em 𝐼.
2.4 Problemas de Valor Inicial
De acordo com (ZILL, 2003), o problema
⎡
(︁
𝑑𝑛 𝑦
′
(𝑛⊗1)
,
=
𝑓
𝑥,
𝑦,
𝑦
,
...,
𝑦
𝑑𝑥𝑛
(2.3)
sujeito a 𝑦(𝑥0 ) = 𝑦0 , 𝑦 ′ (𝑥0 ) = 𝑦1 , ..., 𝑦 (𝑛⊗1) (𝑥0 ) = 𝑦𝑛⊗1 , onde 𝑦0 , 𝑦1 , ..., 𝑦𝑛⊗1 são constantes reais especiĄcadas, em algum intervalo 𝐼, contendo 𝑥0 , é chamado de problema de
valor inicial (PVI).
Os valores de 𝑦(𝑥) e suas 𝑛 ⊗ 1 derivadas em um único ponto 𝑥0 : 𝑦(𝑥0 ) =
𝑦0 , 𝑦 (𝑥0 ) = 𝑦1 , ..., 𝑦 (𝑛⊗1) (𝑥0 ) = 𝑦𝑛⊗1 , são chamados de condições iniciais.
′
13
Capítulo 2. Equações Diferenciais
2.4.1 Curvas integrais
A solução da EDO
𝑑𝑦
= 𝑓 (𝑥, 𝑦)
(2.4)
𝑑𝑥
é uma família de curvas, chamadas curvas integrais. Existe uma relação de cada ponto
(𝑥, 𝑦) a reta tangente à curva integral passando pelo ponto tem coeĄciente angular 𝑚 =
𝑓 (𝑥, 𝑦). Cada curva integral está associada a um valor particular de 𝑐. Quando resolve essa
equação encontram-se as curvas integrais, essas curvas representam o gráĄco da solução
ã de uma EDO.
2.4.2 PVI de Primeira e Segunda Ordem
Os problemas
𝑑𝑦
= 𝑓 (𝑥, 𝑦), sujeita a 𝑦(𝑥0 ) = 𝑦0
𝑑𝑥
(2.5)
e
𝑑2 𝑦
= 𝑓 (𝑥, 𝑦, 𝑦 ′ ), sujeita a 𝑦(𝑥0 ) = 𝑦0 ,
2
𝑑𝑥
𝑦 ′ (𝑥0 ) = 𝑦1
(2.6)
são chamados problemas de valor inicial de primeira e segunda ordem, respectivamente.
Na equação (2.5), procura-se uma solução da EDO em um intervalo 𝐼 que contenha 𝑥0 ,
de tal forma que uma curva integral passe pelo ponto (𝑥0 , 𝑦0 ).
Já em (2.6), quer-se determinar uma solução cujo gráĄco não passe somente por
um ponto (𝑥0 , 𝑦0 ), mas também que a inclinação da curva nesse ponto seja 𝑦1 .
O termo condição inicial origina de sistemas físicos e signiĄca que a variável independente é o tempo 𝑡 e 𝑦(𝑡0 ) = 𝑦0 e 𝑦 ′ (𝑡0 ) = 𝑦1 , representam, respectivamente, a posição
e a velocidade de um objeto no instante inicial 𝑡0 .
Teorema 2.4.1 (Existência de uma Única Solução). Seja 𝑅 uma região retangular no
𝜕𝑓
plano 𝑥𝑦 deĄnida por 𝑎 6 𝑥 6 𝑏, 𝑐 6 𝑦 6 𝑑 que contém o ponto (𝑥0 , 𝑦0 ). Se 𝑓 (𝑥, 𝑦) e
𝜕𝑦
são contínuas em 𝑅, existe algum intervalo 𝐼0 : 𝑥0 ⊗ ℎ < 𝑥 < 𝑥0 + ℎ, ℎ > 0, contido em
𝑎 6 𝑥 6 𝑏, e uma única função 𝑦(𝑥), deĄnida em 𝐼0 que é uma solução do PVI (2.5).
2.5 Campo de Direções
Segundo (ZILL, 2003), se sistematicamente, a função 𝑓 for calculada sobre uma
malha retangular de pontos (𝑥, 𝑦) no plano 𝑥𝑦 e, em cada ponto (𝑥, 𝑦) um elemento
linear for desenhado com a inclinação 𝑓 (𝑥, 𝑦), a coleção de todos os elementos lineares
Capítulo 2. Equações Diferenciais
14
será chamado de campo de direções ou campo de inclinações da equação diferencial
𝑑𝑦
= 𝑓 (𝑥, 𝑦).
𝑑𝑥
Esboçar a mão um campo de direções pode não ser difícil, mas nos toma um certo
tempo. Geralmente emprega-se algum software para realizar esse tipo de operação. A
Figura 1 foi obtida usando o software simbólico chamado wxMaxima e mostra o campo
𝑑𝑦
= 𝑥 onde se tem como como condição inicial, 𝑦(⊗1) = ⊗2.
de direções para
𝑑𝑥
(%i1)
’diff(y,x)=x,y,x;
(%o1)
𝑑
𝑦=𝑥
𝑑𝑥
(%i2)
ode2(’diff(y,x)=x,y,x);
𝑥2
(%o2) 𝑦 =
+ %𝑐
2
(%i3)
ic1(y=(x^2/2+%c),y=-2,x=-1);
(%o3) 𝑦 =
(%i4)
𝑥2 ⊗ 5
2
load(plotdf);
(%o4) 𝐶 : /𝑃 𝑅𝑂𝐺𝑅𝐴 1/𝑀 𝐴𝑋𝐼𝑀 𝐴 1.0/𝑠ℎ𝑎𝑟𝑒/𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑎/5.30.0/𝑠ℎ𝑎𝑟𝑒/𝑑𝑦𝑛𝑎𝑚𝑖𝑐𝑠/𝑝𝑙𝑜𝑡𝑑𝑓.𝑙𝑖𝑠𝑝
(%i5)
plotdf(x,[trajectory_at,-1,-2]);
(%o5) 0
Observa-se pela saída %𝑜2 que trata-se de uma família de curvas, pois a solução geral da
EDO depende da constante 𝑐.
No próximo capítulo, discutem-se métodos para a obtenção da solução de equações
diferenciais ordinárias de primeira ordem.
Capítulo 2. Equações Diferenciais
Figura 1 Ű Campo de direções
15
16
3 Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
Neste capítulo apresentam-se alguns métodos analíticos para a resolução das equações diferenciais ordinárias de primeira ordem. Para determinar as suas soluções, em geral, deve-se reconhecer o tipo da equação diferencial, pois um método que funciona para
uma equação de primeira ordem pode não se aplicar a outro. As equações diferenciais
de primeira ordem, na maioria das vezes, oferecem informações necessárias para prever o
comportamento de suas soluções (BASSANEZI; JR., 1988). Dentre as equações estudadas
neste trabalho estão as separáveis, exatas, as homogêneas e as lineares.
3.1 Obtenção de Soluções de Equações Diferenciais de Primeira
Ordem
3.1.1 Método de separação de variáveis
Definição 3.1.1. Equação separável é uma equação diferencial ordinária de primeira
ordem que pode ser escrita na forma
𝑑𝑦
= 𝑔(𝑥)𝑓 (𝑦).
𝑑𝑥
(3.1)
O nome separável vem do fato de que a expressão no lado direito pode ser ŞseparávelŤ, isto é, pode ser escrita como produto de duas funções em que uma delas depende
somente da variável independente 𝑥 e a outra depende somente da variável 𝑦.
Se 𝑓 (𝑦) ̸= 0 na equação (3.1), pode-se escrever
𝑑𝑦
= 𝑔(𝑥)𝑑𝑥.
𝑓 (𝑦)
(3.2)
Considerando-se a equação diferencial escrita na forma (3.2), pode-se aplicar a
integração direta em ambos os lados da equação. Dessa forma, tem-se:
∫︁
∫︁
𝑑𝑦
= 𝑔(𝑥)𝑑𝑥.
𝑓 (𝑦)
(3.3)
A equação (3.3) representa o método de separação de variáveis de uma EDO de
primeira ordem.
17
Capítulo 3. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
3.1.2 Equação Exata
Segundo (ZILL, 2003), uma expressão diferencial 𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 é uma
diferencial exata em uma região R do plano 𝑥𝑦 se corresponde à diferencial de alguma
função 𝑓 (𝑥, 𝑦). Uma equação diferencial de primeira ordem da forma
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0
(3.4)
é chamada de equação exata se a expressão à esquerda da equação (3.4) for uma diferencial
exata.
Teorema 3.1.1 (Critério para Diferencial Exata (ZILL, 2003)). Sejam 𝑀 (𝑥, 𝑦) e 𝑁 (𝑥, 𝑦)
contínuas e com derivadas parciais de primeira ordem contínuas em uma região 𝑅 deĄnida
por 𝑎 < 𝑥 < 𝑏 e 𝑐 < 𝑦 < 𝑑. Então uma condição necessária e suĄciente para que
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 seja uma diferencial exata é
𝜕𝑁
𝜕𝑀
=
.
