Academia.eduAcademia.edu

Relatório ppe

Relatório PPE

Relatório de Estágio Pesquisa e Prática de Ensino IV Volta Redonda, 2017. WELINGTON LUIZ SARAIVA SOARES RELATÓRIO DE PESQUISA E PRÁTICA DE ENSINO IV COLÉGIO ESTADUAL RONDÔNIA Relatório de estágio exigido como requisito parcial para aprovação na disciplina Pesquisa e Prática de Ensino IV. Prof. Orientador: Rafael Ferreira da Silva Volta Redonda, 2017. UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA AVALIAÇÃO Nome do aluno: Parecer: Nota: Avaliador(es): Assinatura(s): Data:_____/_____/______. Sumário INTRODUÇÃO 5 1. CAPÍTULO – CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA CAMPO DE ESTÁGIO 6 1.1. Dados gerais sobre a instituição escolar 6 1.2. O corpo docente e a disciplina de Química 6 1.3. Dados estatísticos sobre alunos e turmas 7 1.4. Horários de funcionamento 7 2. CAPÍTULO – O PAPEL DA PRÁTICA INVESTIGATIVA NOESTÁGIO SUPERVISIONADO 8 3. CAPÍTULO – DA INTERAÇÃO COM O PROFESSOR SUPERVISOR À REGÊNCIA9 4. CAPÍTULO – A REFLEXÃO SOBRE DUAS AULAS A PARTIR DO DIÁRIO DE BORDO 10 4.1. Resumos das aulas 10 4.1.1. Partículas subatômicas 10 4.1.2. Partículas subatômicas - Reflexão 11 4.1.3. Partículas subatômicas - Nova Reflexão 11 4.1.4. Partículas subatômicas 11 4.1.5. Partículas subatômicas - Reflexão 12 4.1.6. Partículas subatômicas - Nova Reflexão 12 5. CAPÍTULO – O PROJETO DE INVESTIGAÇÃO 12 5.1. Introdução 12 5.2. Revisão de literatura 13 5.3. Metodologias 14 5.4. Procedimentos 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS 19 BIBLIOGRAFIA 20 INTRODUÇÃO Este relatório tem por objetivo descrever as observações em sala de aula no Colégio Estadual Rondônia, abordando o espaço físico, projeto político pedagógico, processos avaliativos, material utilizado para a regência, comportamento dos alunos na escola e em sala de aula, comportamento da professora perante os alunos durante execução da regência, comportamento da professora perante a escola, dentre outros aspectos importantes no funcionamento de uma instituição educacional. No mundo cada vez mais exigente e cada vez mais complexo, cabe à escola formar pessoas com condições para nela atuar, não só atuar, mas formar pessoas com pensamento crítico que poderão promover debates com informações relevantes na sociedade em que vive. Nesse contexto, a pesquisa pode ser um meio de promover aprendizado que possibilita o desenvolvimento intelectual para o questionamento de sua realidade. Através do conhecimento da sala de aula podemos compreendê-la melhor e, atuar de modo a favorecer um processo de melhoria na formação dos alunos. A sala de aula não é somente o espaço entre as quatro paredes com um quadro, mas sim a Escola como um todo. É necessário observar e conhecer a regência e os processos avaliativos, para realizar um estudo de qual o melhor modo para aprendizagem do aluno utilizando os princípios da escola. Com esses estudos pode-se melhorar a forma de ensinar e, por consequência, a memorização do conteúdo ensinado ao aluno, fazendo-o verdadeiramente compreender a química. O espaço físico educacional deve ter como princípio oferecer um ambiente acolhedor e prazeroso, ou seja, um local onde os alunos possam sentir-se estimulados a buscar novos conhecimentos e se tornarem independentes, auxiliando assim no desenvolvimento da sua aprendizagem. 5 1. CAPÍTULO – CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA CAMPO DE ESTÁGIO Imagem1: Sala de aula CER 1.1. Dados gerais sobre a instituição escolar Situado na Rua Dourados, nº 155 – São Geraldo – Volta redonda/RJ CEP 27253-540, o colégio estadual Rondônia atende principalmente a alunos dos bairros São Geraldo, São Luiz, Monte Castelo e Novo São Luiz, bairros estes que são de caráter residencial de classe média à baixa. O colégio atende também a uma parcela significativa de alunos residentes da cidade de Barra Mansa. Todos os alunos da rede pública têm direito ao passe-livre nos ônibus, utilizando um cartão eletrônico sindpass, porém algumas famílias são contempladas com o auxílio do programa federal de bolsa família. O Projeto Político Pedagógico do colégio aborda como uma das causas da formação de áreas carentes, a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), já que o município de Voltada Redonda formou-se em torno desta empresa. Após sua privatização, ocorreu uma grande mudança no cenário econômico da cidade, muitos empregos diretos e indiretos foram extintos, caindo também o padrão de vida daqueles que permaneceram empregados. 