𝜕𝑦
𝜕𝑥
(3.5)
Prova. (⇒) Primeiramente mostra-se que se 𝑀 (𝑥, 𝑦) e 𝑁 (𝑥, 𝑦) é uma diferencial exata,
𝜕𝑁
𝜕𝑀
=
. Se a expressão 𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 for exata, haverá alguma função
então
𝜕𝑦
𝜕𝑥
𝑓 : R ⊆ R2 ⊃ R tal que, para todo (𝑥, 𝑦) em 𝑅,
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 =
Logo,
𝑀 (𝑥, 𝑦) =
e
𝜕𝑀
𝜕
=
𝜕𝑦
𝜕𝑦
(︃
𝜕𝑓
𝜕𝑥
⎜
𝜕𝑓
𝜕𝑓
𝑑𝑥 +
𝑑𝑦.
𝜕𝑥
𝜕𝑦
𝜕𝑓
𝜕𝑓
, 𝑁 (𝑥, 𝑦) =
,
𝜕𝑥
𝜕𝑦
𝜕2𝑓
𝜕
=
=
𝜕𝑦𝜕𝑥
𝜕𝑥
(︃
𝜕𝑓
𝜕𝑦
⎜
(3.6)
(3.7)
=
𝜕𝑁
.
𝜕𝑥
(3.8)
A igualdade das derivadas parciais mistas é uma consequência da continuidade das
derivadas parciais de primeira ordem de 𝑀 (𝑥, 𝑦) e 𝑁 (𝑥, 𝑦).
𝜕𝑁
𝜕𝑀
=
então 𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 é exata, e
𝜕𝑦
𝜕𝑥
veriĄca-se se a igualdade em (3.5) é verdadeira. Em caso aĄrmativo,queremos encontrar
uma função f tal que
𝜕𝑓
= 𝑀 (𝑥, 𝑦)
(3.9)
𝜕𝑥
(⇐) Para mostrar que se
e
𝜕𝑓
= 𝑁 (𝑥, 𝑦).
𝜕𝑦
(3.10)
Capítulo 3. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
18
Para determinar 𝑓 se ela existir, integra-se 𝑀 (𝑥, 𝑦) em relação a 𝑥 e mantendo-se 𝑦
constante, obtém-se:
∫︁
𝑓 (𝑥, 𝑦) = 𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑔(𝑦),
(3.11)
onde 𝑔(𝑦), uma função arbitrária, é a ŞconstanteŤ de integração. Diferenciando (3.11) em
𝜕𝑓
= 𝑁 (𝑥, 𝑦), tem-se:
relação a 𝑦 e supondo
𝜕𝑦
𝜕𝑓
𝜕 ∫︁
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑔 ′ (𝑦) = 𝑁 (𝑥, 𝑦),
=
𝜕𝑦
𝜕𝑦
o que resulta em
𝜕 ∫︁
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥.
𝑔 (𝑦) = 𝑁 (𝑥, 𝑦) ⊗
𝜕𝑦
′
(3.12)
Integra-se (3.12) em relação a 𝑦 e substitui-se o resultado em (3.11), obtendo-se a
solução 𝑓 (𝑥, 𝑦) da equação diferencial exata.
A solução implícita da equação é dada por 𝑓 (𝑥, 𝑦) = 𝑐. É importante ressaltar que
𝜕 ∫︁
a expressão 𝑁 (𝑥, 𝑦) ⊗
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 em (3.12) não depende de 𝑥, pois
𝜕𝑦
⎟
⟨
(︃
⎜
𝜕 ∫︁
𝜕 ∫︁
𝜕
𝜕𝑁
𝜕
𝑁 (𝑥, 𝑦) ⊗
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 =
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 .
⊗
𝜕𝑥
𝜕𝑦
𝜕𝑥
𝜕𝑦 𝜕𝑥
=
pois por hipótese tem-se
hipótese que
𝜕𝑁
𝜕𝑀
⊗
= 0,
𝜕𝑥
𝜕𝑦
(3.13)
(3.14)
𝜕𝑀
𝜕𝑁
=
. A demonstração é análoga, iniciando-se com a
𝜕𝑥
𝜕𝑦
𝜕𝑓
= 𝑁 (𝑥, 𝑦).
𝜕𝑦
3.1.3 Equações Diferenciais Não-Exatas - Fator Integrante
Em alguns casos é possível converter uma equação diferencial que não é exata em
uma exata, multiplicando-se a equação por uma determinada função que é chamada de
fator integrante.
Definição 3.1.2. O Fator Integrante é uma função tal que o produto da EDO por ela
faz com que o lado esquerdo da equação possa ser visto como a derivada do produto de
duas funções.
Multiplicando-se a equação diferencial não-exata
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0
(3.15)
19
Capítulo 3. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
por uma função Û(𝑥, 𝑦), quer-se determinar Û(𝑥, 𝑦) de modo que a equação resultante
Û(𝑥, 𝑦)𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + Û(𝑥, 𝑦)𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0
(3.16)
seja exata.
A equação (3.16) é exata se e somente se
𝜕[Û(𝑥, 𝑦)𝑁 (𝑥, 𝑦)]
𝜕[Û(𝑥, 𝑦)𝑀 (𝑥, 𝑦)]
=
.
𝜕𝑦
𝜕𝑥
(3.17)
Como 𝑀 e 𝑁 são funções conhecidas, pela equação (3.16) observa-se que o fator
integrante Û tem que satisfazer a equação diferencial de primeira ordem
(︃
𝜕𝑀
𝜕Û
𝜕𝑁
𝜕Û
⊗ 𝑁 (𝑥, 𝑦)
+
⊗
𝑀 (𝑥, 𝑦)
𝜕𝑦
𝜕𝑥
𝜕𝑦
𝜕𝑥
⎜
Û(𝑥, 𝑦) = 0.
(3.18)
O objetivo é determinar uma função Û que satisfaça a equação (3.18). Assim a
equação (3.16) será exata.
Utilizando o método de resolução das equações exatas pode-se obter a solução da
equação (3.16). Esta mesma solução é válida para a equação (3.15), já que é possível dividir a equação (3.16) pelo fator integrante Û. O método de resolução por fator integrante
é uma ferramenta útil para a resolução das equações diferenciais, mas ele só pode ser
utilizado em alguns casos especiais. Os fatores integrantes simples ocorrem quando Û é
uma função dependente apenas de uma das variáveis 𝑥 ou 𝑦.Existem condições necessárias
sobre 𝑀 e 𝑁 para que a equação (3.15) tenha um fator que só dependa de 𝑥. Supondo
que Û é uma função de 𝑥, tem-se
𝜕𝑀
𝜕
[Û(𝑥)𝑀 (𝑥, 𝑦)] = Û(𝑥)
(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑦
𝜕𝑦
e
𝜕
𝜕𝑁
𝑑Û
[Û(𝑥)𝑁 (𝑥, 𝑦)] = Û(𝑥)
(𝑥, 𝑦) + 𝑁 (𝑥, 𝑦) (𝑥)
𝜕𝑥
𝜕𝑥
𝑑𝑥
Assim, se
𝜕
𝜕
[Û(𝑥)𝑀 (𝑥, 𝑦)] =
[Û(𝑥)𝑁 (𝑥, 𝑦)]
𝜕𝑦
𝜕𝑥
é necessário que
𝑑Û
(𝑥) =
𝑑𝑥
𝜕𝑀
(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑦
⊗
𝜕𝑁
(𝑥, 𝑦)
𝜕𝑥
𝑁 (𝑥, 𝑦)
Û(𝑥).
(3.19)
(3.20)
Se o lado de (3.20) é uma função só de 𝑥, então existe um fator integrante Û
que depende só de 𝑥. Analogamente, esse mesmo procedimento pode ser utilizado para
Capítulo 3. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
20
se determinar uma condição sob a qual a equação (3.15) tenha um fator integrante que
dependa apenas de 𝑦.
3.1.4 Equações Homogêneas
Uma função 𝑓 é dita homogênea de grau 𝑛 quando tiver a propriedade 𝑓 (Ú𝑥, Ú𝑦) =
Ú𝑛 𝑓 (𝑥, 𝑦) para qualquer número real 𝑛.
Uma equação diferencial da forma
𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0
(3.21)
é dita homogênea se os coeĄcientes 𝑀 e 𝑁 forem funções homogêneas de mesmo grau, ou
seja, se 𝑀 (𝑥, 𝑦) = Ú𝑛 𝑀 (𝑥, 𝑦) e 𝑁 (𝑥, 𝑦) = Ú𝑛 𝑁 (𝑥, 𝑦). Da mesma maneira, pode-se aĄrmar
que a equação é homogênea se, quando escrita na forma
𝑑𝑦
= 𝑓 (𝑥, 𝑦)
𝑑𝑥
for⎤ possível
deĄnir uma função 𝑔 de maneira que 𝑓 (𝑥, 𝑦) possa ser escrita como 𝑓 (𝑥, 𝑦) =
⎣
𝑦
𝑔
, então
𝑥
⎤ ⎣
𝑑𝑦
𝑦
=𝑔
.
𝑑𝑥
𝑥
(3.22)
𝑑𝑥
=
(︃ 𝑑𝑦⎜
𝑥
𝑓 (𝑥, 𝑦), deĄne-se uma nova função ℎ tal que 𝑓 (𝑥, 𝑦) seja escrita como 𝑓 (𝑥, 𝑦) = ℎ
.
𝑦
De modo análogo, quando a equação diferencial homogênea estiver na forma
3.1.4.1 Método de solução
A equação diferencial homogênea do tipo 𝑀 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 = 0 é resolvida
por meio de substituição algébrica. A substituição é feita da seguinte maneira: faz-se
𝑦 = 𝑢𝑥 ou 𝑥 = 𝑣𝑦, onde 𝑢 e 𝑣 são as novas variáveis independentes e a equação homogênea
transforma-se em uma equação separável de primeira ordem. Então, seja 𝑦 = 𝑢𝑥; logo,
sua diferencial será 𝑑𝑦 = 𝑢𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑢. Substituindo em (3.21), tem-se:
𝑀 (𝑥, 𝑢𝑥)𝑑𝑥 + 𝑁 (𝑥, 𝑢𝑥)[𝑢𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑢] = 0.
(3.23)
Se a função homogênea for de grau 𝑛, pode-se escrever:
𝑥𝑛 𝑀 (1, 𝑢)𝑑𝑥 + 𝑥𝑛 𝑁 (1, 𝑢)[𝑢𝑑𝑥 + 𝑥𝑑𝑢] = 0
[𝑀 (1, 𝑢) + 𝑢𝑁 (1, 𝑢)] 𝑑𝑥 + 𝑥𝑁 (1, 𝑢)𝑑𝑢 = 0,
(3.24)
assim,
𝑑𝑥
𝑁 (1, 𝑢)𝑑𝑢
+
= 0.
𝑥
𝑀 (1, 𝑢) + 𝑢𝑁 (1, 𝑢)
(3.25)
21
Capítulo 3. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
O método aplicado, com a substituição conveniente transforma uma equação diferencial homogênea em uma equação diferencial separável.
3.1.5 Equações Lineares
A forma geral de uma equação diferencial linear de primeira ordem é dada por
𝑎1 (𝑥)
𝑑𝑦
+ 𝑎0 (𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥),
𝑑𝑥
(3.26)
onde 𝑎1 , 𝑎0 , ... são os coeĄcientes de (3.26) e 𝑔(𝑥) é o termo de não-homogeinidade. Di𝑑𝑦
vidindo a equação (3.26) pelo coeĄciente 𝑎1 (𝑥) de
obtém-se uma forma mais útil da
𝑑𝑥
equação diferencial linear. Ou seja,
𝑑𝑦
+ 𝑃 (𝑥)𝑦 = 𝐹 (𝑥),
𝑑𝑥
onde
𝑃 (𝑥) =
𝑎0 (𝑥)
𝑎1 (𝑥)
e
𝐹 (𝑥) =
(3.27)
𝑔(𝑥)
.
𝑎1 (𝑥)
(3.28)
Procura-se uma solução para a equação (3.27) em um intervalo 𝐼, onde as funções 𝑃 (𝑥)
e 𝐹 (𝑥) são contínuas.
3.1.5.1 Fator Integrante
Supondo que a equação (3.27) tenha solução, então pode-se escrevê-la como:
𝑑𝑦 + [𝑃 (𝑥)𝑦 ⊗ 𝐹 (𝑥)] 𝑑𝑥 = 0.
(3.29)
As equações lineares possuem uma propriedade que permite determinar uma função Û(𝑥), onde
Û(𝑥)𝑑𝑦 + Û(𝑥) [𝑃 (𝑥)𝑦 ⊗ 𝐹 (𝑥)] 𝑑𝑥 = 0
(3.30)
é uma equação diferencial exata. Pelo critério das equações exatas visto na seção (3.1.2),
vale que o lado esquerdo da equação (3.30) é uma diferencial exata, se
𝜕
𝜕Û
=
Û(𝑥) [𝑃 (𝑥)𝑦 ⊗ 𝐹 (𝑥)] ,
𝜕𝑥
𝜕𝑦
(3.31)
𝑑Û
= Û(𝑥)𝑃 (𝑥).
𝑑𝑥
(3.32)
ou seja,
22
Capítulo 3. Equações Diferenciais Ordinárias de Primeira Ordem
A equação (3.32) é separável, logo é possível determinar Û agrupando os termos
de maneira conveniente, isto é,
𝑑Û(𝑥)
= 𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
Û(𝑥)
(3.33)
e integrando diretamente ambos os membros de (3.33), tem-se
∫︁
𝑑Û(𝑥) ∫︁
= 𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
Û(𝑥)
que resulta em
∫︁
ln ♣ Û(𝑥) ♣=
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥 + 𝑐.
(3.34)
√︃
(3.35)
Portanto,
Û(𝑥) = 𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
O resultado (3.35) é o fator integrante para a equação diferencial linear, e Û ̸= 0
para todo 𝑥 em 𝐼, é uma função contínua e diferenciável neste intervalo.
Multiplica-se (3.27) por (3.35)
√︃
𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥 𝑑𝑦
𝑑𝑥
√︃
+ 𝑦𝑃 (𝑥)𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
√︃
=𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
𝑓 (𝑥)
(3.36)
de modo que do lado esquerdo da igualdade se tenha a derivada do produto do fator de
integração e 𝑦, isto é,
√︃
𝑑 [︁ √︃ 𝑃 (𝑥)𝑑𝑥 ]︁
𝑦 = 𝑒 𝑃 (𝑥)𝑑𝑥 𝑓 (𝑥).
𝑒
𝑑𝑥
(3.37)
Integrando ambos os membros de (3.37), chega-se a
√︃
𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
𝑦=
∫︁
√︃
𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
𝑓 (𝑥)𝑑𝑥 + 𝐶.
(3.38)
A solução 𝑦(𝑥) da equação diferencial (3.27) é escrita como
𝑦(𝑥) = 𝑒⊗
√︃
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
∫︁
√︃
𝑒
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
𝑓 (𝑥)𝑑𝑥 + 𝐶𝑒⊗
√︃
𝑃 (𝑥)𝑑𝑥
.
(3.39)
No próximo capítulo, discutem-se métodos para a obtenção da solução de equações
diferenciais ordinárias lineares de segunda ordem.
23
4 Equações Diferenciais Ordinárias Lineares
de Segunda Ordem
As equações diferenciais lineares de segunda ordem são importantes em aplicações
nas áreas de Física e da Matemática, quando estudam-se oscilações harmônicas, dinâmica
de partículas ou circuitos elétricos. Neste capítulo são estudados métodos de solução para
essas equações.
4.1 Equações Homogêneas e Não-homogêneas
Uma Equação Diferencial Ordinária de segunda ordem tem a forma
(︃
𝑑2 𝑦
𝑑𝑦
= 𝑓 𝑥, 𝑦,
2
𝑑𝑥
𝑑𝑥
⎜
(4.1)
onde 𝑓 é uma função conhecida. Denota-se 𝑥 como a variável independente, mas pode-se
usar 𝑡 como variável. Para a variável dependente utiliza-se geralmente 𝑦. A equação (4.1)
é dita linear quando a função 𝑓 esta na forma
(︃
𝑑𝑦
𝑓 𝑥, 𝑦,
𝑑𝑥
⎜
= 𝑔(𝑥) ⊗ 𝑝(𝑥)
𝑑𝑦
⊗ 𝑞(𝑥)𝑦.
𝑑𝑥
(4.2)
Observa-se que na equação (4.2) 𝑔, 𝑝 e 𝑞 são funções dependentes de 𝑥, mas que
não dependem de 𝑦. Então a equação (4.1) pode ser reescrita, como
𝑦 ′′ + 𝑝(𝑥)𝑦 ′ + 𝑞(𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥).
(4.3)
Se 𝑔(𝑥) = 0, então a equação diferencial de segunda ordem (4.3) é chamada de
homogênea. Caso contrário, é não-homogênea.
4.2 Problemas de Valor Fronteira
Em geral, as aplicações apresentam condições do tipo 𝑦(𝑃1 ) = 𝐾1 e 𝑦(𝑃2 ) = 𝐾2 ,
onde 𝐾1 , 𝐾2 são constantes que pertecem ao reais. Tais condições são conhecidas como
condições de fronteira onde 𝑃1 e 𝑃2 são chamados pontos de fronteira em um intervalo 𝐼
onde a equação (4.3) é considerada. Então, a equação (4.3) e as condições 𝑦(𝑃1 ) = 𝐾1 e
𝑦(𝑃2 ) = 𝐾2 em conjunto são chamadas de Problema de Valor Fronteira.
24
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
4.3 Teorema da Existência de Solução Única
Teorema 4.3.1 (Existência de uma Solução Única). Se 𝑝(𝑥) e 𝑞(𝑥) são funções contínuas
em um intervalo qualquer 𝐼 e 𝑥0 pertence a 𝐼, então o problema de valor inicial 𝑦 ′′ +
𝑝(𝑥)𝑦 ′ + 𝑞(𝑥)𝑦 = 0, 𝑦(𝑥0 ) = 𝐾0 e 𝑦 ′ (𝑥0 ) = 𝐾1 tem uma única solução 𝑦(𝑥) no intervalo 𝐼.
A demonstração do Teorema 4.3.1 pode ser consultada em (ZILL; CULLEN, 2001).