6 Os discentes apresentam uma media de faixa etária elevada e seus principais interesses giram em torno de temas como sexualidade, internet, jogos. O núcleo familiar da maioria é constituído por pais com pouca formação acadêmica e baixa renda, trabalhando geralmente na indústria ou de forma autônoma. O Governo Estadual fornece uniforme (apenas a blusa), livros (exceto para matérias como Ed. física, artes, ensino religioso e filosofia) e merenda. Para as matérias que não possuem livro, o governo disponibiliza sites com materiais extras. A merenda oferecida no colégio é orientada por uma nutricionista, e é composto de café da manhã, almoço e lanche, sendo este serviço é terceirizado. 1.2. O corpo docente e a disciplina de Química O quadro de professores do Colégio Estadual Rondônia constitui-se por vinte e dois professores, sendo apenas uma professora ministra a disciplina de Química. As aulas ocorrem normalmente no período matutino. 1.3. Dados estatísticos sobre alunos e turmas O Colégio disponibilizou para o relatório final do estágio, somente os seguintes dados: 2011 601 701 801 901 1001 2001 3001 31 22 16 23 16 17 11 Reprovados 0 05 05 04 07 02 0 Desistentes 01 02 04 04 01 01 Aprovados 0 2012 601 701 801 901 1001 1002 2001 3001 29 28 21 25 15 12 12 14 Reprovados 01 02 03 03 04 05 0 0 Desistentes 01 01 03 03 02 0 0 Aprovados 01 7 A escola informou que hoje possui 380 alunos regulares no colégio, sendo 50% de alunos da comunidade e 50% dos alunos de fora, 90% dos alunos do técnico de Meio Ambiente são de fora da comunidade. Dos dados mais recentes disponibilizados pela escola estão os dos anos 2011, 2012. A secretaria da escola não forneceu maiores informações de dados mais recentes. 1.4. Horários de funcionamento 6:30 as 22:30. Turno Entrada Intervalo Saída Manhã 7:00 9:30 – 9:50 12:20 Tarde 13:00 15:30 – 15:50 18:00 Noite 18:20 20:00 – 20:20 22:20 *A secretaria tem horário de funcionamento de 8:00 as 21:00. *A biblioteca funciona terça, quarta e quinta apenas no horário da manhã. *O período noturno é reservado apenas para o ensino técnico. Como o dia a professora e as turmas permaneceram as mesmas do estágio supervisionado PPE III e logo após o processo de assinatura do contrato com o diretor do Colégio Estadual Rondônia, combinei com a professora Rafaela o acompanhamento das turmas 1001, 1002, 2001 e 3001, e combinamos que no estágio IV eu ficaria responsável pelas correções de exercícios e ministração de algumas aulas. Como poderia realizar o estágio nas quintas e sextas feiras a professora me solicitou que o processo de entrada fosse ao horário de 07h00min até 12h20min, na turma 1001, 2001, 3001, 8 na quinta feira, e na sexta feira na turma 1002 no horário de 07h00min até 08h40min no qual foi prontamente atendida. TURMA HORÁRIO 3001 07h00min – 08h40min 1001 08h40min – 09h50min 2001 10h40min – 12h20min 1002 07h00min – 08h40min 2. CAPÍTULO – O PAPEL DA PRÁTICA INVESTIGATIVA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO Segundo o parecer CNE/CP 28/2001, “Estágio é o tempo de aprendizagem que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. Assim o estágio supõe uma relação pedagógica 11 entre alguém que já é um profissional reconhecido em um ambiente institucional de trabalho e um aluno estagiário. Por isso é que este momento se chama estágio supervisionado. O estágio curricular supervisionado é um momento de formação profissional do formando seja pelo exercício direto in loco, seja pela presença participativa em ambientes próprios de atividades daquela área profissional, sob a responsabilidade de um profissional já habilitado.” Dizendo ainda que: A prática não é uma cópia da teoria e nem esta é um reflexo daquela. A prática é o próprio modo como as coisas vão sendo feitas cujo conteúdo é atravessado por uma teoria. Assim a realidade é um movimento constituído pela prática e pela teoria como momentos de um devir mais amplo, consistindo a prática no momento pelo qual se busca fazer algo, produzir alguma coisa e que a teoria procura conceituar, significar e com isto administrar o campo e o sentido desta atuação. A prática de ensino é, pois, o que o próprio nome diz: uma prática que produz algo no âmbito do ensino. O Estágio Supervisionado é muito importante porque possibilita ao aluno-estagiário ou aluno-professor uma proximidade com o seu futuro campo de trabalho as grandes possibilidades de aprendizagem com diversas situações que ocorrem no campo do estágio favorecem uma base prática pedagógica, relacionando reflexão, ação e reflexão. 