4.4 Princípio da Superposição: Equações Homogêneas
A superposição de duas ou mais soluções para uma equação diferencial linear
homogênea também é uma solução.(ZILL; CULLEN, 2001)
Teorema 4.4.1 (Princípio da Superposição: Equações Homogêneas). Sejam 𝑦1 , 𝑦2 , ..., 𝑦𝑛
soluções para a equação diferencial linear de 𝑛⊗ésima ordem homogênea (2.2) em um
intervalo 𝐼. Então a combinação linear
𝑦 = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥) + ... + 𝑐𝑘 𝑦𝑘 (𝑥).
(4.4)
em que 𝑐𝑖 , 𝑖 = 1, 2, ..., 𝑘, são constantes arbitrárias, é também uma solução (2.2) no
intervalo 𝐼.
Demonstração. Prova-se o caso em que 𝑛 = 2. Sejam 𝑦1 (𝑥) e 𝑦2 (𝑥) soluções para
′′
′
𝑎2 (𝑥)𝑦 + 𝑎1 (𝑥)𝑦 + 𝑎0 (𝑥)𝑦 = 0.
(4.5)
DeĄne-se 𝑦 = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥), então
′′
′′
′
′
𝑎2 (𝑥)[𝑐1 𝑦1 + 𝑐2 𝑦2 ] + 𝑎1 (𝑥)[𝑐1 𝑦1 + 𝑐2 𝑦2 ] + 𝑎0 (𝑥)[𝑐1 𝑦1 + 𝑐2 𝑦2 ]
′′
′
′
′′
= 𝑐1 [𝑎2 (𝑥)𝑦1 + 𝑎1 (𝑥)𝑦1 + 𝑎0 (𝑥)𝑦1 ] +𝑐2 [𝑎2 (𝑥)𝑦2 + 𝑎1 (𝑥)𝑦2 + 𝑎0 (𝑥)𝑦2 ]
⏟
⏞
=0
⏟
⏞
=0
Portanto, 𝑦 = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥) é também solução de (4.5).
4.5 Dependência Linear e Independência Linear
Definição 4.5.1. Diz-se que um conjunto de funções 𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥) é linearmente
dependente em um intervalo 𝐼 se existem constantes 𝑐1 , 𝑐2 , ..., 𝑐𝑛 não nulas, tais que
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) + ... + 𝑐𝑛 𝑓𝑛 (𝑥) = 0.
para todo 𝑥 no intervalo.(ZILL; CULLEN, 2001)
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
25
Definição 4.5.2. Diz-se que um conjunto de funções 𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥) é linearmente
independente em um intervalo 𝐼 se ele não é linearmente dependente no intervalo.
Pode-se dizer então que as funções são linearmente independentes se as constantes
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) + ... + 𝑐𝑛 𝑓𝑛 (𝑥) = 0.
para todo 𝑥 no intervalo, são 𝑐1 = 𝑐2 = 𝑐𝑛 = 0.
tantes 𝑐1
Se as funções são linearmente dependentes no intervalo, então existem cons𝑒 𝑐2 não nulas onde para todo 𝑥 no intervalo, têm-se
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) = 0.
Supõe-se que 𝑐1 ̸= 0, segue-se que
𝑓1 (𝑥) = ⊗
𝑐2
𝑓2 (𝑥).
𝑐1
Ou seja, se duas funções são linearmente dependentes, então pode ser escrita como produto
da outra por uma constante. Então para alguma constante 𝑐, sem perda de generalidade
pode-se escrever
(⊗1).𝑓1 (𝑥) + 𝑐𝑓2 (𝑥) = 0.
para todo 𝑥 no intervalo. Logo pelo menos uma das constantes (𝑐1 = ⊗1) não é nula.
Portanto,conclui- se que duas funções são linearmente independentes quando não são
multiplas uma da outra em um intervalo.
4.6 Teorema do Critério para Independência Linear de Funções
Teorema 4.6.1 (Critério para Independência Linear de Funções). Suponha-se
que 𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥) sejam diferenciáveis pelo menos 𝑛 ⊗ 1 vezes. Se o determinante
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
𝑓1
′
𝑓1
..
.
𝑓2
′
𝑓2
..
.
≤≤≤
≤≤≤
..
.
𝑓1𝑛⊗1 𝑓2𝑛⊗1 ≤ ≤ ≤
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
⧹︃
𝑛⊗1 ⧹︃⧹︃
𝑓𝑛
𝑓𝑛
′
𝑓𝑛
..
.
for diferente de zero em pelo menos um ponto do intervalo 𝐼,então as funções 𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥)
são linearmente independentes no intervalo.
Denota-se o determinante do teorema (4.6.1) por
𝑊 (𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥))
e chama-se o Wronskiano das funções.
26
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
Demonstração. Prova-se um caso particular do teorema (4.6.1) por contradição no caso
em que 𝑛 = 2. Suponha-se que 𝑊 (𝑓1 (𝑥0 ), 𝑓2 (𝑥0 )) ̸= 0 para um 𝑥0 Ąxado no intervalo 𝐼 e
que 𝑓1 (𝑥) e 𝑓2 (𝑥) sejam linearmente dependentes no intervalo. Para que as funções sejam
linearmente dependentes existem constantes 𝑐1 e 𝑐2 não nulas tais que
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) = 0
para todo 𝑥 em 𝐼. Derivando essa equação, tem-se
′
′
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) = 0.
Obtêm-se então, um sistema de equações lineares
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) = 0
′
′
𝑐1 𝑓1 (𝑥) + 𝑐2 𝑓2 (𝑥) = 0.
(4.6)
Que pode ser escrito como
∏︀
⎞ ∏︀ ⎞
𝑓 𝑓2 ̂︀ ∐︁𝑐1 ̂︀
∐︁ 1
= 0.
′
′
𝑐2
𝑓1 𝑓2
Mas a dependência linear de 𝑓1 e 𝑓2 implica que (4.6) possui uma solução não trivial para
cada 𝑥 no intervalo. Logo,
𝑊 (𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥) =
⧹︃
⧹︃
⧹︃𝑓1 (𝑥)
⧹︃
⧹︃ ′
⧹︃𝑓1 (𝑥)
⧹︃
⧹︃
𝑓2 (𝑥)⧹︃⧹︃
′
⧹︃ = 0
𝑓2 (𝑥)⧹︃
para todo 𝑥 em 𝐼. Portanto, contradiz a suposição que 𝑊 (𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥) ̸= 0. Então
conclui-se que 𝑓1 e 𝑓2 são linearmente dependentes.
Teorema 4.6.2 (Corolário). Se 𝑓1 , 𝑓2 , ..., 𝑓𝑛 (𝑥) possuem pelo menos 𝑛 ⊗ 1 derivadas e são
linearmente dependentes em 𝐼, então
𝑊 (𝑓1 (𝑥), 𝑓2 (𝑥), ..., 𝑓𝑛 (𝑥)) = 0
4.7 Solução de Equações Homogêneas
4.7.1 Equação característica
Considere a equação de segunda ordem com coeĄcientes 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ R constantes
𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 0
(4.7)
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
27
uma solução de (4.7), ela é uma função que satisfaz (4.7). Pode-se supor uma solução na
forma exponencial, isto é,
𝑦(𝑥) = 𝑒𝑘𝑥 ,
(4.8)
onde 𝑘 é constante. Agora, substitui-se a solução (4.8) na equação (4.7)
𝑎(𝑘 2 𝑒𝑘𝑥 ) + 𝑏(𝑘𝑒𝑘𝑥 ) + 𝑐𝑒𝑘𝑥 = 0.
Colocando o fator comum em evidência, tem-se:
(𝑎𝑘 2 + 𝑏𝑘 + 𝑐)(𝑒𝑘𝑥 ) = 0.
(4.9)
Como 𝑒𝑘𝑥 não se anula para valores reais de 𝑥, para que (4.9) seja verdadeira
pode-se determinar um 𝑘 para que ele seja raiz da equação quadrática, ou seja,
𝑎𝑘 2 + 𝑏𝑘 + 𝑐 = 0.
(4.10)
A equação (4.10) é chamada de equação característica da equação diferencial(4.7).
Consideram-se três casos para as possíveis raízes da equação (4.10):
1o Caso: Raízes reais distintas
Supõe-se que a equação (4.10) tenha duas raízes reais distintas, 𝑘1 e 𝑘2 , então,
obtêm-se duas soluções:
𝑦1 = 𝑒𝑘1 𝑥 e 𝑦2 = 𝑒𝑘2 𝑥 .
(4.11)
Pelo Princípio de Superposição, sabe-se que a soma de duas soluções também é
uma solução para a equação (4.7) pode ser escrita da forma:
𝑦(𝑥) = 𝑐1 𝑒𝑘1 𝑥 + 𝑐2 𝑒𝑘2 𝑥 .
(4.12)
2o Caso: Raízes reais iguais
Supõe-se a equação (4.10) tenha duas raízes reais iguais, isto é, 𝑘1 = 𝑘2 , então
obtém-se uma única solução exponencial para a solução geral.
Pelo Princípio de Superposição e devido à necessidade de independência linear das
soluções, tem-se
𝑦(𝑥) = 𝑐1 𝑒𝑘1 𝑥 + 𝑐2 𝑥𝑒𝑘1 𝑥 .