9 Atualmente nos encontramos em um mundo globalizado onde as informações são rápidas e constantes onde necessitamos aprender a recebê-las e entendê-las. Surgindo assim os questionamentos e as dúvidas, possibilitando assim associar a escola e inseri-la nessa realidade e pensar o Estágio Supervisionado, como um fator que influência na prática pedagógica do professor. Neste sentido, possibilita entender as transformações pelas quais deve passar o cotidiano escolar, possibilitando considerar os fatores que interferem na prática do professor, refletindo sua prática pedagógica, numa realidade em que as coisas se modificam, observando a situação social, política, econômica e cultural que caracteriza o mundo em que vivemos. Nesse processo o Estágio é capaz de realizar um processo de formação profissional crítico, reflexivo, pesquisador e capaz de realizar as alterações necessárias à sua prática pedagógica, tornando o profissional dinâmico, competente e autônomo, possibilitando assim preparar o cidadão social, técnica e cientificamente, construindo um ser humano capaz de produzir sabedoria. Nas atividades de Estágio Supervisionado realizadas junto com o processo investigativo possibilita os saberes necessários para a prática pedagógica atual, a investigação é uma oportunidade de compreensão do que ocorre no processo da prática, possibilitando busca de soluções. Por isso, o Estágio Supervisionado é muito importante, uma vez que desempenha um papel na construção dos saberes científicos e pedagógicos necessários à atividade docente. Com isso os saberes científicos e pedagógicos passam ser um elemento importante na prática investigativa, aproximando teoria e prática, estimulando a reflexão, interferindo no cotidiano em que a escola vive dos professores e na vida dos alunos. Possibilitando a quebra da prática tecnicista, que empobrece o processo educativo. 3. CAPÍTULO – DA INTERAÇÃO COM O PROFESSOR SUPERVISOR À REGÊNCIA Estagiei com a professora Rafaela da Silva Paula no estágio de Pesquisa e Prática de Ensino III, onde acompanhei sua regência, seguimos então para a Pesquisa e Prática de Ensino IV, a relação com a professora Rafaela é muito boa, ela me ajuda muito com orientações e acompanhamento, após o PPE III combinamos a planejamento para o PPE IV, e a Rafaela achou melhor nesta etapa eu ficar responsável pela correção de exercícios e ministrar algumas aulas com as turmas de 1º, 2º e 3° ano, e acompanhamento na aplicação dos estudos dirigidos, para assim adquirir mais experiência. Resumos das aulas acerca da turma, conteúdo e metodologia. 10 O processo do PPE IV dividiu-se em três etapas, acompanhamento na aplicação dos estudos dirigidos, correção de exercícios e ministrar aulas. A Correção dos exercícios se deu da seguinte forma, a professora passava o conteúdo em sala, passava alguns exemplos e passava exercícios para serem feitos em casa, geralmente cerca de cinco a dez exercícios, na semana seguinte eu fazia a correção. A correção era bem objetiva sem rodeios, pois a professora precisava passar a matéria logo após a correção, no início o comportamento era bem difícil, pois quase não prestam a atenção na correção mesmo sem terem feitos os exercícios, a conversa logo se dissipava isso dificultava muito o processo de correção, até que adotamos um novo processo de correção, passamos a chamar um aluno por vez utilizando número de chamada por ordem aleatória para que ajuda-se nas correções surgiu um efeito muito bom em relação a comportamento pois ficavam ansiosos com receio de ser chamado, mas por outro lado gerou um afastamento da turma em relação a mim, dificultando a relação aluno estagiário pois a maioria não gosta de ser chamado para participar da correção, e reclamaram com a professora, a mesma apoio me no processo, mas gerou um certo desconforto, foi bem positivo pois acalmou os alunos, mas seguimos o processo até o fim de minha regência, mesmo com alguns alunos não aceitando o método. A correção foi feita nas turmas 1001, 1002, 2001 e 3001, geralmente durava em média de 20 minutos para a correção, enquanto a chamada era feita. 4. CAPÍTULO – A REFLEXÃO SOBRE DUAS AULAS A PARTIR DO DIÁRIO DE BORDO Através do processo realizado, no qual foi feito duas principais aulas podemos destacar os principais aspectos. 4.1. Resumos das aulas 4.1.1. Partículas subatômicas 4.1.2. Partículas subatômicas - Reflexão 11 4.1.3. Partículas subatômicas - Nova Reflexão 4.1.4. Partículas subatômicas 4.1.5. Partículas subatômicas - Reflexão 4.1.6. Partículas subatômicas - Nova Reflexão 5. CAPÍTULO – O PROJETO DE INVESTIGAÇÃO De acordo com e Aquino (1996), o aluno pode apresentar comportamento indisciplinado por diversos motivos: problema em casa, com seus familiares, falta de interesse pelo assunto apresentado em sala de aula, entre outros. É nesse sentido que buscamos verificar quais os motivos que levam os alunos a apresentarem comportamento de indisciplina no processo de ensino-aprendizagem da matemática na concepção do professor. Uma das maiores dificuldades encontradas nas salas de aula das escolas nos dias atuais, é a (in)disciplina. Vários fatores podem levar à indisciplina do aluno, e podem estar ligados a problemas psíquicos ou familiares, ou poderá ser um aviso de que o estudante não está integrado no processo ensino e aprendizagem. Estudos diversos sobre o tema mostram que há várias causas que levam os alunos à indisciplina. 5.1. Introdução No meio educacional esta visão é bem discutida. Costuma-se compreender a indisciplina, manifesta por um indivíduo ou um grupo, como um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia, intransigência, desacato, traduzida na “falta de educação ou de respeito pelas autoridades”, na bagunça ou agitação motora. (AQUINO, 1996). A disciplina parece ser vista como uma forma cega de obedecer, a um conjunto de regras e principalmente como um dos principais pontos para o bom aproveitamento do que a escola oferece aos seus alunos. Podemos ainda dizer que disciplina escolar pode parecer uma questão simples: basta que o aluno preste atenção na aula e faça as atividades propostas. Mas a questão vai além, pois envolve a formação de caráter, de cidadania, e pode influenciar o processo de ensino aprendizagem, apesar de ser um grande problema a indisciplina ainda não é tratada 12 frequentemente, não obstante a infrequência do tema, é possível afirmar que o interesse pela indisciplina como objeto de investigação cresceu consideravelmente na última década. Os dois primeiros artigos datam de 1998. Entre 2002 e 2005, foram publicados outros três artigos. De 2006 a 2010, 15 textos vieram a público. Os 15 textos restantes surgiram entre 2011 e 2015. Quanto aos autores, trata-se de 52 envolvidos, com apenas uma aparição, à exceção de quatro autores: Joe Garcia (com quatro artigos); Ana Lúcia Silva Ratto (três); Ademir José Rosso; e Julio Groppa Aquino (dois). Aquino 2016 A indisciplina é e sempre foi um tema polêmico e um tema complexo, definido de diferentes formas por diferentes profissionais. É uma problemática antiga que envolve uma dificuldade de se estabelecer um consenso acerca do seu ignificado e de suas causas. Boa parte dos professores está à beira de um ataque de nervos porque não consegue controlar a bagunça que come solta dentro das salas de aula. E o que é pior: não bastassem conversinhas, os risinhos, as guerrinhas de papel, o respeito pela figura do professor passou a ser tão raro como uma nota 10 em redação (Revista Veja, 1996, p. 54). Boarini 2012 5.1 A indisciplina escolar segundo os pesquisadores Os autores aqui elencados elegeram eixos temáticos gerais para fundamentar seus estudos. São eles: as maneiras de apreender os atos indisciplinados, bem como as propostas para gerenciá-los. Silva (1998, p. 127) aponta que o tema/problema; “[...] nem sempre é tratado sob a forma de uma abordagem direta e explícita, mas habitualmente, de uma forma vicária. Desse modo, o tema aparece constantemente em trabalhos da área de metodologia de ensino, didática, administração escolar, relações sociais na escola e psicologia da educação e até mesmo a sua localização é mais difícil em função dessa dispersão.” Garcia, o pesquisador mais prolífico sobre o tema, também se dispôs a esquadrinhar as representações dos docentes em relação à gênese da indisciplina, ele isola três campos enunciativos: um que focaliza o aluno como sujeito indisciplinado, sobre o qual recai a intervenção pedagógica; outro que situa o próprio contexto de produção da indisciplina nas 13 relações em sala de aula; um terceiro campo que toma a própria cultura escolar como responsável pela indisciplina. Daí que, para o autor, tudo dependeria do modo como os atos indisciplinados são encarados, uma vez que [...] as representações dos professores sobre a indisciplina escolar transformam suas visões em relação a diversos aspectos das suas práticas