(4.13)
3o caso: Raízes complexas conjugadas
28
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
Como 𝑘1 e 𝑘2 são raízes complexas, então deĄne-se 𝑘1 = Ð + 𝑖Ñ e 𝑘2 = Ð ⊗ 𝑖Ñ,
onde Ð > 0 e Ñ > 0 são reais e 𝑖2 = ⊗1. Logo,
𝑦(𝑥) = 𝑐1 𝑒(Ð+𝑖Ñ)𝑥 + 𝑐2 𝑒(Ð⊗𝑖Ñ)𝑥 .
(4.14)
Ao invés de trabalhar com funções exponenciais complexas, pode-se utilizar funções
reais, utilizando a fórmula de Euler, 𝑒𝑖Ñ𝑥 = 𝑐1 cos(Ñ𝑥) + 𝑐2 sen(Ñ𝑥), pode-se reescrever
(4.14) como:
𝑦(𝑥) = 𝑒Ð𝑥 [𝐴 cos(Ñ𝑥) + 𝐵sen(Ñ𝑥)] .
(4.15)
4.8 Equações Diferenciais de Segunda Ordem Não-Homogêneas
4.8.1 Solução Particular
Definição 4.8.1. A função 𝑦𝑝 que não depende de parâmetros arbitrários, e que satifaz
a equação
𝑎𝑛 (𝑥)𝑦 (𝑛) + 𝑎(𝑛⊗1) (𝑥)𝑦 (𝑛⊗1) + ... + 𝑎1 (𝑥)𝑦 ′ + 𝑎0 (𝑥)𝑦 ⊗ 𝑏(𝑥) = 𝑔(𝑥).
(4.16)
é chamada de solução particular da equação. Se 𝑦1 , 𝑦2 , ..., 𝑦𝑛 forem soluções de (2.2) em
um intervalo 𝐼 e se 𝑦𝑝 for uma solução particular de (4.16) em 𝐼, então a combinação
linear
𝑦 = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥) + ... + 𝑐𝑛 𝑦𝑛 (𝑥) + 𝑦𝑝 .
(4.17)
é também uma solução da equação (4.16).
4.8.2 Solução Geral
Teorema 4.8.1 (Solução Geral - Equações Não Homogêneas). Seja 𝑦𝑝 uma solução particular qualquer da equação diferencial linear não homogênea de ordem 𝑛 (4.16) em um
intervalo 𝐼, e seja, 𝑦1 (𝑥), 𝑦2 (𝑥), ..., 𝑦𝑛 (𝑥) um conjunto de soluções da equação diferencial
homogênea associada a (2.2) em 𝐼. Então, a solução geral no intervalo é
𝑦 = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥) + ... + 𝑐𝑛 𝑦𝑛 (𝑥) + 𝑦𝑝 ,
onde 𝑐𝑖 , 𝑖 = 1, 2, ..., 𝑛 são constantes arbitrárias.
A prova do teorema (4.8.1) pode ser vista no capítulo 4 do livro (ZILL, 2003).
(4.18)
29
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
4.8.3 Princípio de Superposição: equações não-homogêneas
Teorema 4.8.2 (Princípio da Superposição: Equações Não Homogêneas). Sejam 𝑦𝑝1 , 𝑦𝑝2 , ..., 𝑦𝑝k
𝑘 soluções particulares da equação diferencial linear não homogênea de ordem 𝑛 (4.16)
em um intervalo 𝐼 correspondendo, por sua vez, a 𝑛 funções distintas 𝑔1 , 𝑔2 , ..., 𝑔𝑛 . Isto é,
suponha-se que 𝑦𝑝 é uma solução particular da equação diferencial correspondente
(𝑛)
(𝑛⊗1)
𝑎𝑛 (𝑥)𝑦𝑃k + 𝑎(𝑛⊗1) (𝑥)𝑦𝑃k
+ ... + 𝑎1 (𝑥)𝑦𝑃′ k + 𝑎0 (𝑥)𝑦𝑃k ⊗ 𝑏(𝑥) = 𝑔(𝑥),
(4.19)
onde 𝑖 = 1, 2, ..., 𝑘. Então,
𝑦𝑝 = 𝑦𝑝1 (𝑥) + 𝑦𝑝2 (𝑥) + ... + 𝑦𝑝k (𝑥),
(4.20)
é uma solução particular de
′
𝑎𝑛 (𝑥)𝑦 𝑛 + 𝑎𝑛⊗1 (𝑥)𝑦 (𝑛⊗1) + ... + 𝑎1 (𝑥)𝑦 + 𝑎0 (𝑥)𝑦 = 𝑔1 (𝑥) + 𝑔2 (𝑥) + ... + 𝑔𝑘 (𝑥).
(4.21)
A prova do teorema (4.8.2) pode ser consultada no capítulo 4 do livro (ZILL, 2003).
4.8.4 Método dos CoeĄcientes Indeterminados
O método dos coeĄcientes indeterminados são aplicados a equações do tipo
𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 𝑔(𝑥)
(4.22)
com coeĄcientes constantes 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ R para 𝑔(𝑥) como funções do tipo exponenciais,
polinomiais, cossenos, senos, somas ou produtos de tais funções. Essas funções 𝑔(𝑥) têm
suas derivadas parecidas a própria função 𝑔(𝑥).
O método inicialmente requer uma hipotése inicial sobre a solução particular 𝑦𝑝 ,
mas com coeĄcientes não determinados. Substitui-se então a função hipotética na equação
(4.3) e tenta-se determinar os coeĄcientes de modo que a equação seja satisfeita. Caso
a hipótese esteja correta, então obtêm-se a solução da equação diferencial e pode-se usalá como solução particular 𝑦𝑝 . Se os coeĄcientes não foram determinados, isso signiĄca
que não existe solução da forma que foi suposta. Nesse caso, tem-se que modiĄcar a
hipótese e tentar novamente. Este método é usado em equações onde a EDO homogênea
associada onde os coeĄcientes são constantes e o termo não-homogêneo pertence a classes
de pequenas funções.
4.8.4.1 Demonstração do Método dos CoeĄcientes Indeterminados - caso em que 𝑔(𝑥) é
uma função polinomial
O modo geral da resolução do método pode ser utilizado para resolver diversos
casos e formas do termo não homogêneo 𝑔(𝑥).
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
𝑔(𝑥) = 𝑃 (𝑥) = 𝑎0 𝑥𝑛 + 𝑎1 𝑥𝑛⊗1 + ... + 𝑎𝑛 .
30
(4.23)
Então a equação (??) Ąca
𝑎𝑦 ′′ + 𝑏𝑦 ′ + 𝑐𝑦 = 𝑎0 𝑥𝑛 + 𝑎1 𝑥𝑛⊗1 + ... + 𝑎𝑛 .
(4.24)
Para obter uma solução particular, supõe-se que
𝑌 (𝑥) = 𝐴0 𝑥𝑛 + 𝐴1 𝑥𝑛⊗1 + ... + 𝐴𝑛⊗2 𝑥2 + 𝐴𝑛⊗1 𝑥 + 𝐴𝑛 .
(4.25)
Substituindo na equação (4.25), obtêm-se
𝑎[𝑛(𝑛 ⊗ 1)𝐴0 𝑥𝑛⊗2 + ... + 2𝐴𝑛⊗2 ] + 𝑏(𝑛𝐴0 𝑥𝑛⊗1 + ... + 𝐴𝑛⊗1
(4.26)
+𝑐(𝐴0 𝑥𝑛 + 𝐴1 𝑥𝑛⊗1 + ... + 𝐴𝑛⊗1 + 𝐴𝑛 ) = 𝑎0 𝑥𝑛 + ... + 𝑎𝑛 .
(4.27)
Igualando as potências iguais de 𝑥, obtêm-se
𝑐𝐴0 = 𝑎0 ,
(4.28)
𝑐𝐴1 + 𝑛𝑏𝐴0 = 𝑎1
..
.
(4.29)
(4.30)
𝑐𝐴𝑛 + 𝑏𝐴𝑛⊗1 + 2𝑎𝐴𝑛⊗2 = 𝑎𝑛 .
(4.31)
𝑎0
.
𝑐
Quando 𝑐 = 0 e 𝑏 ̸= 0 então a equação não pode ser satisfeita, pois o grau do
polinômio na equação (4.31 ) é 𝑛 ⊗ 1, para garantir um polinômio de grau 𝑛 na equação
𝑎𝑌 ′′ (𝑥) + 𝑏𝑌 (𝑥) é preciso escolher um polinômio de grau 𝑛 + 1 para 𝑌 (𝑥). Então
Quando 𝑐 ̸= 0 =⇒ 𝐴0 =
𝑌 (𝑥) = 𝑥(𝐴0 𝑥𝑛 + ... + 𝐴𝑛 ).
(4.32)
Se 𝑐 e 𝑏 são iguais a zero então tem-se a equação
𝑌 (𝑥) = 𝑥2 (𝐴0 𝑥𝑛 + ... + 𝐴𝑛 )
(4.33)
Portanto, 𝑦(𝑥) = 𝑦ℎ (𝑥) + 𝑦𝑝 (𝑥) onde 𝑦(𝑥) é a solução da EDO homogênea associada.
Existem outros casos, como o exponencial e trigonométrico, mas aqui é mostrado apenas
o polinomial.
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
31
4.8.5 Variação de Parâmetros
Um outro método para encontrar uma solução particular de uma equação nãohomogênea é o método da variação de parâmetros. A variação de parâmetros se destaca
pelo fato de ser um método geral. Isto é, ele pode ser aplicado a qualquer equação e não
precisa de hipóteses detalhadas sobre a forma de solução. Mas por outro lado, este método
pode-se tornar-se um pouco mais complicado pois em alguns casos será preciso que seja
feito o cálculo de integrais envolvendo o termo não-homogêneo da equação diferencial.
O método de variação de parâmetros é um método que pode ser utilizado para
obter a solução geral(ou a solução particular) de uma equação diferencial ordinária linear
não-homogênea
′
𝑦 (𝑛) + 𝑝(𝑛⊗1) 𝑦 (𝑛⊗1) + ... + 𝑝1 (𝑥)𝑦 + 𝑝0 (𝑥)𝑦 = 𝑓 (𝑥), 𝑥 ∈ 𝐼,
(4.34)
Sabe-se que a solução geral da equação homogênea é
𝑦ℎ (𝑥) = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥) + ... + 𝑐𝑛 𝑦𝑛 (𝑥),
(4.35)
onde 𝑐1 , 𝑐2 , ..., 𝑐𝑛 são constantes e 𝑦1 , 𝑦2 , ..., 𝑦𝑛 são soluções linearmente independetes da
EDO homogênea associada à (4.34).
Para tal método é preciso substituir as contantes 𝑐1 , 𝑐2 , ..., 𝑐𝑛 por funções 𝑢1 , 𝑢2 , ..., 𝑢𝑛
e tem-se que
𝑦𝑝 (𝑥) = 𝑢1 (𝑥)𝑦1 (𝑥) + 𝑢2 (𝑥)𝑦2 (𝑥) + ... + 𝑢𝑛 (𝑥)𝑦𝑛 (𝑥),
(4.36)
a Ąm de satisfazer a equação não-homogênea (4.36).
As funções 𝑢1 , 𝑢2 , ..., 𝑢𝑛 não são determinadas apenas para serem utilizadas nas
equações não-homogêneas, usa-se também para determinar as equações homogêneas e
impõe-se que
𝑢′1 (𝑥)𝑦1 (𝑥) + 𝑢′2 (𝑥)𝑦2 (𝑥) = 0.
(4.37)
Esta condição elimina as derivadas de segunda ordem de 𝑢1 , 𝑢2 e gera o sistema
∏︁
⨄︁
𝑦1 (𝑥)𝑢′1 (𝑥) + 𝑦2 (𝑥)𝑢′2 (𝑥) = 0,
⋃︁ 𝑦 ′ (𝑥)𝑢′ (𝑥) + 𝑦 ′ (𝑥)𝑢′ (𝑥) = 𝑓 (𝑥),
2
1
2
1
que admite uma única solução, pois 𝑊 (𝑥) ̸= 0.
Resolvendo o sistema obtém-se:
𝑢1 (𝑥) = 𝑐1 ⊗
∫︁
∫︁
𝑦2 (𝑥)𝑓 (𝑥)
𝑦1 (𝑥)𝑓 (𝑥)
𝑑𝑥 e 𝑢2 (𝑥) = 𝑐2 +
𝑑𝑥.
𝑊 (𝑥)
𝑊 (𝑥)
(4.38)
32
Capítulo 4. Equações Diferenciais Ordinárias Lineares de Segunda Ordem
Então a solução geral da equação não-homogênea Ąca na forma
⎟
𝑦(𝑥) = 𝑐1 ⊗
∫︁ 𝑥
𝑦2 (Ý)𝑓 (Ý)
𝑥0
𝑊 (Ý)
⟨
⎟
𝑑Ý 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 +
∫︁ 𝑥
𝑦2 (Ý)𝑓 (Ý)
𝑥0
𝑊 (Ý)
⟨
𝑑Ý 𝑦2 (𝑥)
(4.39)
E a solução particular da equação não-homogênea é representada por:
𝑦𝑝 (𝑥) = ⊗𝑦1
∫︁ 𝑥
𝑦2 (Ý)𝑓 (Ý)
𝑥0
𝑊 (Ý)
𝑑Ý + 𝑦2 (𝑥)
∫︁ 𝑥
𝑦2 (Ý)𝑓 (Ý)
𝑥0
𝑊 (Ý)
𝑑Ý
(4.40)
A solução pode ser expressa em forma de integrais, conforme enunciado no teorema
a seguir:
Teorema 4.8.3 (Teorema). Se as funções 𝑝, 𝑞 e 𝑔 forem contínuas em um intervalo aberto
𝐼 e se as funções 𝑦1 e 𝑦2 formarem um conjunto fundamental de soluções da equação
homogênea associada à equação não-homogênea,
𝑦 ′′ + 𝑝(𝑥)𝑦 ′ + 𝑞(𝑥)𝑦 = 𝑔(𝑥),
(4.41)
então uma solução particular para a equação (4.41) é
𝑦(𝑥) = ⊗𝑦1 ()𝑥)
∫︁ 𝑥
𝑦2 (Ý)𝑓 (Ý)
𝑥0
𝑊 (Ý)
𝑑Ý + 𝑦2 (𝑥)
∫︁ 𝑥
𝑦2 (Ý)𝑓 (Ý)
𝑥0
𝑊 (Ý)
𝑑Ý
(4.42)
onde 𝑥0 é qualquer ponto escolhido convenientemente em 𝐼. A solução geral é
𝑦 = 𝑐1 𝑦1 (𝑥) + 𝑐2 𝑦2 (𝑥) + 𝑦𝑝 (𝑥).
(4.43)
No próximo capítulo, apresentam-se dois problemas descritos por equações diferenciais de primeira ordem e suas soluções analíticas, além de suas resoluções através do
software wxMaxima.
33
5 Aplicações com software wxMaxima
Alguns problemas matemáticos podem ser solucionados a partir da construção de
modelos para descrever os fenômenos físicos envolvidos (STEWART, 2007). A solução
para tais modelos é obtida a partir do emprego de procedimentos matemáticos adequados
para cada situação-problema. Estes problemas de modelagem podem ser representados
por equações diferenciais, isto é, uma equação que contém uma função desconhecida e
algumas de suas derivadas. Como exemplo, de primeira ordem separável pode-se usar o
mesmo tipo de raciocínio para descrever uma variedade de fenômenos tais como: reações
químicas, descargas de poluentes em um lago, injeção de medicamentos na corrente sanguínea. Em um problema real normalmente nota-se que as mudanças ocorrem e quer-se
predizer o comportamento futuro com base na maneira como os valores presentes variam.
Neste capítulo, modelam-se matematicamente dois problemas relacionadas à Farmacologia, resolve-se cada um deles analiticamente e compara-se com a solução obtida utilizando
o wxMaxima.
5.1 Software wxMaxima
O Maxima (SANTOS, 2009) é um sistema algébrico computacional utilizado na
resolução de cálculos numéricos e simbólicos, incluindo limites, derivadas, integração,
séries de Taylor, transformada de Laplace, equações diferenciais ordinárias, sistemas de
equações lineares, polinomiais, matrizes e vetores, entre outros. Ele determina resultados
precisos e pode ser trabalhado em duas ou três dimensões. Pode ser utilizado tanto no
Windows quanto no Linux. Neste trabalho o wxMaxima será utilizado para a resolução
das Equações Diferenciais Ordinárias.
O Maxima (SANTOS, 2009) é derivado do sistema Macsyma. Esse sistema foi
desenvolvido no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) nos anos de 1968 a 1982
como parte do projeto Macintosh (MAC). O MIT remanejou uma cópia do código fonte
do Macsyma para o departamento de Energia em 1982; aquela versão Ącou conhecida
como Macsyma. Uma cópia do Macsyma foi mantida pelo professor Willian F. Schelter
da Universidade do Texas de 1982 até sua morte em 2001. Em 1998, Schelter conseguiu
a permissão do Departamento de Energia Americano (DOE) para liberar o código fonte
do Macsyma sob licença pública da General Public License (GNU), e em 2000 ele iniciou
o projeto Maxima no Source Forge para manter e desenvolver o Macsyma, agora chamado Maxima. É o único sistema baseado em Macsyma ainda publicamente disponível
e com uma comunidade de usuários ativa. O Maxima é um software livre para a realização de cálculos matemáticos semelhante ao Matlab e ao Mathematica. O wxMaxima
34
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
é uma interface utilizada para facilitar o uso do software Maxima. Esse programa tem
o código fonte aberto e ele pode ser melhorado. Se download pode ser feito pelo site:
www.wxmaxima.sourceforge.net. Os comandos utilizados neste trabalho estão no Anexo
A.