pedagógicas, refletindo posições e influenciando a natureza das suas intervenções. Além disso, tais representações transformam suas relações com o conhecimento, influem em suas decisões sobre o currículo, e informam suas visões sobre o que é ser professor. (GARCIA, 2009b, p. 322) Talvez a evidência mais contundente do papel do professor na própria produção da indisciplina seja aquela aferida por um survey conduzido por Silva e Matos (2014). O estudo pretendeu investigar as percepções de estudantes de escolas públicas de Minas Gerais sobre a indisciplina a partir de seu cruzamento com seis variáveis intervenientes: nível de ensino, sexo dos estudantes, nível socioeconômico, atraso escolar, proficiência em língua portuguesa e matemática e as práticas pedagógicas dos docentes. Foram utilizados questionários associados a Os resultados apresentados nessa pesquisa indicam uma presença marcante de comportamentos de indisciplina em sala de aula. Também apontam uma forte relação entre desempenho escolar e indisciplina ao discutir o atraso escolar e a proficiência dos estudantes em língua portuguesa e matemática. Além disso, merecem destaque a baixa associação entre indisciplina e nível socioeconômico e a forte relação entre as práticas pedagógicas dos professores e a indisciplina. (SILVA ; MATOS , 2014, p. 727) Sob esse ponto de vista, talvez a indisciplina escolar esteja nos indicando que se trata de uma recusa desse novo sujeito histórico a práticas fortemente arraigadas no cotidiano escolar, assim como uma tentativa de apropriação da escola de outra maneira, mais aberta, mais fluida, mais democrática. Trata-se do clamor de um novo tipo de relação civil, confrontativa na maioria das vezes, pedindo passagem a qualquer custo. Nesse sentido, a indisciplina estaria indicando também uma necessidade legítima de transformações no interior das relações escolares e, em particular, na relação professor-aluno. Assim, resta uma questão: afinal de contas, escola para quê? Outra hipótese muito em voga no meio escolar, produto de nosso suposto e, às vezes, perigoso "bom senso" prático, diz respeito à suposição de que "as crianças de hoje em dia não têm limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, e a responsabilidade por 14 isso é dos pais, que teriam se tornado muito permissivos". Quase todos parecem concordar com essa hipótese do "déficit moral" como explicativa da indisciplina. Pois bem, um segundo reparo a essa idéia da falta de limites da criança e do jovem refere-se à suposta permissividade dos pais que, por sua vez, estaria criando obstáculos para o professor em sala de aula. Segundo boa parte dos professores, a família, em certa medida, não estaria ajudando o trabalho do professor, pois as crianças seriam frutos da "desestruturação", do "despreparo" e do "abandono" dos pais (vale lembrar, oriundos também das décadas de 60/70). E mais ainda, os professores teriam se tornado quase "reféns" de crianças tirânicas, deixados à mercê de crianças "sem educação". Será isso verdade? É muito comum imaginarmos que "criança mal-educada em casa" converte-se automaticamente em "aluno indisciplinado na escola". Pois alertemos que isso nem sempre é necessariamente verdadeiro. Não é possível generalizar esse diagnóstico para justificar os diferentes casos de indisciplina com os quais deparamos. Além disso, há uma evidência irrefutável de que os mesmos alunos indisciplinados com alguns professores podem ser bastante colaboradores com outros. Realizar uma breve revisão da literatura a respeito da indisciplina escolar. Causas e possíveis soluções de acordo com diferentes autores. Como fazer a breve revisão: 1 - selecionar 6 revistas dedicadas a psicologia, ou psicologia escolar ou educação ou ensino de ciências. 2 – buscar no site das revistas selecionadas as palavras-chave Disciplina, indisciplina, comportamento na sala de aula; 3 – últimos 5 anos; 4 – usar apenas trabalhos que tenham como foco específico questões relacionadas à indisciplina. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572013000100013 15 5.2. Introdução No meio educacional esta visão é bem discutida. Costuma-se compreender a indisciplina, manifesta por um indivíduo ou um grupo, como um comportamento inadequado, um sinal de rebeldia, intransigência, desacato, traduzida na “falta de educação ou de respeito pelas autoridades”, na bagunça ou agitação motora. (AQUINO, 1996). A disciplina parece ser vista como uma forma cega de obedecer, a um conjunto de regras e principalmente como um dos principais pontos para o bom aproveitamento do que a escola oferece aos seus alunos. Podemos ainda dizer que disciplina escolar pode parecer uma questão simples: basta que o aluno preste atenção na aula e faça as atividades propostas. Mas a questão vai além, pois envolve a formação de caráter, de cidadania, e pode influenciar o processo de ensino aprendizagem. A indisciplina é e sempre foi um termo polêmico e um termo complexo, definido de diferentes formas por diferentes profissionais. É uma problemática antiga que envolve uma dificuldade de se estabelecer um consenso acerca do seu significado e de suas causasA indisciplina escolar pode começar sendo tratada do seguinte modo: despindo os alunos de todos os rótulos que lhe foram impostos e tendo uma visão mais otimista sobre a educação. Fazer discursos longos e maçantes em sala de aula sobre a importância de estudar, repetir para os alunos que o conhecimento é para eles e não para o professor, perder 20 minutos ou mais dando bronca, são atitudes que vão contribuir para a indisciplina pelo simples fato de isso gerar tédio nos seus alunos. Normalmente, quando se pensa em indisciplina, automaticamente se faz uma relação com conversa, bagunça e até violência na escola. A conversa atrapalha a aula, mas é certo que uma turma que não conversa é pior para desenvolver conhecimentos. Quando há conversa, os alunos dialogam, trocam suas vivências, há uma relação entre os educandos e entre o professor também. Já para Aquino (1996, p. 10), a compreensão do conceito de indisciplina é decorrente da nossa conceituação do que vem a ser a disciplina, para o autor, se compreendermos a disciplina por [...] comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina poderá ser traduzida de duas formas: 1) a revolta contra essas normas; 2) o desconhecimento delas. No primeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de desobediências insolente; no segundo, pelo 16 caos dos comportamentos, pela desorganização das relações. (AQUINO, 1996, p. 10). Ao propor essa conceituação, Aquino (1996) coloca os profissionais da educação imersos a uma reflexão da sua própria prática enquanto educador, coordenador, administrador escolar, pois se os alunos se revoltam contra as regras, é necessário saber o porquê desta revolta, de onde ela vem, se essa revolta é oriunda da prática do professor (da forma como o conhecimento é mediado e do conhecimento que é oferecido), da administração da escola (autoritarismo, ausência de dialogo). Se compreendermos que a indisciplina é uma conseqüência do desconhecimento das regras da escola, é preciso entender porque a equipe escolar compreende a indisciplina como sendo a quebra de regras se ela não oferece a oportunidade da comunidade (pais, alunos) construírem as regras da escola, ou se elas simplesmente não apresentam as regras para a comunidade para um bom convívio e aprendizagem, porque supõe que alunos e pais conhecem tais regras. Em suma, professor deve falar menos e deixar que os alunos produzam mais: conversar, debater, discutir, propor soluções, trocar ideias, opinar, problematizar, analisar, e aprender significativamente. Um professor que passa muito tempo falando acaba se desgastando e desperdiçando os 67% do tempo de aula que sobram para a explicação do conteúdo, pois a média de atenção do aluno é de, no máximo, um minuto e meio para cada ano de idade. Assim, um aluno de 10 anos só conseguirá ouvir o professor com atenção por, no máximo, 15 minutos (1,5 x 10). 17 5.3. Revisão de literatura Segundo Garcia (1999, p. 101 e 102). A indisciplina escolar tem sido intensamente vivenciada nas escolas, apresentando-se como uma fonte de estresse nas relações interpessoais, particularmente quando associada a situações de conflito em sala de aula. Mas, além de constituir um “problema”, a indisciplina na escola tem algo a dizer sobre o ambiente escolar e sobre a própria necessidade de avanço pedagógico e institucional. Trata-se de uma questão, portanto, a ser debatida e investigada amplamente. Para o autor, o papel da escola em relação à problemática da indisciplina é o de [...] considerar o quadro concreto das condições e desenvolvimento dos alunos e de suas necessidades, bem como garantir as condições apropriadas ao processo de ensino-aprendizagem. Assim, as expectativas da escola, por exemplo, devem refletir não uma disposição autoritária elaborada por um determinado grupo responsável por processos decisórios