5.2 Problema da administração de glicose
Uma solução de glicose é administrada por via intravenosa na corrente sanguínea
a uma taxa constante 𝑟. À medida que a glicose é adicionada, ela é convertida em
outras substâncias e removida da corrente sanguínea a uma taxa que é proporcional à
concentração naquele instante. Então um modelo para determinar a concentração 𝐶 =
𝐶(𝑡) da solução de glicose na corrente sanguínea pode ser representado por:
𝑑𝐶
= 𝑟 ⊗ 𝑘𝐶,
𝑑𝑡
(5.1)
onde 𝑘 é uma constante positiva. A equação (5.1) modela o problema da administração
de glicose. É representado por uma equação diferencial linear de primeira ordem, (porque
contém uma função desconhecida que é a taxa de concentração no sangue 𝐶(𝑡) e a taxa
𝑑𝐶
de variação da concentração
em relação ao tempo). Supondo que a concentração
𝑑𝑡
no tempo 𝑡 = 0 é 𝐶0 , busca-se determinar a concentração em um tempo 𝑡 qualquer.
𝑟
Assumindo que 𝐶0 <
e através do cálculo do lim 𝐶(𝑡), obtém-se a solução para o
𝑡⊃∞
𝑘
problema proposto.
A solução analítica para o problema proposto é obtida através do método de
separação de variáveis:
𝑑𝐶
𝑑𝑡
𝑑𝐶
𝑑𝑡
= 𝑟 ⊗ 𝑘𝐶
= ⊗(𝑘𝐶 ⊗ 𝑟),
(5.2)
integrando ambos os membros da igualdade
∫︁
∫︁
𝑑𝐶
=
⊗𝑑𝑡
𝑘𝐶 ⊗ 𝑟
1
ln ♣𝑘𝐶 ⊗ 𝑟♣ = ⊗𝑡 + 𝑀1 ,
𝑘
(5.3)
onde 𝑀1 é a constante de integração. Multiplicando a equação (5.3) por 𝑘 ̸= 0, tem-se
ln ♣ 𝑘𝐶 ⊗ 𝑟 ♣= ⊗𝑘𝑡 + 𝑀2 .
Aplicando a função exponencial a ambos os membros da equação, tem-se:
♣ 𝑘𝐶 ⊗ 𝑟 ♣= 𝑒⊗𝑘𝑡+𝑀2 ,
(5.4)
35
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
isto é,
𝑘𝐶 ⊗ 𝑟 = 𝑀3 𝑒⊗𝑘𝑡 .
(5.5)
Somando 𝑟 a ambos membros de (5.5), obtém-se
𝑘𝐶 = 𝑀3 𝑒⊗𝑘𝑡 + 𝑟.
(5.6)
Dividindo ambos os membros de (5.6) por 𝑘, obtém-se a solução geral de 𝐶(𝑡):
𝑟
𝐶(𝑡) = 𝑀4 𝑒⊗𝑘𝑡 + .
𝑘
(5.7)
Aplicando a condição inicial 𝐶(0) = 𝐶0 a (5.7), tem-se:
chega-se ao valor da constante
𝑟
𝐶0 = 𝑀4 + ,
𝑘
(5.8)
𝑟
𝑀4 = 𝐶0 ⊗ .
𝑘
(5.9)
Portanto, a solução do problema é
⎤
⎣
𝑟 ⊗𝑘𝑡 𝑟
𝑒 + .
𝐶(𝑡) = 𝐶0 ⊗
𝑘
𝑘
(5.10)
Uma vez determinada a solução analítica da equação (5.1) sujeita à condição
𝐶(0) = 𝐶0 , representada por (5.10), apresentam-se os comandos do wxMaxima para
se obter a solução para problema proposto.
(%i1)
’diff(C,x)= -(k*C-r);
(%o1)
𝑑
𝐶 = 𝑟 ⊗ 𝐶𝑘
𝑑𝑥
(%i2)
ode2(’diff(C,x)=r-k*C, C,x);
(% o2) 𝐶 = %𝑒
⊗𝑘𝑥
(%i3)
(︃
𝑟 %𝑒𝑘𝑥
+ %c
𝑘
⎜
ratexpand(%o2);
𝑟
𝑘
Aplicando a solução inicial tem-se:
(%o3) 𝐶 = %c %𝑒⊗𝑘𝑥 +
(%i4)
ic1(%o3, C=C\_0,x=0);
(%o4) 𝐶 =
(︁
%𝑒⊗𝑘𝑥 𝑟 %𝑒𝑘𝑥 ⊗ 𝑟 + 𝐶0 𝑘
𝑘
⎡
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
(%i5)
36
method;
(%o5) linear
(%i6)
ratexpand(%o4);
𝑟 %𝑒⊗𝑘𝑥
𝑟
(%o6) 𝐶 = ⊗
+ 𝐶0 %𝑒⊗𝑘𝑥 +
𝑘
𝑘
(%i7)
limit(%o6, x, inf);
𝑘
𝐼𝑠 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑒, 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑒 𝑜𝑟 𝑧𝑒𝑟𝑜? 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑒
𝑟
(% o7) 𝐶 =
𝑘
Para obter o gráĄco do comportamento da solução (5.10), atribuem-se valores para
as constantes 𝑘, 𝑟 e 𝐶0 .
0, 0002
𝑟
. Neste
Tomando-se 𝑘 = 0, 01 e 𝑟 = 0, 0002, como 𝐶0 > , então 𝐶0 >
𝑘
0, 01
trabalho, assume-se 𝐶0 = 0, 15. Estes valores seguem a sugestão de (STEWART, 2007).
Os comandos do wxMaxima para mostrar o gráĄco da Figura 2 são:
(%i1) C\_0:0.15;
(%o1) 0.15
(% i2) k:0.01;
(%o2) 0.01
(%i3)
r:0.0002;
(%o3) 2.010⊗4
(%i4)
plot2d([-r*\%e\^{}(-k*t)/k+C\_0*\%e\^{}(-k*t)+r/k],\\
[t,0,700],[plot\_format, xmaxima]);
(%o4) 𝐶 : /𝑈 𝑠𝑒𝑟𝑠/𝑚𝑎𝑥𝑜𝑢𝑡8244.𝑥𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑎
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
37
Figura 2 Ű Administração da glicose
É possível notar que através da solução obtida pelo software wxMaxima que apre𝑟
𝑟
senta lim 𝐶(𝑡) = , para 𝑘 > 0. A partir desse resultado e assumindo que se 𝐶0 < ,
𝑡⊃∞
𝑘
𝑘
𝑟
então 𝐶0 ⊗ < 0. Nota-se a partir daí que 𝐶(𝑡) aumenta e à medida que 𝑡 aumenta, 𝐶(𝑡)
𝑘
𝑟
diminui de uma forma constante quando aumenta.
𝑘
5.3 Problema de Absorção de remédios
Um dos problemas clássicos em Farmacologia consiste em saber como decai a concentração de uma droga administrada em um paciente (STEWART, 2007). A informação
sobre esse fato admite que a dosagem seja aplicada na medida correta no paciente e o
intervalo de tempo adequado entre cada aplicação.
O modelo em questão assume que seja 𝐶(𝑡) a concentração de um remédio na
circulação sanguínea de um determinado paciente. À medida que o corpo elimina o
remédio; 𝐶(𝑡) diminui a uma taxa proporcional à quantidade de medicamento que está
presente naquele momento. Então a equação diferencial que modela o problema pode ser
escrita como
𝑑𝐶(𝑡)
= ⊗𝑘𝐶(𝑡),
(5.11)
𝑑𝑡
onde 𝑘 é um número positivo chamado constante de eliminação do remédio.
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
38
Supondo-se que seja ministrada uma dose inicial igual a 𝐶0 no tempo 𝑡 = 0, que é
absorvida pelo sangue instantaneamente, precisa-se determinar a concentração no tempo
𝑡.
Aplicando o método de separação de variáveis na equação (5.11), tem-se:
𝑑𝐶(𝑡)
= ⊗𝑘𝑑𝑡
𝐶(𝑡)
(5.12)
Integrando ambos os membros de (5.12) em relação a 𝑡:
∫︁
∫︁
𝑑𝐶
= ⊗𝑘 𝑑𝑡
𝐶
chega-se a
𝐶(𝑡) = 𝐵𝑒⊗𝑘𝑡 .
(5.13)
Aplicando a condição inicial em (5.13), determina-se a constante 𝐵:
𝐶(0) = 𝐵𝑒0 .
(5.14)
𝐶0 = 𝐵.
(5.15)
Portanto,
Logo, a solução da equação diferencial (5.11) é
𝐶(𝑡) = 𝐶0 𝑒⊗𝑘𝑡 .
(5.16)
Utilizando o software wxMaxima, resolve-se a mesma EDO.
(%i1)
’diff(C,t)= -k*C/*;
(%o1)
𝑑
𝐶 = ⊗𝑘 𝐶
𝑑𝑡
(%i2)
ode2(’diff(C,t)=-k*C, C,t);
(%o2) 𝐶 = %𝑐 𝑒⊗𝑘 𝑡
(%i4)
ic1(%o2, C=C_0,t=0);
(%o4) 𝐶 = 𝑒⊗𝑘 𝑡 𝐶_0
Uma aplicação prática do problema de absorção de drogas pode ser a determinação
do tempo que o organismo leva para eliminar certa dosagem de uma substância aplicada
em um paciente.
39
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
Suponha que se queira determinar quanto tempo o paciente leva para eliminar
90% do medicamento aplicado, sabendo-se que o corpo elimina metade do remédio em 30
horas.
Uma vez que em 30 horas o organismo elimina metade do medicamento, pode-se
determinar o valor da constante de decaimento da concentração do remédio (𝑘). Neste
caso, tem-se:
𝐶0
,
(5.17)
𝐶(30) =
2
então
𝐶0 𝑒⊗30𝑘 =
𝐶0
.