na escola, mas uma orientação de base consensual que reflita a contribuição de toda a comunidade ligada á escola, e não apenas dos profissionais da educação que nela atuam. Segundo Garcia (1999, p. 103), é necessário que os professores tenham claro que os atos de indisciplina não podem ser caracterizados como “um fenômeno estático que tem mantido as mesmas características ao longo das últimas décadas”, pois a cada dia ele se manifesta de diversas maneiras em uma mesma situação, para o autor, a indisciplina escolar é um fenômeno em constante mudança. A indisciplina vem sendo descrita ao longo dos anos por diversos autores, listam-se duas: “Aquino (2003): É uma das queixas no cotidiano escolar, tema problemático da dificuldade de educar.” “Garcia (1999): Desarmonia entre os critérios e expectativas assumidos pela escola, em termos de comportamento, atitudes, socialização, relacionamentos e desenvolvimento cognitivo.” Quando decidimos nos formar professores já sabemos quais as intempéries que iremos lidar, uma delas é a indisciplina, que não é fácil de lidar e deve ainda, contar com um comportamento meticuloso por parte do professor, pois a profissão que escolhemos nos exige aperfeiçoamento e busca constantes de saber e aprende mais. Os profissionais da educação devem ter em mente que não devemos jogar o “jogo da culpabilização”, como mencionado por Sílvia Gasparian Colello, assim: 18 1. A escola tende a culpar a família que não educa de forma correta; 2. A família tende a culpar a escola por não dar uma boa formação ao aluno; 3. A família e escola tendem a culpar as mudanças na estrutura familiar, que é moldada pela mídia e as imposições da atualidade. Nós, professores tendemos a acreditar que devemos avaliar ou nivelar nossos alunos por intermédio apenas de notas, deste modo eles acabam por ser considerados passivos de reforços. A nota em si, tem apenas o caráter de representar o rendimento e não resolve o problema de indisciplina, muito pelo contrário, esse “nivelamento” pode ser inclusive, um viabilizador do aumento de casos de indisciplina em sala de aula. De maneira geral, um conceito dado a um aluno reflete além de seu desempenho em relação ao conteúdo, cumprimento de tarefa e comportamento. Os métodos tradicionais de ensino são caracterizados por exercer certo controle comportamental sobre a conduta dos alunos, embora estes sejam “consagrados” e seguidos em muitas escolas, vêm se mostrando ineficaz com alunos que, estão aprendendo a contestar e desenvolver um método cognitivo de aprendizagem. Segundo Aquino (2003), a indisciplina pode ser por três causas principais:  Nos dias atuais a escola tornou-se muito permissiva em comparação a rigidez e a qualidade da educação de alguns anos atrás, fazendo com que alunos dos dias atuais serem menos respeitosos que os alunos de antes;  Os alunos nos dias atuais não têm limites, não reconhecendo a autoridade do professor, pois os pais se tornaram cada vez mais liberais com os filhos;  Os meios de comunicação hoje são mais atrativos que a sala de aula, exemplo, equipamentos eletrônicos, a televisão, por isso essa apatia e desinteresse dos alunos em relação à escola. 5.4. Metodologias 19 Em se tratando de soluções para o problema, Juliana Dias (2012) mostra a visão de alunos e professores, mostrando um contraste entre as opiniões, o que nos leva a poder apontar soluções: 20 21 Mônia Golba (2009) também apresenta opiniões e questionamentos para possíveis causas para o indisciplina em sala de aula, sob a ótica dos alunos: “Para os alunos é aceitável reagir às práticas que consideram inadequadas e, portanto, tais práticas não seriam expressões de indisciplina, ao contrário, reagir desta forma seria uma demonstração de coragem e um ato de defesa àquilo que entendem como ameaça. Na fala dos alunos podemos perceber que, uma vez estabelecidas 22 as normas e as regras que nortearão o processo aula, procuram respeitá-las com rigor, desde que as considerem coerentes com aquilo que julgam certo ou errado. Ao transgredir as normas, fazem-no por não compartilhar dos princípios norteadores de sua construção, ou por não participarem de sua construção, ou ainda, por considerarem tais normas, inválidas ou pertinentes, portanto, consideram importante participar da Sendo assim, pode-se elencar alguns fatores chave, para que o professor “resolva” o problema:  Um aluno que se comporta mal ou de maneira imprópria, exige do professor, calma antes de tomar qualquer atitude. É necessário, antes de tudo, manter a postura profissional, e acima de tudo não ceder à provocações dos alunos, principalmente, se este comportamento for recorrente.  Um professor jamais deve adotar uma linguagem ameaçadora, apontando dedos, levantando demais a voz ou cruzando braços, pois desta maneira, o aluno entende que o que lhe dito é uma orientação, não uma imposição.  Algumas vezes tal comportamento decorre de problemas pessoais, além de ter a postura de encaminhar o aluno para profissionais especializados, deve-se aprender a ouvir o que o aluno tem a dizer, pois como mencionado, em diversos casos a indisciplina decorre de problemas familiares.  Alunos desinteressados tendem a ser indisciplinados, segundo a revista Época, o Brasil lidera ranking sobre mau comportamento em sala de aula (Figura 1 ), um “bom professor” atrai os alunos para sua aula, principalmente sendo ela de uma disciplina pela qual os alunos nutrem certo medo e desinteresse, deve-se explorar conhecimentos prévios, vivências diárias, experiências anteriores, e principalmente, as aptidões e habilidades do aluno, assim seu interesse por estar em sala de aula aumenta, e consequentemente o comportamento indisciplinar tende a diminuir. 23 5.5. Procedimentos Para manter uma aula com interesse e disciplina e necessário: • SER BREVE E OBJETIVO NAS EXPLICAÇÕES; • OBSERVAR TODOS OS ALUNOS, ALGUNS COMPORTAMENTOS COSTUMAM PASSAR DESPERCEBIDOS; • FAÇA PERGUNTAS E OUÇA AS RESPOSTAS, E NESSE MOMENTO QUE OS ALUNOS EXTERNAM SUAS DIFICULDADES; • EXPLIQUE AS ATIVIDADES COM CLAREZA, PARA QUE TODOS OS ALUNOS ENTENDAM A ATIVIDADE PROPOSTA; • VALORIZE O ALUNO NA SUA INDIVIDUALIDADE – CONHEÇA-O E RESPEITEO, QUANDO UM ALUNO SE SENTE DESRESPEITADO ELE SE SENTE NO DIREITO DE FAZER O MESMO COM O PROFESSOR; • ELOGIE E MANTENHA A CALMA E A SERENIDADE; • NÃO INCITE O MEDO DA PROVA; • SEJA AUTORIDADE E NÃO AUTORITÁRIO, O ALUNO DEVE VER O PROFESSOR COM O RESPEITO QUE A POSSIÇÃO EXIGE, NÃO COMO UM ALGOZ. 24 Em suma, um professor capaz de lidar com o problema de indisciplina, engloba três características principais, além de, ouvir o aluno, tornar a aula interessante, permitindo que os alunos falem de seus conhecimentos prévios, mostrem suas ideias a respeito do que está sendo dado em sala de aula, mesmo que estas ideias estejam equivocadas, para aí construir junto da turma o conhecimento científico necessário ao entendimento do conteúdo explanado, isso fica claro no que foi observado na aula 8ª, em que o estudo dirigido que é um instrumento de auxílio para aplicação do conhecimento foi aplicado de maneira errônea fazendo com que os alunos apenas reproduzissem conteúdos sem ao menos refletir sobre eles e criar suas próprias ideias. 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA Maldaner, O. A. Professor-Pesquisador: uma nova compreensão do trabalho docente in: Espaços da Escola nº 31, 1999 Pimenta, S. G. e Lima, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções in: Revista Poíesis vol. 3, nº 3, 2006. 26 Porlán, R.; Martín, J. El diario del profesor. Un recurso para la investigación en el aula 3ªed. Sevilla: Díada, 1996. Ribeiro, J. Campos – característica dos professores e percepção da sua competência social pelos alunos, in cadernos de consulta pedagógica, 3, 1993. Libâneo, José Carlos. ADEUS PROFESSOR, ADEUS PROFESSORA? Novas exigências educacionais e profissão docente. LIBÂNEO, José C. Didática. São Paulo, Cortez, 1995. Schnetzler, R. P. A pesquisa no Ensino de Química e a importância da Química Nova na Escola in: QNEsc nº 20, 2004. Zabalza, M. A. Cap. I - Os diários de aula: aspectos gerais in: ZABALZA, M. A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional Porto Alegre: Artmed, 2008 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de Licenciatura, de graduação plena. Parecer CNE/CP 009/2001. Brasília, DF, maio de 2001. BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP 21/2001. PIMENTA, Selma Garrido. O estágio supervisionado na formação de professores: unidade teoria e prática? São Paulo: Cortez, 2006. ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: contributo para o estudo dos dilemas práticos dos professores. Porto: Porto Editora, 1994. AMADO, João da Silva. Interação pedagógica e indisciplina na aula. Porto: Asa, 2001. AQUINO, J. G. Indisciplina: o contraponto das escolas democráticas. São Paulo: Moderna, 2003. MARCELO GARCIA, Carlos. Formação de professores. Para uma mudança educativa. Porto: Porto Editora, 1999 27