2
(5.18)
Logo,
𝑘 ≡ 0, 02310490601866484.
(5.19)
e, portanto, pode-se reescrever 𝐶(𝑡)
𝐶(𝑡) = 𝐶0 𝑒⊗0,02310490601866484𝑡 .
(5.20)
A Ąm de determinar o tempo 𝑡 em horas que o paciente leva para eliminar 90%, considerase que ainda restam no organismo apenas 10% da concentração inicial. Ou seja,
𝐶(𝑡) = 0, 1𝐶0 .
(5.21)
Igualando as equações (5.20) e (5.21), tem-se
0, 1𝐶0 = 𝐶0 𝑒⊗0,02310490601866484𝑡 .
(5.22)
Isolando a variável 𝑡 em (5.22), obtém-se o valor procurado, isto é, 𝑡 ≡ 100 horas.
Este problema também pode ser resolvido no wxMaxima, digitando-se os comandos:
(%i1)
C(t):=e\^{}(-k*t)*\%C\_0;
(%o1)
C(𝑡) := 𝑒(⊗𝑘)𝑡 %C 0 Aplicando a condição inicial:
(%i2)
eq1:C(30)=\%C\_0/2;
(%o2)
%C 0
%C 0
=
30𝑘
𝑒
2
(%i3)
solve (eq1, k)\$;
Observa-se que um único valor de k é real:
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
(%i4)
40
k=log(2)/(30*log(\%e)),numer;
(%o4) 𝑘 = 0.02310490601866484 Deve-se determinar o tempo que leva para o paciente
eliminar 90% do medicamento:
(%i5)
solve(log(1/10)=-0.02310490601866484*t,t),numer;
(%o5)
rat: replaced -2.302585092994045 by -11249839/4885743 = -2.302585092994044
rat: replaced 0.02310490601866484 by 731697/31668469 = 0.02310490601866481
rat: replaced -2.302585
092994044 by -11249839/4885743 = -2.302585092994044
rat: replaced 0.0231049060186648
1 by 731697/31668469 = 0.02310490601866481
rat: replaced 6.463121398319984E-15 by 1/1547
24000737467 = 6.463121398319984E-15
rat: replaced -99.65
784284662095 by -185232139/1858681 = -99.657842846
62081[𝑡 = 99.65784284662081]
Para obter o gráĄco da solução é preciso determinar a dosagem a ser ingerida
pelo paciente, então a condição inicial do medicamento a ser ministrado, será 𝐶0 = 60𝑚𝑙,
com este condição é possível saber também através da solução gráĄca quantas horas o
remédio leva para agir no organismo do paciente. Portanto, têm-se:
-->
C(t):=%C_0*exp(-0.02310490601866484*t);
(%o6) 𝐶(𝑡) := %𝐶_0%𝑒 (⊗0.02310490601866484 ≤ 𝑡)
Supondo uma quantidade inicial de 60ml de droga ou remédio:
-->
%C_0:60;
(%o10) 60
-->
C(t);
(%o11) 60 ≤ 𝑒⊗0.02310490601866484≤𝑡
-->
plot2d([C(t)],[t,0,100])$;
(%o12) 𝐶 : /𝑈 𝑠𝑒𝑟𝑠/𝑈 𝑠𝑢𝑎𝑟𝑖𝑜/𝑚𝑎𝑥𝑜𝑢𝑡.𝑔𝑛𝑢𝑝𝑙𝑜𝑡]
Capítulo 5. Aplicações com software wxMaxima
41
Figura 3 Ű Absorção de remédios
No próximo capítulo, apresentam-se as conclusões deste trabalho de conclusão de
curso e uma proposta de trabalho futuro.
42
6 Conclusões
A teoria sobre equações diferenciais ordinárias é estudada há muito tempo, e até
hoje, aborda assuntos relacionados ao nosso dia-a-dia. Com base neste fato, o presente
trabalho foi escrito de modo a conter duas aplicações relacionadas à Farmacologia, com
o propósito de mostrar aplicações nessa área e estudar conceitos da teoria das equações
diferenciais ordinárias. Dentre os conteúdos estudados, destacam-se as deĄnições, os
teoremas e os métodos de solução das equações diferenciais ordinárias.
Neste trabalho foi apresentado o estudo de dois problemas de aplicação envolvendo equações diferenciais lineares: a administração da glicose na corrente sanguínea e
o problema da absorção de remédios (estudo da concentração de remédios administrada
em um paciente). Tais aplicações foram escolhidas a Ąm de mostrar a vasta abrangência
dos conceitos envolvendo equações diferenciais, fugindo dos exemplos tradicionais como o
crescimento populacional e o decaimento radioativo.
Os dois modelos matemáticos foram solucionados analiticamente e através do emprego do software de computação simbólica wxMaxima. O software, além de auxiliar na
solução dos problemas, foi utilizado a Ąm de obter a representação gráĄca da solução para
os problemas de administração da glicose e absorção de remédios.
Os objetivos deste trabalho foram atingidos, uma vez que se obteve a solução das
equações diferenciais ordinárias lineares tanto analiticamente, como utilizando o software.
Tais soluções apresentaram o mesmo resultado, como já era esperado. Nesse caso, pode-se
aĄrmar que o emprego da ferramenta computacional wxMaxima auxilia no entendimento
da solução de tais equações.
Espera-se que esse trabalho contribua para estudos futuros, auxiliando na melhor
compreensão dos conceitos sobre equações diferenciais ordinárias lineares. Futuramente,
pretende-se continuar o estudo de equações diferencias de segunda ordem, e utilizar o
wxMaxima no estudo da solução de equações diferenciais parciais.
43
Referências
ALITOLEF, S. dos S. Algumas aplicações das equações diferenciais. 2011. Disponível em:
<http://www.dmejp.unir.br/menus_arquivos/1787_2011_sergio_alitollef.pdf>. Acesso
em: 20.07.2016. Citado na página 10.
ARAúJO, J. E. de. Equações Diferenciais Ordinárias e Aplicações. 2011. Disponível
em: <http://dspace.bc.uepb.edu.br:8080/jspui/bitstream/123456789/429/3/PDF%
20-%20Joselito%20Elias%20de%20Ara%C3%BAjo%201.pdf>. Acesso em: 01.04.2015.
Citado na página 10.
BASSANEZI, R. C.; JR., W. C. F. Equações Diferenciais com Aplicações. 2. ed. São
Paulo: Harbra, 1988. Citado 2 vezes nas páginas 9 e 16.
DIACU, F. Introdução a Equações Diferenciais: Teoria e Aplicações. 1. ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2004. Citado na página 9.
FIGUEIREDO, D. G. de; NEVES, A. F. Equações Diferenciais Aplicadas. 2. ed. Rio de
Janeiro: Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, 2001. Citado
na página 9.
NóBREGA, D. D. Equações diferenciais ordinárias e algumas aplicações. 2016. Disponível
em: <https://monograĄas.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/2777/6/Equa%C3%A7%
C3%B5es%20diferenciais%20ordin%C3%A1rias%20e%20algumas%20aplica%C3%A7%
C3%B5es_Monogr%C3%A1Ąa_N%C3%B3brega.pdf>. Acesso em: 28.10.2017. Citado
na página 10.
SANTOS, B. Introdução ao Software Maxima. 2009. Disponível em: <http:
//cmup.fc.up.pt/cmup/v2/include/Ąledb.php?id=289&table=publicacoes&Ąeld=Ąle>.
Acesso em: 09.09.2017. Citado na página 33.
STEWART, J. Cálculo, volume 2. 5. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007. Citado 3
vezes nas páginas 33, 36 e 37.
ZILL, D. G. Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem. 3. ed. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning, 2003. Citado 7 vezes nas páginas 9, 11, 12, 13, 17, 28 e 29.
ZILL, D. G.; CULLEN, M. R. Equações Diferenciais. 3. ed. São Paulo: Pearson
Education, 2001. Citado 2 vezes nas páginas 11 e 24.
Anexos
45
ANEXO A Ű Comandos do wxMaxima
A seguir são apresentados os principais comandos do wxMaxima utilizados ao
longo deste trabalho.
Tabela 1 Ű Comandos do wxMaxima
Comando
ode2(edo, variável
dependente,variável
independente)
ic1(solução geral, valor da
variável dependente,valor da
variável independente)
Šdiff(variável dependente,variável
independente)
ratexpand( )
ratsimp( )
method( )
Limit (função, variável, valor que
tende a variável, direção que se
aproxima do limite)
Solve(função, variáveis)
Eq:( )
plot2d([ ], [ ], [ ])
Operação Executada
Resolve equações diferenciais de
primeira e segunda ordem.
Resolve o problema de valor
inicial formado por uma equação
diferencial de primeira ordem.
Declara o termo 𝑑𝑦/𝑑𝑥.
Expande a expressão dada.
SimpliĄca a expressão dada e
todas as suas sub expressões.
Explicita o método que foi
utilizado para resolver a equação
diferencial.
Calcula limites no wxMaxima.
Resolve equações.
DeĄne a equação no wxMaxima.
Mostra o gráĄco em 2 dimensões.